Universidade Federal de Mato Grosso Instituto Saúde Coletiva · FICHA CATALOGRÁFICA P896c Prado,...
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Universidade Federal de Mato Grosso
Instituto Saúde Coletiva
Consumo alimentar de escolares antes e após ações de
educação nutricional, em Cuiabá-MT
Bárbara Grassi Prado
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Saúde Coletiva do
Instituto de Saúde Coletiva, como parte
dos requisitos para obtenção do Título de
Mestre em Saúde Coletiva.
Área de concentração: Saúde Coletiva.
Orientadora: Profª. Drª. Lenir Vaz
Guimarães.
Co-orientadora: Profª. MSc. Maria
Aparecida de Lima Lopes
Cuiabá- MT
2011
Consumo alimentar de escolares antes e após ações de
educação nutricional, em Cuiabá-MT
Bárbara Grassi Prado
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Saúde Coletiva do
Instituto de Saúde Coletiva, como parte
dos requisitos para obtenção do Título de
Mestre em Saúde Coletiva.
Área de concentração: Saúde Coletiva.
Orientadora: Profª. Drª. Lenir Vaz
Guimarães.
Co-orientadora: Profª. MSc. Maria
Aparecida de Lima Lopes
Cuiabá - MT
2011
FICHA CATALOGRÁFICA
P896c Prado, Bárbara Grassi
Consumo alimentar de escolares antes e após ações de edu-
cação nutricional, em Cuiabá-MT / Bárbara Grassi Prado. –
2011.
118 f. : il.
Orientadora: Profª. Drª. Lenir Vaz Guimarães.
Co-orientadora: Profª. MSc. Maria Aparecida de Lima
Lopes.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato
Grosso, Instituto de Saúde Coletiva, Pós-graduação em Saúde
Coletiva, Área de Concentração: Saúde Coletiva, 2011.
Bibliografia: f. 79-89.
Inclui anexo.
1. Crianças – Nutrição. 2. Alimentação escolar. 3. Estudan-
tes – Consumo alimentar. 4. Educação nutricional - Escolares. I.
Título.
CDU – 613.22-053.5(043.3)
Ficha elaborada por: Rosângela Aparecida Vicente Söhn – CRB-1/931
Dedico
Aos meus pais, Sandra e Pierre, por total
confiança e incentivo na realização de todos os
meus sonhos, ao amor e carinho sempre dedicados
a mim...
Ao meu querido avô, Palmínio, por vibrar
comigo a cada etapa conquistada...
Aos meus irmãos, amigos e familiares...
Em especial, ao meu companheiro
Emmanuel, por todo amor, paciência e dedicação
aos meus/nossos projetos profissionais e pessoais.
AGRADECIMENTOS
A Deus pela oportunidade concedida no momento totalmente oportuno e
necessário. Por me guiar ao encontro de pessoas e amigos de bem. E por me
presentear, nesta jornada, com um amor companheiro e sincero.
À minha orientadora, Profª Drª Lenir Vaz Guimarães, pela oportunidade,
confiança e dedicação para a concretização deste projeto.
À minha co-orientadora, Profª MSc Maria Aparecida de Lima Lopes, pelas
orientações sempre pertinentes, pela confiança na minha capacidade e pelo
incentivo ao meu crescimento profissional e pessoal.
Ao Profº Drº Mariano Martínez Espinosa pela valiosa contribuição com
seus conhecimentos.
Aos membros da banca examinadora, Profª Dra Maria Silva Amicucci
Soares Martins e Profª Dra Denise Pimentel Bergamaschi pelas valiosas
contribuições.
Às minhas amigas Andressa Menegaz e Cássia da Silva Faria, pelo
companheirismo, paciência e incentivo.
À equipe de pesquisa, Andressa Menegaz, Cássia Faria, Magda Costa,
Allan Godois e Emmanuel Nunes, pelo comprometimento e profissionalismo.
Ao pesquisador Emmanuel Nunes pelo grande auxílio prestado na
organização e acompanhamento das atividades de educação nutricional.
Aos diretores, coordenadores, professores das escolas, pais e responsáveis
pelos escolares pela paciência e atenção prestada à equipe de pesquisa.
Em especial, aos escolares que nos receberam com todo carinho e atenção, e
que espero ter conseguido plantar uma sementinha para uma vida melhor e mais
saudável.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
pelo auxílio financeiro.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT)
pelo financiamento do projeto, permitindo a elaboração de material de qualidade
durante toda a pesquisa.
Aos meus pais, Sandra e Pierre, e a todos os familiares pelo incentivo, amor
e compreensão pelos muitos quilómetros que nos separam.
Ao meu companheiro Emmanuel, pelo amor incondicional dedicado.
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11
1.1 TRANSIÇÃO NUTRICIONAL ..................................................................
1.2 A ALIMENTAÇÃO NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA ......................
12
14
1.3 ALIMENTAÇÃO ESCOLAR ....................................................................
1.4 A EDUCAÇÃO NUTRICIONAL COMO ESTRATÉGIA PARA A
PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL ............................................
16
18
1.5 A ESCOLA COMO ESPAÇO PARA A PROMOÇÃO DA
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL ..........................................................................
23
1.6 AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR ......................................... 23
1.7 ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES .......... 26
2. OBJETIVOS ................................................................................................... 29
2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................... 30
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................... 30
3. MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................... 31
3.1 DELINEAMENTO E LOCAL DE ESTUDO ............................................ 32
3.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO ...................................................................... 33
3.3 PREPARAÇÃO DO TRABALHO DE CAMPO ....................................... 33
3.3.1 Treinamento e estudo piloto ................................................................ 34
3.4 COLETA DE DADOS ................................................................................ 34
3.5 VARIÁVEIS DO ESTUDO ........................................................................ 38
3.6 PROCESSAMENTO DOS DADOS ........................................................... 43
3.7 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................ 44
3.8 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ..................................................................... 46
3.9 RECURSOS FINANCEIROS ..................................................................... 46
4. RESULTADOS ............................................................................................... 47
4.1 ARTIGO ...................................................................................................... 48
5. DISCUSSÃO GERAL .................................................................................... 72
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES GERAIS .................................... 76
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 79
ANEXO ............................................................................................................... 90
Anexo 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ................................... 91
APÊNDICES ....................................................................................................... 92
Apêndice A – Informações socioeconômicas, demográficas e antropometria ..... 93
Apêndice B – Questionário de Consumo da Merenda Escolar ............................ 95
Apêndice C – Recordatório de 24h ...................................................................... 97
Apêndice D – Cardápios ...................................................................................... 99
Apêndice E – Educação Nutricional .................................................................... 106
Apêndice F – Tabelas e Figuras ........................................................................... 116
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1. Valor energético médio por porções de acordo com o grupo de
alimentos .............................................................................................................
40
Quadro 2. Descrição, variação da pontuação e critérios para a pontuação
máxima e mínima de cada componente do IQD .................................................
42
Quadro 3. Critérios utilizados na definição de efeito positivo da intervenção
em variáveis relativas ao comportamento do consumo alimentar ......................
44
Quadro 4. Critérios utilizados na definição de efeito positivo da intervenção
em variáveis relativas à alimentos consumidos ou preferidos ............................
45
Artigo
Quadro 1. Critérios utilizados na definição de efeito positivo da intervenção
em variáveis relativas ao comportamento do consumo alimentar ......................
62
Quadro 2. Critérios utilizados na definição de efeito positivo da intervenção
em variáveis relativas à alimentos consumidos ou preferidos ............................
63
Tabela 1. Distribuição de escolares segundo consumo de alimentos da
merenda e de outros alimentos no ambiente escolar, antes e após a
intervenção. Cuiabá-MT, 2010............................................................................
Tabela 2. Distribuição de escolares segundo a frequência semanal de consumo
da merenda e de outros alimentos no ambiente escolar, antes e após
intervenção. Cuiabá-MT, 2010 .........................................................................
64
67
Tabela 3. Distribuição de escolares segundo variáveis relativas ao consumo
alimentar nos grupos intervenção e controle, antes da intervenção. Cuiabá-
MT, 2010 ……....................................................................................................
68
Tabela 4. Distribuição de escolares segundo efeito positivo da intervenção em
variáveis relativas ao consumo alimentar nos grupos intervenção e controle.
Cuiabá-MT, 2010 ................................................................................................
69
Tabela 5. Distribuição dos escolares segundo efeito positivo no consumo de
alimentos da merenda, cantina, venda perto da escola e trazidos de casa, nos
grupos intervenção e controle. Cuiabá-MT, 2010 ….…………….......………..
70
Apêndice F
Tabela 1. Distribuição de escolares segundo as variáveis biológicas e
sociodemográficas nos grupos intervenção e controle. Cuiabá-MT, 2010 …….
116
Figura 1. Gráfico da distribuição percentual dos escolares do grupo
intervenção segundo classificação do IMC, antes e após a intervenção.
Cuiabá-MT, 2010 ................................................................................................
116
Figura 2. Gráfico da distribuição percentual dos escolares do grupo controle
segundo classificação do IMC, antes e após a intervenção. Cuiabá-MT, 2010 ..
117
Figura 3. Gráfico da distribuição percentual dos escolares do grupo
intervenção segundo Índice de Qualidade da Dieta, antes e após a intervenção.
Cuiabá-MT, 2010 ................................................................................................
117
Figura 4. Gráfico da distribuição percentual dos escolares do grupo controle
segundo Índice de Qualidade da Dieta, antes e após a intervenção. Cuiabá-
MT, 2010 ............................................................................................................
118
RESUMO
Prado BG. Consumo alimentar de escolares antes e após ações de educação
nutricional, em Cuiabá-MT [dissertação de mestrado]. Cuiabá: Instituto de Saúde
Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso; 2011.
Introdução - A infância e adolescência são momentos propícios para a aquisição de
comportamentos, como as práticas de alimentação, pois inúmeros e distintos
determinantes atuam na gênese deste comportamento. Para que as crianças e
adolescentes consumam alimentos saudáveis na vida adulta, torna-se necessária a
introdução de novos alimentos, que deve ocorrer de forma contínua, sendo a escola
um ambiente favorável à execução destas estratégias. Objetivo - Avaliar o consumo
alimentar, antes e após ações de educação nutricional de escolares em Cuiabá-MT.
Métodos - Estudo de intervenção comunitário com escolares de 8 a 14 anos de duas
escolas estaduais de Cuiabá-MT, no ano de 2010. O grupo intervenção foi submetido
à ações de educação nutricional e o grupo controle não recebeu intervenção. Para
comparação dos grupos construiu-se uma variável denominada efeito positivo da
intervenção com critérios definidos a partir das categorias das variáveis relativas ao
comportamento do consumo alimentar e aos alimentos consumidos ou preferidos. Os
dados foram analisados de forma descritiva, por meio de medidas de freqüências
(relativas e absolutas) e de tendência central (medianas). Para a inferência estatística
utilizou-se o teste de Mann-Whitney na comparação das medianas da variável idade,
o teste de Qui-quadrado (χ2) ou teste bicaudal exato de Fisher na comparação das
variáveis de consumo alimentar entre os grupos intervenção e controle e o teste
bicaudal exato de Fisher para o cálculo do efeito positivo da intervenção. Tomou-se a
decisão estatística com base no valor de p. Resultados – No grupo intervenção eram
do sexo feminino 57,8% dos escolares e no grupo controle 67,6%. Em ambos os
grupos foi observada idade mediana de 10,2 anos. Encontrou-se efeito positivo da
intervenção em relação à freqüência semanal de alimentos trazidos de casa (p=
0,023), preferência por salada de frutas e frutas oferecidas pela merenda escolar (p=
0,048) e na redução do consumo de balas, pirulitos e chicletes comprados na cantina
escolar (p= 0,043). Conclusão - Os efeitos positivos no consumo de alguns
alimentos indicam a importância de ações contínuas de educação nutricional, que
devem ser implementadas a partir da escola infantil, com a participação e apoio das
famílias.
Palavras-chave: Educação Nutricional. Alimentação Escolar. Consumo Alimentar.
Estudantes. Estudos de Intervenção.
ABSTRACT
Prado BG. Dietary intake of students before and after nutritional education activities,
in Cuiabá [dissertation]. Cuiabá: Public Health Institute, Federal University of Mato
Grosso, 2011.
Introduction - Childhood and adolescence are opportune moments to acquire
behaviors such as eating practices, as numerous and distinct determinants act in the
genesis of this behavior. So that children and adolescents consume healthy foods in
adulthood, it becomes necessary to introduce new foods, which should occur
continuously, and the school is a conducive environment to implementing these
strategies. Objective – To assess dietary intake before and after nutritional education
activities for students in Cuiabá-MT. Methods – This study is a community
intervention with students between 8 and 14 years from two state schools in Cuiabá,
in the year 2010. The intervention group underwent nutritional education activities
and the control group received no intervention. To compare the groups we
constructed a variable called positive effect of intervention using as criteria
categories of variables for the behavior of food consumption and food consumed or
preferred. Data were analyzed descriptively, by measuring the frequency (relative
and absolute) and central tendency (median). For statistical inference we used the
Mann-Whitney test comparing the medians of the age variable, the chi-square (χ2)
test or Fisher's exact two-tailed variables comparison of food consumption between
the intervention and control groups and two-tailed Fisher´s exact test to calculate the
positive effect of the intervention. The statistical decision was based on the p-
value. Results - In the intervention group 57.8% were female and in the control
group, 67.6%. In both groups we found a median age of 10.2 years. It was found
positive effect of intervention on the weekly frequency of food brought from home (p
= 0.023), preference for fruit salad and fruit offered by the school lunch (p = 0.048)
and reduction of consumption of sweets, lollipops and chewing gum purchased from
the school canteen (p = 0.043). Conclusion - The positive effects on consumption of
some foods indicate the importance of continuous actions of nutrition education,
which should be implemented from the school children, with the participation and
support of families.
Palavras-chave: Nutrition Education. Dietary Intake. School Feeding. Students.
Intervention Studies.
1. INTRODUÇÃO
1.1 TRANSIÇÃO NUTRICIONAL
Transição nutricional é um fenômeno caracterizado pela modificação nos
padrões nutricionais de uma dada população. Corresponde às alterações na dieta
determinadas basicamente pela inter-relação entre mudanças de cunhos sociais,
culturais, econômicos, demográficos e de saúde (POPKIN, 1993).
No Brasil, pode-se acompanhar esta transição por meio de quatro estudos de
base populacional: o Estudo Nacional de Despesas Familiares (ENDEF) em 1974/75;
a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN) em 1989; a Pesquisa Nacional de
Demografia e Saúde (PNDS) em 1995/96, a PNDS em 2006 e a Pesquisa de
Orçamentos Familiares (POF) em 2008/2009. Estes estudos evidenciam o
crescimento da prevalência de obesidade e de doenças relacionadas, e declínio da
desnutrição (BRASIL, 1974; BRASIL, 1989; BRASIL, 1996; BRASIL, 2006; IBGE,
2010a).
As altas prevalências de obesidade e outras doenças crônicas não
transmissíveis são explicadas, em grande parte, pelo aumento do consumo de dietas
ricas em gorduras, alimentos refinados, diminuição do consumo de carboidratos
complexos e fibras, e mudanças do estilo de vida, com aumento de sedentarismo
(POPKIN, 1993; KAPOOR e ANAND, 2002; SCHMIDHUBER e SHETTY, 2004).
A Pesquisa de Orçamentos Familiares, realizada em 2002/2003 (POF,
2002/2003), concluiu que em todo país e classes sociais, o consumo protéico e o
aporte relativo de proteínas de alto valor biológico (proteínas de origem animal)
estão adequados. Entretanto, há excessivo consumo de açúcar e consumo insuficiente
de frutas e hortaliças. Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste existe ainda o
consumo excessivo de gorduras em geral e saturadas. O consumo de produtos
industrializados aumentou, enquanto o de arroz e feijão perdeu importância (IBGE,
2004).
Estas mudanças podem ser explicadas pela globalização da economia e pelo
acelerado processo de urbanização e de industrialização alimentícia que produzem
alimentos com alta densidade calórica, saborosos, práticos e custos relativamente
baixos, colaborando para a incorporação de novos alimentos, formas de preparo,
compra e consumo (GARCIA, 2003).
Mediante as modificações no padrão alimentar e estilo de vida, a obesidade se
consolidou frente à desnutrição como problema de saúde pública associada à
ocorrência de doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, dislipidemias, câncer e
diabetes, influenciando, desta maneira, no perfil de morbidade e mortalidade das
populações (NICKLAS et al., 2001; TARDIDO e FALCÃO, 2003, CARMO et al.,
2003).
Estudo realizado pelo Ministério da Saúde por meio do sistema VIGITEL
(Vigilância de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) avaliou a prevalência de
sobrepeso e obesidade nas 27 capitais brasileiras e constatou que em 2008, 48,3% da
população maior de 18 anos de Cuiabá apresentavam sobrepeso/obesidade, em
proporção maior do que a média (43,3%) das capitais estudadas (MS, 2009a).
Cabe destacar que a prevalência de sobrepeso/obesidade em crianças e
adolescentes também se apresenta elevada e tem ocorrido nos diferentes grupos
sociais, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento, com sérias
repercussões na saúde da população (WANG et al., 2002; IBGE, 2004). Em Cuiabá,
no estudo realizado por GUIMARÃES et al. (2006) com 476 escolares de 6 a 11
anos que freqüentavam a primeira série das redes de ensino público e particular, na
área urbana da cidade, a prevalência de excesso de peso foi de 14,4%, na qual 46,2%
eram obesos.
Neste cenário de epidemia de sobrepeso/obesidade a Organização Mundial da
Saúde propôs a Estratégia Global de Promoção de Alimentação Saudável, Atividade
Física e Saúde, com os objetivos de reduzir os fatores de risco para as doenças
crônicas, aumentar a atenção e conhecimento sobre alimentação e atividade física,
implementar políticas e planos de ações preventivas em nível global, nacional,
regional e comunitário, possibilitando o monitoramento de dados científicos
relacionados à saúde da população (WHO, 2003).
1.2 A ALIMENTAÇÃO NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
A infância é um momento propício para a aquisição de comportamentos, tais
como práticas de alimentação, sendo que inúmeros determinantes atuam na gênese
destes comportamentos (RAMOS e STEIN, 2000; CHAPMAN et al., 2006). Neste
período da vida, que compreende a faixa etária de 0 a 10 anos, as exigências de
energia e nutrientes tornam-se elevadas devido ao processo de crescimento e
desenvolvimento, podendo ocorrer, desta forma excesso ou carências nutricionais
que levarão ao comprometimento da capacidade física e intelectual (PHILIPPI et al.,
2000).
Desta forma, é nessa faixa etária que ocorre uma maior necessidade de
cuidados relacionados à alimentação, uma vez que se observa a incorporação de
novos hábitos alimentares, o conhecimento de novos sabores, texturas e cores, e
experiências sensoriais, que determinam as práticas de alimentação na infância
(PHILIPPI et al., 2003).
As práticas de alimentação na infância, que abrangem desde a amamentação
até a alimentação cotidiana da família, são importantes determinantes das condições
de saúde da criança. Estas práticas são oriundas de conhecimentos, vivência e
experiências, fortemente condicionadas à cultura e ao poder aquisitivo das famílias,
intimamente relacionadas à disponibilidade, quantidade, qualidade dos alimentos
consumidos (AQUINO e PHILIPPI, 2002; ROTENBERG e VARGAS, 2004).
Uma alimentação balanceada e nutricionalmente adequada consiste em um
cardápio variado, que contém todos os grupos alimentares (cereais, leguminosas,
hortaliças, frutas, leite, carnes e ovos, açúcares e gorduras) em porções adequadas e
distribuídas em cinco ou seis refeições diárias. Porém, estudos indicam que a
alimentação na infância baseia-se no consumo de alimentos muito calóricos, ricos em
açúcares, gorduras saturadas e hidrogenadas, como salgadinhos, bolachas recheadas,
doces, balas, e refrigerantes (PHILIPPI et al., 2003; OLIVEIRA e FISBERG, 2003;
TRICHES e GIUGLIANI, 2005; KACHANI et al., 2005). Desta forma, as ações de
educação nutricional na infância podem influenciar positivamente na formação de
práticas alimentares saudáveis (DAVANÇO et al, 2004; BIZZO e LEDER, 2005;
SANTOS, 2005; GONÇALVES et al., 2008).
A escolha dos alimentos pelas crianças pode ser influenciada por vários
fatores. A família exerce um importante papel nos hábitos do indivíduo, uma vez que
transmite seus hábitos alimentares para as crianças pela compra e preparo de
alimentos em casa (GAMBARDELLA et al., 1999). No ambiente familiar, a criança
aprende sobre a sensação de fome e saciedade, e desenvolve a percepção de novos
sabores e suas preferências, caracterizando o início da formação do seu
comportamento alimentar (RAMOS e STEIN, 2000), que com o passar dos anos,
passa a sofrer a influência dos amigos, da escola e da mídia (CAMPOS e SOUZA,
2003; FIATES et al., 2008).
A adolescência é um período de transição marcado por transformações físicas
aceleradas e características da puberdade, diferentes do crescimento e
desenvolvimento que ocorrem em ritmo constante na infância (OPAS, 1995;
GAMBARDELLA et al., 1999). Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO,
1995) a adolescência compreende a faixa etária dos 10 aos 20 anos incompletos.
Nesta fase da vida, vários fatores têm efeito sobre o consumo alimentar, tais
como valores socioculturais, imagem corporal, necessidades fisiológicas e saúde
individual, preferências, convivências sociais (hábitos familiares e de amigos),
situação financeira familiar, hábito de consumo alimentar fora de casa, aumento do
consumo de alimentos semi preparados, influência exercida pela mídia, modismos,
disponibilidade de alimentos, facilidade de preparo, entre outros (DIETZ, 1998;
FISBERG et al., 2000).
Estudos apontam que a alimentação dos adolescentes se caracteriza por
longos períodos de jejum (GAMBARDELLA et al., 1999), omissão do desjejum, de
lanches e ceias (NEUMANN, 2007; DANELON, 2007), elevado consumo de
refrigerantes e de alimentos ricos em açúcar e gordura, como salgadinhos fritos,
doces e balas, principalmente nas refeições intermediárias (GARCIA, 2003; ENNS et
al., 2003), elevado consumo de colesterol (ALBANO, 2000; GARCIA, 2003;
DANELON, 2007;), baixo consumo de frutas e hortaliças (GAMBARDELLA et al.,
1999), cereais integrais e, consequentemente, baixo consumo de fibras
(NEUTZLING et al., 2007), além de inadequado consumo de alimentos fonte de
cálcio e ferro (GAMBARDELLA et al., 1999).
1.3 ALIMENTAÇÃO ESCOLAR
Segundo o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), a
United Nations Children’s Fund (UNICEF) reconhece o Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE) como o maior projeto de alimentação do mundo e o
único universalizado (MEC, 2010).
O PNAE, também conhecido como merenda escolar, foi implantado em 1955
com o objetivo de repassar recursos financeiros para atender as necessidades
nutricionais de alunos da educação infantil e do ensino fundamental de escolas
públicas. Estes recursos financeiros têm caráter suplementar e se destinam a
aquisição de gêneros alimentícios (MEC, 2010).
Em 2008, o PNAE investiu R$ 1,49 bilhão para atender 34,6 milhões de
alunos do ensino fundamental e da educação infantil. O orçamento do programa para
2010 é de R$ 3,1 bilhões, para beneficiar 45,6 milhões de estudantes da educação
básica e a de jovens e adultos. De acordo com a Lei no 11.947, de 16/6/2009, 30%
desse valor disponibilizado devem ser investidos na compra direta de produtos da
agricultura familiar, medida que estimula o desenvolvimento econômico das
comunidades (MEC, 2010).
O programa possui como objetivo suprir de 15 a 30% das necessidades
nutricionais dos alunos durante sua permanência em sala de aula (MEC, 2010).
Baseado na Recommended Dietary Allowances (NRC, 1989) e recomendada pela
Portaria nº 33 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 1998), a
merenda escolar oferecida deve conter em média 350 kcal e 9 gramas de proteína.
Uma das diretrizes do PNAE é o emprego da alimentação saudável e
adequada, o que compreende o uso de alimentos variados e seguros, respeitando a
cultura e as tradições alimentares, contribuindo para o crescimento e
desenvolvimento dos alunos em conformidade com a faixa etária, sexo e atividade
física e o estado de saúde dos mesmos, inclusive os que necessitam de atenção
específica (BRASIL, 2009).
Segundo o art. 15 da resolução 32 do FNDE de agosto de 2006, toda vez que
ocorrerem modificações de cardápio da merenda escolar, a entidade executora deverá
aplicar o teste de aceitabilidade como modo avaliativo da aceitação do novo cardápio
(MS, 2006a). Entretanto, STEFANINI (1997) em seu estudo concluiu que a
aceitação e a contribuição à alimentação do escolar nunca foram consideradas nas
escassas tentativas de avaliação da merenda escolar.
Verificar a aceitação de um alimento pelo aluno é importante para determinar
a qualidade do serviço prestado pelas escolas. A utilização da pesquisa de preferência
e aceitação da merenda escolar é um dos instrumentos utilizados, sendo de fácil
execução e por permitir a verificação da preferência média dos alimentos oferecidos
(CALIL e AGUIAR, 1999).
Estudo realizado no município de João Pessoa, na Paraíba no ano 2005,
mostrou que as crianças consideram a alimentação escolar importante, mas existem
fatores que interferem no consumo e aceitação desta alimentação pelas crianças,
como aspectos relacionados à falta de apetite, aos hábitos alimentares e ao sabor das
preparações (MUNIZ e CARVALHO, 2007).
OCHSENHOFER et al. (2006) realizaram um estudo cujo objetivo foi
verificar os motivos pelos quais os estudantes não consumiam a merenda escolar,
além de avaliar suas opiniões sobre a merenda e identificar os alimentos preferidos
entre escolares de 7ª e 8ª séries do ensino fundamental. Segundo os autores, grande
parte dos adolescentes referiu não consumir a merenda escolar, pelos seguintes
motivos: não sentir vontade ou fome, comprar lanche na cantina, não gostar ou ter
nojo da merenda e por não ter tempo de comer. Os autores ainda citaram que a
maioria dos alunos considera a merenda escolar mais saudável, porém preferem
consumir os alimentos comercializados pela cantina devido ao sabor dos alimentos
oferecidos.
Em um estudo realizado por FLÁVIO et al. (2004), em uma escola estadual
de Lavras - MG que dentre seus objetivos estava realizar a pesquisa sobre a aceitação
da merenda escolar, encontrou-se que 72% dos escolares entrevistados tinham o
hábito de consumir a merenda, sendo que na escola onde foi efetuado o estudo, não
havia cantinas ou lanchonetes, e assim, as opções limitavam-se ao consumo da
merenda escolar ou alimentos trazidos de casa (32% dos alunos). Em relação à
qualidade do serviço de merenda, observou-se que 76% dos escolares julgavam o
serviço como bom e ótimo e 3% como ruim.
Estudo realizado por FERREIRA (2008) no município de Piracicaba – SP
constatou que o consumo de merenda foi maior em escolas localizadas em regiões
com maior exclusão social, além do maior consumo por crianças com déficit
nutricional, menor idade e do sexo masculino. A autora afirma que adequar o
cardápio aos hábitos alimentares dos alunos e ofertar refeições saudáveis e de
qualidade, são ações que podem auxiliar no aumento do consumo dos alimentos
oferecidos pelo PNAE. OLIVEIRA (1997) afirma que a merenda escolar também
serve de atrativo de freqüência escolar, auxiliando o processo da educação.
Estudos apontam que o alto consumo de alimentos nas cantinas escolares e
vendas perto da escola, pode interferir na aceitação da merenda escolar e ocasionar o
consumo de alimentos de baixo valor nutritivo como refrigerantes, salgadinhos,
balas, pirulitos e outras guloseimas, pois geralmente estes locais não ofertam frutas e
suco naturais (OCHSENHOFER et al., 2006; DANELON, 2007).
A presença destes serviços nas escolas e em locais próximos, concomitante à
alimentação escolar servida, possivelmente gera dificuldades na seleção de alimentos
saudáveis e no consumo da merenda escolar (DANELON et al., 2006).
1.4 A EDUCAÇÃO NUTRICIONAL COMO ESTRATÉGIA PARA A
PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
A educação em saúde é um processo que visa auxiliar a conscientização de
indivíduos diante da realidade, a partir da descoberta dos princípios, padrões e
valores que melhor se adaptam às suas necessidades. A educação em saúde envolve o
processo de ensino que corresponde às ações, meios e condições para a realização
dos processos de ensino e aprendizagem. Visa ainda, a auto capacitação de grupos
sociais para lidar com problemas de saúde, tais como nutrição e doenças crônicas não
transmissíveis (LIMA et al., 2000; LINDEN, 2005).
MOTA e BOOG (1988) definiram a educação nutricional como um processo
que visa modificar e melhorar a alimentação dos indivíduos por meio da promoção
de hábitos alimentares saudáveis. Em 2007, CONTENTO afirmou que a educação
nutricional pode ser definida como uma variedade de experiências planejadas para
facilitar a adoção voluntária de hábitos alimentares ou de qualquer comportamento
relacionado à alimentação que conduza à saúde e ao bem estar.
No país, a implementação da educação nutricional, como todo processo,
passou por transições ao longo dos anos. O interesse pela educação nutricional teve
início na década de 40, que mediante a possibilidade de súbita escassez de alimentos,
visava a melhoria da alimentação das classes socioeconômicas mais baixas por
intermédio de alimentos mais baratos e nutritivos (MOTA e BOOG, 1988). No
início, profissionais da saúde, conhecidos como “visitadores da alimentação”, iam às
casas das pessoas para orientá-las, porém isto foi considerado invasivo pela
população (BOOG, 2004).
Nas décadas de 50 e 60, a educação nutricional esteve vinculada às
campanhas de introdução de novos alimentos e também às práticas educativas, um
dos pilares das políticas de alimentação e nutrição do período (BOOG, 1997; BOOG,
2004).
Já na década de 70 e 80, o grande obstáculo estava na renda da população,
uma vez que a qualidade da alimentação estava associada ao fator econômico dos
indivíduos. Assim, estratégias políticas voltaram-se para a suplementação alimentar.
A visão política estava voltada para a fome, e não somente à desnutrição e desta
forma, a concepção de educação estava centrada nas modificações do
comportamento alimentar (BOOG, 1997; LIMA et al, 2003).
Na década de 90, este foco mudou, uma vez que estudos mostravam a
presença de alto índice de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis, como
diabetes, dislipidemias, hipertensão, dentre outras. O padrão alimentar modificou-se,
com aumento do consumo de alimentos ricos em gorduras, açúcares e produtos
industrializados e o decréscimo no consumo de frutas, cereais e leguminosas, como o
arroz e feijão (BOOG, 2004).
Ao se fazer educação nutricional, não se está apenas lidando com nutrientes,
mas com todo um universo de interações e significados que compõe o fenômeno do
comportamento alimentar, como os procedimentos relacionados às práticas
alimentares que abrangem desde o que se come, quanto, como, quando, onde e com
quem se come; a seleção de alimentos e os aspectos referentes ao preparo da comida
vinculados aos atributos socioculturais, abrangendo os aspectos subjetivos
individuais e coletivos relacionados ao ato de comer e à comida (GARCIA, 1999).
Neste contexto apresentam-se de modo distinto a orientação e a educação
nutricional. Orientação nutricional significa à ação imediata, a realização das
instruções propriamente ditas, a adoção de dietas com objetivos específicos e com
rigor para horários e técnicas. Já a educação nutricional atua na formação de valores,
de prazer, de responsabilidade, de atitude crítica, assim como do lúdico e da
liberdade (BOOG, 1997).
Segundo SCHWARTZMAN e TEIXEIRA (1998), as ações de educação
nutricional visam desenvolver nas pessoas autonomia, capacitando-as para aplicar os
conhecimentos da Nutrição na sua alimentação e da família. Em longo prazo, visam
habilitar os indivíduos na tomada de decisões sobre nutrição e dieta de acordo com
conhecimentos científicos, valores e estilo de vida, tendo como objetivo final, a
melhoria do estado nutricional e da saúde da população.
Pesquisas que utilizam como estratégia educação nutricional, em sua maioria,
constituem estudos de intervenção comunitária, nos quais o pesquisador manipula o
fator de exposição, testando intervenções terapêuticas (ensaios clínicos) ou
intervenções preventivas (ensaios comunitários) (KLEINBAUM et al., 1982).
O ensaio comunitário possui como característica uma amostra composta por
membros de uma comunidade ou uma comunidade como um todo. É composto por
pelo menos dois grupos de estudo, sendo um grupo de intervenção, no qual são
realizadas as ações com fins preventivos e o outro grupo controle, no qual não são
realizadas ações preventivas (ESCOSTEGUY, 2006).
Uma vez que o efeito de uma intervenção só pode ser medido mediante
comparações, utiliza-se o grupo controle para este fim. Os dois grupos, controle e
intervenção, devem possuir as mesmas características, ou seja, uma amostra
homogênea, para diminuir possíveis vieses de seleção e fatores de confundimento
dos resultados, diferenciando-se somente pela exposição (ROTHMAN e
GREENLAND, 1998; FLETCHER e FLETCHER, 2006).
ANDERSON et al. (2004) que avaliaram o impacto na evolução de
conhecimentos, crenças e atitudes em relação ao consumo de frutas, verduras e
legumes de escolares de 6 a 10 anos, após programa de educação nutricional com
duração de 9 meses, ressaltam a importância do processo de educação nutricional
continuada, na medida em que a intervenção nutricional pode demonstrar impacto
sobre a dieta, na etapa da vida em que há o processo de formação dos hábitos
alimentares. Os autores afirmam ainda que o aumento na ingestão de frutas e
hortaliças em todas as idades e classes sociais é provavelmente o maior desafio para
os educadores nutricionais. Desta forma, o aumento da oferta destes alimentos na
merenda escolar deve ser encarado com interesse para a definição de estratégias na
saúde pública.
RODRIGUES e BOOG (2006) realizaram em Campinas – SP, intervenção
nutricional com 22 adolescentes obesos durante oito meses e utilizaram
problematização como estratégia de educação nutricional. As autoras concluíram que
o método foi efetivo para ajudar os adolescentes a modificarem seus hábitos
alimentares, porém a redução de peso foi parcial.
No estudo de intervenção realizado por JAIME et al. (2007), o qual avaliou o
impacto da educação nutricional para o aumento da participação de frutas e
hortaliças na alimentação de 80 famílias de baixa renda, no município de São Paulo,
indicou como resultado, que ações de educação nutricional que combinam
informações e motivações para o incentivo do consumo de frutas e hortaliças são
bem sucedidas em ambiente de grande pobreza, uma vez que após um mês de
intervenção, houve aumento significativo no consumo destes alimentos por estas
famílias.
No estudo de GABRIEL et al. (2008) realizado com 162 escolares de terceira
e quarta série do ensino fundamental de Florianópolis, Santa Catarina, o qual avaliou
os resultados de um programa de intervenção nutricional visando à promoção de
hábitos alimentares saudáveis, constatou-se que após a intervenção, com duração de
7 semanas, sendo 1 encontro a cada semana, houve aumento significativo da
freqüência de algumas atitudes e práticas alimentares mais saudáveis. Porém, não
houve redução significativa na prevalência de excesso de peso, justificada pelo curto
período de intervenção, que pode ter sido insuficiente para alterar as medidas
antropométricas. Os autores ainda constataram um aumento de 15% no consumo da
merenda escolar.
KAIN et al. (2008) em Casablanca, Chile, avaliaram a efetividade de uma
intervenção com 1.466 escolares baseada em educação nutricional e incentivo à
atividade física com duração de 11 meses, e constataram que a intervenção
possibilitou redução significante na prevalência de obesidade entre os escolares.
FERNANDES et al. (2009) avaliaram o efeito da educação nutricional na
prevalência de sobrepeso/obesidade e no consumo alimentar de escolares do ensino
fundamental da cidade de Florianópolis – SC após 4 meses da primeira intervenção,
e encontraram que tanto no grupo intervenção como no grupo controle não houve
diferença estatisticamente significativa na prevalência de sobrepeso/obesidade,
justificada pela curta duração da intervenção, uma vez que o processo de
modificação de hábitos necessita de um longo período de tempo para refletir-se em
alteração do estado nutricional. Segundo MULLER et al. (2001) para a diminuição
da obesidade infantil, a intervenção deve abranger a atuação de profissionais de
diversas áreas e atuar nas famílias e nas comunidades.
Quanto ao consumo alimentar, FERNANDES et al. (2009) encontraram
redução significativa no consumo de sucos artificiais, salgadinhos industrializados,
balas, pirulitos e gomas de mascar no grupo intervenção em relação ao grupo
controle, mostrando a eficácia deste tipo de intervenção na qualidade do consumo
alimentar destes escolares. Os autores acreditam que ações educativas em nutrição,
aliadas à prática de atividades físicas, devem fazer parte do currículo escolar.
1.5 A ESCOLA COMO ESPAÇO PARA A PROMOÇÃO DA
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
A Organização Mundial da Saúde recomenda a utilização da educação em
saúde como uma estratégia para a transformação das práticas inadequadas de saúde,
tanto para indivíduos como para profissionais (LIMA et al., 2000; WHO, 2003). A
escola é vista como um ambiente prioritário para a execução de estratégias de
promoção da alimentação saudável, pois é o lugar no qual várias pessoas, desde
escolares, professores e funcionários passam grande parte do seu tempo e também
realizam até algumas refeições diárias (MS, 2007).
É neste contexto que a Portaria Interministerial nº 1.010 de 08 de maio de
2006, explicita que dentre os eixos prioritários para a promoção da alimentação
saudável nas escolas estão as ações de educação alimentar e nutricional, que devem
considerar os hábitos alimentares como expressão de manifestações culturais,
regionais e nacionais (MS, 2006b). Para a implementação da educação nutricional
nas escolas é imprescindível conhecer as práticas de alimentação dos escolares,
trabalhando suas crenças, saberes e vivências (BIZZO e LEDER, 2005).
1.6 AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR
A Food and Agriculture Organization reconhece que para o desenvolvimento
de programas de Saúde e Nutrição, dentre eles a educação nutricional, torna-se
necessário avaliar o consumo alimentar da população e o seu estado nutricional
(FAO, 2002).
Avaliar o consumo alimentar de crianças e adolescentes é imprescindível
devido à associação com o estado de saúde de indivíduos. As pesquisas de consumo
alimentar são eficazes e de baixo custo operacional para a obtenção de informações
sobre características alimentares de grande parte da população e também para
evidenciar a relação da dieta com a ocorrência de doenças crônicas não
transmissíveis, eventos de morbidade e mortalidade (CAVALCANTE et al., 2004;
FALCÃO-GOMES et al., 2006; VASCONCELOS, 2007).
Vários fatores interferem e dificultam o registro da ingestão alimentar dos
indivíduos como hábitos alimentares, idade, imagem corporal, memória do
entrevistado, crenças, comportamento, cultura e nível socioeconômico (FISBERG et
al., 2000).
As dietas e hábitos alimentares de crianças e adolescentes sofrem variações
constantes. Quanto mais jovem a pessoa, menor a habilidade desta em reportar,
estimar e cooperar com os procedimentos de avaliação dietética, portanto muitas
informações necessitam do auxílio dos pais ou responsáveis (CAVALCANTE et al.,
2004).
Os inquéritos dietéticos são instrumentos que avaliam quantitativa ou
qualitativamente o consumo alimentar (CINTRA, 1997). A partir destes instrumentos
é possível analisar o consumo alimentar atual ou habitual, avaliar as adequações
nutricionais e os efeitos de padrões alimentares, em curto e longo prazo, sobre a
saúde dos indivíduos. Os principais tipos de inquéritos são a história dietética, o
recordatório de 24 horas, o questionário de freqüência alimentar (QFA) e o registro
alimentar (WILLET, 1998; LINDQUIST et al., 2000).
Em uma pesquisa, a escolha do método deve basear-se nos objetivos e tipo de
estudo, considerando-se os recursos disponíveis (WILLET, 1998). Ainda assim,
independente do método escolhido, a obtenção de dados válidos e confiáveis é tarefa
difícil, uma vez que os métodos utilizados estão sujeitos a variações e erros de
medida (LOPES et al., 2003).
O recordatório de 24 horas (R24h) é um dos instrumentos mais empregados
para avaliar a ingestão de alimentos e nutrientes de um indivíduo e também com
diferentes grupos populacionais. Este método permite identificar e quantificar os
alimentos e bebidas ingeridos num período anterior a entrevista, podendo ser de 24
horas precedentes ou, mais, comumente, o dia anterior (FISBERG et al., 2005a).
Uma das vantagens desse método é a rápida aplicação e um mediato período
de recordação. Possui ainda outras vantagens: a população de estudo não precisa ser
alfabetizada e é o método que menos propicia alteração no comportamento alimentar.
Tem como desvantagem a limitação da memória do entrevistado, para identificar e
quantificar o tamanho das porções (BUZZARD, 1998; FISBERG et al., 2005a).
A partir do R24h pode-se estimar a qualidade da dieta por meio do Índice de
Qualidade da Dieta (IQD), a fim de analisar a adequação da dieta quanto ao
suprimento das necessidades energéticas e de nutrientes essenciais ao indivíduo
(CERVATO e VIEIRA, 2003; VASCONCELOS, 2007).
O IQD é um indicador utilizado para aferir a qualidade global da alimentação
na população (FISBERG et al., 2004) e pode ser usado para monitorar as mudanças
nos padrões de consumo e também servir como um elemento na educação nutricional
e promoção da saúde (CERVATO e VIEIRA, 2003).
Este índice foi adaptado por FISBERG et al. (2004) a partir do Healthy
Eating Index da American Dietetic Association, criado em 1995 por KENNEDY et
al. do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Esta adaptação ocorreu
devido à pirâmide brasileira ser diferente da americana, uma vez que as quantidades
de porções e a divisão dos grupos alimentares são diferentes (FISBERG et al., 2004).
O IQD adaptado por FISBERG et al. (2004) é composto por dez componentes
de uma dieta saudável. Os componentes 1 a 6 se referem à adequação da dieta em
relação à pirâmide alimentar americana para os cinco maiores grupos, entre eles, os
grãos (pão, cereais, arroz e massas), hortaliças, frutas, leite e derivados, carnes e
ovos, e leguminosas. O número de porções varia de acordo com a idade, sexo, estado
fisiológico e necessidade energética. Os componentes 7 a 9 indicam a adequação de
gordura total, colesterol e sódio da dieta. Já o componente 10 evidencia a variedade
da dieta.
FISBERG et al. (2004) a partir do IQD adaptado para a população brasileira
avaliaram a dieta de 50 indivíduos de Botucatu – SP e observaram que 12% dos
indivíduos apresentavam dieta saudável, 74% dieta com necessidade de modificações
e 14% dieta inadequada.
GODOY et al. (2006) que avaliaram a qualidade da dieta de 437 adolescentes
residentes do distrito do Butantã, em São Paulo (SP), e encontraram 4% dos
indivíduos com dieta saudável, 68% com dieta necessitando de modificações e 28%
com dieta inadequada.
Em estudos com escolares, no Chile, PINHEIRO e ATALAH (2005)
encontraram que 1,5% dos escolares apresentaram dieta saudável, 69,4% dieta que
necessita de modificação e 29,1% dieta inadequada. LOPES (2007), em Cuiabá –
MT, encontrou 2,6% dos escolares com dieta saudável, 83,3% com dieta com
necessidade de modificações e 14,1% dieta inadequada.
1.7 ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Avaliar o estado nutricional é importante para determinar a amplitude e
tendências de problemas nutricionais que acometem a população. A avaliação
nutricional, quando realizada em crianças e adolescentes, fornece um diagnóstico
precoce de possíveis distúrbios, o que possibilita a realização de intervenções
eficazes, podendo reduzir o risco de complicações na vida adulta (DIETZ, 1998).
Para avaliação de crianças e adolescentes, as medidas antropométricas mais
utilizadas na avaliação do estado nutricional, segundo a Organização Mundial da
Saúde são peso corporal e a estatura, além da determinação do Índice de Massa
Corporal (IMC) e parâmetros da composição corporal (WHO, 1995).
A Organização Mundial da Saúde, mediante a problemática da obesidade,
desenvolveu uma única referência nacional de crescimento para avaliação de
crianças em idade escolar e adolescentes, de 5 a 19 anos e implantado no Brasil (MS,
2009b). Desta forma, em janeiro de 2006, um grupo de especialistas se reuniu, com o
apoio da OMS, para avaliar a viabilidade do desenvolvimento desta referência, bem
como os critérios de seleção dos bancos de dados (WHO, 2007).
As novas curvas de crescimento para crianças acima de 5 anos e adolescentes
foram elaboradas a partir da referência de crescimento anteriormente recomendada, a
do National Center for Health Statistics (NCHS) de 1977, na qual foram aplicados
métodos estatísticos mais atuais, tornando as novas curvas da OMS de 2007
condizentes com o padrão de crescimento infantil da OMS aos 5 anos de idade.
Dessa forma, esta nova referência preenche a lacuna antes existente nas curvas de
crescimento e correspondem à referência adequada para a avaliação nutricional das
crianças e adolescentes dos 5 aos 20 anos incompletos (WHO, 2007; MS, 2009b).
Importante destacar que vários fatores podem estar associados ao estado
nutricional do indivíduo. Estudos indicam que o nível socioeconômico, o tipo de
ocupação materna, a renda familiar, a escolaridade da mãe e o acesso a bens e
equipamentos, entre outros, possuem associação com o estado nutricional dos
indivíduos (ENGESTRON e ANJOS, 1996; STRUFALDI et al., 2003; FISBERG et
al., 2004; GIUGLIANO e CARNEIRO, 2004).
A renda familiar exerce influência na educação, tipo de moradia, acesso aos
serviços de saúde, bens de consumo, dentre outros (ROMANI e LIRA, 2004).
Condições de saneamento precárias podem afetar o estado nutricional de crianças,
pois potencializam os riscos de doenças infecto-parasitárias (VEIGA e
BURLANDY, 2001).
Quanto à ocupação materna, segundo CARVALHÃES e BENÍCIO (2002), os
efeitos do trabalho materno no estado nutricional da criança ocorrem de forma
variável, o que parece indicar que esta relação prende-se mais à sua dimensão
econômica do que ao impacto do afastamento materno do cuidado direto da criança e
adolescente.
A escolaridade da mãe ou responsável pode refletir na utilização mais
eficiente da renda e dos serviços públicos (MONTEIRO e FREITAS, 2000). As
modificações no estilo de vida, como a diminuição da prática de atividade física e
modificações nos padrões de alimentação possuem associação com o estado
nutricional de crianças e adolescentes, principalmente relacionadas ao crescente
aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade em todas as fases da vida
(WABITSCH, 2000; WHO, 2003; VASCONCELOS, 2007).
KAMATH et al. (2008) realizaram um estudo de meta-análise para verificar o
impacto de intervenções, visando mudanças comportamentais no estilo de vida, com
a finalidade de prevenir a obesidade infantil. Neste estudo, constataram que
intervenções destinadas a prevenir obesidade em crianças apresentam maior efeito do
que em adolescentes e podem realmente ter efeitos significativos na atividade física e
nos comportamentos alimentares. Observaram ainda, que as estratégias voltadas à
redução de comportamentos não saudáveis (sedentarismo e gordura na dieta)
parecem ser mais eficazes do que aquelas visando à promoção de comportamentos
positivos (prática de atividade física e consumo de frutas e legumes).
MCGOVERN (2008) em sua meta-análise avaliou a eficácia na perda de
peso, das intervenções relacionadas a modificações no estilo de vida (dieta, atividade
física e agentes farmacológicos) em crianças e adolescentes com sobrepeso e/ou
obesidade e concluiu que apesar de significativos, os resultados encontrados na
literatura ainda não possuem consistência, enfatizando a necessidade de mais
estudos.
Desta forma, o desenvolvimento de projetos que utilizam como estratégia a
educação nutricional no ambiente escolar é de interesse, pois é possível que
melhorem o estado nutricional, o consumo da merenda escolar, a preferência por
alimentos saudáveis e diminuição no consumo de alimentos com alta densidade
calórica e baixo valor nutricional de crianças e adolescentes, além de contribuírem
com programas e ações que visem minimizar possíveis distúrbios nutricionais e
problemas relacionados ao acesso e consumo de alimentos neste grupo.
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar o consumo alimentar, antes e após ações de educação nutricional, de
escolares em Cuiabá-MT.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Caracterizar os escolares segundo variáveis demográficas e relativas ao consumo
alimentar;
- Descrever as condições socioeconômicas, estado nutricional e a qualidade da dieta
dos escolares antes e após a intervenção1;
- Avaliar o efeito positivo de ações de educação nutricional no consumo da merenda
e dos diferentes alimentos no ambiente escolar.
1 Os resultados referentes a esse objetivo estão apresentados no APÊNDICE F.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 DELINEAMENTO E LOCAL DE ESTUDO
Trata-se de um estudo de intervenção comunitário com escolares
matriculados no ensino fundamental de duas escolas estaduais localizadas na cidade
de Cuiabá-MT, no ano de 2010, sendo que em uma foi realizada a intervenção,
denominada grupo intervenção (GI) e a outra escola serviu como controle,
denominada grupo controle (GC). A escola intervenção foi selecionada por
conveniência uma vez que havia interesse da direção que fossem realizadas ações
educativas em nutrição. O GC foi selecionado por proximidade ao GI e por fazer
parte da rede estadual de ensino. Ambas as escolas estão localizadas em bairros
semelhantes quanto às classes socioeconômicas.
Estudo de intervenção é aquele no qual o pesquisador manipula o fator de
exposição, testando intervenções terapêuticas (ensaios clínicos) ou intervenções
preventivas (ensaios comunitários) (KLEINBAUM et al., 1982).
O ensaio comunitário possui como característica uma amostra composta por
membros de uma comunidade ou uma comunidade como um todo. É composto por
pelo menos dois grupos de estudo, sendo um grupo de intervenção, no qual são
realizadas as ações com fins preventivos e o outro grupo controle, no qual não são
realizadas estas ações preventivas (ESCOSTEGUY, 2006).
Uma vez que o valor de uma intervenção só pode ser medido mediante
comparações, utiliza-se o grupo controle para este fim. Os dois grupos, controle e
intervenção, devem possuir as mesmas características, ou seja, uma amostra
homogênea, para diminuir possíveis vieses de seleção e fatores de confundimento
dos resultados, diferenciando-se somente pela exposição (FLETCHER e
FLETCHER, 2006; ROTHMAN e GREENLAND, 1998).
Em 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, estimou-
se que a cidade de Cuiabá possuía uma população de 551.350 habitantes (IBGE,
2010b).
Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
(INEP, 2008), no censo escolar 2008, a área urbana da cidade de Cuiabá possuía 80
escolas da rede estadual, com 35.325 escolares matriculados no ensino fundamental.
A escola do GI possuía 693 alunos matriculados no ensino fundamental,
sendo 110 no 5º ano e a escola do GC, possuía 434 matriculados no ensino
fundamental e 57 no 5º ano. Em ambas as escolas havia três classes pertencentes à
série estudada.
3.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO
A população de estudo foi composta por 84 escolares com idade entre 8 e 14
anos que freqüentavam o 5º ano do ensino fundamental dos grupos intervenção e
controle.
Os alunos que freqüentavam as duas salas de aula do 5º ano, indicadas pela
direção das instituições, foram convidados a participar do estudo.
O GI foi submetido às ações de educação nutricional. Para este grupo foi
proposto um cardápio de merenda escolar saudável, entretanto não foi implementado.
O GC não foi submetido a nenhum tipo de intervenção.
Optou-se pela estratégia de utilizar duas escolas por constituírem locais
diferentes para a realização das ações de intervenção e assim, evitar possíveis vieses
de informação das atividades ministradas e pela intenção inicial de proposição de
outro cardápio.
3.3 TRABALHO DE CAMPO
No primeiro momento, foram explicados aos diretores e coordenadores das
escolas os objetivos da pesquisa e solicitada autorização para a realização do estudo.
Posteriormente, em uma reunião com os pais/responsáveis foram feitos o convite, o
esclarecimento dos objetivos e procedimentos da pesquisa, além do agendamento das
entrevistas.
3.3.1 Treinamento e estudo piloto
A equipe de pesquisadores constituiu-se de quatro nutricionistas e dois
educadores físicos.
O treinamento dos entrevistadores foi realizado no mês fevereiro de 2010,
com a finalidade de padronizar os procedimentos de obtenção de informações e o
modo de formulação das perguntas, além de apresentar os objetivos e importância do
estudo, esclarecimentos sobre a forma de abordagem e o sigilo em relação às
informações obtidas.
O estudo piloto teve como objetivos testar a adequação dos instrumentos
utilizados, verificar a habilidade dos entrevistadores na coleta de dados e sanar
possíveis dúvidas. Foi realizado no mês fevereiro de 2010 com os escolares do
mesmo local de estudo. Os participantes desse estudo não fizeram parte da amostra
de escolares analisada.
3.4 COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi realizada no período de fevereiro a agosto de 2010. No
grupo intervenção, a coleta foi realizada em quatro momentos:
- Primeiro momento: realização da antropometria, levantamento de dados
socioeconômicos e demográficos, aplicação dos inquéritos alimentares: Questionário
de Consumo da Merenda Escolar e Recordatório de 24 horas (R24).
- Segundo momento: atividades de planejamento de cardápio da merenda.
- Terceiro momento: realização de ações de educação nutricional.
- Quarto momento: realização da antropometria, aplicação dos inquéritos
alimentares: Questionário de Consumo da Merenda Escolar e Recordatório de 24
horas (R24).
No grupo controle, foram realizadas atividades do primeiro e quarto
momento.
Antropometria
Na caracterização do estado nutricional dos escolares foram aferidas as
medidas antropométricas de peso (kg) e estatura (cm) segundo as recomendações de
JELLIFFE (1968).
Para aferir o peso, os escolares estavam com roupas leves e descalços. Foi
utilizada uma balança digital com capacidade de 150 kg e precisão de 100g, marca
Tanita®. A estatura foi obtida com os escolares em posição ereta, descalços, pés
unidos e em paralelo. Os antropometristas asseguraram que o escolar encontrava-se
em posição correta para a leitura e registro da estatura. O instrumento utilizado foi o
estadiômetro portátil da marca Seca® com escala milimétrica de até 220 cm.
As medidas antropométricas foram aferidas em duplicata por uma
nutricionista e um educador físico, cujos valores foram registrados na Ficha
Antropométrica (APÊNDICE A). Para a estatura caso a diferença entre as duas
medidas fosse ≥ 0,5 cm, a aferição era repetida.
Entrevista
As entrevistas foram realizadas para obtenção dos dados socioeconômicos,
demográficos e de consumo alimentar com a utilização de formulários pré-
codificados, por uma nutricionista, com supervisão da pesquisadora principal. As
entrevistas aconteceram de terça a sábado, na própria escola ou, quando necessário,
nos domicílios dos escolares.
Inquéritos alimentares
Na avaliação do consumo alimentar foram aplicados os seguintes inquéritos:
Questionário de Consumo da Merenda Escolar (APÊNDICE B) e Recordatório de 24
horas (APÊNDICE C).
O questionário de Consumo da Merenda Escolar teve como finalidade
verificar o consumo, a freqüência de consumo e os tipos de alimentos preferidos,
oferecidos pela merenda escolar, pela cantina, vendas próximas à escola e os
alimentos trazidos de casa para o ambiente escolar.
O recordatório de 24 horas teve como finalidade definir e quantificar todos os
alimentos e bebidas ingeridos pelos escolares no dia anterior a entrevista. Os
alimentos consumidos foram estimados e quantificados por meio de medidas caseiras
(FISBERG et al., 2005a).
Durante a aplicação dos inquéritos alimentares os entrevistadores contaram
com auxílio de álbuns fotográficos do Ministério da Saúde (MS, 1996), para facilitar
a visualização e determinação das porções dos alimentos.
Planejamento de cardápio da merenda
Com base nos inquéritos alimentares, propôs-se alterações no cardápio da
merenda escolar com planejamento baseado na política de compra de gêneros
alimentícios, conforme disponibilidade de gêneros e recursos financeiros destinados
para a merenda escolar (APÊNDICE D).
Baseado na Recommended Dietary Allowances (NRC, 1989) e recomendada
pela Portaria nº 33 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 1998), a
merenda escolar planejada continha em média 350 kcal e 9 gramas de proteína. E
supria de 20 a 30% das necessidades nutricionais dos alunos durante sua
permanência em sala de aula (MEC, 2010). Além de adequar-se aos hábitos regionais
conforme a disponibilidade e preferências (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
PEDIATRIA, 2006).
De acordo com BARIONI et al (2008), o cardápio elaborado seguiu três
regras básicas:
1- Variedade: quanto mais variado o cardápio, maior a chance do escolar obter todos
os nutrientes necessários para uma vida saudável;
2 - Moderação: todos os alimentos podem fazer parte do plano alimentar, porém
alguns devem ser consumidos com moderação;
3 – Proporcionalidade: deve-se observar a proporção dos alimentos, segundo os
grupos a que pertencem. Dar prioridade aos alimentos poucos processados, integrais
e com mínima adição de sal e açúcar, devido ao maior valor nutricional e menor
quantidade de aditivos químicos.
E ainda, segundo Pedro Escudero (1937) baseou-se nas “Leis Fundamentais
da Alimentação” (BARIONI et al 2008). Sendo elas:
1ª Lei – Quantidade: a quantidade de alimentos deve ser suficiente para cobrir as
exigências energéticas e manter em equilíbrio o seu balanço.
2ª Lei – Qualidade: deve conter todos os nutrientes nas quantidades recomendadas.
3ª Lei – Harmonia: as quantidades dos diversos nutrientes que integram a
alimentação devem guardar uma relação de proporção entre si.
4ª Lei – Adequação: deve estar adequada ao tipo de organismo e finalidade
individual.
Desta forma, foram elaborados cardápios coloridos, com oferta diária de
hortaliças e frutas, e quinzenal de lanches ou preparações doces. Os lanches foram
enriquecidos com hortaliças e as sobremesas elaboradas com frutas e iogurte. A
rapadura, excelente fonte de ferro, foi introduzida no cardápio como sobremesa. Por
razões institucionais, os cardápios não foram implementados.
Ações de educação nutricional
As ações de educação nutricional, realizadas nos meses de abril e maio pela
pesquisadora com auxílio de um membro da equipe, consistiram em 11 encontros na
própria escola. Cada encontro teve duração de aproximadamente 60 minutos.
Os temas discutidos nos encontros de educação nutricional foram: Pirâmide
alimentar; Cereais, tubérculos, pães e raízes; Hortaliças; Frutas; Leite e produtos
lácteos; Carnes e ovos; leguminosas; Óleos e gorduras; Açúcares e doces;
Alimentação e refeição saudável; Vídeo sobre alimentação saudável (APÊNDICE E).
Pirâmide alimentar – foi definida a importância da pirâmide alimentar,
grupos alimentares (carboidratos, óleos e gorduras, açúcares, hortaliças, frutas,
leguminosas, leite e derivados e carnes e ovos) e quantidade de calorias e porções
recomendadas de cada grupo. Ao final do encontro, foi ministrada atividade de
colagem da pirâmide alimentar.
Grupos alimentares (cereais, tubérculos, pães e raízes; hortaliças; frutas;
leite e produtos lácteos; carnes e ovos; leguminosas; óleos e gorduras; açúcares e
doces) – foi definida a importância dos grupos alimentares na alimentação, suas
fontes e quantidades de ingestão recomendadas segundo o Guia Alimentar para a
População Brasileira (PHILIPPI et al., 1999). Ao final do encontro, foi ministrado
um jogo referente aos alimentos estudados.
Alimentação e refeição saudável – Foram apresentadas as leis da
alimentação e como montar uma refeição saudável a partir da escolha de alimentos
saudáveis. Foi abordada a importância de cada refeição, a sua composição em
relação aos grupos alimentares e a elaboração de um cardápio adequado para atender
as necessidades dos escolares. Ao final do encontro, foi ministrado o jogo referente
da alimentação saudável.
Vídeo sobre o tema Alimentação Saudável – Foi ministrado um vídeo sobre
alimentação saudável abordando os seguintes temas: o café da manhã; o leite e seus
derivados; como se faz o pão; as frutas; conservando a água; de onde vem o sal; de
onde vem o ovo; conhecendo os alimentos com o Sr. Banana; e obesidade infantil
(campanha de prevenção).
Para os escolares pertencentes ao grupo controle, os professores foram
orientados pela pesquisadora a não ministrar conteúdos sobre alimentação e nutrição
durante toda a realização da pesquisa.
3.5 VARIÁVEIS DO ESTUDO
Estado nutricional
Foram utilizadas as medidas antropométricas de peso (kg) e estatura (cm)
para o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), dividindo-se o peso (kg) pela
estatura (m) elevada ao quadrado.
De acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (WHO,
2007), realizou-se a classificação do estado nutricional por meio do IMC por idade,
considerando-se os pontos de corte: percentil < 0,1 para magreza acentuada, ≥ 0,1 e <
3 para magreza, ≥ 3 a ≤ 85 para eutrofia, > 85 a ≤ 97 para sobrepeso, > 97 a ≤ 99,9
para obesidade e > 99,9 para obesidade grave.
Consumo alimentar
Com base nas informações levantadas nos inquéritos alimentares:
Questionário de Consumo da Merenda escolar e Recordatório de 24 horas, foi
avaliado o consumo antes e após ações de educação nutricional.
Em relação ao Questionário de Consumo da Merenda escolar foram
analisadas as seguintes variáveis:
- Consumo da merenda escolar, de alimentos na cantina escolar, na venda perto da
escola e trazidos de casa para o ambiente escolar: sim e não;
- Frequência semanal de consumo da merenda escolar, alimentos na cantina escolar,
na venda perto da escola e trazidos de casa para o ambiente escolar: ≤2 dias e ≥3
dias;
- Alimentos preferidos servidos na merenda escolar;
- Alimentos mais consumidos na cantina escolar, venda perto da escola e trazidos de
casa para o ambiente escolar.
A partir do recordatório de 24h foi analisada a qualidade da dieta,
representada pelo Índice de Qualidade da Dieta (IQD), adaptado para a população
brasileira por FISBERG et al. (2004) a partir do Healthy Eating Índex proposto por
KENNEDY et al (1995). Esta adaptação ocorreu devido à pirâmide brasileira ser
diferente da americana, uma vez que as quantidades de porções e a divisão dos
grupos alimentares são diferentes. Posteriormente, MORIMOTO (2005) mediante o
hábito de consumir feijão pelos brasileiros, alterou o IQD proposto por FISBERG et
al. (2004) e substituiu o 6° componente gordura saturada pelo grupo das
leguminosas, que inicialmente estava agrupado juntamente com carnes e ovos, no 5°
componente.
Desta forma, os componentes do IQD foram agrupados em:
- Componente 1: Grupo dos cereais, tubérculos, pães e raízes.
- Componente 2: Grupo das hortaliças.
- Componente 3: Grupo das frutas.
- Componente 4: Grupo dos leite e produtos lácteos.
- Componente 5: Grupo das carnes e ovos.
- Componente 6: Grupo das leguminosas.
- Componente 7: Gordura total.
- Componente 8: Colesterol.
- Componente 9: Sódio.
- Componente 10: Variedade da dieta.
Os componentes 1 a 6 são usados para averiguar a adequação da dieta em
relação à pirâmide alimentar americana para os cinco maiores grupos, entre eles, os
grãos (pão, cereais, arroz e massas), hortaliças, frutas, leite e derivados, carnes e
ovos, e leguminosas. O número de porções varia de acordo com a idade, sexo, estado
fisiológico e necessidade energética.
Para determinar as porções consumidas de cada grupo de alimento integrantes
destes componentes foi utilizado o Guia Alimentar para a População Brasileira (MS,
2006c) e a Pirâmide Alimentar adaptada de PHILIPPI et al. (1999).
O Quadro a seguir apresenta os grupos de alimentos e seus respectivos
valores energéticos médios por porção (kcal). Para o cálculo do número de porções
consumidas pelos escolares, foi somado o total de calorias dos alimentos consumidos
de um mesmo grupo e dividido pelo valor médio da porção.
Quadro 1. Valor energético médio por porções de acordo com o grupo de alimentos
Grupo de alimentos Calorias por porção
Cereais, tubérculos e raízes 150
Hortaliças 15
Frutas 70
Leite e produtos lácteos 120
Carnes e ovos 190
Leguminosas 55
Fonte: PHILIPPI et al. (1999)
Para verificar a adequação, cada componente foi avaliado e pontuado de 0 a
10, no qual ao ser consumido o mínimo de porções recomendadas recebeu 10 pontos
e o não consumo zero ponto, sendo que o consumo em número de porções
intermediárias foi pontuado na proporção que foram consumidos.
No componente 7 que compreende o consumo de gordura total, foram
atribuídos 10 pontos quando o consumo foi menor ou igual a 30% do Valor
Energético Total (VET) e zero ponto para o consumo igual ou superior a 45% do
VET, sendo que o consumo de gordura entre 30 e 45% foi pontuado
proporcionalmente ao seu consumo. O critério utilizado para o valor máximo a ser
consumido (≤ 30% do VET) segue as recomendações do Dietary Guidelines for
Americans (USDA, 1995).
No componente 8, que compreende o colesterol, para o consumo menor ou
igual a 300mg/dia foram atribuídos 10 pontos e para o consumo igual ou maior a 450
mg/dia foi atribuído 0 ponto, sendo que o consumo de colesterol diário entre 300 e
450 mg foi pontuado proporcionalmente ao seu consumo. O critério utilizado para o
valor máximo a ser consumido (≤ 300 mg/dia) segue as recomendações do
Committee on Diet and Health (NRC, 1989).
No componente 9, que compreende o sódio, para o consumo menor ou igual a
2400mg/dia foram atribuídos 10 pontos e para o consumo igual ou maior a 4800
mg/dia foi atribuído zero ponto, sendo que o consumo de sódio diário entre 2400 e
4800 mg foi pontuado proporcionalmente ao seu consumo. O critério utilizado para a
quantidade aceitável de sódio a ser consumido diariamente (≤ 2400 mg) segue as
recomendações do Committee on Diet and Health (NRC, 1989).
Para o componente 10, que compreende a variedade da dieta, foram
atribuídos 10 pontos quando o consumo igual ou superior a 8 diferentes tipos de
alimentos e zero ponto para o consumo menor ou igual a 3 diferentes tipos de
alimentos (BOWMAN et al, 1998). Foi considerado um tipo diferente de alimento,
quando a quantidade e valor energético destes contribuíam com, pelo menos, metade
da porção do grupo alimentar correspondente (FISBERG et al, 2005b).
O Quadro 2 contém os grupos de alimentos e nutrientes que foram analisados,
assim como os critérios utilizados.
Quadro 2. Descrição, variação da pontuação e critérios para a pontuação máxima e
mínima de cada componente do IQD.
Componente Critério para a pontuação
mínima (0 ponto)
Critério para a pontuação
máxima (10 pontos)
1. Grupo dos cereais, pães,
tubérculos e raízes
Sem consumo 5 a 9 porções
2. Grupo das hortaliças Sem consumo 4 a 5 porções
3. Grupo das frutas Sem consumo 3 a 5 porções
4. Grupo do leite e derivados Sem consumo 3 porções
5. Grupo das carnes e ovos Sem consumo 1 a 2 porções
6. Grupo das leguminosas Sem consumo 1 porção
7. Gordura total 45% ou mais do VET* ≤ 30% e > 20% do VET*
8. Colesterol 450mg ou mais 300mg ou menos
9. Sódio 4800mg ou mais 2400mg ou menos
10. Variedade da dieta 3 ou menos diferentes
tipos de alimentos ao dia
8 ou mais diferentes tipos
de alimentos ao dia
Fonte: Adaptado de FISBERG et al (2005b) e MORIMOTO (2005)
Nota: *Valor Energético Total
A pontuação para o índice de qualidade da dieta foi dada por meio da
somatória dos pontos atribuídos a cada item. Para classificar a pontuação encontrada
foram utilizados os seguintes pontos de corte: < 51 pontos - dieta inadequada, 51 a
80 pontos - dieta que necessita de modificação e > 80 pontos - dieta saudável
(KENNEDY et al., 1995; BOWMAN et al., 1998; GODOY et al., 2006).
Educação nutricional
Ao final de cada encontro foram realizadas atividades lúdicas com a
finalidade de aplicar os conhecimentos adquiridos nas ações de educação nutricional.
Durante os encontros foi observada a participação ativa dos escolares, com formação
de idéias e opiniões ao longo de todo o processo.
Variáveis demográficas e socioeconômicas
Foram consideradas como variáveis demográficas sexo e idade, e
socioeconômicas escolaridade e ocupação da mãe e do chefe da família (responsável
pelo sustento da família), renda mensal per capita e número de pessoas residentes no
domicílio.
- Sexo: masculino e feminino
- Idade: em anos completos
- Escolaridade da mãe e do chefe da família em anos de estudo (IBGE, 2000): menos
de 1 ano de estudo, 1 a 3 anos, 4 a 7 anos e 8 ou mais anos de estudo.
- Renda mensal per capita: analisada em salários mínimos per capita (smpc) e
classificada segundo o IBGE (2004) em: < 0,5 smpc (sem rendimento), 0,5 a 2,99
smpc, 3 a 5,99 smpc, 6 a 9,99 smpc e ≥ 10 smpc.
- Número de pessoas residentes no domicílio para efeito de cálculo da renda mensal
per capita.
- Número de equipamentos e bens para efeito de cálculo da classificação econômica
segundo a ABEP (2010).
3.6 PROCESSAMENTO DOS DADOS
Os dados coletados nas entrevistas foram digitados em um banco elaborado
no programa Epi Info versão 3.5.1 (CDC, 2008) e analisados no programa Stata
versão 10.0 (Stata Statistical Software: Release 9 – College Station, TX: Stata Corp
LP 2011). A classificação do estado nutricional foi obtida por meio do programa
WHO Anthro Plus 2007, versão 1.0.3.
O cálculo do valor nutritivo dos alimentos consumidos foi realizado
utilizando-se o programa Virtual Nutri Plus versão 2.0 (PHILIPPI et al., 2008).
Quando necessário, foram introduzidas informações da composição química dos
alimentos segundo a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos
(NEPA/UNICAMP, 2004) e a tabela de PHILIPPI (2002). A composição de
alimentos industrializados foi obtida a partir das informações nutricionais disponíveis
nos rótulos. As preparações caseiras foram desmembradas em seus respectivos
ingredientes, a fim de melhor classificar os alimentos segundo os grupos da pirâmide
alimentar. Para tal, foram utilizadas as padronizações de receitas propostas por
PINHEIRO et al. (2004) e FISBERG e VILLAR (2002).
3.7 ANÁLISE DOS DADOS
Para comparação dos grupos construiu-se uma variável denominada efeito
positivo da intervenção com critérios definidos a partir das categorias das variáveis
relativas ao comportamento do consumo alimentar e aos alimentos consumidos ou
preferidos. Por exemplo, se o escolar apresentasse consumo da merenda antes e após
a intervenção ou se apresentasse não consumo antes, mas consumo após, a variável
efeito positivo da intervenção recebia o valor 1. Se o escolar apresentasse não
consumo da merenda antes e após a intervenção ou se apresentasse consumo antes,
mas não após, a variável efeito positivo da intervenção recebia o valor 0. Os critérios
para a definição desta nova variável são apresentados nos Quadros 3 e 4.
Quadro 3. Critérios utilizados na definição de efeito positivo da intervenção em
variáveis relativas ao comportamento do consumo alimentar.
Efeito positivo Antes Depois Antes Depois
Consumo da merenda escolar
Sim Sim Sim ou Não Sim
Não Sim Não ou Não Não
Frequência semanal de consumo da merenda escolar
Sim ≥ 3 dias ≥ 3 dias ou ≤ 2 dias ≥ 3 dias
Não ≤ 2 dias ≤ 2 dias ou ≥ 3 dias ≤ 2 dias
Compra de alimentos na cantina; na venda perto da escola; trazidos de casa
Sim Não Não ou Sim Não
Não Sim Sim ou Não Sim
Frequência semanal da compra de alimentos na cantina; na venda perto da escola;
trazidos de casa
Sim ≤ 2 dias ≤ 2 dias ou ≥ 3 dias ≤ 2 dias
Não ≥ 3 dias ≥ 3 dias ou ≤ 2 dias ≥ 3 dias
Quadro 4. Critérios utilizados na definição de efeito positivo da intervenção em
variáveis relativas a alimentos consumidos ou preferidos.
Efeito positivo Antes Depois Antes Depois
Merenda escolar
Preparações com arroz / macarrão com carne ou frango; bebidas (leite com
achocolatado, iogurte, suco de polpa de fruta e vitaminas); salada de folhas e
legumes; feijão; salada de fruta e frutas
Sim Sim Sim ou Não Sim
Não Sim Não ou Não Não
Lanches (pães, bolos, biscoitos e tortas); doces (canjica e arroz doce)
Sim Não Não ou Sim Não
Não Sim Sim ou Não Sim
Cantina escolar; venda perto da escola
Salgadinhos; salgados assados; refrigerante; balas, pirulitos e chicletes
Sim Não Não ou Sim Não
Não Sim Sim ou Não Sim
Lanches trazidos de casa
Frutas
Sim Sim Sim ou Não Sim
Não Sim Não ou Não Não
Salgadinhos
Sim Não Não ou Sim Não
Não Sim Sim ou Não Sim
As condições socioeconômicas, estado nutricional e a qualidade da dieta dos
escolares antes e após a intervenção foram analisados de forma descritiva, por meio
de medidas de frequências (relativas e absolutas), conforme o APÊNDICE F.
Para a inferência estatística utilizou-se o teste de Mann-Whitney na
comparação das medianas da variável idade, o teste de Qui-quadrado (χ2) ou teste
bicaudal exato de Fisher na comparação das variáveis de consumo alimentar entre os
grupos intervenção e controle e o teste bicaudal exato de Fisher para o cálculo do
efeito positivo da intervenção. Tomou-se a decisão estatística com base no valor de
p.
3.8 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
Universitário Júlio Müller da Universidade Federal de Mato Grosso, sob o protocolo
nº 734/CEP-HUJM/09.
Após a aprovação do projeto e esclarecimento sobre os objetivos e
procedimentos da pesquisa, os pais ou responsáveis pelos escolares assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO 1).
Os escolares participantes não sofreram nenhum tipo de risco à saúde. As
informações levantadas foram tratadas de modo confidencial.
3.9 RECURSOS FINANCEIROS
Este projeto foi financiado pela FAPEMAT – Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de Mato Grosso, conforme Termo de Concessão e Aceitação de
Apoio à Projetos de Extensão em Interface com a Pesquisa sob o processo nº.
469031/2009.
4. RESULTADOS
4.1 ARTIGO
Efeito positivo de ações de educação nutricional no consumo da merenda e de
outros alimentos no ambiente escolar
Effect positive of nutrition education activities in the consumption of meals and other
foods in the school environment
RESUMO
Introdução: Para que as crianças e adolescentes consumam alimentos saudáveis na
vida adulta, torna-se necessária a exposição a alimentos variados, que deve ocorrer
de forma contínua, sendo a escola um dos ambientes favoráveis à execução de
estratégias que visam aumentar o conhecimento sobre alimentação e nutrição.
Objetivo: Avaliar o efeito positivo de ações de educação nutricional no consumo da
merenda e nos diferentes alimentos consumidos no ambiente escolar.
Metodologia: Trata-se de um estudo de intervenção comunitário com escolares de 8
a 14 anos de duas escolas públicas de Cuiabá-MT, em 2010. O grupo intervenção foi
submetido às ações de educação nutricional e o grupo controle não recebeu
intervenção. Critérios foram definidos para o cálculo do efeito positivo da
intervenção em variáveis relativas ao consumo alimentar e aos alimentos consumidos
ou preferidos. Utilizou-se o teste de Mann-Whitney para a comparação das medianas
da variável idade, o teste de Qui-quadrado (χ2) ou teste bicaudal exato de Fisher na
comparação das variáveis de consumo alimentar entre os grupos intervenção e
controle e o teste bicaudal exato de Fisher para o cálculo do efeito positivo da
intervenção. Tomou-se a decisão estatística com base no valor de p.
Resultados: Houve efeito positivo da intervenção na preferência por salada de frutas
e fruta oferecidas na merenda escolar (p = 0,048) e na diminuição do consumo de
balas, pirulitos e chicletes comprados na cantina escolar (p= 0,043).
Conclusão: Os efeitos positivos no consumo de alguns alimentos indicam a
importância de ações contínuas de educação nutricional.
Palavras-chave: Educação Nutricional. Alimentação Escolar. Consumo Alimentar.
Estudantes. Estudos de Intervenção.
ABSTRACT
Introduction: For children and adolescents consume healthy foods in adulthood, it
becomes necessary exposure to a variety of foods, which should occur continuously,
being one of the school environments for implementation of strategies aimed at
increasing knowledge about food and nutrition.
Objective: To evaluate the positive effect of nutritional education activities in the
consumption of meals and different foods consumed at school.
Methodology: This is a community intervention trial with school children from 8 to
14 years in two public schools in Cuiabá, in 2010. The intervention group had
nutritional education activities and the control group received no intervention.
Criteria were defined for calculating the positive effect of intervention on variables
related to the food consumption and food consumed or preferred. We used the Mann-
Whitney test to compare the medians of the age variable, the chi-square (χ2) test or
two-tailed Fisher's exact test to compare the variables of food intake between the
intervention and control groups and two-tailed exact test Fisher to calculate the
positive effect of the intervention. It follows the decision statistic based on the p-
value.
Results: There was a positive effect of intervention in preference for fruit salad and
fruit offered in school meals (p= 0.048) and decreasing the consumption of sweets,
lollipops and chewing gum bought at the school cafeterie (p= 0.043)
Conclusion: The positive effects on consumption of some foods indicate
the importance of continuous actions of nutrition education.
Key-words: Nutrition Education. Dietary Intake. School Feeding. Students.
Intervention Studies.
INTRODUÇÃO
A escola é vista como um ambiente propício para a execução de estratégias de
promoção da alimentação saudável, pois constitui espaço de aprendizagem e nele
várias pessoas, desde escolares, professores e outros funcionários passam grande
parte do seu tempo e também realizam algumas refeições diárias1.
Desta forma, é de suma importância o atendimento prestado aos escolares
pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar, que visa atender as necessidades
nutricionais dos alunos2, bem como promover a alimentação saudável e adequada,
respeitando a cultura e as tradições alimentares3.
Em contrapartida, o acesso a alimentos de baixo valor nutricional, ricos em
gorduras e sódio, vendidos nas cantinas escolares ou em locais próximos, contribui
para a menor aceitação da merenda escolar servida4.
Ações de educação nutricional nas escolas estão dentre os eixos prioritários
da Portaria Interministerial nº 1.010 de 08 de maio de 2006 e podem auxiliar na
adoção voluntária de escolhas alimentares saudáveis5.
Para que as crianças e adolescentes consumam alimentos saudáveis na vida
adulta, torna-se necessário incentivar o conhecimento e consumo de alimentos desde
a infância. Isto deve ocorrer de forma contínua e os alimentos devem ser
apresentados em seus diferentes tipos e preparações, sendo a escola um ambiente
favorável à execução deste tipo de estratégia6.
Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito positivo de ações de
educação nutricional no consumo da merenda e dos diferentes alimentos no ambiente
escolar.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de intervenção comunitário com escolares de 8 a 14
anos matriculados no 5º ano do ensino fundamental de duas escolas públicas
estaduais localizadas na área urbana do município de Cuiabá-MT, no ano de 2010,
sendo que em uma foi realizada a intervenção, denominada grupo intervenção (GI) e
a outra escola serviu como controle, denominada grupo controle (GC). A escola
intervenção foi selecionada por conveniência uma vez que havia interesse da direção
que fossem realizadas ações educativas em nutrição. O GC foi selecionado por
proximidade ao GI e por fazer parte da rede estadual de ensino. Ambas as escolas são
localizadas em bairros semelhantes quanto às classes socioeconômicas.
O grupo intervenção, constituído por 49 escolares, foi submetido às
atividades de intervenção que consistiram em encontros de educação nutricional. O
grupo controle, que consistiu em uma amostra de 35 escolares, não recebeu qualquer
tipo de intervenção. Somente os alunos que realizaram as entrevistas antes e após as
ações de educação nutricional foram incluídos na análise.
Os dados foram coletados no período de fevereiro a agosto de 2010, por meio
de entrevista com aplicação de um questionário semi-estruturado. A primeira
entrevista foi realizada antes das ações de educação nutricional e a segunda 6 meses
após a primeira entrevista.
As entrevistas foram realizadas nas escolas, ou quando necessário, nos
domicílios dos escolares, na presença dos pais ou responsáveis, por uma
nutricionista.
No presente estudo foram analisadas as seguintes variáveis: sexo, idade,
consumo, freqüência de consumo e tipos de alimentos preferidos, oferecidos pela
merenda escolar, pela cantina, pelas vendas próximas à escola e os alimentos trazidos
de casa para o ambiente escolar e o efeito positivo da intervenção no consumo
alimentar.
As ações de educação nutricional foram realizadas pela pesquisadora
principal com auxílio de um membro da equipe e consistiram de 11 encontros que
ocorreram na própria escola e tinham duração de aproximadamente 60 minutos cada
um.
Os temas discutidos nos encontros de ações de educação nutricional foram:
pirâmide alimentar e grupos alimentares; alimentação e refeição saudável. Foram
utilizados banners, jogos, atividades de recorte e colagem, e vídeos.
As informações foram digitadas em um banco de dados no Epi Info 2000,
versão 3.5.1 e analisados com auxílio do Stata Statistical Software versão 10.0.
Para comparação dos grupos construiu-se uma variável denominada efeito
positivo da intervenção com critérios definidos a partir das categorias das variáveis
relativas ao consumo alimentar e aos alimentos consumidos ou preferidos. Os
critérios para a definição desta nova variável são apresentados nos Quadros 1 e 2.
A análise descritiva foi efetuada por meio de medidas de frequências
(relativas e absolutas). Para a inferência estatística utilizou-se o teste de Mann-
Whitney para a comparação das medianas da variável idade, o teste de Qui-quadrado
(χ2) ou teste bicaudal exato de Fisher na comparação das variáveis de consumo
alimentar entre os grupos intervenção e controle e o teste bicaudal exato de Fisher
para o cálculo do efeito positivo da intervenção. Tomou-se a decisão estatística com
base no valor de p7.
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
Universitário Júlio Müller da Universidade Federal de Mato Grosso, sob o protocolo
nº 734/CEP-HUJM/09.
RESULTADOS
No grupo intervenção, dos 49 escolares que realizaram a primeira entrevista,
quatro (8,2%) não realizaram a segunda. No grupo controle, dentre os 35 que
realizaram a primeira entrevista, houve a perda de um escolar. Essas perdas são
explicadas por mudança de escola e de endereço dos participantes.
Dentre os 45 escolares do grupo intervenção, 26 (57,8%) eram do sexo
feminino. No grupo controle, dentre os 34 escolares, 23 (67,6%) eram do sexo
feminino. Em ambos os grupos foi observado idade mediana de 10,2 anos (p= 0,886).
A Tabela 1 mostra a distribuição de escolares segundo o consumo de
alimentos da merenda e de outros alimentos no ambiente escolar, antes e após a
intervenção e a Tabela 2 mostra a frequência semanal de consumo da merenda e de
outros alimentos no ambiente escolar, antes e após intervenção.
Segundo a Tabela 3, os grupos intervenção e controle são semelhantes quanto
as variáveis consumo da merenda escolar, compra de alimentos na cantina escolar,
trazer lanche de casa e frequência semanal destas variáveis, com exceção da variável
compra de alimentos na venda perto da escola que apresentou menor proporção entre
os escolares do grupo controle (p= 0,010).
A Tabela 4 apresenta a distribuição dos escolares segundo a variável efeito
positivo da intervenção nas variáveis relativas ao consumo alimentar nos grupos
estudados. Observou-se que houve diferença estatisticamente significante para a
freqüência semanal de alimentos trazidos de casa (p= 0,023), em que 8 escolares do
grupo intervenção mantiveram a frequência ≤2 dias e 4 diminuíram a frequência para
≤2 dias da semana (Tabela 2).
A Tabela 5 apresenta o efeito positivo da intervenção para a preferência dos
escolares pelos alimentos servidos na merenda escolar, nos alimentos mais
consumidos na cantina escolar e na venda perto da escola e nos lanches trazidos de
casa.
As preparações como arroz/macarrão com carne ou frango, servidas na
merenda escolar, foram as mais citadas como preferidas em ambos os grupos. Os
alimentos que apresentaram efeito positivo da intervenção foram salada de frutas e
frutas oferecidas pela merenda escolar (p= 0,048), em que 9 escolares do grupo
intervenção passaram a consumir e 9 mantiveram o consumo; e as balas, pirulitos e
chicletes comprados na cantina escolar (p= 0,043), em que 12 escolares do grupo
intervenção deixaram de consumir e 16 mantiveram o não consumo (Tabela 1).
DISCUSSÃO
No presente estudo observou-se a importância da merenda na vida dos
escolares, pois o alto consumo em ambas as escolas demonstra o ambiente propício
para a incorporação de hábitos alimentares saudáveis.
Flávio et al.8, em uma escola estadual de Lavras-MG, verificaram que 72%
dos escolares entrevistados tinham o hábito de consumir a merenda. Já Teo et al.9,
em Chapecó-SC, encontraram uma aceitação de 92,3%, mais próxima aos resultados
observados neste estudo.
No presente estudo, o alto consumo de alimentos nas cantinas escolares e
vendas perto da escola constituiu uma preocupação para a intervenção, pois os
escolares consomem o que é disponível, e na maioria das vezes, as cantinas escolares
e vendas comercializam alimentos de alta densidade calórica, ricos em gorduras e
açúcares, sem opções de frutas e suco naturais10
.
No estudo de Ochsenhofer et al.11
, foram identificados os alimentos mais
consumidos na cantina escolar, como doces, salgadinhos, sanduíches e refrigerantes,
sendo um resultado semelhante ao encontrado neste estudo.
Diante de observações dos pesquisadores, a venda localizada próxima à
escola do grupo intervenção era mais atrativa, com maior disponibilidade e variedade
de alimentos, quando comparados à localizada próxima à escola do grupo controle.
Este fato pode justificar o maior consumo de alimentos adquiridos neste local pelo
grupo intervenção.
Os percentuais de lanches trazidos de casa para serem consumidos na escola
foram baixos, igualmente observados em outros estudos8. Entretanto, nota-se que
apesar dos escolares trazerem salgadinhos, muitos traziam também frutas. Nas
atividades de educação nutricional os escolares foram incentivados a consumir a
merenda escolar, porém, quando preferissem trazer alimentos de casa, eram
incentivados a trazer frutas ou sucos de frutas colhidas dos seus próprios quintais.
Em relação ao efeito da intervenção no consumo da merenda escolar não foi
verificado efeito positivo no consumo da mesma, resultado esperado mediante ao
alto consumo e devido à um dos escolares que não consumia a merenda ter como
justificativa a dieta alimentar orientada por uma nutricionista, na qual deveria
consumir frutas no lanche e outros dois por apresentarem dificuldades particulares
em comer alimentos fora de casa.
Estudo realizado no município de João Pessoa-PB em 2005 mostrou que os
escolares consideram importante a merenda escolar servida, mas há fatores que
interferem no consumo e aceitação, como aspectos relacionados ao apetite, aos
hábitos alimentares e ao sabor das preparações12
.
No estudo de Ochsenhofer et al.11
, grande parte dos escolares referiu não
consumir a merenda escolar pelos seguintes motivos: não sentir vontade ou fome,
comprar lanche na cantina, não gostar ou ter nojo da merenda e por não ter tempo de
comer. A maioria dos alunos considera a merenda escolar mais saudável, porém
preferem consumir os alimentos comercializados pela cantina por serem mais
saborosos. Desta forma, analisar o sabor, aceitação e temperos das preparações em
cada escola pode auxiliar ou integrar ações de educação nutricional voltadas para o
aumento do consumo da merenda escolar.
Nas ações de educação nutricional, os escolares foram incentivados a
consumir frutas e hortaliças em qualquer ambiente, bem como experimentá-las
quando servidas na merenda. Desta forma, foi possível observar efeito positivo da
intervenção na preferência por salada de frutas e frutas na merenda escolar,
indicando que a oferta destes alimentos no cardápio diário é bem aceita pelos
escolares. Este dado corrobora com os resultados do estudo de Gabriel et al.13
, em
que a oferta de frutas na merenda foi bastante sugerida pelos escolares.
No presente estudo, devido à diversidade de alimentos servidos na merenda
escolar e citados como preferidos, desde lanches até uma refeição completa,
observou-se que os escolares aceitavam diversos tipos de alimentos, possibilitando
ao nutricionista a elaboração de cardápios mais coloridos e nutritivos.
Em muitos casos, há pouca variedade de alimentos oferecidos na merenda
escolar14
, contrariando as recomendações do guia alimentar brasileiro15
e do próprio
Programa Nacional de Alimentação Escolar3. O cardápio elaborado deve contemplar
todos os alimentos permitidos pela política de compras de gêneros alimentícios do
Estado, com a oferta de preparações coloridas e a utilização dos diversos grupos
alimentares.
Anderson et al.16
afirmam que o aumento na ingestão de frutas e hortaliças em
todas as idades e classes sociais é provavelmente o maior desafio para os educadores
nutricionais. Desta forma, o aumento da oferta destes alimentos na merenda escolar
deve ser encarado com interesse para a definição de estratégias na saúde pública. Os
autores ainda ressaltam a importância do processo de educação nutricional
continuada, na medida em que a intervenção nutricional pode demonstrar impacto
sobre a dieta, na etapa da vida em que há o processo de formação dos hábitos
alimentares.
Na cantina escolar, foi encontrado efeito positivo da intervenção na
diminuição do consumo de balas, pirulitos e chicletes. No estudo realizado por
Fernandes et al.17
, no qual avaliaram o efeito de atividades de educação nutricional
no consumo alimentar de escolares de Florianópolis-SC,
observaram redução
significante no consumo de sucos artificiais, salgadinhos industrializados, balas,
pirulitos e gomas de mascar no grupo intervenção em relação ao grupo controle,
mostrando a eficácia deste tipo de intervenção na qualidade do consumo alimentar
deste grupo.
Reconhece-se que apesar da observação de efeitos positivos da intervenção, o
período de intervenção de seis meses pode ter sido uma limitação do estudo, pois o
processo de mudança de hábitos alimentares ocorre de forma contínua. Porém, os
resultados demonstram que a realização de algumas ações já pode causar efeito
positivo nas escolhas alimentares e a implementação da educação nutricional no
currículo escolar pode constituir uma estratégia de promoção da saúde nas diversas
esferas governamentais.
REFERÊNCIAS
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no Brasil: experiências municipais e estaduais. Brasília; 2007.
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alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da
educação básica e dá outras providências. Diário Oficial da União. 17 jun 2009;
Seção 1:2.
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Institui as diretrizes para a Promoção da Alimentação Saudável nas escolas de
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contingência e análise de regressão. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
8. Flávio EF, Barcelos MFP, Lima AL. Avaliação química e aceitação da merenda
escolar de uma escola estadual de Lavras – MG. Ciênc agrotec. 2004;28(4):840-7.
9. Teo CRPA, Corrêa EN, Gallina, LS, Fransozi, C. Programa nacional de
alimentação escolar: adesão, aceitação e condições de distribuição de alimentação na
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população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília, DF: Ministério
da Saúde; 2006.
16. Anderson AS, Porteous LEG, Foster E, Higgins C, Stead M et al. The impact of a
school-based nutrition education intervention on dietary intake and cognitive and
attitudinal variables relating to fruits and vegetables. Public Health Nutrition
2004;8:650-6.
17. Fernandes OS, Bernardo CO, Campos RMMB, Vasconcelos FAG. Avaliação do
efeito da educação nutricional na prevalência de sobrepeso/obesidade e no consumo
alimentar de escolares do ensino fundamental. J Pediatr. 2009:85(4):315-21.
Quadro 1. Critérios utilizados na definição de efeito positivo da intervenção em
variáveis relativas ao consumo alimentar.
Picture 1. Criteria used in defining a positive effect of intervention on variables
related to food intake.
Efeito positivo Antes Depois Antes Depois
Consumo da merenda escolar
Sim Sim Sim ou Não Sim
Não Sim Não ou Não Não
Frequência semanal de consumo da merenda escolar
Sim ≥ 3 dias ≥ 3 dias ou ≤ 2 dias ≥ 3 dias
Não ≤ 2 dias ≤ 2 dias ou ≥ 3 dias ≤ 2 dias
Compra de alimentos na cantina; na venda perto da escola; trazidos de casa
Sim Não Não ou Sim Não
Não Sim Sim ou Não Sim
Frequência semanal da compra de alimentos na cantina; na venda perto da escola;
trazidos de casa
Sim ≤ 2 dias ≤ 2 dias ou ≥ 3 dias ≤ 2 dias
Não ≥ 3 dias ≥ 3 dias ou ≤ 2 dias ≥ 3 dias
Quadro 2. Critérios utilizados na definição de efeito positivo da intervenção em
variáveis relativas à alimentos consumidos ou preferidos.
Picture 2. Criteria used in defining a positive effect of intervention on variables
related to foods consumed or preferred.
Efeito positivo Antes Depois Antes Depois
Merenda escolar
Preparações com arroz / macarrão com carne ou frango; bebidas (leite com
achocolatado, iogurte, suco de polpa de fruta e vitaminas); salada de folhas e
legumes; feijão; salada de fruta e frutas
Sim Sim Sim ou Não Sim
Não Sim Não ou Não Não
Lanches (pães, bolos, biscoitos e tortas); doces (canjica e arroz doce)
Sim Não Não ou Sim Não
Não Sim Sim ou Não Sim
Cantina escolar; venda perto da escola
Salgadinhos; salgados assados; refrigerante; balas, pirulitos e chicletes
Sim Não Não ou Sim Não
Não Sim Sim ou Não Sim
Lanches trazidos de casa
Frutas
Sim Sim Sim ou Não Sim
Não Sim Não ou Não Não
Salgadinhos
Sim Não Não ou Sim Não
Não Sim Sim ou Não Sim
Tabela 1. Distribuição de escolares segundo consumo de alimentos da merenda e de
outros alimentos no ambiente escolar, antes e após a intervenção. Cuiabá-MT, 2010.
Antes da
Intervenção
Depois da intervenção
Grupo Intervenção Grupo Controle
Sim Não Total Sim Não Total
Consumo da merenda escolar
Sim 40 1 41 30 1 31
Não 2 2 4 3 0 3
Total 42 3 45 33 1 34
Consumo de alimentos na cantina escolar
Sim 28 4 32 24 2 26
Não 7 6 13 3 5 8
Total 35 10 45 27 7 34
Consumo de alimentos na venda perto da escola
Sim 17 8 25 4 5 9
Não 3 17 20 5 20 25
Total 20 25 45 9 25 34
Consumo de alimentos trazidos de casa
Sim 14 2 16 9 4 13
Não 9 20 28 4 17 21
Total 23 22 45 13 21 34
Merenda escolar (alimentos que mais gostam)
Preparações com arroz / macarrão com carne ou frango
Sim 24 6 30 20 6 26
Não 5 10 15 4 4 8
Total 29 16 45 24 10 34
Lanches (bolo, pães, biscoitos, tortas)
Sim 17 9 26 15 7 22
Não 6 13 19 6 6 12
Total 23 22 45 21 13 34
Bebidas (leite com achocolatado, iogurte, suco de polpa de fruta e vitamina)
Sim 1 15 16 1 17 16
Não 4 25 29 1 15 18
Total 5 40 45 2 32 34
Salada de folhas e legumes
Sim 8 3 11 7 3 10
Não 3 31 34 1 23 24
Total 11 34 45 8 26 34
Feijão
Sim 8 4 12 4 8 12
Não 7 26 33 1 21 22
Total 15 30 45 5 29 34
continua
Tabela 1. Distribuição de escolares segundo consumo de alimentos da merenda e de
outros alimentos no ambiente escolar, antes e após a intervenção. Cuiabá-MT, 2010.
(continuação)
Antes da
Intervenção
Depois da intervenção
Grupo Intervenção Grupo Controle
Sim Não Total Sim Não Total
Salada de fruta e frutas
Sim 9 3 12 4 2 6
Não 9 24 33 2 26 28
Total 18 27 45 6 28 34
Doces (canjica e arroz doce)
Sim 0 9 9 0 2 2
Não 1 35 36 4 28 32
Total 1 44 45 4 30 34
Cantina escolar (alimentos mais consumidos)
Salgadinhos
Sim 4 5 9 12 4 16
Não 8 28 36 3 15 18
Total 12 33 45 15 19 34
Salgados assados
Sim 22 5 27 7 6 13
Não 14 14 18 6 15 21
Total 26 19 45 13 21 34
Refrigerante
Sim 23 8 31 12 5 11
Não 3 11 14 5 12 17
Total 26 19 45 17 17 34
Balas, pirulitos e chicletes
Sim 9 12 21 16 6 22
Não 8 16 24 5 7 12
Total 13 21 45 21 13 34
Venda perto da escola (alimentos mais consumidos)
Salgadinhos
Sim 6 15 21 3 2 5
Não 3 21 24 3 26 29
Total 9 36 45 6 28 34
Salgados assados
Sim 1 3 4 0 1 1
Não 4 37 41 0 33 33
Total 5 40 45 0 34 34
continua
Tabela 1. Distribuição de escolares segundo consumo de alimentos da merenda e de
outros alimentos no ambiente escolar, antes e após a intervenção. Cuiabá-MT, 2010.
(continuação)
Antes da
Intervenção
Depois da intervenção
Grupo Intervenção Grupo Controle
Sim Não Total Sim Não Total
Refrigerante
Sim 0 4 4 0 1 1
Não 2 39 41 0 33 33
Total 2 43 45 0 34 34
Balas, pirulitos e chicletes
Sim 7 4 11 2 6 8
Não 6 28 34 5 21 26
Total 13 32 45 7 27 34
Lanche de casa (alimentos mais consumidos)
Salgadinhos
Sim 4 2 6 2 2 4
Não 5 34 39 2 28 30
Total 9 36 45 4 30 34
Frutas
Sim 2 1 3 4 2 6
Não 8 34 42 3 25 28
Total 10 35 45 7 27 34
Tabela 2. Distribuição de escolares segundo a frequência semanal de consumo da
merenda e de outros alimentos no ambiente escolar, antes e após intervenção.
Cuiabá-MT, 2010.
Antes da
intervenção
Depois da intervenção
Grupo Intervenção Grupo Controle
≤ 2 dias ≥ 3 dias Total ≤ 2 dias ≥ 3 dias Total
Frequência semanal do consumo da merenda escolar
≤ 2 dias 6 4 10 4 9 13
≥ 3 dias 5 25 30 5 12 17
Total 11 29 40 9 21 30
Frequência semanal do consumo de alimentos na cantina escolar
≤ 2 dias 15 5 20 13 2 15
≥ 3 dias 6 2 8 6 3 9
Total 21 7 28 19 5 24
Frequência semanal do consumo de alimentos na venda perto da escola
≤ 2 dias 6 3 9 4 0 4
≥ 3 dias 5 3 8 0 0 0
Total 11 6 17 4 0 4
Frequência semanal do consumo de alimentos trazidos de casa
≤ 2 dias 8 1 9 3 2 5
≥ 3 dias 4 1 5 0 4 4
Total 12 2 14 3 6 9
Tabela 3. Distribuição de escolares segundo variáveis relativas ao consumo
alimentar nos grupos intervenção e controle, antes da intervenção. Cuiabá-MT, 2010.
Variável Grupo intervenção (n=45) Grupo controle (n=34)
p n % n %
Consumo da merenda escolar
Sim 41 91,1 31 91,2 1,000*
Não 4 8,9 3 8,8
Freqüência semanal de consumo da merenda escolar
≤ 2 dias 10 24,4 14 45,2 0,064
≥ 3 dias 31 75,6 17 54,8
Compra de alimentos na cantina escolar
Sim 32 71,1 26 76,5 0,593
Não 13 28,9 8 23,5
Freqüência semanal de compra de alimentos na cantina escolar
≤ 2 dias 22 68,8 15 57,7 0,384
≥ 3 dias 10 31,2 11 42,3
Compra de alimentos na venda perto da escola
Sim 25 55,6 9 26,5 0,010
Não 20 44,4 25 73,5
Freqüência semanal de compra de alimentos na venda perto da escola
≤ 2 dias 13 52,0 6 66,7 0,697*
≥ 3 dias 12 48,0 3 33,3
Traz lanche de casa
Sim 16 35,6 13 38,2 0,807
Não 29 64,4 21 61,8
Freqüência semanal de trazer alimentos de casa
≤ 2 dias 11 68,8 7 53,8 0,411
≥ 3 dias 5 31,2 6 46,2
* teste bicaudal Exato de Fisher
Tabela 4. Distribuição de escolares segundo efeito positivo da intervenção em
variáveis relativas ao consumo alimentar nos grupos intervenção e controle. Cuiabá-
MT, 2010.
Variável Grupo Intervenção Grupo Controle p*
n % n %
Consumo da merenda escolar
Sim 40 93,0 30 96,8 0,635
Não 3 7,0 1 3,2
Total 43 100,0 31 100,0
Freqüência semanal do consumo da merenda escolar
Sim 29 72,5 30 96,8 1,000
Não 11 27,5 1 3,2
Total 40 100,0 31 100,0
Consumo de alimentos na cantina escolar
Sim 10 22,2 7 20,6 1,000
Não 35 77,8 27 79,4
Total 45 100,0 34 100,0
Freqüência semanal de consumo de alimentos na cantina escolar
Sim 21 75,0 19 79,2 0,754
Não 7 25,0 5 20,8
Total 28 100,0 24 100,0
Consumo de alimentos na venda perto da escola
Sim 25 55,6 25 73,5 0,157
Não 20 44,4 9 26,5
Total 45 100,0 34 100,0
Freqüência semanal de consumo de alimentos na venda perto da escola
Sim 11 64,7 4 100,0 0,281
Não 6 35,3 0 0,0
Total 17 100,0 4 100,0
Consumo de alimentos trazidos de casa
Sim 23 51,1 13 38,2 0,362
Não 22 48,9 21 61,8
Total 45 100,0 34 100,0
Freqüência semanal de consumo de alimentos trazidos de casa
Sim 12 85,7 3 33,3 0,023
Não 2 14,3 6 66,7
Total 14 100,0 9 100,0
* teste bicaudal Exato de Fisher
Tabela 5. Distribuição dos escolares segundo efeito positivo no consumo de
alimentos da merenda, cantina, venda perto da escola e trazidos de casa, nos grupos
intervenção e controle. Cuiabá-MT, 2010.
Variável Grupo Intervenção (n= 45) Grupo Controle (n= 34) p*
n % n %
Merenda escolar (alimentos que mais gostam)
Preparações com arroz / macarrão com carne ou frango
Sim 29 64,4 24 70,5 0,634
Não 16 35,6 10 29,4
Lanches (bolo, pães, biscoitos, tortas)
Sim 22 48,9 13 38,2 0,370
Não 23 51,1 21 61,8
Bebidas (leite com achocolatado, iogurte, suco de polpa de fruta e vitamina)
Sim 5 11,1 2 5,9 0,692
Não 40 88,9 32 94,1
Salada de folhas e legumes
Sim 11 24,4 8 23,5 1,000
Não 34 75,6 26 76,5
Feijão
Sim 15 33,3 5 14,7 0,072
Não 30 66,7 29 85,3
Salada de fruta e frutas
Sim 18 40,0 6 17,6 0,048
Não 27 60,0 28 82,4
Doces (canjica e arroz doce)
Sim 44 97,8 30 88,2 0,159
Não 1 2,2 4 11,8
Cantina escolar (alimentos mais consumidos)
Salgadinhos
Sim 33 73,3 19 55,9 0,151
Não 12 26,7 15 44,1
Salgados assados
Sim 19 42,2 21 61,8 0,113
Não 26 57,8 13 38,2
Refrigerante
Sim 19 42,2 17 50,0 0,505
Não 26 57,8 17 50,0
Balas, pirulitos e chicletes
Sim 28 62,2 13 38,2 0,043
Não 17 37,8 21 61,8
continua
Tabela 5. Distribuição dos escolares segundo efeito positivo no consumo de
alimentos da merenda, cantina, venda perto da escola e trazidos de casa, nos grupos
intervenção e controle. Cuiabá-MT, 2010. (continuação)
Variável Grupo Intervenção Grupo Controle p*
n % n %
Venda perto da escola (alimentos mais consumidos)
Salgadinhos
Sim 36 80,0 28 82,4 1,000
Não 9 20,0 6 17,6
Salgados assados
Sim 40 88,9 34 100,0 0,067
Não 5 11,1 0 0
Refrigerante
Sim 43 95,6 34 100,0 0,503
Não 2 4,4 0 0
Balas, pirulitos e chicletes
Sim 32 71,1 27 79,4 0,444
Não 13 28,9 7 20,6
Lanche de casa (alimentos mais consumidos)
Salgadinhos
Sim 36 80,0 30 88,2 0,375
Não 9 20,0 4 11,8
Frutas
Sim 10 22,2 7 20,6 1,000
Não 35 77,8 27 79,4
* teste bicaudal Exato de Fisher
5. DISCUSSÃO GERAL
A infância e adolescência, fase escolar, são momentos propícios para a
formação de hábitos alimentares saudáveis. Nesta etapa da vida, valores
socioculturais, imagem corporal, necessidades fisiológicas, preferências, hábitos
alimentares, situação financeira da família e convívio com os amigos podem
influenciar nas escolhas alimentares dos escolares (DIETZ, 1998; FISBERG et al.,
2000).
Estudos demonstram que a alimentação dos escolares baseia-se no consumo
de alimentos muito calóricos, ricos em açúcares refinados, gorduras saturadas e
hidrogenadas, como salgadinhos, bolachas recheadas, doces, balas e refrigerantes,
bem como longos períodos de jejum, omissão do desjejum, lanches e ceias
(PHILIPPI et al., 2003; OLIVEIRA e FISBERG, 2003; TRICHES e GIUGLIANI,
2005; KACHANI et al., 2005; NEUMANN, 2007; DANELON, 2007). Desta forma,
a educação nutricional realizada incentivou as escolhas alimentares saudáveis por
meio de atividades lúdicas como jogos, brincadeiras e vídeos.
Durante a intervenção, notou-se o interesse dos escolares em conhecer novos
alimentos, então, no encontro sobre o grupo das leguminosas, foram apresentados
tipos de feijões, ervilha, lentilha, soja e os mesmos puderam tocar os alimentos crus.
Os escolares gostaram dos jogos e brincadeiras, sendo o Jogo da Alimentação
Saudável o de maior destaque. Ao assistirem os vídeos sobre alimentação saudável,
os escolares pediram para repetir algumas vezes e imitaram os personagens. Esses
vídeos foram retirados da internet, demonstrando a disponibilidade de produtos de
qualidade, devendo a escolha dos mesmos ser criteriosa, para evitar possíveis
equívocos e confusões de conceitos.
Durante as ações foi possível notar que os conhecimentos sobre alimentação
saudável foram adquiridos, porém há diferença em “saber” e “fazer”, e a alimentação
é influenciada por vários fatores já citados.
Segundo os resultados observados, podemos notar que há uma elevada
aceitação da merenda escolar em ambas as escolas o que indica a escola como um
ambiente propício para a incorporação de hábitos alimentares saudáveis, além da
importância de ofertar cardápios saudáveis, contemplando todos os alimentos
permitidos pela política de compras de gêneros alimentícios do Estado.
Houve efeito positivo da intervenção na preferência por salada de frutas e
frutas da merenda e redução no consumo de balas, pirulitos e chicletes adquiridos na
cantina escolar. Em seu estudo, GABRIEL et al.
(2008), também observaram
melhoria significante nas práticas alimentares saudáveis, com a diminuição da
preferência por biscoitos recheados e o aumento da preferência por frutas.
O efeito positivo na preferência por salada de frutas e frutas indica que a
oferta destes alimentos no cardápio diário é bem aceita pelos escolares. No estudo de
GABRIEL et al. (2008), a oferta de frutas na merenda foi bastante sugerida pelos
escolares.
Durante a coleta de dados, notou-se que a cantina escolar e vendas pertos da
escola ofertavam alimentos de alta densidade calórica, ricos em gorduras e açúcares,
sem opções de frutas e suco naturais, corroborando com os resultados observados no
estudo de DANELON (2007).
Mediante esta constatação, os escolares foram incentivados a consumir a
merenda escolar, ao invés de adquirirem alimentos nas cantinas e vendas, ensinando-
os sobre os valores nutricionais dos alimentos oferecidos nestes locais. Foi
encontrado efeito positivo da intervenção no consumo de balas, pirulitos e chicletes
adquiridos na cantina escolar.
No estudo de FERNANDES et al. (2009), também foi observado redução
significativa no consumo de balas, pirulitos e gomas de mascar, além de sucos
artificiais, salgadinhos industrializados, demonstrando a eficácia deste tipo de
intervenção na qualidade do consumo alimentar destes escolares.
A venda localizada próxima à escola do grupo intervenção apresentou-se
mais atrativa do que a da escola do grupo controle, com várias opções de alimentos,
porém de baixo valor nutricional, podendo justificar a maior aquisição de alimentos
na venda localizada próxima ao grupo intervenção.
Os percentuais de lanches trazidos de casa para serem consumidos na escola
foram baixos, igualmente observados em outros estudos (FLÁVIO et al., 2004).
Entretanto, nota-se que apesar dos escolares trazerem salgadinhos, muitos traziam
também frutas. Nas atividades de educação nutricional os escolares foram
incentivados a consumir a merenda escolar, porém, quando preferissem trazer
alimentos de casa, eram incentivados a trazer frutas ou sucos de frutas colhidas dos
seus próprios quintais.
Quanto à elaboração de cardápios saudáveis para serem ofertados aos
escolares da escola pertencente ao grupo intervenção, a sua implementação não pôde
ser realizada por motivos institucionais, apesar dos mesmos terem sido elaborados
baseados na política de compra de gêneros alimentícios, conforme disponibilidade de
gêneros e recursos financeiros destinados para a merenda escolar e segundo critérios
da NRC (1989), ANVISA (1998) e BRASIL (2009).
Os cardápios propostos possuíam preparações coloridas, com oferta diária de
hortaliças e frutas, e quinzenal de lanches ou preparações doces. Os lanches eram
enriquecidos com hortaliças e as sobremesas elaboradas com frutas e iogurte. A
rapadura, excelente fonte de ferro, foi introduzida no cardápio como sobremesa.
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES GERAIS
Os resultados do presente estudo indicam:
- Maior percentual de escolares do sexo feminino e uma mediana de 10,2 anos para
idade em ambos os grupos estudados;
- Alto consumo da merenda escolar em ambos os grupos (91%);
- Maior consumo de alimentos provenientes da venda perto da escola no grupo
intervenção,;
- Efeito positivo da intervenção na preferência por salada de frutas e frutas oferecidas
pela merenda escolar;
- Efeito positivo da intervenção na redução do consumo de balas, pirulitos e chicletes
adquiridos na cantina escolar pelo grupo intervenção.
Desta forma, recomenda-se:
- Ampliação do público-alvo, atingindo as famílias ou comunidades como um todo;
- Elaboração de cartilhas e manuais como estratégias para abordar a alimentação
saudável no âmbito escolar;
- Implementação de cardápios saudáveis na merenda escolar, com inclusão diária de
frutas e hortaliças;
- Reavaliação dos princípios e diretrizes do Programa Nacional de Alimentação
Escolar para uma melhor adaptação e cumprimento dos mesmos, no âmbito das
unidades escolares da rede municipal e estadual de ensino e;
- Implementação de cardápios saudáveis nas cantinas escolares.
- Para melhorar a aceitação da merenda escolar devem ser considerados os aspectos
relacionados ao sabor, consistência, cor, variedade, hábitos alimentares e a
disponibilidade de gêneros alimentícios, bem como a seleção de técnicas em nutrição
escolar (merendeiras) e treinamentos admissionais e periódicos.
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ANEXO
ANEXO 1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA
PROGRAMA DE POS-GRADUAÇÃO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, da pesquisa Efeito
da educação nutricional no consumo alimentar e estado nutricional de escolares. Após
ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo,
assine ao final deste documento, que está em duas vias, uma delas é sua e a outra é do
pesquisador responsável. Em caso de recusa você não terá nenhum prejuízo em sua relação
como pesquisador ou com a instituição que recebe assistência. Em caso de dúvida você pode
procurar o Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Júlio Müller- UFMT- pelo
telefone (65) 3615-8254. O objetivo deste estudo é investigar o efeito da educação
nutricional no consumo alimentar e estado nutricional dos escolares de uma escola pública
de Cuiabá – MT. Sua participação nesta pesquisa consistirá em autorizar a realização da
pesagem e verificação da altura de seu/sua(s) filho/filha(s) matriculado(a) na Escola estadual
____________________ e responder à entrevista e questionários sobre consumo alimentar
da criança Não há nenhum risco relacionados com a participação de seu/sua(s) filho/filha(s)
na pesquisa. Os benefícios para vocês enquanto participantes da pesquisa, são conhecer as
condições nutricionais de seu/sua(s) filho/filha(s) e receber orientações sobre alimentação
saudável. Os dados coletados serão confidenciais e garantimos o sigilo de sua participação
durante toda pesquisa, inclusive na divulgação da mesma. Os dados não serão divulgados de
forma a possibilitar a identificação de seu/sua filho/filha(s). Você receberá uma cópia desse
termo onde tem o nome, telefone e endereço do pesquisador responsável, para que você
possa localizá-lo a qualquer tempo. Pesquisador Responsável - BÁRBARA GRASSI
PRADO, Universidade Federal de Mato Grosso, telefone de contato – (65) 8469-7668 / (65)
3615-8898 (Núcleo de Segurança Alimentar e Nutricional), e-mail –
Considerando os dados acima, CONFIRMO estar sendo informado por escrito e
verbalmente dos objetivos desta pesquisa e em caso de divulgação por foto e/ou vídeo
AUTORIZO a publicação.
Eu (nome do responsável),________________________________________________
Naturalidade:__________________Portador(a) do documento RG Nº:
__________________________declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de
minha participação na pesquisa e de meu/minha filho (a):
_____________________________________________, e concordo em participar.
Assinatura do participante (ou do responsável, se menor): ________________________
Assinatura do pesquisador principal: _____________________________________
Testemunha* ............................................................................................
* Testemunha só é exigido caso o participante não possa por algum motivo, assinar o termo.
Data (Cidade/dia mês e ano) ____________ ___ de ______________de 20_____
APÊNDICES
APÊNDICE A
INFORMAÇÕES SOCIOECONÔMICAS, DEMOGRÁFICAS E ANTROPOMETRIA
Data da entrevista [DT_ENT]: __ __/ __ __/2010
Escola:
Entrevistador:
BLOCO A – IDENTIFICAÇÃO DA CRIANÇA
1. Nome da criança completo: _________________________________________________
_________________________________________________________________________ [A01]
2. Sexo: [1] Masculino [2] Feminino [A02] __
3. Data de Nascimento: __ __/ __ __/ __ __ __ __ [A03]
4. Idade da criança (não preencher): [A04] __, __
5. Endereço: ________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ [A05]
6. Telefone: ( ___ ) __ __ __ __ - __ __ __ __ (_______________) ou
( ___ ) __ __ __ __ - __ __ __ __ (___________________) [A06]
7. Nome do responsável (entrevistado): [A07]
8. Grau de parentesco do responsável com a criança: [A08] __
BLOCO B – DADOS DO CHEFE DA CASA E DOS PAIS
9. Quem é o chefe da casa? [1] pai [2] mãe [3] avô/avó [4] irmão [5]
outros parentes [6] outro:____________________________________ [7] não sabe / não lembra [B01]
10. Idade do chefe da casa (anos): [B02] __ __
11. Qual o grau de instrução do chefe da casa? _________________________________
[0] Nenhum / Analfabeto [1] Primário incompleto [2] Primário completo
[3] Ginásio incompleto [4] Ginásio completo [5] colegial incompleto
[6] colegial completo [7] superior incompleto [8] superior completo
[9] Não sabe/não lembra
[B03] __
12. Ocupação do chefe da casa: [B04]
13. Idade da mãe (anos): [B05]
14. Qual o grau de instrução do mãe? _______________________________________
0] Nenhum / Analfabeto [1] Primário incompleto [2] Primário completo
[3] Ginásio incompleto [4] Ginásio completo [5] colegial incompleto
[6] colegial completo [7] superior incompleto [8] superior completo
[9] Não sabe/não lembra
[B06]
15. Ocupação da mãe: [B07]
16. Renda mensal da família (R$): [B08]
17. Números de pessoas que moram no domicílio: [B09]
BLOCO C – QUESTIONÁRIO ABEP
Bens Quantidade de Itens
18. Televisão em cores 0 1 2 3 4 ou + [C01] __
19. Radio 0 1 2 3 4 ou + [C02] __
20. Banheiro 0 1 2 3 4 ou + [C03] __
21. Automóvel 0 1 2 3 4 ou + [C04] __
22. Empregada mensalista 0 1 2 3 4 ou + [C05] __
23. Aspirador de pó 0 1 2 3 4 ou + [C06] __
24. Máquina de lavar 0 1 2 3 4 ou + [C07] __
25. Videocassete e/ou DVD 0 1 2 3 4 ou + [C08] __
26. Geladeira 0 1 2 3 4 ou + [C09] __
27. Freezer (aparelho independente ou parte de geladeira
duplex) 0 1 2 3 4 ou + [C10] __
28. Total de Pontos (ABEP) [C11]
__
__
29. Classificação (não preencher) [C12]
__
__
BLOCO D – ANTROPOMETRIA
32. Antropometria: [1] realizada [2] recusada [3] não se aplica [D01]
33. Data da antropometria: __ __/ __ __/ __ __ __ __ [D02]
34. Altura (utilizar uma casa decimal depois da vírgula e em centímetros): 1ª _____ , __ cm [D03] __, __
33. Altura: 2ª medida ______ , __ cm [D04]
34. Altura: Média ______ , __ cm [D05]
35. Peso: ______ , ___ Kg [D06] __
Antropometristas: __________________________________
APENDICE B
QUESTIONÁRIO DE CONSUMO DA MERENDA ESCOLAR
BLOCO A – MERENDA ESCOLAR
1. Você consome a merenda da escola? [1] Sim (pule para a questão 4) [2] Não [A01]
2. Se não, por que?
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
[A02]
3. Você já experimentou a merenda da escola? [1] sim [2] não (pule para a questão 10) [A03]
Obs: Se a criança respondeu que NÃO consome a merenda, pular a questão 4.
4. Quantas vezes na semana você consome a merenda da escola?
[1] < uma [2] uma [3] duas [4] três [5] quatro [6] cinco
[A04]
5. Você gosta da merenda da escola? [1] sim [2] não (pule para a questão 7) [A05]
6. Quais os alimentos que você mais gosta da merenda?
_________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
[A06]
7. Quais os alimentos que você NÃO gosta da merenda?
_________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
[A07]
8. Você continua com fome depois de comer a merenda da escola? [1] sim [2] não [A08]
9. Quais os alimentos que você gostaria que servisse mais vezes na merenda da escola?
_________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
[A09]
BLOCO B – CANTINA
10. Você compra alimentos na cantina da escola? [1] Sim [2] Não (pule para a questão 13) [B01]
11. Se sim, quais alimentos?
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
[B02]
12. Quantas vezes na semana você compra alimentos na cantina da escola?
[1] < uma [2] uma [3] duas [4] três [5] quatro [6] cinco [B03]
BLOCO C – VENDINHA PERTO DA ESCOLA
13. Você compra alimentos na vendinha perto da escola para levar de lanche na escola?
[1] Sim [2] Não (pule para a questão 16) [C01]
14. Se sim, quais alimentos?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
[C02]
15. Quantas vezes na semana você compra alimentos na vendinha perto da escola para levar de lanche
na escola?
[1] < uma [2] uma [3] duas [4] três [5] quatro [6] cinco
[C03]
BLOCO D – ALIMENTOS TRAZIDOS DE CASA
16. Você traz lanche de casa? [1] Sim [2] Não (fim do questionário) [D01]
17. Se sim, quais alimentos?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
[D02]
18. Quantas vezes na semana você traz lanche de casa?
[1] < uma [2] uma [3] duas [4] três [5] quatro [6] cinco [D03]
APÊNDICE C
RECORDATÓRIO DE 24H
Data da entrevista: ___ / ___ / _____ Dia da semana: ______________
1. Horário e
local em que a
criança comeu
2. Refeição 3. Alimentos e bebidas que a
criança comeu
4. Quanto foi?
Medidas
Caseiras gramas
Obs: descrever o método de cozimento e as marcas dos alimentos
RECORDATÓRIO DE 24H
Continuação
1. Horário e
local em que a
criança comeu
2. Refeição 3. Alimentos e bebidas que a
criança comeu
4. Quanto foi?
Medidas
Caseiras gramas
Obs: descrever o método de cozimento e as marcas dos alimentos
APÊNDICE D
CARDÁPIO ELABORADO: MÊS DE JUNHO DE 2010
Data
Dia da
Semana Cardápio
Custo
(R$)
01/jun 3ª feira Macarrão divertido (cenoura e vagem) com frango desfiado e
maçã de sobremesa
0,2404
02/jun 4ª feira Arroz com frango, feijão e cenoura cozida 0,2661
03 e
04/Jun
Feriado -
07/jun 2ª feira Macarrão à bolonhesa com chuchu (macarrão, carne moída,
molho de tomate e chuchu)
0,2747
08/jun 3ª feira Arroz com milho, tomate e iscas de fígado aceboladas 0,2247
09/jun 4ª feira Salada de frutas 0,2078
10/jun 5ª feira Bobó de frango com arroz, feijão e salada de pepino 0,2378
11/jun 6ª feira Carne seca com arroz, feijão e salada de repolho com tomate 0,3120
14/jun 2ª feira Farofa de linguiça com couve e arroz 0,1980
15/jun 3ª feira Carne com banana verde, arroz e salada de tomate 0,3118
16/jun 4ª feira Carne de porco com arroz, feijão e quibebe de abóbora 0,2447
17/jun 5ª feira Arroz com polenta nutritiva (beterraba) e carne moída 0,2969
18/jun 6ª feira Frango com batata ao molho, arroz e farofa de banana 0,3143
21/jun 2ª feira Pão com queijo e mamão com iogurte e aveia em flocos 0,3207
22/jun 3ª feira Arroz, carne com inhame e salada de alface/couve 0,3069
23/jun 4ª feira Farofa de frango, milho e cenoura ralada, arroz e feijão 0,2913
24/jun 5ª feira Arroz, feijão e carne louca (carne em pedaços com pimentão e
tomate)
0,3127
25/jun 6ª feira Arroz, feijão, carne ao molho e salada de beterraba ralada 0,2535
28/jun 2ª feira Omelete de ovos com queijo e arroz e rapadura 0,2914
29/jun 3ª feira Sopa de feijão, macarrão, frango e legumes (cenoura, batata,
chuchu e vagem)
0,1888
30/jun 4ª feira Torta de legumes com carne moída e banana ao molho de
laranja
0,3067
Tempero mensal 0,6000
Total 6,0012
Custo padrão 6,0000
CARDÁPIO ELABORADO: MÊS DE JULHO DE 2010
Data
Dia da
Semana Cardápio
Custo per
capita
(R$)
01/jul 5ª feira
Arroz colorido (cenoura e vagem) com frango desfiado e
feijão 0,1991
02/jul 6ª feira Arroz e purê de batata e cenoura com carne moída 0,3362
05/jul 2ª feira
Macarrão à bolonhesa divertido (macarrão, carne moída,
molho de tomate, vagem e milho) 0,2934
06/jul 3ª feira
Arroz, feijão, iscas de fígado aceboladas e salada de
alface/couve 0,2783
07/jul 4ª feira Salada de frutas 0,2078
08/jul 5ª feira Farofa de feijão, cenoura ralada, frango desfiado e arroz 0,2598
09/jul 6ª feira
Carne de porco com arroz, feijão e salada de repolho com
tomate 0,2736
12/jul 2ª feira Farofa de linguiça com couve e arroz e maçã de sobremesa 0,2562
13/jul 3ª feira Carne com mandioca, arroz e salada de tomate 0,2918
14/jul 4ª feira Arroz com polenta e carne seca e rapadura de sobremesa 0,2997
15/jul 5ª feira Arroz com carne, feijão e salada de beterraba ralada 0,3042
16/jul 6ª feira
Torta de legumes com carne moída e mamão ao molho de
laranja 0,2882
Tempero mensal 0,3110
Total 3,5993
Custo padrão 3,6000
CARDÁPIO ELABORADO: MÊS DE AGOSTO DE 2010
Data
Dia da
Semana Cardápio
Custo per
capita
(R$)
02/ago 2ª feira Macarrão divertido (cenoura, vagem e linguiça) 0,2062
03/ago 3ª feira Arroz diferente (beterraba cozida) com frango e feijão 0,2701
04/ago 4ª feira Salada de frutas com aveia em flocos 0,2303
05/ago 5ª feira
Arroz, feijão e iscas de fígado aceboladas e farofa de
couve 0,2863
06/ago 6ª feira Bobó de frango com arroz e salada de tomate 0,2365
09/ago 2ª feira Farofa de linguiça e arroz e maçã de sobremesa 0,3045
10/ago 3ª feira
Carne seca colorida (pimentão e tomate) com arroz,
feijão 0,2918
11/ago 4ª feira
Arroz com carne, Inhame e salada de
repolho/tomate/alface/pepino 0,3191
12/ago 5ª feira Frango com batata ao molho, arroz e beterraba ralada 0,2693
13/ago 6ª feira
Macarrão à bolonhesa com vagem e rapadura de
sobremesa 0,3572
16/ago 2ª feira Pão com queijo e banana com iogurte 0,2982
17/ago 3ª feira Arroz com frango desfiado, feijão e salada de repolho 0,2053
18/ago 4ª feira
Sopa de macarrão, carne e legumes (cenoura, batata,
chuchu e vagem) 0,2720
19/ago 5ª feira Farofa de carne, milho e couve, arroz e feijão 0,3459
20/ago 6ª feira Carne de porco com arroz, feijão e salada de alface 0,2681
23/ago 2ª feira
Omelete de ovos com queijo e arroz e mamão ao
molho de laranja 0,3532
24/ago 3ª feira Arroz 4 estações e feijão 0,2135
25/ago 4ª feira Carne com banana verde, arroz e salada de tomate 0,2953
26/ago 5ª feira
Arroz com frango com legumes acebolados (vagem e
batata), maçã de sobremesa 0,2709
27/ago 6ª feira
Tutu de feijão com linguiça e arroz com cenoura
cozida 0,2254
30/ago 2ª feira
Torta de abobrinha com carne moída e banana ao
molho de laranja 0,3067
31/ago 3ª feira Arroz com carne, mandioca e salada de pepino 0,2470
Tempero mensal 0,5270
Total 6,5998
Custo padrão 6,6000
CARDÁPIO ELABORADO: MÊS DE SETEMBRO DE 2010
Data
Dia da
Semana Cardápio
Custo per
capita
(R$)
01/set 4ª feira Salada de repolho / Arroz caipira / feijão 0,2270
02/set 5ª feira Salada de tomate / Carne de porco com arroz / feijão 0,2740
03/set 6ª feira Polenta nutritiva (beterraba) com carne moída / Arroz 0,297
06/set 2ª feira RECESSO -
07/set 3ª feira FERIADO -
08/set 4ª feira Farofa de linguiça com couve / Arroz 0,198
09/set 5ª feira Arroz com galinha e cenoura / Feijão 0,2730
10/set 6ª feira
Macarrão colorido (milho, tomate e vagem) com carne
desfiada 0,3130
13/set 2ª feira Pão com queijo / Banana com iogurte e aveia em flocos 0,3210
14/set 3ª feira Cenoura ralada / Farofa de frango / Arroz / Feijão 0,2600
15/set 4ª feira Salada de repolho / carne moída com arroz / Feijão 0,3150
16/set 5ª feira Vinagrete / Carne com inhame / Arroz 0,3240
17/set 6ª feira Frango com batata ao molho/ Farofa de banana / Arroz 0,3140
20/set 2ª feira
Macarrão à bolonhesa com vagem / Rapadura de
sobremesa 0,3570
21/set 3ª feira Arroz 3 estações (ovo, frango desfiado e milho) / Feijão 0,1980
22/set 4ª feira
Salada de alface e repolho / Carne ao molho / Arroz /
Feijão 0,3470
23/set 5ª feira Salada de frutas 0,2080
24/set 6ª feira
Iscas de fígado aceboladas / Farofa de couve / Arroz /
Feijão 0,2860
27/set 2ª feira Torta de carne com legumes / Suco de caju 0,3140
28/set 3ª feira Bobó de frango / Arroz / Maçã de sobremesa 0,2660
29/set 4ª feira
Carne louca (carne em pedaços com pimentão e tomate /
Arroz / Feijão 0,3130
30/set 5ª feira
Cenoura ralada / Frango desfiado / Farofa de feijão /
Arroz 0,2600
Tempero mensal 0,335
Total 6,000
Custo padrão 6,0000
CARDÁPIO ELABORADO: MÊS DE OUTUBRO DE 2010
Data
Dia da
Semana Cardápio
Custo
per
capita
(R$)
01/out 6ª feira Salada de tomate / Carne com banana verde / arroz 0,3118
04/out 2ª feira Linguiça com arroz / purê de batata e cenoura 0,2433
05/out 3ª feira Carne colorida (pimentão e tomate) / Arroz / Feijão 0,3127
06/out 4ª feira
Frango com batata ao molho / Farofa de banana /
Arroz 0,3143
07/out 5ª feira
Salada de beterraba ralada / Carne ao molho / Arroz /
Feijão 0,2535
08/out 6ª feira Salada de alface / Bobó de frango / Arroz / Feijão 0,2708
11/out 2ª feira FERIADO
12/out 3ª feira FERIADO
13/out
(semana da
criança) 4ª feira Pão doce / Suco de abacaxi com cenoura 0,232
14/out
(semana da
criança) 5ª feira Pão careca / Carne moída com repolho e tomate 0,3212
15/out 6ª feira FERIADO
18/out 2ª feira Omelete com arroz / Maçã de sobremesa 0,2971
19/out 3ª feira Cenoura cozida / Tutu de feijão com linguiça / Arroz 0,2254
20/out 4ª feira
Salada de repolho e tomate / Carne com inhame /
Arroz 0,3061
21/out 5ª feira
Salada de alface e tomate / Arroz com frango / Feijão /
Rapadura de sobremesa 0,3594
22/out 6ª feira
Carne de porco com arroz / Quibebe de abóbora /
Feijão 0,2447
25/out 2ª feira
Farofa de cenoura ralada e frango desfiado / Arroz /
Feijão 0,2598
26/out 3ª feira
Salada de repolho / Escondidinho de carne moída com
arroz 0,2294
27/out 4ª feira Salada de frutas com aveia 0,2303
28/out 5ª feira
Salada de tomate e milho / Iscas de fígado aceboladas
/ Arroz 0,2247
29/out 6ª feira Arroz diferente (beterraba cozida) com frango / Feijão 0,2701
Tempero mensal 0,4900
Total 4,3966
Custo padrão 5,4
CARDÁPIO ELABORADO: MÊS DE NOVEMBRO DE 2010
Data
Dia da
Semana Cardápio
Custo
per
capita
(R$)
01/nov 2ª feira FERIADO -
02/nov 3ª feira FERIADO -
03/nov 4ª feira Pão com queijo / Mamão com iogurte e aveia em flocos 0,3207
04/nov 5ª feira
Salada de pepino / Arroz com frango em cubos / Feijão /
Rapadura de sobremesa 0,2338
05/nov 6ª feira
Salada de cenoura ralada / Farofa de linguiça com couve /
Arroz 0,2250
08/nov 2ª feira
Macarrão à bolonhesa com chuchu (macarrão, carne moída,
molho de tomate e chuchu) 0,2747
09/nov 3ª feira Carne com mandioca / Arroz / Feijão / Maçã de sobremesa 0,3387
10/nov 4ª feira Salada de repolho / Arroz com carne em cubinhos / Feijão 0,3154
11/nov 5ª feira
Fricassê de frango (milho, cenoura picada e batata) / Arroz /
Feijão 0,2246
12/nov 6ª feira
Salada de tomate e alface / Carne de porco com arroz /
Feijão 0,2816
15/nov 2ª feira FERIADO -
16/nov 3ª feira Torta de carne moída com legumes 0,2388
17/nov 4ª feira Salada mista / Frango ao molho / Arroz / Feijão 0,3071
18/nov 5ª feira
Carne com vagem / Arroz / Feijão / Banana ao molho de
laranja 0,4387
19/nov 6ª feira Salada de tomate / Mix de carne acebolada / Arroz / Feijão 0,2489
22/nov 2ª feira Farofa de carne, milho e couve / Arroz 0,3056
23/nov 3ª feira Salada de repolho / Arroz com frango / Feijão 0,3059
24/nov 4ª feira Vinagrete / Carne com inhame / Arroz 0,3066
25/nov 5ª feira
Salada de alface / Bobó de frango com cenoura cozida /
Arroz 0,2978
26/nov 6ª feira Salada de frutas com aveia 0,2303
29/nov 2ª feira Pão com carne moída colorida / Rapadura de sobremesa 0,2546
30/nov 3ª feira
Salada de beterraba ralada / Carne com batata / Arroz /
Feijão 0,3260
Tempero mensal 0,2250
Total 5,6998
Custo padrão 5,7000
CARDÁPIO ELABORADO: MÊS DE DEZEMBRO DE 2010
Data
Dia da
Semana Cardápio
Custo per
capita
(R$)
01/dez 4ª feira
Arroz colorido (vagem e cenoura) com frango desfiado /
Feijão 0,1991
02/dez 5ª feira
Salada de repolho com tomate / Carne de porco com
arroz / Feijão 0,2736
03/dez 6ª feira Frango ao molho / Farofa de banana / Arroz 0,2925
06/dez 2ª feira Carne moída com cenoura / Purê de batata / Arroz 0,3362
07/dez 3ª feira
Salada de tomate / Mix de carne acebolada / Arroz /
Feijão 0,2489
08/dez 4ª feira Salada de beterraba ralada / Arroz com carne / Feijão 0,3042
09/dez 5ª feira
Salada de alface e couve / Iscas de fígado aceboladas /
Arroz / Feijão 0,2783
10/dez 6ª feira Salada de frutas com aveia 0,2303
13/dez 2ª feira
Torta de abobrinha com carne moída / Banana ao molho
de laranja 0,3067
14/dez 3ª feira
Polenta com carne moída / Arroz / Rapadura de
sobremesa 0,2280
15/dez 4ª feira
Fricassê de frango (milho, cenoura picada e batata) /
Arroz 0,1843
16/dez 5ª feira Salada de tomate / Carne com mandioca / Arroz 0,2918
17/dez 6ª feira Arroz com galinha / Farofa de banana / Feijão 0,3329
20/dez 2ª feira Arroz doce 0,2067
21/dez 3ª feira Pão careca / Carne moída com repolho e cenoura ralada 0,2957
22/dez 4ª feira Pão com queijo, alface e tomate / Rapadura de sobremesa 0,2748
Tempero mensal 0,5160
Total 4,8000
Custo padrão 4,8000
APÊNDICE E
PLANO DE INTERVENÇÃO: EDUCAÇÃO NUTRICIONAL PARA
CRIANÇAS DE UMA ESCOLA PUBLICA DE CUIABÁ-MT
Público alvo: Escolares de ambos os sexos, com idade entre 9 e 10 anos.
Local: Escola pública de Cuiabá-MT.
Período: Matutino
Duração da intervenção: 11 encontros
Carga horária dos encontros: aproximadamente 60 minutos
Carga horária total: 11 horas
Objetivo geral: estimular a adoção de práticas alimentares saudáveis pelos
escolares.
1º ENCONTRO
Título: Pirâmide Alimentar
Conteúdo programático:
- Importância da pirâmide alimentar;
- Identificação e importância dos grupos alimentares (carboidratos, óleos e gorduras,
açúcares, hortaliças, frutas, leguminosas, leite e derivados e carnes e ovos);
- Quantidade de calorias e porções recomendadas para cada grupo.
Estratégias:
- Métodos e técnicas: exposição dialogada, banner com ilustrações, recorte e
colagem.
- Materiais utilizados:
Banner da pirâmide alimentar, cartolinas, tesouras, figuras de alimentos, cola,
canetinhas, lápis e borracha.
2º ENCONTRO
Título: Cereais, tubérculos, pães e raízes
Conteúdo programático:
- Importância de cereais, tubérculos, pães e raízes;
- Carboidratos e sua importância;
- Fontes alimentares;
- Quantidade de calorias e porções recomendadas segundo o guia alimentar para a
população brasileira (PHILIPPI et al., 1999).
Estratégias:
- Métodos e técnicas: exposição dialogada, banner com ilustrações, jogo dos
carboidratos.
- Nome do jogo: Caça aos carboidratos
- Número de jogadores: 2 grupos sem limites de jogadores
- Peças do jogo: cartões com figuras de alimentos e caixas de sapato
- Como jogar: espalhar figuras de alimentos pelo local, cada criança deve procurar os
cartões com alimentos fontes de carboidratos e ir colocando em sua caixinha, ao final
de um tempo determinado, quem tiver mais figuras na caixinha ganha o jogo.
- Materiais utilizados:
Banner com ilustrações do grupo alimentar, papel cartão, figuras de alimentos,
tesoura, cola, papel de presente e caixinhas de sapato.
3º ENCONTRO
Título: Hortaliças
Conteúdo programático
- Importância deste grupo alimentar das hortaliças;
-Vitaminas e minerais e sua importância;
- Fontes alimentares;
- Quantidade de calorias e porções recomendadas segundo o guia alimentar para a
população brasileira (PHILIPPI et al., 1999).
Estratégias:
- Métodos e técnicas: exposição dialogada, banner com ilustrações, jogo.
- Nome do jogo: Jogo da memória das hortaliças
- Número de jogadores: 2 a 5
- Peças do jogo: figura das hortaliças em papel cartão
- Como jogar: colocar as peças viradas para baixo, cada criança deve virar 2 figuras,
se forem iguais, pega as figuras para si e joga novamente, se forem diferente, vira as
figuras para baixo e é a vez do próximo jogador.
- Materiais utilizados:
Banner com ilustrações do grupo alimentar, papel colorido, figura de alimentos,
tesoura e cola.
4º ENCONTRO
Título: Frutas
Conteúdo programático:
- Importância das Frutas;
- Vitaminas e minerais e sua importância;
- Fontes alimentares;
- Quantidade de calorias e porções recomendadas segundo o guia alimentar para a
população brasileira (PHILIPPI et al., 1999).
Estratégias:
- Métodos e técnicas: exposição dialogada, banner com ilustrações, jogo.
- Nome do jogo: Dominó das frutas
- Número de jogadores: 4
- Peças do jogo: 24 cartões com figuras de frutas.
- Como jogar: Cada jogador deve pegar 7 peças, um jogador inicia o jogo colocando
uma pecinha na mesa, a próxima criança vê a figura colocada e coloca outra que seja
igual a figura posta na mesa, ganha quem conseguir acabar as peças primeiro.
- Materiais utilizados:
Banner com ilustrações do grupo alimentar, papel cartão, figura de alimentos,
canetinha, tesoura e cola.
5º ENCONTRO
Título: Leite e produtos lácteos
Conteúdo programático:
- Importância do leite e produtos lácteos;
- Cálcio e sua importância;
- Fontes alimentares;
- Quantidade de calorias e porções recomendadas segundo o guia alimentar para a
população brasileira (PHILIPPI et al., 1999).
Estratégias:
- Métodos e técnicas: exposição dialogada, banner com ilustrações, jogo.
- Nome do jogo: Boliche dos leites e produtos lácteos.
- Número de jogadores: 2 grupos com número ilimitado de jogadores.
- Peças do jogo: 10 pinos de garrafa pet e bolinha de isopor.
- Como jogar: Ajeitar os pinos, lançar a bolinha para derrubar o maior número de
pinos. Vence o grupo de jogadores que derrubar mais pinos.
- Materiais utilizados:
Banner com ilustrações do grupo alimentar, garrafa pet, figura de alimentos, tesoura
e cola, bola de isopor.
6º ENCONTRO
Título: Carnes e ovos
Conteúdo programático:
- Importância de carnes e ovos;
- As proteínas e sua importância;
- Fontes alimentares;
- Quantidade de calorias e porções recomendadas segundo o guia alimentar para a
população brasileira (PHILIPPI et al., 1999).
Estratégias:
- Métodos e técnicas: exposição dialogada, banner com ilustrações, jogo.
- Nome do jogo: Prato de carnes
- Número de jogadores: 4
- Peças do jogo: 1 tabuleiro, figuras de carnes e ovos e dado
- Como jogar: Cada jogador fica na frente de um lado do papel cartão, que possui o
desenho das carnes e ovos, lança o dado, o alimento que aparecer, o jogador coloca a
figura sobre o prato, quando for repetido o jogador passa a vez. Vence o jogo o
jogador que cobrir todas as figuras do prato primeiro.
- Materiais utilizados:
Banner com ilustrações do grupo alimentar, figuras de alimentos, canetinhas, tesoura,
cola e papel cartão.
7º ENCONTRO
Título: Leguminosas
Conteúdo programático:
- Importância das leguminosas;
- Ferro e sua importância;
- Fontes alimentares;
- Quantidade de calorias e porções recomendadas segundo o guia alimentar para a
população brasileira (PHILIPPI et al., 1999).
- Demonstração de 4 leguminosas (soja, ervilha, feijão e lentilha).
Estratégias
- Métodos: exposição dialogada, banner com ilustrações, atividade de colagem.
Atividade de colagem: Cada grupo de crianças receberá uma cartolina com os nomes
de quatro leguminosas (soja, lentilha, feijão e ervilha) e terão que colar as
leguminosas no desenho.
-Materiais utilizados:
Banner com ilustrações do grupo alimentar, 4 tipos de leguminosas, papel cartão,
papel crepom, canetinha e cola.
8º ENCONTRO
Título: Óleos e gorduras
Conteúdo programático:
- Importância de óleos e gorduras;
- As gorduras e sua importância;
- Fontes alimentares;
- Quantidade de calorias e porções recomendadas segundo o guia alimentar para a
população brasileira (PHILIPPI et al., 1999).
Estratégias:
- Métodos e técnicas: exposição dialogada, banner com ilustrações, atividade de
recorte e colagem.
- Nome do jogo: Recorte e colagem dos alimentos ricos em óleos e gorduras
- Número de jogadores: 5 a 6 jogadores
- Peças do jogo: Papel cartão, kit com canetinha, lápis, tesouras, colas, régua,
borracha e apontador, figuras de diversos tipos de alimentos.
- Como jogar: Cada grupo deve recortar as figuras de alimentos ricos em óleos e
gorduras, colar no papel cartão e fazer ilustrações.
- Materiais utilizados:
Banner com ilustrações do grupo alimentar, papel cartão, papel crepom, régua,
borracha, lápis, apontador, canetinha, tesoura, cola e diversos tipos de figuras de
alimentos.
9º ENCONTRO
Título: Açúcares e doces
Conteúdo programático
- Importância de açúcares e doces;
- Fontes alimentares;
- Quantidade de calorias e porções recomendadas segundo o guia alimentar para a
população brasileira (PHILIPPI et al., 1999).
Estratégias:
- Métodos e técnicas: exposição dialogada, banner com ilustrações, jogo.
- Nome do jogo: Criança saudável
- Número de jogadores: 2 grupos com a mesma quantidade de jogadores
- Peças do jogo: 2 Crianças de E.V.A., figuras de alimentos e caixa.
- Como jogar: Os jogadores de cada grupo formam uma fila, ao sinal, o primeiro
jogador corre, procura a figura de doces e açúcares, volta e coloca na caixinha, o
próximo jogador repete a ação e o grupo que conseguir retirar mais doces e açúcares
da caixa da criança de E.V.A. ganha o jogo.
- Materiais utilizados:
Banner com ilustrações do grupo alimentar, crianças de E.V.A., caixinhas de sapato,
figuras de alimentos, papel cartão, tesoura, cola, papel de presente e caixa de sapato.
10º ENCONTRO
Título: Alimentação saudável
Conteúdo programático:
- Leis da alimentação;
- Como montar uma refeição saudável através da escolha de alimentos saudáveis;
- Importância de cada refeição;
- Sugestões de cardápio ideal para cada tipo de refeição;
- Importância do café da manhã.
Estratégias:
- Métodos e técnicas: exposição dialogada, banner com ilustrações, jogo.
- Nome do jogo: Jogo da alimentação saudável.
- Número de jogadores: 2 a 5 jogadores
- Peças do jogo: tabuleiro, pinos, cartão de regras e dado.
- Como jogar: Cada grupo recebe um tabuleiro e escolhe uma cor de pino, o primeiro
jogador lança o dado e anda o número de casas que sair. Se cair nas casas coloridas,
pega um cartão de regras e faz o que manda o cartão. Vence quem chegar primeiro à
última casa.
- Materiais utilizados:
Banner ilustrativo, figuras de alimentos, papel cartão, tesoura, cola, canetinha, cola
colorida, glitter e papel contact.
11º ENCONTRO
Título: Vídeo sobre Alimentação Saudável
Conteúdo programático:
Vídeo com aproximadamente 25 mim sobre:
- Doki descobre – O café da manhã
- Doki descobre – O leite e seus derivados
- Doki descobre – Como se faz o pão
- Doki descobre – As frutas
- Doki descobre – Conservando a água
- Kika – De onde vem o sal?
- Kika – De onde vem o ovo?
- Conhecendo os alimentos com o Sr Banana
- Obesidade infantil (Campanha de prevenção)
Estratégias:
- Métodos e técnicas: utilização de vídeo.
- Materiais utilizados: Data show, caixa de som, vídeo sobre alimentação saudável
e notebook.
APÊNDICE F
TABELAS E FIGURAS
Tabela 1. Distribuição de escolares segundo as variáveis biológicas e
sociodemográficas nos grupos intervenção e controle. Cuiabá-MT, 2010.
Variável Grupo intervenção (n=45) Grupo controle (n=34)
N % n %
Sexo
Masculino 19 42,2 11 32,4
Feminino 26 57,8 23 67,6
Escolaridade da mãe (anos)
< 1 2 4,5 1 2,9
1 a 3 0 0 3 8,8
4 a 7 11 25,0 13 38,2
8 ou mais 31 70,5 17 50,0
Renda familiar mensal per capita (smpc)
< 0,5 26 57,8 20 58,8
0,5 a 2,99 19 42,2 14 41,2
Classificação econômica
D 13 28,9 7 20,6
C2 21 46,7 15 44,1
C1 e B1 11 24,4 12 35,3
Figura 1. Gráfico da distribuição percentual dos escolares do grupo intervenção
segundo classificação do IMC, antes e após a intervenção. Cuiabá-MT, 2010.
Figura 2. Gráfico da distribuição percentual dos escolares do grupo controle
segundo classificação do IMC, antes e após a intervenção. Cuiabá-MT, 2010.
Figura 3. Gráfico da distribuição percentual dos escolares do grupo intervenção
segundo Índice de Qualidade da Dieta, antes e após a intervenção. Cuiabá-MT, 2010.
Figura 4. Gráfico da distribuição percentual dos escolares do grupo controle
segundo Índice de Qualidade da Dieta, antes e após a intervenção. Cuiabá-MT, 2010.