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5 de outubro de 19941Hsempreuma noite terrvelpara quem sedespede / doesquecimento.O Anjo de Eros ardia, encostado chamin! "alava #ai$o! repetia, com tempo,o mesmo som. Olhando a chuva, o meu corpo tinha vontade de apa%ar todas aslu&ese, seal%umviessede"orae#atesse, inocentedestemundodechama, porta,o anjosentiria, inevitavelmente,que ele eraestranho aolugare chama. 'or achama ser, como o se$o, uma a"irma()o da vontade pr*pria, ele contemplava+senela, ardendo, er%uiam+sedolumela#aredascomplenaconsci-nciadedecidir!de"ender+se do n)o+ser, pensei,partilhado por ele e pelos animais e pelas pedrase tam#m pela noite sacri"icada / ao pavor e ale%ria.'orque, a"inal, tudo o que se passava onda que se a#re / no corpopassava+se dentro de mim. Al%um #ateu porta, ainda lon%e, precisamente onde a%rande sala principiava, e per%untou+me com aquela vo&com que os jovens hesitam nas per%untas,.EstaacorteondeErosvem#uscar oseuAnjo/.per%untou+me,metendo um p porta, e acrescenta que s* conhece a noite que#rada da prticado amor, . 0as pressinto . a"irma . que outras rique&as sur%em. . 'enso, paramim, que se uma a#elha me procurasse nos l#ios,ondeprocuraria sa#erseelapousapara me morder, ou para me "alar, mas di%o+lhe somente o que o poeta di&, 'edemtanto a quem ama, pedem / o amor. Ainda pedem / a solid)o e a loucura.1a sala + onde estou so&inha com a chama, e Eros sentado, ou sentada, nacadeira em que ha#itualmente ponho os ps,o sil-nciode pedra / escura, iluminada.2enho, "inalmente, va%ar paracontemplar demoradamenteoencontrodoAnjo com o seu Eros. 3 o meu corpo que incendeia a chama444444444444444444444444444444444444che%ouomomentoemquevoudei$ar dease%uir comoolhar. 5e a chama sair da janela, o meu corpo recondu&i+la+ ao seu lu%ar para quen)oconsumaaa#erturadajanela, edepoisoar e$terior e, por "im, todaarespira()odo6niverso! ponhoam)oqueescrevenojoelhodeEros, m)ode7 0aria 8a#riela 9lansol + :nqurito s ;uatro ovem in"initamente estranha, penso.. :n"initamente estranha tu s, * ?isitante + di& o Anjo ., t)o in"initamentedi"erente do que jul%as que s. :ncendeias povoa(@es, rou#as e matas, e ale%ras omundo, e aterrori&as, e queimas os lu%ares reticentes deste mundo.A. 5e tiveres um vislum#re de quem sou . di&+lhe a jovem ., e de quemme levou a olhar para ti, neste lu%ar da sala,tira+me a vo&, e d+me a arte de durar, de transmutar o corpo, e de ter m)os que crescem.1a sala, onde estou so&inha com a chama 4444444.A As "rases entre aspas assim como, trans"ormada, a "rase que come(a por :ncendias povoa(@esBpertencem a um poema de Her#erto Helder que tem por ttulo O 9u%ar.