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Piracicaba, 05 de fevereiro de 2016. >> A reprodução deste artigo ou de trechos do mesmo é autorizada, sendo obrigatória a citação do nome dos autores. Câmbio ajuda, volume exportado bate recorde, mas faturamento em dólar volta a cair em 2015 Geraldo Sant´Ana de Camargo Barros, PhD Professor Titular e Coordenador Cepea/Esalq-USP Andréia Cristina de Oliveira Adami, Dra. Pesquisadora do Cepea/Esalq-USP Luana Fricks, Estagiária Graduanda do Curso de Ciências Econômicas [email protected] Em 2015, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas pela economia brasileira, o agronegócio exportou volume recorde – após a redução de 6% em 2014. O câmbio alavancou a atratividade dos produtos agrícolas exportados, mesmo com a queda generalizada dos preços em dólar. Cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, mostram que, entre janeiro e dezembro de 2015, comparativamente ao mesmo período de 2014, o volume exportado pelo agronegócio brasileiro (IVE-Agro/Cepea) cresceu 15,9%, e os preços em dólares recebidos pelos exportadores do setor retraíram-se em mais de 18% (IPE- Agro/Cepea). Nesse mesmo comparativo, com volume em alta e preços externos (em dólar) em queda, o faturamento em dólar do setor recuou quase 9% – em 20014, já havia caído 3%, fechando em US$ 98 bilhões –, retornando à casa dos US$ 89 bilhões. Em Reais, contudo, o faturamento cresceu 14%. A desvalorização média de 22% da taxa de câmbio efetiva real do agronegócio (IC-Agro/Cepea) nesse período quase que compensou toda a queda de preços de forma que a atratividade das exportações do agronegócio brasileiro teve redução de apenas 1,1%. Observa-se na Figura 1 que o volume das vendas externas do agronegócio nacional em 2015 cresceu de fevereiro a julho e, a partir de agosto, passou a oscilar, terminando o ano em patamar www.cepea.esalq.usp.br [email protected] 19 3429-8837 • PIRACICABA - SP

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Piracicaba, 05 de fevereiro de 2016.

>> A reprodução deste artigo ou de trechos do mesmo é autorizada, sendo obrigatória a citação do nome dos autores.

Câmbio ajuda, volume exportado bate recorde,

mas faturamento em dólar volta a cair em 2015

Geraldo Sant´Ana de Camargo Barros, PhD

Professor Titular e Coordenador Cepea/Esalq-USP

Andréia Cristina de Oliveira Adami, Dra.

Pesquisadora do Cepea/Esalq-USP

Luana Fricks, Estagiária

Graduanda do Curso de Ciências Econômicas

[email protected]

Em 2015, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas pela economia brasileira, o agronegócio exportou volume recorde – após a redução de 6% em 2014. O câmbio alavancou a atratividade dos produtos agrícolas exportados, mesmo com a queda generalizada dos preços em dólar. Cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, mostram que, entre janeiro e dezembro de 2015, comparativamente ao mesmo período de 2014, o volume exportado pelo agronegócio brasileiro (IVE-Agro/Cepea) cresceu 15,9%, e os preços em dólares recebidos pelos exportadores do setor retraíram-se em mais de 18% (IPE-Agro/Cepea).

Nesse mesmo comparativo, com volume em alta e preços externos (em dólar) em queda, o faturamento em dólar do setor recuou quase 9% – em 20014, já havia caído 3%, fechando em US$ 98 bilhões –, retornando à casa dos US$ 89 bilhões. Em Reais, contudo, o faturamento cresceu 14%. A desvalorização média de 22% da taxa de câmbio efetiva real do agronegócio (IC-Agro/Cepea) nesse período quase que compensou toda a queda de preços de forma que a atratividade das exportações do agronegócio brasileiro teve redução de apenas 1,1%.

Observa-se na Figura 1 que o volume das vendas externas do agronegócio nacional em 2015 cresceu de fevereiro a julho e, a partir de agosto, passou a oscilar, terminando o ano em patamar bem mais elevado do que do mesmo período do ano anterior. Ao se comparar o desempenho do volume exportado (IVE-Agro/Cepea) em dezembro de 2015 com o do mesmo mês de 2014, constata-se expressivo aumento de 45,37%.

Os preços em dólares dos produtos exportados pelo agronegócio brasileiro (IPE-Agro/Cepea) iniciaram 2015 com tendência de alta, mantida até maio. De junho em diante, no entanto, a trajetória é de queda. Ao longo de todo o ano, os preços estiveram em níveis inferiores aos de 2014. Em dezembro, mais especificamente, houve redução de quase 19% nos preços em dólar, no comparativo com o mesmo mês de 2014 (Figura 1).

O Índice da Taxa de Câmbio Efetiva Real do Agronegócio (IC-Agro/Cepea) demonstra que ocorreu uma desvalorização acentuada do Real frente às moedas dos principais parceiros comerciais do agronegócio brasileiro de janeiro a setembro de 2015, com pequena valorização após esse período, mas o que prevaleceu em todo ano de 2015 foi a tendência forte de desvalorização do Real. Comparando-se dezembro de 2015 com dezembro de 2014, a queda foi de 31,6% (Figura 1).

Desse modo, o Índice de Atratividade do Agronegócio (IAT-Agro/Cepea), que combina o comportamento dos preços em dólar e da taxa de câmbio, esteve em alta até março, passou, então, a apresentar períodos de crescimento e de decréscimo. Comparando-se dezembro de 2015 com dezembro de 2014, houve aumento de 7,3% (Figura 2).

Figura 1 - IPE-Agro, IVE-Agro, IAT-Agro e IC-Agro. Dados mensais de janeiro de 2014 a dezembro de 2015 (índice: jan/14=100).

Fonte: Cepea/Esalq-USP

Tabela 1 – Desempenho das exportações do agronegócio em diferentes períodos.

 

Jan-dez15/jan-dez14

dez15/dez14

Volume

15,9%

45,37%

Preço em Dólar

-18%

-19%

Faturamento em Dólar

-9%

+1,4%

Índice Câmbio Agro

-22%

-31,6%

Preço em Real (Atratividade)

-1,1%

+7,3%

Faturamento em Real

14%

55,91%

Fonte: Cepea

Desempenho de 2000 a 2015: preços em reais mantêm-se praticamente estáveis

A Figura 2 ilustra a evolução dos diversos índices calculados pelo Cepea ao longo dos últimos dezesseis anos, de janeiro de 2000 a dezembro de 2015. Observa-se que, nesse período, o agronegócio brasileiro apresentou expressivo crescimento de 267% do volume exportado (IVE-Agro/Cepea), acompanhado da valorização de 37,6% da moeda nacional, em termos reais, frente à cesta de moedas dos dez principais parceiros comerciais do agronegócio (IC-Agro/Cepea). Nesse período, a atratividade das exportações do agro (IAT-Agro/Cepea), que representa os preços em reais, oscilou pouco, principalmente nos últimos três anos, apresentando decréscimo de apenas 0,4% em relação a 2000. Já os preços em dólar dos produtos agropecuários exportados (IPE-Agro/Cepea) obtêm valorização de 60,8% no período, apesar das quedas anuais observadas a partir de 2011.

Figura 2 - IPE-Agro/Cepea, IVE-Agro/Cepea, IAT-Agro/Cepea e IC-Agro/Cepea. Dados anualizados (Índice: 2000=100).

Fonte: Cepea/Esalq-USP

BALANÇA COMERCIAL - Em um cenário em que a demanda externa pode ajudar a reduzir o impacto da queda do Produto Interno da economia brasileira, as exportações agropecuárias assumem papel ainda mais relevante. Além de gerar emprego e renda, o setor tem contribuído fortemente para a estabilidade macroeconômica do País por meio de seu faturamento externo, uma vez que a entrada de divisas ameniza o déficit comercial proveniente dos outros setores produtivos, que foi de aproximadamente US$ 55 bilhões em 2015. Já o superávit gerado pelo agronegócio foi superior a US$ 75 bilhões no ano e mais que compensou toda saída de moeda gerada pelos outros setores. Com isso, a balança comercial fechou o ano com superávit por volta de US$ 19 bilhões.

Nos últimos 16 anos, de 2000 a 2015, o saldo comercial do agronegócio brasileiro (receitas das exportações menos gastos com importações em dólares) mais que quintuplicou, apresentando crescimento da ordem de 447% - Figura 3.

Figura 3 – Evolução do saldo comercial do agronegócio brasileiro (índice: 2000=100).

Fonte: Cepea/Esalq-USP

Exportações dos principais produtos do agronegócio e destinos

Em 2015, aumentaram os volumes exportados (IVE Agro/Cepea) de quase todos os produtos considerados nos índices de exportação do Cepea. Os grandes destaques foram milho (40,04%), etanol (32,05%) e óleo de soja (27,96%). Já a carne bovina e o açúcar tiveram reduções nos embarques de, respectivamente 12,13% e 0,47% - Figura 4.

Figura 4 – Volume das Exportações para Produtos Específicos (IVE-Agro/Cepea) – variações percentuais referentes a jan-dez de 2015 em comparação com jan-dez de 2014.

Fonte: Cepea/Esalq-USP

Em 2015, o milho teve como destino principalmente o continente asiático. Vietnã importou 16,87% do total embarcado; Irã, teve participação de 14,92%, Coreia do Sul, de 10,23% e, Japão, de 9,34%.

Países asiáticos também se destacaram nas compras do óleo e da soja em grão. A Índia recebeu 47,82% de todo o óleo de soja exportado pelo Brasil; a China, ficou 12,05% e Bangladesh, com 9,10%. Já no caso da soja em grão, as vendas para China tem crescido ainda mais e, em 2015, chegaram a 75,24% das exportações brasileiras. O farelo teve como destino principais os Países Baixos (22,91%), Indonésia (13,26%), França (10,70%) e Alemanha (10,46%).

O complexo sucroalcooleiro nacional teve como principais parceiros para a venda do etanol os Estados Unidos (51,23%) e a Coreia do Sul (24,24%); o açúcar foi mais distribuído, com 10% indo para a China, 9,98% para Bangladesh, 6,76% para a Argélia, 6% para a Índia e 5,5% para Emirados Árabes.

Como de costume, a Rússia continuou sendo a principal compradora da carne suína brasileira, recebendo 51,24% do total exportado pelo País, seguida por Hong Kong, com 18,79%. As carnes de aves seguiram principalmente para Arábia Saudita (19,87%) e Japão (12,18%) e as carnes bovinas, foram para Hong Kong (14,10%), Egito (13,39%), Rússia (11,84%), Venezuela (11,53%) e China (10,21%).

Quanto aos preços em dólar, houve recuo para todos os produtos acompanhados pelo Cepea, no comparativo de 2015 com 2014: carne suína (27,78%), etanol (26,58%), soja em grão (24,18%), farelo de soja (23,07%), óleo de soja (20,16%), açúcar (18,83%), carne de aves (15,46%), frutas (9,33%), milho (9,03%), suco de laranja (8,79%), café (8,45%), carne bovina (8,39%), celulose (7,45%) e madeira (5,08%) – Figura 5.

Figura 5 – Preços de Exportação (em dólar) para Produtos Específicos (IPE/Cepea) – variações percentuais referentes a 2015 em comparação com 2014.

Fonte: Cepea/Esalq-USP

A desvalorização do Real, no entanto, proporcionou que a maioria dos produtos acompanhados obtivesse alta de preços internalizados em reais (IAT-Agro/Cepea), como é o caso da madeira (15,47%), celulose (12,66%), carne bovina (11,93%), café (11,65%), frutas (10,82%), suco de laranja (9,52%), milho (8,21%) e carne de aves (3,12%). Para os demais produtos, a desvalorização do câmbio não foi suficiente para compensar toda a queda do preço externo. Como consequência, houve redução da atratividade das exportações de carne suína (11,92%), etanol (10,47%), soja em grão (7,47%), farelo de soja (5,50%), óleo de soja (1,63%) e açúcar (1%) – Figura 6.

Figura 6 – Índices de Atratividade da Exportação de Produtos Específicos (IAT/Cepea) – variações percentuais referentes 2015 em comparação com 2014.

Fonte: Cepea/Esalq-USP

Em termos agregados, a China continua sendo o principal destino das exportações dos produtos do agronegócio brasileiro e tem aumentado sua importância como parceira comercial do País nos últimos anos. Em 2015, sua participação foi de 24% nas exportações totais do agronegócio nacional, ante 22,8% em 2014. A soja em grão continua sendo o principal produto das compras chinesas e, em 2015, mais de 70% das vendas brasileiras para a China estiveram concentradas em produtos do grupo cereais/leguminosas e oleaginosas – Figura 7.

Outro parceiro importante do Brasil é o continente europeu. Os países da Zona do Euro compraram 18,3% das vendas totais do agronegócio brasileiro em 2015, percentual que se reduziu comparativamente aos 20,9% registrados em 2014. No caso dos países europeus, também os cereais foram os produtos que apresentaram maior importância; no entanto, café, produtos florestais, carnes e frutas também apresentaram participação relevante (acima de 10%) – Figura 7.

Os Estados Unidos continuam sendo o terceiro destino das exportações agro brasileiras, mantendo sua participação em torno de 7% nos últimos anos. Em 2015, o principal grupo de produtos embarcados para os Estados Unidos foram os produtos florestais, mas café, carne bovina e açúcar também apresentaram relevante volume de vendas para esse país – Figura 7.

Além desses, outros importantes demandantes foram: Rússia, Hong Kong, Venezuela, Japão, Arábia Saudita, Coreia do Sul e Egito. A participação do grupo dos “demais países” aumentou em relação a 2014, chegando a 33,5% do total e tornando-se a maior, conforme a agregação apresentada na Figura 7 – esse grupo engloba 189 países com pequena participação individual. A diversificação dos parceiros comerciais é positiva à medida que diminui a vulnerabilidade das exportações a variações de algumas poucas economias.

Figura 7 – Principais destinos das exportações do agronegócio brasileiro em 2015, de acordo com participação no faturamento em dólar.

Fonte: Cepea/Esalq/USP com base em dados do MDIC

No rol de produtos, não houve mudança no ranking (faturamento) em relação a 2014. O complexo soja se manteve na liderança das exportações brasileiras de produtos do agronegócio, seguido, dentre os setores mais importantes, pelo de carnes (bovina, de aves e de suínos) e, na sequência, esteve o setor de produtos florestais, que superou o sucroalcooleiro (quarto lugar) já em 2014; o café continuou na quinta posição.

O açúcar, principal produto exportado pelo setor sucroalcooleiro mais uma vez teve sua participação reduzida na pauta de exportações agro, recuando de 10,6% em 2014 para 9,6% em 2015. Os produtos do setor de bovinos também perderam participação, caindo de 12,7% para 10,9% - seu faturamento voltou a ficar abaixo de US$ 10 bilhões/ano. O setor de aves e suínos teve ligeira queda, indo de 9,7% para 9,3% (mesmo percentual de 2013). Já o café manteve sua participação praticamente estável, passando de 7,3% para 7,4% no faturamento total do setor, e o grupo dos cereais/leguminosas/oleaginosas, que inclui a soja em grão, teve crescimento superior a um ponto percentual, indo de 35,5% para 36,6% – Figura 8.

Figura 8 – Exportações brasileiras por grupo de produto, em 2014 e 2015.

Fonte: Cepea/Esalq/USP com base em dados do MDIC

Preços domésticos e de exportação

A Figura 9 apresenta o comportamento dos preços domésticos (base Indicadores Cepea) e externos internalizados (preços em dólares multiplicados pelo câmbio efetivo do agronegócio) do café, da soja, da carne bovina e do açúcar nos últimos dois anos. Os preços médios do açúcar, café e carne bovina no mercado interno (base indicadores Cepea) tenderam a apresentar valorizações e desvalorizações semelhantes às dos preços de exportação internalizados no ano de 2014. Em 2015, o café se manteve bem alinhados aos valores de exportação, mas a carne bovina no doméstico (atacado Grande SP) teve maior valorização até meados do ano, tendência que se inverteu no segundo semestre de 2015 quando os preços de exportação internalizados passaram a aumentar mais.

No caso do açúcar, as valorizações internas se mantiveram em linha com as altas dos preços de exportação internalizados até setembro, momento em que o mercado doméstico passou a evoluir mais rapidamente. Para a soja em grãos, nesses últimos dois anos, o mercado doméstico manteve-se mais valorizado que os preços externos internalizados – Figura 9.

Há de se ter em conta que os preços levantados pelo Cepea refletem valores presentes (à vista), ao passo que os de exportação, registrados na Secex na ocasião do embarque, representam uma gama de fatores envolvidos na formação dos preços acertados entre compradores e vendedores, além da cotação do dólar também no mês de embarque. Há, portanto, defasagens temporais entre os fatores determinantes desses preços que impedem a comparação precisa entre eles. O mesmo vale para os custos de comercialização, também distintos. Existe, contudo, uma correspondência entre mercado interno e externo que tende a ser captada pelos índices aqui apresentados.

Figura 9 – Indicadores de Preços Recebidos no mercado interno e de exportação em Reais (IAT) – Açúcar (Ind. Cristal SP), carne bovina (atacado Grande SP), café (Ind. Cepea, arábica, tipo 6, posto SP) e soja (Ind. Cepea – média Paraná). De janeiro/14 a dezembro/15 (janeiro/14=100)

Fonte: Cepea/Esalq-USP

3. Conclusões

Em 2015, o Real se manteve em desvalorização diante das moedas dos principais parceiros comerciais, o que ajudou a manter a atratividade das exportações brasileiras frente à forte redução dos preços em dólar que impactou todos os produtos exportados pelo setor, principalmente os grãos. Com esse efeito sobre a atratividade, o câmbio alavancou o volume de vendas ao exterior e o faturamento em moeda nacional do setor cresceu 14% em 2015.

Na comparação dos valores médios de 2015 com os de 2014, houve baixa de aproximadamente 18,5% nos preços externos em dólares, desvalorização de 22% na taxa de câmbio efetiva real do agronegócio e alta no volume exportado de 15,9%, o que resultou em diminuição de aproximadamente 9% no faturamento em moeda norte-americana.

A China se manteve como o principal destino das exportações do agronegócio brasileiro e o bloco de países da Zona do Euro seguiu na segunda posição, com 24% e 18,3%, respectivamente, das exportações (em receita) do agronegócio brasileiro em 2015. Estados Unidos, Japão e Rússia também se mantêm como importantes parceiros comerciais do Brasil, mas há de destacar que 33,5% do faturamento vem de um grupo bem diversificado de 189 países, distribuindo o risco de impacto sobre as vendas brasileiras.

Os grupos de produtos mais importantes em 2015, em termos de valor exportado, foram os do complexo da soja, carnes, produtos florestais, sucroalcooleiro e café.

Em 2016, a produção agropecuária brasileira deve crescer a taxas menores, segundo a Conab, assim como a demanda da China, principal parceiro comercial do setor. Por outro lado, há expectativa de bom crescimento da economia norte-americana, o que pode estimular suas compras e interromper a diminuição que tem apresentado em relação aos produtos do agronegócio brasileiro.

O Real deve continuar nos patamares atuais ou mesmo ter novas desvalorizações por conta dos problemas domésticos e externos. Com isso, a competitividade dos produtos brasileiros seguirá elevada, devendo estimular os embarques. Em termos de preços, no entanto, não se sabe se ainda há espaço para mais quedas, uma vez que muitos produtos tiveram reduções bastante significativas em seus preços em dólar em 2015.

Desse modo, o cenário deve se manter positivo para o setor agroexportador brasileiro em 2016, principalmente em termos de volume. O desempenho efetivo do setor vai depender das condições de oferta mundial, do poder aquisitivo de importantes demandantes, que devem sofrer com as intermináveis quedas do preço do petróleo, e da intensidade dos eventos climáticos adversos, que podem comprometer parte da produção agropecuária ao longo do ano.

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160,82366,6362,4499,60

050100150200250300350400

IPEIVEICIAT

546,790100200300400500600700Índice -200=100

Evolução da Balança Comercial (BC) do Agronegócio

40,04%

32,05%

27,96%

18,89%

16,47%

12,34%

10,48%

8,91%

8,11%

6,28%

4,13%

0,98%

-

0,47%

-

12,13%

-

15%

-

5%

5%

15%

25%

35%

45%

-5,08%-7,45%-8,39%-8,45%-8,79%-9,03%-9,33%-15,46%-18,83%-20,16%-23,07%-24,18%-26,58%-27,78%

-30%-25%-20%-15%-10%-5%0%

15,77%12,88%11,74%11,66%11,25%10,95%10,59%3,12%-1,00%-2,62%-6,16%-7,52%-10,47%-11,92%

-20%-10%0%10%20%

24,0%

18,3%

7,4%

2,8%

2,5%

2,5%

2,4%

2,3%

2,2%

2,1%

33,5%

China

Zona do Euro

Estados Unidos

Japão

Rússia

Arábia Saudita

Coreia do Sul

Vietnã

Hong Kong

Venezuela

Demais países

Variação

Valor (US$ bi)

%

Valor (US$ bi)

%

%

Texteis

2,05

2,1%

1,95

2,2%

-4,8%

Bovídeos

12,43

12,7%

9,69

10,9%

-22,0%

Pescado

0,21

0,2%

0,23

0,3%

6,9%

Café e esterídeos

7,12

7,3%

6,64

7,4%

-6,8%

Cana e Sacarídeas

10,41

10,6%

8,56

9,6%

-17,8%

Frutas

3,31

3,4%

3,27

3,7%

-1,2%

Olerícolas

0,37

0,4%

0,42

0,5%

13,3%

Flores e ornamentais

0,03

0,0%

0,03

0,0%

-25,4%

Cereais/leguminosas/Oleaginosas

34,77

35,5%

32,64

36,6%

-6,1%

Gorduras Vegetais

1,57

1,6%

1,61

1,8%

2,7%

Grãos p/ consumo direto

0,45

0,5%

0,44

0,5%

-2,7%

Produtos Florestais

10,10

10,3%

10,53

11,8%

4,2%

Suínos e aves

9,45

9,7%

8,34

9,3%

-11,8%

Fumo

2,50

2,6%

2,19

2,4%

-12,6%

Agronegócios Especiais

1,75

1,8%

1,51

1,7%

-14,1%

Nichos produção Vegetal

1,34

1,4%

1,24

1,4%

-7,4%

Total

97,88

100,0%

89,27

100,0%

-8,8%

2014

2015

Grupos de produtos

406080100120140160

Açucar_CepeaAçucar_IAT

406080100120140160

Boi_CepeaBoi_IAT

050100150200

Café_CepeaCafé_IAT

406080100120

Soja_CepeaSoja_IAT

7580859095100105110115120125130135140145

IPE-Agro

859095100105110115120125130135140145

IC-Agro

859095100105110115120125130135140145

IAT-Agro

7090110130150170190210

IVE-Agro