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CAROLINA PESSÔA MULATINHO
JORNALISMO CULTURAL E INTERNET: O SITE CULTURA NA PAUTA COMO
PROPOSTA DE ESPAÇO ALTERNATIVO NA EDITORIA
UERJ
2011
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JORNALISMO CULTURAL E INTERNET: O SITE CULTURA NA PAUTA COMO
PROPOSTA DE ESPAÇO ALTERNATIVO NA EDITORIA
Carolina Pessôa Mulatinho
Monografia de conclusão docurso de Comunicação Socialapresentada ao departamento deJornalismo da Faculdade deComunicação Social da UERJ.Orientador: Dr. Márcio SouzaGonçalvesProf. Adjunto – UERJ
Rio de Janeiro, 1. sem. de 2011
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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FOLHA DE EXAME
JORNALISMO CULTURAL E INTERNET: O SITE CULTURA NA PAUTA COMO
PROPOSTA DE ESPAÇO ALTERNATIVO NA EDITORIA
Carolina Pessôa Mulatinho
Monografia submetida ao corpo docente da Faculdade de Comunicação Social daUniversidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, como parte dos requisitosnecessários à obtenção do grau de Bacharel.
Banca Examinadora:
___________________________________________Márcio Souza Gonçalves - OrientadorProf. Adjunto FCS / UERJ
___________________________________________Fábio Mário IorioProf. Adjunto FCS / UERJ
__________________________________________Ariane HolzbachProf. Substituta FCS / UERJ
Resultado:____________________Conceito:_____________________Grau obtido:__________________RIO DE JANEIRO,___ / ___ / ______
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Dedico esta monografia, emprimeiro lugar, aos meus pais eminha irmã, por todo apoio queme deram para que eu pudessechegar até aqui. Dedico também
aos meus amigos de curso,fundamentais em todas as horas.Por fim, gostaria de fazer umadedicatória especial ao meucompanheiro Fábio, por suagrande colaboração nesseprojeto e em todos os momentosda minha vida.
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Agradeço especialmente ao meuorientador, professor MárcioGonçalves, por toda a atençãodada durante esse projeto.Também agradeço aos demaisprofessores da instituição,sempre nos apoiando nessatrajetória. Por fim, agradeço atodos os coordenadores ecolegas de trabalho dos estágiosque realizei. Vocês forampessoas fundamentais para omeu crescimento pessoal eprofissional.
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“A sociedade é maior do que omercado. O leitor não éconsumidor, mas cidadão.Jornalismo é serviço público,não espetáculo”.
Alberto Dines
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RESUMO
MULATINHO, Carolina Pessôa. Jornalismo cultural e Internet:
o site Cultura na Pauta como proposta de espaço alternativo na
editoria
Orientador: Profº Drº Márcio Gonçalves. Rio de Janeiro:UERJ/FCS, 2011. 68p. Monografia. (Graduação emComunicação Social).
Esta monografia tem como objetivo abordar o JornalismoCultural e o ambiente on-line, mostrando a Internet como umaalternativa para revitalizar a editoria. Apresenta-se então oprojeto do site Cultura na Pauta, destinado a uma amplaveiculação de conteúdo cultural e à troca de ideias entre osinteressados no assunto. É feita uma retrospectiva do Jornalismo
Cultural no cenário internacional e nacional e uma apresentaçãodas principais críticas à editoria. Chega-se assim ao conceito decrise no Jornalismo Cultural, que permeará a argumentaçãoquanto à necessidade de melhorias na editoria e a proposta dosite. Para embasar teoricamente o trabalho foram utilizadasreferências de diferentes autores, em especial Daniel Piza, FábioGomes, Luciana Mielniczuk, Alex Primo e Frederick VanAmstel.
Palavras chave: Jornalismo Cultural, cultura, Internet.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9
1 - Jornalismo cultural: conceito, gêneros, história e principais críticas à editoria ........ 11
1.1 – Conceito e Gêneros........................................................................................ 11
1.2 – História do Jornalismo Cultural no Contexto Mundial ................................... 13
1.3 - História do Jornalismo Cultural no Brasil ....................................................... 17
1.4 - Principais críticas à editoria ............................................................................ 23
2 – NOVAS POSSIBILIDADES PARA O JORNALISMO CULTURAL NOAMBIENTE DA INTERNET ..................................................................................... 33
2.1 – Características do webjornalismo ................................................................... 34
2.2 – Nova audiência no ambiente do webjornalismo ............................................. 38
2.3 – Jornalismo Cultural no ambiente web: a Internet como ferramenta alternativapara a editoria ............................................................................................................. 42
3 – CULTURA NA PAUTA: UM ESPAÇO ALTERNATIVO PARA ODESENVOLVIMENTO DO JORNALISMO CULTURAL NA WEB ........................ 48
CONCLUSÃO ............................................................................................................ 65
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 66
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INTRODUÇÃO
A abordagem de temas culturais remete aos primórdios do jornalismo. Em 1665
foi publicada em Paris a revista científica Journal des Savants, considerada uma das
publicações mais antigas a praticar o que hoje entendemos por Jornalismo Cultural, já
que se destinava a publicar resumos de livros, bibliografia de escritores famosos e
artigos sobre assuntos diversos, como ciências e filosofia.
No Correio Brasiliense, considerado o primeiro jornal do Brasil, já existiam
duas seções englobando temas culturais: “Comércio e Artes” e “Literatura e Ciências”.
Entretanto, com a evolução do jornalismo no Brasil, em especial com o surgimento de
grandes empresas nessa área e o crescimento das assessorias de imprensa, entre outros
fatores, essa editoria ganhou novos contornos, com pontos positivos e negativos.
Nessa monografia é recapitulada a história do Jornalismo Cultural, com seu
desenvolvimento e suas principais críticas. Além disso, são abordadas as novas
possibilidades do ambiente on-line. Finalizando, surge a proposta de criação de um site,
denominado Cultura na Pauta, com objetivo de ser um espaço para a publicação de
conteúdo cultural alternativo, que busca suprir as necessidades encontradas no
Jornalismo Cultural da atualidade.
Para alcançar tal resultado, o estudo foi organizado em três capítulos:
“Jornalismo Cultural: conceito, gêneros, história e principais críticas”, onde serão
apresentados cada um desses itens; “Novas possibilidades para o Jornalismo Cultural no
ambiente da Internet”; onde serão estudadas as principais características da Internet, a
nova audiência do webjornalismo e a Internet como ferramenta alternativa para a
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editoria; e “Cultura na Pauta: um espaço alternativo para o desenvolvimento do
Jornalismo Cultural na web”, onde será proposta a criação do site Cultura na Pauta,
com objetivos, conteúdos e design.
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1 - JORNALISMO CULTURAL: CONCEITO, GÊNEROS, HISTÓRIA E
PRINCIPAIS CRÍTICAS À EDITORIA
1.1 – Conceito e Gêneros
O Jornalismo Cultural é a editoria cujo objetivo é informar e opinar sobre a
produção e a circulação de bens culturais na sociedade, como explica Fábio Gomes.
Jornalismo cultural é o ramo do jornalismo que tem por missão informar eopinar sobre a produção e a circulação de bens culturais na sociedade.Complementarmente, o jornalismo cultural pode servir como veículo paraque parte desta produção chegue a público. (2009, p.8)
Porém, essa forma de jornalismo pode ultrapassar tal função, ganhando maior
complexidade, como explica Eliane Basso:
Para melhor compreensão do campo entendemos que o Jornalismo Culturaltransborda a análise e a divulgação dos produtos da chamada cultura ilustrada(literatura, pintura, escultura, teatro, música, arquitetura, cinema) e abrange acultura popular, o comportamento social – formas de ser e se portar, e asciências sociais, ajustadas em certa medida ao campo da produção jornalística. (2006, p. 3)
Entretanto, por motivos organizacionais e devido ao fato de a cultura ser uma
área muito ampla, surgiu a necessidade de delimitar os temas abordados nessa editoria,
que passou a ser um caderno destinado a assuntos ligados às artes e seus
desdobramentos, conforme explica Leandro Schallenberger:
Mesmo que a cultura, por ser uma área ampla, pudesse ser tratada nas outraseditorias, como Política, Geral ou Internacional, a cobertura de assuntosligados a artes visuais, literatura, música, teatro, cinema e „fenômenos‟
culturais passou a ser incumbência dos cadernos de cultura. Por exemplo: aFesta da Uva, de Caxias do Sul, ou a Jornada Nacional de Literatura, de
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Passo Fundo, poderiam ser tratadas pela editoria de Economia, devido aoretorno financeiro que esses eventos geram para suas cidades. Mas paraabordar toda a dimensão dessas festas, seria necessário um forteacompanhamento dos valores históricos e culturais em jogo, analisando ospropósitos, os legados e as contribuições de tais eventos para a sociedade.
Esse tipo de abordagem, então, ficou sob responsabilidade dos cadernos decultura. (2008, p.1)
Os dois gêneros utilizados em Jornalismo Cultural são os informativos, com
ênfase factual, e os opinativos, com função mais analítica.
O gênero informativo é dividido em: nota, resenha, reportagem, entrevista,
agenda e memória. Já os textos opinativos mais comuns são: comentários, críticas,
ensaios e colunas.
Fábio Gomes faz uma discriminação dessas modalidades:
Gêneros informativos - A maioria destes gêneros é comum a todosos ramos do jornalismo, com exceção da resenha.Notícia – Apresentação de um fato novo, respondendo às perguntas
clássicas: o quê, quem, como, quando, onde e por quê. No jornalismo cultural, pode ser utilizada para “esquentar o fato”, ouseja, lembrar o leitor de algum evento já informado pelo jornal,sempre se observando, porém, o gancho de data. Ex: Terminaamanhã a mostra de obras de Picasso na Oca.Nota – Informação breve, com os elementos básicos de uma notícia,sem compromisso necessário com fatos do momento.Resenha – Texto que apresenta os principais pontos de interesse deuma obra, podendo conter ou não breves avaliações.Reportagem – Principal gênero jornalístico, recorre a diferentesfontes para ampliar e interpretar a notícia. Pode se desdobrar emdiferentes apresentações na página. Ex: a estréia de um filmebaseado em um livro pode ter como matéria principal uma
reportagem sobre o filme, entrando ainda na página uma resenha dolivro, uma nota biográfica do autor e um comentário de versõescinematográficas anteriores da obra.Entrevista – Reprodução direta de diálogo ocorrido entre o jornalistae a fonte. Esta definição, ressalte-se, é relativa à entrevista como tipode texto; como ferramenta jornalística, ela é importante etapa naapuração dos outros gêneros informativos e mesmo opinativos.Também podem ser considerados gêneros informativos aprogramação cultural, também chamada agenda, e a memória – notas lembrando fatos ocorridos na data, como a coluna “Há 50Anos”, publicada no “Segundo Caderno” d‟ O Globo.Gêneros opinativos - Estes gêneros opinativos são exclusivos do jornalismo cultural (...).
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Comentário – Texto de apreciação sobre uma obra ou um evento.Pode incluir informações sobre obras anteriores ou ainda conterdeclarações do artista ou de outra fonte. Em rádio e TV, denomina-se “comentário” as apreciações de assuntos políticos, econômicos ouesportivos por especialistas, mas em jornal o termo tem se
restringido à área cultural, usando-se nas outras editorias os termos“artigo”, “coluna” ou “opinião”.Crítica – Gênero nobre do jornalismo cultural, faz uma análiseampla e fundamentada de produto ou evento cultural. Eventuaismenções a obras anteriores ou declarações de outras fontes deverãoestar a serviço do objetivo do texto: expressar a opinião do críticosobre o objeto de análise.Ensaio - Texto amplo que utiliza vários enfoques para analisar umtema, que pode ser uma obra, ou um aspecto determinado natrajetória de um artista - por exemplo, as músicas censuradas deChico Buarque durante a ditadura. É freqüente que parta de umassunto estritamente artístico para produzir uma reflexão sobre asociedade, pois, além de ter em comum com os outros gêneros a
informação, a interpretação e a opinião, o ensaio permite aespeculação sobre os temas que aborda. (...)Pode ser considerada ainda como gênero opinativo a coluna, em queum jornalista publica textos curtos sobre tema único (ex: “ControleRemoto”, a coluna de TV de Patrícia Kogut na “Revista da TV” deO Globo) ou sobre vários (ex: “Sinopse”, coluna de Daniel Piza, no“Caderno 2 Cultura” de O Estado de São Paulo). Estes textos curtossão genericamente chamados de “notas”, embora também possamser notícias ou comentários. (2009, p. 8-9)
1.2 – História do Jornalismo Cultural no Contexto Mundial
O Jornalismo Cultural é uma editoria cuja origem é bastante difícil de ser
apontada. Ele surge a partir das mudanças ocorridas, principalmente na Europa, depois
do Renascimento, como explica Daniel Piza:
(...) o jornalismo cultural, dedicado à avaliação de idéias, valores e
artes, é produto de uma era que se inicia depois do Renascimento,quando as máquinas começaram a transformar a economia, aimprensa já tinha sido inventada (por Gutenberg em 1450) e oHumanismo se propagara da Itália para toda a Europa, influenciandoo teatro de Shakespeare na Inglaterra e a filosofia de Montaigne naFrança. (2009, p.12)
Todos esses fatores proporcionaram o surgimento de uma nova sociedade, com
homens mais voltados para o mundano e para a valorização das idéias. Esse contexto
propicia e impulsiona o surgimento do Jornalismo Cultural, já que essa editoria tem por
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princípio maior a avaliação e a reflexão das artes e costumes da sociedade e depende
fundamentalmente da capacidade de debate entre as pessoas.
Segundo Gomes (2009, p.10), a revista científica francesa Journal des Savants
(1665) é uma das publicações mais antigas a praticar o que hoje entendemos como
jornalismo cultural, já que era composta por resumos de livros lançados na Europa,
bibliografia de escritores famosos e artigos sobre literatura, filosofia e ciências.
Outra publicação que marcou os primórdios do Jornalismo Cultural foi a revista
inglesa The Spectator , criada em 1711 e que, segundo Piza (2009, p. 11), tinha o
objetivo de “tirar a filosofia dos gabinetes e bibliotecas, escolas e faculdades, e levar
para clubes e assembléias, casas de chá e cafés”. A obra, escrita por dois ensaístas
ingleses, Richard Steele (1672 – 1729) e Joseph Addison (1672 – 1719), abordava uma
série de assuntos, como livros, óperas, costumes, festivais de música e teatro e política.
Um de seus grandes atrativos era a linguagem dos textos, de estilo simples e
conversacional. O maior público da revista era formado por moradores da cidade, já que
é no meio urbano que nasce o Jornalismo Cultural.
A Spectator se dirigia ao homem da cidade, “moderno”, isto é, preocupadocom modas, de olho nas novidades do corpo e da mente, exaltado diante dasmudanças no comportamento e na política. Sua idéia era a de que oconhecimento era divertido, não mais uma atividade sisuda e estática, quasesacerdotal, que os doutos pregavam. (PIZA, 2009, p. 12)
Um grande representante do Jornalismo Cultural dessa época foi o irlandês
George Bernard Shaw (1856 – 1950), que atuou como crítico de arte, teatro, literatura e
música em publicações como o Saturday Rewiew e The World . Segundo Piza, Shaw foi
responsável pelo surgimento de um novo modelo de Jornalismo Cultural.
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As críticas de arte saíram de seu circuito de marfim: Shaw as lançou no meioda arena social, exigindo que se comprometessem com as questões humanasvivas, mostrando, por exemplo, que uma ópera de Mozart era composta demuitos mais elementos que as belas melodias e o figurino pomposo. O críticocultural agora tinha que lidar com idéias e realidades, não apenas com formase fantasias. (Ibid., p.17)
No século XIX o Jornalismo Cultural atravessou o Atlântico e chegou a países
como os Estados Unidos da América e o Brasil. No primeiro, uma das vertentes que
mais se desenvolveu foi a da crítica, principalmente na segunda metade do século.
Surgiram, a partir daí, grandes nomes, como Edgar Allan Poe (1809 – 1849), que se
tornou conhecido como o crítico e ensaísta que modernizou o ambiente intelectual da
América.
Outro destaque do Jornalismo Cultural nos Estados Unidos, que não pode deixar
de ser citado, foi o romancista norte-americano Henry James (1843 – 1916), que
trabalhou em revistas e jornais como o New York Tribune. De Paris e Londres, ele
enviava resenhas e narrativas de viagem que marcaram época.
No período de transição do século XIX para o XX os jornais começaram a
utilizar o espaço do Jornalismo Cultural, já relativamente desenvolvido, para a
publicação de folhetins, isto é, espaços de rodapé com contos, novelas, crítica literária,
artística ou política.
De acordo com Aline Strelow, os folhetins (especialmente os de contos e
novelas) ajudaram a popularizar o Jornalismo Cultural, já que a publicação diária de
histórias simples e ficcionais despertava a curiosidade dos leitores, levando-os a
consumir os jornais com maior freqüência. Essa prática pode ser considerada precursora
das radionovelas e das atuais novelas de televisão.
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Para atrair a curiosidade do potencial assinante do jornal, os romances-folhetim eram publicados em partes, suspendendo sua ação dramática de talforma que a solução do problema ou do enigma exigisse vários capítulos nosquais novos personagens e acontecimentos fossem surgindo. Como hojefazem as telenovelas, alguns personagens ganhavam maior importância por
imposição do público, histórias de sucesso tinham de ser estendidas, semesquecer, é claro, o sempre presente entrelaçamento entre ficção e realidade.Desta maneira, conquistava-se novos leitores e ampliava-se a abrangência do jornal. (2009, p.6-7)
Conforme explica Gomes (2009, p.10-11), a partir de meados do século XX,
com o desenvolvimento de um modelo de jornalismo feito em grandes empresas, o
Jornalismo Cultural passa a ser dividido, majoritariamente, em duas correntes, presentes
até hoje na produção dessa editoria: a consolidação de um espaço de críticas que
influencia no mercado artístico, podendo aumentar ou diminuir as vendas de produtos
culturais, como no caso do jornal norte-americano The New York Times e o surgimento
de publicações especializadas em determinadas áreas como, por exemplo, a revista
francesa Cahiers du Cinéma, lançada em 1951. Segundo Piza (2009, p.20), o papel
fundamental nessa editoria continuou a ser exercido pelas revistas, incluindo nessa
categoria os tablóides literários ou quinzenais.
Outra importante mudança foi o crescimento de reportagens nessa editoria, antes
voltada mais para o articulismo político e para o debate sobre livros e artes. A crítica de
arte também se tornou mais breve e participante. Isso não significou que a era da crítica
havia terminado, apenas se modificado, como explica Piza:
A adaptação para um mundo cada vez mais povoado por máquinas, telefones,cinemas – para um mundo moderno, marcado pela velocidade e pelainternacionalização – mudou o figurino do crítico, mas não tanto a sua figura.Não se tratava mais daquela presença algo sacerdotal, missionária, do estetaque prega uma forma de vida por meio de julgamentos artísticos e assim atraidiscípulos (...). O crítico que surge na efervescência modernista dos iníciosdo século XX, na profusão das revistas e jornais, é mais incisivo einformativo, menos moralista e meditativo. (...) Como Shaw, ele luta pela
relevância da cultura no cotidiano das pessoas, mas, ao contrário de Shaw,
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não quer encaixá-la num sistema de valores, numa mistura de ideologia eestética. (2009, p.20)
Uma publicação relevante que surgiu inserida nessa nova dinâmica foi a norte-americana New Yorker , criada em 1925. Ela se tornou referência de classe, incisividade
e humor e revelou críticos mordazes e grandes escritores e cartunistas. Foi essa
publicação que abriu caminho para as intervenções do New Jornalism, forma de
produção jornalística que usa recursos da literatura, criando um estilo próprio e singular
de se relatar um fato. Uma das referências nesse gênero, até hoje, é o escritor e
jornalista Gay Talese (1932).
Todas essas mudanças fizeram o Jornalismo Cultural, no contexto mundial,
crescer e se diversificar, tanto em gêneros e estilos quanto em quantidade de
publicações. A Internet surgiu, já no fim do século XX, como um novo ambiente para o
desenvolvimento dessa editoria. Apesar disso, predomina em vários países a noção de
que o Jornalismo Cultural vive uma crise, discussão que será aprofundada no item 2.4
desse capítulo.
1.3 - História do Jornalismo Cultural no Brasil
Após uma breve apresentação do Jornalismo Cultural no contexto mundial, é
preciso analisar mais especificamente a situação do Brasil em meio a esse processo.
Segundo Gomes (2009, p. 12), “Embora os primeiros cadernos culturais só apareçam no
século XX, podemos dizer que o destaque aos assuntos culturais na imprensa brasileira
vem desde seu nascimento”. O autor cita o Correio Brasiliense, considerado o primeiro
jornal brasileiro, e As Variedades ou Ensaios de Literatura, considerada a primeira revista,
como exemplos dessa afirmação.
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Ambas as publicações pareciam livros - tanto o jornal, editado em Londrespor Hipólito José da Costa entre 1808 e 1822 e distribuído clandestinamenteno Brasil, quanto à revista, de que saíram dois números em Salvador em1812, numa iniciativa do livreiro Manoel Antônio da Silva Serva. Entre asseções do Correio, figuravam “Comércio e Artes” e “Literatura e Ciências”.(2009, p. 12)
Os principais temas culturais nesse período inicial eram literatura e teatro,
especialmente o primeiro. Os escritores da época, quando não conseguiam publicar seus
livros, buscavam auxílio da imprensa, para veiculação de suas obras em folhetim. Vem
desse momento, então, a forte presença da literatura no jornalismo brasileiro, a
importância do folhetim para o desenvolvimento do Jornalismo Cultural do país, e a
expansão da literatura para um público mais geral. Autores como Manuel Antônio de
Almeida (1831 – 1861) e José de Alencar (1829 – 1877) publicaram obras literárias
inteiras em veículos jornalísticos (o primeiro publicou Memórias de um Sargento de
Milícias em A Pacotilha, edição dominical do jornal Correio Mercantil e o segundo
publicou o romance Cinco Minutos no jornal O Diário do Rio de Janeiro. Outro autor
que ficou reconhecido por suas publicações em folhetim foi Lima Barreto (1881 –
1922). Quase toda sua produção de romances, antes de sair em livros, apareceu nesse
formato, entre 1905 e 1915. Um de seus livros mais famosos, publicado dessa maneira,
é As recordações do escrivão Isaías Caminha, no qual são satirizados os blefes e as
ignorâncias vigentes em uma redação.
Outra importante influência da literatura no campo jornalístico se deu com a
introdução das crônicas nos jornais. Em geral, essas crônicas retratavam o cotidiano das
pessoas e a vida nas cidades. Elas eram produzidas por jornalistas, escritores e,
sobretudo, por híbridos de jornalista e escritor. Um nome relevante na produção desse
gênero é Clarice Lispector (1920 – 1977). A escritora, entretanto, fugiu do padrão
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tradicional do cronista, com textos mais pessoais e reflexivos. Sobre isso, explica Ivana
Barreto:
Embora colunista, Clarice se afastava da figura clássica do cronista, que temem Rubem Braga um de seus grandes representantes, alguém que trafegavaentre o jornalismo e a literatura. Contudo, embora afastada da figura clássicado cronista, Clarice Lispector, a partir do uso da primeira pessoa em suacoluna, falou tão mais de perto ao leitor que ambos se tornaram confidentes.(2006, p.67)
Além dos folhetins e das crônicas, outra modalidade de destaque no Jornalismo
Cultural brasileiro foi a crítica, que começou a ganhar força nos anos 40, até o final dos
anos 60. Nesse período, dois nomes se distinguiram: Álvaro Lins (1912 – 1970) e Otto
Maria Carpeaux (1900 – 1978).
São dois críticos que combinam o jornalismo e o enciclopedismo, aliandoainda visões políticas sensatas e apurado estilo ensaístico. Ambos
trabalharam no Correio da Manhã e ajudaram a dar ao jornal sua merecidafama de bem escrito e independente. Não estavam sós: ninguém menos queGraciliano Ramos (...) e Aurélio Buarque de Holanda eram redatores do jornal; Carlos Drummond de Andrade era colunista; Antonio Calladocomeçou ali em 1937 sua carreira de repórter e cronista etc. (PIZA, 2009,p.34).
O folhetim literário, com o surgimento do cinema e das novelas de rádio, sofreu
um natural declínio, enquanto as páginas de cultura passaram a abordar o cinema com
maior ênfase. Segundo Gomes (2009, p.14) o primeiro veículo a tratá-lo como
expressão artística foi o Gazeta de Notícias, em 1902. Surgem a partir daí revistas
especialmente dedicadas a essa arte: Selecta (1914-30), Para Todos (1918-32), A Cena
Muda (1921-55) e Cinearte (1926-42).
A Cinearte, criada por Adhemar Gonzaga (1901 – 1978), considerado
um dos primeiros cineastas brasileiros, destaca-se nesse período por sua proposta
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inovadora. Afastando-se do estilo tradicional de jornalismo de cultura da época, a
revista traz um enfoque mais crítico, noticiando filmagens, discutindo o modelo de
filme brasileiro e debatendo a questão da distribuição. Tal atitude tinha por objetivo
promover uma reflexão sobre o cinema nacional, característica ainda pouco explorada
em outras publicações, cuja cobertura se concentrava em fatos ocorridos em sessões de
filmes ou no culto às estrelas de Hollywood. O projeto deu certo e, em 1956, levou à
criação da Cinédia, primeiro estúdio brasileiro importante, cujo nome inicialmente foi
Cinearte.
Outras duas importantes revistas, que não podem deixar de ser citadas
como parte da história do Jornalismo Cultural brasileiro, são O Cruzeiro (1928-75) e
Senhor (1959-64). Segundo Piza, um dos principais pontos da primeira publicação foi o
lançamento do conceito de reportagem investigativa.
Embora haja muita polêmica sobre os números – sua tiragem teria chegado asetecentos mil exemplares, mas apenas no número especial sobre o suicídiode Getúlio Vargas em 1954 – e sobre os métodos suspeitos de reportagem(como as de David Nasser, em parceria com o documentarista Jean Manzon),o fato é que a revista marcou época, lançou o conceito de reportageminvestigativa e deu enormes contribuições à cultura brasileira. Nos anos 30 e40, O Cruzeiro seria a revista mais importante do Brasil por sua capacidadede falar a todos os tipos de público. (Ibid., 2009, p. 32)
Já a revista Senhor destacou-se pelo seu forte caráter formador de opinião, sem
ter uma intensa preocupação com a notícia de atualidade e sempre buscando um
jornalismo formativo e com densidade editorial. Seu grande objetivo era apresentar a
produção cultural e as temáticas do universo masculino para um público com alto poder
aquisitivo, morador dos centros urbanos, intelectualizado, sofisticado ou com desejo de
ser. Sobre a publicação, explica Basso:
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No campo da cultura a revista familiarizou o leitor com temas que sepropõem a discutir obras que nem sempre são de fácil assimilação,caracterizadas pelas temáticas questionadoras da sociedade, discutindovalores, apresentando a arquitetura da vida moderna, a dualidade dos mundosarcaico e moderno; e, de maneira geral, o espaço público como espelho deuma sociedade em transformação, em discussões amparadas nas ciênciassociais e humanas. SENHOR debateu amplamente sobre os aspectos daformação cultural brasileira, a cultura intelectual e a cultura popular. (2006,p. 3)
Além dessas revistas especializadas, o Jornalismo Cultural passou por uma
renovação nos jornais impressos, em diferentes momentos do século XX. Alguns dos
cadernos que se destacaram nesse sentido foram o Quarto Caderno, caderno cultural
dominical do Correio da Manhã, o Caderno B, do Jornal do Brasil e os cadernos de
cultura Ilustrada e Caderno 2, dos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo,
respectivamente.
O Jornal do Brasil é considerado o precursor dessa renovação, embora o
caderno de cultura do Correio da Manhã tenha surgido primeiro. O JB iniciou uma
ampla modernização na década de 50, o que o tornou referência para o jornalismo
brasileiro.
O forte do Correio da Manhã era a opinião. No JB, que começara amodernização em 1956, deu-se mais valor à reportagem e ao visual: ali foi
praticamente instituído o lide no jornalismo brasileiro, graças à direção deJânio de Freitas. E logo em seguida o lendário Caderno B é criado, comedição de Reynaldo Jardim e diagramação de Amílcar da Castro, e se torna oprecursor do moderno jornalismo cultural brasileiro, com crônicas de ClariceLispector e Carlinhos de Oliveira, crítica de teatro de Bárbara Heliodora eoutros trunfos. (PIZA, 2009, p.37)
Sobre a criação do Caderno B e sua influência sobre os demais jornais, também
explica Barreto:
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Os cadernos culturais se transformaram em objeto de desejo da maioria dos jornais brasileiros depois que foi criado o Caderno B, do Jornal do Brasil. E,no contexto da evolução da imprensa brasileira, a década de 50 foi decisiva.Convidado por Odylo Costa Filho para reformular visualmente o jornal, nofinal dos anos 50, o artista plástico Amílcar de Castro não encontrou tarefa
fácil. Entre outros obstáculos, precisava eliminar resistências em diversossetores do JB, dos mais elevados aos mais simples cargos deste veículo decomunicação, ainda apegado às antigas fórmulas de se fazer jornal. Para seter uma idéia da dificuldade enfrentada por Amílcar, somente dois anosdepois, em 2 de junho de 1959, a nova primeira página, muito semelhante àatual, foi para as ruas. O Caderno B, que apresentava textos criativos e umadiagramação arrojada, surgiu destinado a tratar de cultura e para ser, mais doque isso, um produto cultural. (2006, p.66)
A partir da segunda metade do século XX, o Jornalismo Cultural brasileiro
começa a assumir o formato atual, com comentários sobre o dia-a-dia cultural e artístico
predominantemente nos cadernos diários e análises mais aprofundadas geralmente aos
finais de semana. Paralelo a isso, surgem algumas revistas com cobertura cultural
diferenciada, especialmente no período ditatorial. O Pasquim e Opinião (Rio de Janeiro)
e Movimento e Bondinho (São Paulo) são exemplos desse tipo de publicação. Apesar de
conquistarem relativo sucesso nesse período, elas não resistiram muito tempo após a
anistia.
Na década de 90 começa então um novo movimento de revistas, voltadas
especificamente para cultura, com linguagem e diagramação mais sofisticadas e
inseridas no modelo comercial de produção jornalística. Elas abordam especialmente a
produção artística: cinema, teatro, música, etc.
Entre essas publicações devem ser citadas a Cult e a Bravo! (ambas criadas em
1997). A primeira é publicada pela Editora Bregantini, que a adquiriu em 2002, e possui
tiragem de 25 mil exemplares por mês. Os principais assinantes são universidades e
bibliotecas. Já a Bravo!, inicialmente publicada pela editora D‟Ávila, foi comprada pela
Editora Abril em 2006 (na virada de 2003 para 2004 já iniciava-se uma parceria entre as
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duas empresas) e hoje é a revista de cultura mais vendida do país, sendo um dos
principais cases de sucesso da Abril, já que inicialmente não indicava retorno financeiro
para a editora.
Apesar de um estudo encomendado pela Editora Abril indicar que publicaçãonão traria retorno financeiro, mesmo assim foi adquirida uma cota departicipação, devido à vontade de seu presidente, Roberto Civita, que sempresonhou com uma revista de cultura no portfólio da empresa. (...) Hoje aBravo! é a revista cultural mais vendida do país. O perfil de seu leitor,segundo o seu site é ―jovem, qualificado, consumidor de cultura e esperaque a revista o posicione e o oriente em suas escolhas. (TARAPANOFF,2010, p. 8-9)
1.4 - Principais críticas à editoria
O Jornalismo Cultural passa, atualmente, por uma situação particularmente
interessante, que pode ser definida, por um lado, como um momento de crise e, por
outro lado, como um momento positivo para transformações. Tal aparente paradoxo foi
sintetizado pelo jornalista Jotabê Medeiros:
O jornalismo como um todo vive uma crise, da qual não se pode excluir o jornalismo cultural. (...) Eu, no entanto, discordo um pouco dessaunanimidade. Conheci redações no passado nas quais o jornalismo culturalera praticado em compadrio, com panelinhas dominando a sua prática. Havia,é claro, notáveis praticando o gênero, da mesma forma como hoje, mas issonão era a regra. (...) Acho que vivemos uma grande época para o jornalismocultural, uma época que, paradoxalmente, é a que provoca críticas também
mais exacerbadas. (2004, p.1)
As críticas a essa editoria podem ser divididas em três eixos principais: falta de
profundidade na abordagem dos conteúdos, com estilo agenda predominando nos textos
e escassa abordagem da cultura regional brasileira; forte dependência das assessorias de
imprensa; e jornalistas pouco qualificados para atuar na editoria, com crescentes
problemas na formação desses profissionais. Tais tendências foram resumidas por Piza:
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Há três males comumente apontados. O primeiro é o excessivo atrelamento àagenda – ao filme que estréia hoje, ao disco que será lançado no mês que vemetc. – e, com isso, um domínio muito grande de nomes já bem sucedidos, doseventos de grande bilheteria previsível, das celebridades e grifes. O segundomal é o tamanho e a qualidade dos textos, especialmente desses queanunciam um lançamento, que pouco se diferenciam dos press-releases, salvopelo acréscimo de uma declaração ou outra e/ou de alguns adjetivos, e quevêm diminuindo com o passar do tempo, sendo restritos às informações maisralas. E o terceiro é a marginalização da crítica, sempre secundária a esses“anúncios”, com poucas linhas e pouco destaque visual, mais e mais baseadano achismo, no palpite, no comentário mal fundamentado mesmo quando háespaço para fundamentá-lo; há uma nostalgia, endossada pelas reedições delivros, dos grandes críticos do passado, de sua credibilidade autoral (2009,p.62-63).
Vamos então analisar essas críticas:
a) Falta de profundidade na abordagem dos conteúdos, com estilo agendapredominando nos textos e escassa abordagem da cultura regional brasileira
No Jornalismo Cultural mais antigo os periódicos reservavam amplos espaços
para resenhas e críticas sobre obras artísticas diversas. Como já abordado, as
publicações jornalísticas contavam com profissionais de vasta cultura geral, capacitados
para escreverem sobre os diversos fatos da vida cultural e artística do país e do mundo,
principalmente escritores, e proporcionavam liberdade e espaço para eles
desenvolverem suas idéias.
Com o crescimento do jornalismo em grandes empresas, essa tendência começou
a mudar. Em primeiro lugar, os jornais em geral começaram a diminuir o tamanho dos
cadernos dessa editoria. Tal fato fez com que os longos espaços para a reflexão fossem
enxugados, levando ao quase predomínio de notas curtas, em estilo agenda, ou seja, que
anunciam eventos como lançamentos e estréias, e discutem com menor profundidade as
diversas questões culturais.
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É muito clara e precisa a diminuição do espaço para a reflexão sobre acultura. De maneira geral, há uma presunção tola dos meios de comunicaçãono Brasil de que o brasileiro não se interessa por esses assuntos, de que nãohá tempo para a leitura e que, portanto, deve-se reduzir os textos. (inLINDOSO, 2007, p.28)
Essa nova tendência fez com que o jornalista cultural perdesse muito de sua
criatividade e capacidade de inovação e crítica, características fundamentais para o
exercício da profissão.
O Jornalismo Cultural deve ser um espaço de inovação, para quem pensa por
si, cria sua própria linguagem e sabe que é preciso ultrapassar fronteiras,conectar-se com o outro. [...] Deve o jornalista cultural ser um crítico ou umrelatador? Entendo que o jornalista cultural tem que ser um crítico, ou entãoele será um mero escrivinhador do serviço cultural (Ibid., p.24 e 27)
Outro desdobramento dessa tendência é a falta de abordagem das manifestações
da cultura regional brasileira, que são deixadas para segundo plano, com sua força
cultural menosprezada. A cobertura jornalística dessa editoria concentra-se, em geral,no eixo Rio - São Paulo.
A cobertura feita pela grande mídia brasileira dos eventos culturais efolclóricos carece de maior profundidade e análise. A diversidade cultural deum país como o Brasil, que agrega em seu território a cultura de tantos povose suas diversas culturas, é incompatível com o que habitualmente é exposto(...) O jornalismo cultural, especialização profissional caracterizada porreportar eventos e fatos relacionados à cultura global, nacional e local e suasmanifestações, está cada vez mais resumido ao entretenimento e as notíciassobre celebridades. Falta densidade e reflexão sobre os movimentos culturaise seus principais atores, tal como é proposto na definição do próprio jornalismo cultural. (MORAES, 2008, p.1).
Vale ressaltar que essa dificuldade não impera completamente na imprensa. Ela
está presente com mais intensidade nos jornais diários, ficando por conta das revistas
especializadas o papel de produzir um Jornalismo Cultural de maior profundidade.
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O problema se intensifica na medida em que o tempo de produção de umcaderno é acelerado, caso típico do jornalismo diário. Aqui há umadificuldade maior em superar os obstáculos e limites impostos pelo ritmoindustrial do veículo: a tendência à cobertura dos eventos diáriosestabelecidos pela agenda cultural das casas de espetáculos em suas maisdiversas modalidades (teatro, dança, cinema, música etc) torna-se maior. Nocaso das revistas mensais este problema é amenizado (...). Pela rotinaprodutiva da revista percebe-se uma maior independência com relação àsagendas culturais e mais tempo para aprofundar e criar referências em relaçãoaos processos culturais e a conceitos estéticos, históricos e filosóficos.(CUNHA, FERREIRA, MAGALHÃES, 2002, p.10)
O Brasil não ficou fora dessa tendência, e possui boas revistas especializadas.
Elas dão espaço considerável para críticas de obras artísticas e matérias sobre a estrutura
das organizações culturais. Exemplos de revistas nesse estilo são a Bravo!, da Editora
Abril, e a Revista de Cinema, da Editora Única.
A revista Bravo! tem um estilo mais sofisticado e é dividida em cinco seções
principais: música, livros, artes plásticas, teatro e dança, e cinema. Cada uma delas
costuma ser subdivida em uma matéria principal, uma crítica, uma parte destinada à
exposição de lançamentos e agenda. Em algumas edições, também são publicadas
entrevistas.
Percebe-se, ao longo da leitura da publicação, uma boa combinação entre
informações aprofundadas e notinhas curtas. Isso demonstra que o Jornalismo Cultural
de qualidade não elimina a agenda cultural, mas consegue ir além dela, fugindo do que
muitos críticos caracterizam como sendo uma verdadeira ditadura.
A ditadura da agenda atua nos cadernos literários, que são um resumo doslançamentos das editoras. Situação muito clara de se confirmar quandoacontecem eventos como a Bienal do Livro e publica-se um caderno especialsobre o evento. São 15 páginas, com o mapa da feira, onde se vende decachorro quente a livros, o que é absolutamente inútil. (in LINDOSO, 2007,p.31)
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Já a Revista de Cinema possui um estilo mais simples e jovem. Em geral, a
publicação combina notinhas sobre eventos e novidades da área cinematográfica e
destina espaço maior para filmes de destaque que estão sendo lançados, festivais de
cinema, entrevistas com profissionais da área e discussões sobre novas tendências
cinematográficas.
Pode-se perceber, mais uma vez, que uma boa publicação da área de cultura não
dispensa a agenda cultural. Ela tem sido, tanto na Bravo!, quanto na Revista de Cinema,
uma importante forma de abordar com breviedade lançamentos de produtos culturais enovidades em geral. O mais importante é saber equilibrar a agenda com matérias
maiores e mais reflexivas, além de reservar sempre espaço para a crítica, estilo que é
fundamental para essa editoria.
Uma função básica da crítica é, sim, julgar, no sentido de fazer uma opção
pessoal, de qualificar uma obra em escala (de péssima a excelente), e o leitorque concorde ou discorde. Cabe ao crítico, primeiro, tentar compreender aobra, colocar-se no lugar do outro, suspender seus preceitos, para entãosedimentar as idéias e, mesmo exprimindo dúvidas, chegar a uma avaliação.O leitor, além do próprio artista, quer essa reação. Quer saber o que Carpeauxpensa do novo livro de poesia de Drummond. Quer saber por que vale a pena – ou não – ir ver o mais recente Spielberg. Desse material o jornalismocultural sempre foi e será feito. (PIZA, 2009, p.78-79)
b) Forte dependência das assessorias de imprensa
O fenômeno do crescimento das assessorias de imprensa é algo recente, se
comparado com a profissão do jornalista. A formalização do trabalho dos assessores não
tem muito mais que vinte anos. Nesse meio tempo, houve uma grande multiplicação de
empresas do ramo, que abastecem a mídia com releases sobre diversos assuntos todos
os dias.
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No final da década de 70 e início dos anos 80, as atividades das assessorias seconsolidam no mercado de consumo em expansão e o fim do regime militar.A democracia volta à tona com a Nova República, trazendo consigo osdireitos e os deveres do cidadão e, em particular, do trabalhador econsumidor, emergindo nas organizações a necessidade de comunicar-se não
só com a sociedade, mas com o público interno. (OLIVEIRA, 2003, p.2)
A relação entre esses dois pólos – assessores de imprensa e jornalistas – é
bastante delicada e deve ser administrada com cautela. Por um lado, os assessores
precisam ser dinâmicos e criativos, sempre na tentativa de convencer os jornalistas da
importância de suas pautas, mas sem se tornarem insistentes e cansativos. Já os
jornalistas, por sua vez, necessitam saber filtrar toda a quantidade de informações
diárias recebidas, priorizando sempre o valor-notícia, e não se deixando seduzir pelas
facilidades criadas pelas assessorias. Sobre essa relação, explica Ricardo Freitas (2007):
Se os dois lados forem sérios e tiverem ética como princípio fundamental issonão significa oportunismo, mas um fortalecimento das relações, que éimportante para ambas as partes. Não podemos esquecer que um bom
jornalista precisa de boas fontes. (in LUCAS, 2007, p.99)
Entretanto, essa harmonia entre os dois grupos ainda está longe de ser alcançada,
especialmente no Jornalismo Cultural. Um exemplo de desequilíbrio nessa relação é o
fato de boa parte dos jornalistas ainda se deixarem seduzir pelos “presentes” enviados
pelas assessorias. Tal fato é apontado por Piza:
Muitas vezes, porém, presenciei a agitação de críticos de música, porexemplo, com a chegada de mais uma sacola de CDs, recebida como a sacolade Papai Noel, pelas mãos de um assessor de imprensa (divulgador a serviçoda gravadora) tratado freqüentemente como “amigo”. É muito importante queo jornalista cultural, quer faça crítica regular quer não, saiba delimitar ocaráter profissional e o caráter eventualmente mais pessoal de uma relaçãodesse tipo. Um pouco de reserva é obrigatório. (2009, p.91)
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Essa atitude pouco profissional, por parte dos jornalistas, se reflete na qualidade
dos textos publicados, com reflexão rala e servindo como mera forma de divulgação dos
eventos e produtos das empresas do ramo da cultura. Como já dito anteriormente, a
crítica é um elemento fundamental no Jornalismo Cultural. Sem ela, a editoria perde em
profundidade e a aproxima-se, cada vez mais, do marketing.
É preciso que os jornalistas da área cultural tenham consciência dessas
dificuldades e busquem constantemente o aprimoramento de suas condutas
profissionais. A preocupação principal, ao anunciar um evento ou analisar um produtocultural, deve ser sempre a importância daquele tema para o leitor.
Cabe ressaltar que o jornalismo, a despeito das novas tendências e dasrecentes mudanças, é um serviço público. Não importa o quanto o jornalistase supõe importante, ou o quanto o jornal quer vender. Importa, isso sim, ovalor agregado do que este serviço representa para boa parte da população.Ao jornalismo cultural, em tese, cabe a reportagem e a seleção de materialque serve de apoio ao leitor que deseja aproveitar seu tempo livre, seja noteatro, no cinema, ou até mesmo na televisão. Nesse caso, entretanto, o jornalismo tem se prestado ao disparate e à galhofa. (CARDOSO, 2003, p.2)
Para evitar essa situação, é preciso resgatar uma postura ética por parte das
assessorias de imprensa e, principalmente, dos jornalistas. É necessária também uma
atuação firme das empresas de comunicação, financiando o trabalho dos jornalistas e
impedindo a invasão das assessorias com suas imensas facilidades. Por outro lado, é
preciso ter compreensão da necessidade do diálogo e da troca com essas instituições,
conforme explica Piza:
Na maioria dos casos, por sinal, o ideal é que a publicação pague a viagem do jornalista ou, pelo menos, que informe no pé da matéria quem a pagou. Boaparte da pobreza jornalística se deve a essa dependência dos convites deagências e companhias aéreas. (...) [Mas] Certas coisas são praxe que não
devem ser confundidas (por nenhuma das partes) com jabás. Críticos de
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literatura precisam receber das editoras a maioria dos lançamentos. Críticosde cinema precisam ver cabines (sessões prévias) dos filmes que vão estrear,assim como críticos de teatro ou música precisam ter acesso a ensaios ou“previews”. Etc. É assim no mundo inteiro. A premissa é a consciência doresponsável por uma obra pública de que, por ser pública, ela está sujeita
também a avaliação especializada, seja positiva ou negativa – caso contrário,não leve a público. Tal “contrato intelectual” é uma das conquistas dacivilização, pois implica a liberdade de expressão. (2009, p.91)
c) Jornalistas pouco qualificados para atuar na editoria, com crescentes problemasna formação desses profissionais
Segundo Nísio Teixeira (2007, p.7), três desafios se impõem para o ensino do
Jornalismo Cultural: formação, didática e experimentação. Em relação à formação,
Teixeira alega que é preciso desenvolver nos estudantes interessados na editoria o
caráter criativo, estimulando que escrevam textos originais, em detrimento do simples
ato de copiar e colar textos de cultura da Internet. Além disso, as universidades e os
professores devem se manter atentos para a necessidade de complementação cultural na
formação dos novos jornalistas da área, já que boa parte deles chega com carência de
cultura geral ao ensino superior e com gosto excessivamente homogeneizado, baseado
tão somente nos produtos da indústria cultural, como os livros best seller e os filmes
blockbuster .
Já no item didática, Teixeira enfatiza a necessidade de uma boa biblioteca e
acesso a publicações especializadas como elemento fundamental para a boa formação
de um jornalista cultural.
O acesso do material didático necessário torna-se aqui ponto fundamental.Além da assinatura de publicações, de uma boa biblioteca e de laboratóriosde informática, deve-se pensar em parcerias que propiciem o acesso aosprodutos e ao conhecimento dos processos culturais, como levar os alunos auma sessão exclusiva em cinema ou teatro, exposições, palestras que possamalimentar a pauta e a rotina produtiva das disciplinas afins à área cultural nasescolas e faculdades. Tais iniciativas podem resultar em textos e produtospara a divulgação cultural na própria instituição de ensino e na capacitação
cultural do aluno. (2007, p.7)
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Por fim, Teixeira destaca a importância da experimentação no ambiente
universitário. Para ele, esse processo ocorre por meio dos laboratórios das faculdades,
que devem não só dar conhecimento prático da profissão para o estudante, como
também incentivá-lo a ousar, em vez de simplesmente repetir o que já está sendo feito
no mercado de trabalho.
Sabe-se que a maioria dos laboratórios de jornais, rádios, TVs e sites dasescolas de comunicação deve preparar o aluno para a rotina do mercado detrabalho, fazendo desses espaços simulações daquilo que o estudante vaienfrentar no dia-a-dia de uma empresa de comunicação – inclusive no quetange às pautas em jornalismo cultural. Mas uma coisa é preparar o alunopara esse sistema, outra é condicioná-lo. E aí se percebe como muitoslaboratórios incorrem no mesmo erro atribuído aos alunos: maior interesse nareprodução do que na criação. Às vezes, propostas inovadoras de programasde TV, rádio, coberturas jornalísticas para as mídias impressas e eletrônicas,feitas pelos alunos, não encontram o devido espaço em suas instituições deensino. (Ibid., p.8)
Por tudo isso, torna-se necessário uma maior atenção das faculdades de
jornalismo para o ensino do Jornalismo Cultural. Essa prática deve ser ministrada desde
a graduação, ao contrário do que ocorre na maioria dos cursos, nos quais a editoria fica
restrita às especializações.
Jornalismo Cultural não é uma disciplina curricular na maioria das faculdadesde Comunicação Social no Brasil. Uma exceção é a Faculdade deComunicação Social Cásper Líbero (São Paulo), que, além de ter a disciplinano currículo regular, já a ofereceu como curso de extensão. Como eletiva, ela já ocorreu na Universidade de Caxias do Sul (RS) e é atualmente oferecida naUniversidade Federal do Rio Grande do Sul (Porto Alegre). No âmbitouniversitário, é ainda opção de especialização na Universidade Católica dePernambuco (Recife), Universidade Federal do Maranhão (São Luís),Faculdades Integradas de Patos (oferecido no campus de João Pessoa,Paraíba) e Universidade Metodista de São Paulo, e de pós-graduação naUniversidade do Estado do Rio de Janeiro e no Centro UniversitárioFIAM/FAAM (São Paulo). Outra instituição de ensino superior que temJornalismo Cultural como disciplina eletiva é a Universidade Federal de
Santa Maria (RS), a partir do segundo semestre de 2005. (GOMES, 2009,p.19)
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Com crescimento da Internet e suas inúmeras possibilidades surge um novo
espaço para a veiculação de conteúdo cultural. Torna-se imprescindível que os
jornalistas recém-formados estejam preparados para lidar com essa demanda. Para
alcançar tal resultado as universidades brasileiras precisam valorizar mais a disciplina.
Além disso, os estudos de mídia devem despertar o interesse do universitário quanto às
diferentes utilizações da Internet para a divulgação e a análise da cultura. Afinal, essa
plataforma pode ser uma das alternativas para a melhoria da editoria.
A quem caberá preencher esse vazio de informações e análises culturais naimprensa? Aos sites, talvez, ainda que de forma modesta. Existem muitosveículos on-line por aí fazendo um belo e aprofundado trabalho. Já nasseções de cultura dos jornais, o que se verifica, na contramão de outraseditorias, é uma superficialidade, uma escassez de boas análises, que precisaser revertida. A cultura está sempre gerando fatos interessantes e instigantes – só que os jornalistas também precisam de criatividade e talento paraacompanhá-los... (SCHALLENBERGER, Leandro. 2008, p.1)
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2 – NOVAS POSSIBILIDADES PARA O JORNALISMO CULTURAL NO
AMBIENTE DA INTERNET
A Internet, rede mundial de computadores, é uma das ferramentas de
comunicação que mais cresce atualmente. Inicialmente projetada para manter o contato
de bases militares nos Estados Unidos, durante o período da Guerra Fria, ela ganhou
dimensões muito maiores, tornando-se um poderoso instrumento para a veiculação de
notícias e conhecimentos gerais, além de diálogo entre pessoas de diferentes locais do
mundo. Toda essa mudança, não se pode negar, trouxe inúmeros benefícios para a
sociedade.
Não podemos deixar de assumir que a internet proporcionou um acesso àinformação de maneira única. Achar o endereço de um restaurante sem terque perguntar para ninguém, usar o telefone ou folhear a lista telefônica.Pesquisar o roteiro de férias. Ficar feliz ao descobrir que a restituição doimposto de renda já está disponível para saque em agência bancária. Ouainda, achar namorado (a), bater papo e encontrar companhia para noites de
insônia. Enfim, a abrangência de serviços oferecidos num portal conseguepreencher e resolver grande parte das necessidades do homem moderno. Opoder de transformação causado pelo uso das redes sociais também pode sercolocado como um dos grandes avanços da internet neste começo de séculoXXI. (FERRARI, Pollyana. 2010. p. 79)
Esse enorme potencial informativo e comunicativo oriundo da Internet está
sendo cada vez mais explorado pelo jornalismo tradicional. Os jornais e revistas
impressos e as emissoras de rádio e televisão não abrem mão de seus sites e blogs na
rede. Além disso, cresce o número de veículos criados especialmente para o ambiente
web, como os portais Terra e Yahoo. Outra forte tendência é o jornalismo participativo,
no qual pessoas comuns, não-jornalistas, utilizam a Internet para a publicação de
matérias sobre assuntos diversos, quebrando o monopólio das empresas jornalísticas na
veiculação de notícias.
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Não se pretende com essa discussão, contudo, impor uma visão ufanista da
Internet. O objetivo é apenas demonstrar sua importância e incentivar a experimentação
do meio, de modo a contribuir para a melhoria do jornalismo.
Os jornalistas recém-formados ou mesmo os que estão estudando paraexercer a profissão não podem ignorar a enorme transformação conceitual eorganizacional pela qual a comunicação vem passando, já que sites convivemlado a lado com blogs, redes sociais, entretenimento no YouTube e umaavalanche de conteúdos que se misturam como rizomas no solo. A sociedadeestá mudando, vivemos uma fase neobarroca e precisamos ter humildade paratestar, experimentar e, principalmente, dialogar com o leitor. (Ibid., p. 80)
Nesse novo cenário, surgem formas alternativas para a publicação de
informações sobre cultura, ou seja, espaços para veiculação de informações culturais
que não aparecem na mídia tradicional. Contudo, para que essas possibilidades sejam
corretamente exploradas, torna-se necessário analisar anteriormente alguns temas
importantes em relação ao jornalismo produzido na Internet, como suas características
principais e as novas formas de audiência nesse ambiente. É sobre esses assuntos que se
debruça o presente capítulo.
2.1 – Características do webjornalismo
Antes de falar sobre as características do jornalismo na Internet, denominado
aqui como webjornalismo, é preciso definir melhor esse conceito, muitas vezes
substituído por jornalismo digital ou jornalismo on-line. Tal expressão, como explica
Luciana Mielniczuk, está relacionada com o suporte técnico utilizado para a veiculação
do conteúdo.
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O presente texto refere-se aos produtos jornalísticos que são desenvolvidosúnica e exclusivamente para a Web, descartando outros tipos de produçãoque possam utilizar-se das redes telemáticas de forma mais genérica. Por estemotivo, então, será utilizado o termo webjornalismo. Conforme Murad(1999) e Canavilhas (2001), a nomenclatura encontra-se relacionada com o
suporte técnico: para designar o jornalismo desenvolvido para a televisão,utilizamos telejornalismo; o jornalismo desenvolvido para o rádio, chamamosde radiojornalismo; e chamamos de jornalismo impresso àquele que é feitopara os jornais impressos em papel. (2001, p.1-2)
Além de definir o conceito de webjornalismo, é necessário analisar as diferentes
fases e graus de evolução dessa atividade, até a chegada ao estágio atual.
O webjornalismo tem pouco mais de dez anos, os quais viram pelo menostrês gerações ou etapas de desenvolvimento dos veículos noticiosos para aWeb, ou webjornais (Silva Jr., 2001; Mielniczuk, 2003). A primeira geraçãoé a da transposição do modelo impresso para as redes digitais. As notíciasseguem o padrão de texto e diagramação do jornal tradicional, agregandopoucos recursos para interação com o leitor, em geral apenas e-mail e ummenu de navegação, mas também fóruns e enquetes. Na segunda geração,alguns elementos específicos da Web passam a ser agregados à notíciaonline, embora esta continue seguindo o padrão de texto da edição impressa.Porém, passa-se a oferecer recursos de hipermídia, listas de últimas notícias ematérias relacionadas, bem como material exclusivo para a versão online. Jána terceira geração as publicações online incorporaram a hipermídia àprodução do texto, aprofundando a hipertextualidade e a multimodalidadepermitidas pela convergência das mídias digitais. (PRIMO, Alex; TRÄSEL,Marcelo Ruschel, 2006, p.7)
Essa situação atual pode ser definida pela exploração intensificada das cinco
características principais da Internet, apontadas por Luciana Mielniczuk (2001), baseada
na obra de por Marcos Palacios (1999): multimidialidade/convergência, interatividade,
hipertextualidade, personalização e memória. O webjornalismo usufrui cada vez mais
dessas características, produzindo um modelo diferenciado de veiculação de notícias.
Vamos então analisar essas potencialidades do ambiente web.
a) Multimidialidade/convergência: Como explica Mielniczuk (2001, p.4), trata-se da
“convergência dos formatos das mídias tradicionais (imagem, texto e som) na narração
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do fato jornalístico”. Esses recursos permitem ao leitor uma forma de leitura
diferenciada da notícia, típica do universo web. Para alcançar tal efeito os sites se
utilizam de texto, fotos, vídeos e podcasts, entre outros elementos.
b) Interatividade: Essa é uma das características do universo web mais discutidas
atualmente, já que permite ao leitor uma participação significativamente maior no
processo de produção e veiculação de notícias. Entretanto, existem diferentes graus de
interatividade, que podem dar um espaço maior ou menor para os participantes. Cada
publicação jornalística, de forma diversa, utiliza essa propriedade, de acordo com seusinteresses.
No caso do webjornalismo, a simples navegação por entre as páginas digitaisdo site já é um processo interativo. No entanto, trata-se de uma interaçãoreativa (Primo, 2004), pois cada clique chama uma lexia ou desperta umafunção previamente programada no código. Nos noticiários online fechados àintervenção, o internauta não pode transformar o conteúdo, deixar suasmarcas. É um processo interativo, mas cujas trocas encontram-se pré-determinadas no par ação-reação. No que toca o registro de opinião, o recursode enquete oferece uma das formas mais básicas de participação do público,ainda que as perguntas e alternativas de respostas tenham sido definidas poroutrem. Curiosamente, navegação hipertextual e enquetes são o que bastam para um periódico promover sua dita “interatividade”. Por outro lado, novasformas de participação vêm sendo oferecidas no webjornalismo, chegando aolimite de ampla e irrestrita redação e edição por parte de qualquer pessoa comacesso à rede. Abre-se, assim, espaço para a interação mútua (Primo, 2004),na qual o desenvolvimento do processo interativo é negociado entre osparticipantes. Neste caso, o relacionamento desenvolvido entre osinteragentes têm um impacto recursivo sobre a interação, seus participantes eprodutos. (PRIMO, Alex; TRÄSEL, Marcelo Ruschel, 2006, p.9)
Essa variedade de possibilidades, bem como as novas formas de audiências geradas
nesse ambiente, serão abordadas com maior profundidade no item 3.2 desse capítulo.
c) Hipertextualidade: É a possibilidade de interconectar diversas informações por
meio de links. Essa conexão pode cumprir finalidades variadas, como permitir que o
leitor confirme a veracidade de tal informação junto a outras fontes ou despertar sua
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curiosidade para o aprofundamento do tema apresentado. Tal característica está
intrinsecamente ligada à convergência, já que possibilita não só a conexão entre textos,
mas entre mídias diversas.
O caráter de hipertexto, embora não seja uma novidade apresentada pelosuporte eletrônico-digital, foi certamente potencializado por ele: chegamos aoponto, por exemplo, de não contarmos apenas com conexões para outrostextos, mas também outros suportes de linguagem, como trechos de áudio evídeo (hipermídias). (TEIXEIRA, Nísio, 2008, p.4)
d) Personalização: Trata-se da propriedade de configurar produtos jornalísticos de
acordo com as características do usuário. Um exemplo, apresentado por Mielniczuk, é o
do site da CNN.
Há sites noticiosos, entre eles o da CNN, que permite a pré-seleção dosassuntos de interesse, assim quando o site é acessado, este já é carregado namáquina do usuário atendendo à demanda solicitada. (2001, p.4)
e) Memória: A Internet funciona como um depósito infinito para todo o tipo de
informações. Tal fato é de grande serventia para o webjornalismo, já que permite o
arquivamento ainda maior de textos, vídeos e áudios diversos, sobre fatos relativos a
diferentes épocas. Vale ressaltar que o ambiente web apenas potencializa essa
característica, já presente no jornalismo desde quando, por exemplo, surgiram os
primeiros departamentos de pesquisa de grandes jornais.
Analisadas então as principais características do webjornalismo, é preciso
compreender como funciona a nova audiência nesse ambiente comunicativo.
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2.2 – Nova audiência no ambiente do webjornalismo
Percebemos, após a apresentação acima, que a Internet gerou impactos
significativos no jornalismo, impondo um novo padrão de transmissão da informação,
muito mais multimidiático, interativo e hipertextual. Além disso, as possibilidades de
personalização e memória tomaram proporções jamais assumidas na história da
comunicação. Mas como as audiências lidaram com todas essas novidades? Existe um
novo tipo de relacionamento entre o leitor e o jornalista após essas mudanças? Tais
questões fazem parte da análise introduzida nesse tópico.
Segundo Primo e Träsel, o processo de adaptação do jornalismo para o novo tipo
de consumidor da notícia que surgia com a Internet aconteceu de forma lenta,
reproduzindo inicialmente o esquema tradicional de comunicação.
(...) os primeiros periódicos a aparecerem na Web mantinham bemdemarcada a barreira entre a redação/edição de notícias e os internautas. Omodelo transmissionista (emissor – mensagem – canal – receptor), queparecia para alguns ser o modelo natural da comunicação de massa, ganhanova maquiagem. O fluxo jornalista – notícia – jornal – leitor, por exemplo,renova-se em jornalista – notícia – site - “usuário”, mas ainda mantém alógica distribucionista anterior. (2006, p.2)
Porém, com o aumento do acesso à Internet, as interfaces simplificadas de
publicação e cooperação on-line e as tecnologias digitais, essa situação começou a
mudar. O leitor passou a ser cada vez mais incluído no universo da notícia, com o
crescimento do espaço para opiniões. Além disso, passou a poder enviar conteúdo
próprio para ser veiculado nos sites de notícias (a exemplo do que ocorre no vc repórter ,
do portal Terra), no que se convencionou chamar de jornalismo participativo. Esse fato
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gerou uma mudança no padrão tradicional de comunicação, no qual o leitor atuava
apenas como um mero receptor.
(...) as tecnologias digitais têm servido como motivador para uma maiorinterferência popular no processo noticioso. Tal processo tem como fatorinicial a ampliação das formas de acesso à Internet: a queda progressiva docusto de computadores e de conexão; a multiplicação de serviços e pontos deacesso gratuito (como em telecentros, ONGs e outras instituiçõescomunitárias), cibercafés e pontos de conexão sem fio (Wi-Fi). Além disso,blogs (...) e as tecnologias que simplificam a publicação e cooperação na redefavorecem a integração de qualquer interagente no processo de redação,circulação e debate de notícias. Outro fator que motiva o desenvolvimento dowebjornalismo participativo é a vulgarização de máquinas de fotografia
digital e celulares que podem captar fotos ou vídeos e enviar mensagensmultimídia. Essas tecnologias de comunicação móvel facilitam o registro edivulgação de fatos no momento em que eles ocorrem. As empresas jornalísticas passaram a contar com a pulverização de fontes de imagens einformações, mesmo onde não haja qualquer jornalista ou repórter-fotográfico. E não faltam ilustrações sobre os processos distribuídos ecapilarizados que subsidiaram a ampliação da cobertura de grandes notícias:o ataque às torres gêmeas, em 11 de setembro de 2001; o tsunami no sudesteasiático, em dezembro de 2004; as explosões no metrô de Londres, em julhode 2005. (Ibid., p.3-4)
Temos assim um leitor muito mais participativo e atuante, capaz não só de ler ecriticar notícias, como também produzir seu próprio conteúdo jornalístico. Um
importante exemplo de trabalho produzido por essa nova audiência são os blogs,
plataformas alternativas de informação.
A proliferação de blogues rompeu com o tradicional esquema emissor
receptor. Os meios de comunicação social deixaram de ter exclusividade depublicação e a audiência passou a ter também esse poder. Com oaparecimento dos blogues apareceram novos vigilantes, os vigilantes dospróprios media. (RODRIGUES, Catarina, 2005, p.1249)
Além de funcionarem como uma nova plataforma de participação dos leitores,
os blogs permitem um rompimento com a restrita gama de assuntos veiculados nas
mídias tradicionais.
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(...) os blogues podem de facto assumir formas específicas de jornalismo eabordar questões que os media não tocam. A publicação em jornais nemsempre é fácil e com os blogues surgem novas oportunidades. (Ibid., p.1249)
A partir dessa situação, ocorrem novas formas de dar credibilidade à
informação:
Com isso, surgem os filtros sociais, que em vez de acreditar somente emespecialistas (como os jornalistas), confia-se em amigos e pessoas de gostossemelhantes para escolher o que pode ser de interesse. (PADILHA, Amanda;PASSOS, Juliane. 2007, p.22)
Vale ressaltar que esse rompimento com a produção midiática tradicional não é
propriedade exclusiva dos blogs. A essência dessa atitude diante da mídia é a nova
audiência, que encontra espaço na Internet para a exposição de suas ideias, seja por
meio de blogs, redes sociais diversas, sites ou outros recursos.
Um importante exemplo nesse sentido é o site Centro de Mídia Independente
(http://www.midiaindependente.org/pt/blue/ ), cujo objetivo é publicar notícias de
movimentos sociais excluídos de participação na mídia de massa.
Outro ponto que deve ser observado é que essa audiência não nasceu com a
Internet, e sim foi potencializada por seu advento, já que no ambiente on-line o espaço
para publicação é bem maior. O jornalismo e a opinião alternativa, é preciso lembrar,
existem desde o início da imprensa. Um importante exemplo disso é o jornal impresso
Pasquim, de significativa oposição à ditadura.
Dados os fatos acima, começam a surgir novos questionamentos. Há quem se
pergunte se isso não significaria a morte do jornalista e dos meios tradicionais de
comunicação, que poderiam ser substituídos pelos blogs ou sites de pequenos grupos
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alternativos. Segundo Primo e Träsel, não se trata de decretar o fim a profissão, apenas
ocorre uma necessidade de reformulação do papel do jornalista.
Devido à quantidade de informação circulando nas redes telemáticas, cria-sea necessidade de avaliá-la, mais do que descartá-la. Não é mais precisorejeitar notícias devido à falta de espaço, porque pode-se publicá-las todas.Nota-se um deslocamento da coleta de informação para a seleção da mesma.(...) assume-se um papel semelhante ao de um bibliotecário. É claro quealguém ainda precisa entrevistar as fontes e analisar dados, e a maioria dosprofissionais que lidam com o webjornalismo acabam por assumir ambos ospapéis. O gatewatcher combinaria funções de bibliotecário e repórter. Doporteiro, passa-se ao vigia. (2006. p.8)
Temos assim, no ambiente do webjornalismo, uma nova configuração produtiva,
com a coexistência entre informação oriunda de veículos tradicionais de comunicação,
que se adaptaram a essa nova plataforma, e correntes alternativas, como blogs e redes
sociais, que disputam espaço nesse universo.
Dessa forma, podemos responder os dois questionamentos que originaram esse
tópico: Mas como as audiências lidaram com todas essas novidades? Existe um novo
tipo de relacionamento entre leitor e jornalista após essas mudanças?
Em relação à primeira pergunta, pode-se dizer que as audiências reagiram
aumentando significativamente o nível de participação nas diversas esferas
comunicativas criadas pela Internet, aproveitando todo o seu potencial interativo. Já o
relacionamento leitor-jornalista, como já dito anteriormente, passa por intensa
modificação, com o surgimento de leitores que se tornam novos comunicadores, com
seus blogs e sites próprios e, ao mesmo tempo, verdadeiros vigias da mídia. Os
jornalistas, diante de todas essas mudanças, assumem uma nova postura, tendo que
considerar, cada vez mais, a participação de pessoas comuns, não-jornalistas, no
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processo informativo. As mídias tradicionais, a partir desse cenário, começam a criar
instrumentos para essa inclusão, como o vc repórter , do portal Terra.
E como todas essas mudanças interferem especificamente na produção de
conteúdo de cultura? Como o Jornalismo Cultural pode se apropriar dessas novidades
para veicular informação alternativa e notícias e críticas de maior profundidade,
enfrentando os sérios problemas já explicitados no capítulo anterior? Essas e outras
questões serão investigadas no próximo tópico, destinado a abordar o universo do
Jornalismo Cultural na Internet.
2.3 – Jornalismo Cultural no ambiente web: a Internet como ferramenta
alternativa para a editoria
Passamos então para o objetivo principal desse capítulo: investigar como o
Jornalismo Cultural pode se apropriar de todas as mudanças geradas e/ou
potencializadas pelo ambiente da Internet para veicular conteúdo alternativo, diferente
do já presente nas mídias tradicionais, e mais aprofundado. Sobre isso, argumentam
Amanda Padilha e Juliane Passos:
(...) o jornalismo cultural não pode se encerrar como um serviço,simplesmente atrelado à agenda (estréias, lançamentos). Deve prezar por um jornalismo de qualidade, vivo e crítico. E o fato de existirem atualmentediversas tecnologias que contribuem para a democratização do conteúdo eque recuperam o passado cultural, como a web, faz com que as análisesculturais ganhem força. (2007, p.15)
Não existem fórmulas prontas para se alcançar essa meta, entretanto algumas
experiências já desenvolvidas demonstram significativos resultados.
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Um exemplo de trabalho realizado nesse sentido é o Overmundo
(http://www.overmundo.com.br/ ), site colaborativo voltado para a cultura brasileira, em
especial para a produção que não tem a devida cobertura dos meios de comunicação
tradicionais.
O projeto Overmundo é patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa
Petrobras Cultural. Além disso, recebe incentivos da Lei Rouanet, do Ministério da
Cultura. Por esses motivos, o site não possui nenhum tipo de banner ou pop-up
publicitário, o que além de tornar sua navegação muita mais limpa e agradável, permiteuma maior liberdade nos temas retratados.
Por tratar-se de um site colaborativo, seu conteúdo é amplamente aberto para a
participação dos leitores:
As principais entradas de dados são feitas diretamente pelo próprio público.
Um modelo novo, no qual em vez de uma interface administrativa de umpublicador protegida por senhas, possui-se interfaces públicas e alteradasconforme o contexto do usuário. (Ibid.,p.31)
Alguns questionamentos podem surgir diante dessa forma de publicação. Seria o
conteúdo veiculado passível de credibilidade? Sobre esse aspecto, explicam Padilha e
Passos:
É notório no mundo da web que uma informação veiculada online emdiversos casos não é confiável. Porém, a credibilidade do site cultural nãoapresenta grandes riscos, porque há interatividade. Uma informação noOvermundo pode ser corrigida e completada com alguns dados que estiveremfaltando por milhares de usuários. Nenhum colaborador tem o poder deexclusão de um texto no site. Somente os criadores e moderadores têm essacapacidade, e ela não é exercida de maneira leviana. Assim, toda a sociedadese beneficia do fato de se compartilhar livremente o que está no site.(Ibid.,p.32)
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O fato de o conteúdo ser veiculado pelos próprios leitores possibilita também
que a realidade cultural do Brasil seja retratada com muito mais abrangência, já que
esses colaboradores são oriundos de diferentes partes do país.
(...) nada melhor do que os próprios apreciadores locais para relatar demaneira completa e motivadora as manifestações culturais que existem aoredor do Brasil. Isso ainda facilita para que o Overmundo seja sempreabrangente com respeito às milhares de produções culturais existentes nopaís. Ao entrar-se no site tem-se a impressão de que não existe qualquerassunto de qualquer parte do país que esteja de fora das páginas doOvermundo. [...] Esse é o diferencial e o atrativo do Overmundo, dar voz àspessoas escondidas e dispersas, tornando públicas idéias que circulam e
desenvolvem-se, se estendendo em comentários e debates profundos, e porvezes infinitos, numa espécie de jornalismo refratário ao jornalismoconvencional e erudito. (Ibid., p.20 e 32)
Todo esse conteúdo é distribuído pelo site em seções. Entre as principais estão:
Overblog, Banco de Cultura, Guia e Agenda. Cada uma delas tem sua função, sempre
com a meta de apresentar conteúdo cultural alternativo para os visitantes. A seção
Overblog é a que congrega matérias sobre assuntos diversos elaboradas pelos usuários.
Já o Banco de Cultura é um espaço destinado ao compartilhamento de obras artísticas
variadas, como vídeos e músicas. O Guia reúne informações sobre diferentes lugares do
país escritas por quem mora nesses locais, apresentando pontos turísticos e serviços,
entre outros. Por fim, a Agenda divulga eventos culturais de diversas cidades.
Entretanto, torna-se necessário uma organização por parte dos moderadores do
site na hora de selecionar o conteúdo que será publicado, devido ao grande número de
colaborações que chegam de diferentes locais do país.
Para publicar qualquer colaboração é necessário que antes se faça umcadastro simples, como em vários sites da web, com e-mail, senha, apelido,nome completo, local onde reside e concordância com termos de uso. Em
seguida, escolhe-se a seção em que se irá fazer a publicação, dentre elasOverblog, Banco de cultura, Guia e Agenda. Ao se entrar na área escolhida,
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deve-se registrar os itens pedidos. Em geral, para as quatro áreas, pede-se otítulo da publicação, o texto reportagem ou um texto que acompanhe oarquivo a ser disponibilizado, o anexo de uma imagem para acompanhar apublicação, criando-se para ela créditos e legendas, e também o anexo doarquivo em jpeg, mpeg, mp3, etc, no caso do Banco de Cultura. Adiciona-se
também uma ou várias tags para relacionar o texto mais facilmente aosistema de buscas. O texto ou arquivo permanece na fila de edição por 48horas e durante esse processo o usuário irá receber sugestões deaprimoramento de sua colaboração através de comentários. Esse é o papelmais importante de todo o processo de publicação, pois é no qual os textosserão analisados e corrigidos, evitando-se assim falhas de apuração. Após as48 horas de edição, o texto seguirá automaticamente para a fila de votação,que é o que define se a colaboração será publicada ou não e qual será seudestaque no site. O valor do voto de cada usuário varia de acordo com aparticipação deste, se é ativa ou não. Quanto mais ativo for o participante, seuvoto valerá mais overpontos, que é o nome dado aos pontos de votação doOvermundo. Uma matéria para ser publicada precisa receber no mínimo 60overpontos dentro de mais 48 horas, tempo em que a contribuição permanece
na fila de votação. Caso não atinja o número de votos necessário, o usuáriopoderá refazer seu texto e submetê-lo à votação quantas vezes desejar.Percebe-se, assim, que o Overmundo possui uma filtragem, mas ela écolaborativa, ou seja, não é um pequeno grupo que decide o que vai serpublicado e sim uma grande maioria em comum acordo. Uma vez que amatéria foi publicada ela estará disponível para que os outros usuáriospossam votar nela novamente, mas dessa vez a votação se destina a dardestaque à publicação. Para se manter na primeira página a contribuição devereceber uma grande quantidade de overpontos e a posição da matéria crescede acordo com essa popularidade, embora o site procure privilegiar noposicionamento as matérias mais recentes. (Ibid., p.34-35)
Existem outros sites de cultura que, assim como o Overmundo, buscam oferecer
informação diferenciada e/ou aprofundada sobre temas culturais. Alguns exemplos são
o Digestivo Cultural (http://www.digestivocultural.com/ ), que existe desde 2000 e
congrega conteúdo sobre diversas modalidades artísticas (literatura, teatro, música, artes
plásticas e outras), o Omelete (http://www.omelete.com.br/ ), com foco em audiovisual
(cinema, quadrinhos, games, etc), e baseado no slogan “Entretenimento levado a sério”
e o Porta Curtas (http://www.portacurtas.com.br/index.asp ), destinado a exibição de
documentários de várias origens.
Os blogs também abordam consideravelmente este tema. Alguns deles são o
Desarte (http://blog.desarte.com.br/artes-plasticas/ ), sobre artes plásticas; o Cinemaroma
(http://www.cinemaorama.com/ ) sobre a realidade cinematográfica; e o Pintando Música
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(http://pintandomusica.blogspot.com/ ), sobre o universo musical. Apesar da periodicidade
inconstante e do conteúdo nem sempre linear, esses espaços comunicativos alcançam a
proposta de levar ao público da Internet informação diferenciada sobre suas áreas
temáticas.
A partir dessa discussão, podemos chegar a algumas conclusões importantes. Em
primeiro lugar, pode-se defender que a Internet é importante para a veiculação de
conteúdo cultural alternativo, com grande potencial de contribuição para que o
Jornalismo Cultural supere a crise na qual se encontra, pois possui uma capacidademuito maior de veiculação de informações e espaço ilimitado para o surgimento de
blogs, sites e muitos outros ambientes comunicativos fora da mídia tradicional. Em
segundo lugar, a Internet beneficia consideravelmente o Jornalismo Cultural ao permitir
a veiculação de conteúdo colaborativo e a intensificação da troca de ideias e decisões
coletivas, como é realizado no Overmundo, fortalecendo uma das características
fundamentais dessa editoria, que é o debate e o intercâmbio de conhecimento.
Por fim, a Internet possibilita um Jornalismo Cultural diferenciado ao dar espaço
para vozes muitas vezes excluídas de participação nas mídias tradicionais. Por meio
dela pode-se divulgar desde um filme famoso de Hollywood até um pequeno grupo de
teatro de uma cidade do interior, que não tem valor artístico menor por ser menos
conhecido no território nacional.
As principais características do webjornalismo apresentadas no início deste
capítulo (multimidialidade/convergência, interatividade, hipertextualidade,
personalização e memória) são utilizadas de diferentes formas pelos ambientes de
Jornalismo Cultural na Internet para facilitar a veiculação desse conteúdo, e a audiência
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dessa plataforma, mais participativa e crítica, é o principal vetor contributivo para o
sucesso dessas mídias.
Sendo assim, projetos que visem ao desenvolvimento alternativo do Jornalismo
Cultural são bem-vindos e contribuem para fortalecer e melhorar essa editoria, cujas
dificuldades já foram descritas anteriormente. Além disso, tem significativa demanda,
sendo uma nova fonte de trabalho para jornalistas e um novo meio para pessoas não-
jornalistas falarem sobre suas cidades e sobre temas culturais diversos.
Seguindo essa linha, surge a proposta da criação de um site que congregue essas
duas tendências: o trabalho desenvolvido por jornalistas e o de blogueiros (ou o de
autores de sites menores), contando não só com a divulgação de eventos e fatos
relacionados à cultura como também com textos reflexivos e críticos sobre as artes e a
cultura brasileira, além dos rumos do próprio Jornalismo Cultural. O objetivo seria
produzir informações e reunir diversas correntes do Jornalismo Cultural alternativo.
O site, intitulado Cultura na Pauta, seria mais uma porta de entrada para os que
desejam conhecer melhor o universo cultural, dando voz a pessoas excluídas de
participação nas mídias tradicionais. Possui também a meta de mostrar que é possível
fazer um bom jornalismo conciliando a produção profissional e a tendência
colaborativa.
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3 – CULTURA NA PAUTA: UM ESPAÇO ALTERNATIVO PARA O
DESENVOLVIMENTO DO JORNALISMO CULTURAL NA WEB
Baseada nas reflexões acima desenvolvidas sobre o Jornalismo Cultural e nas
análises feitas a respeito do ambiente web surge a ideia do site Cultura na Pauta, uma
proposta de ferramenta alternativa para a editoria, com objetivo de melhorá-la, como já
vem sendo feito por iniciativas como o Overmundo (citado no item 2.3). Isso significa
que o site visa suprir a carência de determinados tipos de informações na mídia
comercial e deve, portanto, priorizar a veiculação de conteúdos diferenciados sobre o
universo cultural. Vale ressaltar que não é proibida a publicação de conteúdos do
jornalismo cultural comercial, porém a prioridade é a valorização do que normalmente
não é destacado nesse espaço. Com isso, espera-se trazer novas informações e ampliar o
conhecimento cultural da sociedade.
O site, em seu mecanismo de publicação, é baseado nos conceitos de jornalismo
profissional e jornalismo colaborativo, procurando congregar essas duas correntes.
Além disso, utiliza as principais características do ambiente web já explicitadas:
multimidialidade/convergência, ao veicular informações em diferentes suportes
midiáticos (áudio, vídeo e texto); interatividade, pois possui amplo espaço para
participação dos internautas, que podem enviar conteúdos diversos, publicar
comentários e votar nos melhores posts; hipertextualidade, já que permite a utilização
de conexões de seus conteúdos com informações externas e do próprio site, por meio de
hiperlinks; personalização, pois sua interface pode ser alterada para atender os
diferentes perfis de leitores (haverá um ícone na página inicial do site, denominado
„Personalize o site‟, por meio do qual o usuário poderá executar essa tarefa,
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comandando a reordenação de menus, conforme seus interesses e preferências. Vale
ressaltar que os menus podem ser reordenados na barra, mas não na forma como os
conteúdos aparecem dentro da página, o que exigiria uma diagramação diferente para
cada possibilidade de ordenação escolhida. Além disso, ao ser carregado, o site pode
abrir diretamente no menu de preferência do usuário, ou seja, sem passar pela página
inicial, de forma semelhante ao site da CNN [p.37]); e memória, já que possui ampla
capacidade de armazenamento de dados como entrevistas, críticas, etc. Por medida de
segurança, a interatividade e a personalização só poderão ser realizadas após o cadastro
do internauta no site, conforme explicado adiante.
Para acessar o Cultura na Pauta basta digitar sua url
(www.culturanapauta.com.br ) na barra de endereços de qualquer navegador ou
pesquisar em alguma ferramenta de busca, como o Google. Não é necessário nenhum
tipo de cadastro para ler o conteúdo disponível, apenas para utilizar seus mecanismos de
interatividade, como postar colaboração nos menus do site, para participação em fóruns
e chats e para utilizar o sistema de personalização do site. Esse cadastro deverá conter o
nome, e-mail e login do internauta (apelido que será utilizado em seus conteúdos e
comentários publicados, sendo possível coincidir com o nome, caso o internauta deseje
e já não exista outra pessoa utilizando a mesma palavra em seu login). Dessa forma,
cada contribuição de conteúdo terá a autoria identificada, com o login que estiver no
cadastro, além de se identificar as preferências do usuário. Também se trata de uma
medida de segurança para o site e uma forma de contabilizar o acesso.
A apresentação do site Cultura na Pauta será dividida em duas partes: conteúdo
e design. Os aspectos de programação não serão apresentados nesse projeto por serem
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do campo do webdesign. Neste projeto apresentam-se apenas os aspectos referentes à
criação jornalística, que engloba conhecimentos editoriais e de design da informação.
A) Cultura na Pauta: conteúdo
O site Cultura na Pauta é dividido em nove partes, presentes na barra de menus
e de fácil acesso para os internautas. Essas partes são: Capa; Quem Somos; Cultura em
Foco; Agenda; Multimídia; Blogs e Sites; Crítica Cultural; Fórum e Rumos do
Jornalismo Cultural. Todos esses espaços (com exceção do primeiro e do segundo)
possuem a possibilidade de comentários, visíveis para todos, como ocorre em blogs,
com objetivo de estimular a troca de informações entre os participantes. Além disso, é
possível a publicação de conteúdo pelos próprios internautas, como será explicitado
mais adiante.
O site também possuirá um espaço móvel para chats, denominado Chat do
Cultura, com divulgação na página inicial (com um post com a data e horário do chat ; o
nome do convidado e um botão com link para acessá-lo), e uma interligação com as
redes sociais Twitter e Facebook , ferramentas nas quais serão divulgadas as atualizações
do site, seus chats e possíveis mudanças em sua estrutura.
Seguindo essa tendência, cada publicação postada no site terá dois ícones de
interligação com essas redes: Share (para Facebook ) e Tweet (para Twitter ), o que já
ocorre em outros sites de notícias, como O Globo (http://oglobo.globo.com/ ) e O Dia
(http://odia.terra.com.br/portal/ ), sendo que este último também possui ícone para o
Orkut. Esses ícones presentes em cada publicação só aparecerão quando o conteúdo for
aberto integralmente, e não na página inicial do site (menu Capa), que já terá os dois
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ícones no topo da página. Dessa forma, o leitor que se interessou pelas informações
veiculadas pode replicá-la para essas redes sociais diretamente do site Cultura na Pauta,
sem precisar abrir nova guia ou janela para acessá-las. Dessa forma, evita-se a saída do
leitor do site para uma página externa.
Vamos agora detalhar o funcionamento dos menus do Cultura na Pauta:
1- Capa
Trata-se da página inicial do site, onde aparecem as notícias de destaque dos
menus Cultura em Foco; Agenda; Crítica Cultural; Multimídia; Blogs e Sites; e Rumos
do Jornalismo Cultural. Além disso, a página inicial contém o logotipo do site (que
aparecerá também nas páginas internas, na mesma localização); os ícones de
compartilhamento dos conteúdos postados (RSS, Twitter e Facebook ); o botão de
personalização do site; a barra de buscas; o box do Chat do Cultura (bate-papo semanal
com profissionais da área cultural); os ícones referentes à publicação no site (publique,
últimas colaborações e vote nos melhores posts); o e-mail do site e demais informações
sobre seu funcionamento (termos de uso e privacidade); seus créditos (quem
desenvolveu o site); obtenção de ajuda em caso de dificuldade na navegação e reportar
bug, em caso de erros percebidos no uso do site.
2 – Quem Somos
Menu destinado a explicar do que se trata o site Cultura na Pauta: seu principal
objetivo (servir como ferramenta alternativa para a editoria de Jornalismo Cultural); os
mecanismos de financiamento do site (que podem ser leis de incentivo à cultura, como
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ocorre no Overmundo, ou patrocínio de instituições culturais) e como funciona cada
uma das outras partes do site.
3 – Cultura em foco
Seção destinada à publicação de textos diversos sobre o universo cultural, seja
brasileiro ou internacional. As matérias são produzidas pelos participantes do site, que
podem enviá-las por meio do link Publique constante na página inicial; pelos próprios
jornalistas do Cultura na Pauta (que deve manter uma equipe fixa de profissionais da
área) e por outros jornalistas interessados em colaborar. A equipe de manutenção do site
deve ter atenção para o equilíbrio entre essas partes, buscando sempre dar destaque às
matérias produzidas pelos internautas, para valorizar o conceito de jornalismo
colaborativo, mas sem deixar de lado as matérias jornalísticas. Esse menu, devido a sua
variedade de conteúdos, será o de maior destaque na página inicial do site, com uma
foto grande acompanhando a matéria principal.
4- Agenda
Espaço para divulgação de eventos e produtos culturais, composto por notinhas
curtas e de caráter informativo. Podem conter breves avaliações sobre os assuntos
desenvolvidos, mas não críticas densas, que devem ser publicadas na seção Crítica
Cultural.
5- Multimídia
Menu destinado à publicação de fotos, vídeos e áudios sobre modalidades
culturais (que podem ser acompanhadas de textos ou não), como apresentações de
teatro, dança, música, manifestações folclóricas, etc.
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Nesse item vale esclarecer que as fotos, os vídeos, e os áudios também podem
ser publicados em outras seções, como em Cultura em Foco e Agenda, entre outras. A
diferença desse menu em relação aos demais espaços é que nele toda postagem deve
conter recursos multimídias (nos outros menus, é facultativo o envio desses recursos),
não sendo possível o envio de textos soltos. Dessa forma, o usuário interessado nesse
tipo de recurso saberá onde encontrá-lo com mais rapidez e facilidade.
6- Blogs e sites
Seção do Cultura na Pauta que não veicula conteúdo próprio, apenas remete
para outros sites e blogs de cultura, valorizando sempre o aspecto alternativo (ou seja,
espaços nos quais sejam veiculados conteúdos diferenciados sobre o universo cultural,
como, por exemplo, críticas de filmes fora do circuito comercial de cinema). Nessa
parte do site deve constar o título da página ao qual remete, uma breve descrição desta e
seu respectivo thumbnail1, no qual o internauta pode clicar e ir diretamente para o
endereço apresentado.
Essa configuração dará ao menu um formato diferente dos demais. Para
exemplificar melhor como seria essa estrutura, segue abaixo a página inicial do site
Ocioso (http://www.ocioso.com.br/ ), que também tem por objetivo encaminhar o
internauta para outros blogs e sites e serve como uma referência de diagramação para
esse menu.
1 Miniaturas (ou thumbnails – unhas do polegar – na designação inglesa) são versões reduzidas de
imagens, usadas para tornar mais fácil o processo de as procurar e reconhecer. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Thumbnail> Acesso em: 10 abr. 2011. 18 horas.
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Haverá um rodízio desses blogs e sites, de modo a divulgar a variedade de
produções existentes no universo cultural e eliminar alguns destes, que eventualmente
podem ficar desatualizados ou serem apagados. Vale ressaltar que, para divulgar esses
espaços, a equipe do Cultura na Pauta entrará em contato anteriormente com o
responsável pela página para pedir autorização.
7- Crítica Cultural
Espaço voltado para a publicação do gênero considerado o mais nobre o
Jornalismo Cultural: a crítica. Nessa seção, vale ressaltar, também é permitida a
postagem de textos pelos internautas, como ocorre nos demais menus (mesmo que não
sejam especializados em nenhuma área cultural).
8- Fórum
Seção para troca de ideias sobre temas de interesse no universo cultural. A
postagem dos tópicos para a conversa pode ser feita por qualquer um dos participantes
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cadastrados no site, aos moldes do que já ocorre em comunidades do Orkut. Depois da
postagem dos tópicos, começa a conversação sobre o tema, que deve ser moderada
pelos jornalistas do site, de modo a evitar comentários ofensivos e publicidade
indesejada, desvirtuando do foco da discussão.
9- Rumos do Jornalismo Cultural
Parte do site cujo objetivo é permitir a publicação de textos críticos sobre a
realidade do Jornalismo Cultural na atualidade, bem como sobre sua história e sobre
projetos e programas desenvolvidos para a melhoria da editoria. Nessa seção os textos
também podem ser publicados pelos jornalistas do site ou outros colaboradores
(inclusive leitores comuns, sem especialização na área).
Cultura na Pauta: Mecanismos de moderação
Como pode ser percebido na descrição dos menus acima, o site Cultura na
Pauta busca dar bastante espaço para opiniões e a troca de ideias entre os seus
participantes, valorizando consideravelmente o conceito de interatividade. Entretanto,
para que isso seja feito de maneira segura, torna-se necessária a criação de mecanismos
que protejam os internautas de comentários ofensivos, publicidade indesejada, e links
maliciosos (vírus e trojans).
Para prevenir esse tipo de desvirtuação do propósito inicial do site, a equipe de
jornalistas do Cultura na Pauta realizará um monitoramento constante das atualizações
feitas, lendo todo o conteúdo enviado para o site antes de ser publicado (caso o material
não contenha nenhum dos itens proibidos citados no parágrafo anterior e esteja escrito
de forma compreensível, será publicado na íntegra, sem sofrer censura). No caso do
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chat , onde a entrada do comentário deve ser feita em tempo real (postado na mesma
hora em que foi enviado, sem passar por moderação prévia), o participante que postar
conteúdo que contrarie as normas de conduta do site (que devem ser explicitadas assim
que ele efetuar seu cadastro, além de estarem explícitas nos itens “termos de uso” e
“privacidade” no rodapé da página inicial) pode sofrer punições desde ser proibido de
continuar participando daquele chat , até mesmo não poder mais veicular comentários e
conteúdos no site, dependendo do grau da infração cometida.
Cabe ressaltar, antes de partir para a próxima parte da apresentação do site,
algumas diferenças entre a proposta do Cultura na Pauta e o Overmund o, a fim de
deixar claro as especificidades do primeiro, bem como a originalidade do projeto
desenvolvido. As principais diferenças entre os dois sites estão nos itens: abordagem de
conteúdo internacional; participantes do site; estruturas de interação dos internautas e
discussão sobre o Jornalismo Cultural. Vamos analisar cada uma dessas diferenças:
a) abordagem de conteúdo internacional
No site Cultura na Pauta é permitida a veiculação de qualquer conteúdo sobre a
área cultural, seja relativo ao universo nacional ou internacional (desde que os textos
sejam escritos em língua portuguesa), sem desvalorização de nenhum tipo de assunto.
Tal fato não ocorre no Overmundo, que é voltado para a cultura nacional, sendo este
fato uma de suas principais críticas:
Uma das principais reclamações feitas pelos usuários do site é justamentesobre a limitação do conteúdo presente nas colaborações, que deve ser apenase exclusivamente brasileiro. Não que essa seja uma reação antinacionalista,mas o fato é que essa política limita o debate e o cruzamento de informaçõesnum ambiente tão amplo e infinito da internet, se tornando assim umaconflitante incoerência. (...) Embora exista essa resistência, ninguém é
proibido de expressar o que quiser dentro do Overmundo. Entretanto, énotório que esses dissidentes sofrerão um certo desprezo e descaso dos outros
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participantes que não votarão nem comentarão as colaborações quedesrespeitarem essa e outras normas. (PADILHA, Amanda; PASSOS,Juliane. 2007, p.36).
b) participantes do site
O Overmundo possui a proposta de ser um site colaborativo, ou seja, veicula
conteúdos enviados pelos internautas (com algumas exceções como, por exemplo, o
texto de apresentação do site). Já o Cultura na Pauta surge a partir de ideia de conciliar
o jornalismo profissional e o jornalismo colaborativo, sendo um ambiente para a
publicação de conteúdos de origem jornalística e não-jornalística, em proporções
semelhantes. O site trabalha o conceito de convivência pacífica e construtiva entre essas
duas correntes.
c) estruturas de interação dos internautas
No Cultura na Pauta aparecem duas novas estruturas interativas (não utilizadas
no Overmundo), cujo objetivo é acentuar a discussão cultural entre os participantes do
site: o Fórum, no qual podem ser debatidos temas do universo cultural e o Chat do
Cultura, página móvel cujo link é veiculado semanalmente na página inicial do site ,
guiando os internautas para uma bate-papo em tempo real com convidados especiais da
área da cultura. Além disso, todo o conteúdo postado no site vem acompanhado, no topo
da página onde ele aparece integralmente, dos ícones Share e Tweet , para permitir aveiculação direta desse material nas redes sociais Facebook e Twitter , respectivamente,
criando assim mais uma forma compartilhamento da informação, não existente no
Overmundo.
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d) discussão sobre o jornalismo cultural
O Cultura na Pauta possui um menu intitulado Rumos do Jornalismo Cultural
(não existente no Overmundo), cuja proposta é a veiculação de textos diversos sobre o
tema, indicando boas publicações nessa área, críticas ao Jornalismo Cultural, elogios a
trabalhos nessa editoria, etc. Tal espaço pode ser utilizado tanto por jornalistas que
desejam divulgar suas ideias sobre o assunto quanto por leitores interessados em opinar
sobre o tema.
B) Cultura na Pauta: design
O site Cultura na Pauta será construído com área útil de 960 X 768 pixels,
resolução mais flexível para utilização em múltiplas plataformas (como é utilizado no
portal G1, por exemplo) . Ele deverá ser programado para funcionar harmoniosamente
em diferentes navegadores de Internet, como o Google Chrome, Mozila Firefox,
Internet Explorer, Opera e Safari. Além disso, sua interface deve ser compatível com
exibição nas telas de celulares, smartphones e tablets. Tal fato se deve à existência cada
vez maior de formas diferentes de se navegar na rede e à necessidade crescente de
adaptação dos sites para essa realidade, aumentando assim sua versatilidade e,
consequentemente, sua visibilidade para diversos tipos de público.
Para a confecção do site foi utilizado o conceito de usabilidade como
referencial teórico.
Usabilidade é sinônimo de facilidade de uso. Se um produto é fácil de usar, ousuário tem maior produtividade: aprende mais rápido a usar, memoriza asoperações e comete menos erros. (...) Historicamente, o termo usabilidadesurgiu como uma ramificação da ergonomia voltada para às interfaces
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computacionais, mas acabou se difundindo para outras aplicações. (VANAMSTEL, Frederick, 2005, p.1)
Sendo assim, procurou-se uma organização das informações que auxiliasse o
internauta a encontrar o conteúdo desejado (ou seja, que facilitasse o uso do site).
Para a construção da página inicial, assim como deve ser mantido nas páginas
internas, foi escolhida a cor azul (porém em um tom mais leve) com o fundo branco, por
já ser um padrão bem aceito no jornalismo, sendo utilizado no projeto gráfico do Jornal
O Globo e também durante anos no Jornal do Brasil impresso (e incorporado em seus
sites http://oglobo.globo.com/ e http://www.jb.com.br/ ), além de outras cores em menor
destaque. A proposta gráfica do site é ser limpo, fácil de navegar e priorizar sempre a
informação.
Para mostrar na prática o design do Cultura na Pauta foi criada uma assinatura
visual (logotipo) para o site , com diversas cores, buscando transmitir o conceito de
multiplicidade cultural. Cada cor representa, nesse símbolo, uma área representativa da
cultura, totalizando sete manifestações: Teatro, Dança, Música, Cinema e Audiovisual,
Literatura, Artes Plásticas e Folclore. São utilizadas três cores em maior destaque:
magenta, amarelo e azul que, em interseção entre si, formam as demais cores: verde,
vermelho e violeta. A sétima cor é o branco (no caso de aplicação em fundo preto, como
será mostrado adiante, a cor branca é aplicada na tipografia do logo, mantendo a
numeração sete). Além da ideia de multiplicidade cultural pretende-se mostrar, por meio
das interseções, que as diversas áreas da cultura estão ligadas entre si, com muitos
elementos em comum.
Esse logotipo representa também diversas telas que mediam a comunicação,
remetendo ao ambiente digital, e ao fato de as manifestações culturais serem também
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baseadas em interfaces de transmissão de conhecimento (a literatura utiliza o livro, o
teatro o espaço cênico, o cinema as telas, e assim por diante).
Sabe-se, como já foi descrito no início dessa monografia, que a cultura é algo
muito complexo para ser resumido em apenas alguns itens, mas essa foi a forma
encontrada de sintetizar no logotipo alguns dos elementos de maior destaque nesse
universo.
Assinatura Visual:
Legendas: 1. Aplicação Oficial do Logotipo 2. Aplicação Vertical Secundária 3. Aplicações da versãooficial do logotipo em fundo preto 4. Aplicações da versão vertical secundária em fundo preto
Outro recurso utilizado para facilitar a leitura e a localização do internauta no
site foi a colocação da assinatura visual no canto superior esquerdo do site (provocando
leitura rápida do usuário, já que na cultura ocidental lemos da esquerda para a direita e
de cima para baixo), com sua repetição no mesmo local nas páginas internas, e o
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destaque do título da página interna, com um tom de azul mais escuro, tal como
enumera Bruno Ávila:
01. Coloque o logotipo em todas as páginas do site. De preferência colocadono canto superior esquerdo da página, caso a página for numa língua na qualse lê da esquerda para a direita. 02. Repita determinados elementos daprimeira página nas páginas internas do site (conservar o topo e o logotipo,por exemplo). Quando o internauta vê a primeira página com uma cara e umapágina interna totalmente diferente, a impressão que fica é que ele foimandado para outro site. Identidade visual é importantíssimo. 03. Identifiquede forma clara onde o usuário está. Isso pode ser feito com o título da páginaem destaque. Pode-se complementar essa informação no menu, destacandoonde o usuário se encontra (ÁVILA, Bruno. 2003. p.1)
Para demonstrar tal aplicação foi criada a página inicial e um modelo de página
interna do site, que serve de base para todas as outras páginas (exceto para o menu
Blogs e Sites, que seguirá uma diagramação um pouco diferente, conforme explicado
nas páginas 53 e 54), que deverão apenas alterar a marcação do título do menu, de
acordo com o que está sendo acessado, e fazer algumas pequenas adaptações na
diagramação, dependendo do material que estiver sendo veiculado. Ex: se tiver foto
disponível, o tamanho de imagem que aparecerá, etc.
Segue abaixo a página inicial e o modelo de página interna:
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Inicial:
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Interna:
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Sendo assim, o site Cultura na Pauta se apresenta como um passaporte para o
internauta interessado na cultura em todos os seus aspectos e com vontade de participar,
seja opinando, seja enviando material próprio (ou simplesmente lendo e se informando).
Seu conteúdo está incluído no conceito de jornalismo participativo (com a proposta de
conciliá-lo com o jornalismo profissional) e segue em seu design o referencial teórico
da usabilidade, priorizando a veiculação da informação e uma estética que facilite o
leitor em sua busca e leitura.
O projeto apresentado é apenas inicial, podendo ser ampliado e/ou alterado de
acordo com as necessidades sentidas pela equipe do Cultura na Pauta, seja no processo
de construção do site, seja na experiência prática diária. O objetivo principal da criação
é servir não somente como incentivo para a criação do site proposto, mas também como
inspiração para o surgimento e a reformulação de sites ou outros espaços on-line da área
de cultura, bem como para a reflexão sobre a abordagem cultural no webjornalismo.
Apesar de a Internet ser um meio muito propício para o Jornalismo Cultural mais
amplo e reflexivo e já existirem sites e blogs nessa tendência, ainda são muitos os que
publicam somente a agenda cultural, os sucessos Hollywoodianos e da música norte-
americana e os assuntos da vida das celebridades em suas editorias de Cultura, como o
Jornal do Brasil, http://www.jb.com.br/ e o portal G1, http://g1.globo.com/ . O site Cultura
na Pauta surge então com uma pergunta implícita: “Por que não podemos fazer
diferente?” e busca ser uma fonte de referência para os que buscam essa mudança.
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CONCLUSÃO
Após uma breve análise da história do Jornalismo Cultural e suas principais
críticas, bem como a apresentação das características da nova audiência no ambiente on-
line, percebe-se que a Internet, inicialmente criada para fins militares, cresceu e ganhou
complexidade, tornando-se uma ferramenta bastante importante para a revitalização da
editoria de cultura.
A partir dessa percepção surgiu a proposta de criação do site Cultura na Pauta,
um ambiente para veiculação de conteúdo alternativo sobre cultura, buscando suprir as
necessidades encontradas no Jornalismo Cultural comercial. O site seguiu o referencial
teórico da usabilidade e explorou as características do ambiente on-line, em especial a
interatividade, com múltiplos espaços para a veiculação de comentários e a troca de
ideias, além de permitir a publicação de conteúdo pelos usuários.
Outra estratégia inovadora do site proposto é congregar o jornalismo
participativo e o jornalismo profissional, em proporções semelhantes, incentivando a
convivência pacífica entre esses dois pólos muitas vezes considerados antagônicos.
Dessa forma, a intenção dessa monografia foi não somente fazer uma análise
ampla do Jornalismo Cultural, como também apresentar um projeto de intervenção
nessa editoria, servindo como uma fonte de referência para o surgimento e/ou a
reformulação de sites ou outros espaços on-line da área de cultura. Trata-se de um tema
que se faz cada vez mais necessário, devido às constantes críticas a essa editoria, e à
sensação de que ela vive uma verdadeira fase de crise.
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