UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ... · do Festival Folclórico de...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CINCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM TURISMO
ANA PAULA ARAJO MACIEL
GESTAO DA QUALIDADE DOS SERVIOS EM EVENTOS: UMA ANLISE
COMPARATIVA DO FESTIVAL FOLCLRICO DE PARINTINS/AM E DO DESFILE
DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO/RJ ATRAVS DA TCNICA
MOMENTO DA VERDADE.
NATAL
2015
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ANA PAULA ARAJO MACIEL
GESTAO DA QUALIDADE DOS SERVIOS EM EVENTOS: UMA ANLISE
COMPARATIVA DO FESTIVAL FOLCLRICO DE PARINTINS/AM E DO DESFILE
DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO/RJ ATRAVS DA TCNICA
MOMENTO DA VERDADE.
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito obrigatrio para a obteno do ttulo de Mestre em Turismo na rea de Gesto.
Orientador: Carlos Alberto Freire Medeiros, Dr.
NATAL
2015
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Catalogao da Publicao na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA
Arajo-Maciel, Ana Paula.
Gesto da qualidade dos servios em eventos: uma anlise comparativa do festival folclrico de Parintins/AM e do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro/RJ atravs da tcnica momento da verdade / Ana Paula Arajo Maciel. - Natal, 2015.
188f: il. Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Freire Medeiros.
Dissertao (Mestrado em Turismo) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Cincias Sociais Aplicadas. Programa de Ps-graduao em Turismo.
1. Turismo de evento Brasil Dissertao. 2. Gesto - Qualidade
dos Servios - Dissertao. 3. Festival Folclrico - Parintins/AM - Dissertao. 4. Desfile - Escolas de Samba do Rio de Janeiro/RJ Dissertao. I. Medeiros, Carlos Alberto Freire. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Ttulo. RN/BS/CCSA CDU 338.48-61(81)
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ANA PAULA ARAJO MACIEL
GESTAO DA QUALIDADE DOS SERVIOS EM EVENTOS: UMA ANLISE
COMPARATIVA DO FESTIVAL FOLCLRICO DE PARINTINS/AM E DO DESFILE
DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO/RJ ATRAVS DA TCNICA
MOMENTO DA VERDADE.
Natal, 11 de dezembro de 2015.
Banca Examinadora:
_________________________________________________
Prof. Carlos Alberto Freire Medeiros, Dr. Orientador
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Natal-RN-Brasil
__________________________________________________
Prof. Lissa Valria Fernandes Ferreira, Dra. Examinador- Interno
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Natal-RN-Brasil
__________________________________________________
Prof. Slvio Jos de Lima Figueiredo, Dr. Examinador-Externo
Universidade Federal do Par Belm-PA-Brasil
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Este trabalho foi desenvolvido com o apoio do Governo do Estado do
Amazonas, por meio da Fundao de Amparo Pesquisa do Estado do Amazonas
(FAPEAM), com a concesso de bolsa de estudo do Programa RH Mestrado-Fluxo
Contnuo.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo primeiramente a Deus nosso Pai e Jesus Cristo nosso Senhor, por
permitirem esse milagre que foi o mestrado na minha vida. Na verdade foi um
mestrado de vida. Aprendizado contnuo, dia aps dia, de autoconhecimento e
renovao da minha f.
Foram dois anos de muitas alegrias, conquistas e de muitas tristezas, alm
da dor, solido e saudade. Mistura de sentimentos que me fizeram refletir, repensar
e perdoar. Alis, perdoar algum de verdade como se voc tirasse um fardo de
areia das costas. Perdoei algum que havia prometido que jamais perdoaria em
hiptese alguma por causa de sua ausncia a vida inteira, meu pai biolgico. Ele
nem sabe, mas o perdoei. Fao questo de registrar aqui esse perdo porque
perdoar faz bem pra alma e pro corao.
Quando estamos longe de casa tudo acontece. Adoeci e quase ningum
soube, nem mesmo meu orientador. Aproximei-me mais de Deus e estou muito feliz
por isso. Eu te amo Jesus!
minha me-av Nair Maciel (in memoriam) que no est presente de corpo
para me d um abrao, mas que com certeza est muito feliz por essa vitria.
minha rainha, minha me Rose Maciel a quem amo muito e que nunca
mediu esforos para me apoiar em tudo que fiz e que planejei para minha vida.
Obrigada por ter custeado quase todos os gastos que tive em todas as fases da
pesquisa de campo, minha metrocnio. Obrigada principalmente por suas
oraes, por seu amor, carinho e confiana. Eu te amo muito me!
Ao meu noivo Carlos Jnior pelo companheirismo, amor e pacincia para
esperar a concluso do mestrado e a toda sua famlia que sempre me tratam como
filha.
A todos os meus familiares, tios e tias, primos e primas, por terem
contribudo com muito carinho, amor, fora e ajuda financeira que custearam o
transporte do meu carro para Natal no primeiro ano do mestrado. Alm das
passagens areas para Parintins na segunda fase da pesquisa de campo,
especialmente a tia Antnia Sampaio, Conceio Sampaio, Lus Maciel, Grace
Maciel, Ana Lcia Maciel.
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Ao meu orientador Prof. Dr. Carlos Alberto Freire Medeiros ao qual serei
eternamente grata por sua confiana, pacincia, ensinamentos e carinho em todas
as orientaes.
A toda equipe do PPGTUR da UFRN, ao coordenador Wilker Nbrega, Vice
Coordenadora Valria, e aos demais professores do programa que pude conhecer,
conviver e aprender muito, em especial ao meu orientador Carlos Alberto Medeiros,
ao Professor Mauro Lemmuel que desde o incio demonstrou muito carinho por
minha pessoa e que no incio nos recebeu de braos abertos, a Professora Kerlei
Sonaglio que tambm desde o incio nos deu muita fora e apoio, ao Professor Slvio
Figueiredo pela parceria e orientaes fundamentais em alguns trabalhos,
professora Leilianne Barreto que me orientou no estgio de docncia, professora
Lissa Valria sempre muito atenciosa e carinhosa, aos demais professores que tive
a honra de conhecer e aprender muito, Professor Srgio Marques, Lus Mendes e
Secretria Juliane Medeiros que sempre se mostrou prestativa e atenciosa e a quem
tenho um carinho enorme.
A todos os colegas do mestrado da turma 2014.1 mais conhecida como
templates que mesmo com as diferenas pessoais, mas com unio, foram
fundamentais para chegar at aqui, em especial a minha eterna chefinha e irm de
corao Jenniffer Ribeiro, se no fosse por ela no teria chegado at aqui, afinal ela
me convidou para participarmos da seleo do mestrado. Aos demais templates:
Juliana Rodrigues e sua famlia, Amada Tavares, Ivanise Borges, Andressa
Ramalho, Iracy Wanderley, Dbora Urano, Jailson Medeiros, Jos da Paz, Islaine
Cristiane, Anglicque Cochand, Pedro Brito, Lucilia Moraes, Ednaja Moura e ao
nosso querido Lord Wilton Nobre, amo muito cada um de vocs.
Ao doutorando em Turismo da UFRN e grande amigo Cleber Augusto e seu
companheiro Breno Rodrigues pelo incentivo, carinho, fora e apoio fundamental na
reta final do mestrado.
Aos meus amigos de Manaus que mesmo distantes de corpos, no deixaram
enviar via whatsapp mensagens de carinho e apoio: minha amiga Michelle Sales que
foi praticamente minha secretria em Manaus, resolvendo alguns probleminhas
que apareceram; grande amiga e muito querida Santana Duarte, que com muito
carinho topou ser minha procuradora oficial para resolver todas as situaes que
surgissem durante todo esse tempo do mestrado; minha mana Jane Gato por suas
oraes e torcida; Sandra Santos que carinhosamente me ajudou na construo da
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proposta do projeto da seleo do mestrado; ao meu grande amigo Walter
Saldanha, o cabeo, que todos os dias lembrou-se de mim, mandando bom dia
e muitas mensagens de apoio e fora.
As amigas de Manaus mais que especiais Aline Santana (minha Xuxuuuuu)
e a Jeane Pereira (Je querida), que comearam juntas conosco essa histria do
mestrado e que infelizmente no vieram as quatro. Amo vocs.
A todas as pessoas que me acolheram durante toda essa jornada do
mestrado, a tia Ftima de Natal e sua famlia, Tyeme Ribeiro e famlia. Na pesquisa
de campo do Rio de Janeiro, agradeo a Clia Gadelha que me recebeu em sua
residncia, Sueli Moraes e Carlos de Moraes que me deram todo apoio no
Sambdromo. Em Parintins, Lourdes Rodrigues que articulou minha estada na
primeira fase da pesquisa de campo, a Clrley Glria e sua famlia por me receberem
em sua casa, ao Aldo Albuquerque pelo apoio na logstica. A querida amiga Nazar
de guila pelo apoio e torcida, carinho e ateno na segunda fase da pesquisa de
campo, sem seu apoio no teria conseguido.
A toda equipe dos bois-bumbs Caprichoso e Garantido que me receberam
em Parintins e em Manaus e, que com muito carinho gravaram as entrevistas.
Um salve especial a todos os Parintinenses, que durante essa jornada da
pesquisa me ensinaram muito sobre Parintins e o Festival, pude sentir o sentimento
de cada um que conversei a respeito da festa. Povo guerreiro, batalhador e muito,
muito criativo. Viva os Parintinenses! Viva o Amazonas! Viva o boi de Parintins!
A todo o time da Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas, o qual tenho
muito orgulho de j ter feito parte, em especial ao Dr. Robrio Braga, Mimosa Paiva,
Elizabeth Cantanhede, Cristiana Brando, Nazarene Maia, Luciana Baltar, Rosa
Capote, Lucy Santos, Suzy Osaqui, Cristian Pio e Thas Vasconcelos, Andressa
Oliveira, Nestor Ribeiro, toda equipe da Diretoria de Eventos, Liceu de Artes e
Ofcios Cludio Santoro - Unidades Manaus e Parintins. Cultura! Cultura! Cultura!
s professoras da Universidade Estadual do Amazonas (UEA) Cludia
Menezes e Cristiane Barroncas pela fora, torcida e carinho.
Fundao de Amparo Pesquisa do Amazonas (FAPEAM) pelo apoio
com o aporte financeiro, fundamental para com a pesquisa, a colaboradora Srta.
Thaiane Santos pela ateno e carinho durante todo o acompanhamento para com
os bolsistas desta fundao.
E a todos que direta ou indiretamente contriburam para este estudo.
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DEDICATRIA
Dedico este trabalho a Deus, minha me e av Nair Arajo Maciel (in
memoriam), minha me Rose Mary Arajo Maciel, ao meu noivo Carlos Jnior e
sua famlia e, a todos os meus familiares pelo apoio incondicional.
minha amiga, companheira para todas as horas e eterna chefinha que
amo muito, Jenniffer Ribeiro da Silva.
Aos meus amigos que se fizeram presente nos momentos mais importantes
da minha vida durante essa jornada do mestrado.
E a todos que direta ou indiretamente contriburam para este estudo.
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Para os campees do servio, o cliente tudo o alfa e o mega, o comeo e o fim.
(Karl Albrecht)
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RESUMO
Os eventos no mundo so motivadores no turismo e figura relevante no
desenvolvimento e comercializao dos planos da maioria dos destinos. Para sua
realizao, necessitam de infraestrutura especfica, e tm como contrapartida
promover benefcios localidade receptora. Para o sucesso dos mesmos, contam
com servios essenciais oferecidos aos clientes. O objetivo central deste estudo
Analisar a gesto da qualidade dos servios no Festival Folclrico de Parintins AM
e no Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro RJ e mostrar como se
encontra o nvel da qualidade dos referidos eventos na viso dos participantes que
consumiram os servios. Como objetivos especficos, foram traados 3 objetivos: a)
Caracterizar o Festival Folclrico de Parintins/AM e o Desfile das Escolas de Samba
do Rio de Janeiro/RJ; b) Identificar e analisar os atributos de qualidade de servios
do Festival Folclrico de Parintins/AM e Desfile das Escolas de Samba do Rio de
Janeiro/RJ, utilizando-se a tcnica Momento da Verdade; c) Comparar o Festival
Folclrico de Parintins/AM com o Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro
(RJ), de acordo com os atributos de qualidade dos servios identificados e
analisados. A metodologia est disposta por um estudo de carter exploratrio-
descritivo, de abordagem qualitativa, com observao participante, utilizando-se do
ciclo do servio da tcnica Momento da Verdade para observar cada etapa do
mesmo. O instrumento de coleta de dados utilizado foi anlise de contedo. Foram
realizadas entrevistas semiestruturadas com os atores envolvidos no planejamento,
organizao e operacionalizao dos dois eventos, alm das entrevistas com o
pblico presente. Como resposta aos objetivos estabelecidos, pode-se concluir que
o nvel de qualidade dos servios oferecidos no Festival Folclrico de Parintins
encontra-se insatisfatrio em alguns pontos dos momentos da verdade analisados.
Observou-se ainda que h limitaes que dificultam a prestao do servio com o
nvel de qualidade.
Palavras-chave: Qualidade dos Servios. Eventos. Festival Folclrico de
Parintins/AM. Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro/RJ.
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ABSTRACT
Events in the world are significant motivators in tourism and relevant figure in the
development and marketing plans of most destinations. For its realization, requires
specific infrastructure, and promote benefits are offset to the receiving location. For
the success thereof, they have essential services offered to customers. The main
objective of this study refers to examine the attributes of service quality in the
Folkloric Festival of Parintins / AM and show how the event is the level of quality as
perceived by participants who consumed the services. Specific goals were set three
objectives: a) Characterize the Folkloric Festival of Parintins / AM and the Samba
Schools Parade of Rio de Janeiro / RJ; b) Identify and analyze the Folk Festival of
the quality of service attributes of Parintins / AM and Samba Schools Parade of Rio
de Janeiro / RJ, using the Moment of Truth technique; c) Compare the Folkloric
Festival of Parintins / AM with Samba Schools Parade of Rio de Janeiro (RJ),
according to the quality attributes of the identified and analyzed services. The
methodology is prepared for qualitative analysis, descriptive exploratory, direct
observation, using the Moment of Truth technical service cycle to observe every step
of it. Semi-structured interviews were conducted with actors involved in the planning,
organization and operation of the two events, in addition to interviews with the local
public. As response to stated objectives, it can be concluded that the level of quality
of services offered in Parintins Folklore Festival is unsatisfactory in some points of
the analyzed real time. It was also observed that there are limitations that hinder the
provision of the service to the level of quality.
Keywords: Events. Quality of Services. Folk Festival of Parintins/AM. Samba
Schools Parade of Rio de Janeiro/RJ
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LISTA DE ILUSTRAES
Grfico 01: Posio do Brasil no ranking mundial dos pases que realizaram eventos internacionais (2010-2014) ....................................................................................... 37 Figura 01: Mapa de localizao do municpio de Parintins/AM ................................ 47
Tabela 01: Investimentos do Festival Folclrico de Parintins no perodo de 2011 a 2015 ......................................................................................................................... 50 Tabela 02: Investimentos da empresa Coca-Cola (patrocinadora mster) no perodo de 2013 a 2015 ........................................................................................................ 51 Figura 02: Ciclo do Servio 74
Figura 03: Mapa de acesso ao Bumbdromo 91
Figura 04: Mapa do Sambdromo e arredores do Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro/RJ .................................................................................................... 105 Fluxograma 01: Ciclo dos servios observados no Festival Folclrico de Parintins e Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro .................................................. 136
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LISTA DE IMAGENS
Imagens 01 e 02: Apresentao dos Bois Caprichoso e Garantido ......................... 49
Imagens 03 e 04: Logomarcas dos patrocinadores do evento ................................. 52
Imagens 05, 06 e 07: Logomarca dos patrocinadores (Coca-Cola, Bradesco e Brahma) .................................................................................................................... 52 Imagens 08 e 09: Bumbdromo de Parintins antes e depois da reforma 54
Imagem 10: Relgio de marcao do tempo de apresentao no Bumbdromo ..... 99
Imagem 11: Alegorias dos Bois Garantido e Caprichoso ...................................... 100
Imagens 12, 13 e 14: Cabine dos jurados no Bumbdromo de Parintins .............. 102
Imagem 15: Relgio de marcao do tempo de apresentao no Sambdromo ... 109
Imagem 16: Cabine dos jurados no Sambdromo do Rio de Janeiro ................... 113
Imagens 17 e 18: Site da LIESA e link de vendas dos ingressos........................... 116
Imagens 19, 20 e 21: Sites confiveis para compra de ingressos do Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro ..................................................................... 117 Imagens 22 e 23: Sites dos Bois Caprichoso e Garantido ..................................... 118
Imagens 24 e 25: Site da Tucunar Turismo (agncia e operadora oficial do Festival de Parintins) ........................................................................................................... 120 Imagens 26, 27 e 28: Procedimento de entrega dos ingressos do Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro ..................................................................... 124 Imagens 29, 30 e 31: Procedimento de entrega dos ingressos do Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro ..................................................................... 124 Imagens 32 e 33: Procedimento de entrega dos ingressos do Festival Folclrico de Parintins .................................................................................................................. 125 Imagens 34 e 35: Entrada no Sambdromo do Rio de Janeiro/RJ e Bumbdromo de Parintins/AM ............................................................................................................ 128 Imagens 36 e 37: Local de acomodao do pblico nas arquibancadas do Sambdromo e Bumbdromo ................................................................................. 129 Imagens 38 e 39: Fast Food do Bobs ................................................................... 133
Imagens 40, 41 e 42: Bares do Bumbdromo de Parintins .................................... 134
Imagem 43: Equipe de limpeza na arena do Bumbdromo de Parintins ................ 143
Imagens 44 e 45: reas de concentrao das Galeras dos Bois Caprichoso e Garantido................................................................................................................. 144 Imagens 46, 47 e 48: Lixeiras e equipe de limpeza no Sambdromo do Rio de Janeiro .................................................................................................................... 145 Imagens 49 e 50: Placas de sinalizao da entrada principal do Bumbdromo de Parintins .................................................................................................................. 146 Imagens 51, 52 e 53: Sinalizao dos camarotes e toaletes do Bumbdromo de Parintins .................................................................................................................. 146 Imagens 54, 55 e 56: Placas de sinalizao da entrada principal do Sambdromo do Rio de Janeiro ......................................................................................................... 147 Imagens 57 e 58: Placas de sinalizao dentro do Sambdromo no desfile do Rio de Janeiro................................................................................................................ 148
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Imagem 59: Segurana no Bumbdromo de Parintins ........................................... 149
Imagens 60, 61 e 62: Placas indicativas de sada de emergncia no Bumbdromo de Parintins ............................................................................................................. 149 Imagens 63, 64 e 65: Esquema de segurana do Sambdromo do Rio de Janeiro150
Imagens 66 e 67: Policiamento no entorno do Sambdromo do Rio de Janeiro .... 151
Imagem 68: Sistema de iluminao e sonorizao do Bumbdromo de Parintins . 152
Imagens 69, 70 e 71: Acessibilidade do Bumbdromo de Parintins ....................... 153
Imagens 72 e 73: Aeroporto Jlio Belm em Parintins/AM .................................... 156
Imagens 74 e 75: Aeroporto Jlio Belm em Parintins/AM .................................... 156
Imagens 76 e 77: Sistema de iluminao e sonorizao do Sambdromo do Rio de Janeiro .................................................................................................................... 159
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LISTA DE QUADROS
Quadro 01: Cidades brasileiras que realizaram at dois eventos internacionais em 2014 .......................................................................................................................... 37 Quadro 02: Escolas de Samba do Grupo: srie A .................................................... 43
Quadro 03: Escolas de Samba do Grupo Especial e data de fundao ................... 44
Quadro 04: Eventos em nvel municipal e estadual realizados no Estado do Amazonas ................................................................................................................. 46 Quadro 05: Evoluo do conceito de qualidade ....................................................... 57
Quadro 06: Dimenses iniciais e finais da qualidade dos servios ......................... 60
Quadro 07: As cinco dimenses da qualidade e suas caractersticas ...................... 61
Quadro 08: Fatores que levaram os clientes a mudarem de empresa prestadoras de servios 62 Quadro 09: Conceitos de servios 67
Quadro 10: Caractersticas dos servios .................................................................. 68
Quadro 11: Cinco nveis de comprometimento das empresas com a qualidade dos servios 68 Quadro 12: Sete pecados em servios 69
Quadro 13: Trs momentos da verdade vivenciados pelos clientes e suas possveis consequncias 73 Quadro 14: Caractersticas especiais das empresas campes de qualidade em servios 74 Quadro 15: Universo da pesquisa ............................................................................ 79
Quadro 16: Relao dos rgos envolvidos na realizao do festival de Parintins e suas funes 93 Quadro 17: Ordem de apresentao e horrio de cada boi-bumb em 2015 96
Quadro 18: Tempo mnimo e mximo de apresentao dos bois bumbs 98
Quadro 19: Critrios estabelecidos para alguns itens de julgamento 99
Quadro 20: Itens de julgamentos e suas definies ............................................... 101
Quadro 21: Blocos de julgamento e suas especialidades ...................................... 102
Quadro 22: Ordem de apresentao e horrio do Desfile das Escolas de Samba da Srie A .................................................................................................................... 106 Quadro 23: Ordem de apresentao e horrio do Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial 106 Quadro 24: Tempo do desfile das agremiaes ..................................................... 108
Quadro 25: Critrios obrigatrios das Escolas de Samba da Srie A .................... 109
Quadro 26: Critrios obrigatrios das Escolas de Samba do Grupo Especial........ 110
Quadro 27: Critrios, definies e concepo de julgamento dos Jurados ............ 111
Quadro 28: Membros representantes da comisso integrada para apurao do Desfile das Escolas de Samba ................................................................................ 114
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Quadro 29: Sistematizao comparativa dos servios oferecidos no Festival Folclrico de Parintins e o desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro ......... 137 Quadro 30: Comparativo das caractersticas do Bumbdromo de Parintins e o Sambdromo do Rio de Janeiro ............................................................................. 159 Quadro 31: Comparativo das particularidades do Festival de Parintins e o Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro .............................................................. 160 Quadro 32: Evoluo do Festival Folclrico de Parintins e o Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro ....................................................................................... 161 Quadro 33: Expresses utilizadas para identificar os elementos do Festival Folclrico de Parintins e o Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro ........ 162 Quadro 34: Comparativo dos valores para participao no Festival Folclrico de Parintins e o Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro ............................. 163 Quadro 35: Sistematizao das recomendaes ou sugestes para a qualidade dos servios do Festival Folclrico de Parintins e Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro 169
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LISTA DE SIGLAS
ABEOC - Associao Brasileira de Empresas de Eventos
AMAZONASTUR Empresa Estadual de Turismo do Amazonas
BVEP - Business Visits & Events Partnership / Associao Internacional de
Congressos e Convenes
EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatsitca
ICCA - International Congress and Convention Association / Associao
Internacional de Congressos e Convenes
IFAM - Instituto Federal do Amazonas
G.R.E.S Grmio Recreativo Escola de Samba
LAENA - Laboratrio de Anlises Espaciais Prof. Dr. Thomas Peter Hurthienne
LIERJ Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro
LIESA Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro
OMT Organizao Mundial do Turismo
RIOTUR - Empresa de Turismo do Municpio de Rio de Janeiro
SEC Secretaria de Estado de Cultura do Amazonas
SECTUR Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Parintins
SETUR Secretaria de Estado de Turismo do Rio de Janeiro
TURISRIO Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro
UNISINOS - Universidade do Vale do Rio dos Sinos
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SUMRIO
1 INTRODUO ...................................................................................................... 19
1.1 APRESENTAES DO TEMA E QUESTO PROBLEMA ................................ 19
1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 25
1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 33
2 FUNDAMENTAO TERICA ............................................................................ 34
2.1 TURISMO, EVENTOS E FESTIVAIS ................................................................. 34
2.2 GESTO DA QUALIDADE ................................................................................. 56
2.3 SERVIOS E A TCNICA MOMENTO DA VERDADE ..................................... 67
3 PROCEDIMENTOS MEOTDOLGICOS .............................................................. 77
3.1 CARACTERIZAO DO ESTUDO .................................................................... 77
3.2 UNIVERSO DA PESQUISA ............................................................................... 78
3.3 COLETA DE DADOS ......................................................................................... 80
3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ........................................................ 85
3.5 ANLISE DE DADOS ......................................................................................... 86
4 ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS ................................................... 88
4.1 OS FESTIVAIS FOLCLRICOS BRASILEIROS ............................................... 88
4.1.1 O Festival Folclrico de Parintins/AM ......................................................... 88
4.1.2 O Desfile das Escolas de Samba Carnaval do Rio de Janeiro/RJ ........ 103
4.2 A QUALIDADE DOS SERVIOS NOS EVENTOS .......................................... 115
4.3 SISTEMATIZAO DA COMPARAO DOS SERVIOS OFERECIDOS NO
FESTIVAL FOLCLRICO DE PARINTINS E NO DESFILE DAS ESCOLAS DE
SAMBA DO RIO DE JANEIRO ............................................................................... 137
CONSIDERAES FINAIS ................................................................................... 166
REFERNCIAS ...................................................................................................... 172
APNDICES .......................................................................................................... 179
ANEXOS ................................................................................................................ 185
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19
1 INTRODUO
Neste captulo introdutrio est inserida a apresentao da temtica
proposta, a partir da contribuio de autores que abordam questes relativas aos
temas turismo, eventos, festivais e a gesto da qualidade, dando nfase aos
aspectos da qualidade dos servios em eventos. Nesta seo esto inseridos ainda
o problema de pesquisa e os objetivos delineados para o trabalho.
1.1 APRESENTAO DO TEMA E QUESTO PROBLEMA
Os eventos no mundo tem sido um dos aspectos que contribuem para o
desenvolvimento turstico das localidades. So motivadores importantes no turismo
e figura representativa no desenvolvimento e comercializao dos planos da maioria
dos destinos. Para sua efetivao, necessitam de infraestrutura especfica, e tm
como contrapartida promover benefcios localidade receptora.
Os papis e impactos do planejamento e realizao de eventos dentro do
turismo so cada vez mais importantes para a competitividade do destino, sendo
vistos como diferencial na deciso dos turistas sobre que lugares a visitar (Getz,
2008).
Com os avanos tecnolgicos, a sociedade habituou-se a lidar com
transformaes resultantes do processo de globalizao. O ambiente de negcios
tem sido mais dinmico, as empresas esto mais exigentes e tm adotado mtodos
administrativos novos (Santos, 2010; Zucco, 2012). As organizaes tm investido
no aprimoramento de seus produtos e servios e aplicado tcnicas de gesto que
envolve a utilizao de uma srie de estratgias de marketing para obter vantagens
competitivas.
O surgimento da internet intensificou esse processo, devido difuso da
informao e da comunicao em tempo real. Os equipamentos e aparelhos
sofisticados de fcil acesso como computadores, celulares, satlites e entre outros
facilitaram nesse processo (Rocha, Magalhes & Paiva, 2012).
No setor de turismo no diferente e requer um nvel mais elevado de
profissionalizao nas atividades refletindo na competncia dos gestores, para
perceber as diferentes variveis que determinam a oferta de produtos e servios
com excelncia e enfrentar as mudanas da concorrncia.
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20
O turismo por ser uma atividade diretamente ligada interao social
acompanha a evoluo tecnolgica que est inserida na sociedade (Krippendorf,
2009). Assim, as mudanas no comportamento e no estilo de vida tendem a
provocar profundo impacto na evoluo do turismo, pois pressionam a diversificao
das ofertas tursticas e indicam a necessidade de desenvolver novas estratgias de
atrao para responder s expectativas dos turistas.
Os eventos culturais e os festivais tm proporcionado aos destinos sedes a
oportunidade de promover a atividade turstica, haja vista que os participantes
tambm so consumidores dos servios tursticos das localidades que visitam para
participar de um evento, demonstrando, assim, a profunda integrao entre esses
eventos e o turismo (Melo, Arajo-Maciel & Figueiredo, 2015).
Diante dessa visibilidade, o tema festival est atrelado aos eventos e,
tambm estimula o interesse dos pesquisadores da temtica, principalmente por
renovar periodicamente o fluxo de visitantes e o ciclo da vida de uma comunidade
que vem sendo observada com uma longa trajetria histrica a incorporar as
tradies. Tm florescido novamente na sociedade contempornea e se proliferado
de maneira evidente devido seu potencial turstico (Prentice & Andersen, 2003;
Grsoy, Kim, Kendal & Uysal, 2004; Quinn, 2009).
Tambm denominados de eventos programados, os festivais, objeto deste
estudo, alm de ser importante para a dinmica social dos lugares onde ocorrem,
destacam-se porque so desenvolvidos na perspectiva da promoo da cultura da
localidade, tornando-se atrao turstica e estabelecendo uma oportunidade de
mostrar as particularidades tnicas e culturais do destino (McKercher, Mei e Tse
2006).
Os festivais tm aumentado cada vez mais o nmero de turistas dos
destinos sede, esto consolidados em nvel regional e acabam transformando-se em
megaevento em nvel nacional e internacional. Pereira (2013, p. 98) explica que isso
ocorre na medida em que particularidades regionais alavancam a produo e o
desenvolvimento de centros receptores e a partir do momento em que eventos
como festivais e celebrao atrelados tradio e aos costumes locais, por serem
diferenciados, transformam-se em valores referenciais, constituindo-se em
catalisadores para a movimentao de visitantes.
Os festivais, enquanto eventos programados e parte das manifestaes
culturais de uma sociedade, promovem, valorizam e preservam os patrimnios
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21
tursticos, culturais, histricos e ambientais de uma determinada localidade, cidade,
estado, regio, ou at mesmo um pas. (Zucco, 2012).
As empresas e os profissionais da rea de eventos precisam estar atentos
s novas tecnologias lanadas no mercado, j que os consumidores do produto
turstico a cada dia esto mais exigentes, e a todo o momento procuram informaes
sobre as novidades do mercado (Arajo-Maciel, Souza, & Mendes-Filho, 2015).
O acesso e o compartilhamento das informaes via internet, por meio de
comentrios, vdeos e fotos empoderam o cliente e potencializam sua capacidade
decisria, ao ponto das empresas e os servios tursticos se adequarem as suas
vontades (OConnor, 2001; Mendes Filho & Tan, 2008; Mendes Filho, 2014).
A liberdade que a internet trouxe, possibilitou ao usurio criar mecanismos
para expressar opinies e relatos a respeitos de suas experincias, sobretudo no
que se refere a sua satisfao e frustraes com os servios tursticos, atravs dos
chamados Comentrios Gerados pelo Usurio (CGU). (Mendes Filho & Tan, 2008;
Ayeh, Au & Law, 2013; Mendes Filho, 2014; Mendes Filho & Carvalho, 2014; Silva &
Mendes Filho, 2014).
Diante disso, as empresas de uma forma geral, esto focadas nas
expectativas dos clientes, tendo preocupao constante de procurar as melhores
formas de atend-los, criando e tentando manter vnculos duradouros com seu
pblico (Zucco, 2012).
Considerando o cenrio exposto, o modo de como esses festivais so
realizados e operacionalizados no podem ser esquecidos. A ateno deve ser
voltada para o gerenciamento das etapas do planejamento, organizao e
operacionalizao de um evento, visando como resultado o servio oferecido com
qualidade para o sucesso do evento como todo.
As cinco dimenses do modelo SERVQUAL, foram estudadas neste
trabalho, como: aspectos tangveis, confiabilidade, sensibilidade, segurana e
empatia que so identificadas para comparao entre o servio esperado e o
recebido (Parasuraman, Zeithaml & Berry, 1988) e sero desenvolvidos ao longo do
trabalho.
Diante desse contexto, mostra-se relevante analisar as cinco dimenses da
qualidade dos servios em eventos, para compreender a dinmica de gesto de
eventos.
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Os destinos no mundo inteiro tem se preparado para o planejamento e
organizao de eventos, tanto para a captao como para realizao de eventos
programados como o caso dos festivais por exemplo.
No Brasil no tem sido diferente, prova disso o caso de So Paulo que no
ano de 2014 ganhou o prmio da World Festival & Event City (IFEA) na cidade de
Kansas (EUA), tendo o reconhecimento de destino que no mede esforos para
proporcionar um ambiente propcio para eventos e festivais bem sucedidos. Este
selo IFEA reconhece cidades exemplares no mundo inteiro que superam as
expectativas. Alm de So Paulo outros destinos tambm foram premiados, como
Dubai nos Emirados rabes, Dublin, Ohio e Filadlfia nos Estados Unidos,
Newcastle e Sydney na Austrlia, segundo a Associao Brasileira de Empresas de
Eventos (ABEOC, 2014).
A cidade do Rio de Janeiro tem sido apontada como uma das maiores
produtoras de espetculos e grandes eventos, com resultados positivos e
expressivos sobre a economia da localidade. Este impacto resulta principalmente no
turismo, com aumento significativo na taxa de ocupao dos hotis. O rveillon e as
verses do Rock in Rio corroboram para a vocao carioca para a realizao de
grandes eventos musicais (Matos e Britto, 2014).
O carnaval carioca que possui mais de 100 anos de existncia, se destaca
no s devido ao desfile das escolas de samba, mas tambm por conta do
calendrio de eventos nesse perodo, o qual conta com mais de 100 blocos de
carnaval de rua, proporcionando grande visibilidade ao pas. Evento este j
consolidado como de excelncia, a cada ano o fluxo de turistas ampliado,
ultrapassando 1 milho de visitantes por ano.
No Amazonas, o ms de junho marca o calendrio festivo do Estado por
realizar uma das maiores festas folclricas da Regio Norte do Brasil, o Festival
Folclrico de Parintins, cuja realizao acontece no ltimo final de semana do ms
de junho, durante trs dias no municpio de Parintins, localizado a 369 km em linha
reta da cidade de Manaus. Os bois bumbs Garantido (vermelho) e Caprichoso
(azul) se apresentam na arena do Centro Cultural Amazonino Mendes o
Bumbdromo.
O Festival Folclrico de Parintins uma das manifestaes mais expressivas
na divulgao da cultura amazonense, especialmente por seu valor imaterial
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representativo da cultura local, sendo o ano de 2015 comemorado a 50 edio do
evento.
Mesmo com a grandiosidade que o Festival de Parintins se tornou, o mesmo
promovido atualmente e, muitas questes referentes sua realizao na
perspectiva de servios precisam ser analisadas e melhoradas. Diante de
entrevistas informais realizadas com os turistas presentes no municpio e residentes,
na fase exploratria dessa pesquisa, foram relatadas situaes como: a insatisfao
com a qualidade de diversos servios oferecidos no evento, questes ligadas
diretamente a logstica do prprio evento, infraestrutura da cidade e do aeroporto, o
preo elevado das passagens areas, dos ingressos, das bebidas e alimentos
comercializados dentro do bumbdromo e outros.
Dessa forma, tornou-se necessrio realizar um estudo comparativo entre o
Desfile do Rio de Janeiro e o Festival de Parintins, referenciando o Desfile carioca
como um caso de sucesso e excelncia, a fim de verificar como se encontra a
qualidade dos servios no Festival de Parintins. Para posteriormente, em outros
estudos, o festival aprimorar seus atributos existentes e agregar valor com o
aprendizado destas melhores prticas do desfile. As duas festas possuem
semelhana no que diz respeito a estrutura fsica do local onde ambos so
realizados, na operacionalizao e logstica e, nos servios oferecidos aos
visitantes, como os relacionados venda de ingressos, traslado ao Sambdromo e
Bumbdromo, tickets de consumo, venda de fantasias, entre outros.
Entende-se que os dois eventos possuem formatos diferentes, o desfile
passa pela avenida do samba, ou seja, corrido e, o Festival de Parintins acontece
em formato de espetculo, em uma arena. No entanto, mesmo com as diferenas de
formato, necessitou-se dessa comparao devido s demais caractersticas serem
semelhantes, como por exemplo, a espetacularizao do evento, uma vez que
ambos so eventos culturais, folclricos e consolidados no Brasil, movimentam a
economia do destino, so injetados investimentos de valores expressivos nos
mesmos, tanto por parte do setor pblico quanto por parte dos patrocinadores
privados, contribuem para com a sociedade dos seus destinos, alm dos atributos
dos servios oferecidos serem tambm semelhantes.
A comunidade parintinense participa somente na construo do espetculo,
ou seja, na preparao do boi de arena do festival. Os artesos, alegoristas,
figurinistas, cenografistas do municpio e demais artistas e profissionais so
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contratados pelos bois para fazerem esse trabalho. So contratados ainda pelas
empresas que atuam na operacionalizao do evento para trabalhar nos servios de
limpeza do Bumbdromo, recepo, segurana e outros. O fato que no
planejamento, na organizao e na realizao do evento, a comunidade no
participa diretamente. Inclusive isso tem sido pauta de discusso em audincias
pblicas no municpio. Relatam que no so ouvidas, criticam a organizao do
festival e a empresa licitada para venda dos ingressos. Descrevem ainda que os
servios bsicos de sade, de segurana, de abastecimento de gua e de energia
s melhoram a partir dos 15 dias que antecedem o evento, durante a realizao da
festa e at 10 dias aps o evento.
Com base no exposto, surgiram inquietaes na pesquisadora para
investigar mais a fundo os servios do Festival de Parintins, levando em
considerao todo investimento no evento e mobilizao desses servios. Surgiram
alguns questionamentos fundamentais para investigao: Como e por quem os
servios do Festival de Parintins so organizados? Por qu? Quem so as pessoas
que executam esses servios? Como esses servios esto sendo executados? E
qual a avalio dos clientes, visitantes e/ou turistas do festival sobre o servio que
est sendo prestado?
Dessa maneira, formulou-se a questo problema que norteou todo este
estudo: Qual o nvel de qualidade dos servios percebidos pelos consumidores
(colaboradores, usurios) do Festival Folclrico de Parintins AM e do Desfile
das Escolas de Samba do Rio de Janeiro?
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1.2 JUSTIFICATIVA
A qualidade dos servios prestados o que diferencia um evento no mundo
cada vez mais competitivo e globalizado. Para se obter um bom resultado exige-se
planejamento, organizao e dinamismo.
Em pases como a Austrlia, o fazer eventos j virou tradio e os estudos
nesta temtica esto avanados, conforme destaca Lohmann e Panosso Neto
(2012).
Vrias universidades esto oferecendo o curso de gesto de eventos,
como o caso da Victoria University, em Melbourne, da Southern Cross University,
na Gold Coast e na University of Technology Sydney, em Sydney.
No Brasil no tem sido diferente, com o crescimento da captao de eventos
nacionais e internacionais para o pas, as empresas esto cada vez mais exigentes
e o sucesso do evento depende do desempenho de cada colaborador no servio
designado.
Embora a qualidade de um servio seja no mnimo obrigatria, os servios
ainda deixam a desejar. As empresas de servios de eventos ainda tm a
necessidade de contratar uma mo-de-obra qualificada e capacitada para realizarem
seus servios com resultados de qualidade e manter o padro de excelncia dos
mesmos.
Essa necessidade est mencionada no relatrio do II Dimensionamento
Econmico da Indstria de Eventos no Brasil (ABEOC, 2013; SEBRAE, 1992) aonde
as empresas relatam a dificuldade em obter atendimento qualificado para suas
demandas, principalmente em servios de tecnologia, devido s limitaes de
compreenso, pelos fornecedores, acerca das atividades relacionadas ao setor de
eventos. Est mencionada ainda no relatrio a constatao de que os clientes esto
mais experientes e exigentes, aumentando a busca por qualidade.
As empresas esto percebendo os eventos como negcios de alta
rentabilidade, logo os servios automaticamente esto atrelados a isso. Esses
servios podem ser divididos em etapas, formando um ciclo. Cada etapa deste ciclo
significa um momento da verdade vivenciado pelo cliente. O ciclo do servio
constitui-se numa espcie de mapa de todos esses momentos da verdade (Gianesi
& Correa, 1996).
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Na gesto de um evento no diferente, cada etapa do servio forma um
representao de todos os momentos da verdade vivenciados pelo cliente ao
receber o servio. Visando minimizar as dificuldades na gesto dos eventos, muitas
instituies privadas e pblicas tem se preocupado em oferecer cursos de
capacitao para o pblico que tem interesse em se qualificar nesta rea.
A Associao Brasileira de Empresas de Eventos (ABEOC), as
universidades, as faculdades tem oferecido cursos para capacitao e formao
profissional nesta rea de gesto de eventos, em nvel de graduao e cursos de
extenso. A ABEOC/RS, por exemplo, oferece o curso, e uma parceria com a
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) sob a coordenao da
presidente da ABEOC/RS, Ana Cludia Bitencourt.
Os Institutos Federais do Brasil possuem o curso tcnico de turismo e dentro
da grade curricular esto inseridas as disciplinas de eventos. Nos institutos federais
que no possuem o curso de turismo, como o caso do Instituto Federal do
Amazonas (IFAM), h apenas cursos de curta durao de organizao de eventos,
mas nada diretamente ligado a gesto do mesmo.
O segmento de eventos est atrelado ao turismo e vem apresentando cada
vez mais um crescimento contnuo e expressivo nos ltimos anos, sendo fonte de
receita desejada e planejada por muitos destinos tursticos internacionais e
nacionais.
O desenvolvimento desse setor proporciona a entrada de novas receitas,
gerao de postos de trabalho, refletindo diretamente na movimentao econmica
do turismo no pas e nas cidades. No Reino Unido, por exemplo, o setor de eventos
de negcios tem sido uma potncia econmica, principalmente em termos de
gerao de emprego e receita fiscal do governo (ABEOC, 2015).
De acordo com o Business Visits & Events Partnership (BVEP1, 2015), os
gastos anuais das pessoas que frequentam eventos corporativos, juntamente com
os organizadores de eventos do Reino Unido, alm das conferncias, festivais,
concertos, exposies, espetculos esportivos, e outros programas de viagens de
incentivo, so de aproximadamente 39.100.000.000 (Trinta e nove milhes e cem
mil libras esterlinas). O setor de eventos o 16 maior empregador do Reino Unido,
1 Disponvel em: http://www.businessvisitsandeventspartnership.com/
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possuem 530 mil pessoas diretamente empregadas, sendo mais que o dobro da
indstria de telecomunicaes.
No Brasil os eventos de negcios movimentaram nos ltimos anos R$ 209,2
(Duzentos e nove bilhes e duzentos milhes de reais) em 2013, representando
participao do setor de 4,32% do PIB, tem um crescimento de 14% ao ano
(ABEOC, 2013). Isso tem instigado cada vez mais os pesquisadores para
entendimento do fenmeno, no s os estudiosos do turismo, mas de outras reas
do conhecimento como a economia, antropologia, geografia, administrao e outras.
Quatro destinos do pas concentram pouco mais da metade dos eventos
internacionais realizados, a maioria na regio sudeste, onde So Paulo a capital
que mais capta e sedia esses eventos.
Os dados da International Congress and Convention Association (ICCA2,
2015) mostram que o Brasil foi colocado em 10 lugar como um dos principais
destinos no mundo para esse tipo de turismo, tendo um total de 256 eventos
internacionais realizados em 2014.
O levantamento do ICCA mostra que o nmero de cidades brasileiras que
receberam eventos internacionais em 2014 cresceu em relao a 2013, mesmo que
timidamente. No ano de 2014 foram 61 eventos internacionais e em 2013 foram 55,
apenas 6 eventos a mais que no ano anterior.
Um dos motivos que vem destacando o Brasil no cenrio internacional nos
ltimos anos a realizao dos megaeventos esportivos, como a Copa do Mundo
realizada em 2014 e as Olimpadas que acontecero em 2016, desde quando foram
escolhidas como cidades sedes.
Outros eventos internacionais tambm contribuem para essa visibilidade
internacional do pas, como o caso dos festivais de msica. O Rock in Rio3, por
exemplo, foi criado em 1985, tendo seis edies realizadas na capital Rio de Janeiro
e outras edies realizadas na Europa (Portugal e Espanha, Lisboa e Madrid). Neste
ano de 2015 comemorou 30 anos de realizao.
2 Associao Internacional de Congressos e Convenes - representa os principais especialistas em
organizar, transportar e acomodar reunies e eventos internacionais, e compreende quase 1.000 empresas e organizaes associadas em mais de 90 pases em todo o mundo. 3 Festival de Msica criado no Brasil, em 1985, na cidade do Rio de Janeiro, no bairro de
Jacarepagu. O festival foi criado logo aps a ditadura militar, poca que o pas passava por transformaes, rumo a democracia. Foi a primeira vez um pas da Amrica do Sul sediou um evento musical desse tipo. Disponvel em: http://rockinrio.com/rio/
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O Festival de msica LollaPalooza4 Brasil chegar em sua quinta edio no
ano de 2016. Surgiu em Chicago, em 1991, percorreu vrias cidades norte-
americanas e no ano de 2011 o Chile recebeu a primeira edio fora dos Estados
Unidos. Em 2012, Brasil e Argentina entraram na rota do festival.
Neste ano de 2015 a quarta edio foi realizada no Brasil, na cidade de So
Paulo, no Autdromo de Interlagos. Contou com mais de 50 atraes musicais, com
um total de 56 horas de shows. O pblico presente foi de 136 mil pessoas em dois
dias de festival, sendo 66 mil no sbado e 70 mil no domingo.
O LollaPalooza Brasil alm da msica, conta ainda com a participao de
Chefs com comidas de todos os tipos e j virou tradio no festival. Possui ainda
dentro do festival, o Kidzapalooza, um espao especialmente criado para as
crianas, com apresentao de bandas e artistas. O festival em 2015 aconteceu
ainda na Alemanha e em 2016 a Colmbia ser o sexto pas a receber a verso do
LollaPalooza.
O Tomorrowland5 Brasil outro festival de msica eletrnica internacional
que ganhou verso brasileira. Foi criado na Blgica em 2005, na cidade de Boom
em Bruxelas e j ganhou o prmio de melhor evento musical em 2012, 2014 e 2015.
O festival continua tendo sua edio principal na Blgica, mas ganhou a verso
brasileira no ano de 2015 para celebrar os 10 anos do evento.
Na celebrao dos 10 anos do Tomorrowland em 2014, na Blgica, 400 mil
ingressos foram vendidos, e esgotaram-se em apenas cinco minutos. Foram
registrados 68 mil ingressos vendidos no Brasil em menos de 47 segundos. Talvez
esse fato deve ter chamado a ateno dos organizadores para a realizao da
verso brasileira.
Sua verso brasileira foi realizada no ms de maio de 2015, na cidade de
It/So Paulo, com a presena de mais de 150 artistas. A prxima edio j est
marcada para o ms de abril de 2016, no Parque Maeda, novamente em It/SP.
Todos os trs festivais de msicas explicitados anteriormente contam com a
montagem de uma megaestrutura de servios para realizao dos mesmos. So
montados geralmente em parques ou em uma rea verde distante dos grandes
centros.
4 Festival de Msica criado em Chicago em 1991. Disponvel em: http://www.lollapaloozabr.com/
5 Festival de Msica criado na Blgica em 2005. Disponvel em: http://www.tomorrowlandbrasil.com/
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Alm dos festivais internacionais de msica, acontecem ainda no Brasil
eventos culturais na maioria das regies que possuem grande fora e contribuem
para a visibilidade do pas e que so de grande relevncia para os destinos.
Esses eventos culturais, como as festas tradicionais, mostram para o mundo
as potencialidades de um pas em desenvolvimento, assim como seus atrativos
culturais e naturais, a gastronomia, o artesanato, a diversidade de folclore, as festas
populares e outros.
Na regio sudeste e sul concentram-se os eventos culturais mais conhecidos
internacionalmente, mas isso no quer dizer que nas outras regies no sejam,
que nessas regies possuem maior fora, como o caso do Carnaval do Rio de
Janeiro e de So Paulo. Acontecem ainda o Rodeio de Barretos, a Oktoberfest em
Blumenau e outros. Nas demais regies acontecem o So Joo em Campina
Grande, o Crio de Nazar em Belm, o Festival Folclrico de Parintins no
Amazonas e outros.
A realizao de todos estes eventos explicitados movimenta diretamente
todo o trade turstico no destino, principalmente o setor de servios bsicos do local,
contribui para o aumento de investimentos nas cidades, movimenta a economia,
gera empregos diretos e indiretos mesmo que somente no perodo do evento, alm
de aumentar o nmero visitante e turista.
O Festival Folclrico de Parintins o evento de maior visibilidade do Estado
do Amazonas e vem sendo bastante discutido no somente nos estudos tursticos,
mas em outras reas do conhecimento, como a geografia, economia, administrao,
sociologia, cincias sociais, e tem instigado os pesquisadores.
Patrcio (2007) investigou uma reportagem de tema amaznico Festival
Folclrico de Parintins. Sua tese foi intitulada Na ilha do boi de pano: uma
reportagensaio para alm do dogma da objetividade jornalstica.
Azevedo Filho (2013) dando nfase na geografia, Amaznia, comunidade,
folclore e espao, elaborou a tese foi intitulada A produo e a percepo do turismo
em Parintins, Amazonas. Nogueira (2013), fez na sua tese uma abordagem sobre a
espetacularizao do imaginrio amaznico no boi-bumb de Parintins.
J Frana (2014) abordou em sua dissertao intitulada Festival Folclrico
de Parintins: impactos socioambientais na percepo dos atores locais, questes
sobre eventos, turismo, sustentabilidade e impactos socioambientais.
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Alm de teses e dissertaes outros estudos referentes ao Festival de
Parintins foram publicados em formatos de artigos com nfase no folclore, no
espao, territrio, desenvolvimento local, religiosidade, a insero da marca Coca-
Cola no evento, anlise das toadas como promoo ambiental, comparao das
alegorias e anlise cultural do festival com as do desfile das escolas de samba
carioca, relao da cultura popular com a mdia, articulao de festas populares da
Amaznia que possuem caractersticas em recorrncias do festival (Cavalcanti,
2002; Fernandes, 2002; Biriba, 2008; Brito & Ribeiro, 2009; Pasini, 2010; Oliveira,
2011; Cavalcanti, 2011; Furlanetto, 2011; Souza & Anjos, 2012; Furlanetto & Filizola,
2012; Catalo & Nogueira, 2013; Souza, Farina, Costa, Silva & Romeiro, 2014) e
outros.
Mesmo com as pesquisas acima citadas, este estudo se faz necessrio e
relevante porque apesar ter como objeto de estudo o Festival de Parintins, trata de
aspectos diferentes do que vem sendo pesquisado ao longo dos anos, uma vez que
discute a qualidade dos servios oferecidos no festival, com o enfoque voltado a
gesto, ao funcionamento do evento e a relao da expectativa do cliente com o
servio prestado, usando a tcnica de outra rea, como o Momento da Verdade,
muito utilizada na rea temtica da administrao.
Na verdade so poucas as pesquisas que contemplam a qualidade dos
servios no turismo ou em eventos. Zucco (2012) abordou em sua tese intitulada As
relaes entre as dimenses motivao para viajar, fontes de informao utilizadas e
qualidade percebida dos servios por turistas de festivais: um estudo sobre a
Oktoberfest de Blumenau e de Munique, um estudo com enfoque em marketing de
servios, controle de qualidade no turismo e aspectos econmicos do turismo.
Vasconcelos (2014), com objetivo criar dimenses, componentes e itens
para avaliar a gesto da qualidade em servios tursticos, defendeu sua tese cujo
ttulo foi Dimenses, componentes e itens de avaliao da Gesto da Qualidade em
servios tursticos. A relevncia terica deste estudo pde proporcionar mais
alcance no delineamento do turismo de eventos. Est relacionada com a perspectiva
de melhorar as aes gerenciais direcionadas aos servios dos eventos. Teve como
diferencial a utilizao da tcnica Momento da Verdade durante a observao, o
experimento de cada etapa do ciclo de um servio, permitindo a percepo da
relao entre fornecedor e cliente.
Uma das relevncias sociais apoiadas na pesquisa a de que as mesmas
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contribuem para o embasamento em fortalecer o direcionamento no setor eventos
cultural do Estado do Amazonas, pois possui um calendrio anual de eventos,
melhorando a qualidade dos servios nesses eventos, de acordo com sua
necessidade.
Contribui com os planejadores e organizadores destes festivais, no que se
refere questo da gesto do servio oferecido, a importncia de como alcanar e
manter o sucesso do evento.
A motivao para escolha do tema surgiu a partir da relao profissional
entre a experincia na execuo do Festival nos anos de 2012 e 2013, e de
trabalhos realizados na implantao e instalao do Liceu de Artes e Ofcios Claudio
Santoro Unidade Parintins, por meio da Secretaria de Cultura do Estado do
Amazonas. Alm disso, devido a elaborao de um estudo sobre o evento na
concluso da especializao em Gesto e Produo de Eventos pela Universidade
do Estado do Amazonas.
O presente trabalho se justifica com base nas inquietaes que surgiram
sobre a satisfao do cliente do festival, a manuteno da imagem positiva do
destino Parintins e a possibilidade da festa sair do cunho regional e se consolidar em
nvel nacional, principalmente por existir poucos trabalhos cientficos com os
aspectos da temtica desta proposta, uma vez que a academia tem papel relevante
na problemtica e soluo de questes deste tipo, fazendo um diagnstico do
ambiente em estudo e em seguida propondo solues para possveis problemas.
Pretendeu-se com este estudo contribuir para o aprimoramento da qualidade de
servio prestado em eventos culturais, como o caso do Festival de Parintins.
Este estudo est dividido em cinco captulos. O primeiro captulo contempla
a introduo, fundamental para apresentao da temtica e contextualizao do
problema da pesquisa, as justificativas para o desenvolvimento e os respectivos
objetivos.
O segundo captulo rene a fundamentao terica que embasaram as
etapas do estudo. Inicia-se com a seo Turismo, Eventos e Festivais. Na sequncia
ser abordado o contexto terico de Gesto da Qualidade, dando nfase em
qualidade de servios. Posteriormente, na seo seguinte, a teoria dos servios,
dando nfase na tcnica Momento da Verdade.
O terceiro captulo apresenta os procedimentos metodolgicos utilizados
para realizao da pesquisa.
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32
No quarto captulo esto expostos os resultados do estudo com as anlises
da pesquisa de campo do Festival Folclrico de Parintins e Desfile das Escolas de
Samba do Rio de Janeiro, informaes gerenciais e relativos organizao dos
mesmos, alm da anlise e comparao dos dois eventos.
O quinto e ltimo captulo est destinado s consideraes finais,
concluses analticas, recomendaes para as duas festas aprimorarem seus
servios, as lacunas do estudo e na sequncia as referncias, apndices e anexos.
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1.3 OBJETIVO
Nesta seo esto estabelecidos os objetivos da pesquisa.
OBJETIVO GERAL
Analisar a gesto da qualidade dos servios no Festival Folclrico de
Parintins AM e no Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro RJ e mostrar
como se encontra o nvel da qualidade dos referidos eventos na viso dos
participantes que consumiram os servios.
OBJETIVOS ESPECFICOS
a) Caracterizar o Festival Folclrico de Parintins/AM e o Desfile das Escolas
de Samba do Rio de Janeiro/RJ;
b) Identificar e analisar os atributos de qualidade de servios do Festival
Folclrico de Parintins/AM e Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro/RJ,
utilizando-se a tcnica Momento da Verdade;
c) Comparar o Festival Folclrico de Parintins/AM com o Desfile das Escolas
de Samba do Rio de Janeiro (RJ), de acordo com os atributos de qualidade dos
servios identificados e analisados.
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2 FUNDAMENTAO TERICA
Neste captulo apresenta-se o referencial terico da pesquisa mediante a
consulta a vrios autores do turismo, eventos, festivais, gesto da qualidade,
qualidade dos servios, servios e tcnica momento da verdade, elaborado aps a
leitura de mltiplas fontes.
2.1 TURISMO, EVENTOS E FESTIVAIS
O turismo, nas localidades onde se instala, tem se apresentado como uma
expressiva atividade no mbito econmico e social. Se planejado de forma coesa,
proporciona benefcios significativos. Porem, pode tambm causar problemas de
carter social. Mas independente disso, a atividade turstica tm relevncia no
mundo (Melo, Arajo-Maciel, & Figueiredo, 2015).
Independente das inseguranas no cenrio econmico mundial nos ltimos
anos, segundo dados da Organizao Mundial do Turismo (OMT, 2015), no ano de
2014, foi registrado um crescimento de 4,7 % no nmero de turistas que viajaram
pelo mundo em comparao ao ano de 2013. Ao todo foram 51 milhes de pessoas
a mais em busca de conhecer novos lugares, revisitar locais e sabores, ou descobrir
outras culturas, at mesmo visitar amigos ou fazer compras, totalizando cerca de
US$ 1 trilho de dlares no ano passado.
No Brasil, independentemente das escassas aes de planejamento que
conseguiram resultado, a atividade turstica vem possibilitando aos destinos, uma
alternativa de desenvolvimento social e econmico (Melo, Arajo-Maciel, &
Figueiredo, 2015).
O turismo tem sido organizado no Brasil, como uma significativa atividade
econmica e social. Considerando-se que o pas possui em sua ampla extenso,
constitui-se de ambientes naturais e culturais que cativam qualquer indivduo a
conhec-las, dessa forma, o turismo est se apoderando desses espaos (Melo,
Arajo-Maciel, & Figueiredo, 2015).
Entretanto, no basta ter apenas elementos atrativos aos olhos dos
visitantes para o desenvolvimento da atividade turstica, necessita-se de poltica
pblica que garanta esse desenvolvimento de uma forma sustentvel, tendo em
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35
conta que, com a consolidao do turismo como atividade de carter relevante
economicamente, inicia-se o surgimento de contratempos aos envolvidos no seu
desenvolvimento, havendo a necessidade da criao e implantao de diretrizes
especficas para a atividade, de forma que haja uma regulao com vistas a
proporcionar melhores condies aos indivduos direta ou indiretamente ligados a
ela (Azevedo, Figueiredo, Nbrega, & Maranho, 2013).
Apesar de o turismo poder causar impactos negativos aos espaos
tursticos, ele tem mostrado que um recurso reprodutor de riquezas. Segundo o
Ministrio do Turismo (MTUR, 2013), a atividade turstica tem se destacado com
participao de 3,7% no produto interno bruto, com uma taxa de crescimento de
32,4% entre os anos de 2003 e 2009, maior do que a taxa de crescimento da
economia do pas com 24,6%.
No se pode pensar no turismo somente como gerador de receitas,
principalmente devido a fragilidade dessa economia apoiada somente no setor
turstico, do que em uma economia multisetorial, como apontada por Krippendorf
(2001). mais do que isso, promover uma atividade que satisfaa os anseios de
todos os envolvidos, principalmente da comunidade receptora do local, promovendo
e executando polticas que envolvam os residentes nos debates e decises ligados a
gesto dos destinos tursticos (Melo, Arajo-Maciel, & Figueiredo, 2015).
O Brasil tem estudado meios de fomentar o desenvolvimento do turismo em
sua totalidade, independente das suas fragilidades. Uma comprovao disso a
criao do MTUR em 2003. Vm sendo implantados planos e programas para
atender as exigncias de todos os atores do cenrio turstico nacional. Pode-se
destacar como uma das principais aes, a implementao do Plano Nacional de
Turismo (PNT) e do Programa de Regionalizao do Turismo (PRT). Porm,
necessita-se ainda de resultados que tenham eficincia mais notria e, que priorize
o turismo como uma atividade de desenvolvimento do bem-estar da sociedade e no
apenas como mecanismo de gerao de renda (Melo, Arajo-Maciel, & Figueiredo,
2015).
Os eventos tm contribudo para o desenvolvimento do turismo. Tem
possibilitado aos destinos sedes a oportunidade de impulsionar a atividade turstica,
uma vez que os participantes ou espectadores dos eventos tambm so os
consumidores dos servios tursticos nas localidades onde acontecem. Pois alm de
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participar do evento, podem ainda participar de outras atividades paralelas a aquela
que efetivamente motivou sua viagem (Melo, Arajo-Maciel, & Figueiredo, 2015).
Independente de qual seja o tipo do evento, um destino turstico deve
concordar que os eventos so mecanismos de subsdio no fomento atividade do
turismo, independente de qual seja o tipo de evento (Melo, Arajo-Maciel, &
Figueiredo, 2015). Com a relevncia deste segmento, o governo federal incluiu os
eventos nas polticas de turismo, cujo objetivo a captao de eventos
internacionais como elemento estratgico para diminuir os efeitos da sazonalidade
turstica nas localidades (Amorim, 2003).
Os eventos internacionais e as manifestaes que se evidenciem como
consumidora dos elementos que formam o turismo, seja de estrutura ou de servios,
contribuem para minimizar os impactos da sazonalidade. Deve-se fortalecer a
poltica nacional de turismo no que diz respeito aos eventos, festivais, dentre outras
manifestaes em nvel nacional. Uma vez que so eles que movimentam o pas
durante os doze meses do ano, apesar de reconhecer os eventos internacionais
projetam ainda mais o destino Brasil (Melo, Arajo-Maciel, & Figueiredo, 2015). O
nmero de eventos internacionais vem crescendo no pas e, segundo dados do
ICCA (2014), o Brasil tem ficado h quatro anos entre os dez primeiros pases que
realizam eventos (como congressos, feiras, seminrios e outros) a nvel
internacional, conforme pode ser observado no grfico 1 a seguir.
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Grfico 01 - Posio do Brasil no ranking mundial de pases que realizam eventos internacionais (2010 2014)
Fonte: ICCA, 2012; 2013; 2014.
No grfico anterior, possvel verificar que a poltica pblica de captao de
eventos internacionais vem mostrando resultados positivos, sendo o ano de 2012, a
melhor colocao do Brasil nesse levantamento de dados.
Brito e Fontes (2002) contribuem tambm dando nfase a importncia dos
eventos para atividade turstica. Para as autoras:
Qualquer evento que rena clientela de diferentes localidades cria oportunidade de viagens na medida em que as pessoas se deslocam para participar de um congresso ou exposio, por exemplo, geralmente aproveitando a ocasio para passeios e compras, o que favorece a utilizao mais ampla dos bens, atrativos e servios da cidade (Brito & Fontes, 2002, p. 74).
Dentre as cidades brasileiras, tambm segundo os dados do ICCA (2014),
So Paulo e Rio de Janeiro tm sido as cidades que mais realizaram eventos, sendo
at dois eventos internacionais, conforme pode ser verificado no quadro 01 a seguir.
Quadro 01: Cidades brasileiras que realizaram at dois eventos internacionais em 2014 Ranking Cidade Estado Nmero de Eventos (ano)
1 So Paulo SP 66
2 Rio de Janeiro RJ 64
3 Foz Do Iguau PR 16
Braslia DF
4 Salvador BA 14
5 Fortaleza CE 11
Natal RN
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Do ponto de vista conceitual, Albar (2014) discorre que os eventos so
aqueles acontecimentos que surgem da necessidade e motivao concreta, que
pode ser profissional, social, cultural e a partir da surgem os festivais, as
cerimnias, as celebraes de casamento, as feiras de turismo e outras. Para
autora, os estes eventos so ferramentas estratgicas usadas nos planos de
marketing das empresas e das organizaes, com o objetivo comercial final de obter
benefcios.
Getz (2008) classifica os eventos em diferentes tipos, sendo suas principais
categorias de eventos, as celebraes culturais (como festivais, carnavais, paradas,
religiosas), artsticas e de entretenimento (concerto e outras performances,
exibies, cerimnias de premiao), de negcios e comerciais (feiras, exposies,
convenes, reunies e conferncias), de competies esportivas (profissionais e
amadoras), educacionais e cientficas (seminrios e workshops, congressos e
conferncias), polticas e comemorativas do Estado (inauguraes, investiduras,
visitas de personalidades importantes), recreacionais (esporte ou jogos para
diverso), e eventos privados (casamentos e festas sociais).
Em relao ao nmero de participantes os eventos podem ser classificados
em: Pequeno at 150 participantes; Mdio entre 150 e 500 participantes; Grande
acima de 500 participantes; Megaevento acima de 5.000 mil participantes. Para
ser considerado um megaevento, alm dos nmeros de participantes, deve
6 Florianpolis SC 9
Porto Alegre RS
7 Recife PE 6
8 Curitiba PR 4
9
Belo Horizonte MG 3 Campinas SP
Gramado RS
Joo Pessoa PB
10
Belm PA 2
Bzios RJ
Goinia GO
Londrina PR
Manaus AM
Ouro Preto MG
Pirenpolis GO
Santa Maria RS
Santos SP
Fonte: ICCA, 2014.
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apresentar caractersticas e peculiaridades que esse tipo de evento possui (Matias,
2010, p.107).
Os eventos ganham realce como estimuladores do desenvolvimento turstico
e instigam pesquisadores interessados em compreender seus impactos e
desdobramentos no cosmo socioeconmico contemporneo. Considerando que
esses eventos constituem um mix de marketing, entretenimento, lazer, artes e
negcios, Funari e Pinsky (2003, p. 53) enfatizam que, pela sua importncia no
contexto social, cultural, econmico e poltico da cidade e regio e, em alguns casos
at mesmo do pas, podemos denomin-los de agentes do patrimnio histrico-
cultural.
Os eventos programados ou planejados so fenmenos espao-temporais e
cada um particular em virtude das interaes que se travam entre a configurao,
as pessoas e os elementos de gesto, incluindo design e programa. Alguns so
realizados para a celebrao pblica (esta categoria inclui as chamadas festas da
comunidade, que normalmente contm uma variedade de atividades em sua
programao, cujo objetivo promover o orgulho cvico e o sentimento de coeso),
enquanto outros so previstos para fins de concorrncia, diverso, entretenimento,
negcios ou socializao. Um dos mais importantes diferenciais dos eventos alude
ao fato de que os apelos nunca so os mesmos e as pessoas simplesmente tm que
estar l para desfrutar a experincia totalmente nica (Getz, 2008).
Entre os diferentes tipos de eventos programados, McKercher, Mei e Tse
(2006) destacam os festivais, objeto de estudo desta pesquisa que, regra geral, so
desenvolvidos com objetivo de promoo da cultura local como atrao turstica,
constituindo uma oportunidade para mostrar a herana do destino, as tradies
locais, as peculiaridades tnicas e culturais. Quinn (2009), quando destaca o fato de
que os festivais renovam periodicamente o fluxo de vida de uma comunidade,
observa que, com uma longa trajetria histrica a incorporar as tradies de vrios
passados, eles tm florescido tambm na sociedade contempornea e se proliferado
de maneira evidente. Em funo do potencial turstico dos festivais, essa
comprovao tambm feita por Grsoy, Kim, Kendal e Uysal (2004), e Prentice e
Andersen (2003).
Os trs motivos mais bvios para a popularidade dos festivais como espao
de promoo turstica so acentuados por Felsenstein e Fleischer (2003): 1) a
capacidade de aumentar a demanda para o turismo local; 2) festivais de sucesso
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ajudam a recriar a imagem de um lugar ou contribuir para sua insero no mapa do
turismo; e 3) o posicionamento estratgico de um festival no calendrio do turismo
local colabora para aumentar a capacidade turstica.
Com resultado, essa modalidade de turismo potencializada por festas e
festivais que vm maximizando seu poder de atrair turistas, a ponto de se tornarem
megaeventos de sucesso nacional e internacional. Segundo Pereira (2003, p. 98),
isso acontece na medida em que particularidades regionais alavancam a produo
e o desenvolvimento de centros receptores e quando eventos como festivais e
celebrao atrelados tradio e aos costumes locais, por serem diferenciados,
transformam-se em valores referenciais, constituindo-se em catalisadores para a
movimentao de visitantes.
Os eventos culturais so aqueles que se organizam com a finalidade de
estimular e proporcionar a cultura, quer um concerto ou uma exposio de obras de
arte. Tem como finalidade preservar os costumes, as tradies, e o conhecimento de
uma cultura particular (Albar, 2014).
Vivenciar a cultura de um povo no interior do Brasil significa a observar as
manifestaes dos diversos padres culturais do pas. Quando a cultura aparece
como festa ligada ou no a religies populares, absolutamente tem-se o aspecto do
acontecimento cultural, do evento cultural, do festival (Melo, Arajo-Maciel, &
Figueiredo, 2015).
A cultura de um povo, seu modo de vida, os afazeres do cotidiano, resultam
nas questes histricas que se constroem, incluindo as aes intangveis do
pensamento e sentimento de cada indivduo (Santos, 1994; Valle; Queiroz, 1988),
nessa perspectiva que diferencia os indivduos e os lugares. Assim, a cultura
proporciona a particularidade da raa de uma comunidade, sendo a formadora de
identidade destes, tornando-se fator de atratividade no turismo.
As festas, celebraes e rituais sempre estiveram presentes em diferentes
culturas, desde as mais primitivas pocas. A explicao usada por Contrera e Moro
(2008: 1-12) referente mega dos eventos designada como uma soluo
publicitria que seduz o pblico concentrao massiva em um mesmo espao. A
estrutura e a intensidade das festas e celebraes foram modificadas na
Modernidade, dentro do contexto da cultura de massa e da esttica por ela imposta.
Uma nova percepo de mundo consolidou-se no sculo XX por uma
proposta repleta de urgncias cotidiana. O homem contemporneo recebe
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estimulaes nervosas e mergulha numa profuso de imagens e textos,
hiperestmulo da nova dinmica da vida humana urbana, permeada pela velocidade
associada multiplicao desenfreada dos contatos mediatizados (Contera & Moro,
2008: 2).
Na verdade, h uma interferncia da atividade turstica nas festas, que se d
quando transforma o brincante em atrativo turstico, produto turstico, ou seja, como
mercadoria. Com isso, alguns rituais comeam a desaparecer, alm de outros
estarem prestes a acabar e os que ainda esto sendo alterados, devido a relao
dos brincantes da festa com o pblico. So justamente nesses momentos que ela
comea a atrair mais pessoas para assistir seus ritos (Figueiredo, 1999).
Um exemplo representativo no Brasil o Carnaval do Rio de Janeiro, por
meio do Desfile das Escolas de Samba cariocas que se tornou de fama internacional
h anos, dando grande visibilidade ao pas, que ser o evento de padro de
excelncia deste estudo.
uma das capitais que mais recebe eventos em todo o mundo, tanto de
pequeno quanto de megaeventos, eles podem ser de ordem poltica, acadmica,
esportiva, artstica, entre tantas outras. Alm da oportunidade de confraternizao,
esses eventos representam importante fonte de divisas e de negcios. Nos ltimos
tempos tambm tm sido utilizados para consolidar polticas pblicas de segurana,
como vemos nas coberturas jornalsticas dos jornais impressos entre os ltimos
meses de 2009 e os primeiros de 2010 (Barbosa, 2011).
O Rio de Janeiro representado em todo o mundo por uma srie de
caractersticas da ordem do belo e, ao mesmo tempo, por uma variedade de
questes ligadas violncia. Reconhecida como uma cidade de festas e com um
povo sorridente, comumente associado a eventos como o Rveillon e o Carnaval.
Atualmente, esses so dois momentos da cidade em que ela reencontra sua
autoestima, to em baixa no resto do ano devido aos problemas de misria,
violncia urbana, habitao, trnsito. Nesses dois perodos, a metrpole recebe
milhares de visitantes e se alegra com isso.
Atravs de uma perspectiva cultural, o desfile festivo foi o centro articulador
da formao das escolas de samba no Rio de Janeiro. As escolas surgem na
dcada de 1920, e no incio dos anos 30, o desfile as agregava numa competio
em cujo contexto era definir uma forma artstica prpria. Durante o sculo XX, o
desfile propiciou cidade um canal de expresso e mediao de processos
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sociolgicos importantes tais como a expanso da cidade rumo aos subrbios e
periferia, a expanso das camadas mdias e populares e sua interao, a
importncia crescente do jogo do bicho nas camadas populares (Cavalcanti, 2002).
Sob a perspectiva organizacional, pelo ngulo das relaes estabelecidas
entre o rito e a cidade, a competio carnavalesca gerou, com o correr dos anos, um
sistema ritual apto a incorporar novas escolas (surgidas em diferentes bairros da
cidade e seus arredores) e a eliminar escolas antigas (que, ou combinaram-se
formando novas, ou simplesmente desapareceram) (Cavalcanti, 2002).
Segundo Da Matta (1997), a escola de samba uma organizao coletiva
mas que permite o destaque, essa forma extrema de individualismo. Nesse mundo
carnavalesco, a fantasia, segundo Costa (2001, p.206) mais que o disfarce que
esconde, o ato que revela a vastido do imaginrio, usando o material mais vulgar,
mais inesperado, e transformando-o em objetos de comovente beleza. Para o autor,
a fantasia como fazer resplandecer de uma sucata o brilho inesperado de uma joia
rara, destacando alguns elementos que se transformam em coisas imaginveis,
como por exemplo, as rolhas de garrafa, tampinhas, bacias, latas vazias, serragem,
sacos plsticos, caixas de sapatos.
O autor descreve ainda que o barraco, o lugar onde o carnaval das
escolas de samba toma forma, na verdade no s uma forma, mas o perfil do
prprio carnaval. Para Costa (2001), todas as informaes ancestrais grande caldo
cultural que anima a arte popular do pas, so juntadas no barraco.
O primeiro concurso oficial das escolas de samba aconteceu em 1935, e a
Portela, antigamente denominada Vai como Pode, venceu com o enredo O samba
dominando o mundo (Costa, 2001).
Costa (2001) discorre sobre o trajeto das escolas de samba. Esse trajeto foi
criado nas senzalas, entre lembranas de uma terra distante, do sofrimento e
humilhao dos impostos na travessia no desejada, na impiedade dos leiles, e na
saga que comeava a ser vivida naquela poca. Tudo isso teria que ter sido contado
depois na forma de canto e dana. Sua existncia sintetiza o resultado de todas as
manifestaes que foram-se somando ao longo dos anos, com a organizao social
e artstica.
A escola de samba nasceu nos arredores do morro de So Carlos, no largo
do Estcio de S, no final da dcada de 1920. Costa (2001) relata que era ponto de
encontro de compositores, bons malandros, bambas que no levavam desaforo para
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casa, e l batiam o ponto (expresso da poca) e curtiam suas noites bomias. Um
sujeito importante dessa poca, foi Ismael Silva, declarando em diversas entrevistas
que tinha sido o criador da expresso escola de samba, sempre afirmando que
Quem inventou a expresso escola de samba fui eu, explicando que dali saem os
professores, os professores do samba.
O surgimento das escolas de samba passou a ser o grande diferencial do
carnaval carioca. Foram elaborados conceitos e mudanas, e a viso esttica
desenvolveu-se seguindo padres onde diversos valores esto envolvidos.
Do ponto de vista musical, instrumental, coreogrfico e plstico, a escola de
samba, ao longo do tempo, se separou das noites bomias vividas por Ismael e
outros, como j mencionado anteriormente, e foi passando por significativas
transformaes.
O desfile o grande polo de atrao do carnaval carioca, afirma Santos
(2001), tanto para o bem quanto para o mal, diz o autor. Eleito a condio de melhor
espetculo da Terra, mobiliza os meios de comunicao do Brasil e do exterior,
segundo o autor, proporcionando investimentos financeiros, projeta os artistas e
modelos que esto iniciando a sua carreira profissional, socialites e polticos
carentes. Com a decadncia das chamadas grandes sociedades na dcada de
1950, o evento comeou a ser consolidado, herdou a importncia das alegorias de
impacto e dos carros alegricos crticos da poca.
Do ponto de vista artstico, a forma do desfile completou-se na dcada de
1950. Data de ento a definio do perfil atual e caracterstico cuja base a escolha
anual de um tema, logo desenvolvido como enredo. A transformao do enredo
nas linguagens plstica e visual das fantasias e alegorias, e rtmico-musical do
samba-enredo, comanda a confeco do desfile. Conforme o ano caminha, esse
processo rene cada vez mais gente, alcanando a plenitude no rito, uma
celebrao de toda a cidade na qual o crculo social de cada escola alcana o seu
mximo.
Com a primeira transmisso pela TV Continental em 1960, iniciou-se um
novo ciclo, rompendo com alguns aspectos da formulao vigente no perodo. Nesta
poca, a escola Salgueiro, revolucionou a esttica da escola, segundo Costa (2001),
modificou a cara do desfiles, ousando um novo tipo de enredo, adotando como
carnavalescos Marie-Louise e Dirceu Nery, Fernando Pamplona, Arlindo Rodrigues
e Newton S, grandes nomes do carnaval.
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Segundo a histria contada por Costa (2001), depois do golpe militar de
1964 e com o fechamento dos partidos polticos, no Rio de Janeiro, o futebol e a
escola de samba passaram a ser as vlvulas de escape que restaram para exploso
do sentimento popular. A classe mdia que na poca era arredia e no iam as
quadras e nem desfilavam, passaram a incluir os ensaios nos seus programas de
lazer do fim de semana.
Ainda segundo a histria contada por Costa (2001), em 1984 foi inaugurada
a passarela do samba, ou sambdromo, mais conhecido popularmente. Era ideia
antiga de um dos fundadores da escola de samba Imperatriz Leopoldinense,
chamado Amaury Jrio, persistente trabalhador pela causa do samba e das escolas
de samba do Rio de Janeiro, mas no viveu para ver seu sonho tornado realidade.
Darcy Ribeiro reuniu os traos do arquiteto Oscar Niemeyer e a deciso do ento
governador da poca Leonel Brizola e concretizaram o sambdromo. Para o autor,
no despontar do sculo XXI, as escolas de samba do uma resposta e uma
demonstrao de que o destino pode ser modificado, assim como aconteceu com o
desfile e a cidade do Rio de Janeiro.
Atualmente, a festa abarca duas divises, totalizando cerca de vinte e nove
escolas de samba, que integram a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio
de Janeiro (LIESA) fundada em 24 de julho de 1984 e a Liga das Escolas de Samba
do Rio de Janeiro (LIERJ) fundada aps o carnaval de 2012.
A primeira liga, do grupo especial, abrange doze escolas (ver quadro 02)
desfilam na passarela do samba nas noites de domingo e segunda-feira. O outro
grupo, denominado grupo Srie A (que so os antigos grupos de acesso A e B)
desfilam nas noites de sexta e sbado, antecedendo o desfile do grupo especial e,