Acidentes por Animais Peçonhentos
• 1970 – Criação dos Centros de Controle de Intoxicação
Realizado o “mapeamento” toxicológico do pais, demonstraram que os acidentes por animais peçonhentos representam a segunda causa, superados somente por intoxicação medicamentosa.
• Década de 80 – Implantação do Programa Nacional de Controle de Acidentes por Animal Peçonhento, do Ministério da Saúde.
• Coleta de dados: realizado o fornecimento de Soro somente mediante notificação de casos.
Ofidismo
2.500 espécies catalogadas em todo o mundo, 250 são encontradas no Brasil;
70 são consideradas peçonhentas, se dividindo em duas famílias.
Notificações por Ofidismo no Brasil em 2005
Região Número de casos Incidência (x 100.000)
Norte 8.463 54.8
Nordeste 6.767 12.8
Sudeste 7.635 9.5
Sul 2.741 10.0
Centro- Oeste 2.799 22.6
Brasil 28.597 15.0
Ofidismo
Ofidismo
• Gênero Bothrops – 30 espécies– todo território nacional, zonas rurais,
periferias de grandes cidades, locais úmidos
– Hábito noturno, crespuscular– Jararaca,ouricana, jararacuçu, urutu-
cruzeira, jararaca-do-rab-branco, malha-de-sapo, patrona, surucucurana, combóia, caiçaca
Bothrops sp
Bothrops sp
B. atrox B. erythromelas B. neuwiedi
B. jararaca B. jararacussu B. alternatus
Ofidismo
• Gênero Crotalus– Várias subespécies, pertencentes à
espécie Clotarus durissus;– Campos abertos, áreas secas, arenosas
e pedregosas;– Habitualmente não atacam, ruído
característico do guizo ou chocalho;– Cascavel, cascavel-quatro-velas,
boicininga, maracambóia, maracá;
Crotalus sp
Crotalus sp
Ofidismo
• Gênero Lachesis– Espécie Lachesi muta, com 2
subespécies– Maior das serpentes peçonhentas das
Américas (3,5m)– Florestas e áreas úmidas– Surucucu, surucucu-pico-de-jaca,
surucutinga, malha-de-fogo
Lachesis sp
Ofidismo
• Gênero Micrurus– 18 espécies– Todo território nacional– Pequeno e médio porte (1m)– Anéis vermelhos, pretos e brancos– Coral, coral verdadeira, boicorá– Falsas coráis: ausência de dentes
inoculadores e diferente configuração dos anéis
Micrurus sp
Ofidismo
• Família Colubridae– Algumas espécies do gêneros:
Philodryas e Clelia– dentes inoculadores, ausência de
fosseta loreal– Cobra-cipó ou cobra-verde, muçurana
ou cobra-preta;
Philodryas olfersii
Clelia clelia
M. corallinusL. mutaC. durissus
M. frontalis M. lemniscatus
Mecanismos de ação dos venenosAtividade Veneno EfeitosInflamatória aguda Botrópico e laquético
(jararaca, surucucu)Lesão endotelial e necrose no localLiberação de mediadores inflamatórios
Coagulante Botrópico, laquético e crotálico (jararaca, surucucu, cascavel)
Incoagubilidade sanguínea
Hemorrágica Botrópico e laquético(jararaca, surucucu)
Sangramento local e à distância(gengivorragia, hematúria..)
Neurotóxica Crotálico e elapídico(cascavel, coral)
Bloqueio da junção neuromuscular
Miotóxica Crotálico (cascavel) Rabdomiólise“vagomimética” Laquético (surucucu) Estimulação colinérgica
( vômitos, dor abdominal, diarréia, hipotensão, choque)
Ofidismo
• Acidente Botrópico (jararaca)– Maior importância epidemiológica (90%)– Ações do veneno:
• “Proteolítica”: edema, bolha e necrose têm patogênese complexa: liberação de mediadores da resposta inflamatória
• Coagulante: Alteração da função e número de plaquetas
• Hemorrágica: hemorraginas causam lesão na membrana basal dos capilares, associa à plaquetopenia e alterações de coagulação
Ofidismo
• Acidente Botrópico– Local: processo inflamatório, edema
tenso, equimose, dor e adenomegalia regional e progride ao longo do membro acometido para bolhas (seroso, sero-hemorrágico) e, eventualmete para necrose.
– Sistêmico: alteração da coagulação, sangramentos espontâneos . Náusea, vômito, sudorese, hipotensão, choque.
Ofidismo
• Acidente Botrópico– Complicações:
• Abscesso: 10 a 20% • Necrose: maior risco nas picadas de
extremidades• Choque: raro, multifatorial (liberação de
substâncias vasoativas, seqüestro de líquido, perda por hemorragia)
• Insuficiência Renal Aguda: multifatorial (ação direta nos rins, isquemia renal secundária a microtrombos em capilares, desidratação ou hipotensão ou choque)
Ofidismo
• Acidente Botrópico– Exames:
• Tempo de Coagulação: elucidação diagnóstica e acompanhamento
• Hemograma: leucocitose, neutrofilia, plaquetopenia
• EAS: proteinúria, hematúria, leucocitúria• Outros: eletrólitos, uréia, creatinina
BOTRÓPICO
BOTRÓPICO
Ofidismo
• Acidente Crotálico (cascavel) – Cerca de 7,7% dos acidentes ofídicos no
Brasil– Maior coeficiente de letalidade (IRA)– Ações do Veneno:
• Neurotóxica: inibe liberação de acetilcolina, bloqueio neuromuscular;
• Miotóxica: liberação de enzimas e mioglobina. • Coagulante: consumo de fibrinogênio, não há
redução de plaquetas, manifestações hemorrágicas discretas
Ofidismo
• Acidente Crotálico– Locais: sem ou pouca dor, parestesia,
edema, eritema– Sistêmicas:
• paralisia neuro-muscular: fácies miastênica (ptose, flacidez da musculatura da face), distúrbios de acomodação visual, de olfato, de paladar e sialorréia
• dores musculares generalizadas, • Incoagubilidade sangüínea ou aumento do
tempo de coagulação
Ofidismo
• Acidente Crotálico– Complicações:
• Parestesia local de longa duração: rara, porém reversível em semanas
• IRA: com necrose tubular e instalação em 48h.
CROTÁLICO
Ofidismo - Crotálico
• Tratamento geral– Hidratação venosa– Manitol a 20% 5ml –kg na criança e
100ml –kg no adulto– Furosemida 1mg-kg dose na criança e
40mg-dose no adulto– Manter pH urinário acima de 6,5 com
bicarbonato de Na
Ofidismo
• Acidente Laquético (surucucu)– Raros– Ação do Veneno:
• Coagulante: atividade tipo trombina• Hemorrágica• Neutrotóxica: estímulo vagal
Ofidismo
• Acidente Laquético– Locais: semelhantes às do acidente
botrópico– Sistêmicas: hipotensão, tontura,
bradicardia, cólicas abdominais, diarréia– Complicações: semelhantes às do
acidente botrópico
Ofidismo
• Acidente Laquético– Exames:
• Tempo de coagulação
– Diagnóstico diferencial com acidente botrópico: manifestações da “síndrome vagal”
Laquético
Edema, equimose, necrose cutânea (foto: J.S. Haad)
Ofidismo
• Acidente Elapídico (coral) – 0,4% dos acidentes no Brasil– Todo acidente elapídico é grave– Ações do veneno
• Neurotoxinas de ação pós-sináptica:– Baixo peso molecular, rápida absorção, sintomas
precoces– Competem com acetilcolina na junção neuromuscular– Uso de anticolinesterásicos
• Neurotoxinas pré-sinápticas: – Bloqueiam liberação da acetilcolina na junção
neuromuscular
Ofidismo
• Acidente elapídico– Locais: discreta dor, parestesia com
progressão proximal – Sistêmicas: vômitos, fraqueza muscular
progressiva ( ptose palpebral, oftalmoplegia). Pode comprometer musculatura respiratória: insuficiência respiratória aguda.
Elapídico
Ofidismo
• Tratamento Geral:– Elevar e estender o segmento
acometido– Analgésicos– Hidratação– SAE
Escorpionismo
• Epidemiologia– Importantes pela alta frequência e
potencial gravidade– 8000 casos-ano– MG e SP: 50% dos casos. Aumento
importante nos estados: BA; RN; AL; CE– Membros superiores– Letalidade 0,58%
Escorpionismo
• Espécies de importância no Brasil– Tityus serrulatus: Ba, ES, GO, MG, PR,
RJ, SP– Tityus bahiensis: GO, SP, MS, MG, PR,
RS, SC– Tityus stigmurus:NE– Tityus cambridgei:AM– Tityus metuendus: AM, AC, PA
Escorpionismo
– Os escorpiões são animais que se encontram em terra firme, habitando em regiões quentes e temperadas além de locais que tenham um aumento da umidade. Tendo como principal característica hábitos noturnos.
T. bahiensis / Escorpião Marron
T. serrulatus / Escorpião Amarelo
T stigmurus
10/02/11 Profa. M.sc Solange Avelar
10/02/11 Profa. M.sc Solange Avelar
10/02/11 Profa. M.sc Solange Avelar
Escorpionismo
• Ações do Veneno:– Dor local– Alterações nos canais de Ca:
despolarizações e acetilcolina
Escorpionismo
• Clínica:– Locais:
• Acidentes por Tityus serrulatus (amarelo) são mais graves
• Dor local, parestesia
– Sitêmicas: hipo-hipertemia, sudorese profusa, náuseas, vômitos, sialorréia, dor abdominal, diarréia, arritmia cardíaca, hiper-hipotensão, ICC, choque, taquidispnéia, edema pulmonar agudo, agitação, sonolência, confusão mental, hipertonia, tremores
Escorpionismo
• Gravidadade:– Espécie, tamanho, quantidade de
veneno, massa corporal do acidentado e sensibilidade do paciente
• Exames complementares:– ECG: desaparecem em 3 dias, podendo
persistir por 7 – 10 dias
Araneísmo
• Phoneutria – Aranha armadeiras– Acidentes intra e peridomicílio, entulhos,
material de construção, lenha, sapatos– Em mãos e pés, adultos ambos os sexos– 42% dos acidentes de araneísmo
notificados no Brasil
AraneísmoLoxosceles (aranha marrom): cascas desprendia das árvores,
construções;
Phoneutria (armadeira, aranha-da-banana, aranha macaca ): construções, palmeiras, troncos.
Latrodrectus (viúva-negra): culturas de milho, trigo, linho, amendoim.
Mygalomorphae (caranguejeira): habitação humana e ambiente natural.
Latrodrectus (viúva-negra)
Phoneutria (armadeira)(Trabalhadores no cultivo de Banana)
Loxosceles (aranha-marrom)
Mygalomorphae (caranguejeira)
Phoneutria
Araneísmo
• Phoneutria– Ações do veneno:
• Ativação e retardo da inativação dos canais de Na: despolarização de fibras musculares e terminações nervosas: liberação de acetilcolina e catecolamina
• contração de musculatura lisa vascular, aumento da permeabilidade vascular
Araneísmo
• Phoneutria:– Clínica:
• Locais: mais importantes– Dor, edema eritema, parestesia, sudorese
• Sistêmicos: – Taquicardia, hipertensão ou hipotensão arterial,
sudorese, vômitos, agitação psicomotora, sialorréia, priapismo, hipertonia muscular, choque, edema agudo de pulmão
Edema discreto em dorso de mão em paciente picado há 2 horas por Phoneutria sp
Araneísmo
• Loxosceles– Epidemiologia
• Forma mais grave de araneísmo no Brasil• Região sul ( PR, SC)• Acidentes em intradomicílio• Acomete mais coxa, tronco e braços
Loxosceles
Araneísmo
• Loxoceles – Ações do Veneno:
• atua em membrana celular levando à ativação do sistema do complemento, da coagulação e das plaquetas
Araneísmo
• Loxoceles:– Clínica:
• Forma cutânea: 87 – 98% dos casos– Dor, edema endurecido, eritema (pouco valorizados
pelo paciente)– Lesão sugestiva: enduração, bolha, equimoses e dor
em queimação– Lesão característica: dor em queimação, lesões
hemorrágicas focais, mescladas com áreas pálidas ( placa marmórea) e necrose. Pode evoluir para escara (7-12 dias) e úlcera de difícil cicatrização em 3 – 4 semanas
– Astenia, febre, cefaléia, exantema morbiliforme, petéquias, mialgia, sonolência, obnubilação, irritabilidade, coma
Araneísmo
• Laxoceles:– Forma cutâneo-visceral (hemolítica)
• Além do comprometimento cutâneo ocorre hemólise intravascular
• Anemia, icterícia, hemoglobinúria, petéquias, equimoses, CIVD, IRA
– Exames complementares:• Hemograma: leucocitose, neutrofilia,
anemia, plaquetopenia, reticulocitose, hiperbilirrubinemia indireta, hiperpotassemia, ↑ uréia, ↑creatinina, alteração do coagulograma
Loxoscelismo
Picada de aranha com 3 dias
Picada de aranha com 4 dias
Picada de aranha com 6 dias
Picada de aranha com 9 dias
Picada de aranha com 10 dias
Latrodectus
Blefarite em paciente picado por Lactrodectus
Acidentes com himenópteros e outros:• Abelhas (Apidae)• Vespas (Vespidae)• Marimbondos (Vespidae)• Formigas (Formicidae)• Lacraias
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