Anlise instrumental da cor em Odontologia: consideraes bsicasCludia ngela Maziero Volpato*, Luiz Narciso Baratieri**, Sylvio Monteiro Jr.**
RESUMO A comunicao precisa da cor um dos requisitos mais importantes para o desenvolvimento da harmonia esttica e do sucesso final das restauraes, tornando a realizao de reconstrues diretas e indiretas um processo complexo devido natureza tridimensional da cor. Atravs do procedimento tradicional de seleo da cor, escalas so utilizadas por mtodos comparativos, e estas informaes, nos casos de restauraes indiretas, so repassadas ao tcnico que ser encarregado de reproduzir a cor e suas variveis.PALAVRAS-CHAVE: Cor Colorrnetros
A falta de preclsao comum na escolha da cor no deveria ser aceita como normal. Atualmente, os sistemas de anlise digital imitam os olhos humanos e conseguem eliminar o efeito da subjetividade na escolha da cor, selecionando, atravs de mapas cromticos, a informao exata para permitir que o tcnico possa reproduzir precisamente a cor escolhida. Os meios de percepo instrumental colaboram com a seleo, transmisso, reproduo e controle da cor, tanto em restauraes diretas ou indiretas, bem como em clareamentos dentrios.
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* Doutoranda em Dentistica Restauradora da Universidade Federal de Santa Cata rina, Florianpolis - se. ** Professor titular de Dentstica da Universidade Federal de Santa (ata rina - Florianpolis - se.
R Dental
Press
Estt, Maring,
v.2, n.1, p. 21-31, jan./fev./mar
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Anlise instrumentalda cor em Odontologia: consideraes bsicas
INTRODUO As restauraes dentes tidas naturais atravs para a Odontologia artesanal, nhecimento operador, dependem aliados diretas sempre esttica. e indiretas de foram um desafio totalmente do codo do tcnica artstica
o sucesso depende operador produzir
na escolha e na reproduo diretamente da percepo do tcnico atravs e da capacidade a cor desejada viveis
da cor visual do em re-
Por serem ob-
deste mtoda
de um processo e da capacidade habilidade da forma naturais
do subjetiv02, 3.Os mtodos cor em dentes categorias: ra categoria, profissionais escalas, adequadamente. racterizada ri mtricos colormetros sido amplamente para o controle industrial avaliao para a avaliao podem ser divididos a comparao padronizadas. a grande A segunda seleciona em duas Na prime~-
diretamente
visual e instrumental.
tcnico na devoluo e da cor'. A forma dos dentes
anatmica definida
visual realizaA maioria dos destas o faa cacolocomo tm minoria categoria
da com escalas pelo padro oclusal do dos dentes envolvidos executar sua funo referenciais da forma, o clnico embora
a cor atravs
tridimensionalmente paciente, gura e o comprimento possibilitam mandibular.
ou seja, tanto a altura, quanto a larao paciente Na definio
pelo uso de equipamentos de medio. e Instrumentos espectrofotmetros utilizados e monitorao
pode observar
na boca diversos
na Odontologia da fabricao de da cor em cetm sido na boca, controlar o
para a reconstruo das estruturas perdidas. Ao receber os modelos de estudo do caso, o tcnico consegue formaes no gengival, antagonistas, adjacentes referncias identificar importantes in-
de materiais
e em pesquisas
do comportamento
como pontos de contato, relacionamento superfcie e detalhes no estiverem realizar oclusal anatmicos. presentes, restauraes
contor-
com os dentes dos dentes Se estas ainda prode o
rmicas e resinas compostas',4 Atualmente, estes instrumentos projetados transmitir resultado de de selecionar obtido a cor diretamente e minimizar
para o uso clnico com a finalidaos dados ao tcnico,
assim possvel visrias copiando
o fator subjetem
sua forma em modelos possa visualizar
tivo da percepo sido caracterizada
visual. Esta proposta
gesso, para que o tcnico resultado obtid02. Diferente
como um meio objetivo da cor2,3.,S,e as-
para a anlise tridimensional
da forma, a cor um parme-
tro fsico difcil de ser analisado pelo operador e transmitido ao tcnico. Tambm de natureza tridimensional, estas trs ela a associao informaes de cores so
sim como o avano tecnolgico dos computadores e dos telefones celulares, em breve os profissionais portteis acessvel. podero ter estes aparelhos a um custo alreem seus consultrios deste artigo
de parmetros dicionalmente, obtidas atravs
de matiz, valor e croma. Trade comparaes realizadas padronise d dos den-
O objetivo ternativas produo damentos
explo~as transmisso,
para a seleo,
com o auxlio de escalas zadas. A comunicao atravs de esquemas tes envolvidos
com o tcnico cromticos
e controle da cor, atravs de funbsicos sobre a natureza da cor e dos equipamentos utili-
do funcionamento
e fotografias.
Desta forma,
zados para a anlise instrumental.
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ICOMPREENDENDOA COR A cor o resultado do comportamento da luz, atravs de seus comprimentos de onda, do no olho humano. Ela no propriedade objeto, e sim da luz que entra olhos a partir dele6. Quando atinge os olhos, a luz assimilada pelas clulas cones presentes Estasclulas fotoreceptoras na retina. b) objeto
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mais azulada sob uma luz fluorescente, podendo retornar sua cor inicial na
presena da luz do dia. observado: quando a luz inci-
em nossos
de em um objeto, comportamentos do objeto.
ela pode ter vrios em funo do tipo
Se o mesmo for transparencomo um meio absor-
te, ele funciona vente deixando
so basicamenaquelas com para o vermepara o
que a luz passe por ele, enxergar atravs
te divididas em trs categorias: sensibilidade mais acentuada
e, por isso, podemos deste objeto.
Se o objeto
for transl-
lho, outras para o verde e as ltimas azul. Quando a luz sensibiliza overmelho, um pigmento sintetizado. Ao atingir
cido, parte da luz passa por ele (transmisso) e parte refletida, tece integralmente com como aconos objetos
os cones para critolase
chamado
os cones sensveis obtida. produda luz7.
opacos. A reflexo
da luz que acontece
para o verde, a sntese de clorolase Finalmente, o pigmento canolase
com os objetos opacos e translcidos conhecida como reflectncia difusa e responsvel olhos, X resultando por sensibilizar na produo nossos da cor
zido pelos cones azuis na presena
Portanto, de acordo com a cor do objeto,
a quantidade de luz refletidacones vermelhos, azuis. Cada pigmento svel por um estmulo bro simultaneamente Ias (X,Y,Z)e, de acordo dos respectivos
sensibiliza
do objeto. c) interpretao do observador: a perceppsicofsico e conhecivisual. Atravs visual, possvel de cor,
Y cones verdes e Z cones resultante responEstas
o da cor um processo que varia entre indivduos do como individualidade de um treinamento identificar situao no meio percepo funo pequenas que ocorre odontolgico. da cor
colori mtrico. na forma
trs mensagens so encaminhadas
ao cre-
de tristmu-
com a concentrao a cor resultante Se as concenob-
diferenas
pigmentos,
corriqueiramente Alteraes ocorrer na em
aquela observadatraes forem servado branc078 Este fenmeno
no objeto.
iguais
(X=Y=Z), o objeto
podem
da fadiga,
idade, tempo
de ex-
conhecido
por "percep-
o visual da cor" e pode ser influenciado por trs fatores8:
pos~ do olho ou doenas relacionadas cor, como o daltonismo.
a) caractersticas
da fonte
luminosa:
o ilupara o
PERCEPO INSTRUMENTAL
DA COR
minante um fator reconhecimento uma fonte luminosa Por exemplo:
importante
A percepo visual da cor o mtodo de seleo mais utilizado na Odontologia. Os dentes e a escala de cores so analisados simultaneamente sobre as mesmas condies luminosas. O processo de escolha da cor multifatorial inclui a cor, forma, brilho, textura superficial, e
do objeto. Ele pode ser natural ou artificial.
uma folha de papel branna pree
ca pode parecer mais amarelada
sena de uma lmpada incandescente
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translucidez,
cor gengiva I, infiuncia
dos den-
com pequenas janelas de observao que permitem a leitura de apenas uma rea do dente, a fim de viabilizar o seu uso clnico em breve. Dois tipos de equipamentos trofotmetros4. podem ser utilie os especanalisam os
tes adjacentes, posio do dente na boca, fonte luminosa e a experincia tos destes fatores do observador9. Difeos efeivariada. Diversas
rentes observadores podem interpretar de forma
zados para este fim: os colormetros ". Os colormetros
desvantagens tm sido associadas s escalas: o nmero de cores insuficiente, sistematicamente distribudas elas no esto de acordo com o
valores para o vermelho, verde e azul refietidos atravs de filtros que simulam os receptores do' olho humano. Os tristmulos vertidos em coordenadas X, Y e Z so conL* a* e b* do sistema
espao de cor CIEL*a*b* (espao de cor estabelecido pela Comisso Internaconal onde o L* indica a luminosidade coordenadas de cromaticidade), de L'Eclairage, e a* e b* so o material disno
CIEL*a*b*. O uso dos sistemas de coordenadas possibilita interpretar e definir objetivamente
ponvel para uso em clnica e laboratrio
os fenmenos
fsicos na percepo instrumenL* representa a lumia* ao
o mesmo das escalas e a espessura dos dentes presentes nos guias no simula a condio clnicalO Outras variveis tm sido identificadas contriburem por
tal da cor,6. A coordenada
nos idade ou brilho do objeto, a coordenada representa os valores que vo do vermelho verde e a coordenada
com os erros durante o processo
b* os valores do azul ao
de reproduo da cor: a mesma cor em diferentes fabricantes tem diferenas visveis, comp-
amarelo. O espao entre dois pontos coloridos calculado como uma diferena olho humano pode identificar de cor (.0.E). O
sitos podem variar de cor de acordo com o seu tipo e partculas, o nmero de camadas das resinas utilizadas influencia no resultado final, a cor do substrato dentrio decisiva no aspecto final das restauraes diretas, cermicas da mesma cor e fabricantes podem apresentar outra cor estvel metlico
valores de .0.Een-
tre 0.3 e 0.5 unidades de diferena'7 J os espectrofotmetros tram a quantidade transmitida primento medem e regisrefletida ou
de luz radiante
de um objeto atravs de seu comde onda. Este registro L* (Iuminosidade), obtido nas
aps a queima, a cor no permanece aps algumas queimas e o substrato ou cermico podem infiuenciar
coordenadas
a* (valor) e b*
na reproduo
(croma)'3. Os espectrofotmetros r.~/recisos so aqueles de esfera de integrao, chamados pticos esfricos, nos quais o objeto exposto luz em diferentes ngulos e direes durante
da cor final da cermica em funo da sua espessura".
A percepo instrumentaltivo, quantificvel
tem sido preferida
a sua anlise. Na boca, como a janela de leitura dos espectrofotmetros muito pequena, a luz
sobre a visual porque torna este processo objee rpido12"3"4"5. Ela represen-
difusa e dirigida para a superfcie do dente em apenas um sentid06.13.
ta um mtodo promissor por evitar os aspectos subjetivos pamento da cor, sendo um importante para a determinao, equie
quantificao
Procedimentos para a seleo da cor dedentes naturais e conferncia da cor em restauraes na boca
comparao das cores. Os aparelhos convencionais utilizados tradicionalmente pelas inds-
trias so grandes e de custo elevado, portanto, equipamentos portteis tm sido desenvolvidos
a) Limpeza dos dentes: recomendvel limpar e remover qualquer mancha que possa
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Caractersticas
. Sistema
.SpectroShade (MHT, Sua)Espectrofotmetro
de alta preciso atravs de leituras completas dos dentes e no apenas de pontos. Possibilita a leitura de dentes naturais e restauraes. indi-
. Confere a cor das restauraes retas. . O nmero de imagens obtidas . .
ilimitado, fornecendo um mapa cromtico preciso. Consegue controlar as mudanas obtidas pelo clareamento dental, atravs dS diferenas de cor. O leitor tico desconfortvel ao paciente devido ao seu tamanho, podendo gerar imagens desfocadas.
inclui valores de e croma. )dem ser observadas em especfico do sistema, para o
IdentaColor
11(Identa,
Dinamarca)
EspectrofotrT'~
LeitUra realizada atravs de pontos. . .Fcil manuseio devido ao pequeno tamanho do leitor. Pode fazer leituras em dentes anteriores
.
. e posteriores. . Permite imprimirobtidos.
os resultados
devido ao seu leitura para dentes restauraes diretas e atravs de medidas de uma rea (pontos). um mapa cromtico dos teros cervical, mdio e incisal. . Pode ser utilizado para regies anteriores e posteriores. compatvel apenas com as cores das escalas Vita Clssica eVita 3D-Master (Vita-Zahnfabrik, Alemanha). . Sistema porttil de fcil manuseio. mdulos de leitura: dentes naturais, cermicas e clareamentos. O sistema apresenta melhores resultados com as cermicas do fabricante.
. Possui trsShadeEye-NCC (Shof, Japo) Colormetro
.
. As medidas obtidas
por pontos permitem a obteno de um mapa cromtico digitalizado em computador.
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Figura 1 - Observe o equilbrio entre a natureza tridimensional
da forma e da cor.
estar na superfcie dentria a ser medida para que no ocorram interferncias no resultado final da leitura (Fig. 1). b) Apoiar a sonda de medio contra o dente: muito importante que a sonda esteja adequadamente posicionada durante a leitura da cor. Para tal, ela deve estar perpendicular superfcie que vai ser medida. Aps o seu correto posicionamento, o interruptor dever ser pressionado e a leitura se completar em 1 a 2 segundos (Fig. 2). c) Ler a cor obtida: o resultado obtido estar registrado na planilha do equipamento.
Poder estar na forma de coordenadasa* e b* ou no nmero
L*,
da cor. Escalas uni-
versais (Vita Clssica ou Vita 3D-Master, Vita-Zahnfabrik, (Fig.3A). d) Conferir a cor do dente mediante a escala de cores: aps a obteno da cor pode-se conferir a cor do dente com as escalas acima citadas (Fig. 38). e) Obteno de um mapa cromtico: como as sondas medem uma pequena rea do dente, possvel realizar vrias leituras do Alemanha) so utilizadesta numerao das como referncias
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