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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA
FACULDADE DE ENGENHARIA,ARQUITETURA EURBANISMOPROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO
PROPOSTA DE UM MODELO DE IMPLEMENTAO DE UMSISTEMA INTEGRADO DE GESTO DAS NORMAS ISOTS16949,
ISO14001E OHSAS18001.
SANTA BRBARA DOESTE
2013
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UNIVERSIDADEMETODISTADEPIRACICABA
FACULDADE DE ENGENHARIA,ARQUITETURA EURBANISMO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO
PROPOSTA DE UM MODELO DE IMPLEMENTAO DE UMSISTEMA INTEGRADO DE GESTO DAS NORMAS ISOTS16949,
ISO14001E OHSAS18001.
DAVID NUNES ZANETI DE SOUZA
ORIENTADOR:PROF.DRA MARIA CLIA DE OLIVEIRA PAPA
Dissertao apresentada ao programa de Ps-graduao em Engenharia de Produo: daFaculdade de Engenharia, Arquitetura eUrbanismo, da Universidade Metodista dePiracicaba - UNIMEP, como requisito paraobteno do titulo de Mestre em Engenharia deProduo.
SANTA BRBARA DOESTE
2013
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PROPOSTA DE UM MODELO DE IMPLEMENTAO DE UMSISTEMA INTEGRADO DE GESTO DAS NORMAS ISOTS16949,
ISO14001E OHSAS18001.
David Nunes Zaneti De Souza
Dissertao de Mestrado defendida e aprovada, no dia 24 de julho de 2013,
pela Banca Examinadora constituda pelos Professores:
Prof. Dra Maria Clia de Oliveira Papa.
Universidade Metodista de Piracicaba
Prof. Dr. Andr Luiz Helleno
Universidade Metodista de Piracicaba
Prof.Dr. Iris Bento da Silva
EESC/DEP-USP
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Dedico esta dissertao ao meu pai AbelNunes de Souza (in memorian) exemplo dededicao ao trabalho, humildade ehonestidade e a minha me Aparecida Mariade Oliveira Souza exemplo de dedicao famlia.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, que me concedeu sade e perseverana na consolidao destaconquista.
Aos meus pais Abel (in memorian) e Aparecida, pela educao, orao e
amor que proporcionaram em toda minha vida.
A minha esposa, pelo companheirismo e compreenso durante a
realizao deste trabalho.
A minha esposa Fernanda, pela reviso gramatical do texto.
Aos meus filhos, Mariana e Daniel pelas renuncias a eles proferidas.
Ao amigo Shoji, pela inspirao e orientao na conduo da execuo
do estudo de caso.
Aos meus alunos(as), fonte de inspirao para docncia.
A empresa que colaborou com a execuo do estudo de caso.
Aos meus orientadores, Prof. Dra. Maria Clia de Oliveira Papa e Prof.
Dr. Iris Bento Silva pelos ensinamentos transmitidos, pela orientao, ateno
e dedicao dispensada no desenvolvimento deste trabalho, sempre me
apoiando a superar as dificuldades.
Aos membros da banca examinadora, pelas orientaes na avaliao
deste trabalho.
Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior
CAPES - BRASIL, pela bolsa concedida, sem a qual, no seria possvel a
realizao deste trabalho.
Aos professores e funcionrios do PPGEP Programa de PsGraduao de Engenharia de Produo da Faculdade de Engenharia,
Arquitetura e Urbanismo da UNIMEP pelo apoio recebido.
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i
SOUZA, D. N. Z. Proposta de um modelo de implementao de sistemaintegrado de gesto das normas ISO TS 16949, ISO 14001 e OHSAS 18001.106p. Universidade Metodista de Piracicaba, UNIMEP, Santa Brbara DOeste,
2013.RESUMO
No processo de evoluo da gesto dos negcios as organizaes vm
buscando novos modelos de sistemas de gesto para satisfazer as
necessidades das partes interessadas (stakeholders). Neste contexto, o SIG -
Sistema Integrado de Gesto, que contempla os seguintes sistemas: Gesto da
Qualidade com base na ISO TS 16949; Gesto Ambiental - NBR ISO 14001;
Gesto de Sade e Segurana ocupacional - OHSAS 18001, apresenta-secomo uma ferramenta para auxiliar a gesto dos negcios. Entretanto muitos
problemas surgem com a integrao de diferentes tipos de sistemas de gesto,
gerando dificuldades em sua implementao, o que no proporciona os
benefcios esperados pela integrao. Alguns estudos apresentam modelos
para facilitar a integrao de sistemas de gesto, entretanto poucos detalham o
processo de implementao quando a integrao envolve a especificao
tcnica ISO TS 16949 do setor automobilstico. Desta forma, este estudoapresenta um modelo para implementar um SIG, bem como os benefcios,
dificuldades e aspectos importantes que devem ser levados em considerao
pelos gestores na integrao dos sistemas de gesto. A eficcia do modelo foi
comprovada pelas certificaes ISO TS 16949, ISO 14001 e OHSAS 18001 em
uma organizao onde o modelo foi implementado.
Palavras-chave: Sistema Integrado de Gesto, Sistema de Gesto, ISO TS
16949, ISO 14001, OHSAS 18001.
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ii
SOUZA, D. N. Z. Proposal of a model for implementation integrated
management system of ISO TS 16949, ISO 14001 and OHSAS 18001 . 106p.
Universidade Metodista de Piracicaba, UNIMEP, Santa Brbara DOeste, 2013.
ABSTRACT
In the process of evolution of the management of business organizations
are seeking new models of management systems to meet stakeholders needs.
In this context, IMS - Integrated Management System from the Quality
Management System - ISO TS 16949, Environmental Management System -
ISO 14001; Management System Occupational Health and Safety - OHSAS
18001 is presented as a tool to assist business management. However, many
problems arise with the integration of different types of management systems,
creating difficulties in its implementation, which does not provide the expected
benefits of integration. Some researchers have models to facilitate the
integration of management systems, but few detail the implementation process
when integration involves the technical specification ISO TS 16949 in the
automotive sector.Thus, this study presents a model for IMS implementation.
Furthermore, this paper presents the benefits, difficulties and important aspects
that should be considered by managers in the integration of management
systems. The effectiveness of the model was proven by ISO TS 16949, ISO
14001 and OHSAS 18001 certification in an organization where the model was
implemented.
Keywords: Integrated Management System, Management System, ISO TS
16949, ISO 14001, OHSAS 18001.
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SUMRIO
LISTADEFIGURAS .......................................................................... V
LISTADETABELAS ........................................................................ VI
LISTADEQUADROS .......................................................................VII
LISTADEABREVIATURAS ...........................................................VIII
1 INTRODUO ............................................................................ 1
1.1 OBJETIVO PRINCIPAL ......................................................................... 8
1.2
OBJETIVOS ESPECFICOS ................................................................. 8
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAO ........................................................ 9
2 MATERIAISEMTODO ........................................................... 10
3 SISTEMASDEGESTONORMALIZADO............................... 17
3.1 CONTEXTO HISTRICO .................................................................... 17
3.2 SISTEMAS DE GESTO .................................................................... 20
3.2.1 GESTO DA QUALIDADE NBR ISO 9001 ..................................... 23
3.2.2
GESTO DA QUALIDADE ISO TS 16949 ...................................... 30
3.2.3 GESTO AMBIENTAL ISO 14001 .................................................. 36
3.2.4 GESTO DE SADE E SEGURANA OCUPACIONAL OSHAS
18001 ........................................................................................................ 41
3.3 SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTO ............................................ 46
4 MODELODEINTEGRAOPROPOSTO ............................... 59
4.1 MODELO ............................................................................................. 59
4.1.1
FUNCIONAMENTO DO MODELO PROPOSTO............................. 70
4.1.2 CONSIDERAES SOBRE O MODELO PROPOSTO .................. 72
5 APLICAODOMODELOPROPOSTO ................................. 74
5.1 ORGANIZAO NA QUAL O MODELO FOI IMPLEMENTADO......... 74
5.2 FASE DA ESTRATGIA DE IMPLEMENTAO................................ 74
5.3 FASE DO PLANEJAMENTO DO SIG ................................................. 76
5.4 FASE DA ESTRUTURAO DO SIG ................................................. 80
5.5
FASE DA IMPLEMENTAO, AVALIAO E MELHORIA DO SIG .. 82
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iv
5.6 RESULTADO E DISCUSSO DA APLICAO DO MODELO ........... 87
6 CONCLUSES E SUGESTES PARA TRABALHOS
FUTUROS ........................................................................................ 91
6.1 CONCLUSES ................................................................................... 91
6.2 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS................................... 92
REFERNCIASBIBLIOGRFICAS ............................................... 94
APNDICE A - Interpretao dos requisitos similares entre as normas .........103
ANEXO A - Cronograma de implementao do SIG .......................................105
ANEXO B - Tabela de requisitos especficos dos clientes ..............................106
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LISTADEFIGURAS
Figura 1Sistema Integrado de Gesto ........................................................... 4
Figura 2Figura da Metodologia .................................................................... 12
Figura 3 - Fases da evoluo da qualidade. .................................................... 18
Figura 4 - Evoluo das normas de gesto ...................................................... 20
Figura 5 - Evoluo das normas de Qualidade. ............................................... 26
Figura 6 - Modelo Sistema de Gesto da Qualidade. ...................................... 29
Figura 7 - Ilustrao da estrutura ISO TS 16949.............................................. 31
Figura 8 - Elementos do SGA .......................................................................... 38
Figura 9 - Elementos do SGSO........................................................................ 44
Figura 10 - Modelo sistmico de integrao de sistemas de gesto ................ 53
Figura 11 - Requisitos da PAS 99: 2006. ......................................................... 57
Figura 12 - Integrao dos requisitos comuns. ................................................ 57
Figura 13 - Modelo de integrao SIG. ............................................................ 59
Figura 14 - Diagrama da tartaruga ................................................................... 66
Figura 15Fluxo do modelo proposto ............................................................. 71
http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458663http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458663http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458663http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458663http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458676http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458676http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458676http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458676http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc367458676http://c/Users/Fernanda%20e%20David/Documents/David/Mestrado/Disserta%C3%A7%C3%A3o/Reda%C3%A7%C3%A3o%20disserta%C3%A7%C3%A3o/Disserta%C3%A7%C3%A3o_20_09_2013.docx%23_Toc3674586637/24/2019 ISOS 14001 e OHSAS 18001 - Estudo de Caso
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LISTADETABELAS
Tabela 1 - Evoluo das certificaes no mundo e no Brasil. ............................ 3
Tabela 2 - Principais atividades do projeto implementao do SIG ................. 77
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LISTADEQUADROS
Quadro 1 - Estudos sobre implementao do SIG ............................................. 6
Quadro 2 - Processo de normalizao ............................................................. 23
Quadro 3 - Manuais de requisitos especficos dos cliente ............................... 33
Quadro 4 - Estrutura da norma OHSAS 18001:2007 ....................................... 43
Quadro 5 - Metodologias para integrao do sistema de gesto ..................... 48
Quadro 6 - Dificuldades no processo de integrao ........................................ 50
Quadro 7 - Benefcios proporcionados pela integrao ................................... 52
Quadro 8 - Requisitos comuns da qualidade, gesto ambiental e gesto da
segurana e sade no trabalho com a PAS 99:2006 ....................................... 56
Quadro 9 - Requisitos similares entre as normas ............................................ 65
Quadro 10 - Procedimentos integrados ........................................................... 68
Quadro 11- Correlao entre o planejado e modelo proposto para integrao 78
Quadro 12 - Atividades do programa de formao de gestores ....................... 80
Quadro 13 - Correlao entre planejado e realizado ....................................... 82
Quadro 14 - Planejamento para levantamento de aspectos e impactos
ambientais ........................................................................................................ 83
Quadro 15 - Treinamentos do programa de formao do comit e gestores ... 84
Quadro 16 - planejamento para levantamento de perigos e riscos .................. 86
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LISTADEABREVIATURAS
ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas
ANFAVEAAssociao Nacional de Veculos Automotores
ANFIA - Associazione Nazionale Fra Industrie Automobilistiche, ou Associao
Nacional da Indstria AutomobilsticaItlia
AVSQ - Associazione nazionale dei Valutatori di Sistemi Qualit (Italy), quesignifica Avaliao de Sistema da Qualidade da ANFIA
BSIBritish Standards Instituion
CWQC - Company Wide Quality Control
EAQF - Evaluation Aptitude Quality Supplier
IATF - International Automotive Task Force
ISO - International Organization for Standardization
NEPA - National Environmental Policy Act
NBR - Norma Brasileira
PAS - Publicly Available Specification
PIB - Produto Interno Bruto
PDCA - Plan, Do, Check, Action
OCCOrganismos de certificao credenciado
ONGOrganizao no Governamental
OSHAS - Occupational Health and Safety Assessment Services
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QS - Quality System
SGA - Sistema de Gesto Ambiental
SGQ - Sistema de Gesto da Qualidade
SG - Sistemas de gesto
SGRS - Sistema de Gesto Responsabilidade Social
SGSA - Sistema de Gesto de Segurana Alimentar
SGSO - Sistema de Gesto de Sade e Segurana Ocupacional
SIG - Sistema Integrado de Gesto
TQC - Total Quality Control
TQM - Total Quality Management
VDA - Verband der Automobilindustrieque (German),que significa Associao
de fabricantes para a Indstria Automobilstica da Alemanha.
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1 INTRODUO
O processo evolutivo das organizaes, associado globalizao da
economia tem levado as empresas a buscarem novos modelos de gesto para
o gerenciamento de seus negcios. Estes novos modelos visam satisfazer as
partes interessadas: clientes, governo, funcionrios, fornecedores, comunidade
local e investidores, denominados stakeholders.
Segundo Karapetrovic (2002a), a evoluo da gesto da qualidade
passou por mudanas importantes na ltima dcada. Estas mudanas so
refletidas principalmente na expanso do papel da qualidade. Esta expanso
visa estabelecer um bom relacionamento no somente com o cliente, mas
tambm com as outras partes interessadas.
Esta crescente necessidade das organizaes em estabelecer um bom
relacionamento com os diversos stakeholders leva adoo, cada vez mais
frequente, de diferentes sistemas de gesto, cada um cobrindo requisitosmnimos para atender determinado objetivo (ZUTSHI; SOHAL, 2005).
Dentre os diferentes sistemas de gesto pode-se destacar:
O SGQ - Sistema de Gesto da Qualidade automotivo com base
na especificao tcnica ISO TS 16949, cujo objetivo
desenvolver o gerenciamento do SGQ, na busca pela melhoria
contnua, enfatizando a preveno de defeitos, a reduo davariabilidade dos processos e do desperdcio na cadeia de
suprimentos;
O SGQ - Sistema de Gesto da Qualidade com base na norma
ISO 9001, que objetiva um modelo para gesto da qualidade nas
organizaes, promovendo a padronizao e melhoria dos
processos gerenciais e produtivos;
O SGA - Sistema de Gesto Ambiental com base na norma NBRISO 14001, que tem por objetivo implementar poltica e objetivos
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2
que visam atender aos requisitos legais e mitigar os impactos
ambientais;
O SGSO - Sistema de Gesto de Sade e SeguranaOcupacional com base na OHSAS 18001, que busca implementar
poltica e objetivos para atender os requisitos legais e administrar
os perigos e riscos que possam causar danos sade e
segurana dos colaboradores;
O SGRS - Sistema de Gesto de Responsabilidade Social com
base na norma SA8000 ou NBR ISO 16000, que tem por objetivo
implementar uma poltica de responsabilidade social e atender legislao referente s questes de responsabilidade social. Este
sistema inclui prticas relacionadas sade e segurana,
trabalho infantil, trabalho forado, liberdade de associaes,
discriminao, prticas disciplinares, horas de trabalho e
remunerao;
O SGSA - Sistema de Gesto de Segurana alimentar com base
na norma NBR ISO 22000, que tem por objetivo assegurar asegurana alimentar ao longo da cadeia de fornecimento de
alimentos, incluindo organizaes inter-relacionadas, tais como:
fabricantes de mquinas e equipamentos, materiais de
embalagem, agentes de limpeza, fornecedores de aditivos e
ingredientes.
Os SG - Sistemas de Gesto normalizados se desenvolveram de uma
maneira sem precedentes nos ltimos anos. O impacto gerado por qualidade,meio ambiente, sade e segurana ocupacional e outros SG observado pela
importncia de cada norma que certifica estes sistemas em todo o mundo
(SIMON et al., 2012).
O crescimento na adoo dos sistemas de gesto normalizados pode
ser comprovado pelo crescente nmero de certificaes no Brasil e no mundo,
conforme se observa naTabela 1.
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3
Tabela 1 - Evoluo das certificaes no mundo e no Brasil.
Dezembro de 2001 Dezembro de 2011
ISO 9001 Brasil 9.489 28.325Classificao - 9lugar Mundial 561.766 1.111.698
ISO 14001 Brasil 350 3.517
Classificao - 14lugar Mundial 36.464 267.457
Dezembro de 2004 Dezembro de 2011
ISO TS 16949 Brasil 299 1.172
Classificao - 7lugar Mundial 10.019 47.512
Dezembro de 2004 Dezembro de 2012
OHSAS 18001(*) Mundial 217 748
Fonte: ISO Survey 2011 e (*) Anurio Brasileiro de proteo 2012
A Tabela 1 mostra que no perodo analisado ocorreu um grande
crescimento no nmero de certificaes com base nas normas referenciadas,
chegando a mais de 1 milho de certificaes da ISO 9001 no mundo.Este fato
demonstra a grande aceitao pelas organizaes em adotar esses sistemas
de gesto normalizados, na conduo de seus negcios.
Outro fator de grande relevncia a classificao do Brasil em relao
ao mundo em termos de certificaes, principalmente a ISO TS16949, na qual
ocupa o 7 lugar. Este crescente nmero de certificaes est relacionado ao
crescimento e importncia do setor automobilstico no pas.
No entanto, a importncia e a difuso destes sistemas de gesto tm
sido amplamente estudadas por vrios autores (CASADESUS et al., 2008;
KARAPETROVIC et al., 2010; MARIMON et al., 2011).
Com o aumento na adoo de diferentes sistemas de gesto pelas
organizaes surgem as dificuldades para gerenciar estes sistemas. O que
pode impactar na eficincia da gesto da organizao. (JONKER;
KARAPETROVIC, 2004; KARAPETROVIC, 2003; POJASEK, 2006; ZUTSHI;
SOHAL, 2005).
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4
Neste contexto, as organizaes com mltiplos sistemas de gesto
normalizados esto buscando integr-los, a fim de control-los melhor e ao
mesmo tempo explorar as sinergias a eles relacionados (DOUGLAS; GLEN,2000; KARAPETROVIC; WILLBORN, 1998; KARAPETROVIC; JONKER, 2003;
KARAPETROVIC; CASADESS, 2009; WILKINSON; DALE, 1999; ZUTSHI;
SOHAL, 2005).
Na ltima dcada, as normas de SGQ, SGA e SGSO passaram por
processos de revises, que dentre os vrios benefcios, proporcionou
mudanas em seus requisitos. Estas mudanas abriram novas possibilidades
para integrao dos seus requisitos, permitindo que os SG possam ser
implementados de forma integrada (ISO, 2008). AFigura 1 apresenta:
Figura 1Sistema Integrado de Gesto
Desta forma o SIGSistema Integrado de Gesto (Gesto da Qualidade
com base na ISO TS 16949; Gesto Ambiental NBR ISO 14001; Gesto de
sade e Segurana ocupacional OHSAS 18001) surge como um modelo de
ferramenta para auxiliar na gesto dos negcios, a fim de satisfazer as partes
interessadas (SOUZA, 2012a).
No entanto, muitos problemas decorrem desta integrao e geram
dificuldades na implementao e no gerenciamento dos SG, por consequncia
prejudica os benefcios esperados pela integrao. Dentre os diversos
problemas destacam-se:
Falta de auditores qualificados pelos rgos certificadores nas
trs normas referenciadas do SIG (SOUZA, 2012a);
SIG
Meio ambiente
ISO 14001
Responsabilidade
Social SA 8000
Qualidade
ISO 9001 e ISO TS16949
Sade e
SeguranaOHSAS 18001
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5
A resistncia das partes envolvidas por acharem que a integrao
do sistema resultar em demisso de pessoas (ZUTSHI e
SOHAL, 2005); A falta de recursos humanos qualificados para coordenar o
processo de implementao e manuteno do SIG
(KARAPETROVIC et al., 2006);
A dificuldade de adaptao devido cultura da empresa;
A falta de orientao tcnica e apoio de organismos certificadores
(ZENG et al., 2007);
A dificuldade constante dos gestores em alinhar a estratgia daempresa com a gesto integrada dos sistemas (LPEZ-FRESNO,
2010).
Apesar destas dificuldades, a integrao proporciona uma srie de
benefcios como:
a reduo de custos no processo de implementao dos SG
(PHENGE e PONG, 2003); a melhoria na gesto de documentos; alinhamento de
estratgias, polticas, objetivos, processos e gesto de recursos
(BERNARDO et al., 2009; JORGENSEN, et al., 2006;
MARTINHO; SOUZA, 2006; SALOMONE, 2008);
a melhor utilizao dos recursos, melhoria na comunicao e
menores custos com auditorias e treinamentos (ZUTSHI; SOHAL,
2005).
Considerando a diversidade de benefcios proporcionados pela
integrao, alguns estudos empricos sobre a integrao do SIG confirma a
ideia de que as organizaes preferem a integrao desintegrao dos SG
(BERNARDO et al, 2009; DOUGLAS; GLEN, 2000; KARAPETROVIC et al.,
2006; KARAPETROVIC; CASADESUS, 2009; SALOMONE, 2008; ZENG et al.,
2007). Alm destes autores, a literatura apresenta diversos estudos sobre a
implementao do SIG, conforme apresenta aQuadro 1.
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Autores Normas de gesto
Medeiros, 2003 ISO 9001 + ISO 14001 + OHSAS 18001
Pheng e Pong, 2003 ISO 9001 + OHSAS 18001
Chaib, 2005 ISO 9001 + ISO 14001 + OHSAS 18001
Bernardo et al., 2009 ISO 9001 + ISO 14001 + Outros
Grael, 2010 ISO 9001 + ISO 14001
Vitoreli, 2010 ISO 9001 + OHSAS 18001
Bernardo et al., 2011 ISO 9001 + ISO 14001 + OHSAS 18001
Oliveira, 2011 ISO 9001 + ISO 14001 + OHSAS 18001
Quadro 1 - Estudos sobre implementao do SIG
Porm, observa-se que nos estudos apresentados na Quadro 1 noaparece a norma ISO TS 16949 no processo de integrao dos sistemas de
gesto. Percebe-se tambm que na maioria dos casos a integrao contempla
as normas ISO 9001, ISO 14001, OHSAS 18001, ou a integrao de duas
delas.
Esta condio de integrao pode ser observada na pesquisa emprica
realizada na Espanha por Bernardo et al., (2009) que aponta o nvel de
integrao do SGA - ISO 14001 com o SGQ - ISO 9001 e outros sistemas degesto normalizados.
Salomone (2008) realizou uma pesquisa surveycom 103 empresas na
Itlia; Neste estudo o autor identificou como um dos principais obstculos para
implementao do SIG a dificuldade de integrao da OHSAS 18001 e ISO
14001 com a ISO 9001. Souza (2012a) associa uma dificuldade maior de
integrao com a ISO TS 16949 por ser mais complexa que a ISO 9001.
A escolha pelos sistemas de gesto que se deseja integrar deve ser
cuidadosamente avaliada pela alta direo das organizaes, visto que autores
como Karapetrovic (2003) e Salomone (2008) alertam para o fato de existir
sistemas de gesto, ou aspectos dele, que necessitam de uma ateno
especial devido sua criticidade para os negcios da organizao.
Apesar de serem desenvolvidos essencialmente com a mesma
estrutura, os SG possuem diferenas conceituais (BERNARDO et al., 2009).
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Um exemplo desta diferena que o SGQ com base na ISO TS 16949
fundamentado em uma abordagem por processo e nos oito princpios de
gesto da qualidade, enquanto os SGA e SGSO propem um sistema combase no padro PDCA - Plan, Do, Check, Action.
Para as organizaes certificadas na ISO TS 16949 no BRASIL,
observa-se um grande nmero de organizaes que no integram o seu SGQ
com outros SG, levando ao questionamento: Por que as organizaes no
conseguem integrar a ISO TS 16949 com as outras normas de gesto?
Ainda segundo Karapetrovic e Jonker (2003) muitas questes sobrecomo integrar os sistemas de gesto ainda permanecem sem resposta, tais
como:
Saber se a integrao significa a total fuso dos sistemas de
gesto;
Qual o tempo necessrio para implementar a integrao?;
Qual o modelo a ser adotado no processo de integrao
(BERNARDO et al.,2009)?;
Qual a melhor sequncia de implementao dos SG
(SALOMONE, 2008)?
Portanto muitas destas questes ainda encontram-se sem
respostas, principalmente a integrao contemplando a norma
ISO TS 16949.
Outro aspecto bastante abordado na literatura a elaborao demodelos para auxiliar na integrao das normas e na sua implementao
(JONKER; KARAPETROVIC, 2004; ZENG et al., 2007) e algumas aplicaes
prticas como por exemplo: (MARTINHO; SOUZA, 2006; OLIVEIRA et. al,
2006) na indstria automotiva; (CHAIB, 2005) na indstria metal mecnica e
(LPEZ-FRESNO, 2010) no setor de aviao.
Entretanto, no existe uma norma que formalize, estabelea ou certifique
um SIG, este tipo de padronizao no se encontra na agenda da ISO
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(JORGENSEN et al.,2006), porm a ISO publicou em 2008 um livro chamado
O Uso integrado de Normas do Sistema de Gesto'', que fornece referncia
metodologia para implementao de um SIG, alm da ISO (2008) existem naliteratura documentos de orientao, publicados por organismos de
normalizao, como AENOR (2005); BSI (2006); Dansk Standard (2005); SAI
Global (1999).
A partir da anlise destas referncias, observa-se que nenhum destes
estudos, modelos e documentos de orientao apresentam no processo de
integrao a norma ISO TS 16949 do setor automobilstico, o que tambm
justifica o desenvolvimento deste estudo, que por sua abrangncia, pode ser
uma referncia para outros trabalhos relacionados ao tema e uma fonte de
consulta para implementao do SIG, nas organizaes com a mesma
configurao da empresa aqui considerada.
1.1 OBJETIVO PRINCIPAL
Dada a importncia da integrao dos SG nas organizaes, o objetivodeste trabalho propor um modelo para implementao de um sistema
integrado de gesto no setor automobilstico, com base no Sistema de Gesto
da QualidadeISO TS 16949:2009; Sistema de Gesto Ambiental - NBR ISO
14001:2004; Sistema de Gesto de Sade e Segurana ocupacional - OHSAS
18001:2007.
1.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
Realizar estudo de caso e apresentar os resultados da implementao
do modelo proposto para implementao do SIG no setor
automobilstico;
Identificar vantagens na integrao do SGs com base nas normas ISO
TS 16949; NBR ISO 14001; OHSAS 18001;
Identificar dificuldades na implementao do SIG;
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Apresentar aspectos importantes que devem ser levados em
considerao pelos gestores na integrao dos SG.
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAO
Para atender o objetivo proposto, esta dissertao est dividida em 06
captulos. O captulo 1 apresenta a introduo com a contextualizao,
justificativa, problema de pesquisa, estrutura da dissertao, delimitaes e
objetivos propostos para o trabalho. No captulo 2 encontram-se os materiais e
mtodo detalhado para desenvolvimento deste trabalho, apresentando a
sequncia de passos utilizados para realizar a pesquisa, a base de dados onde
ela foi planejada e executada e os instrumentos metodolgicos.
Na sequncia o captulo 3 apresenta a reviso bibliogrfica, com a base
conceitual para o desenvolvimento da pesquisa. Nesta reviso so abordados
os temas sobre sistemas de gesto normalizados e sistemas integrados de
gesto. Este capitulo tambm aborda as caractersticas do SIG, suas
dificuldades na implementao e vantagens e benefcios advindos daintegrao.
O desenvolvimento do trabalho com apresentao do modelo proposto e
as discusses sobre este modelo apresentado no captulo 4. A seguir, o
captulo 5 apresenta o estudo de caso onde o modelo proposto foi aplicado,
com detalhamento das fases de implementao e os resultados obtidos desta
aplicao.
Por fim, no captulo 6 so apresentadas as concluses da pesquisa onde
se evidencia o alcance do seu objetivo, suas limitaes, suas contribuies
prticas e cientficas e sugestes para realizao de trabalhos futuros.
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2 MATERIAISEMTODO
Este captulo apresenta os materiais e o mtodo utilizado para
realizao da pesquisa, descrevendo as etapas necessrias para sua
execuo. Estas etapas compreendem desde a escolha do mtodo de
pesquisa at a avaliao do modelo proposto.
Diante da grande diversidade de abordagens metodolgicas advindas
das cincias exatas ou humanas, a metodologia escolhida para elaborao
deste trabalho foi a pesquisa bibliogrfica com aplicao de um estudo de
caso. Este estudo considera as contingncias tpicas de conduo da pesquisa,
associadas ao objeto de estudo, ao tempo disponvel para a finalizao da
pesquisa, bem como aos recursos financeiros e de prazos estabelecidos pelas
agncias de fomento.
Em relao natureza das variveis pesquisadas este trabalho
classifica-se com uma pesquisa qualitativa, com base na anlise do fenmenoem relao ao referencial terico.
A pesquisa qualitativa aqui proposta pode ser desenvolvida por meio de
um estudo minucioso de um fenmeno ou um nmero reduzido deles, em que
se devem utilizar mais de uma fonte de evidncia para coleta de informaes,
sendo indicado para responder questes do tipo comoe porque(MIGUEL,
2007; YIN, 2010).
As variveis desta pesquisa foram definidas com base na integrao dos
SG, considerando a ISO TS 16949 como referncia para o SGQ que no
tratada de maneira detalhada na bibliografia da rea. Isto caracterstico de
pesquisa exploratria que utilizada quando no se conhece muito sobre o
assunto.
Por outro lado, esta pesquisa tambm pode ser caracterizada como
pesquisa descritiva tendo em vista um grande nmero de informaes
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encontrado na literatura sobre integrao de SG, contemplando as normas
(ISO 9001 ISO 14001 OHSAS 18001), o que permite a formulao de
hipteses com base em conhecimentos prvios.
Pelo fato de utilizar uma abordagem de estudo de caso, com base nos
dados e/ou mtodos de natureza qualitativa tambm pode se caracterizar como
uma pesquisa descritiva (MIGUEL, 2007). Assim justifica a classificao desta
pesquisa como sendo descritiva e exploratria uma vez que seu objetivo
apresentar um modelo para implementao do SIG, a partir da anlise da
bibliografia e experincia profissional do autor.
O estudo de caso aqui desenvolvido visa implementar e avaliar o modelo
aqui proposto. Segundo Miguel (2007) o estudo de caso uma das mais
frequentes abordagens metodolgicas utilizadas no desenvolvimento dos
trabalhos de pesquisa no Brasil na rea de engenharia de produo.
Ainda segundo (MIGUEL, 2007) o estudo de caso uma pesquisa de
natureza emprica que investiga um determinado fenmeno, dentro de um
contexto real de vida.
A principal tendncia em todos os tipos de estudo de caso, que estes
tentam esclarecer o motivo pelo qual uma deciso ou um conjunto de decises
foram tomada, como foram implementadas e quais os resultados alcanados
(YIN, 2001).
Para Severino, (2002, p.73)
A preparao metdica e planejada de um trabalho cientficosupe uma sequncia de momentos, compreendendo asseguintes etapas: determinao do tema-problema do trabalho,levantamento da bibliografia referente a esse tema, leitura edocumentao dessa bibliografia aps seleo, construolgica do trabalho e redao do texto.
Nesta linha de pensamento, o desenvolvimento deste estudo ser
realizado em quatro etapas principais: a) definio do escopo da pesquisa; b)
desenvolvimento do referencial terico; c) desenvolvimento do modelo; d)aplicao do modelo; e) avaliao do modelo, como apresenta aFigura 2.
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a) Definio do escopo da pesquisa
Em um processo de implementao do SIG a alta direo deve estar
totalmente comprometida, uma alternativa para esta falta de comprometimento
a avaliao hierrquica do escopo da integrao. Karapetrovic (2003) sugere
que a companhia decida este escopo considerando em primeiro lugar o
tamanho da organizao.
Algumas companhias necessitam de uma integrao completa,
passando por todos os nveis hierrquicos, enquanto que outras podero focar
a integrao no topo e nos nveis mais baixos somente.
Na definio do escopo desta pesquisa ser incluindo a norma ISO TS
16949, devido a sua complexidade e a quantidade de requisitos especficos
dos clientes que devem ser atendidos.
Para o desenvolvimento deste trabalho foram escolhidos os sistemas de
gesto da qualidade com base na ISO TS 16949; gesto ambiental NBR ISO
14001 e gesto de sade e segurana ocupacional OHSAS 18001 e a sua
integrao, no entanto outros sistemas de gesto tambm podem ser
integrados ao modelo apresentado, como o sistema de gesto de
responsabilidade social com base na norma SA8000 ou NBR ISO 16000.
a) Definir o escopo da pesquisa
b) Desenvolver referencial terico
e) Avaliar o modelo
d) Aplicao do modelo
Estudo de caso
c) Desenvolver o modelo
TS 1800114001peridicos, Congressos,livros,revistas, teses e dissertaes
SIG
Figura 2Figura da Metodologia
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Portanto, esta pesquisa delimita-se em relao ao SG referenciados e
sua integrao, ao segmento de atuao da organizao a ser estudada -
neste caso o setor automobilstico - e ao nvel de exigncias dos requisitosespecficos dos clientes.
b) Desenvolver o referencial terico
O referencial terico importante para delimitar as fronteiras do
problema investigado neste estudo, proporcionar os fundamentos para a
pesquisa e tambm apresentar o estado da arte sobre o tema estudado, alm
de ser um indicativo da familiaridade e conhecimento do pesquisador sobre oassunto (MIGUEL, 2007).
Desta forma, a reviso bibliogrfica consiste da consulta de peridicos
nacionais e internacionais, revistas especializadas, livros, teses e dissertaes.
Em relao aos peridicos internacionais destaca-se o Journal of cleaner
Productioncom uma diversidade de artigos referente ao tema estudado.
Os peridicos nacionais e anais dos principais congressos na rea deengenharia de produo devem ser considerados para consultas de artigos e
resumos expandidos.
No processo de levantamento bibliogrfico verifica-se grande
contribuio do pesquisador Stanislav Karapetrovic professor do departamento
de engenharia mecnica da Universidade de Alberta no Canad com a
publicao de diversos artigos sobre a integrao de SG na ltima dcada.
c) Desenvolvimento do modelo
A proposta do modelo baseia-se nas pesquisas bibliogrficas e
experincia prtica do autor. A literatura apresenta uma diversidade de
modelos, artigos e casos prticos sobre integrao de SG, dos quais foram
selecionadas algumas referncias como base para estruturao do modelo
proposto, como:
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O trabalho de Grael (2010) que apresenta um modelo de SIG com base
nas normas ISO 9001 e ISO 14001, este modelo est fundamentado na
pesquisa bibliogrfica e em estudos de casos em empresas do setormoveleiro;
O trabalho de Bernardo et al.(2012) que aborda como as dificuldades no
processo de implementao influenciam os nveis de integrao do SIG;
A PAS 99:2006 que um modelo integrado de gesto elaborado com o
propsito de auxiliar as organizaes a se beneficiar com a consolidao
e gesto eficaz dos requisitos comuns das normas/especificaes de SG
(VASCONCELOS, 2010); A pesquisa de Bernardo et al.(2009) que avaliou o nvel de integrao
do SGA com o SGQ e outros SG normalizados em 362 empresas na
Espanha, apresentando quatro fatores importantes que devem ser
identificados no processo de integrao dos SG: estratgia de
implementao a ser adotado, escolha da metodologia de integrao,
nvel de integrao entre os SG e integrao da auditoria interna e
externa; Na pesquisa survey com 103 empresas na Itlia executada por
Salomone (2008), para investigar o potencial para integrao dos SG,
tendo como um dos temas abordados a questo da sequncia de
implementao dos SG e apontando os elementos do SG mais
integrados nas organizaes, como sendo: processo de comunicao,
processo de auditoria, tratamento de no conformidade, manual,
controle de documentos, controle de registros, poltica, objetivos e
metas, anlise crtica da direo e melhoria contnua;
O modelo de integrao desenvolvido por Karapetrovic (2003) que
oferece a base para o agrupamento de diferentes SG em um nico
modelo.
d) Aplicao do modelo
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O modelo proposto ser aplicado em uma empresa do setor automotivo
que permite integrar os SG referenciados, est organizao localiza-se no
interior do estado de So Paulo, na regio de Sorocaba, e fornecedora diretapara uma montadora de veculos automotores e diversos sistemistas1.
Para aplicar o modelo proposto necessrio avaliar a quantidade de
requisitos especficos dos clientes a serem atendidos. Esta uma
particularidade do setor automobilstico na qual as organizaes (montadoras e
sistemistas) exigem que, alm das normas certificveis, sejam atendidos os
requisitos expressos em seus manuais de requisitos especficos para a cadeia
de fornecimento.
O no atendimento destes requisitos pode inviabilizar a integrao da
norma ISO TS 16949 com outras normas de gesto, devido dificuldade em
atender os requisitos especficos dos clientes e integr-los com as normas ISO
14001 e OHSAS 18001 (SOUZA, 2012a).
No caso especfico da empresa considerada neste estudo, ela possui
poucos requisitos especficos dos clientes por fornecer diretamente para
apenas uma montadora e outros sistemistas.
A escolha da empresa seguiu o princpio da intencionalidade (no
aleatria) o que classifica esta amostra como no probabilstica, devido s
particularidades apontadas anteriormente e que limitaram a escolha da
organizao para aplicao do modelo. Segundo Yin (2005), o princpio da
intencionalidade adequado no contexto da pesquisa social com nfase nosaspectos qualitativos.
O modelo proposto ser aplicado em apenas uma organizao,
impossibilitando a aplicao de estudo de casos mltiplos, que se justifica em
funo do tempo necessrio para implementar o SIG em uma organizao,
podendo levar de 02 at 04 anos para implementar um SIG com base nas
normas referenciadas.
1Sistemistas so empresas que fornecem peas, conjuntos e sub conjuntos de peasdiretamente para as montadoras de veculos automotivos.
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Na adoo de estudo de casos mltiplos, pode-se ter um maior grau de
generalizao dos resultados, porm espera-se uma profundidade menor na
avaliao de cada um dos casos, alm de consumir muito mais recursos (YIN,2001).
e) Avaliao do modelo
A avaliao de qualquer SG se d por meio de um processo de auditoria
realizada por um organismo certificador2cadastrado no INMETRO (VITORELI,
2011). Segundo Grael (2009, p.35) auditorias so exames sistemticos e
independentes para avaliar o funcionamento e a eficcia de um sistema degesto.
Barbeiro (2005) afirma que as auditorias constituem a base para a
autoavaliao da capacidade da organizao em atender os requisitos exigidos
pelas partes interessadas, relacionados, por exemplo, com a qualidade e o
meio ambiente.
Ainda segundo Barbeiro (2005), a finalidade especfica da realizao deauditorias geralmente baseia-se em prioridades administrativas, intenes
comerciais, avaliaes de risco e requisitos obrigatrios, como exemplo:
determinar se o SG est em conformidade com os requisitos de uma norma,
regulamentao, lei ou contrato, e determinar se o SG atende aos objetivos da
organizao e se est sendo implementado de forma eficaz.
Para complementar, Oliveira (2011) afirma que a auditoria o
procedimento que permite verificar o cumprimento dos requisitos de uma ou
mais normas de gesto de forma integrada ou individual.
2E um rgo credenciado para certificar sistemas de gesto por meio de auditorias.
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3 SISTEMASDEGESTONORMALIZADO
Este captulo apresenta a evoluo histrica da qualidade e os conceitos
dos SGQ, SGA e SGSO, alm das normas relacionadas a estes sistemas, que
so fundamentais para desenvolvimento da integrao dos SG nas
organizaes.
3.1 CONTEXTO HISTRICO
Como requisito do produto a qualidade conhecida h milnios, mas s
recentemente ela surgiu como uma funo gerencial.
Ao longo do tempo, ocorreram transformaes na funo qualidade que,
segundo Garvin (1992) pode ser organizadas em quatro eras distintas:
inspeo, controle estatstico da qualidade, garantia da qualidade e gesto
estratgica da qualidade.
Na era da inspeo (Sec. XVIII e XIX) os produtos eram fabricados porartesos, que era um especialista que tinha domnio completo de todo o ciclo
de produo, tendo como foco o controle da qualidade do produto a fim de
atender s necessidades dos clientes (CARVALHO et al.,2005).
A revoluo industrial trouxe uma nova ordem produtiva, na qual a
customizao foi substituda pela padronizao e a produo em larga escala,
esta nova ordem s foi possvel graas inveno de mquinas para produo
de grandes volumesvalidada na linha de montagem da Ford - e a nova forma
de organizao de trabalho, baseada na teoria da administrao cientfica ou
modelo Taylorista (CARVALHO et al.,2005). Nessa poca surgiu a funo do
inspetor, responsvel pela qualidade do produto.
A era do controle estatstico da qualidade surgiu com o desenvolvimento
das tcnicas de amostragem o que reduziu as inspees a 100% do produto, a
criao dos grficos de controle estatstico do processo e o desenvolvimento
do ciclo do PDCA por Shewhart (GARVIN, 1992).
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Na era da garantia a qualidade passou a ter uma dimenso mais ampla
e, tendo como objetivo a preveno de problemas, esta dimenso foi baseada
em quatro elementos distintos: quantificao dos custos da qualidadeapresentado por J. Juran, o controle total da qualidade difundidopor Armand
Feigenbaun - que foi o primeiro a tratar a qualidade de forma sistmica nas
organizaes, o programa zero defeito lanado por Philip Crosby e as
ferramentas da qualidade criada por Kaoru Ishikawa (GARVIN, 1992).
Na era da gesto estratgica da qualidade (dcadas 70, 80 e 90) os
aspectos estratgicos da qualidade foram reconhecidos e incorporados no
processo de planejamento estratgico das organizaes pelos diretores epresidentes de empresas, tornando a qualidade uma responsabilidade de todos
os membros de uma organizao.
No final da dcada de 1980 surgiu prmio Malcom Baldrige no Estados
Unidos similar ao prmio Deming de qualidadeiniciado no ano de 1951- e na
Europa o prmio europeu da Qualidade iniciado no ano de 1991, e com
grande destaque o surgimento das normas de gesto: a srie ISO 9000
(Gesto da Qualidade), a srie ISO 14000 (Gesto Ambiental); a OHSAS
18000 (Gesto de sade e segurana) e a QS 9000 (Gesto da Qualidade
automotiva).
O processo evolutivo da qualidade pode ser visto naFigura 3.
Figura 3 - Fases da evoluo da qualidade.
Fonte: Miguel (2001)
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A Figura 3 apresenta as fases desta evoluo com as suas principais
contribuies, predominando na primeira metade do sculo uma abordagem
corretiva e posteriormente uma abordagem preventiva e sistmica. importante notar que essas fases no so excludentes, e sua delimitao
temporal aproximada (CARVALHO et al.,2005).
Em 1987, em meio a expanso da globalizao, surgiu o modelo
normativo da ISO para Sistemas de Garantia da Qualidade, a srie 9000.
Segundo Carvalho et al. (2005) a ISO 9000 difundiu-se rapidamente,
tornando-se um requisito de ingresso em muitas cadeias produtivas, emespecial a automobilstica, que no tardou a criar diretrizes adicionais, como a
QS 9000, que convergiu para a especificao tcnica ISO TS16949.
Em 2000, ocorreu a terceira reviso da srie ISO 9000, apresentando
novos conceitos e fundamentos da gesto da qualidade para as organizaes,
com uma viso mais sistmica de gesto da qualidade - no mais de garantia
como na verso anterior, introduzindo a gesto por processo, a melhoria
continua e a busca da satisfao do cliente.
Esta reviso tambm facilitou a integrao com as verses da ISO
14001:1996 e OHSAS:1999, devido o alinhamento de requisitos e estruturao
da norma com base no ciclo do PDCA. Paralelamente viu-se a criao, em
1996 da ISO 14001, norma de sistema de gesto ambiental com forte
relacionamento com a norma OHSAS 18001 por estarem estruturadas no
padro do ciclo PDCA,e
principalmente com o alinhamento de requisitos daISO 9001 em sua reviso no ano de 2004.
Posteriormente a OHSAS editou o manual OHSAS 18002:2008 com o
objetivo de auxiliar na implantao da OHSAS 18001:2007, a qual substituiu a
OHSAS 18001:1999. Uma das principais alteraes na norma OHSAS 18001
foi a maior nfase dada sade, e no tanto segurana, alm da expressiva
melhoria no alinhamento com a norma ISO 14001:2004, facilitando a
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integrao destes SG. Na Figura 4 observa-se com detalhes a evoluo das
normas de gesto.
Figura 4 - Evoluo das normas de gesto
Este processo evolutivo levou as organizaes a buscarem nestas
normas de gesto uma forma para melhoria do gerenciamento dos negcios, a
fim de melhorar a qualidade de seus produtos e servios visando a satisfao
de seus clientes, funcionrios, fornecedores, comunidade local e,
principalmente, sistemas de gesto que proporcionem retorno financeiro aos
investidores, incluindo neste grupo o governo.
Para isso muitas organizaes vm adotando o SIG como modelo para
auxiliar na gesto dos negcios, a fim de atender as necessidades das partesinteressadas (SOUZA, 2012a).
Portanto, para entender sobre qualquer tipo de sistema de gesto, seja
de qualidade, meio ambiente ou de sade e segurana ocupacional
importante que a integrao destes sistemas comece pela construo do
conceito de sistema de gesto.
3.2 SISTEMAS DE GESTO
Senge (1999, p. 169) descreve que um sistema qualquer coisa cuja
integridade e forma depende da interao contnua entre suas partes .
Complementa dizendo que os sistemas so definidos pelo fato de que seus
elementos tm um objetivo comum e se comportam de formas comuns, porque
esto inter-relacionados na direo deste objetivo.
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Chiavenato (2000) conceitua sistema como sendo um conjunto de
elementos interdependentes, cujo resultado final maior do que a soma dos
resultados que esses elementos teriam caso operassem de maneira isolada.
Para Karapetrovic (2002), um sistema uma composio de processos
interligados que funcionam harmonicamente, compartilham os mesmos
recursos, e esto direcionados para alcanar um conjunto de objetivos e metas.
Convergindo os diferentes conceitos sobre sistema define-se um sistema
como um conjunto de elementos/componentes que interagem entre si, visando
atingir um resultado, uma meta ou um objetivo pr-determinado. Ter um
enfoque sistmico significa abordar um assunto ou um problema de modo
global, no por meio de detalhes especficos.
Aps ter uma definio sobre o conceito de sistema, o termo gesto
deve ser conhecido e pode ser definido como: Atividades coordenadas para
atingir e controlar uma organizaoNBR ISO 9000 (2005).
Ampliando mais est terminologia, possvel tratar este termo como o
planejamento, organizao, liderana e controle das pessoas que constituemuma organizao e das tarefas e atividades por elas realizadas (CHIAVENATO,
2000).
importante destacar que o termo gesto abrange no s atuao
sobre as pessoas, mas tambm a atuao sobre mquinas, recursos,
instalaes e o ambiente de trabalho.
Desta forma, os sistemas de gesto podem ser entendidos como umconjunto de elementos dinamicamente relacionados (pessoas, recursos,
mquinas, procedimentos etc.) que interagem entre si para funcionar como um
todo, tendo como funo dirigir e controlar um propsito determinado numa
organizao, seja especfico ou global (SOUZA, 2012b).
No caso dos sistemas de gesto normalizados estes elementos se
referem aos requisitos e o objetivo macro funo a qual o sistema de gesto
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est relacionado (qualidade, meio ambiente, sade e segurana etc.)
(VITORELLI et al., 2010).
Assim adota-se a definio de sistema de gesto dada por Hoyle (2009)
um conjunto de processos que interagem entre si e que so projetados para
funcionar juntos de maneira a atender um objetivo especfico.
O crescente nmero de normas nacionais e internacionais de
certificao disponveis possibilitam s organizaes atuais um nvel de
excelncia sem precedentes para aquelas que buscam implementar um SG
para gerir o seu negcio.
Todavia, esta proliferao de novas ferramentas cria tambm um
ambiente que dificulta a escolha do tipo, ou dos tipos de SG mais adequados;
qual a ordem de implementao a seguir e ainda, qual o nvel de integrao
entre os SG escolhidos e quando a organizao deve optar em buscar mais de
um SG.
Possuir um SG certificvel, quase um pr-requisito para asorganizaes que buscam expandir operaes no s no seu prprio pas, mas
principalmente em mercados externos. No possuir uma certificao pode ser
uma barreira para a expanso das atividades de uma empresa.
Analisando-se sob o aspecto empresarial, os objetivos de um sistema de
gesto so o de aumentar constantemente o valor percebido pelo cliente nos
produtos ou servios oferecidos. O sucesso no segmento de mercado ocupado
pode se dar por meio da melhoria contnua dos resultados operacionais e pela
satisfao dos funcionrios e sociedade em relao organizao pela
contribuio social e o respeito ao meio ambiente (VITERBO JNIOR, 1998).
Para Machado et al. (2010), aspectos relacionadas a qualidade, meio
ambiente, segurana e sade ocupacional e responsabilidade social so hoje
as principais metas para a implantao de um SG, cada uma delas possui
normas, ou padres nacionais e internacionais especficos, os quais nemsempre so comuns ou interagem de forma harmnica.
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Tendo em vista a importncia dos SG para melhoria do negcio nas
organizaes, o foco do presente trabalho, so os Sistemas de Gesto da
Qualidade (SGQ), Sistema de Gesto Ambiental (SGA) e Sistema de Gestode Sade e Segurana Ocupacional (SGSO) de forma integrada.
3.2.1 GESTO DA QUALIDADE NBR ISO 9001
Quando se compra um equipamento ou uma pea de vesturio, deve-se
ficar atento as variaes que podem ocorrer de um produto para o outro do
mesmo fabricante, problemas estes relacionados falta padronizao de um
produto ou servio.
Para minimizar essas incompatibilidades e possibilitar a produo e uso
adequado de suprimentos, equipamentos e munies, surgiram as primeiras
normas militares aps a 2 guerra mundial.
A indstria atenta a esses problemas, logo seguiu o exemplo militar, e
desenvolveu suas normas por meios de organismos nacionais (ARNOLD,
1994). OQuadro 2 descreve algumas normas que surgiram ao longo do tempo.
ANO NORMA FONTE
1963 MIL-Q-9858 Exrcito dos EUA
1969 AQAP OTAN
1971 ASME BOILER CODE Sociedade Americana de Engenharia Mecnica
1973 DEFSTAN 05 Reino Unido
1973 API14 Instituto Americano de Petrleo
1975 CSA Z299 Norma Canadense1975 AS 1821/22/23 Norma Australiana
1979 BS 5750 Norma Britnica
1985 API QI Instituto Americano de Petrleo
Quadro 2 - Processo de normalizao
Fonte: Arnold, 1994
Em 1947 foi fundada A ISO (Internacional Standards Organization) uma
instituio internacional, sem fins lucrativos por se tratar de uma organizaono governamental (ONG) com sede em Genebra, na Sua. Esta organizao
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responsvel pela elaborao de padres internacionais para normalizao.
No Brasil as contribuies dessa ONG tm sido adotadas e publicadas pela
Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT).
A sigla ISO, derivada da palavra grega ISOS que significa igual,
tambm a forma abreviada que foi adotada como recurso para uniformizar a
sua citao nos mais diversos pases.
Atualmente pode ser constatado que a instituio ISO tem sido a maior
fomentadora de padres do mundo, implicando em fortes repercusses
econmicas e sociais importantes nas situaes em que foram adotados,dentre os padres, destaca-se o padro da qualidade (SANTANA, 2006).
De acordo com Paula (2004), o grupo ISO TC 176 (comit tcnico da
ISO para a qualidade) foi criado em 1979 com o objetivo de elaborar normas
sobre a qualidade, uniformizando conceitos, padronizando modelos para
garantia da qualidade e fornecendo diretrizes para implementao da gesto
da qualidade nas organizaes.
Apenas em 1987 as normas foram aprovadas, passando a se constituir
na srie ISO 9000, baseada na ltima verso da norma BS 5750: 1987, mas
tambm foi influenciada por outras normas existentes nos Estados Unidos e
por normas de defesa militar (Military Standards).
A srie ISO 9000 subdividia-se em trs modelos de gerenciamento da
qualidade, conforme a natureza das atividades da organizao:
ISO 9001:1987 Modelo de garantia da qualidade para design,
desenvolvimento, produo, montagem e prestadores de servio -
aplicava-se a organizaes cujas atividades eram voltadas
criao de novos produtos;
ISO 9002:1987 Modelo de garantia da qualidade para produo,
montagem e prestao de servio - compreendia essencialmente
o mesmo material da anterior, mas sem abranger a criao denovos produtos;
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ISO 9003:1987 Modelo de garantia da qualidade para inspeo
final e teste - abrangia apenas a inspeo final do produto e no
se preocupava como o produto era feito.
Seguindo o processo de revises da ISO 9000, a reviso da norma em
1994 contemplava sua estrutura, por requisitos, tendo como base para
certificao, a garantia da qualidade.
No ano 2000 a srie ISO 9000 passou por um processo de grande
reviso, e passou a ser composta por quatro normas primrias apoiadas por
um nmero de documentos de suporte (constitudos por normas, diretrizes,cadernos tcnicos e especificaes tcnicas) (MELLO et al., 2007). Dessa
forma, segundo a ISO (2008) as quatro normas primrias que passaram a
compor a famlia de normas ISO 9000 foram:
ISO 9000 Fundamentos e Vocabulrio: essa norma apresenta os
fundamentos e vocabulrio, utilizados em toda a famlia de
normas ISO, para compreenso dos elementos bsicos do
sistema de gesto da qualidade, alm de introduzir os oito
princpios de gesto da qualidade total e a abordagem por
processos;
ISO 9001 Requisitos: norma genrica que pode ser utilizada por
qualquer organizao para estabelecimento de um sistema de
gesto da qualidade, podendo ser certificado por um organismo
externo;
ISO 9004 Diretrizes para melhoria de desempenho: essa norma
um guia complementar para a melhoria contnua do sistema de
gesto da qualidade da organizao, entretanto, no se destina
para fins contratuais ou certificao;
ISO 19011 Diretrizes para auditorias do sistema de gesto da
qualidade e/ou ambiental: abrange a rea de auditoria dos
sistemas de gesto da qualidade e ambiental e fornece um guia
para programas de auditoria, conduo de auditorias internas e
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externas e informaes sobre as competncias necessrias de
um auditor.
Como resultado da reviso no ano 2000, destacam-se os requisitos
voltados para gesto por processos, melhoria continua e a satisfao do
cliente. Com a reviso, a norma passou a adotar uma viso mais sistmica de
gesto da qualidade e no mais de garantia como a verso anterior, como se
observa naFigura 5.
Figura 5 - Evoluo das normas de Qualidade.
Posteriormente, em 2008 a norma sofreu uma nova reviso com poucas
alteraes em relao verso 2000, destacando apenas alteraes na
redao e detalhamento de alguns requisitos ainda um tanto confusos, dando
maior preciso ao texto e melhorando a sua interpretao, alm disto, procurou
reforar a consistncia com as demais normas da famlia 9000 (em especial a
ISO 9004) e compatibilizar com a atual verso da ISO 14001, favorecendo a
integrao dos sistemas gesto da qualidade e ambiental (GRAEL, 2009).
O principal objetivo da ISO 9001:2008 auxiliar organizaes que
queiram desenvolver, implementar e manter SGQ que possibilitem atender s
necessidades dos clientes de maneira consistente e sem custos excessivos. As
orientaes para gesto oferecidas nesta norma so fundamentadas em oito
princpios de gesto (ISO 9000, 2005).
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conveniente ressaltar que, de acordo com a ABNT/CB-25
Associao Brasileira de Normas Tcnicas, um princpio de gesto da
qualidade uma crena ou regra fundamental e abrangente para conduzir eoperar uma organizao, visando melhorar continuamente seu desempenho
em longo prazo, pela focalizao nos clientes e, ao mesmo tempo,
encaminhando as necessidades de todas as partes interessadas.
Segundo Mello et al. (2007), os oito princpios da qualidade so:
Foco no cliente: as organizaes dependem de seus clientes e,
portanto, recomendvel que atendam suas necessidades atuaise futuras, bem como seus requisitos e procurem exceder suas
expectativas;
Liderana: lderes estabelecem a unidade de propsitos e o rumo
da organizao. Convm que eles criem e mantenham um
ambiente interno no qual as pessoas possam estar envolvidas no
atendimento dos objetivos da organizao;
Envolvimento das pessoas: as pessoas de todos os nveis, so aessncia de uma organizao e seu real envolvimento com o
SGQ possibilita que suas habilidades sejam usadas para o
benefcio do sistema do gesto e, consequentemente, da
organizao;
Abordagem de processos: um resultado desejado alcanado
mais eficientemente quando as atividades e os recursos
relacionados so gerenciados como um processo, onde osrecursos e materiais so previstos antecipadamente, processados
e seu resultado verificado ao final;
Abordagem sistmica para a gesto: identificar, compreender e
gerenciar os processos inter-relacionados como um sistema
contribui para a eficcia e a eficincia da organizao atingir seus
objetivos;
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Melhoria contnua: a melhoria contnua de desempenho global da
organizao deve ser um objetivo permanente e de
monitoramento intenso e constante; Abordagem factual para a tomada de deciso: decises eficazes
so baseadas em anlise estatstica de dados e em informaes
confiveis;
Benefcios mtuos nas relaes com os fornecedores: uma
organizao e seus fornecedores so interdependentes e uma
relao de benefcios mtuos aumenta a capacidade de ambos
em agregar valor aos clientes.
Os requisitos da norma ISO 9001 esto divididos em cinco sees (ISO
9001, 2008):
Seo 4 - Sistema de Gesto da Qualidade: requisitos gerais para
o desenvolvimento e documentao do sistema de gesto da
qualidade;
Seo 5 - Responsabilidade da Direo: contm a poltica daqualidade, objetivos da qualidade, responsabilidade e autoridade,
planejamento e administrao do sistema da qualidade e anlise
crtica do sistema;
Seo 6 - Gesto de Recursos: sobre recursos humanos,
treinamento, instalaes e ambiente de trabalho;
Seo 7 - Realizao do Produto: abrange todos os requisitos
referentes ao controle do: desenvolvimento do produto eprocesso, compras, produo, verificao e controle, entrega e
processos relacionados com o cliente;
Seo 8 - Medio, Anlise e Melhoria: dedicada medio das
caractersticas do produto e do processo, ao monitoramento do
desempenho do sistema de gesto da qualidade e busca
constante da melhoria contnua.
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A Figura 6 ilustra as relaes existentes entre as sees acima
apresentadas.
Figura 6 - Modelo Sistema de Gesto da Qualidade.
Fonte: ABNT, 2008
O modelo de um sistema de gesto da qualidade, baseado em processomostrado na Figura 6, ilustra as ligaes dos processos apresentados nas
sees 4 a 8 da norma, tendo como entrada destes processos a necessidade
dos requisitos dos clientes e como sada a satisfao do mesmo.
Santos e Silva (2008) apresentam em seu trabalho as vantagens da
certificao na norma ISO 9001. Neste trabalho, os autores desenvolveram um
estudo de caso em uma empresa do setor metal mecnica localizada no Rio
Grande do Sul.
Dentre os principais resultados obtidos, os autores destacam: maior
visibilidade junto a clientes e consumidores; o aumento de clientes; o aumento
de fidelizao de clientes; a padronizao de processos; a confiabilidade nas
informaes; observao de menos retrabalho; maior participao e o
envolvimento dos funcionrios na resoluo de problemas.
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Estes benefcios tambm so apresentados no trabalho de Vitoreli
(2011) realizado em 04 organizaes de seguimentos diferentes com
certificao ISO 9001, identificando as seguintes vantagens: padronizao deprocessos; reduo de custos e desperdcios produtivos; padronizao do
controle e reviso dos documentos; melhoria na gesto do negcio; melhoria
da imagem da empresa; aumento da motivao dos colaboradores; aumento
das vendas em funo da certificao.
3.2.2 GESTO DA QUALIDADE ISO TS 16949
H muitas dcadas, o segmento automobilstico tem sido consideradoum dos mais representativos em termos faturamento e mo de obra
empregada no setor industrial. Segundo a ANFAVEAAssociao Nacional de
Veculos Automotores (2012), o setor automobilstico Brasileiro concentra 26
montadoras e 500 auto peas que empregam 1,5 milho (diretos e indiretos) de
funcionrios, representando 21,5% do PIB industrial e 5% do PIB nacional, com
capacidade de produzir 4,3 milhes de veculos por ano dados referentes ao
ano de 2011 - que demonstram a importncia e relevncia deste setor nocenrio nacional.
Segundo Barbeiro (2005), a indstria automotiva e a sua cadeia de
fornecimento foram pioneiras na adoo de metodologias de controle da
qualidade, garantia da qualidade e gesto da qualidade no final dos anos 1980.
Estas iniciativas trouxeram benefcios qualidade e produtividade das
indstrias brasileiras como um todo, que posteriormente foram incorporados
aos SGQ tendo como referncia a srie ISO 9000.
O aumento das exigncias dos consumidores, a fidelidade marca de
determinados produtos e o aumento da concorrncia, elevaram as reclamaes
dos clientes em relao aos problemas causado pelas falhas do produto
durante o uso, denominadas de falhas de campo.
Essa preocupao de tal grandeza, que as montadoras de veculos
automotivos elaboraram requisitos adicionais aos da ISO 9001, que ao longo
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dos anos foram exigidos pelas montadoras de forma individualizada para sua
cadeia de fornecedores (SANTOS, 2006).
Essas imposies se consolidaram na dcada de 1990 com adoo de
novos referenciais automotivos como o EAQF (Evaluation dAptitude la
Qualit pour les Fournisseurs) pelas montadoras francesas, VDA6 (Verbrand
der Automobilindustrie) pelas montadoras alems, o AVSQ (Associazione
nazionale dei Valutatori di Sistemi Qualit) pelas montadoras Italianas e a QS
9000 pelas montadoras americanas, (MIGUEL et al., 2008).
Porm, a QS 9000 no era reconhecida pela organizao ISO, por isso,surgiu a necessidade de elaborar uma norma para atender os padres ISO e
as exigncias das montadoras. Com objetivo de atender esta carncia e evitar
mltiplas auditorias de certificao, as normas do setor automobilstico foram
integradas.
Esta integrao deu origem, em 1999, especificao tcnica ISO TS
16949 (MIGUEL et al., 2008). Esta especificao foi desenvolvida pelo
International Automotive Task Force (IATF) com apoio da ISO. Para alinhar
com as revises que ocorreram na norma ISO 9001, est especificao e
sofreu revises em 2002 e 2009. Assim, a ISO TS 16949 foi estruturada no
seguinte formato, como apresenta aFigura 7.
Figura 7 - Ilustrao da estrutura ISO TS 16949
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A Figura 7 mostra que ISO TS 16949 fundamentada nos requisitos
normativos da ISO 9001, ou seja, toda empresa com certificao ISO TS 16949
tambm certificada ISO 9001, alm dos requisitos da ISO 9001 so acrescidoos requisitos do setor automotivo, que so oriundos de outras normas
automotivas (QS 9000, VDA, EAQF, AVSQ). Alm disso, somou-se ela os
requisitos especficos dos clientes, que variam em funo do tipo e quantidade
de clientes na cadeia automotiva.
A especificao tcnica ISO TS 16949 tem como objetivo o
desenvolvimento de um SGQ que proporcione a melhoria continua, e enfatize a
preveno de defeitos e a reduo da variao e desperdcio na cadeia de
suprimentos (ISO TS 16949, 2009).
A ISO TS16949, define os requisitos para o SGQ para projeto e
desenvolvimento, produo e, quando relevante, instalao e servios
associados de produtos automotivos. Esta especificao aplicvel s plantas
da organizao nas quais so fabricadas peas para produo e/ou assistncia
de toda a cadeia de fornecimento automotiva (ISO TS 16949, 2009).
Para aumentar a compatibilidade com outros SG, a ISO TS 16949
possibilita o alinhamento e ou a integrao de seu SGQ com outros requisitos
de SG relacionados, entretanto a mesma no inclui requisitos especficos para
outros SG (ISO TS 16949, 2009).
Para que uma empresa fornecedora da cadeia automotiva seja
certificada em ISO TS16949, alm de atender a especificao tcnica, ela deveapresentar ao organismo certificador evidncias de que atende aos requisitos
adicionais de cada cliente.
Esses requisitos se encontram listados junto especificao tcnica,
podendo variar em funo do cliente atendido, cabe a cada fornecedor
consultar seu cliente e solicitar ao mesmo, de forma oficial, uma relao de
requisitos especificos adicionais necessrios certificao ISO TS16949
(SANTOS, 2006).
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Considerando que um dos objetivos para o desenvolvimento da ISO TS
16949 foi integrar as normas do setor automotivo, observa-se que a mudana
foi apenas a reduo de mltiplas certificaes, porque os requisitosespecficos de cada cliente continuam a ser solicitados individualmente, por
meio dos manuais de fornecedores, no qual os emitentes relacionam os seus
requisitos especficos, como apresenta oQuadro 3.
Montadoras Documentos
General MotorsBrasil
GM Customer Specifics - ISO/TS 16949 October 2010 IncludingGM Specific Instructions for PPAP 4th Ed.
Carta de esclarecimentos e adies referentes ISO/TS 16949,
aplicveis aos fornecedores externos da GMB e da GM PowertrainBrasil.
Volkswagem
Quality Capability Suppliers Assessment Guide (Formel-QCapability)
Acordo de Gesto da Qualidade entre o Grupo Volkswagen e seusFornecedores
Fiat
Carta de Requisitos Especficos Referentes ISO/TS 16949Aplicveis Aos Fornecedores Fiasa/Powertrain
FIAT S.P.A. Customer-Specifics for use withISO/TS 16949:2009FIAT Powertrain / FPT Industrial Technologies Customer-Specifics
for use with ISO/TS 16949:2009
Ford
Ford Motor Company Customer-Specific Requirements For UseWith ISO/TS 16949
Ford Motor Company Customer-Specific Requirements For usewith PPAP 4.0
Carta sobre aplicabilidade dos Requisitos Especficos FORD paraos fornecedores da TROLLER
Renaut / Nissan
Customer-Specific Requirements For Use With ISO/TS 16949Second Edition
DAM-QUAPO-2005-0509 v 2.1, Requisitos Especficos paraFornecedores POE
Chrysler
Chrysler Customer-Specific Requirements For Use With ISO/TS
16949:2009 e ISO 14001:2004
Chrysler Customer-Specific Requirements For Use With PPAP 4thEdition
PeugeotPSA Peugeot Citron Customer-Specific Requirements
for use with ISO/TS 16949:2009Requisitos Especficos PSA PEUGEOT CITROEN
Mercedes Benz Requisitos Especficos do Cliente Mercedes Benz do Brasil Ltda.Scania STD3868, Scania Customer Specific Requirements
Quadro 3 - Manuais de requisitos especficos dos cliente
Fonte: Suporte Assessoria Empresarial (2012) .
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O Quadro 3 apresenta os principais manuais de requisitos especficos
exigidos pelas principais montadoras do pas, sendo necessrio o seu
atendimento no processo de certificao da ISO TS 16949.
Independentemente do tipo da organizao, do seu porte, linha de
produtos ou processos, h muito tempo, os fornecedores automotivos enfretam
dificuldades para se manter em conformidade com o atendimento aos
requisitos especificos de seus clientes (BONNA, 2011). Ainda segundo Bonna
(2011), a medida que a cadeia de fornecimento foi desenvolvendo os seus SG
normalizados, os requisitos especificos passaram a ser vistos como uma
atividade suplementar que causam muitas dificuldades para a maioria das
organizaes em seu processo de implementao.
Dentre as principais dificuldades Bonna (2011) destaca:
O grande nmero de manuais (ver Quadro 3) totalizando um
grande nmero de requisitos especificos de clientes na cadeia
automotiva a ser implementando;
Manuais com diferentes estruturas e termos utilizados,
dificultando a interpretao do texto;
Interpretao do manual, j que alguns manuais so editados
apenas na lngua de origem da empresa (ingls, alemo, italiano,
francs etc.);
A difcil tarefa de analisar os requisitos e distribu-los aos
processos, j que os mesmos devem ser implementados em
diferentes processos da organizao, o que pode demandar um
endereamento no adequado;
Manter as revises dos manuais atualizadas.
Considerando que todas as dificuldades referenciadas tenham sido
implementadas de forma adequada, resta ao gestor deste processo o
monitoramento, a verificao da eficcia da implementao e a atualizao das
revises dos manuais.
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Toda essa complexidade e nvel de exigncia em relao aos requisitos
especificos dos clientes automotivos pode inviabilizar a integrao da ISO TS
16949 com outros SG (SOUZA, 2012a).
Entretanto, apesar das dificuldades com a implementao dos requisitos
especficos, a norma ISO TS 16949 possui muitas vantagens que segundo
Correa (2004) so visveis para as organizaes, pois consolida em um nico
SG todos os requisitos necessrios para atendimento a todas as montadoras
instalada no pas.
Portanto trata-se de uma forte ferramenta para estruturar, organizar edirecionar a gesto de negcios como um todo. Entre os diversos benefcios
proporcionados pela implantao de um SGQ com base na ISO/TS 16949-
2009, pode-se destacar:
Melhoria da qualidade dos componentes e processos da cadeia
de fornecimento;
Aplicao de exigncias internacionais padronizadas e
consistentes de um SGQ;
Aumento de sua confiana como fornecedor global de qualidade;
Introduo de auditorias fundamentadas no processo, com foco
na satisfao do cliente;
Reduo de custos operacionais com a diminuio dos
retrabalhos dos produtos ou servios e reduo da variabilidade
dos processos produtivos;
Melhoria da qualidade nos processos produtivos;
Facilidade de compreenso dos requisitos de qualidade para toda
a cadeia de fornecimento (fornecedores e subcontratados);
Aumento da produtividade.
Para complementar as vantagens com a certificao da ISO TS 16949
este estudo referencia o trabalho desenvolvido por Silva (2006). Neste trabalho,
o autor descreve que, aps a certificao da ISO TS 16949 a organizaoanalisada obteve as seguintes melhorias: reduo de custo da m-qualidade
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(falha interna e falha externa); melhoria da qualidade dos servios de
laboratrio; maior padronizao do trabalho; melhor viso do negcio pelo do
mapeamento dos processos; melhoria na gesto dos processos; aumento donvel de satisfao dos clientes.
Ao longo deste trabalho, a ISO TS 16949 referenciada como uma
norma, entretanto at o momento ela considerada como uma especificao
tcnica pelos rgos normativos. A principal diferena entre uma norma e uma
especificao tcnica que, na segunda, o processo de aprovao depende de
um nmero menor de aprovadores, por possuir um nmero menor de estgios
para seu desenvolvimento, quando comparado com uma norma ISO.
Alm disso, uma especificao tcnica tem uma vida til definida por trs
anos aps a sua publicao, passado esse perodo, pode sofrer revises que
duram por mais trs anos ou pode ser desativada, entretanto a ISO TS 16949
referenciada como norma no meio cientfico e no mundo corporativo das
organizaes.
3.2.3 GESTO AMBIENTAL ISO 14001
O desenvolvimento tecnolgico, associado a divulgao da informao
de forma globalizada, faz com que outros aspectos e atributos dos produtos e
servios sejam considerados, como o caso do impacto ambiental que este
produto ou servio pode causar ao meio ambiente(MEDEIROS, 2003).
Por isso, questes ligadas ao meio ambiente vm atraindo a ateno e o
interesse de todos, principalmente nas ltimas dcadas. A sua degradao e
sua relao com o crescimento econmico de forma sustentvel uma
preocupao mundial (MEDEIROS, 2003).
Segundo Magrini (2001) quatro eventos relevantes interferiram nas
questes ambientais no Brasil apesar de terem ocorrido em mbito
internacionalsendo:
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Promulgao da Poltica Nacional Ambiental Americana (NEPA), em
1969: de carter corretivo, buscava essencialmente o controle da
poluio gerada; Conferncia das Naes Unidas em Estocolmo, em 1972: foi um
encontro mundial para tentar organizar as relaes entre o Homem e
Meio Ambiente;
Publicao do relatrio Nosso Futuro Comum, em 1987: elaborado
pela Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,
documento que deu origem ao conceito de desenvolvimento sustentvel;
A Conferncia das Naes Unidas no Rio de Janeiro, em 1992: a ECO-92, que teve um papel fundamental no redirecionamento da poltica
ambiental mundial.
Alm destes eventos, deve-se considerar a primeira crise do petrleo em
1973, que desencadeou as preocupaes para a busca de alternativas
energticas de fontes renovveis. Outros acontecimentos de grande
repercusso internacional elevaram a discusso sobre as questes ambientais
como aponta Gutberlet (1997):
Alasca Acidente com petroleiro Exxon Valdez, causando
prejuzo de 10 bilhes de dlares;
Em Cubato, duas exploses e incndio causados por vazamento
de gs causaram a morte de 150 pessoas na Vila Soc;
Vazamento de Isocianeto de Metila, nas fbricas associadas
Union Carbide, na ndia, causando 2.500 mortos e 200.000intoxicados;
Na Unio Sovitica, ocorreu a exploso do reator em Tchernobyl,
espalhando contaminao radioativa pelo continente Europeu e
Asatico (Csio 137).
Diante desses fatores cada vez maior a presso da sociedade pelo
controle sobre os impactos ambientais gerados pelas organizaes. Isto
evidente, no apenas pelos impactos visveis, como tambm pela crescente
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conscientizao de todos os stakeholders com relao ao conceito de
sustentabilidade, que no se restringe mais a um negcio, ou uma empresa, e
sim ao planeta e perpetuao da espcie que nele habita incluindo o Homem(SANTANA et al., 2010).
Em 1991 a ISO estabeleceu o grupo Strategic Advisory Group on the
Enviroment para realizar um estudo das normas internacionais sobre o meio
ambiente. Utilizando a norma BS 7750 como referncia inicial, e analisando
outros padres normativos nacionais de SGA, que atravs do comit TC 207
iniciou o desenvolvimento da serie ISO 14000, com publicao de sua verso
final em outubro de 1996 (CORREA, 2004).
Em sua concepo, a srie das normas ISO 14000 tem como objetivo
principal estabelecer um SGA que auxilia as organizaes a cumprirem seus
compromissos em relao ao meio ambiente (CORREA, 2004).
O SGA consiste em um conjunto de atividades planejadas, formalmente,
que a organizao realiza para gerir sua relao com o meio ambiente. a
forma pela qual a empresa se mobiliza para atingir e demonstrar um
desempenho ambiental correto, pelo controle dos impactos de suas atividades,
produtos e servios no meio ambiente. A Figura 8 representa os elementos
pertinentes do SGA conforme ISO 14001.
Figura 8 - Elementos do SGAFonte: ABNT ISO 14001:2004
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A Figura 8 - Elementos do SGA,mostra que a estrutura da norma ISO
14001 est fundamentada no ciclo do PDCA constitudo pela definio e
implementao da poltica ambiental na fase de planejamento, em seguida pelafase de implementao e operao do SGA, sendo verificada a sua eficcia
pelo monitoramento, ao corretiva e execuo da anlise crtica pela
administrao, com execuo contnua deste ciclo visando a melhoria contnua
do SGA.
A gesto ambiental uma oportunidade interessante para as
organizaes melhorarem seus processos, sua imagem e tornarem-se mais
competitivas. Atravs dos controles operacionais e melhoria dos elementos
relacionados com o meio ambiente, ambos podem sair ganhando nesta
relao: empresa e sociedade (SILVA, 2004).
A gesto ambiental motivada por uma mudana nos valores da cultura
empresarial, substituindo a ideologia do crescimento econmico para a
ideologia da sustentabilidade.
Para Tachizawa (2004), a gesto ambiental envolve uma mudana do
pensamento mecanicista para o pensamento sistmico e, por conseguinte, a
adoo de um novo estilo de gesto, conhecido como administrao sistmica,
onde a percepo do mundo como mquina cede lugar percepo do mundo
como sistema vivo.
A implementao de um SGA tem por objetivo a melhoria do
desempenho ambiental da organizao, preveno da poluio e ocumprimento da legislao ambiental vigente, de tal forma que este sistema
seja avaliado periodicamente, a fim de identificar oportunidades de melhoria
(GRAEL, 2010).
Arajo (2004) destaca os principais benefcios s organizaes gerados
pela implementao de um SGA:
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Reduo de custos associados melhoria do desempenho
ambiental (reciclagem de resduos, economia de energia e gua
etc.); Aumento ou manuteno da atrao de capital (acionistas);
Preveno de riscos e potencial reduo de custos com seguro;
Imagem voltada responsabilidade social;
Boa reputao junto aos rgos ambientais, comunidade e s
ONG;
Possibilidade de obter financiamentos com taxas reduzidas;
Gerenciamento ambiental homogeneizado em toda a empresa; Benefcios intangveis devido cultura sistmica, como a melhoria
da gesto da organizao, padronizao de comportamento em
relao as questes ambientais pelos funcionrios,
rastreabilidade de informaes tcnicas etc.
Segundo Zutshi e Sohal (2005), com a certificao de um SGA a
empresa pode efetivamente:
Gerenciar regulamentaes ambientais que valem milhes de
dlares;
Determinar o sucesso das organizaes na manuteno positiva
do pblico e da percepo das partes interessadas em acordo
com o meio ambiente;
Reduzir o risco da ocorrncia de incidentes ambientais;
Auxiliar na demonstrao da due diligence3.
Para Lopes (2004), com a implementao do SGA uma organizao
pode minimizar os custos e o preo final de seus produtos, aperfeioar seus
sistemas de garantia da qualidade, dos processos produtivos, dos produtos e
servios ao consumidor, aumentando assim a produtividade e garantindo a
proteo ambiental na produo.
3
Due Diligence compreende um conjunto de atos investigativos que devem serrealizados antes de uma negociao empresarial, pelo interessado em adquirir ou associar uma organizao.
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No setor automobilstico, as montadoras exigem de seus fornecedores,
por meio de seus manuais de requisitos especficos, o compromisso com as
questes ambientais, e em alguns casos esta e
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