EFEITO SUNK COSTS: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DO CUSTO PERDIDO NO
PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO DOS GESTORES DAS EMPRESAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL LOCALIZADAS NA CIDADE DO NATAL/RN
1 INTRODUÇÃO
A todo instante decisões estão sendo tomadas, sejam elas na vida pessoal ou
nos ambientes de trabalho. Isto ocorre, pois diariamente diversos cursos alternativos de
ações devem ser escolhidos. Diante da constante ocorrência, muitas dessas escolhas
são tomadas de forma rotineira e despercebida, de maneira inconsciente. Desta forma,
Chiavenato (2004, p.254) afirma que “tomar decisão é identificar e selecionar um curso
de ação para lidar com um problema específico ou extrair vantagens em uma
oportunidade”.
Contudo, o processo de tomar decisão é influenciado por diversos fatores,
internos e externos, que acabam limitando a racionalidade dos agentes do processo, o
que restringe sua capacidade de selecionar os meios necessários para atingir os
objetivos que se pretende (CHIAVENATO, 2004).
No caso de uma decisão financeira, a intuição acaba sendo utilizada muitas
vezes como forma de agilizar e diminuir a complexidade dos processos de tomada de
decisões (ROVER et al,2009). Isto, de acordo com Tversky e Kahneman (2000),
comumente ocorre através da aplicação de princípios heurísticos.
Os princípios heurísticos são comumente utilizados para simplificar a escolha a
ser tomada, uma vez que são como guias cognitivos para pensar intuitivamente e tomar
decisão (CHIAVENATO, 2004). Na realidade, a heurística é um método útil que permite
que deliberações sejam tomadas baseadas em eventos passados, experiência
acumulada ou informações incompletas (ROVER, 2009). No entanto, pode ocorrer um
desvio sistemático da resposta esperada pela utilização das heurísticas, ocasionando
vieses. A utilização do custo perdido em tomadas de decisão caracteriza um tipo de
viés (DOMINGOS, 2007).
Para o processo decisório, somente as receitas e os gastos que se apresentarem
relevantes para a tomada de decisão devem ser levados em consideração. Silva, Souza
e Domingos (2008) citaram que os gastos e receitas relevantes são aqueles futuros, isto
é, os valores esperados das alternativas disponíveis. Sendo assim, os custos perdidos
não são considerados relevantes, pois são investimentos feitos no passado que para
certas deliberações são irrelevantes por não alterarem fluxos financeiros (MARTINS,
2008).
1.1 JUSTIFICATIVA
Segundo Garrison, Noreen e Brewer (2007), a irrelevância dos custos perdidos
na tomada de decisão tem sido algo difícil de ser aceito por diversas pessoas. E
estudos têm comprovado que elas constantemente inserem os custos irrelevantes no
processo de escolha. Essa insistência no efeito sunk costs (ou efeito do custo perdido
ou falácia do custo perdido), utilização do custo perdido no processo decisório, faz com
que administradores invistam em projetos com situações negativas (SILVA; SOUZA;
DOMINGOS, 2008).
Pesquisa realizada por Silva, Souza e Domingos (2008), buscou-se por meio de
aplicação de questionários, com estudantes de graduação, verificar se a informação do
valor investido num projeto tem influência sobre o efeito do custo perdido. Porém, em
outra pesquisa Domingos (2007) chegou a uma conclusão diferente, demonstrando que
existem algumas variáveis analisadas que exercem influência nos resultados
alcançados, como exemplo, o gênero feminino demonstrou-se mais sensível à
evidenciação do montante já investido.
Silva, Souza e Domingos (2008) apresentaram como considerações finais,
replicar a pesquisa para gestores que efetivamente tomam decisões de investimento,
esta sugestão acabou incentivando esse estudo. Para complementar a análise, levou-
se em consideração as observações de Domingos (2007), na qual foram analisadas
variáveis como sexo, idade, formação, entre outras.
No Brasil, outros estudos podem ser observados a respeito da utilização do custo
perdido na tomada de decisão. Murcia e Borba (2006) desenvolveram um estudo com
estudantes de graduação de áreas relacionadas à gestão organizacional, com o intuito
de verificar se são influenciados pelos efeitos sunk costs. Através da aplicação de um
questionário que abordava 5 cenários de decisão diferentes, identificou-se uma
substancial influência dos sunk costs no processo decisório dos estudantes.
Rover et al (2009) desenvolveram uma hipótese de que os estudantes das áreas
de negócios estão menos propensos aos viés cognitivo causado pelo sunk costs, no
entanto, após a aplicação de 528 questionários com alunos de 9 cursos de graduação
de três universidades catarinenses, tal hipótese não foi confirmada.
Estudos experimentais realizados no exterior constam empiricamente a
ocorrência do efeito sunk costs, o que contraria a literatura na área de custo, a qual
determina a não utilização do custo perdido no processo decisório.
Arkes e Blumer (2000) demonstraram através de experimentos que o efeito sunk
costs, ocorre devido à justificativa psicológica das pessoas em não demonstrarem o
desperdício. O resultado das experiências evidenciou que a maioria das pessoas
continua investindo dinheiro, tempo e/ou esforço em cursos de ações que não geram
mais benefícios futuros, mas que já tenham recebidos investimentos iniciais (custo
perdido), no intuito de não parecer um desperdício.
Pesquisa de Zeelenberg e Dijk (1997) objetivou estabelecer uma relação entre
custo perdido e a Prospect Theory, para isto, induziu experimentos no qual os
participantes estariam sujeitos a situações de ganho certo ou de perdas certas. Outro
fato importante na sua pesquisa foi a forma como o custo perdido foi apresentado, em
vez de valores monetários, ficou evidente que o custo irrecuperável estava relacionado
com o tempo e esforço despendido. Os resultados demonstraram estar de acordo com
a Prospect Theory, na qual as pessoas são mais aversas ao risco em situações de
ganho certo do que em situações de perda certa. E quando as experiências envolviam
custo perdido os respondentes ficavam ainda mais aversos ao risco em situações de
ganho certo do que em situações de perda.
Na análise de Moon (2001), o valor do custo perdido e a conclusão do projeto
são duas variáveis que podem influenciar no processo de tomada de decisão. Os
resultados dos experimentos realizados com 340 estudantes de graduação
demonstraram que existe interação entre os custos irrecuperáveis e a conclusão, e
tendem a atuar de forma sinérgica em situações onde esses são elevados.
Portanto, o efeito sunk costs origina-se da própria atitude humana de tomar
decisões de forma cognitiva e existem diversas variáveis que podem influenciar as
pessoas a esse efeito.
O estudo visa pesquisar empiricamente se os gestores estão sendo influenciados
pela divulgação do valor do custo perdido ao analisar um investimento em um projeto.
Uma vez que esses são efetivos tomadores de decisão.
Os gerentes são pessoas que administram qualquer conjunto de recursos,
realizando processos de tomada de decisões e ações (MAXIMIANO, 2000). A maneira
como são geridas as empresas pode refletir na forma como a organização é capaz de
utilizar seus recursos para atingir seus objetivos.
O papel do gestor em uma organização é fundamental para o processo de
tomada de decisão, uma vez que são responsáveis por gerir a utilização dos recursos
disponíveis, objetivando os melhores resultados para as empresas.
Para Schweder e Lima Jr. (1992), a estruturação do gerenciamento nas
empresas de construção civil é extremamente importante, por essa possuir um
processo produtivo de alto risco, cujo resultado é altamente sensível a qualquer
variação das hipóteses iniciais de comportamento estipulados por operação.
Lantelme; Powele; Formoso (2005) caracterizaram o perfil do atual gestor da
construção como conservador, centrado no comando e no controle, na visão de curto
prazo e na análise fragmentada de problemas. Tal perfil faz com que o gestor seja
averso a mudanças e busque a solução de problemas imediatos, influenciando no
acontecimento das etapas do processo de gestão (planejar, organizar, executar e
controlar).
Para Maximiano (2000), os gestores devem basear suas ações em quatro
processos interligados (planejamento, organização, execução e controle), auxiliando
nas decisões de curto e longo prazo. No entanto, muitas vezes o executado difere do
planejado, seja por interrupção do fornecimento de recursos, descoberta de fatos
novos, alterações imprevistas nas condições de realização do projeto, entre outros. Um
exemplo de empresas que apresentam esse tipo de divergência em projetos são as de
construção civil. Sabe-se que tanto os fatores externos como os internos influenciam na
tomada de decisão e cabe ao gestor a decisão em continuar ou não a empreitada.
As empresas do setor de construção civil desempenham um importante papel
para o crescimento e desenvolvimento econômico do país, garantindo a geração de
empregos, sejam eles direto ou indireto, e soluções para problemas sócio-econômicos.
Gonçalves (2008) as considera como sendo um indicador de crescimento
econômico-financeiro de um país, além de ser um setor que proporciona um volume
elevado de geração de empregos e, conseqüentemente, de renda.
Uma justificativa de uma pesquisa no setor de construção civil está no fato de ser este um dos segmentos industriais em que predominam organizações cujas práticas são predominantemente artesanais, opera com mão-de-obra sem escolarização e sem qualificação específica e desfruta de altas taxas de retorno em períodos de aceleração de demanda e crescimento econômico. A par disso, em períodos de desaceleração econômica quando as taxas de retorno caem, as falências e concordatas têm sido muito freqüentes e os prejuízos dos investidores cada vez maiores. (GHISI, 2001 apud GONÇALVES, 2008).
Segundo o relatório da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em
2009, o setor de construção civil representou 9,2% do PIB nacional, o que demonstra
sua importância no crescimento sustentável do país.
O índice nacional da construção civil (SINAPI) mostrou no ultimo relatório do
IBGE um aumento de 0,33 pontos percentuais em relação ao mês de fevereiro de 2010,
indicando que o setor, após a crise mundial está retomando a aceleração.
O Rio Grande do Norte, desde 2005, tem experimentado uma forte expansão do
setor da construção civil devido seus baixos custos de construção, sendo o terceiro
menor no Brasil e o segundo menor do Nordeste (INDICADORES ECONÔMICOS E
SOCIAIS – RN, 2009).
Em reportagem, a Tribuna do Norte (2008) apresentou o setor de construção civil
do Rio Grande do Norte como sendo o quarto maior empregador do Nordeste,
empregando cerca de 18.000 trabalhadores. Apresenta um crescimento de quase seis
vezes referente aos últimos cinco anos.
Como exposto acima, a relevância do tema, a importância dos gestores para as
empresas e o cenário promissor das empresas de construção civil justifica realizar uma
pesquisa sobre o efeito sunk costs envolvendo gestores desse tipo de atividades, na
cidade do Natal/RN.
1.2 IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA
Os estudos, citados anteriormente, evidenciam que os tomadores de decisão têm
uma maior disposição em continuar investindo em projetos que já tenham recebido
recursos, esforço e tempo, mesmo apresentando resultados negativos. Para as
empresas é relevante estudar o comportamento dos gestores, tendo em vista as
decisões desses influenciarem nos resultados daquelas.
Diante da relevância das decisões de alocação de recursos, em situações que
envolvem custos perdidos, o problema proposto nesta pesquisa é: A magnitude do
valor investido em um projeto determina a ocorrência do comportamento do
efeito sunk costs em tomadores de decisão das empresas de construção civil
localizadas na cidade do Natal/RN?
1.3 OBJETIVO GERAL
Dessa forma, o objetivo geral desta pesquisa é: analisar se a magnitude do valor
investido em um projeto determina a ocorrência do comportamento do efeito sunk costs
em tomadores de decisão das empresas de construção civil localizadas na cidade do
Natal/RN.
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Faz-se necessário estabelecer os seguintes objetivos específicos:
a) Verificar a importância da informação do custo perdido no efeito sunk
costs;
b) Analisar se existe uma variação significativa entre as variações da
disposição média dos respondentes em continuar investindo em
contexto empresarial; e,
c) Analisar as variáveis: sexo, idade, formação e tempo de experiência da
amostra com relação à incidência do efeito sunk costs.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Para uma melhor compreensão do erro de julgamento associado ao custo
perdido será abordada nos tópicos seguintes a definição de finanças comportamentais,
a racionalidade e a racionalidade limitada das decisões. Em seguida, será definido o
que é custo perdido. Por fim, será abordado o efeito sunk costs apontando a
contribuição específica sobre a escolha por permanecer em cursos de ação que
contrariam a lógica da tomada de decisão. A seguir um exemplo para melhor ilustrar o
contexto do processo decisório no qual há a informação do custo perdido.
2.1 FINANÇAS COMPORTAMENTAIS
Na tentativa de descrever e prever como as decisões são tomadas diversos
modelos tem sido desenvolvidos. Orsolin (2007, p. 10) considera que a “história das
finanças pode ser dividida em três fases: Finanças tradicionais, Finanças modernas e
Finanças comportamentais”.
Segundo esse autor, a teoria das finanças tradicionais está baseada no princípio
de que o mercado está sujeito a comportamentos irracionais, mas admite a
possibilidade da previsibilidade dos preços e, conseqüentemente, a possibilidade de
obter ganhos maiores do que os de mercado, a partir da descoberta dos erros na
precificação dos ativos.
Entre as décadas de 50 e 70, estudos consolidaram a nova fase das finanças: as
finanças modernas. As teorias modernas de finanças desenvolveram-se por muito
tempo a idéia de que as tomadas de decisão eram baseadas na racionalidade.
Pensava-se que no processo de tomada de decisão apenas as informações concretas
eram levadas em consideração, adotando a idéia no qual os indivíduos tomavam suas
decisões de maneira objetiva e racional (ORSOLIN, 2007).
Yoshinaga et al (2008, p. 26) apresentam as “teorias tradicionais de finanças”
como sendo embasadas em uma “abordagem macroeconômica neoclássica cujo
paradigma central é a racionalidade dos agentes econômicos”. Desta forma, assume-se
que os tomadores de decisão do mercado financeiro são capazes de utilizar a
informação corretamente, obtendo os melhores resultados. A moderna teoria de
finanças caracteriza o investidor homo economicus, ou seja, agente econômico de
racionalidade ilimitada, capaz de analisar todas as informações disponíveis e considerar
todas as hipóteses para a solução de problemas, um ser perfeitamente racional
(SCOTTI, 2007).
Domingos (2007, p. 18) complementa: “a moderna teoria de finanças parte de
pressupostos normativos, que prevêem o comportamento de escolha, assumindo
mercados perfeitamente estáveis e racionalidade dos agentes econômicos”.
Neste contexto, são desenvolvidos estudos (os princípios de portfólio, o modelo
de precificação de ativos financeiros - CAPM, a hipótese de mercados eficientes no
intuito de criar modelos matemáticos que buscassem minimizar os riscos e maximizar
os retornos dos ativos financeiros (ORSOLIN, 2007; SCOTTI, 2007).
Estes modelos são sustentados pelos pressupostos neoclássicos, no qual os
investidores são: racionais, passivos ao risco e maximizam suas utilidades escolhidas.
No entanto pesquisas têm comprovado que tal pressuposto é falho, sendo
constantemente violado (DOMINGOS, 2007).
Com a evidenciação da falha do pressuposto de que os indivíduos são racionais,
isto é, existem variáveis internas e externas capazes de influenciar o comportamento
dos mesmos no processo de tomada de decisão, uma nova linha de pesquisa começa a
ser desenvolvida, com o intuito de explicar os fenômenos que afetam o comportamento,
denominada Teorias de finanças comportamentais.
Nos últimos vinte anos, as teorias modernas de finanças vêm dividindo espaço
com as novas teorias de finanças comportamentais, as quais abordam pesquisas que
tentam explicar que nem sempre os mercados se comportam de forma eficiente como
na teoria, “seja em razão da assimetria das informações, seja porque os tomadores de
decisão não possuem a mesma percepção do risco, ou mesmo por não usarem todos, o
mesmo modelo de precificação” (SCOTTI, 2007, p. 6).
Segundo Orsolin (2007), os primeiros estudos sobre a racionalidade na tomada
de decisão foram desenvolvidos em outras áreas, como psicologia e sociologia, e
apenas na década de 80 foram desenvolvidos em finanças.
As Finanças comportamentais são uma área do conhecimento financeiro a qual
utiliza “conceitos de economia, finanças, psicologia e sociologia para formar estruturas
capazes de explicar o comportamento do individuo na interação com o meio financeiro”
(ORSOLIN, 2007, p. 10).
De acordo com Shefrin (2000, apud KIMURA; BASSO; KRAUTER, 2006, p. 42),
“as finanças comportamentais correspondem a uma área do conhecimento que vem
apresentando grande crescimento, preocupando-se com o estudo da influência da
psicologia no comportamento dos agentes do mercado financeiro”.
Para Lima (2007), as finanças comportamentais são uma área do conhecimento
na qual reconhece que um comportamento totalmente racional não é inerente ao ser
humano. Sendo assim, a finança comportamental se preocupa com o estudo da
influência da psicologia no comportamento dos agentes do mercado financeiro.
Neste contexto, enquanto a teoria moderna das finanças é baseada em um
cenário no qual o mercado é composto de agentes de racionalidade ilimitada capazes
de captar as informações a disposição e tomar as melhores decisões, minimizando o
risco e maximizando os retornos financeiros, a finança comportamental utiliza-se de
conceitos psicológicos para explicar a existência de ineficiência dos mercados.
Portanto, a finança comportamental parte do princípio de que a irracionalidade
dos agentes do mercado financeiro está associada aos impulsos irracionais e
passionais cometidos por eles, erros podem ser explicados através do sentimento de
aversão á perda, da utilização de atalhos mentais, do fenômeno dos custos afundados,
entre outros postulados (ORSOLIN, 2007).
O objetivo das finanças comportamentais não é negar os princípios da teoria
moderna de finanças, mas complementar através de modelos os quais tentam
aproximar os processos de decisão financeira e econômica da complexidade do
comportamento dos indivíduos (SCOTTI, 2007).
Estudos comportamentais relacionados à área de conhecimento contábil vêm
sendo constantemente desenvolvidos, devido um dos objetivos da contabilidade ser o
de fornecer informação para a tomada de decisão. Desta forma, a contabilidade
comportamental pode ser conceituada como área de pesquisa cujos estudiosos tentam
buscar uma relação entre contabilidade e comportamento humano através das
abordagens das teorias de psicologia (NASCIMENTO; RIBEIRA; JUNQUEIRA, 2008).
Carvalho Jr; Rocha; Bruni (2009) apresentaram um conjunto de pesquisas,
internacionais e nacionais, que destacam algumas preocupações quanto à ocorrência
de vieses cognitivos no processo decisório a partir de informações contábeis. Ressalta-
se: no Brasil as pesquisas na área de contabilidade comportamental estão sendo
desenvolvida principalmente sobre contabilidade gerencial, uma das principais
especialidades da contabilidade em fornecer informações para a tomada de decisão.
Os custos envolvidos em uma instituição são algumas das informações
fornecidas pela contabilidade gerencial. Ao buscar descrever e compreender a tomada
de decisão, um erro comum de julgamento, relacionado à área de custos, é a tendência
das decisões serem influenciadas por custos incorridos no passado e que não podem
mais ser modificados (custos perdidos), fenômeno que tem sido conhecido como efeito
sunk costs (ARKES; BLUMER, 1985; MCMAHON, 2005 apud DOMINGOS, 2007).
O viés associado ao custo perdido é um fenômeno relevante, tendo sido
apontado como um fator determinante em uma série de eventos reais e documentado
em estudos (MURCIO; BORBA, 2006; SILVA; SOUZA; DOMINGOS, 2008; ROVER et
al, 2009; ARKES; BLUMER, 2000; ZEELENBERG; DIJK, 1997; MOON, 2001).
2.2 TOMADA DE DECISÃO E A INSISTÊNCIA IRRACIONAL
A Moderna Teoria de Finanças está baseada na idéia de que os tomadores de
decisão são racionais e buscam maximizar suas utilidades (SILVA; SOUZA;
DOMINGOS, 2008). Sendo significativamente influenciada pelo pressuposto de
racionalidade ilimitada dos agentes econômicos (LIMA, 2007).
Desta forma, as Teorias de Finanças Modernas conceituam tomada de decisão
como o processo de analisar todas as alternativas possíveis e, dentre elas, escolher
aquela que represente a solução ótima de determinada situação (DOMINGOS, 2007;
CHIAVENATO, 2004).
Segundo Chiavenato (2004, p. 254), “a racionalidade significa a capacidade de
solucionar os meios necessários para atingir os objetivos que se pretende”. Portanto,
um comportamento racional é aquele no qual um agente diante das opções existentes
consegue escolher aquela capaz de maximizar seus resultados (LIMA, 2007).
Com isso, pode-se dizer que pelo modelo de Finanças Modernas as decisões
são tomadas pelos agentes de forma racional, isto é lógica, adequando os meios aos
fins que se desejam alcançar.
No entanto, as Finanças Comportamentais surge com um novo conceito onde o
tomador de decisão não é totalmente racional, pois utiliza de heurísticas as quais
conduzem a viés em seu comportamento, afetando a tomada de decisão (BARBERIS;
THALER, 2001 apud SILVA; SOUZA; DOMINGOS, 2008). Sendo assim, a
racionalidade se torna limitada haja vista as escolhas serem restritas aos aspectos da
situação que o tomador de decisão consegue perceber e interpretar para adequar os
meios aos fins desejados (CHIAVENATO, 2004).
Dentro dessas limitações, a maximização dos resultados acaba sendo um
objetivo difícil de ser alcançado, fazendo com que os tomadores de decisões
contentem-se com uma opção satisfatória. Ariely (2008) descreve diversas pesquisas
empíricas as quais remetem a variados fatores influenciadores na tomada de decisão,
fazendo com que a otimização seja substituída pela satisfação.
Com o intuito de diminuir a complexidade do processo de tomada de decisão, os
indivíduos recorrem de recursos simplificadores, conhecidos como atalhos mentais ou
heurísticas.
De acordo com Chiavenato (2004), as pessoas utilizam regras heurísticas para
simplificar a tomada de decisão. Tais regras heurísticas são baseadas em experiências
passadas e crenças individuais, tais como: disponibilidade, representatividade, âncora e
ajustamento, perseverança, entre outros (CHIAVENATO, 2004; LIMA, 2007). A
utilização demasiada das heurísticas pode ocasionar em vieses, causando um desvio
sistemático as resposta esperada (ROVER et al, 2009).
A insistência irracional consiste no compromisso assumido pelo tomador de
decisão em continuar um curso de ação, mesmo diante de resultados negativos. É um
conceito baseado na tendência de indivíduos em considerar valores históricos na
tomada de decisão (DOMINGOS, 2007).
O efeito sunk costs é considerado um viés, por ser definido como a utilização do
custo perdido na tomada de decisão (GARRISON; NOREEN; BREWER, 2007;
MARTINS, 2008), e é considerado uma insistência irracional, pois os tomadores de
decisão continuam persistindo em um cursos de ação independente de seus resultados,
baseados nos gastos inicias irrecuperáveis.
2.3 CUSTO PERDIDO OU IRRECUPERÁVEL
A existência de numerosas alternativas e um volume considerado de dados,
relevantes e irrelevantes, faz com que a tomada de decisão seja considerada uma
tarefa difícil de ser executada. Ao se tomar uma decisão, somente os custos e receitas
relevantes devem ser levados em consideração, estes diferenciais de uma alternativa
para outra (GARISON; NOREEN; BREWER, 2007).
De acordo com Horngren, Sundem e Stratton (2004), o custo e a receita predita
que diferencia as alternativas são consideradas informações relevantes, isto é, uma
predição do futuro, e não um resumo do passado. Isso ocorre, pois as decisões não
podem alterar o passado e sim o futuro.
Essa distinção entre custo e receitas relevantes e irrelevantes é importante por
dois motivos. Primeiro porque os custos e receitas irrelevantes podem ser ignorados na
tomada de decisão, por não a influenciar, poupando tempo e esforço dos tomadores de
decisão. Em segundo lugar, devido a consideração errônea dos custos e despesas
irrelevantes pode ocasionar em más decisões (GARISON; NOREEN; BREWER, 2007).
Nesse contexto, pode-se caracterizar o custo perdido como sendo irrelevante,
pois segundo sua definição, são custos já incorridos e não podem ser alterados por
qualquer decisão tomada agora ou no futuro (GARISON; NOREEN; BREWER, 2007).
Martins (2008, p. 241) complementa: os custos perdidos são “investimentos feitos no
passado que provocam custos contábeis, mas são irrelevantes para certas decisões,
por não alterarem fluxos financeiros”. Como exemplos contábeis podem ser citados
estoques obsoletos e o valor contábil de equipamentos antigos.
Para melhor compreender a definição dos custos perdidos como custos já
incorridos, considere a situação de um investimento inicial em um software original de
100 mil reais, e que para a sua conclusão ainda deva investir mais 50 mil reais. No
entanto, uma nova tecnologia permite desenvolver esse mesmo software por apenas 40
mil reais. A decisão óbvia seria abandonar o projeto inicial e investir na nova tecnologia,
considerando os 100 mil reais inicias como custo perdido, uma vez que qualquer
decisão a ser tomada não irá evitar o fato de já ter gasto esse valor, devendo, então,
não influenciar no processo decisório.
Entretanto, conhecer o custo perdido nem sempre é inútil (GARISON; NOREEN;
BREWER, 2007), pois os custos passados podem servir de alicerce para previsões
futuras, além dos custos perdidos afetarem pagamento futuros, como o do imposto de
renda. Seguindo essa linha, Luther (1992 apud DOMINGOS, 2007 p. 20) afirma: “os
custos totais, incluído os custos perdidos, podem ser utilizados como uma forma de
estimar o preço máximo do produto”. Adicionalmente, podem ser considerados como
fatores limitantes para novos ingressos de investidores no mercado, como exemplo os
investimentos estabelecidos pela abertura de franquias.
No entanto, tratando de novos investimentos, os custos perdidos ou passados
são considerados irrelevantes, por já terem incorrido e nenhuma decisão presente ou
futura poderá recuperá-lo.
Segundo Sutton (1999 apud DOMINGOS, 2007), o custo perdido pode ser
classificado como endógeno, quando sua ocorrência é determinada por decisões
internas da empresa, ou exógeno, quando os custos determinados externamente.
Como exemplo de custo passado endógeno pode-se citar os investimentos em
pesquisa e desenvolvimento. Já os gastos com ampliação das instalações como
conseqüência de ampliação do mercado consumidor são considerando custos
passados exógenos.
O custo irrecuperável ainda pode ser diferenciado do custo evitável. Retomando
ao exemplo do investimento em software, o segundo investimento no valor de 50 mil
reais, antes de ser utilizado poder ser considerado como um custo evitável uma vez que
pode ser eliminado no todo ou em parte pela escolha de uma alternativa em detrimento
de outra (GARISON; NOREEN; BREWER, 2007). Já o custo perdido é um custo já
incorrido e não pode mais ser evitado (GARISON; NOREEN; BREWER, 2007).
Embora, as teorias de finanças modernas considerem os custos perdidos, em
função de sua característica de irrecuperáveis, como irrelevantes para as tomadas de
decisão, por serem informações que não alteram as alternativas a serem escolhidas,
pesquisas tem demonstrado o oposto. Ou seja, os tomadores de decisão estão levando
em consideração, entre outras variáveis, o custo perdido no processo de tomada de
decisão, ocasionando em vieses cognitivos.
2.4 EFEITO SUNK COSTS
Pesquisas utilizando os conceitos de psicologia e sociologia vêm sendo
realizadas no intuito de esclarecer o complexo processo de tomada de decisão
organizacional (MURCIA; BORBA, 2006). Os resultados têm apresentado tomadores de
decisão, freqüentemente, utilizando de atalhos mentais (heurísticas) que os predispõem
a cometer desvios em relação o comportamento ideal de decisão (DOMINGOS, 2007).
Quando um administrador, ao tomar a sua decisão, leva em consideração o
quanto já foi investido em um projeto, em termos monetários, diz-se que ele está
cometendo o erro sunk costs (DOMINGOS, 2007).
Rover et al (2009, p. 248) conceituam o efeito sunk costs como sendo a
“disposição em continuar uma empreitada uma vez que um investimento em dinheiro,
esforço ou tempo já tenha sido realizado”. Ou seja, o efeito sunk costs contaria as
teorias de Finanças Modernas, por reconhecer o custo perdido no processo de tomada
de decisão.
Os estudos desenvolvidos por Domingos (2007), Murcia e Borba (2006) e Rover
et al (2009) relatam: esse efeito pode ser observado em situações diversas, tais como
decisões pessoais e investimentos financeiros. Carreiro (2007) acrescenta outras
situações tais como avaliação de desempenho de funcionários, comportamento
competitivo e decisões políticas.
Resumindo, o efeito sunk costs é um viés de tomada de decisão o qual reflete na
tendência de investir mais recursos futuros em situações nas quais já receberam
investimentos iniciais, em comparação com situações em que ainda não foram
investidas. A variação no comportamento pode ser explicado por diversos fatores
esternos e internos.
2.5 CAUSAS PARA A OCORRÊNCIA DO EFEITO SUNK COSTS
Uma das possíveis explicações para a consideração dos custos perdidos no
processo decisório é o fato dos indivíduos já terem investido tempo, esforço e dinheiro
no projeto e em seguida ser considerado “em vão” não agradando nenhum tomador de
decisão (MURCIA; BORBA, 2006). Carreiro (2007) complementa afirmando: o
investimento desses elementos faz os indivíduos ficarem “psicologicamente” atrelados a
continuidade do projeto.
Fantino; Navaro e Fantino (2007) em seu estudo apresenta uma relação entre as
variáveis tempo, dinheiro e esforço, onde todas as variáveis estão relacionadas com a
ocorrência do efeito sunk costs, mas não foi possível determinar até que ponto cada
variável influencia no seu acontecimento.
Domingos (2007) aponta diferentes variáveis as quais podem influenciar ou não
na ocorrência do efeito sunk costs, tais como a responsabilidade pessoal, probabilidade
de sucesso, experiência com conceitos econômicos, tipo de feedback negativo,
variáveis culturais, entre outras.
Os testes realizados por Silva e Domingos (2008) demonstraram: o montante
investido inicialmente em um projeto é uma variável determinante na incidência do
comportamento irracional da amostra estudada, ou seja, o valor investido inicialmente
influência na ocorrência do efeito sunk costs. Carreiro (2007, p. 5) complementa
avaliando todos os estudos realizados por Bornstein e Chaoman (1995), “o investimento
inicial influência as decisões subseqüentes, impedindo que os recursos sejam usados
de forma a maximizar os ganhos”.
Arkes e Ayton (1999) apresentam como variável do comportamento a
capacidade cognitiva dos seres. Após a análise de diversos estudos chegou-se a
seguinte conclusão: os animais inferiores não sucumbem no efeito sunk costs, pois não
tem capacidade cognitiva dos humanos, ou seja, não utilizam regras abstratas.
Entretanto, segundo Arkes e Blumer (1985, apud ARKES; AYTON, 1999), a
maior contribuição para a ocorrência do efeito sunk costs é o desejo das pessoas em
não demonstrar desperdício (not appear to be wasteful). Tal fato está associado a
generalização da regra do “Don’t waste” (não desperdice), prática ensinada aos
americanos desde de infância.
A regra do “Don’t waste” induz as pessoas a terem aversão ao desperdício,
ocasionando no não abandono de um curso de ação, na qual já tenha um investimento
inicial, porém não gerará mais nenhum benefício futuro.
A guerra do Vietnam é um exemplo do efeito sunk costs, do ponto de vista
americano, influenciado pela regra do “Don’t waste”. Neste caso, a preocupação de
vidas serem perdidas em vão (“lives will be lost in vain”) fez com que cada vez mais se
investisse em uma guerra “perdida” (KELLY, 2004).
Segundo Arkes e Ayton (1999), assim como os animais não racionais, as
crianças não são influenciadas pelo efeito sunk costs, pois não possuem a mesma
capacidade cognitiva dos adultos, isto é, não conseguem generalizar o conceito do
“Don´t waste” em diversas situações.
No entanto, Strough et al (2007) desenvolveram a hipótese dos adultos serem
menos influenciados do que os jovens em relação ao efeito sunk costs, isto porque os
jovens teriam aversão a perda, ou seja, o foco nas perdas talvez refletisse um viés
negativo no processamento das informações. Em contraste, os adultos demonstrariam
efeitos positivos, as suas decisões seriam baseadas na análise dos ganhos e perdas
envolvidos.
Após a realização de testes em laboratórios, os resultados indicaram
consistência com a hipótese desenvolvida por Strough et al (2007). Ao final os adultos
são menos afetados do que os mais jovens, além de demonstrarem que tomam
decisões normativamente corretas.
Outra variável apontada foi a responsabilidade de uma ação pelo tomador de
decisão, Arkes e Ayton (1999) demonstraram que se o tomador de decisão tem a
responsabilidade pessoal de um investimento inicial, é mais provável sofrer o efeito
sunk costs, em comparação com a situação na qual ele não possui qualquer
responsabilidade pessoal para a decisão de investimento inicial. O achado pode ser
interpretado como “self-justification”.
A responsabilidade por uma ação seria uma forma do tomador de decisão
explicar porque continua investindo em um percurso de ação no qual o investimento
inicial não pode ser mais recuperado.
Por fim, levando em consideração todas as variáveis apontadas como elementos
relevantes na ocorrência do efeito sunk costs, pode-se estabelecer que o volume
investido em determinado curso de ação pode influenciar na sua persistência, pois
remete as regras do “Don’t waste”, uma vez quanto maior o investimento inicial, maior
será o desperdício em abandonar o curso da ação inicial. Além de poder estar
associado à responsabilidade do indivíduo no processo de tomada de decisão.
3 METODOLOGIA
O presente estudo pode ser classificado como uma pesquisa descritiva, por visar
analisar se a divulgação do valor investido em um projeto determina a ocorrência do
comportamento do efeito sunk costs em tomadores de decisão. Segundo Gil (2006), o
objetivo primordial da pesquisa descritiva é a descrição das características de
determinada população ou estabelecimento de relações entre variáveis. Beuren et al
(2008) acrescenta que umas das características mais significativa da pesquisa
descritiva é a utilização de técnicas padronizadas de coletas de dados, tais como
questionários.
Em relação aos procedimentos técnicos utilizados, a pesquisa pode ser
classificada como um levantamento. Gil (2006) caracteriza esse tipo de pesquisa pela
interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer, em seguida,
mediante análise quantitativa, conclusões a cerca dos dados coletados podem ser
obtidas. Nesse sentido, os dados referentes a esse tipo de pesquisa podem ser
coletados com base em uma amostra retirada de determinada população (BEUREN et
al, 2008).
Quanto à abordagem do problema, é do tipo quantitativo, pois foram utilizados
instrumentos estatísticos (estatística descritiva e teste de hipóteses), tanto na coleta
como no tratamento dos dados (GIL, 2006).
Desta forma, a pesquisa é classificada como um levantamento descritivo
quantitativo, pois, a análise das informações da amostra, coletadas através de um
questionário, foi através de instrumentos estatísticos, com o intuito de verificar se a
divulgação do valor investido em um projeto determina a ocorrência ou não do efeito
sunk costs em tomadores de decisão.
3.1 AMOSTRA
O universo da pesquisa constitui o banco de dados das empresas, situadas em
Natal, na área de construção civil cadastradas no sistema da Federação das Indústrias
do Estado do Rio Grande do Norte - FIERN (2010), em maio de 2010, disponível em
seu sítio na internet. O Cadastro Industrial do RN traz na sua composição 355
empresas do setor da construção registradas em Natal. Do total das empresas, 210 são
micro empresas (0 a 19 funcionários); 101 são pequenas empresas (20 a 99
funcionários); 41 são médias empresas (100 a 499 funcionários) e, por fim, 3 são
grandes empresas - 500 ou mais funcionários. (FIERN, 2010).
Por razões de restrição orçamentária, dificuldade de contato com os gestores e
limitação do tempo, o estudo tem sua amostra delimitada às empresas do setor de
construção civil, que responderam o questionário, localizadas nos bairros: Tirol,
Petrópolis, Lagoa Nova, Lagoa Seca, Candelária e Ponta Negra.
Desta forma a amostra utilizada neste estudo foi selecionada de forma não
aleatória, caracterizando uma amostragem não probabilística por acessibilidade ou
conveniência. Beuren et al (2008) advoga que nesse tipo de amostragem são obtidos
os elementos a que se tem maior acesso, admitindo que eles possam efetivamente
representar de forma adequada a população.
A coleta dos dados foi realizada no período de maio de 2010. O contato inicial foi
realizado por telefone e pelo endereço eletrônico (e-mail), informações disponíveis no
cadastro da FIERN (2010), no entanto após várias tentativas apenas 3 empresas
responderam, sendo dois questionários por telefone e um por e-mail. No segundo
momento, foi feita a visita aos estabelecimentos, no período de duas semanas, foram
coletados 34 questionários, totalizando, assim, uma amostra de 37 respondentes.
3.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Para a coleta de dados foi elaborado um único questionário adaptado, de acordo
com os objetivos dessa pesquisa, das pesquisas de Domingos (2007) e Rover et al
(2009). Neste caso, cada partcipante respondeu apenas um questionário, contendo 6
perguntas.
O questionário foi dividido em três partes. A primeira parte continha informações
que caracterizavam o respondente (sexo, idade, formação, função na empresa e tempo
em que exercia a função). A segunda parte apresentava quatro questões problemas no
âmbito financeiro empresarial, isto é, voltadas para a área de gestão de projetos da
construção civil, e a terceira parte abordava duas questões direcionadas para decisões
pessoais. Na segunda e terceira parte as questões eram fechadas, mas tinha a
possibilidade, se necessário, justificar a resposta. O instrumento aplicado está resumido
na Tabela 1.
Tabela 1: Resumo do questionário
Partes Questões Informação relevante
Parte 1 Perfil do respondente
Parte 2
1 9 milhões já investido
2 5 milhões já investido
3 1 milhão já investido
4 Neutro
Parte 3 1 Viagem paga, R$ 1.200,00
2 Neutro
Fonte: Elaboração própria
A primeira e a segunda parte foram adaptações do estudo de Domingos (2007).
Como os respondentes são gestores de empresas e não alunos de universidades, as
opções que compõem o perfil exigem outra abordagem. As respostas obtidas permitem
analisar possíveis diferenças entre homens e mulheres, faixas etárias, formação e
tempo de experiência.
Domingos (2007), baseado na pesquisa de Arkes e Blumer (1985), elaborou um
problema raiz, e a partir dele as demais variações em relação ao volume investido no
projeto. Desta forma, as questões problemas apresentadas na segunda parte desse
estudo, foram adaptações do instrumento de coleta de Domingos (2007), voltadas para
o ambiente decisório da construção civil.
Assim como no estudo conduzido por Conlon e Garland (1993 apud
DOMINGOS, 2007), os respondentes deveriam indicar, numa escala de 0 a 100, a
disposição em continuar investindo no projeto. Quanto mais próximo de 0 (zero) menor
era a disposição em continuar investindo no projeto e quanto mais próximo de 100
(cem) maior era a disposição.
Na terceira parte do questionário, também apresentando duas variações, traz
duas situações de decisão pessoal. O primeiro problema, foi baseado na questão
pessoal do estudo de Domingos (2007) e a segunda questão, foi retirada do artigo de
Rover et al (2009). A terceira parte do questionário tem o intuito de avaliar se a situação
(decisão pessoal ou decisão financeira) do participante interfere na tomada de decisão.
É importante salientar que foi informada aos entrevistados a finalidade da
pesquisa, mas não o seu assunto no intuito de não causar viés nas respostas daqueles
que conheciam o conceito de custo perdido. E devido ao tamanho do instrumento
utilizado o tempo médio de resposta foi de 20 minutos.
3.3 ESTATÍSTICA DESCRITIVA E TESTE DE HIPÓTESE
Na análise dos dados foi utilizada análise descritiva das respostas dos
participantes por meio de medidas de posição e de medidas de dispersão. Para cada
pergunta foram calculados a média, a moda, a mediana e o desvio padrão.
Neste estudo admiti-se como hipótese nula a magnitude do valor investido não
influencia na ocorrência do efeito sunk costs, tanto no contexto financeiro empresarial,
nem no contexto pessoal e a hipóetese alternativa é que a magnitude influencia:
H0: A magnitude do valor investido não influencia na ocorrência do efeito sunk costs,
tanto no contexto financeiro empresarial, nem no contexto pessoal.
H1: A magnitude do valor investido influencia na ocorrência do efeito sunk costs, tanto
no contexto financeiro empresarial, como no contexto pessoal.
A hipótese nula será rejeitada se houver evidência estatística de que o montante
investido inicialmente interferir na tomada de decisão fazendo com que as disposições
médias dos resposndetes se alterem.
Para o teste das variáveis admite-se como hipótese nula a não existência de
diferenças no comportamento em relação as variáveis: gênero, idade, a formação e
tempo de experiência, tanto no contexto financeiro empresarial, como no contexto
pessoal e a hipótese alternativa é que a proporção das respostas se altera em relação
as variáveis. Tendo como subhipóteses operacionais:
H0a: A variável: gênero não influencia na ocorrência do efeito sunk costs nos contextos
financeiros empresarial, e nem pessoal.
H1a: A variável: gênero influencia na ocorrência do efeito sunk costs nos contextos
financeiros empresarial, e pessoal.
H0b: A variável: idade não influencia na ocorrência do efeito sunk costs nos contextos
financeiros empresarial, e nem pessoal.
H1b: A variável: idade influencia na ocorrência do efeito sunk costs nos contextos
financeiros empresarial, e pessoal.
H0c: A variável: formação não influencia na ocorrência do efeito sunk costs nos
contextos financeiros empresarial, e nem pessoal.
H1c: A variável: formação influencia na ocorrência do efeito sunk costs nos contextos
financeiros empresarial, e pessoal.
H0d: A variável: tempo de experiência não influencia na ocorrência do efeito sunk costs
nos contextos financeiros empresarial, e nem pessoal.
H1d: A variável: tempo de experiência influencia na ocorrência do efeito sunk costs nos
contextos financeiros empresarial, e pessoal.
A hipótese nula será rejeitada se houver evidência estatística que as variáveis
em análise interferem na tomada de decisão fazendo com que as freqüências das
respostas se alterem substancialmente.
Para verificar se a resposta está de acordo ou não com as hipóteses a serem
testadas, vislumbrou-se utilizar o teste do qui-quadrado (χ2), assim como na análise de
Domingos (2007). Com o teste do χ2 pretende-se testar a significância da diferença
entre as respostas dos gestores aos diferentes cenários trabalhados, reforçando, assim,
a idéia de que o efeito do custo perdido na decisão de alocação de recursos é
independente da evidenciação ou não dos valores investidos.
No entanto, a prova χ2 exige que as freqüências esperadas em cada célula não
sejam muito pequenas. Quando a amostra está entre 20 ≤ N ≤ 40, a prova qui-quadrado
pode ser aplicada desde que nenhuma das freqüências esperadas sejam inferiores a 5
(SIEGEL, 1977). Diante das condições, foi necessário combinar as categorias
adjacentes de modo a aumentar as freqüências esperadas das células.
Após a combinação e tendo em vista que amoda usada é pequena, verificou-se
que, para a análise das questões da parte 2 do questionário, ainda não era satisfeito os
resultados para a realização do teste qui-quadrado, mas poderia ser realizado o teste
Fisher. A prova de Fisher constitui uma técnica não-paramétrica para testar amostras
pequenas. “É utilizado quando os escores das duas amostras aleatórias independentes
se enquadram todos em uma ou outra de duas classes mutuamente excludentes”
(SIEGEL, 1977, p. 107). De ser destacado que para a parte 3, após o agrupamento, foi
possível aplicar o teste qui-quadrado.
Sendo assim, as respostas dos participantes foram agrupadas em duas
categorias, de acordo com as variáveis: as respostas das perguntas relacionadas à
disposição em continuar ou não investindo no projeto foram coligadas da seguinte
forma: < 50 e ≥ 50; a idade foi dividida em duas classes: de 18 a 45 anos, e maiores de
45 anos; a formação ficou: Ensino Técnico e Superior, e Pós-Graduação; e, o tempo de
experiência agrupou-se: de 1 a 5 anos, e mais que 5 anos. Deve ser ressaltado, na
categoria tempo de experiência de 1 a 5 anos, estão também incluídos aqueles que
trabalham menos de 1 ano.
Para análise dos dados utilizou-se o software SPSS 12.0. O Excel foi aproveitado
como apoio na elaboração das tabelas. Todos os testes foram realizados com 95% de
confiança.
3.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO
Os resultados deste estudo se limitada aos gestores das empresas participantes
da pesquisa, ou seja, as trinta e sete entidades do setor de construção civil, localizadas
nos bairros: Tirol, Petrópolis, Lagoa Nova, Lagoa Seca, Candelária e Ponta Negra (vide
apêndice A).
4 ANÁLISE DOS DADOS
De acordo com os objetivos específicos, a análise de dados está divida em dois
contextos: financeiro empresarial e o pessoal. Em relação ao primeiro cenário, foi
desenvolvida a análise descritiva das respostas obtidas e em seguida a análise da
significância das variáveis em relação ao comportamento dos respondentes. No
segundo, analisou-se a freqüência das respostas das duas questões, verificando se o
valor do montante gasto em situações pessoais pode influenciar na ocorrência do efeito
sunk costs, e, por fim, averiguo a relação da incidência do efeito sunk costs no contexto
pessoal com as variáveis: sexo, idade, formação e tempo de experiência da amostra.
4.1 CONTEXTO EMPRESARIAL
A parte 2 do questionário apresenta questões problemas que permitem identificar
a existência ou não do efeito do custo perdido numa situação de decisão empresarial.
Neste caso, a contextualização das perguntas está voltada para as decisões financeiras
empresarial do ramo da construção civil.
A Tabela 2 mostra as respostas dos gestores para o primeiro problema. Na
questão 1, o respondente evidenciaria sua disposição em continuar ou não a investir
em uma pesquisa, na qual 9 milhões de reais, o equivalente a 90% do orçamento total
da empresa, havia sido gasto, contra a divulgação da concorrência de um produto
similar mais econômico e eficiente. Com relação aos dados apresentados na tabela,
43,24% dos respondentes optaram em absolutamente continuar investindo em suas
pesquisas. Observa-se que 16,17% dos participantes optaram por não continuar
investindo na pesquisa.
abela 1. Freqüências (percentuais) sposição dos respondentes em continuar investindo no projeto da Questão 1
Tabela 2: Freqüências (percentuais) da disposição dos respondentes em continuar investindo no projeto da Questão 1
Disposição 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Respostas 6 1 0 1 0 2 2
2 2 5 16
Percentual 16,17% 2,70% 0% 2,70% 0% 5,42% 5,42% 5,42% 5,42% 13,51% 43,24%
Fonte: Dados da pesquisa
Dos 37 respondentes, 7 justificaram continuar investido no projeto baseado no
valor já perdido (“Perder 9 milhões é ruim, mas 10 é pior”), quem optou em não investir
(5 participantes) associou sua decisão ao fato do projeto não estar trazendo retornos a
empresa (“Não adianta persistir no erro”). Somente um respondente identificou que a
pesquisa abordava o efeito sunk costs: “Este é o conceito de sunk costs. Apesar da
perda de R$ 9 milhões é melhor que se evite perder mais R$ 1 milhão”.
Na Tabela 3 esta evidenciado os resultados da análise descritiva dos dados da
questão 1. A média de disposição em continuar investindo na pesquisa foi de 70,54, o
que indica uma tendência em persistir em determinado curso de ação, mesmo não
apresentando resultados favoráveis.
Tabela 3: Análise descritiva do Efeito Sunk Cost na Questão 1
Questão N Média Mediana Moda D. Pad
1 37 70,54 90 100
38,06 (43,24%)
Fonte: Dados da pesquisa.
Analisando os dados por meio da mediana, observa-se que 50% das respostas
dos participantes estão acima de 90. O que indica que a metade dos respondentes
estão fortemente dispostos em continuar investindo em um projeto mesmo com o
feedback negativo.
Apesar da mediana ser alta, ela não se encontra próximo da média, isto porque,
o desvio padrão da amostra também é elevado. A dispersão pode ser justificada pela
grande incidência dos valores extremos (0 e 100), com poucas respostas
intermediárias.
Na segunda questão, foi evidenciado a utilização de 5 milhões de reais,
equivalente a 50% do montante total, em um projeto para construção de habitações
para baixa renda, diante do contexto, o respondente indicaria sua disposição em
continuar ou não investindo.
A freqüência da disposição dos respondentes em persistir com o projeto,
evidenciado na Tabela 4, está concentrada no valor máximo da escala utilizada (100),
indicando que 43,24% dos respondentes estão absolutamente dispostos em continuar
um projeto que deveria ser abandonado.
Tabela 4: Freqüências (percentuais) da disposição dos respondentes em continuar investindo no projeto da Questão 2
Disposição 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Respostas 5 0 2 0 1 5 1 1 3 3 16
Percentual 13,51% 0% 5,42% 0% 2,70% 13,51% 2,70% 2,70% 8,11% 8,11% 43,24%
Fonte: Dados da pesquisa
Os comentários das respostas em continuar investido ou não são similares, pois
ao mesmo tempo em que os gestores permaneceriam investindo no projeto por que
ainda faltam R$ 5 milhões a serem gastos (“Ainda teria R$ 5 milhões para investir”),
outros deixariam de investir no intuito de economizar os mesmo R$ 5 milhões que ainda
não foram gastos (“não investiria mais, pois eu ainda tinha 50% dos recursos para
investir no projeto mais econômico”).
A análise descritiva dos resultados da questão 2 evidenciam que a mediana da
amostra esta a 90, ou seja, metade dos participantes demonstraram estar
absolutamente dispostos em continuar investindo no projeto.
Tabela 5: Análise descritiva do Efeito Sunk Cost na Questão 2
Questão N Média Mediana Moda D. Pad
2 37 69,46 90 100
36,66 (43,24%)
Fonte: Dados da pesquisa.
A média das respostas, na questão 2, foi de 69,46, o que demonstra uma
tendência em permanecer investindo no projeto. No entanto, devido à dispersão dos
dados, a mediana não se encontra próximo a média, ressaltando a alta incidência dos
valores extremos.
De acordo com o objetivo da pesquisa em avaliar se o montante investido pode
influenciar ou não na disposição em continuar determinado projeto, após a análise de 9
e 5 milhões de reais, representando 90% e 50% respectivamente do total dos
orçamentos, a questão 3 apresenta uma situação problema na qual 1 milhão de reais
foi gasto e ainda restam 9 milhões a serem investidos.
Analisando a Tabela 6, percebe-se que a freqüência de respostas para o valor
mínimo da escala (0) é próximo do valor máximo (100), isto é, 10 dos respondentes
indicaram absoluta disposição em continuar investindo, enquanto que 9 afirmaram que
absolutamente não investiriam.
Tabela 6: Freqüências (percentuais) da disposição dos respondentes em continuar investindo no projeto da Questão 3
Disposição 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Respostas 9 0 2 3 0 3 0 2 3 5 10
Percentual 24,32% 0% 5,42% 8,11% 0% 8,11% 0% 5,42% 8,11% 13,51% 27,00%
Fonte: Dados da pesquisa
Os participantes que continuariam investindo (9 respondentes), justificaram suas
respostas levando em consideração as possíveis melhorias do sistema de custos em
elaboração, tendo em vista que ainda restam R$ 9 milhões a ser investido. E os que
absolutamente não investiriam (2 respondentes) justificaram suas decisões no fato de
poder comprar o projeto do concorrente com o restante do capital, perdendo somente
10% do recurso total.
Os resultados da análise descritiva apresentam que o valor máximo da escala
ainda é o mais freqüente (moda). A média foi de 57,03, indicando uma disposição
intermediária em continuar o projeto.
Tabela 7: Análise descritiva de Efeito Sunk Cost na Questão 3
Questão N Média Mediana Moda D. Pad
3 37 57,03 70 100
40,88 (27,00%)
Fonte: Dados da pesquisa.
Através da mediana, percebe-se que metade das repostas se encontram acima
de 70. O desvio padrão dos dados apresentou ser elevado (40,88), o que justifica o
resultado mediano não se encontrar reunido próximo a média.
Na questão 4 não foi evidenciado o valor do custo irrecuperável, somente o
montante que ainda poderia ser gastos, sendo assim, foi caracterizado como
questionário neutro. Mais uma vez, requisitou-se que o respondente evidenciasse sua
disposição em continuar investindo no projeto.
De acordo com a Tabela 8, 45,93% dos respondentes afirmaram que
continuariam investindo no projeto em desenvolvimento. Segundo os comentários dos
respondentes a persistência no projeto se da no intuito de melhorar o mesmo com o
recurso restante. Somente um dos comentários justificou sua resposta em continuar
investindo baseado no consumo do mercado: “por se tratarem de dois edifícios distintos
o mercado provavelmente aceitaria a diferença, tendo capacidade de absorver os dois
empreendimentos”.
Tabela 8: Freqüências (percentuais) da disposição dos respondentes em continuar investindo no projeto da Questão 4
Disposição 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Respostas 5 0 0 2 1 5 0 1 4 2 17
Percentual 13,51% 0% 0% 5,42% 2,70% 13,51% 0% 2,70% 10,81% 5,42% 45,93%
Fonte: Dados da pesquisa
A Tabela 8 também apresenta a freqüência dos participantes que absolutamente
deixariam de investir (13,51%). Os respondentes justificaram a decisão devido
considerar o investimento defasado.
As respostas da questão 4 apresentaram como média 70,81. O valor alto indica
que os respondentes, em média, tendem a continuar investindo no projeto. A mediana,
mais uma vez, apresentou o valor 90 como sendo a metade dos dados, ou seja, 50%
dos resultados encontram-se acima da mediana, 90.
Tabela 9: Análise descritiva do Efeito Sunk Cost na Questão 4
Questão N Média Mediana Moda D. Pad
4 37 70,81 90 100
36,16 (45,93%)
Fonte: Dados da pesquisa.
O alto desvio padrão (36,16), apresentado na Tabela 9, indica que as resposta
estão dispersas, ou seja, existem poucas respostas intermediárias e grande
concentração nos valores extremos. A variação dos dados explica o porquê da mediana
não estar próxima da média.
Por tanto, os resultados, das quatro análises descritivas, sugerem que o valor
máximo da escala utilizada nessa pesquisa (100) foi a resposta mais freqüente em cada
um dos contextos utilizados na busca do efeito sunk costs. Essa alta incidência do valor
máximo demonstra uma total disposição dos gestores em continuar um investimento
que deveria ser abandonado.
É importante notar que a média aumenta à medida que o montante gasto
aumenta. Ou seja, a média dos participantes, quando diante da informação de que 1
milhão de reais já foram investidos é menor que quando 5 milhões, e a desta
informação é menor que quando 9 milhões já foram despendidos. Logo, há evidencias
que o volume investido é determinante na ocorrência do efeito sunk costs.
O resultado da mediana da questão 1 em relação ao da mediana da questão 3,
sugere que a evidenciação da informação do montante já investido é uma determinante
na incidência do efeito sunk costs, uma vez que, a mediana passa de 90 para 70,
respectivamente.
Sendo assim, verifica-se que apesar da apresentação da informação do valor do
custo perdido influenciar na tomada de decisão, ficou evidente que as resposta da
questão neutra também demonstraram o efeito sunk costs. Tal resultado sugere que os
participantes, movidos por um custo já existente, continuam a investir no projeto,
evitando demonstrar desperdício, o que corrobora com os resultados da pesquisa de
Arkes e Blumer (1985) e Domingos (2007).
Outro fator que pode ter influenciado na ocorrência do efeito do custo perdido é a
responsabilidade dos gestores, como apontado por Arkes e Ayton (1999), a utilização
de recursos da empresa induz uma responsabilidade ao gestor, essa aumenta à
medida que o montante investido aumenta, conduzindo o administrador a permanecer
em um curso de ação que possui um feedback negativo.
Após utilizar a estatística descritiva na análise dos dados, procurou-se verificar
se análise dos resultados apurados foram influenciados pelas variáveis: gênero, idade,
formação e tempo de experiência.
É importante ressaltar que para executar o teste de hipótese foi necessário
agrupar os dados em um menor número de categorias, tendo em vista a utilização de
uma amostra pequena. Sendo assim, as respostas das perguntas relacionadas à
disposição em continuar ou não investindo no projeto foram agrupadas da seguinte
forma: < 50 e ≥ 50; a idade foi dividida em duas classes: de 18 a 45 anos, e maiores de
45 anos; a formação ficou: Ensino Técnico e Superior, e Pós-Graduação; por fim, o
tempo de experiência, que ficou dividido em duas categorias: de 1 a 5 anos, e mais de
5 anos.
A primeira variável analisada foi o gênero. A intenção do teste de hipótese é
identificar se o gênero dos respondentes irá influir ou não na ocorrência do efeito sunk
costs.
Tabela 10: Análise da variável gênero no Efeito Sunk Costs - contexto empresarial
Questão 1 < 50 ≥ 50 Total ρ
Masculino 6 18 24
ρ = 0,408 Feminino 2 11 13
Total 8 29 37
Questão 2
< 50 ≥ 50 Total ρ
Masculino 7 17 24
Feminino 1 12 13 ρ = 0,136
Total 8 29 37
Questão 3
< 50 ≥ 50 Total ρ
Masculino 12 12 24
Feminino 2 11 13 ρ = 0,040
Total 14 23 37
Questão 4
< 50 ≥ 50 Total ρ
Masculino 7 17 24
Feminino 1 12 13 ρ = 0,136
Total 8 29 37
Fonte: Dados da pesquisa
De acordo com a Tabela 10, somente na questão 3 a variável gênero
demonstrou-se significativa na disposição de investimento na amostra, ou seja, no
contexto do investimento de 1 milhão de reais (10% do orçamento) existe diferença no
comportamento da amostra feminina em relação a amostra masculina. Como o ρ foi
0,040, menor do que o nível de significância α = 0,05, a hipótese nula (H0) será rejeitada
em favor de H1.
Na Tabela 11, observa-se a disposição dos respondentes em relação a sua
idade em continuar investindo ou não em um projeto. A variável idade demonstrou uma
variação significativa no contexto da questão 2.
Tabela 11: Análise da variável idade no Efeito Sunk Costs - contexto empresarial
Questão 1 < 50
≥ 50
Total ρ
Entre 18 e 45 anos 5 21 26 mais que 45 anos 3 8 11 ρ = 0,444
Total 8 29 37
Questão 2
< 50
≥ 50
Total ρ
Entre 18 e 45 anos 3 23 26 mais que 45 anos 5 6 11 ρ = 0,035
Total 8 29 37
Questão 3
< 50
≥ 50
Total ρ
Entre 18 e 45 anos 8 18 26 mais que 45 anos 6 5 11 ρ = 0,161
Total 14 23 37
Questão 4
< 50
≥ 50
Total ρ
Entre 18 e 45 anos 4 22 26 mais que 45 anos 4 7 11 ρ = 0,163
Total 8 29 37
Fonte: Dados da pesquisa
A probabilidade obtida com o teste de Fisher foi inferior ao nível de significância
estabelecido, ρ = 0,035 < α = 0,05, indicando a existência de variação comportamental
em relação a idade do respondente e a disposição em permanecer ou não investindo
em um curso de ação. Tal fato, faz com que a hipótese nula seja rejeita em detrimento a
hipótese alternativa no contexto da questão 2.
A variação no comportamento em relação à variável formação pode ser
observada, novamente, no cenário da questão 3, onde mais uma vez a decisão em
continuar investindo foi influenciada.
Tabela 12: Análise da variável formação no Efeito Sunk Costs - contexto empresarial
Questão 1
< 50
≥ 50
Total ρ
Ensino Técnico e Superior 7 24 31
Pós Graduação 1 5 6 ρ = 0,613
Total 8 29 37
Questão 2
< 50
≥ 50
Total ρ
Ensino Técnico e Superior 7 24 31 Pós Graduação 1 5 6 ρ = 0,613
Total 8 29 37
Questão 3
< 50
≥ 50
Total ρ
Ensino Técnico e Superior 14 17 31 Pós Graduação 0 6 6 ρ = 0,043
Total 14 23 37
Questão 4
< 50
≥ 50
Total ρ
Ensino Técnico e Superior 8 23 31 Pós Graduação 0 6 6 ρ = 0,204
Total 8 29 37
Fonte: Dados da pesquisa
Observando a Tabela 12, percebe-se que na questão 3, ter formação superior ou
técnica e pós-graduação podem influenciar na decisão em continuar ou não um projeto.
Com isso, devido o fato da probabilidade unilateral calculada ser inferior ao nível de
significância estabelecida, a decisão será, novamente, rejeitar a hipótese nula em favor
da hipótese alternativa.
Conforme a Tabela 13, a variável tempo de formação demonstrou-se significativa
no contexto do primeiro questionamento. A variação significativa indica que o tempo de
experiência em determinada função pode influenciar na ocorrência ou não do efeito
sunk costs.
Tabela 13: Análise da variável tempo de experiência no Efeito Sunk Costs - contexto empresarial
Questão 1
< 50
≥ 50
Total ρ
De 1 a 5 anos 7 24 31 Mais que 5 anos 1 5 6 ρ = 0,099
Total 8 29 37
Questão 2
< 50
≥ 50
Total ρ
De 1 a 5 anos 3 16 19 Mais que 5 anos 5 13 18 ρ = 0,314
Total 8 29 37
Questão 3
< 50
≥ 50
Total ρ
De 1 a 5 anos 6 13 19 Mais que 5 anos 8 10 18 ρ = 0,320
Total 14 23 37
Questão 4
< 50
≥ 50
Total ρ
De 1 a 5 anos 4 15 19 Mais que 5 anos 4 14 18 ρ = 0,621
Total 8 29 37
Fonte: Dados da pesquisa
Analisando a probabilidade apresentada na tabela, percebesse que não existe
uma variação de comportamento, uma vez que nenhum dos ρ calculados está abaixo
do nível de significância. Desta forma, a decisáo é não rejeitar a hipótese nula sob a
hipótese alternativa em relação a essa variável.
Embora a análise apresente variações significativas em relação às três variáveis:
gênero, idade e formação, nenhuma delas está relacionada ao cenário da questão 4. O
que indica que em relação a esse contexto não existem variações significativas que
rejeitem a hipótese nula.
4.2 CONTEXTO PESSOAL
A Tabela 14 mostra as respostas dos gestores para os problemas da parte 3 do
questionário, no qual o estudo da existência ou não do efeito sunk costs ocorreria numa
simulação de decisão pessoal.
Tabela 14: Freqüências (percentuais) das respostas dos participantes por questão
P3_1
Freqüência %
Porto Seguro 20 54,05%
Salvador 17 45,95%
Total 37 100
P3_2
Freqüência %
Sim 17 45,95%
Não 20 54,05%
Total 37 100
Fonte: Dados da pesquisa
No primeiro questionamento, denominado P3_1, o respondente deveria escolher
entre uma viagem a Porto Seguro, uma vez que, foram gastos 1.200,00 reais com a
compra da passagem, contra um brinde para ir a Salvador. Com relação aos dados
apresentados na Tabela 14, observa-se que 54,05% dos participantes optaram pela
viagem de Porto Seguro. As justificativas dos que escolheram Porto Seguro estão
associadas ao valor já pago e ao planejamento prévio da viagem. Os que escolheram
por Salvador, 45,95% dos respondentes, justificaram suas decisões no valor agregado,
isto é, no bem estar e no divertimento que a viagem a Salvador poderia proporcionar a
eles.
Os resultados demonstram um forte efeito sunk costs, uma vez que mais da
metade dos respondentes optaram pela viagem que foi paga. Desse modo, a
evidenciação do valor do custo perdido pode ter provocado uma influencia no
comportamento baseado na premissa da aversão ao desperdício dos indivíduos
(ARKES; BLUMER, 1985).
O problema 2 (P3_2), que não envolveu o valor do custo perdido, apresentou
com resposta mais freqüente a opção por não continuar assistindo o filme ganho
(54,05%), as justificativas dos participantes para essa decisão foi o fato de não terem
pago, logo não precisariam continuar até o fim, ou seja, “uma vez que não teve um
dispêndio financeiro, não desperdiçariam seu tempo com algo que não fosse de seu
interesse”. Os 45,95% dos respondentes que optaram por continuar, argumentaram sua
escolha ao fato de não abandonar na da pela metade.
Para o segundo problema, observa-se que não ficou evidente um forte efeito de
custo perdido, pois somente, 45,95% dos respondentes optaram por continuar um curso
de ação, no qual já havia gasto tempo e não estava gerando benefícios. De acordo com
os comentários dos respondentes, pode-se associar essa escolha a premissa da
responsabilidade, ou seja, optaram em continuar assistindo o filme, pois já haviam
gasto tempo nele, e tinham a responsabilidade de terminar aquilo que começou
(ARKES; AYTON, 1999).
Procurou-se verificar se os resultados apurados foram influenciados pelas
variáveis: gênero, idade, formação e tempo de experiência. Para isso, as variáveis
foram agrupadas de tal forma que permitisse a realização do teste do qui-quadrado.
Para este estudo, o valor crítico do qui-quadrado, a um nível de significância de 0,05 e
grau de liberdade de 1, é igual a χ2 = 3,84 (SIEGEL, 1977, p. 280).
A primeira variável analisada foi a variável gênero. De acordo com a Tabela 15, o
gênero apresentou uma variação significativa no comportamento apenas no contexto
que não apresentava o custo perdido.
Tabela 15: Análise da variável gênero no Efeito Sunk Costs - contexto pessoal
Questão 1
Salvador Porto Seguro Total χ2 ρ
Masculino 14 10 24 Feminino 6 7 13 χ2 = 0,504 ρ = 0,478
Total 20 17 37
Questão 2
Sim Não Total χ2 Ρ
Masculino 7 17 24 Feminino 10 3 13 χ2 = 7,744 ρ = 0,005
Total 17 20 37
Fonte: Dados da pesquisa
O teste qui-quadrado para a variável gênero, no cenário neutro, apresentou o
valor de 7,744, o que para o nível de significância de 0,05 rejeita-se a hipótese nula.
Logo, a variável gênero, para esse constexto, pode influenciar ou não na ocorrência do
efeito sunk costs.
A variável idade apresentou variações significativas nos dois contextos, como
pode ser observado na Tabela 16, ou seja, em ambos os contextos a idade demosntrou
ser significante nas diferenças de respostas para cada cenário.
Tabela 16: Análise da variável idade no Efeito Sunk Costs - contexto pessoal
Questão 1
Salvador Porto
Seguro Total
χ2 ρ
Entre 18 e 45 anos 10 16 26
mais que 45 anos 10 1 11 χ2 = 8,561 ρ = 0,013
Total 20 17 37
Questão 2
Sim Não Total χ2 ρ
Entre 18 e 45 anos 15 11 26 mais que 45 anos 2 9 11 χ2 = 4,859 ρ = 0,028
Total 8 29 37
Fonte: Dados da pesquisa
Em ambos os questionamentos, o qui-quadrado obtido foi superior, 8,8561 e
4,859, ao estabelecido ao nível de significância de 0,05, demonstrando que a decisão
dos respondentes tem uma influencia significativa da variável idade.
Com relação à variável formação, somente no contexto da primeira questão,
houve a ocorrência de uma variação significativa entre as respostas, isto é, somente no
cenário que evidenciou o custo perdido, a variável formação demosntrou uma variação
significativa.
Tabela 17: Análise da variável formação no Efeito Sunk Costs - contexto pessoal
Questão 1
Salvador Porto
Seguro Total
χ2 ρ
Ensino Técnico e Superior 19 12 31
Pós Graduação 1 5 6 χ2 = 4,031 ρ = 0,045
Total 20 17 37
Questão 2
Sim Não Total χ2 ρ
Ensino Técnico e Superior 13 18 31 Pós Graduação 4 2 6 χ2 = 1,238 ρ = 0,266
Total 17 20 37
Fonte: Dados da pesquisa
De acordo com a Tabela 17, o valor obtido com o teste do qui-quadrado foi de
4,031, que a um nível de significância de 0,05, pode rejeitar a hipótese nula, indicando
que existe uma variação significativa na proporção das respostas em relação a
formação dos participantes.
Por fim, foi analisada a variável tempo de experiência. Conforme a Tabela 18,
somente no contexto neutro foi evidenciada uma variação significativa na proporção das
respostas em função do tempo de experiência dos participantes.
Tabela 18: Análise da variável tempo de experiência no Efeito Sunk Costs - contexto pessoal
Questão 1
Salvador Porto
Seguro Total
χ2 ρ
De 1 a 5 anos 8 11 19 Mais que 5 anos 12 6 18 χ2 = 2,245 ρ = 0,134
Total 20 17 37
Questão 2
Sim Não Total χ2 ρ
De 1 a 5 anos 13 6 19 Mais que 5 anos 4 14 18 χ2 = 7,943 ρ = 0,005
Total 17 20 37
Fonte: Dados da pesquisa
Sendo assim, de acordo com os resultados apresentados, na tabela acima,
somente no segundo questionamento a variável tempo de experiência demonstrou ter
uma variação significativa. Ou seja, o resultado do teste qui-quadrado revelou que ao
nível de significância de 0,05 a hipótese nula pode ser rejeita, uma vez que o valor do
χ2 foi de 7,943, indicando a existência de diferenças significativas nas proporções das
respostas devido ao tempo de experiência.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na revisão literária, ficou evidenciado em diversas pesquisas que, contrariando o
que diz a literatura, os custos perdidos estão sendo levados em consideração no
processo de tomada de decisão.
Sob esse prisma, a presente pesquisa buscou identificar se a evidenciação do
valor investido anteriormente afeta ou não as decisões de alocação de recursos.
Também procurou verificar se o gênero, a idade, a formação e o tempo de experiência,
afetariam a decisão. A análise foi feita com base nas 37 observações coletadas por
meio da aplicação de um questionário.
Através da analise descritiva das respostas do contexto empresarial, chegou-se
a conclusão que o valor do custo perdido pode influenciar na ocorrência do efeito sunk
costs. Isto pode ser observado mais claramente por meio dos valores das médias, pois
a medida que reduzia o montante do custo perdido, menor era a disposição média dos
respondentes em continuar investindo no cursos de ação que deveria ser abandonado.
Em relação às variáveis que caracterizam a amostra, a variável gênero e
formação demonstraram uma variação significativa no contexto que apresentava como
informação relevante o montante gasto de 1 milhão. A variável idade comprovou ser
significativa no contexto em que apresentava um custo perdido de 50% do total do
montante.
No contexto pessoal, 54,05% participantes optaram pela viagem paga,
evidenciando a influencia do montante pago no processo de tomada de decisão,
enquanto que no contexto neutro, 45,95% optaram em continuar o curso de ação que
não mais trazia benefícios futuros.
Os resultados da primeira questão, assim como no contexto empresarial, foram
associados a premissa da aversão ao desperdício, no qual a informação do montante
investindo tem certa influencia. Já as respostas da segunda questão, a favor do efeito
sunk costs, foram associadas à responsabilidade dos indivíduos.
As variáveis que caracterizam os respondentes também foram analisadas para o
contexto pessoal. No problema da viagem, a idade e formação foram as que
apresentaram variações significativas em relação ao comportamento em continuar ou
não investindo em um curso de ação, em detrimento a outro com maior beneficio
agregado. Já na questão neutra, o gênero, a idade e o tempo de experiência foram as
variáveis que demonstraram significância.
Por fim, este estudo apresenta, como limitação, o tamanho da amostra (37
questionários respondidos), o que dificultou a aplicação de testes estatísticos. Logo, a
ampliação da amostra, em futuros estudos, elimina esta limitação e permite uma
generalização dos dados, uma vez que nesta a análise não extrapola a amostra.
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APÊNDICE
APÊNDICE A
Tabela A: Empresas pesquisadas
Razão Social Bairro Porte e-mail
A Coelho Construções Civis e Ltda
Lagoa Nova
Micro
A R Projetos e Construções Ltda Tirol Médio [email protected]
A.P.V. Empreendimentos Ltda Tirol Pequeno
Aficel Construtora Ltda EPP Lagoa Nova
Micro [email protected]
Astúrias Empreendimentos Imobiliários Ltda
Candelária Pequeno astú[email protected]
Brito´s Empreendimentos e Construções Ltda
Ponta Negra
Micro [email protected]
C e E Construtora Ltda Lagoa Nova
Pequeno [email protected]
Certa Construções Civis e Industrias Ltda
Lagoa Nova
Médio [email protected]
CN Construções Ltda Lagoa Nova
Micro [email protected]
CNE Centro de Negócios Empresarias RN Ltda
Lagoa Nova
Micro [email protected]
Construtora Hema Ltda Ponta Negra
Médio [email protected]
Construtora OAS Ltda Tirol Micro [email protected]
Contato Comércio e Serviço Ltda Lagoa Seca
Micro
Crayon Empreendimentos Imobiliários Ltda
Candelária Micro [email protected]
CSM Construções Serviços e Materiais Ltda
Lagoa Seca
Pequeno [email protected]
CST Construções e Serviços Técnicos Ltda
Candelária Pequeno [email protected]
Delphi Engenharia Ltda Lagoa Seca
Grande [email protected]
Escol Empresa de Serviços e Construções Ltfa
Candelária Pequeno escol@escolconstruções.com.br
F Dois Engenharia Ltda Tirol Pequeno [email protected]
FBF Empreendimentos Ltda Candelária Pequeno [email protected]
Foss e Consultores Ltda Candelária Micro [email protected]
Haroldo Azevedo Construções Ltda
Candelária Micro www.haroldoazevedo.com.br
Hazbun Ltda Petrópolis Micro [email protected]
L.R. Engenharia e Consultoria Ltda
Ponta Negra
Micro [email protected]
Limas Construções Ltda Petrópolis Pequeno l.construçõ[email protected]
M.J. Engenharia Ltda Tirol Pequeno [email protected]
Modulo Incorporações e Construções Ltda
Tirol Pequeno
Natal Construções e Incorporações Ltda
Ponta Negra
Pequeno [email protected]
Novatec Construções e Empreendimentos Ltda
Tirol Pequeno
Paiva Empreendimentos Ltda Candelária Micro [email protected]
Sofimo Móveis Ltda Ponta Negra
Micro [email protected]
Stone Engenharia Ltda Candelária Micro
TeF Construções e Empreendimentos Ltda
Lagoa Nova
Micro [email protected]
TR Engenharia e Comércio Ltda Tirol Pequeno [email protected]
Viga Construções Ltda Candelária Pequeno [email protected]
VL Construções e Empreendimentos Ltda
Lagoa Nova
Pequeno [email protected]
APÊNDICE B Caro gestor, pedimos sua colaboração no sentido de responder a esta pesquisa que viabilizará a elaboração de uma Monografia. Informamos que as informações fornecidas serão utilizadas exclusivamente pelo pesquisador resguardando a identidade da instituição e do entrevistado, pois os dados serão tratados e analisados de maneira coletiva ou categórica. Agradecemos sua colaboração e gostaríamos de enfatizar que sua participação é muito importante para o desenvolvimento dessa pesquisa.
Questionário Parte 1 Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Idade (anos): ( ) menos de 18 anos ( ) entre 36 e 45 anos ( ) entre 18 e 25 anos ( ) mais que 45 anos ( ) entre 26 e 35 anos Formação: ( ) Ensino médio incompleto ( ) Ensino Superior Completo ( ) Ensino médio completo ( ) Pós graduação incompleta ( ) Ensino Superior Incompleto ( ) Pós graduação completa Cargo: ( ) Gerente Geral ( ) Administrador Financeiro ( ) Controler ( ) Outros:_______________ Tempo de experiência neste cargo: ( ) Menos de um ano ( ) Quatro a cinco anos ( ) Um ano ( ) Mais de cinco anos ( ) Dois a Três anos Parte 2 1) Como administrador de uma empresa de construção civil, você tinha um orçamento de 10 milhões de reais destinados à pesquisa para desenvolver um material ecologicamente correto para ser utilizado nas obras. Quando 9 milhões de reais já foram gastos, valor esse que não pode ser aproveitado em outro projeto, outra empresa começou o marketing de um material que possui a mesma matéria prima utilizada no seu. O material do concorrente é muito mais econômico e eficiente que o material da sua empresa. Diante do cenário acima, responda, numa escala de 0 a 100, qual é a sua disposição em investir o próximo 1 milhão do orçamento de pesquisa no seu projeto.
Onde: 0 = Absolutamente Eu Não Investiria 100 = Absolutamente Eu Investiria Resposta: __________ Comentários:_____________________________________________________________________________________________________________________________ 2) A sua empresa de construção civil, tem um orçamento de 10 milhões de reais destinados à projetos de construção habitacional para baixa renda. Quando 5 milhões de reais já foram gastos, sabendo que esse valor não pode ser aproveitado em outro projeto, outra empresa começou o marketing de construções de residências para famílias de baixa renda, sendo um projeto similar ao seu. Porém, as construções do concorrente são muito mais econômicas que as da sua empresa. Diante do cenário acima, responda, numa escala de 0 a 100, qual é a sua disposição em investir o próximo 1 milhão do orçamento do projeto.
Onde: 0 = Absolutamente Eu Não Investiria 100 = Absolutamente Eu Investiria Resposta: __________ Comentários:_____________________________________________________________________________________________________________________________ 3) Tendo em vista que você é um gestor de uma empresa de construção civil e possui um orçamento de 10 milhões de reais destinados ao desenvolvimento de novos sistemas de gerenciamento de custos. Quando 1 milhão de reais foram gastos em pesquisas, sabendo que esse montante só poderia ser utilizado para esse fim, uma concorrente anuncia um novo sistema com as mesmas características que o da sua empresa. No entanto, o sistema da concorrente possui algumas vantagens (ferramentas) a mais que a sua. Diante do cenário acima, responda, numa escala de 0 a 100, qual é a sua disposição em investir o próximo 1 milhão do orçamento do seu projeto. Onde: 0 = Absolutamente Eu Não Investiria
100 = Absolutamente Eu Investiria Resposta: __________ Comentários:_____________________________________________________________________________________________________________________________ 4) Suponha que você, como gestor de uma construtora, tenha investido num projeto de pesquisa para a construção de um edifício que utilizasse somente energias solar e eólica, e que faltava 3 milhões para concretizá-lo. Nesse ponto, outra empresa inicia a venda de um edifício moderno que utiliza também apenas energia solar e eólica, porém com uma tecnologia mais barata e eficiente que o seu. Diante do cenário acima,
responda, numa escala de 0 a 100, qual é a sua disposição em investir o próximo 1 milhão do orçamento do projeto.
Onde: 0 = Absolutamente Eu Não Investiria 100 = Absolutamente Eu Investiria Resposta: __________ Comentários:_____________________________________________________________________________________________________________________________ Parte 3 1) Assuma que você pagou R$1.200,00 por um pacote de viagem para passar 5 dias em Porto Seguro. Várias semanas depois você foi sorteado, numa promoção de uma loja onde havia feito compras há algumas semanas, e ganhou um pacote para passar 5 dias em Salvador. Você acha que em Salvador será mais divertida do que em Porto Seguro. Quando você está guardando o bilhete da viagem para Salvador na carteira, você percebe que as viagens, para Porto Seguro e para Salvador, ocorrerão nos mesmos dias. É tarde demais para você vender uma das viagens, e você não pode devolver nem um nem outro pacote. De modo que, você deve optar por uma das viagens abandonando a outra. Para qual das viagens você iria?
Porto Seguro____ Salvador____ Comentários:_____________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Você é assinante de um jornal e houve uma promoção que oferecia ingressos para o lançamento de um novo filme, e você ganhou um deles. Você foi ao cinema assistir um filme interessante. Após alguns minutos de filme, você percebe que o filme não era exatamente o que você imaginava. Em seguida, você recebe uma mensagem de seus amigos o convidando para sair. Você continuaria assistindo o filme?
Sim ____ Não ___
Comentários:_____________________________________________________________________________________________________________________________
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