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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ João Vitor Rosset Ciesielski DIMENSIONAMENTO DE UMA NOVA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS DA CENTRAL DE ABASTECIMENTO DO PARANÁ CEASA/PR, CURITIBA CURITIBA 2011

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

João Vitor Rosset Ciesielski

DIMENSIONAMENTO DE UMA NOVA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO

DE EFLUENTES DOMÉSTICOS DA CENTRAL DE ABASTECIMENTO

DO PARANÁ – CEASA/PR, CURITIBA

CURITIBA

2011

João Vitor Rosset Ciesielski

DIMENSIONAMENTO DE UMA NOVA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO

DE EFLUENTES DOMÉSTICOS DA CENTRAL DE ABASTECIMENTO

DO PARANÁ – CEASA/PR, CURITIBA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Engenharia Ambiental da Faculdade de

Ciências Exatas da Universidade Tuiuti do Paraná,

como requisito para a obtenção do título de

Engenheiro Ambiental.

Orientador: Prof0. Dr. Helder Godoy.

CURITIBA

2011

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Credenciada por Decreto Presidencial de 7 de julho de 1997 – DOU n° 128, de 8 de julho de 1997, Seção 1, página 14295

FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

TERMO DE APROVAÇÃO

João Vitor Rosset Ciesielski

DIMENSIONAMENTO DE UMA NOVA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO

DE EFLUENTES DOMÉSTICOS DA CENTRAL DE ABASTECIMENTO

DO PARANÁ – CEASA/PR, CURITIBA

Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de

Engenheiro no curo de Engenharia Ambiental, Faculdade de Ciências Exatas e de Tecnologia da

Universidade Tuiuti do Paraná, pela seguinte banca examinadora.

Curitiba, 10 de junho de 2011

Membros da banca:

______________________________________

Profa. Ms. Fernanda Paes de Barros Gomide

_____________________________________

Profa. Ms. Janilce dos Santos Negrão Messias

Orientador (a):

____________________________________

Prof. Dr. Helder de Godoy

UTP – Orientador do TCC

DEDICATÓRIA

“A mente que se abre a uma nova idéia jamais volta ao seu tamanho original”

Albert Einstein

Dedico este trabalho para minha família

AGRADECIMENTO A Deus

Que se fez presente em toda minha caminhada, dando força, perseverança

para enfrentar os obstáculos e alcançar meus objetivos.

A minha família

Que sempre me apoiou sem medir esforços, para me ajudar a realizar meus

sonhos que com toda certeza se transformaram nos seus também.

A minha namorada

Por sua paciência, carinho e compreensão.

Aos amigos

Pelo apoio, carinho e solidariedade oferecidos nos momentos de maior

dificuldade.

Aos Coordenadores e Professores

Que colaboraram de forma direta e estiveram sempre presentes auxiliando

em minhas dúvidas e direcionando-me com novas idéias.

A Professora e Mestre Carolina Fagundes Caron

Que enquanto presente se demonstrou amiga, competente e disposta em

ajudar, possibilitando ao meu crescimento profissional.

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo dimensionar um sistema de

tratamento de efluentes doméstico para a CEASA/PR - Central de abastecimento do

Paraná na unidade de Curitiba. A estação foi dimensionada para tratar o efluente

proveniente dos sanitários, lanchonetes e refeitórios. O efluente gerado nas

instalações encontra-se em desacordo com os parâmetros de lançamento,

determinados pelas legislações ambientais vigentes do governo federal e do estado

do Paraná. O sistema de tratamento que foi adotado é biológico, provido de um

tanque de equalização e um reator de lodo ativado com aeração prolongada. Neste

trabalho foram apresentados critérios que nortearam a escolha do processo de

tratamento para a CEASA/PR e a elaboração dos cálculos de dimensionamento para

o projeto com base em dados obtidos na literatura.

PALAVRAS-CHAVE: Efluente doméstico, Tratamento biológico e Lodo Ativado

ABSTRACT

This paper’s objective was to dimension a domestic effluent treatment system

for CEASA/PR – Central de Abastecimento do Paraná (Supplies distribution Center

of Paraná), in the city of Curitiba. The treatment station was dimensioned to process

the wastewater that comes from toilets, restaurants and refectories. The generated

effluents from those facilities do not follow the parameters determined by the

environment laws of the Federal Government of Brazil and of the State of Paraná.

The adopted treatment system is a biological one, with an equalization tank and an

active sludge reactor with extended aeration. In the present work, the criteria on

which was based the choice of the treatment process is presented, as well as the

dimensioning calculations for this project, based on literature data.

KEY – WORDS: Wasterwater reuse, Biological Treatment and Activated Sludge

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - CRESCIMENTO POPULACIONAL – 2000 a 2010 ............................... 20

TABELA 2 - PRÍNCIPAIS PARÂMETROS DE CARACTERIZAÇÃO DE ESGOTO

SANITÁRIO. .............................................................................................................. 27

TABELA 3 - PRODUÇÃO DO EFLUENTE GERADO NA CEASA/PR ...................... 54

TABELA 4 – CARACTERIZAÇÃO DE ENTRADA E SAÍDA DO EFLUENTE............ 56

TABELA 5 - MEDIDAS DE VAZAO ........................................................................... 58

TABELA 6 - RELAÇÃO DE TAMANHO DAS PARTÍCULAS POR VELOCIDADE DE

SEDIMENTAÇÃO. ..................................................................................................... 60

TABELA 7 - DADOS DO DIMENSIONAMENTO DAS GRADES. ............................. 68

TABELA 8 - DADOS DIMENSIONADOS DO DESARENADOR ............................... 69

TABELA 9- DADOS DO DIMENSIONAMENTO - TANQUE DE EQUALIZAÇÃO ..... 71

TABELA 10 - DADOS DO DIMENSIONAMENTO - TANQUE DE AERAÇÃO .......... 72

TABELA 11 - DADOS DO DIMENSIONAMENTO - DECANTADOR SECUNDÁRIO. ..... 74

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - CONDIÇÕES PARA LANÇAMENTO DE EFLUENTES (CONAMA) ... 36

QUADRO 2 - CONDIÇÕES PARA LANÇAMENTO DE EFLUENTES (SEMA 001/07) ... 37

QUADRO 3 - ESPAÇAMENTO E DIMENSÕES DAS BARRAS. .............................. 39

QUADRO 4 - EFICIÊNCIA DO SISTEMA DE GRADEAMENTO. ............................. 40

QUADRO 5 - RELAÇÃO DAS ÁREAS OCUPADAS PELA CEASA – CURITIBA ..... 52

QUADRO 6 - RELAÇÃO ENTRE A LARGURA DA GARGANTA E A VAZÃO DA

CALHA ...................................................................................................................... 62

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NA TERRA. ............................................. 21

GRÁFICO 2 - DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA DOCE NA TERRA. .................................. 22

GRÁFICO 3 – CONDIÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DOS ESTABELECIMENTOS ...... 53

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – BALANÇO DE SÓLIDOS. ..................................................................... 30

FIGURA 2 – ESQUEMA TRATAMENTO PRELIMINAR ........................................... 39

FIGURA 3- CAIXA DE AREIA APÓS GRADEAMENTO. .......................................... 40

FIGURA 4 – VISTA ÁEREA DA CEASA/PR - UNIDADE DE CURITIBA - 2011. ...... 51

FIGURA 5 - CEASA/PR - UNIDADE DE CURITIBA – 2011. ..................................... 55

FIGURA 6 - FLUXOGRAMA DE UM PROCESSO DE AERAÇÃO PROLONGADA . 58

FIGURA 7 - VISTA DE UM DESARENADOR ........................................................... 69

FIGURA 8 - CALHA PARSHALL FORNECIDA PELA ENVIRONQUIP LTDA. .......... 70

FIGURA 9 - DIMENSÕES DO TANQUE DE EQUALIZAÇÃO................................... 71

FIGURA 10 - SISTEMA DE AERAÇÃO COM DIFUSORES. .................................... 73

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14

JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 16

FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ............................................................................. 17

OBJETIVOS GERAIS ............................................................................................... 18

OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................... 18

2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 19

2.1 CRESCIMENTO POPULACIONAL ..................................................................... 19

2.2 IMPORTÂNCIA DAS ÁGUAS .............................................................................. 20

2.3 RELAÇÃO: SANEAMENTO BÁSICO E SANEAMENTO AMBIENTAL ............... 23 2.3.1 Saneamento no Brasil ...................................................................................... 24

2.3.2 Saneamento no Paraná .................................................................................... 24

2.3.3 Saúde e Saneamento ....................................................................................... 25

2.4 DEFINIÇÃO DE EFLUENTES ............................................................................. 26 2.4.1 Efluente Sanitário ............................................................................................. 26

2.4.2 Efluente Industrial ............................................................................................. 26 2.4.3 Efluente Doméstico .......................................................................................... 26

2.5 PRINCIPAIS PARÂMETROS PARA CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES ..... 27

2.5.1 Características Físicas ..................................................................................... 27 2.5.1.1 Temperatura .................................................................................................. 28 2.5.1.2 Odor .............................................................................................................. 28 2.5.1.3 Cor e turbidez ................................................................................................ 28

2.5.1.4 Variação de vazão ......................................................................................... 28 2.5.1.5 Sólidos ........................................................................................................... 28

2.5.2 Características Químicas – Inorgânicas ........................................................... 31 2.5.2.1 Potencial Hidrogeniônico – pH ...................................................................... 31 2.5.2.2 Fósforo e Nitrogênio Total ............................................................................. 31

2.5.3 Características Químicas - Orgânicas .............................................................. 31 2.5.3.1 Oxigênio Dissolvido – OD .............................................................................. 32

2.5.3.2 Demanda bioquímica de oxigênio – DBO5 .................................................... 32 2.5.3.3 Demanda química de oxigênio – DQO .......................................................... 32 2.5.3.4 Óleos e Graxas – OG .................................................................................... 33

2.5.3.5 Características Biológicas ............................................................................. 33

2.6 LEGISLAÇÃO APLICADA ................................................................................... 34 2.6.1 Legislação Federal ........................................................................................... 34 2.6.2 Legislação Estadual ......................................................................................... 36

2.7 RELAÇÕES IMPORTANTES AO TRATAMENTO DE EFLUENTES .................. 37 2.7.1 Indicação de tratamento biológico ou físico-químico ........................................ 37 2.7.2 Indicação de processo biológico aeróbio ou anaeróbio .................................... 38

2.8 NIVEIS DE TRATAMENTO ................................................................................. 38 2.8.1 Tratamento preliminar ...................................................................................... 38

2.8.1.1 Sistema de Gradeamento .............................................................................. 39

2.8.1.2 Desarenadores .............................................................................................. 40 2.8.1.3 Caixa separadora de água e óleo ................................................................. 41 2.8.1.4 Sistema de medição de vazão ...................................................................... 41

2.8.2 Tratamento Primário ......................................................................................... 41 2.8.3 Tratamento Secundário .................................................................................... 42

2.8.4 Tratamento Terciário ........................................................................................ 42

2.9 PRINCIPAIS SISTEMAS DE TRATAMENTO SECUNDÁRIOS PARA ESGOTOS DOMÉSTICOS .......................................................................................................... 43 2.9.1 Lagoas Facultativas ......................................................................................... 43 2.9.2 Lagoas Aeróbias .............................................................................................. 44

2.9.3 Lagoas Anaeróbias .......................................................................................... 45 2.9.4 Sistema de Lodo Ativado .................................................................................. 45

3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 49

3.1 CARACTERÍSTICAS DA CEASA/PR. ................................................................. 49 3.1.1 Histórico da CEASA/PR ................................................................................... 50 3.1.2 Unidade atacadista de Curitiba ........................................................................ 50

3.2 DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .................................................................. 52

3.3 SITUAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE AMBIENTAL ................................... 52

3.4 SISTEMA ATUAL DE TRATAMENTO DE EFLUENTE DOMÉSTICO ................ 53

3.5 DADOS PARA DIMENSIOAMENTO DA ETED NA CEASA-CURITIBA.............. 54 3.5.1 Produção do efluente doméstico ...................................................................... 54

3.5.2 Lançamento do efluente no corpo receptor. ..................................................... 55

3.5.3 Caracterização do efluente doméstico gerado ................................................. 56

3.6 DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE TRATAMENTO ADOTADO ......................... 57

3.7 LEGENDA E FÓRMULAS ................................................................................... 58 3.7.1 Gradeamento ................................................................................................... 58 3.7.2 Desarenador ..................................................................................................... 60 3.7.3 Medidor de vazão – Calha Parshall .................................................................. 61

3.7.4 Tanque de Equalização .................................................................................... 62 3.7.5 Reator Aeróbio – Tanque de Aeração prolongada ........................................... 63

3.7.6 Decantador Secundário .................................................................................... 65 3.7.7 Tanque de Desinfecção Final ........................................................................... 67

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 68

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 76

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................................................... 77

ANEXO A – MEMORIAL DE CÁLCULOS DO DIMENSIONAMENTO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DA CEASA/PR – CURITIBA. ....................... 83

14

1 INTRODUÇÃO

Em função do crescimento populacional e do aumento das necessidades da

sociedade moderna industrializada teve-se mudanças nos padrões e hábitos de

consumo e conseqüente aumento na demanda de água doce e degradação de

recursos hídricos. Desta forma, a água potável vem se tornando cada vez mais um

recurso comprometido.

Ao mesmo tempo em que ocorre o aumento do consumo de água ocorre

também a maior geração de esgotos urbanos, rurais e industriais. Desta forma,

quando estes efluentes são lançados nos corpos receptores sem tratamento, tem-se

como resultado o aumento da carga orgânica e a eutrofização dos recursos hídricos,

o que influência na alteração da qualidade da água e degradação do meio ambiente.

Para Giordano (2005) esta alteração da qualidade da água é devido a

introdução de qualquer matéria ou energia num corpo hídrico, capaz de ultrapassar

os padrões estabelecidos para a sua classe, conforme seu uso preponderante. Essa

alteração é devido à ação dos agentes: físicos materiais (sólidos em suspensão) ou

formas de energia (calorífica e radiações); químicos (substâncias dissolvidas ou com

potencial solubilização); e biológicos (microrganismos).

Com o novo modelo de desenvolvimento econômico teve-se o

desenvolvimento de soluções para redução do efeito do acúmulo das águas

residuárias indesejáveis, minimizando as conseqüências diretas das atividades de

produção do homem em seu meio. Desta forma, teve-se o desenvolvimento do

saneamento ambiental.

A partir dessa realidade houve o aumento da conscientização e

questionamento da população em relação ao meio ambiente e também a

preocupação com o envolvimento do Estado na criação de políticas públicas,

normas e legislações que permitissem práticas responsáveis, direcionadas a

preservação da natureza e reparação do dano causado pela poluição (PELEGRINI,

2002).

Segundo Mota (2005), existe a necessidade do manejo adequado dos

recursos hídricos visando garantir água com qualidade e quantidade na medida

desejada aos diversos fins. Com isto, pode-se considerar as disponibilidades e a

capacidade dos mananciais de diluir e depurar águas residuárias.

15

Dentre os principais instrumentos de auxílio ao meio ambiente, a Política

Nacional do Meio Ambiente preconiza as questões relacionadas à poluição deste

meio. Esta legislação inclui a cobrança pelo uso dos recursos hídricos, pelas

captações de água, pelos lançamentos de esgotos e demais resíduos. (PNRH,

2006).

Segundo Baird (2002), o esgoto quando lançado em grandes quantidades

sem tratamento, diminui a quantidade de oxigênio dissolvido, podendo chegar à sua

total ausência. Nesse caso, tem-se a mortandade de vários seres, incluindo entre

estes os peixes.

Desta forma, um dos principais objetivos de uma Estação de Tratamento de

Efluente Doméstico (ETED) é reduzir a quantidade de matéria orgânica presente no

esgoto a ser lançado de volta ao meio ambiente.

Este estudo foi na CEASA/PR (Central de Abastecimento do Paraná)

unidade de Curitiba, com foco na distribuição e comercialização de produtos

hortigranjeiros, perecíveis, pescados, artesanatos e atípicos. Diariamente mais de

20.000 pessoas visitam a Central de abastecimento de Curitiba e para atender toda

essa demanda foi necessário a ampliação do espaço físico como, a instalação de

lanchonetes e novos banheiros públicos.

Em conseqüência disso, houve um aumento na produção do efluente

doméstico que passou a ser canalizado para a estação de tratamento que já existe,

mas que está deixando-a sub-dimensionada.

Diante dessa realidade, o presente trabalho objetiva dimensionar uma nova

estação de tratamento de efluentes domésticos a qual atenda as necessidades da

Central de Abastecimento do Paraná – (CEASA/PR). Com isto, objetiva-se que a

legislação ambiental vigente seja atendida para que o desenvolvimento ambiental

sustentável seja preconizado neste ambiente de grande importância para o estado

do Paraná.

16

JUSTIFICATIVA

A localização da Central de Abastecimento de Curitiba é dentro de uma APP

(Área de Preservação Permanente). A Estação de Tratamento de Efluente

Doméstico existente na CEASA/PR unidade de Curitiba foi concebida para tratar

6m³/h, no entanto, a vazão do efluente em horários de pico é de aproximadamente

17m³/h. Além disso, a ETED existente não possui licença de operação. (CEASA,

2010)

Em função deste sub-dimensionamento, a ETED possui sua eficiência

reduzida, sendo os gastos com energia e os custos empregados na sua manutenção

superiores aos gastos com uma ETED em pleno dimensionamento.

Deve-se atentar que, a concentração de DQO da saída da ETED apresenta

valores médios de 568 mg/l, sendo superior ao estabelecido pela SEMA 001/2007

que é de 225 mg/l. Pode-se colocar ainda que todo o efluente doméstico é lançado

em uma mina de água e em um córrego próximo, desta forma, contaminando-os.

Em atendimento às exigências dos órgãos fiscalizadores fica constatada a

necessidade de tratamento do efluente doméstico produzido na CEASA/PR -

unidade de Curitiba. Isto deve ocorrer não só com o objetivo mínimo de tratar os

efluentes, mas também devido a algumas vantagens ambientais, reduzindo a

matéria orgânica a fim de auxiliar a autodepuração além de evitar doenças por

veiculação hídrica e diminuir custos no tratamento d’água pelas cidades a jusante.

A estação de tratamento, não deve gerar incômodos seja por ruídos ou

odores, nem causar impacto visual negativo. Desta forma, este trabalho propõe-se a

avaliar qual a melhor alternativa de tratamento e dimensioná-lo.

17

FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

O sub-dimensionamento da ETED existente na CEASA de Curitiba está

prejudicando a eficiência do sistema de tratamento, deixando-a em desacordo com a

legislação referente às características de lançamento. É possível que a legislação

ambiental vigente seja atendida para que o desenvolvimento ambiental sustentável

seja preconizado, garantido assim, a capacidade dos mananciais de diluir e depurar

águas residuárias nesse ambiente de grande importância para o estado do Paraná.

18

OBJETIVOS GERAIS

Este trabalho tem por objetivo o dimensionamento de um novo sistema de

tratamento de efluentes doméstico (ETED) produzidos na Central de Abastecimento

do Paraná (CEASA/PR), unidade de Curitiba.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Para atingir o objetivo geral desta pesquisa, os seguintes objetivos

específicos foram estabelecidos:

I. Realizar o levantamento de dados referentes à CEASA-PR, tais como a

produção de efluentes domésticos;

II. Realizar o levantamento bibliográfico referente aos atuais sistemas de

tratamento de efluentes domésticos que vem sendo aplicados nesta área;

III. Definir os processos e as unidades mais adequadas ao tratamento de

efluentes domésticos, focando no estudo de caso;

IV. Dimensionar o sistema de tratamento de efluentes domésticos escolhido

adequadamente para este estudo de caso.

19

2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 CRESCIMENTO POPULACIONAL

O crescimento populacional vem ocasionando sérios impactos negativos

sobre o meio ambiente neste século. O desenvolvimento da indústria, comércio bem

como os diversos ramos do meio rural e urbano são considerados determinantes

para as mudanças ambientais. (LIMA, 2008)

Assim, a relação homem-natureza se vê envolvida, cada vez mais, na

limitação tanto das atividades humanas frente à degradação ambiental, como

também na própria limitação dos recursos em sua maioria que não são renováveis.

Portanto, o esgotamento, a degradação e a escassez dos recursos naturais se

impõem como considerações centrais para o desenvolvimento econômico e social.

(LIMA, 2008)

As projeções demográficas das Nações Unidas revelam que nos primeiros

anos do século XXI o crescimento da população mundial está reduzindo se

comparado com projeções realizadas em períodos anteriores.

Essas projeções ilustram uma população mundial próxima de 7.700 bilhões

de habitantes para o ano de 2050. Este valor se mostra inferior ao apresentado para

o mesmo ano (11,7 bilhões), mas calculado no ano de 1990. Estes fatos ressaltam

que a diminuição da população é prevista em todas as regiões do mundo.

No Brasil, segundo o IBGE (2008), a taxa de crescimento da população no

período de 1950-1960 era de 3,04% ao ano, sendo em 2008 de 1,05%. O IBGE

coloca que o país apresentará um potencial de crescimento populacional até 2039,

quando se espera que a população atinja o chamado “crescimento zero. Segundo

projeções, em 2050 a taxa de crescimento tende a diminuir para – 0,291%, que

poderá representar uma população próxima de 215,3 milhões de habitantes.

Com relação ao crescimento populacional paranaense o Instituto de

Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES, 2010) revela que a taxa de

crescimento da população urbana na década atual, de 1,35% ao ano, também é

inferior à observada nos anos 90 que era de 2,59% ao ano.

Por outro lado, as áreas rurais se “esvaziaram” mais lentamente entre 2000

e 2010, uma vez que o decréscimo populacional nesse período se deu a -1,47% ao

ano, enquanto na década anterior foi de -2,60% ao ano. (IPARDES, 2010)

20

A grande maioria da população paranaense reside em cidades (8.906.442

hab.), perfazendo um grau de urbanização de 85,3%. Embora essa proporção seja

elevada, é importante ressaltar que as áreas rurais do Paraná abrigam 1.533.159

hab., sendo este um volume considerável de população, quase toda ela vinculada as

atividades agrícolas desenvolvidas no Paraná. A TABELA 1 apresenta esse

crescimento populacional no período de 2000 a 2010. (IPARDES, 2010)

No ano de 2007, a capital paranaense (Curitiba) ocupava o 7° lugar no

ranking das capitais brasileiras mais populosas, perdendo para as seguintes

capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Fortaleza e Belo Horizonte. A

taxa média de crescimento populacional de Curitiba, que chegou a 5,3% ao ano na

década de 1970, atualmente é de 1,7%. (Agência Curitiba de Desenvolvimento S/A,

2011)

TABELA 1 - CRESCIMENTO POPULACIONAL – 2000 a 2010

População em

2000

População em

2010

Crescimento (%)

2000-2010

Brasil 169.799.170 190.732.694 12,33

Paraná 9.563.458 10.439.601 9,16

Curitiba 1.587.315 1.746.896 10,05

FONTE: Adaptado - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010)

De acordo com Lima (2008), o crescimento populacional de forma alarmante

e sem planejamento aliado ao aumento da pobreza são fatores que contribuem de

forma muito significativa para a degradação ao meio ambiente. A busca pelo

equilíbrio entre população e recursos naturais poderá ajudar a diminuir as ambições

consumistas, desenvolvendo novas tecnologias que contribuam com o crescimento

sustentável.

2.2 IMPORTÂNCIA DAS ÁGUAS

A água é uma substância vital na natureza e desempenha papel fundamental

à vida dos seres vivos. Por muito tempo, a água foi considerada um recurso

inesgotável em nosso planeta. Apesar de todos os esforços para armazenar e

21

diminuir o seu consumo, a água está se tornando, cada vez mais, um bem escasso,

e sua qualidade se deteriora cada vez mais rápido.

Essencial à existência e bem-estar no homem, constitui cerca de 75% do seu

corpo humano, além de responder pela manutenção dos ecossistemas. Caracteriza-

se como um bem de grande importância global, responsável por aspectos

ambientais, financeiros, sociais e de mercado. (FUNASA, 2006)

Segundo Rebouças (1999 citado por TELLES e COSTA, 2007), a maior

parcela do volume de água encontrada no nosso planeta, representando 97,5%, é

de água salgada, encontrada nos mares e oceanos. Já, os 2,5% restantes são de

água doce, sendo que desta água doce 68,9% encontra-se nas calotas polares e

geleiras; 29,9% são águas subterrâneas; 0,9% em outros reservatórios; e apenas

0,3% encontram-se nos rios e lagos. Os GRÁFICO 1GRÁFICO 2 mostram a

distribuição de águas doce e salgada na terra.

Cerca de 2/3 da superfície da Terra são cobertos por água, mas apenas

0,36% dela estão disponíveis para uso, segundo Telles e Costa (2007). Desse

volume, o Brasil detém por volta de 12% e, desses, 80% estão na região amazônica.

Os outros 20% distribuem-se pelo país, atendendo 95% da população.

GRÁFICO 1 - DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NA TERRA.

FONTE: Rebouças, 1999.

22

GRÁFICO 2 - DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA DOCE NA TERRA.

FONTE: Rebouças, 1999.

De acordo com Von Sperling (1996), os principais usos da água pelo homem

são para abastecimento doméstico, abastecimento industrial, irrigação,

dessedentação de animais, preservação da flora e fauna, aqüicultura, recreação e

lazer, geração de energia elétrica, navegação e diluição de despejos.

A água é também o meio pelo qual doenças podem se alastrar com grande

velocidade e freqüência, fazendo-se necessário controlar ou minimizar a poluição

aquática e suas implicações biológicas, que representam séria ameaça à saúde

pública.

No Brasil, a Lei nº 9433/07 institui a Política Nacional de Recursos Hídricos,

baseada principalmente no fundamento de que a água é um bem de domínio público

e tem por objetivo, entre outros, assegurar à atual e às futuras gerações a

necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade para o consumo e

respectivos usos.

Os trabalhos realizados pelos institutos de pesquisa científica ambiental

indicam que a capacidade da Terra em fornecer água doce e com qualidade,

necessária à vida da população, está se esgotando. O Banco Mundial informa que,

em 10 anos, 40% da população mundial não terão mais água suficiente para se

sustentar. (OUTORGA, 2010)

23

Para Philippi (2005 citado por VOSGUERITCHIAN, 2006), se considerarmos

que o volume de água disponível nos rios, lagos e no subsolo seja de 44.800km³ e a

população do planeta de 6,60 bilhões, a disponibilidade para cada pessoa é de

591m³ de água. Com consumo médio de 100 litros/habitante/dia, cada pessoa teria

água suficiente para se abastecer por dezessete anos. Supondo uma expectativa de

vida de setenta anos, Philippi (2005 citado por VOSGUERITCHIAN, 2006) conclui

que uma mesma pessoa irá fazer uso da mesma água quatro vezes. Assim, ficando

evidente a necessidade de tratamento dos efluentes gerados.

2.3 RELAÇÃO: SANEAMENTO BÁSICO E SANEAMENTO AMBIENTAL

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) citado por Telles e Costa,

(2007), saneamento básico é o “conjunto de medidas que visam a modificação das

condições do meio ambiente com a finalidade de promover a saúde e prevenir as

doenças”.

Já o Saneamento ambiental pode ser definido como o conjunto de ações

socioeconômicas que tem por objetivo alcançar salubridade ambiental, por meio de

abastecimento de água potável, coleta e disposição sanitária de resíduos sólidos,

líquidos e gasosos, promoção da disciplina sanitária de uso de solo, drenagem

urbana, controle de doenças transmissíveis e demais serviços e obras

especializadas, com finalidade de proteger e melhorar as condições de vida urbana

e rural. (TELLES E COSTA, 2007)

O saneamento ambiental, desta forma, proporciona o bem estar físico das

pessoas, em função da relação ente saneamento e o meio ambiente. Pode-se notar

a partir das definições de saneamento e saneamento ambiental a grande relação

entre estes 2 conceitos e assim, a dificuldade em tratá-los separadamente.

Na relação estipulada entre saneamento ambiental e a questão dos sistemas

de tratamento de efluentes, Lima (2008), enfatiza que o fato de se ter um sistema de

coleta e tratamento de efluentes faz com que a natureza reduza a absorção de

impactos negativos, além de que a sociedade servida, passa a possuir melhores

condições de vida, prevenindo-se de muitas doenças que em sua maioria são de

veiculação hídrica.

Para Wagner e Bellotto (2008), a precária rede de coleta de esgoto existente

e os tratamentos não eficientes são uma das principais causas de poluição de

24

corpos hídricos. O resultado dessa deficiência promove a degradação da fauna e da

flora local e a disseminação de doenças, as quais causam grandes problemas à

saúde humana.

2.3.1 Saneamento no Brasil

No Brasil, 20% da população não recebe água tratada e menos da metade

desta população possui acesso a coleta de esgoto. Deve-se atentar que estes 2

fatores são primordiais causas de mortes por veiculação hídrica, a qual poderia ser

evitada com melhores resultados na área do saneamento. (HELLER, 2006)

Segundo dados recentes do SNIS (Serviço Nacional de Informação em

Saneamento), os índices médios nacionais de atendimento à população urbana e

rural, em 2008, foram de 81,2% para o abastecimento de água e de 43,2% para a

coleta de esgotos. Deve-se, também, atentar que a relação da população que possui

esgoto coletado e tratado são mínimas, entorno de 34,6%. (CREA/PR, 2011).

Em levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) em 2008, através da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, foi apontado

que 44,8% dos municípios e 56% dos domicílios existentes no território brasileiro

não dispõem de rede para coletar seus dejetos, que, muitas vezes, são lançados em

rios sem qualquer tipo de tratamento que compromete a qualidade de suas águas.

Mais precisamente, dos 11 bilhões de litros de esgoto que saem das casas

brasileiras, diariamente, três quartos são destinados diretamente aos cursos de

água. (IBGE, 2008)

Apesar do grande avanço e desenvolvimento na área de saneamento básico

no Brasil, este tema ainda é um grande desafio em termos de política pública,

principalmente em regiões carentes da sociedade, que mais sofrem com o descaso

em relação ao incentivo econômico nessa área (AGERSA, 2009). Os dados

apresentados são um exemplo desta questão.

2.3.2 Saneamento no Paraná

No Paraná, 46,3% dos domicílios possuem o serviço com acesso a rede geral

de esgotamento sanitário, ficando acima da média nacional que é de 44%. O estado

paranaense ocupa a quinta posição de melhor estado brasileiro, na quantidade de

domicílios atendidos e em sexto lugar no número de municípios que possuem

tratamento de esgoto, conforme a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

25

(PNSB, 2008), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,

2008).

Em 2009, 45 mil paranaenses foram internados devido à doenças infecciosas

ou parasitárias, diretamente relacionadas com a falta de saneamento básico.

Conforme o DATASUS (Departamento de Informática do SUS), das 91 mortes por

doenças gastrointestinais infecciosas, pelo menos 60 poderiam ser evitadas com o

acesso de todos ao saneamento (CREA/PR, 2011).

Em um município de 100 mil habitantes sem a coleta de esgoto, são

esperados 450 casos de contaminação gastrointestinais em crianças de 14 anos, no

período de um ano. Já em uma cidade de mesma população e com 100 % da

realização deste serviço, o número cai para 229, quase a metade. Para os técnicos

da saúde, o benefício do investimento no setor é bem mais vantajoso se comparado

ao gasto com o tratamento das enfermidades (CREA/PR, 2011).

2.3.3 Saúde e Saneamento

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), sanear quer dizer tornar

são, sadio, saudável. Assim, saneamento equivale a saúde. Deve-se atentar que o

saneamento promove a saúde pública preventiva, reduzindo a necessidade de

procura aos hospitais e postos de saúde, porque elimina a chance de contágio por

diversas moléstias através da veiculação hídrica de doenças com qualidade de água

não adequadas.

Isto significa que, onde há saneamento, são maiores as possibilidades de

uma vida mais saudável e os índices de mortalidade, principalmente infantil, são

inferiores. (TELLES E COSTA, 2007)

A falta de qualidade da água e de tratamento de esgoto sanitário está entre as

principais causas da alta incidência de diarréia nos países em desenvolvimento.

Estes fatores são responsáveis por cerca de 2 milhões de mortes envolvendo

crianças menores de 5 anos e cerca de 900 milhões de episódios de doenças por

ano (OPAS, 2010). Desta forma, pode-se colocar que a maioria dos problemas

sanitários que afetam a população mundial está relacionada ao meio ambiente.

26

2.4 DEFINIÇÃO DE EFLUENTES

2.4.1 Efluente Sanitário

O esgoto sanitário pode ser definido como o despejo líquido constituído de

esgotos domésticos e industriais, água de infiltração e a contribuição pluvial

parasitária. (ABNT, 1986)

2.4.2 Efluente Industrial

O efluente industrial pode ser definido com o despejo liquido proveniente de

processos industriais, laboratórios, unidades de saúde, lavanderias, lava-jatos

oficinas mecânicas entre outros mais. Suas características próprias são em função

das atividades e do processo industrial empregados. (VON SPERLING, 1996)

2.4.3 Efluente Doméstico

Os efluentes domésticos provêm do despejo líquido proveniente dos diversos

usos da água, tais como os usos para higiene e necessidades fisiológicas humanas.

(ABNT, 1986)

Segundo Pessoa (1995), o efluente doméstico é gerado principalmente

através de residências, estabelecimentos comerciais, instituições, ou quaisquer

edificações que dispõe de instalações hidráulicas para fins domésticos. A geração

deste efluente é oriunda da parte não aproveitada dos nutrientes necessários à

sobrevivência humana.

Sua disposição adequada é essencial para a proteção da saúde pública. Tem

por objetivo evitar a contaminação da água, dos alimentos, das mãos, do solo e/ou

serem transportados por vetores, como moscas e baratas, provocando novas

infecções. Também podem ser transmitidas infecções de pessoas doentes para

outras sadias por diferentes caminhos, envolvendo as excreções humanas. (BRAGA

et al, 2005)

27

2.5 PRINCIPAIS PARÂMETROS PARA CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES

Segundo Mello (2007) a matéria sólida dos esgotos sanitários representa

apenas 0,08% da massa total. Esta fração inclui sólidos orgânicos e inorgânicos,

suspensos e dissolvidos, bem como microorganismos. Portanto é devido a essa

fração de 0,08% que há necessidade de tratar os esgotos, pois o restante, 99,92%,

corresponde a água. (VON SPERLING, 1996)

A característica dos esgotos é função dos usos à qual a água foi submetida.

Esses usos, e a forma com que são exercidos, variam com o clima, situação social e

econômica e hábitos da população. (VON SPERLING, 1996)

Alguns dos principais parâmetros de caracterização esgotos sanitários são

mostrados na TABELA 2.

TABELA 2 - PRÍNCIPAIS PARÂMETROS DE CARACTERIZAÇÃO DE ESGOTO SANITÁRIO.

PARÂMETROS FAIXA DE VALORES

Demanda Bioquímica de Oxigênio (mg/L) 110 – 550

Demanda Química de Oxigênio (mg/L) 220 – 1000

pH 6,5 – 7,5

Sólidos Totais – ST (mg/L) 100 – 500

Sólidos Suspensos Totais (mg/L) 3 – 20

Sólidos Sedimentáveis (mg/L) 12 - 45

Coliformes Fecais (NMP/100 mL) 105 - 10

8

Ovos de Helmintos (n0 / L) 100 - 1000

FONTE: Adaptado de Silva e Bezerra, 2005

A seguir são apresentados alguns parâmetros físicos, químicos e biológicos

da água.

2.5.1 Características Físicas

As principais características físicas ligadas aos esgotos domésticos são:

temperatura, odor, cor e turbidez, variação de vazão e matéria sólida. (VON

SPERLING, 1996)

28

2.5.1.1 Temperatura

Ligeiramente superior a das águas de abastecimento. A velocidade de

decomposição do esgoto é proporcional ao aumento da temperatura. (FUNASA,

2006)

2.5.1.2 Odor

Os odores característicos do esgoto são causados pelos gases formados no

processo de decomposição, quando fresco é razoavelmente suportável, mas quando

velho ou séptico, tem o odor insuportável de ovo podre, em virtude da liberação do

gás sulfídrico (VON SPERLING, 1996).

2.5.1.3 Cor e turbidez

A cor indica o estado de decomposição do esgoto, quando apresenta cor

ligeiramente cinza é sinal de que é fresco, e quando apresenta cor cinza escuro ou

preta é sinal de elevada degradação, ou seja, que é velho. (VON SPERLING, 1996)

Já a turbidez é causada em função da presença de sólidos em suspensão.

Quando o esgoto apresenta grande turbidez indica a presença de grandes

quantidades de sólidos, sendo um indicativo para esgotos mais frescos ou

concentrados. (VON SPERLING, 1996)

2.5.1.4 Variação de vazão

A variação de vazão do efluente de um sistema de esgoto doméstico é em

função dos costumes dos habitantes, podendo variar ao longo do dia (variações

horárias), da semana (variações diárias) e do ano (variações sazonais). Estima-se

que para cada 100 litros de água consumida, são lançados aproximadamente 80

litros de esgoto na rede coletora, ou seja, 80%. (FUNASA, 2006)

2.5.1.5 Sólidos

Os efluentes domésticos apresentam em média 99,2% de água e apenas

0,8% de sólidos. É devido a esse percentual de 0,8% de sólidos que ocorrem os

29

problemas de poluição das águas, trazendo a necessidade de se tratar os efluentes.

(FUNASA, 2006)

Os sólidos são subdivididos em sólidos totais e sedimentáveis. Podem

apresentar características orgânicas e inorgânicas. Além deste aspecto, os sólidos

são analisados conforme a sua composição, sendo classificados como fixos e

voláteis. Os primeiros de composição inorgânica e os últimos com a composição

orgânica. (VON SPERLING, 1996)

A importância da detecção deste parâmetro está relacionado a melhor

escolha do sistema de tratamento de efluentes em função das características

apresentadas.

No controle operacional de sistemas de tratamento de esgoto doméstico,

algumas frações de sólidos assumem grande importância. Em processos biológicos

aeróbios e anaeróbios as concentrações de sólidos em suspensão voláteis nos

lodos dos reatores tem sido utilizadas para se estimar a concentração de

microrganismos decompositores da matéria orgânica, isto em função da adsorção

destes microorganismos à estes sólidos. (SANTOS et al, 2010)

Os sólidos representam toda matéria que permanece como resíduo após

evaporação, secagem ou calcinação da amostra a uma temperatura pré-

estabelecida durante um tempo fixado. (HELLER, 2006)

Em linhas gerais, as operações de secagem, calcinação e filtração são as que

definem as diversas frações de sólidos presentes na água – sólidos totais, em

suspensão, dissolvidos, fixos e voláteis (Ver Figura 1). O método utilizado para a

determinação de sólidos são os métodos gravimétricos, indicando que este é um

parâmetro físico. (HELLER, 2006)

o Sólidos Totais Os sólidos totais são compostos por sólidos dissolvidos e em suspensão,

representando a presença total de matéria orgânica e inorgânica nos sólidos.

o Sólidos Sedimentáveis Fração dos sólidos que sedimenta, sob a ação da gravidade, a partir de um

litro de amostra no cone Imhoff, durante uma hora. (VON SPERLING, 1996)

30

A importância da detecção destes sólidos esta relacionada a concentração de

lodo a ser gerado em um tanque de decantação. (VON SPERLING, 1996)

o Sólidos em Suspensão

Os sólidos em suspensão representam a porção de sólidos totais ao qual fica

retida em um filtro que propicia a retenção de partículas de diâmetro maior ou igual a

1,2 µm. Apresentam-se em fixos (componentes minerais e inertes) e voláteis

(componentes orgânicos). (VON SPERLING, 1996)

o Sólidos Dissolvidos

Fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que são filtráveis, ou seja,

apresentam diâmetro inferior a 1,2 µm. Também se apresentam em fixos

(componentes minerais) e voláteis (componentes orgânicos). (VON SPERLING,

1996)

FIGURA 1 – BALANÇO DE SÓLIDOS.

FONTE: Adaptado de CHAVES, 2008.

ST = SST + SDT = SSV + SSF + SDV + SDF = SVT + SFT;

SVT = SSV + SDV e SFT = SSF + SDF;

SST = SSV + SSF e SDT = SDV + SDF

31

2.5.2 Características Químicas – Inorgânicas

Quanto às características químicas inorgânicas referentes ao efluente

doméstico, serão abordados os seguintes parâmetros: pH, nitrogênio e fósforo.

2.5.2.1 Potencial Hidrogeniônico – pH

Indica o caráter ácido ou básico dos efluentes. Nos tratamentos de efluentes,

o pH é um parâmetro fundamental para o controle do processo biológico, isto em

função de cada microorganismos atuar em uma determinada faixa de pH.

2.5.2.2 Fósforo e Nitrogênio Total

O fósforo e o nitrogênio são nutrientes importantes para os processos

biológicos de tratamento de efluentes, no entanto, devem ser removidos para que

não ocasionem eutrofização nos rios.

O nitrogênio total, nos efluentes domésticos, se apresenta em diversas

formas, incluindo o nitrogênio orgânico (na forma de proteínas, aminoácidos e uréia),

amônia, nitrito e nitrato. O nitrogênio é um elemento indispensável para o

crescimento dos microorganismos responsáveis pelo tratamento de esgoto.

Nos processos bioquímicos de conversão da amônia a nitrito e deste a nitrato

tem-se o consumo de oxigênio, o que prejudica a atividade aeróbia de tratamento de

esgotos. Já o processo de conversão do nitrato a nitrogênio gasoso é o preferencial

nos sistemas de tratamento de esgoto aeróbios. Isto por implicar na economia de

consumo de oxigênio. (VON SPERLING, 1996)

O fósforo na água apresenta-se principalmente nas formas de ortofosfato,

polifosfato e fósforo orgânico. É um nutriente indispensável no tratamento biológico.

A preocupação em relação ao fósforo está ligada ao fenômeno de eutrofização

artificial, processo causado nas águas onde os esgotos são lançados sem remoção

adequada principalmente deste nutriente. (VON SPERLING, 1996)

2.5.3 Características Químicas - Orgânicas

Quanto às características químicas orgânicas referentes ao efluente

doméstico, serão abordados os seguintes parâmetros: OD, DBO5, DQO e OG.

32

2.5.3.1 Oxigênio Dissolvido – OD

O oxigênio é essencial a todas as formas de vida aquática, incluindo os

organismos responsáveis pelos processos de depuração em águas naturais. A

concentração de oxigênio das águas varia com a temperatura, salinidade,

turbulência, pressão atmosférica. (HELLER, 2006)

O oxigênio dissolvido é um fator fundamental para o controle de processos de

tratamentos aeróbios. De acordo com Pessôa e Jordão (1995), é necessário manter

uma concentração de oxigênio dissolvido entre 1,5 e 2 mg/l no tanque de aeração

para a obtenção de um bom desempenho deste.

Desta forma, a concentração de OD está relacionada à concentração de

DBO. Pode-se dizer que quanto maior a concentração de oxigênio dissolvido na

água, menor será a concentração de matéria orgânica, medida através do parâmetro

de DBO.

2.5.3.2 Demanda bioquímica de oxigênio – DBO5

A DBO representa a quantidade de oxigênio necessário para a decomposição

aeróbia da matéria orgânica presente no efluente por via biológica. Desta forma,

pode-se dizer que a degradação da matéria orgânica induz a uma redução da

concentração de OD. Sua determinação é classificada como DBO5 devido a

oxidação da matéria orgânica num período de 5 dias e temperatura ótima para ação

dos microrganismos de 20°C. (UNEP, 2000)

2.5.3.3 Demanda química de oxigênio – DQO

Representa a quantidade de oxigênio necessária para estabilizar

quimicamente a matéria orgânica carbonácea. O valor da DQO é sempre superior ao

da DBO, devido a oxidação química que decompõe também a matéria orgânica não

biodegradável. Assim, como a DBO5, a DQO também representa um parâmetro de

medição indireto do teor de oxigênio no esgoto. (VON SPERLING, 1996 e UNEP,

2000)

33

2.5.3.4 Óleos e Graxas – OG

Segundo Giordano (2005) é comum a presença de óleos e graxas nos

efluentes com as mais diversas origens. Entre estas origens podem-se citar as mais

importantes: restaurantes, óleos e gorduras de cozinhas, fontes industriais, oficinas

mecânicas, qualquer equipamento que utilize óleo hidráulico, além de matérias

primas com composição oleosa (gordura de origem vegetal, animal e óleos

minerais).

Elevadas concentrações de óleos e graxas nos efluentes liberados em corpos

hídricos indicam baixa eficiência nos sistemas de tratamento empregados no

sistema. Isto ocorre, principalmente, quando são utilizados processos biológicos no

tratamento de esgotos domésticos devido à má biodegradabilidade deste parâmetro

em relação a este tratamento. (VON SPERLING, 1996; SANTOS et al, 2010;

HELLER, 2006)

2.5.3.5 Características Biológicas

Conforme Von Sperling (1996 citado por GIORDANO, 2005), os

contaminantes biológicos são diversos agentes patogênicos ou não. As

características bacteriológicas dos esgotos referem-se à presença de diversos

microrganismos tais como bactérias, protozoários, helmintos, vírus, vermes, e

principalmente aqueles do grupo coliformes. Para Giordano (2005), estes

microorganismos contaminam o solo, águas subterrâneas e superficiais, sendo

responsáveis pelas doenças de veiculação hídrica.

As bactérias constituem o elemento mais importante deste grupo de

organismos, os quais são responsáveis pela decomposição e estabilização da

matéria orgânica, tanto na natureza como nas unidades de tratamento biológico.

(SANEAGO, 2011)

A indicação de uma forma qualquer de poluição de um corpo d’água pode ser

através da presença de vários organismos. É o caso das bactérias coliformes típicas

do intestino do homem e de outros animais de sangue quente (mamíferos em geral).

Por estarem sempre presentes no excremento humano (100 a 400 bilhões de

coliformes/hab.dia) e serem de simples determinação, são adotadas como referência

34

para indicar a grandeza da contaminação dos esgotos domésticos. (SANEAGO,

2011)

2.6 LEGISLAÇÃO APLICADA

A legislação é a primeira condicionante para o projeto de uma estação de

tratamento de efluentes, sendo importante ressaltar que as diferenças das

legislações muitas vezes inviabilizam a cópia de uma estação de tratamento que

apresente sucesso em um estado para outro. (GIORDANO, 2005)

No Brasil, a Política Nacional de Meio Ambiente, o sistema de licenciamento

ambiental e a aprovação da lei de crimes ambientais ganharam um maior destaque

em relação ao sistema em função da aplicação de penas de reclusão e multas para

quem prejudicar o meio ambiente. Essa cobrança tem levado muitas empresas a

investirem parte dos seus lucros em sistemas de tratamento de efluentes. (VON

SPERLING, 1996)

A partir das legislações a seguir fica evidente a necessidade do cuidado com

o meio ambiente. Como o foco deste trabalho é o dimensionamento de uma estação

de tratamento de efluentes domésticos, pode-se perceber a importância deste

sistema, para que o lançamento dos efluentes ocorra dentro dos padrões

determinados pela legislação ambiental, e assim, sejam reduzidos os impactos

negativos no meio ambiente.

2.6.1 Legislação Federal

Muitas são as legislações federais que englobam o meio ambiente. Estas

legislações trabalham no sentido de preservar este bem tão importante aos seres

vivos. A seguir são citadas as principais legislações referentes ao meio ambiente.

No Brasil, a Política Nacional de Meio Ambiente foi estabelecida pela Lei

6.938 em 31 de agosto de 1981, a qual possui como objetivo tornar efetivo o direito

de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, mantendo o estado natural

dos recursos naturais impedindo a intervenção dos seres humanos. Desta forma,

pode-se observar a importância desta legislação em relação à questão das estações

de tratamento, uma vez que, através destas, consegue-se a redução de impactos

35

negativos ao meio ambiente, ou seja, mantêm-se o ambiente ecologicamente

equilibrado. (FARIAS, 2006)

A Lei N0. 11.445 de 5 de janeiro de 2007, vem a estabelecer as diretrizes

nacionais para o saneamento básico. Seu conjunto de serviços, infra-estruturas e

instalações operacionais visam o abastecimento de água potável e tratamento do

esgoto sanitário. Estes serviços são essenciais à população, tendo por objetivo a

saúde pública.

Para a Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH, Lei N0 9.433/97,

deve-se assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de

água, em padrões de qualidade adequados aos seus respectivos usos, além de que

este recurso é limitado, dotado de valor econômico, o qual pode ter usos múltiplos

(consumo humano, produção de energia, transporte e lançamento de esgotos).

O CONAMA N0 357 de março de 2005 dispõe sobre a classificação dos

corpos d’água e diretrizes ambientais para seu enquadramento, bem como

estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes (QUADRO 1), e dá

outras providências.

Para as águas doces, existem cinco classificações em ordem decrescente de

qualidade: classe especial, classe 1, classe 2, classe 3 e classe 4. Desta forma, a

classe com maior valor numérico é aquela que possui qualidade inferior. Significa

também que este corpo hídrico possui padrões de qualidade menos exigentes.

(CONAMA, 2005)

Esta legislação aborda também os padrões referentes ao lançamento de

efluentes nos corpos hídricos. Coloca que os efluentes produzidos, sejam de

qualquer fonte poluidora, somente poderão ser lançados, direta ou indiretamente,

nos corpos de água, após o devido tratamento e desde que obedeçam às condições,

padrões e exigências dispostos nesta resolução. A seguir são apresentados os

principais parâmetros e seus padrões de exigências em função do lançamento de

um determinado efluente.

36

QUADRO 1 - CONDIÇÕES PARA LANÇAMENTO DE EFLUENTES (CONAMA)

PARÂMETROS VALOR MÁXIMO

pH - Potencial Hidrogeniônico 5 a 9

*Temperatura 40o C

Materiais Sedimentáveis 1 mL/L

**Regime de lançamento (vazão máxima) 1,5

Óleos Minerais 20 mg/L

Óleos vegetais e gorduras animais 50 mg/L

Materiais flutuantes ausência

* Variação de temperatura do corpo receptor não deverá exceder a 3oC na zona de mistura.

** 1,5 vezes a vazão média do período de atividade diária do agente poluidor.

FONTE: Adaptado CONAMA 357/05.

O cumprimento destes padrões se faz importante uma vez que, quando não

cumpridos, sofrem as sanções penais presentes na Lei N0 9.605/98.

Esta legislação dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas

de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Os responsáveis pelos crimes

ambientais que venham causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que

resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a

mortandade de animais ou a destruição significativa da flora, sofrem as penas

impostas por esta legislação.

2.6.2 Legislação Estadual

No Paraná, a resolução da Secretaria Estadual do Meio Ambiente - SEMA No

001 de janeiro de 2007 dispõe sobre licenciamento ambiental, estabelece condições

e padrões ambientais e dá outras providências, para empreendimentos de

saneamento.

Esta legislação aborda os padrões referentes ao lançamento de efluentes nos

corpos hídricos conforme apresentado no QUADRO 2. Coloca que os efluentes

produzidos, de qualquer fonte poluidora, somente poderão ser lançados, direta ou

indiretamente, nos corpos de água desde que obedeçam às condições, padrões e

exigências cabíveis.

37

QUADRO 2 - CONDIÇÕES PARA LANÇAMENTO DE EFLUENTES (SEMA 001/07)

PARÂMETROS VALOR MÁXIMO (mg/L)

DBO – Demanda Biológica de Oxigênio 90

DQO – Demanda Química de Oxigênio 225

Óleos minerais 20

Óleos vegetais e gorduras animais 50

FONTE: Adaptado SEMA 001/2007.

Para o Instituto Ambiental do Paraná – IAP, o parâmetro referente à demanda

biológica de oxigênio (DBO) para o lançamento do efluente após tratamento deve

ser inferior a 50,0 mg/ L O2, e não estabelece parâmetros para sólidos suspensos

totais.

Na maioria dos estados o conceito é o mesmo estipulado pelo CONAMA

357/05, sendo a carga orgânica controlada pela concentração de DBO e apenas no

corpo receptor. Os Estados podem legislar sobre o assunto, ressalvando-se que a

Legislação Estadual pode ser mais restritiva que a Legislação Federal.

2.7 RELAÇÕES IMPORTANTES AO TRATAMENTO DE EFLUENTES

A seguir são apresentadas as principais relações de indicação para a escolha

de um determinado sistema de tratamento de efluentes. (VON SPERLING, 1996)

2.7.1 Indicação de tratamento biológico ou físico-químico

Para a definição de um tratamento biológico ou de um tratamento físico-

químico, a relação deve ser entre DBO e DQO.

DBO/DQO > 0,6 Indicação ao tratamento biológico;

0,2 < DBO/DQO < 0,6 Tratamento biológico possível;

DBO/DQO < 0,2 Indicação ao tratamento físico-químico.

38

2.7.2 Indicação de processo biológico aeróbio ou anaeróbio

As relações nutricionais entre carbono, nitrogênio e fósforo são de extrema

importância para a escolha entre processos aeróbios ou anaeróbios.

DBO: N: P de 100: 5: 1 Processos aeróbios

DQO: N: P de 500: 5: 1 Processos anaeróbios

2.8 NIVEIS DE TRATAMENTO

Segundo Von Sperling (1996 citado por LIMA, 2008), o tratamento de

efluentes domésticos pode atingir diferentes níveis classificados em tratamento

preliminar, primário, secundário e terciário. Os tratamentos apresentados a seguir,

assim como, os exemplos de sistemas aplicados, são os mais indicados ao

tratamento de efluentes domésticos.

2.8.1 Tratamento preliminar

O tratamento preliminar destina-se, através de mecanismos físicos, a

remoção dos sólidos grosseiros (sólidos com maiores dimensões), tais como areia

terra diatomácea, carvão, pó de pedra e similares.

Esta etapa de tratamento é significativa, pois não só protege os dispositivos

de transporte dos efluentes domésticos (bombas, tubulações, peças etc.) como

também os demais equipamentos como raspadores, removedores e aeradores.

(PESSOA, 1995; LIMA, 2008)

Este sistema é composto pelos sistemas de gradeamento, caixa de areia,

caixa separadora de água e óleo, além de um sistema de medição de vazão.

(NUNES, 2001; VON SPERLING, 1996; LIMA, 2008)

A FIGURA 2 exemplifica este sistema de tratamento preliminar.

39

FIGURA 2 – ESQUEMA TRATAMENTO PRELIMINAR

FONTE: VON SPERLING, 1996.

2.8.1.1 Sistema de Gradeamento

As grades são responsáveis pela remoção de sólidos grosseiros em

suspensão. As grades podem ser simples ou mecanizadas. Em estações de

tratamento de médio e pequeno porte são adotadas grades simples, devido ao

menor consumo de energia. Geralmente, para o dimensionamento das grades, é

utilizada a velocidade média de efluente entre as grades de 0,60m/s. (RAMALHO,

1991; NUNES, 2001)

O QUADRO 3 apresenta as características das grades, e o QUADRO 4, a

eficiências das mesmas, em função da espessura e das aberturas das barras.

QUADRO 3 - ESPAÇAMENTO E DIMENSÕES DAS BARRAS.

Tipo de grade Espaçamento (mm) Espessuras mais usuais (mm)

Grosseira

40 10 e13

60 10 e13

80 10 e13

Média

20 8 e 10

30 8 e 10

40 8 e 10

Fina

10 6, 8 e 10

15 6, 8 e 10

20 6, 8 e 10

FONTE: Adaptado de Junior, 2001.

40

QUADRO 4 - EFICIÊNCIA DO SISTEMA DE GRADEAMENTO.

t a = 20 mm a = 25 mm a = 30 mm

6 75% 80% 83,4%

8 73% 76,8% 80,3%

10 67,7% 72% 77%

13 60% 66,7% 71,5%

Onde: a = espaço entre as barras; t = espessura das barras. FONTE: Junior, 2001.

2.8.1.2 Desarenadores

Segundo Von Sperling (1996 citado por LIMA, 2008), os desarenadores são

responsáveis pela remoção de sólidos com diâmetros inferiores aqueles removidos

pelo sistema de gradeamento, no entanto, superior ao diâmetro dos sólidos

dissolvidos contida nos efluentes domésticos.

O mecanismo físico de funcionamento deste sistema baseia-se na

sedimentação. Quando o efluente passa pelo desarenador (FIGURA 3), a areia

contida no efluente tende a decantar, auxiliando também a não comprometer o

conjunto de bombas, tubulações e os próprios aeradores.

FIGURA 3- CAIXA DE AREIA APÓS GRADEAMENTO.

FONTE: Mello, 2007.

41

2.8.1.3 Caixa separadora de água e óleo

A caixa separadora de água e óleo é a unidade destinada à retenção de

gorduras e materiais que flotam naturalmente, sendo, portanto um método

puramente físico.

O princípio de separação ocorre pela diferença de densidade entre a água e o

óleo. A caixa deve ser construída de forma que o líquido tenha permanência

tranqüila durante o tempo em que as partículas, a serem removidos, percorram

desde o fundo até a superfície líquida. (NUNES, 2001)

Para o dimensionamento da caixa separadora de água e óleo os principais

parâmetros são a vazão de projeto e o tempo de detenção no interior da caixa.

Geralmente, o formato das caixas de gordura é retangular. (NUNES, 2001)

2.8.1.4 Sistema de medição de vazão

Ao determinar a vazão de entrada e/ou saída, pode-se utilizar de vários

métodos disponíveis (manual ou digital), contudo, os mais tradicionais em estações

de tratamento são os vertedouros, principalmente as Calhas Parshall.

Segundo Pessoa (1995), tal equipamento mede a vazão através de

estrangulamentos e ressaltos hidráulicos, os quais estabelecem para uma

determinada secção vertical à montante, uma relação entre a vazão do fluxo e a

espessura da lamina d’água naquela secção. (LIMA, 2008)

2.8.2 Tratamento Primário

Segundo Metcalf & Eddy (2003 citado por LIMA, 2008), o tratamento primário

contempla a remoção de sólidos sedimentáveis e parte da matéria orgânica em

suspensão, através de sistemas físicos de sedimentação. Nessa etapa pode-se

indicar os sistemas de decantadores circulares, quadrados e/ou retangulares.

A remoção do lodo gerado em função da decantação dos sólidos pode ser

mecanizada ou não. De acordo com a NBR 12209 (ABNT, 1990) para vazões

superiores a 250 l/s, a remoção do lodo deve ser mecanizada.

De acordo com Silva (2004), nesta fase pode-se ter o auxilio de ações

químicas, como por exemplo, a adição de agentes químicos (coagulantes) que

42

através de ações floculantes, aumentam as dimensões dos sólidos, auxiliando a

decantação destes flocos de matéria poluente.

Muitas vezes, dependendo da qualidade do efluente, esta etapa de tratamento

pode ser negligenciada, podendo ser utilizado, após o tratamento preliminar, o

tratamento secundário.

2.8.3 Tratamento Secundário

O tratamento secundário, por sua vez, destina-se a degradação biológica de

compostos carbonáceos e, eventualmente, alguns nutrientes como o fósforo e

nitrogênio. Este processo pode ocorrer, por exemplo, em tanques secundários, com

ou sem ação de flotadores. (VON SPERLING, 1996; SANTOS et al, 2010)

O tratamento nessa fase pressupõe as operações do tratamento preliminar,

mas pode prescindir dos equipamentos de tratamento primário. (BARROS et al.,

1995)

A menor formação de biomassa (lodo) do processo anaeróbio, em relação ao

aeróbio, é uma das grandes vantagens ao uso deste processo. Geralmente, o

volume de lodo no processo anaeróbio, em termos práticos é menor que 20% do

volume produzido no processo aeróbio. (VON SPERLING, 1996)

Apesar da remoção de nutrientes no sistema secundário, esta remoção não

alcança níveis que sejam relativamente ótimos para não ocasionarem a eutrofização

nas águas receptoras. Desta forma, tem-se o tratamento terciário para auxiliar esta

remoção. (SPERLING, 1996; SANTOS et al, 2010)

2.8.4 Tratamento Terciário

O tratamento terciário tem como objetivo a remoção complementar de

poluentes não suficientemente removidos no tratamento secundário, tais como os

nutrientes fósforo, nitrogênio e desinfecção do efluente tratado. (VON SPERLING,

1996)

Segundo Metcalf & Eddy (2003 citado por SCHERER, 2004) a utilização no

sistema de cloração com o uso de hipoclorito de sódio com solução comercial de

0,9%, que em contato com o esgoto tratado gera ácido hipocloroso, forte agente

desinfetante. Considerando-se ainda um tempo padrão de 30 minutos,

43

Entre o principal exemplo de tratamento terciário aplicado em sistema de

tratamento de esgoto está o sistema de lagoas de maturação.

2.9 PRINCIPAIS SISTEMAS DE TRATAMENTO SECUNDÁRIOS PARA ESGOTOS DOMÉSTICOS

A seguir serão apresentados os principais sistemas de tratamento

secundários para tratamento de efluentes domésticos, tais como, lagoas facultativas,

aeróbias, anaeróbias e sistema de lodo ativado.

Nesse trabalho, não foram considerados os sistemas aeróbios com biofilmes.

Por se tratar de uma Central de Abastecimento de Alimentos, onde circula

diariamente cerca de 20.000 pessoas, esse sistema possui algumas desvantagens

para ser implantado no empreendimento.

As desvantagens desses sistemas estão citadas abaixo. (VON SPERLING,

1196)

Filtro biológico de baixa carga: Elevados custos de implantação, requisitos

de áreas mais elevadas, menor flexibilidade operacional, sensíveis a

descargas tóxicas, possível problema com vetores e elevada perda de carga.

Filtro biológico de alta carga: Elevados custos de implantação, relativa

dependência da temperatura do ar e elevada perda de carga.

Biodisco: Elevados custos de implantação, maior número de discos para

vazões muito altas e relativa dependência da temperatura do ar.

2.9.1 Lagoas Facultativas

Nas lagoas facultativas o processo consiste na retenção do efluente por um

período de tempo longo o suficiente para que os processos naturais de estabilização

da matéria orgânica dissolvida e suspensa, ainda remanescentes dos sistemas

anteriores, se desenvolvam. Este é um processo bastante simples de estabilização

das matérias orgânicas. (RAMALHO, 1991; VON SPERLING, 1996 e UNEP, 2000)

As lagoas facultativas possuem profundidade de 1,5 a 3 metros. Neste tipo de

lagoa ocorrem dois processos distintos: aeróbios e anaeróbios. Na região superficial

ocorrem os processos fotossintéticos realizados pelas algas onde há liberação de

44

oxigênio no meio, favorecendo o processo aeróbio e, no fundo quando a matéria

orgânica tende a sedimentar, ocorrem os processos anaeróbios. (VON SPERLING,

1996 e UNEP, 2000)

A eficiência deste sistema de tratamento depende da disponibilidade de

grandes áreas para que a exposição à luz solar seja adequada, podendo chegar a

valores de 70 a 90 % de remoção de DBO. (VON SPERLING, 1996)

2.9.2 Lagoas Aeróbias

Na lagoa aeróbia o oxigênio é obtido através de equipamentos denominados

aeradores mecânicos. Os aeradores mais comumente utilizados são o de eixo

vertical que, ao rodarem em alta velocidade, causam um grande turbilhonamento no

efluente. (VON SPERLING, 1996)

Este turbilhonamento propicia a transferência do oxigênio atmosférico na

massa líquida, onde ele se dissolve. Com isto, consegue-se uma maior introdução

de oxigênio, comparada à lagoa facultativa convencional, permitindo que a

decomposição da matéria orgânica se dê mais rapidamente.

Em decorrência do fato acima, o tempo de detenção do esgoto na lagoa é

inferior às demais lagoas (da ordem de 5 a 10 dias), assim, o requisito de área é

inferior. Esta introdução de oxigênio auxilia também a redução de maus odores em

função da degradação da matéria orgânica por microorganismos anaeróbios,

podendo chegar a valores de 85 – 93% de eficiência na remoção de DBO. (VON

SPERLING, 1996)

A biomassa nestas lagoas é mantida uniformemente distribuída pela massa

liquida, não ocorrendo por conseqüência grande sedimentação de lodo nessa lagoa.

Desta forma, é necessária, algumas vezes, a instalação de sistemas de decantação

de sólidos residuários do sistema aeróbio. (PESSÔA E JORDÃO, 1995)

Apesar dos pontos positivos para a aplicação desta lagoa, pode-se dizer que

o consumo de energia elétrica é superior a demais sistemas de tratamento, isto em

função dos equipamentos responsáveis pela introdução de oxigênio. No entanto, os

pontos positivos, já citados, superam esta questão.

45

2.9.3 Lagoas Anaeróbias

Nas lagoas anaeróbias é essencial a condição de anaerobiose, isto se dá

através do lançamento de uma grande carga de DBO por unidade de volume da

lagoa. Isto faz com que a taxa de consumo de oxigênio seja superior à taxa de

produção. Sua estabilização em condições anaeróbias é lenta, pelo fato de que suas

bactérias se reproduzirem numa vagarosa taxa.

Este sistema não requer qualquer equipamento em especial e tem um

consumo mínimo de energia. A produção de oxigênio pela fotossíntese e pela

reaeração atmosférica é, neste caso, desprezível. (VON SPERLING, 1996)

Essas lagoas são profundas, de 4 a 5 metros, para reduzir a possibilidade de

penetração do oxigênio produzido na superfície (pela fotossíntese e pela reaeração

atmosférica) para as demais camadas. O tempo de detenção hidráulica (t) se situa

na faixa de 3 a 6 dias e a taxa de aplicação volumétrica (Lv) comumente adotada é

0,1 a 0,3 kgDBO/m3.d. (VON SPERLING, 1996)

Os custos para implantação são relativamente baixos, pois por serem mais

profundas essas lagoas requerem menor área para implantação, não necessitam

qualquer equipamento especial e não consomem energia elétrica. (VON SPERLING,

1996)

A eficiência na remoção de DBO é de 50 a 60%. A DBO efluente da lagoa

anaeróbia é ainda elevada, necessitando-se utilizar uma unidade posterior de

tratamento. Caso o sistema esteja bem equilibrado, a possibilidade de geração de

mau cheiro é pequena, mas problemas operacionais eventuais podem permitir a

liberação de gás sulfídrico, responsável por maus odores. Deve-se optar por esse

tipo de tratamento quando for possível se ter um grande afastamento de residências.

(VON SPERLING, 1996)

2.9.4 Sistema de Lodo Ativado

O sistema de lodo ativado foi desenvolvido na Inglaterra, em 1974, por

Andern e Lockett. Este processo é hoje amplamente aplicado em ETE. Isto por se

mostrar como uma alternativa eficiente de redução de contaminantes orgânicos, e

apresentar elevada redução inicial de nutrientes, além de necessitar de baixa área

para construção. (MIGUEL, 2004)

46

O sistema de lodo ativado é o floco produzido em um esgoto bruto ou

decantado pelo crescimento de bactérias zoogléias ou outros organismos, na

presença de oxigênio dissolvido, e acumulado em concentração suficiente graças o

retorno de outros flocos previamente formados. (PESSÔA E JORDÃO, 1995)

O oxigênio dissolvido recomendado por Pessôa e Jordão (1995) é entre 1,5 e

2 mg/l. Assim, tende a evitar problemas como baixa decantabilidade do lodo e um

desperdício de energia.

Estes processos biológicos funcionam a partir de fenômenos de

autodepuração, através de processos bioquímicos. Esses processos podem ser

anaeróbios, aeróbios ou facultativos. (GIORDANO, 2005)

Lodo Ativado Convencional

O sistema é composto por um reator e um decantador, onde o princípio

básico do sistema consiste na recirculação dos sólidos (lodo ativado) presentes no

fundo da unidade de decantação, por meio de bombeamento, para o tanque de

aeração. Ou seja, com a recirculação destes sólidos há um aumento considerável na

concentração de bactérias no tanque, o que garante uma elevada eficiência na

degradação de matéria orgânica. (VON SPERLING, 1996)

No entanto, para manter o sistema em equilíbrio, é necessário que se retire a

mesma quantidade de biomassa que é produzida na reprodução das bactérias,

também conhecido como o lodo excedente, este lodo necessita de uma

estabilização na etapa de tratamento. (VON SPERLING, 1997)

Caso fosse permitido que a população de bactérias crescesse

indefinidamente, elas tenderiam a atingir concentrações excessivas no tanque de

aeração e dificultariam a transferência de oxigênio a todas as células. Além de o

decantador secundário ficar sobrecarregado e os sólidos como não iriam sedimentar

satisfatoriamente, iriam sair junto com o efluente final, o que iria deteriorar a sua

qualidade. (VON SPERLING, 1996)

Seu fornecimento de oxigênio no tanque é feito por aeradores mecânicos ou

por ar difuso, o tempo de detenção hidráulica é em torno de 6 a 8 horas, enquanto

que o tempo de retenção celular (idade do lodo) é de 4 a 10 dias. Sua eficiência

na remoção de DBO neste sistema de tratamento é na ordem de 85 – 93%. (VON

SPERLING, 1996)

47

Aeração Prolongada

O sistema de lodo ativado por aeração prolongada é similar ao convencional,

porém o tempo de detenção celular é maior, de 18 a 30 dias, tornando o lodo

excedente já estabilizado, pois as bactérias utilizam a matéria orgânica do próprio

material celular para a sua manutenção em função de haver menos matéria orgânica

(DBO) disponível para as mesmas. Já o tempo de detenção hidráulica é maior, de

16 a 24 horas, o que implica num maior volume do tanque de aeração. (VON

SPERLING, 1996)

No decantador secundário, segundo Metcalf & Eddy (1991 citado por VON

SPERLING, 1997) a taxa de aplicação hidráulica para aeração prolongada

apresentam valores entre 0,33 a 0,67 para vazão média e 1,00 a 1,33 (m³/m².h)

para vazão máxima . Pois se a velocidade ascendente do líquido for superior à

velocidade de sedimentação dos sólidos, estes não conseguirão ir para o fundo do

decantador, saindo com o efluente final.

Porém, sua eficiência na remoção de DBO neste sistema de tratamento é na

ordem de 93 – 98%, bem superior quando se tratado de lodo ativado convencional.

(VON SPERLING, 1996)

De acordo com Von Sperling (1997), os principais sistemas de aeração por ar

difuso podem ser classificados segundo a porosidade do difusor e o diâmetro da

bolha produzida.

Difusor poroso (bolhas finas, diâmetro < 3 mm): prato, disco e tubo.

Difusor poroso (bolhas médias, diâmetro entre 3 e 6mm): prato, disco e tubo.

Difusor poroso (bolhas grossas, diâmetro superior a 6 mm): tubos

perfurados ou com ranhuras.

Outros sistemas: aeração por jatos, aeração por aspiração e tubo em U.

As vantagens do tratamento aeróbio por lodos ativados estão citadas abaixo:

(BRANCO e HESS, 1975; VON SPERLING, 1997)

o Possibilidade de ampliar ou abreviar o tempo de contato entre despejo e os

organismos do meio;

o Possibilidade de variar a relação alimento/microrganismo;

48

o Garantia do fornecimento do oxigênio necessário à respiração da microbiota e

flora ativas;

o Possibilidade de adaptar a quantidade de oxigênio à demanda dos

organismos;

o Possibilidade de distribuir a carga orgânica ao longo das câmaras de aeração;

o Possibilidade de remoção biológica de nitrogênio e fósforo;

o Nitrificação usualmente obtida;

o Baixos requisitos de área;

o Possibilidade de dispensar os decantadores primários.

Segundo Branco e Hess (1975) e Von Sperling (1997), as desvantagens

apresentadas pelo processo de tratamento com lodos ativados são:

o Maior sensibilidade do sistema;

o Maior custo de implantação;

o Exigência de operadores especializados;

o Elevado índice de mecanização;

o Possíveis problemas ambientais com ruídos;

o Volume de lodo resultante mais elevado devido ao baixo teor de sólidos;

o Maior consumo de energia.

Fluxo Intermitente

A operação do sistema, como o nome já diz, é intermitente e consiste em

incorporar todas as unidades, processos e operações do sistema de lodo ativado

convencional, ou seja, a decantação primária, oxidação biológica, decantação

secundária, em um único tanque. (VON SPERLING, 1996)

Assim, no mesmo tanque, ocorrem em fases diferentes, as etapas de reação

(aeradores ligados) onde os sólidos sedimentados retornam a massa líquida

dispensando as bombas de recirculação e a etapa de sedimentação (aeradores

desligados) os sólidos sedimentam e é retirado o efluente (sobrenadante). (VON

SPERLING, 1996)

Sua eficiência na remoção de DBO nesse sistema de tratamento é na ordem

de 85 – 95%. (VON SPERLING, 1996)

49

3 MATERIAL E MÉTODOS

Para o desenvolvimento do estudo foram levantadas informações sobre a

atual situação sanitária da CEASA-PR. Estas informações condizem com o número

de pessoas que circulam diariamente na unidade atacadista, vazão de esgoto

produzido, a existência de algum monitoramento da qualidade do esgoto produzido

no local de estudo, a existência de algum tipo de tratamento de esgoto no local e o

rio onde esse efluente é lançado.

Estas são as informações importantes para a escolha e dimensionamento de

um sistema de tratamento industrial para a CEASA/PR. A importância de uma

estação de tratamento está relacionada ao porte deste empreendimento, conforme

visto no item 3.1. A obtenção das informações citadas foi realizada com base em

pesquisas na própria unidade da CEASA em Curitiba.

O autor deste trabalho realizou estágio durante dois anos (2008-2010) na

CEASA/PR, onde trabalhou com: avaliação e auxílio na implantação dos Planos de

Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), acompanhamento do processo de

destinação do resíduo sólido e avaliação da capacidade de tratamento da ETED.

Desta forma, a partir dos levantamentos realizados será determinado o

sistema mais adequado em relação a este caso. Esta informação será obtida a partir

da análise das literaturas e relações de eficiência de cada sistema.

3.1 CARACTERÍSTICAS DA CEASA/PR.

Com o crescimento dos centros urbanos do país, o processo de distribuição

de produtos hortigranjeiros tornou-se mais complexo e oneroso. Este fato, aliado à

precariedade dos mercados tradicionais, suscitou a necessidade de

aperfeiçoamento das estruturas de comercialização desses produtos no Brasil.

(CEASA, 2010)

Assim, o Programa Estratégico de Desenvolvimento (1970) e o I Plano de

Desenvolvimento (1972/74) estabeleceram como prioridade a construção de

Centrais de Abastecimento nas principais concentrações urbanas do país. (CEASA,

2010)

As Unidades Atacadistas passaram a se constituir em efetivos centros de

concentração da comercialização de hortaliças, frutas, ovos e outros produtos. Isto

50

possibilitou maior disciplinamento e organização do setor, bem como incentivou o

desenvolvimento da produção hortícola voltada para o mercado paranaense e de

outros estados, por facilitar o intercâmbio entre os principais centros consumidores.

(CEASA, 2010)

3.1.1 Histórico da CEASA/PR

No Paraná, a primeira empresa responsável pelo abastecimento de alimentos

de forma varejista foi a Companhia Brasileira de Alimentos - COBAL, em 1972.

Porém, esta unidade entrou em operação apenas em maio de 1975, na cidade de

Maringá. (CEASA, 2010)

A primeira CEASA implantada oficialmente com efetivo planejamento urbano

foi a Central de Abastecimento de Curitiba, que começou a operar em julho/76

sendo inaugurada somente em agosto/76, na rodovia BR 116 – km 111, n° 22881,

bairro do Tatuquara, no município de Curitiba. Na seqüência foram implantadas em

Foz do Iguaçu (1978), Cascavel (1979), Londrina (1982) e Maringá (1986). (CEASA,

2010)

A partir de 1990 a CEASA/PR, deixou de ser regida pelo Governo Federal,

sendo estadualizada pela Lei 9352 de 23/08/90, com base nos Decretos N0.2400 de

21/12/87 e N0. 2427 de 08/04/88, o que culminou com a assinatura do Termo de

Doação ao Governo Estadual em 26/09/90. Após assumir o comando da

CEASA/PR, o Governo Estadual promoveu a alteração do seu estatuto social,

incluindo a possibilidade da empresa comprar, vender, transportar e distribuir

gêneros alimentícios básicos, no desenvolvimento de programas sociais, desde que

em sintonia com a política governamental. (CEASA, 2010)

3.1.2 Unidade atacadista de Curitiba

A CEASA/PR, unidade de Curitiba (FIGURA 4), funciona para distribuição e

comercialização de produtos hortigranjeiros, pescados, produtos perecíveis,

artesanato e atípicos. Nesta unidade circulam diariamente aproximadamente 20.000

pessoas.

51

FIGURA 4 – VISTA ÁEREA DA CEASA/PR - UNIDADE DE CURITIBA - 2011.

FFFONTE: Google Mapa Link – imagens 2011.

São distribuídos pela CEASA oito pavilhões permanentes, para cada um

destes pavilhões há a presença de: uma lanchonete, área para estacionamento,

trânsito de veículos e banheiros públicos.

Para o Mercado do Produtor é destinada uma área com cobertura para

comercialização dos produtos. Existe, também, a Casa do Produtor, com serviços de

apoio, tais como: telefone, fax, vestiários, orientação técnica, sala de informática,

associação de produtores e carregadores, informações e prestação de serviços.

(CEASA, 2010)

As lojas e comércios estão localizados nos pavilhões chamados de “Atípicos”

num total de seis pavilhões com as seguintes atividades: DIMAN (Divisão de

Manutenção), DITEC (Diretoria Técnica), administração, gerência da Unidade

Curitiba e Polícia Militar, SIMA (Serviço de Informação de Mercado Agrícola), SEAB

(Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná), Ministério da Agricultura,

ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), agência de cargas, agências

bancarias, armazém da família, casa lotérica, papelaria, farmácia, lanchonete,

restaurantes, mercearia, panificadora, cabeleireiro, banheiros públicos. (CEASA,

2010)

52

A CEASA/PR também possui uma área destinada ao gerenciamento dos

programas sociais, salão de eventos, feira de produtos orgânicos e artesanato,

CEASA Amiga, corpo de bombeiros, casa de venda de pneus, borracharia, cartório

de registros, estacionamento pago, balança, galpão de armazenamento e

administração de resíduos recicláveis.

Devido a esta administração de recicláveis, tem-se disponibilizado para a

associação dos catadores, dois depósitos de caixarias, área de administração do

setor de limpeza e resíduos, empresa de lavagem e higienização de caixarias

plásticas, sistema de manutenção de carrinhos e área recreativa do Sindicato dos

permissionários. (CEASA, 2010)

A CEASA/PR possui uma estação de tratamento de esgoto de pequeno porte,

a qual gerencia o tratamento dos efluentes gerados pelos empreendimentos em

especiais lanchonetes e sanitários de toda a central. (CEASA, 2010)

No QUADRO 5, estão relacionadas as áreas ocupadas por cada unidade de

Curitiba. (CEASA, 2010)

QUADRO 5 - RELAÇÃO DAS ÁREAS OCUPADAS PELA CEASA – CURITIBA

Área total de terreno 510.000 m²

Área total urbanizada 196.000 m²

Área construída 72.011 m²

Área de comercialização 45.354 m²

FONTE: Adaptado de CEASA, 2010.

3.2 DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A Central de Abastecimento do Paraná – CEASA/PR está localizada na

região sul de Curitiba, no bairro do Tatuquara. As coordenadas para localização

deste empreendimento são as seguintes: Latitude de 25°33'7.56"S e Longitude de

49°18'10.47"O, estando a uma altitude de 938 metros.

3.3 SITUAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE AMBIENTAL

No Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS, 2010) da

CEASA/PR, consta o levantamento de dados das condições de Saúde Ambiental no

53

empreendimento dos permissionários, realizado através de entrevistas, com o

objetivo de avaliar a situação atual.

O GRÁFICO 3 mostra a situação das condições atuais dos espaços cedidos

aos permissionários na unidade de Curitiba, com base nas informações obtidas no

PGRS (2010).

GRÁFICO 3 – CONDIÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DOS ESTABELECIMENTOS

FONTE: Adaptado do PGRS da CEASA-Curitiba, 2010.

O volume gasto de água em toda CEASA de Curitiba é muito sazonal, isto

porque depende da época do ano (verão/inverno), seu abastecimento é realizado

através de um poço artesiano instalado em ponto estratégico. A outorga para

captação d’água subterrânea é de 10 m³/h mas quando há necessidade de mais

água utiliza-se da Sanepar – Companhia de Saneamento do Paraná.

3.4 SISTEMA ATUAL DE TRATAMENTO DE EFLUENTE DOMÉSTICO

O sistema utilizado na Estação de Tratamento de Efluentes Doméstico

(ETED) da Ceasa é de Lodo Ativado, processo amplamente utilizado no mundo

como alternativa de redução dos contaminantes orgânicos presentes nos despejos

em alguns casos na remoção de nitrogênio (N) e fósforo (P).

No sistema de tratamento existente na CEASA identificamos as seguintes

etapas:

54

o Tratamento preliminar; gradeamento (grosseiro, médio e fino), desarenador,

tanque de equalização e elevatória do esgoto bruto.

o Tanque de aeração, tratamento biológico.

o Decantador secundário;

o Tanque de lodo de descarte;

o Sistema de desinfecção; chicana para aplicação de desinfetante (pastilhas

de cloro).

3.5 DADOS PARA DIMENSIOAMENTO DA ETED NA CEASA-CURITIBA

3.5.1 Produção do efluente doméstico

Os efluentes gerados na CEASA de Curitiba correspondem às máquinas de

lavagem dos produtos, lavagem de caixas plásticas, restaurantes, lanchonetes e

banheiros sanitários. Todo o volume produzido de efluente é direcionado para a rede

de coleta da estação de tratamento de efluentes.

A TABELA 3 apresenta os dados de vazão da ETED e da vazão extravasada

no sistema, ou seja, a vazão que não passa pelo processo biológico de tratamento

sendo desviada para o corpo receptor.

Apresenta também o volume total de efluente produzido ao longo de um dia

pela CEASA/PR. A vazão da ETED foi medida através de um vertedor triangular

presente nesta estação, já a vazão extravasada foi medida com cronômetro e balde

de 20 litros. Estes dados foram obtidos através da CEASA (2010).

TABELA 3 - PRODUÇÃO DO EFLUENTE GERADO NA CEASA/PR

Período Hora Vazão Extravasada

(m³/h)

Vazão da ETED

(m³/h) m³

06:00 – 13:00 7 10 6,6 116,4

13:00 – 18:00 5 4 6,6 53,1

18:00 – 06:00 12 0 0,5 6,0

TOTAL 24 - - 175

FONTE: CEASA (2010).

55

3.5.2 Lançamento do efluente no corpo receptor.

Somente na CEASA de Curitiba circulam cerca de 20.000 (vinte mil) pessoas

diariamente, todo o efluente produzido nessa unidade é conduzido

indiscriminadamente para o corpo receptor. Desta forma, a Central de

Abastecimento do Paraná unidade de Curitiba se encontra em desacordo com as

normas ambientais, segundo a legislação do Estado do Paraná SEMA (001/2007) e

o CONAMA (357/05).

Este estudo buscou realizar o dimensionamento de uma estação de

tratamento para o efluente da CEASA-Curitiba, a qual é operada em desacordo com

a legislação referente às características de lançamento de efluentes.

Próximo a área da estação de tratamento de efluente na Ceasa encontra-se

uma nascente, que pertence à bacia hidrográfica do Rio Ponta Grossa. Esse rio

abastece o parque Lago Azul no bairro do Umbará, que tem por objetivo a

preservação do meio ambiente e a opção de lazer a mais para a população. O Lago

Azul é o primeiro parque no extremo sul da cidade de Curitiba que, tem por objetivo,

uma área específica de proteção.

FIGURA 5 - CEASA/PR - UNIDADE DE CURITIBA – 2011.

FONTE: Google Mapa Link – Dados Cartográficos 2011.

56

Conforme lei federal n° 7.803/89 e Código Florestal - Art. 2º Consideram-se

Área de Preservação Permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais

formas de vegetação natural situadas: ― “Ao longo dos rios ou de qualquer curso

d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja” ou

de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de10 (dez) metros de largura e

nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer

que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros de

largura. (PGRS, 2010)

3.5.3 Caracterização do efluente doméstico gerado

O estudo de caracterização do efluente doméstico foi conduzido durante o

período de estágio obrigatório pelo próprio autor, realizado na estação de tratamento

da Central de Abastecimento do Paraná – unidade de Curitiba.

As coletas foram de forma pontual, sendo o afluente coletado no tanque de

equalização, ou seja, esgoto sem tratamento, e o efluente coletado no sistema de

desinfecção da ETED, ou seja, após o tratamento.

Ao longo do mês de novembro do ano de 2008, durante o período de estágio

do autor desse trabalho, foram coletadas amostras para caracterização do esgoto

gerado na CEASA/PR, as quais foram analisadas pela Companhia de Saneamento

do Paraná - SANEPAR. Os resultados das análises são demonstrados na Tabela 4.

TABELA 4 – CARACTERIZAÇÃO DE ENTRADA E SAÍDA DO EFLUENTE

Data Afluente Efluente

DQO (mg/L) DBO (mg/L) DQO (mg/L) DBO (mg/L)

5/11/08 830 540 587 350

7/11/08 1034 785 467 354

11/11/08 930 540 587 350

13/11/08 974 - 488 374

14/11/08 599 361 710 331

Média 873 557 568 352

AFLUENTE: Esgoto bruto EFLUENTE: Esgoto tratado FONTE: CEASA, 2008

1.

1 Avaliação da capacidade de tratamento dos efluentes domésticos do CEASA/PR. Relatório interno

disponibilizado com autorização da CEASA de Curitiba.

57

3.6 DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE TRATAMENTO ADOTADO

De acordo com Von Sperling (1996) o processo de tratamento dimensionado

foi definido através da relação entre DBO/DQO, que resultou em um valor maior que

0,6 indicando ao tratamento biológico. O sistema adotado será o de lodo ativado

com aeração prolongada devido a sua alta eficiência na remoção de DBO, esse

sistema é na ordem de 93 a 98 %.

O efluente gerado na Ceasa de Curitiba irá passar pelo sistema de

gradeamento (1), um desarenador (2), um medidor de vazão do tipo calha Parshall

(3) e um tanque de equalização (que servirá também como tanque pulmão em

horários de grandes picos) (4). Após esta etapa, o efluente doméstico segue para

um reator aeróbio (tanque de aeração) (5), seguido de um decantador secundário (6)

e por último um tanque de desinfecção (7), para depois ser lançado em um córrego

(9). Por meio da FIGURA 6 é possível entender as etapas e o processo de

tratamento.

A idade do lodo (tempo em que o lodo ativado permanece no tanque de

aeração) adotada no projeto é de 20 a 30 dias, este lodo é recirculado para o tanque

(6) através de uma bomba de retorno instalada no decantador secundário.

O volume de biomassa excedente deve ser retirado periodicamente do tanque

de aeração e armazenado no tanque (8) para tratamento e disposição final. No final

de cada mês o lodo será levado para um aterro sanitário, porém, existe a

possibilidade de utilizá-lo na agricultura (após estudo sobre o solo) como fertilizante

e recompositor da camada superficial do solo. (VON SPERLING, 2002)

Esse lodo não deverá permanecer no tanque por mais de 30 dias, devido a

problemas de odores desagradáveis ocasionados pela formação de gases na sua

decomposição.

58

FONTE: Adaptado de Von Sperling, 1997.

3.7 LEGENDA E FÓRMULAS

Para o dimensionamento da estação de tratamento de efluente doméstico foi

necessária a adoção de alguns parâmetros com base na revisão bibliográfica na

realização do projeto da CEASA/PR. O memorial de cálculos do dimensionamento

da ETED está no Anexo A.

A metodologia do dimensionamento do sistema de gradeamento e

desarenador foi baseada no referencial teórico de Santos (2004).

TABELA 5 - MEDIDAS DE VAZAO

Vazão Máxima 17 m³/h

Vazão Média 8 m³/h

Vazão Mínima 1 m³/h

FONTE: adaptado de CEASA, 2010.

3.7.1 Gradeamento

Adotada grade média com barras retangulares de 10 x 50 mm e com

espaçamento de a = 25 mm e inclinação de 45º. Também, adotou-se a grade fina

com barras retangulares de 6 x 38 mm com espaçamento de a = 10 mm e inclinação

de 45º.

Condições de escoamento na grade, com velocidade de passagem na grade

de 0,60 m/s.

(2) (4) (1) (3)

(9)

(5) (6) (7)

(8)

FIGURA 6 - FLUXOGRAMA DE UM PROCESSO DE AERAÇÃO PROLONGADA

59

FÓRMULA USADAS PARA O DIMENSIONAMENTO

Eficiência da grade

E = a / (t + a) a – espessura da barra (m) t – espaçamento entre as barras (m)

Área útil (m²)

Au = Qmáx / Vmáx Qmáx - Vazão máxima horária do dia (m³/s) Vmáx - Velocidade na grade (m/s) Área total da grade (m²)

At = Au / E Au – Área útil da grade (m²) E – Eficiência

Altura da lâmina de água na grade (m

h’ = Au / b Au – Área útil da grade (m²) b – Largura do canal da grade (m

Largura do canal da grade (m)

b = At / h At – Área total da grade (m²) h – Altura máxima do canal da grade (m) Altura máxima do Canal da grade (m)

hmáx = Hmáx - Z Hmáx = altura máxima da calha Parshall Z = degrau montante da calha Parshall Número de espaço na grade

N = b / (t + a) b – Largura do canal da grade (m) a – espessura da barra (m) t – espaçamento entre as barras (m)

60

Número de barras na grade

Nb = Ne + 1 Ne – número de espaço na grade

Velocidade na grade

Vg = Qmáx / hmáx x b x E Qmáx: Vazão horária do dia de maior (m³/s)

hmáx: Altura máxima do canal da grade (m)

b - largura do canal da grade (m)

E - eficiência

Velocidade no canal da grade

Vc = Qmáx hmáx x b Qmáx : Vazão máxima horária do dia de maior (m³/s)

hmáx - altura máxima do canal da grade (m)

b - largura do canal da grade (m)

3.7.2 Desarenador

De acordo com Jordão e Pessoa (2005), a velocidade a ser mantida nos

canais é de 0,30 m/s.

A TABELA 6 relaciona o tamanho das partículas com a velocidade de

sedimentação. (SANTOS, 2004)

TABELA 6 - RELAÇÃO DE TAMANHO DAS PARTÍCULAS POR VELOCIDADE DE SEDIMENTAÇÃO.

Tamanho das partículas (mm) Velocidade de Sedimentação (cm/s)

0,3 4,3

0,2 2,4

0,1 0,9

FONTE: Santos, 2004.

61

Largura (m)

b = Qmáx / h máx x V Qmáx – Vazão máxima (m³/s)

h Max – Altura máxima (m)

V – Velocidade horizontal (m/s)

Comprimento da caixa de areia (m)

V1 – Velocidade de escoamento (m/s)

V2 – Velocidade de sedimentação (m/s)

Hmáx – Altura máxima do canal da grade (m)

Taxa de escoamento superficial (m³/d.m²)

Tes = Qmáx / (b x L) Qmáx – Vazão máxima (m³/s)

b – Largura (m)

L – Comprimento (m)

3.7.3 Medidor de vazão – Calha Parshall

O medidor tipo Parshall foi desenvolvido pelo engenheiro Ralph L. Parshall,

na década de 1920, nos Estados Unidos, é uma melhoria realizada no projeto de

calha Venture. Esse equipamento geralmente é fabricado e comercializado por

empresas especialistas na medição e controle de vazão e de nível em todos os

segmentos industriais. (INCONTROL, 2008)

Este sistema é destinado à medição de vazão de líquidos fluindo por

gravidade a ser instalado em canais abertos, com velocidade superior a 2,0 m/s. A

leitura da vazão pode ser realizada por medidor tipo pedestal, acoplada junto a

Parshall, ou através de régua graduada a partir da altura da lâmina de água no

canal. (INCONTROL, 2008)

62

Para o sistema de tratamento da Ceasa foram consultados alguns

fornecedores deste equipamento, porém, apenas um só retornou com uma proposta.

O fabricante Environquip, situada na cidade de Curitiba.

O QUADRO 6 fornecido pela empresa apresenta a relação entre a vazão e a

largura da calha Parshall.

QUADRO 6 - RELAÇÃO ENTRE A LARGURA DA GARGANTA E A VAZÃO DA CALHA

LARGURA DA GARGANTA CAPACIDADE DE VAZÃO (m³/h)

Polegadas Mínima Máxima

1” 0,40 20,41

2” 1,0 51,0

FONTE: Adaptado de Environquip, 2011.

3.7.4 Tanque de Equalização

O tanque de equalização tem por objetivo a homogeneização da

concentração do efluente, neutralizando o pH, evitando choques hidráulicos e de

concentração (carga orgânica constante), garantindo a alimentação contínua do

efluente. Esse sistema, também será projetado para absorver todo o volume de

efluente gerado em horários de pico.

A seguir, estão equações utilizadas para os cálculos:

Volume de equalização (m³)

Veq = (Qe - Qs) x t Qe – Vazão de entrada do efluente bruto (m3/h)

Qs - Vazão de saída do efluente bruto (m3/h)

t – tempo

Dimensões do Tanque (m)

b = L H = 3m (adotado)

V = b x L x H b – base

L – comprimento

H - altura

63

Volume Total (m³)

Vt = (Veq + Vmin) Veq – Volume de equalização (m3/h)

Vmin – Volume mínimo (m3/h)

Potência do Agitador (cv)

N = (Dp x Vt) / Dp – Diferença de potencial (w)

Vt – Volume total do tanque (m3)

- Rendimento

3.7.5 Reator Aeróbio – Tanque de Aeração prolongada

A metodologia do dimensionamento do sistema de tratamento biológico com

aeração prolongada foi baseada no referencial teórico de Von Sperling (1997).

Para o dimensionamento do reator é necessário o conhecimento da carga

orgânica, entre outros parâmetros, ao qual foi embasada em literatura. A

concentração média DBO e DQO foi retirada da TABELA 4, conforme realizado pelo

laboratório da SANEPAR em 2008. A vazão, no entanto, foi medida pelo próprio

autor no período de estágio.

Segundo Von Sperling (1996) a eficiência na remoção de DBO neste sistema

de tratamento é na ordem de 93 – 98%. Para este cálculo será utilizado à eficiência

mínima de 93% para obtenção na remoção da DBO5.

Seu sistema de aeração por ar difuso foi dimensionado e projetado para

atender os padrões de lançamento de efluentes, conforme legislação vigente no

estado do Paraná (ver QUADRO 1QUADRO 2). Este processo foi escolhido para

atingir a eficiência necessária para a remoção da carga orgânica conforme dados de

projeto e cumprimento da legislação.

Dados Utilizados para Dimensionamento do Tanque de Aeração (TA)

Vazão do afluente máxima: 116,4 m³/d

média: 53,1 m³/d

mínima: 6,0 m³/d

64

Tempo de detenção hidráulica: 16 horas (adotado)

Concentração DBO: 557 mg/l

Concentração DQO: 873 mg/l

SSTA 3.500 mg/l (adotado)

Razão de recirculação (R) 1,0 (adotado)

Taxa de aplicação hidráulica 0,5 m³/m².d

Eficiência do Sistema 93% (adotado)

KgO2/kgDBO: 2,0

Sólidos Totais – ST 100 – 500 mg/L

Sólidos Suspensos Totais 3 – 20 mg/L

Sólidos Sedimentáveis 12 - 45 mg/L

Decantador Primário.

Não há decantador primário.

Carga orgânica do projeto (kg DBO /d)

COefl = Qtotal x DBO5 Qtotal - Vazão total do dia (m³)

DBO5 - Demanda bioquímica de oxigênio (mg/l)

Necessidade de oxigênio (kg O2/kgDBO)

NEC. O2 = OD x COefl OD – Oxigênio dissolvido (mg/l)

COefl – Carga orgânica

Relação de Alimento/Microrganismo (F/M)

F/M = COe / (V x SSTA) COefl – Carga orgânica

V - Volume do reator (m³)

SSTA – Sól. Susp. no tanque de aeração (mg/l)

65

Idade do lodo (IL)

IL = (V x SSTA) / (QDLE x SSRL) V - Volume do reator (m³)

SSTA – Sól. Susp. no tanque de aeração (mg/l)

QDLE – Vazão de descarte do lodo (m³/h)

SSRL – Sól. Susp. do reciclo do lodo (mg/l)

Demanda bioquímica de oxigênio esperada (mg/l)

DQOefl = DQOafl – ((E x DQOafl ) / 100)

Demanda bioquímica de oxigênio esperada (mg/l)

DBOefl = DBOafl – ((E x DBOafl ) / 100)

Potência total a ser instalada no tanque (kw)

DP = P / V P – Potência introduzida (W)

V – Volume do reator (m³)

Vazão de reciclo (Qr)

Qr = Qméd x R Qméd - Vazão média (m³/h)

R – Razão de recirculação

3.7.6 Decantador Secundário

No decantador secundário a parte sólida é separada do efluente tratado e o

lodo sedimentado retorna ao tanque de aeração, seu princípio básico consiste na

66

recirculação dos sólidos (lodo ativado) para o tanque de aeração ou é retirado para

tratamento. O lodo que retorna para o tanque aumenta a concentração de bactérias

garantindo uma elevada eficiência na degradação de matéria orgânica. (VON

SPERLING, 1996)

A metodologia do dimensionamento do decantador secundário foi baseada no

referencial teórico de Von Sperling (1997), assim, foi determinada a área superficial

do decantador adotando a taxa de aplicação hidráulica de 0,5 m³/m².h. Com a área

de superficial foram calculados as dimensões do tanque e o seu volume, conforme

as fórmulas abaixo.

Área superficial (m²)

As = Qméd / Tah Qméd - Vazão média (m³/h)

Tah – Taxa de aplicação Hidráulica (m³/m².d)

Definição de comprimento e Largura do Decantador (m)

Considerando: L = 2 x b

A = b x L b – base

L – comprimento

Volume do decantador (m³)

hu = 2,8 m (adotado)

V = b x L x hu b – base

L – comprimento

hu – altura útil

Tempo de detenção (t)

t = V / Q V – Volume (m³)

Q – Vazão do efluente (m³/h)

67

Altura total do decantador (m)

Inclinação do cone: 600 tg 600 = (H’ / (b / 2))

Ht = H’ + hu H’ – altura do cone (m)

hu – altura útil do decantador (m)

3.7.7 Tanque de Desinfecção Final

No sistema de desinfecção fica como opção, podendo a Ceasa de Curitiba

optar ou não por este processo. Ele somente será necessário, se houver o interesse

de reaproveitamento destas águas.

Caso seja utilizado o sistema de desinfecção será efetuada com o uso de

hipoclorito de sódio, que em contato com o esgoto tratado gera ácido hipocloroso,

forte agente desinfetante.

A seguir, estão equações utilizadas para os cálculos:

Volume útil do Tanque (m³)

Vu = Qm x t Qm - Vazão média (m³/h)

t - Tempo (h)

Dimensões do Tanque (m)

b = L H = 1 m (adotado)

V = b x L x H b – base

L – comprimento

H - altura

68

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados e discussões apresentados a seguir constituem um apanhado

geral do que se encontrou em literatura especializada sobre o assunto. No entanto,

esse trabalho não esgota o assunto. É natural que ao longo do tempo, novas idéias,

técnicas e tecnologias vão surgir e certamente deverão ser consideradas

oportunamente.

Nesse trabalho serão apresentados os resultados obtidos com os cálculos de

dimensionamento dos sistemas de: gradeamento, desarenador, calha Parshall,

tanque de equalização, reator biológico por lodo ativado com aeração prolongada,

decantador secundário e um tanque de desinfecção.

Para o dimensionamento das grades foi considerado o horário de maior

contribuição, com vazão máxima do efluente de 17 m³/h. Esse esgoto bruto chegará

a ETED por gravidade, sendo assim, para uma melhor eficiência desse sistema é

necessário que seja realizado análise dos sólidos.

A TABELA 7 mostra os dados obtidos com os cálculos, conforme literatura.

TABELA 7 - DADOS DO DIMENSIONAMENTO DAS GRADES.

DADOS OBTIDOS GRADEAMENTO

Médio Fino

Eficiência 71% 62%

Área útil 0,008 m² 0,008 m²

Área total 0,014 m² 0,014 m²

Altura da Lâmina da água 0,03 m 0,03 m

Largura do canal 0,5 m 0,5 m

Altura máxima do canal 0,25 m 0,25 m

Número de espaço 13 30

Número de barras 14 31

Após o gradeamento, será instalado no sistema um desarenador para a

remoção de sólidos com diâmetros inferiores aqueles removidos pelas grades, no

entanto, superior ao diâmetro dos sólidos dissolvidos contida nos efluentes

domésticos. Assim, auxiliando também a não comprometer o conjunto de bombas,

tubulações e os próprios aeradores.

69

O desarenador dimensionado foi calculado para uma velocidade horizontal

média de 0,3 m/s. Pois, essa velocidade não deve ser inferior a 0,10 m/s para não

ocorrer o depósito de matéria orgânica na caixa, também, não deve ser muito

superior a 0,45 m/s para que não ocorra o carreamento de minerais (areia e terra)

nos períodos chuvosos, comprometendo negativamente os demais sistemas. (VON

SPERLING, 1996)

A TABELA 8 apresenta os resultados do dimensionamento do desarenador.

TABELA 8 - DADOS DIMENSIONADOS DO DESARENADOR

Parâmetros Desarenador

Comprimento 1,87 m

Largura 0,55 m

Altura 0,15 m

Taxa de escoamento superficial 170 m³/m2.d

Esse sistema será formado por dois canais paralelos operando

independentemente, de tal modo que enquanto um trabalha o outro recebe

manutenção e limpeza, conforme figura 7.

FIGURA 7 - VISTA DE UM DESARENADOR

O sistema de tratamento de efluentes da Ceasa de Curitiba deverá possuir

um medidor de vazão conhecido como Calha Parshall. Este equipamento, além de

70

fornecer a vazão auxilia no controle da quantidade de efluentes gerados. Estes

dados são importantes para o controle da CEASA/PR.

A escolha do medidor de vazão Parshall é baseada na relação entre a largura

da garganta e a vazão da calha (ver QUADRO 6). Para esta definição deve-se saber

a vazão máxima e vazão mínima da estação de tratamento de efluente.

Como a vazão máxima na ETED da CEASA é de 17 m³/h e a mínima é de 1

m³/h, optou-se pela garganta de 1” (25,4 mm). A FIGURA 8 abaixo mostra o modelo

de uma Calha Parshall.

FIGURA 8 - CALHA PARSHALL FORNECIDA PELA ENVIRONQUIP LTDA.

FONTE: ENVIRONQUIP – Curitiba. Acesso 18/05/2011

Após o efluente doméstico bruto ter passado pelas unidades de gradeamento,

desarenador e calha Parshall, o mesmo seguirá para um tanque de equalização.

Esse tanque foi projetado com objetivo de homogeneização da concentração do

efluente, também terá a função de absorver todo o volume gerado em horários de

pico.

A TABELA 9 apresenta os resultados do dimensionamento do tanque de

equalização obtidos através da literatura.

71

TABELA 9- DADOS DO DIMENSIONAMENTO - TANQUE DE EQUALIZAÇÃO

Parâmetros Tanque de Equalização

Comprimento 10,6 m

Largura 5,3 m

Altura 3,0 m

Volume de Equalização 84 m³

Volume Total 168 m³

Potência do Agitador 3 cv

Bomba de recalque 10 m³/h

Nos cálculos de dimensionamento do tanque adotou-se a vazão média

horária de maior consumo (15 m³/h) utilizando 12 horas de contribuição. Assim, o

tanque de equalização absorverá todo o efluente gerado nas doze horas.

Nesse tanque será utilizada uma bomba com vazão de 10 m³/h para recalque,

mais uma reserva, modelo submersa. Para os agitadores, utilizar dois motores de

1,5 cv cada, desta forma conseguirá melhores resultados na homogeneização do

efluente no tanque.

A FIGURA 9 mostra as dimensões do tanque de equalização e as posições

ideais para os agitadores, com objetivo de obter melhor homogeneização.

FIGURA 9 - DIMENSÕES DO TANQUE DE EQUALIZAÇÃO

Esse sistema absorverá todo o efluente gerado nos horários de maior

contribuição, além de neutralizar o pH, equalizar a temperatura e evitar choques

hidráulicos e de concentração. Também, garantirá a alimentação contínua do

efluente para o reator biológico (tanque de aeração).

72

O dimensionamento do sistema de aeração apresentado neste trabalho foi

realizado por uma empresa que comercializa produtos e equipamentos em sistemas

de tratamentos de efluentes. A eficiência de transferência do oxigênio para o

efluente é característica de cada fabricante, difusores de outros fabricantes podem

apresentar diferentes eficiências, podendo necessitar de maior e/ou menor vazão de

ar.

Para a realização do dimensionamento de aeração foram passadas

informações referente às dimensões do tanque (m), área útil (m), vazão do efluente

(m³/h) e a sua carga orgânica (KgDBO/dia). Para isso foi necessário o

dimensionamento do tanque, conforme pode ser visto na TABELA 10.

TABELA 10 - DADOS DO DIMENSIONAMENTO - TANQUE DE AERAÇÃO

Parâmetros Tanque de Aeração

Comprimento 10 m

Largura 5 m

Profundidade 4 m

Volume Total 200 m³

Carga Orgânica do Efluente 98 Kg DBO/dia

Idade do Lodo 24 dias

Relação de Alimento/Microrganismo 0,14 kgDBO5/kgSSVTA.d

Necessidade de Oxigênio 196 kg O2/d

Vazão de Reciclo 8 m³/h

Demanda Bioquímica de Oxigênio esperada - DBO5 39 mg/l

Demanda Química de Oxigênio esperada - DQO 61 mg/l

Os valores adotados pelo fabricante dos difusores para o dimensionamento

foram determinados em função da característica do efluente e o seu desempenho de

remoção de carga orgânica.

O projeto consiste em linhas de distribuição de difusores circulares de

membrana (230 mm) com bolhas finas menores de 3 mm. A necessidade de ar no

tanque calculada pelo fabricante foi de 4,82 m³/min, assim utilizando-se difusores

com vazão média de 0,066 m³/min o conjunto terá uma grade de aeração com

tubulação central alimentada pelo ar, onde terá quatro ramais com dezoito difusores

cada, totalizando 72 unidades.

73

As linhas de distribuição serão fixadas no fundo do tanque e o fornecimento

de ar será realizado por um compressor parafuso de 40 HP com vazão de 5,24

m³/min. Esse compressor está projetado para permitir um baixo nível de ruído e fácil

acesso, utiliza-se de um filtro veicular de admissão que proporciona uma qualidade e

baixo nível de ruído.

Através da FIGURA 10 pode-se ter uma idéia da instalação finalizada dos

difusores em um tanque de aeração e o seu funcionamento.

FIGURA 10 - SISTEMA DE AERAÇÃO COM DIFUSORES.

FONTE: AgE – Santa Catarina. Acessado em 24/05/ 2011.

Atualmente a DQO do afluente (esgoto bruto) é da ordem de 873 mg/l, isto se

deve a baixa digestão na rede de esgoto, haja vista que a rede é curta, enviando

para a ETED um esgoto com maior fração biodegradável. A fração da DQO que é

biodegradável bioquimicamente, reflexo da análise de DBO é da ordem de 0,64.

O padrão de lançamento do efluente tratado para DQO e DBO

respectivamente se situam em 568 mg/l e 352 mg/l. Estes valores estão

extremamente altos indicando uma precária eficiência de tratamento desta estação.

Atualmente a eficiência de remoção, para o parâmetro DQO situa na ordem

de 35 %, baixíssima eficiência para um processo que tem como valor típico entre 93-

98 % de remoção.

Para um período de 24 horas a vazão média de efluente bruto é na ordem de

8 m³/h. A estação de tratamento de efluente doméstico somente consegue absorver

toda a vazão de esgoto bruto gerado no período das 17:00 as 06:00 horas, período

em que não houve comercialização de produtos na Ceasa.

74

Na operação o sistema de tratamento deverá ser realizada a mediação de

oxigênio no tanque de aeração, para avaliar se o mesmo está operando dentro da

faixa de oxigênio dissolvido recomendada por Pessôa e Jordão (1995), que é entre

1,5 e 2 mg/l. Assim, evitando problemas como baixa decantabilidade do lodo e um

desperdício de energia.

Outros parâmetros de controles de processo importantes e necessários

deverão ter um controle sistemático como: pH de entrada e saída, vazão de

alimentação, vazão de reciclo, temperatura de entrada e saída, sólidos suspensos

voláteis e sólidos sedimentáveis. Assim, a eficiência de remoção a ser atingida para

esse processo será de 98%.

No decantador secundário ocorre à sedimentação dos sólidos, isso devido a

aglutinação das bactérias, protozoários e outros microrganismos, responsáveis pela

remoção da matéria orgânica. Parte desse sólido é sedimentada no fundo do

decantador que retorna para o reator com a intenção de manter a concentração da

cultura de bactérias aeróbias e quando em excesso é retirado do sistema para ser

tratado e descartado em aterro sanitário. (VON SPERLING, 1997)

De acordo com Von Sperling (1197) o cálculo da área superficial requerida é o

principal aspecto no projeto de um decantador. Para sua determinação utilizou a

taxa de aplicação hidráulica de 0,5 m³/m².h, assim foi possível realizar o

dimensionamento das dimensões do decantador, conforme mostrado na TABELA 1.

TABELA 11 - DADOS DO DIMENSIONAMENTO - DECANTADOR SECUNDÁRIO.

Parâmetros Decantador

Comprimento 5,66 m

Largura 2,83 m

Altura 3,0 m

Volume do Decantador 48 m³

Tempo de detenção hidráulica 6 horas

Área superficial 16 m²

O tempo de detenção, segundo Von Sperling (1997), está intimamente

associado ao seu volume, ou seja, à sua profundidade. Sugere-se que o tempo de

detenção hidráulica seja igual ou superior a 1,5 horas, relativo à vazão média. Para

o decantador dimensionado o tempo de detenção será de 6 horas.

75

Caso a Ceasa aceite utilizar o reuso do efluente tratado gerado na própria

unidade atacadista, poderá lavar seus pátios quando necessário utilizando-se do

sistema de desinfecção da ETED, assim evitará o desperdício de água potável

quando for utilizada para este tipo de serviço.

O tanque foi dimensionado para 4 m³, onde proporcionará um tempo de

contato igual a 30 (trinta) minutos para a vazão média de 8 m³/h. Sua dosagem será

realizada por meio de bombas dosadoras tipo diafragma, sendo uma operante e

outra reserva.

O hipoclorito ficará armazenado em tanque de fibra de vidro (volume de 500

litros), servindo como tanque de armazenagem e alimentação. A bomba transfere o

hipoclorito e dosa automaticamente o produto na entrada do tanque de desinfecção,

passando pelas chicanas até atingir o corpo receptor.

76

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O sistema de tratamento de efluente doméstico da CEASA de Curitiba

apresenta um grande potencial poluidor. Nesse estudo, a empresa atualmente está

em desacordo com a Legislação Ambiental do Estado do Paraná, portanto sugeriu-

se uma solução para adequação da empresa às normas legais.

Nos estabelecimentos as condições do espaço físico mostram que 27% dos

permissionários não possuem um ponto de água para higienização e mais da

metade (80%) dos permissionários não possuem instalações sanitárias. Essa

situação tende a mudar, melhorando-a com a implantação de sistemas para

higienização e instalações sanitárias nos que ainda não possuem.

O dimensionamento realizado nesse trabalho foi baseado na situação atual da

ETED. A instalação de mais pontos de água para higienização e sanitários nos

estabelecimentos que ainda não possuem esse atendimento, não foram

considerados no dimensionamento devendo ser revistos os cálculos caso sejam

implantados.

Para a escolha do sistema de tratamento, foi avaliada a quantidade de

efluente gerada e sugerido, com base em literatura, um sistema de tratamento com

princípios biológicos para a remoção da carga orgânica do efluente.

Os cálculos para dimensionamento foram feitos com fundamentos e critérios

adotados de literaturas, com informações de forma direta e simplificada, para cada

um dos sistemas descritos. Assim, foi possível verificar através dos cálculos a

remoção da carga orgânica, produzida na Central de Abastecimento, como sua

eficiência.

Sugere-se o emprego de metodologias de reuso do efluente gerado na

CEASA de Curitiba, para lavar o mercado do produtor e as plataformas dos

pavilhões. Desta forma, evitará o desperdício de água potável utilizada para este tipo

de serviço.

Fica também em sugestão, a realização de campanhas de educação

ambiental para que não sejam jogados materiais grosseiros no efluente doméstico e

a instrução das equipes de limpeza para que não utilizem cloro em excesso, pois é

tóxico aos microrganismos, prejudicando a eficiência do sistema de tratamento.

77

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83

ANEXO A – MEMORIAL DE CÁLCULOS DO DIMENSIONAMENTO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DA CEASA/PR – CURITIBA. CÁLCULO DO GRADEAMENTO Eficiência da grade

Média Fina

a = 2,5 cm a = 1,0 cm

t = 1,0 cm t = 0,6 cm

E = a / (t + a) E = a / (t + a)

E = 71% E = 62 %

Área útil (m²)

Média Fina

Qmáx = 0,005 m3/s Qmáx = 0,005 m3/s

Vmáx = 0,60 m/s Vmáx = 0,60 m/s

Au = Qmáx / Vmáx Au = Qmáx / Vmáx

Au = 0,008 m2 Au = 0,008 m2

Obs. reduzindo as casas decímais e por questão de segurança, a área útil

será arredondada para 0,01 m2.

Área total (m²)

Média Fina

At = Au / E At = Au / E

At = 0,01/ 0,71 At = 0,01/ 0,62

At = 0,014 m2 At = 0,016 m2

Altura da lâmina de água na grade (m)

Média / Fina

b = 0,3 (adotado)

h’ = Au / b

h’ = 0,03 m

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Largura do canal da grade (m)

Média Fina

h’ = 0,03 m h’ = 0,03 m

b = At / h b = At / h

b = 0,47 m b = 0,5 m

Obs. A largura adotada será de 0.5 m, padronizando o canal da grade.

Altura máxima do Canal da grade (m)

Hmáx – 0,44 m Z – 0,19 m hmáx = Hmáx - Z hmáx = 0,25 m

Número de espaço na grade (m)

Média Fina N = b - a/ (t + a) N = b - a / (t + a) N = 0,5 – 0,025 / (0.01 + 0,025) N = 0,5 – 0,01 / (0.006 + 0,01) N = 13 N = 30

Número de barras (m)

Média Fina

N = b / (t + a) N = b / (t + a)

N = 0,5 / (0.01 + 0,025) N = 0,5 / (0.006 + 0,01)

N = 14 barras N = 31 barras

CÁLCULO DO DESARENADOR

Largura (m)

Qmáx – 0,005 m3/h

hmáx - 0,03 m

V – 0,3 m/s (adotado)

b = Qmáx / h máx x V

b = 0,55 m

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Comprimento (m)

H – 0,15 m

V1 – 0,3 m/s

V2 – 0,02 m/s

L = (0,3 x H)/0,02

L = 1,87 m

Taxa de escoamento superficial (m³/d.m²)

Tes = Qmáx / (b x L)

Tes = 175 / (0,55 x 1,87)

Tes = 170 m³ / m².d

Obs. Serão dois canais, um limpo e outro em operação.

TANQUE DE EQUALIZAÇÃO

Volume de equalização (m³)

Qe = 15 m³/h

Qs = 8 m³/h

t = 12 h

Veq = (Qe - Qs) x t

Veq = 84 m³

Dimensões do Tanque (m)

b = L H = 3m (adotado)

V = b x L x H

84 = b² x 3

b = L = 5,3 m

Se b = L então, b=5,3 m ; L=5,3 m e H=3 m

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Volume Total (m³)

Vt = (Veq + Vmin)

Vt = 84 + (5,3 x 5,3 x 3)

Vt = 168 m³

Redefinição das dimensões do tanque para o volume total

L = 2b H = 3 m (adotado)

V = b x L x H

168 = 2b² x 3

b =

b = 5,3 m

Então b = 5,3 m ; L = 10,6 m e H = 3 m.

Potência do Agitador (cv)

Dp = 10 w/m³

= 0,75

N = (Dp x Vt) /

N = 2.240 W

Obs. Utilizar (1) uma bomba com vazão de 10 m³/h para recalque, mais uma

reserva, modelo submersa. Para os agitadores utilizar dois motores de 1,5 cv cada.

REATOR AERÓBIO – TANQUE DE AERAÇÃO PROLONGADA

Decantador Primário.

Não há decantador primário.

Carga orgânica do projeto (kg DBO /d)

Qtotal – 175 m3 / d

DBO5 – 0,557 g/m3

COefl = Qtotal x DBO5

COefl = 98 kg DBO /d

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Relação de Alimento/Microrganismo (F/M)

COefl = 98 kg DBO/d

V = 200 m³

SSTA = 3.500 mg/l

F/M = COe / (V x SSTA)

F/M = 0,14 kgDBO5/kgSSVTA.d

Necessidade de oxigênio (kg O2/kgDBO)

OD: 2,0 KgO2/kgDBO

COefl: 98 kg DBO /d

NEC. O2 = OD x COefl

NEC. O2 = 196 kg O2/d

Potência total a ser instalada no tanque (kw)

V: 200 m³

P: 29.828 W

DP = P / V

DP = 149 W/m³

Idade do lodo (IL)

V = 200 m³ (tanque de aeração)

SSTA = 3500 mg/l

SSRL = 6000 mg/l (retorno / descarte de lodo)

QDLE = 5 m³/d (vazão de descarte de lodo)

IL = (V x SSTA) / (QDLE x SSRL)

IL = 24 dias

Demanda bioquímica de oxigênio esperada (mg/l)

E = 93%

DBOafl = 557mg/l

DBOefl = DBOafl – ((E x DBOafl ) / 100)

DBOefl = 39 mg/l

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Demanda bioquímica de oxigênio esperada (mg/l)

E = 93%

DQOafl = 873mg/l

DQOefl = DBOafl – ((E x DBOafl ) / 100)

DQOefl = 61 mg/l

Vazão de reciclo (Qr)

R = 1,0

Q = 8 m³/h

Qr = Q x R

Qr = 8 m³/h

DECANTADOR SECUNDÁRIO

Área superficial (m²)

Tah = 0,5 m³/m².h (adotado) Qméd = 8 m³/h

Qrec = 8 m³/h

As = Qméd / Tah

As = 16 m²

Definição de comprimento e Largura do Decantador (m)

Considerando L = 2 x b

A = b x L

16 = 2 x b²

b = √(16/2)

b = 2,83 m

Então b = 2,83 m e L = 5,66 m.

Volume do decantador (m³)

h = 3 m (adotado)

V = b x L x h

V = 2,83 x 5,66 x 3

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V = 48 m³

Tempo de detenção (t)

Q = V / t

t = V / Q

t = 48 / 8

t = 6 horas

Altura total do decantador (m)

Inclinação do cone: 600

b = 2,83 m

h = 3 m

tg 600 = (h’ / (b / 2))

h’ = 2,45 m

Htotal = h’ + h

Htotal = 2,45 + 3

Htotal = 5,45 m

TANQUE DE DESINFECÇÃO FINAL

Volume útil do Tanque (m³)

Qm = 8 m³/h

t = 0,5 h

Vu = Qm x t

Vu = 4 m³

Dimensões do Tanque (m)

b = L hu = 1 V = b x L x h 4 = b2 x 1

b = 2 m

Se b = L então, b= 2 m ; L= 2 m e H=1 m