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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM: ABRINDO UM ESPAÇO PARA O DEBATE COM PSICOPEDAGOGOS Por: Carla Nascimento Chaves Orientador Prof. Dr. VILSON SÉRGIO DE CARVALHO Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM: ABRINDO UM ESPAÇO

PARA O DEBATE COM PSICOPEDAGOGOS

Por: Carla Nascimento Chaves

Orientador

Prof. Dr. VILSON SÉRGIO DE CARVALHO

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM: ABRINDO UM ESPAÇO

PARA O DEBATE COM PSICOPEDAGOGOS

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Psicopedagogia.

Por:. Carla Nascimento Chaves

3EPÍGRAFE

“Cada palavra, ainda que esteja carregada de séculos, inicia uma página em branco e compromete o mundo”.

Jorge Luis Borges

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Dedico esta monografia ao meu esposo Alex Mourão por todo carinho, amor, companheirismo e incentivo.

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Agradeço primeiramente a Deus e as queridas Angela, Maria Zeneide por aturarem todo o meu mau humor durante a escrita da monografia e a Claudia Valéria, Mirna, Dione e Mariza por todo compreensão, dedicação e momentos alegres juntos. Vocês são maravilhosas!

6RESUMO

Nesta Monografia procura-se demonstrar que a dificuldade de aprendizagem em crianças desde as séries iniciais é algo preocupante para os professores e os responsáveis pela instituição na qual estão inseridas. Sendo assim, é válido citar a fundamental importância da atuação do psicopedagogo para identificar quais os fatores ocasionam déficit, visando à melhora na qualidade de ensino e maior interesse do aluno para as habilidades escolares. O estudo sobre o conceito de aprendizagem, caracteriza-se pelo resultado da estimação do ambiente sobre o indivíduo já maduro, que se expressa, sob forma de uma mudança de comportamento em função da experiência. As crianças com dificuldade de aprendizagem são normalmente descritas pelos pais e professores como “desatentas, agitadas e impossíveis”, que evidenciam quase sempre sinais de instabilidade emocional e dependência. Nos estudos atuais constata-se que a instabilidade emocional é uma das características que tem sido mais referida nas crianças com dificuldades de aprendizagem. Muito sensíveis e vulneráveis, elas tendem a freqüentes mudanças de humor e temperamento que refletem em problemas de concentração e atenção. Ao dissertar sobre “Dificuldades de Aprendizagem”, procura-se através de vivências junto aos grandes educadores demonstrar que existem vários caminhos e que os citados neste trabalho são os mais viáveis e suscetíveis de sucessos. É importante repensar, a todo o momento, o papel da escola, no que diz respeito à inserção do aluno na comunidade de leitores e escritores. Esta questão vem sendo cotidianamente refletida e discutida com os professores do ensino fundamental e pelos psicopedagogos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 08

CAPÍTULO I – O ERRO CONSTRUTIVO E A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM...............................................................................................................

1.1- As teorias psicogenéticas em discussão............................................................................................................................

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CAPÍTULO II – DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: UM BREVE ESCLARECIMETO PARA OS PROFESSORES................................................................................................

2.1 - Definição de D.A.........................................................................................................

2.2 - Características das crianças com D.A........................................................................

2.3 - Problemas de Atenção................................................................................................

2.4 - Problemas Perceptivos...............................................................................................

2.5 - Problemas Emocionais...............................................................................................

2.6 - Problemas de Memória...............................................................................................

2.7 - Problemas Cognitivos.................................................................................................

2.8 - Problemas Psicolingüísticos.......................................................................................

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CAPÍTULO III – DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM: AVALIAÇÃO DOS DESVIOS DA APRENDIZAGEM...............................................................................................................

3.1 – Prováveis causas de alguns distúrbios de aprendizagem.........................................

3.2 – Distúrbios da motricidade ampla e fina......................................................................

3.3 – Distúrbios na coordenação visomotora......................................................................

3.4 – Problemas de lateralidade e direcionalidade.............................................................

3.5 – Problemas de Fala.................................................................................................... ...

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CAPÍTULO IV – DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM, QUESTÃO PSICOPEDAGÓGICA?.......................................................................................................

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CONCLUSÃO...................................................................................................................... 30

BIBLIOGRAFIA................................................................................................................... 32

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INTRODUÇÃO

É de suma importância o papel dos educadores – pais e professores –

nos processos fundamentais do desenvolvimento humano.

Quando o professor ou especialista em educação passa a

compreender os processos de aprendizagem e adquire prática na aplicação

dos mesmos em situações diferentes para cada aluno o que requer uma

investigação no campo específico em que eles se manifestem.

O professor enquanto mediador do processo ensino-aprendizagem,

bem como protagonista na resolução e estudo das dificuldades de

aprendizagem deve obter orientações específicas para que desenvolva um

trabalho consciente e que promova o sucesso de todos os envolvidos no

processo.

O assunto dificuldade de aprendizagem ainda vem sendo motivo de

grande discussão no espaço escolar, pois os educadores ainda se vêem com

muita objeção em lidar com os seus alunos que tenham algum tipo de

dificuldade. É necessário que se esclareça a questão para que esses

professores se citam preparados para lidar com tal questão.

Para detectar o problema de aprendizagem na criança, é necessário

que haja um amplo trabalho do professor ou especialista junto à família da

criança para analisar situações e levantar características, visando descobrir o

que está representando dificuldade ou obstáculo para que o aluno aprenda.

Normalmente a criança que apresenta um fracasso na aprendizagem,

habitualmente é uma criança que sofre, por ser um objeto de observação e

recebe pouco ou nada no sentido de compreensão do problema em que ela

apresenta. É uma criança a aquém se esconde à informação e o conhecimento

desde o meio familiar e social do qual os profissionais mais costumam tratar da

mesma forma ao submetê-la a inúmeros exames e interrogatórios, sem dar

ocasião a que manifestam nela perguntas.

9É necessário que seja feito um trabalho conjunto entre família e escola,

pois sem dúvida, ajudará a criança a vencer as dificuldades. Diante deste

quadro, uma questão norteia a pesquisa que ora apresento, é ela: Que posição

os educadores devem ter com relação à dificuldade de aprendizagem na sala

de aula?

A partir dela foram levantados alguns pressupostos que tentamos

responder ao longo da pesquisa.

Estando a dificuldade de aprendizagem presente na vida cotidiana hoje

de alguns alunos, faz-se necessário que esta questão seja levada para as

escolas, mas com uma certa precaução, pois há aquelas famílias ainda

permanecem com obstáculos e não estão preparadas para ouvir sobre o

assunto. Sabemos que o debate do assunto gera polemica e depende da

maturidade de cada membro da família e da condução melindrosa dos

professores.

A dificuldade a que tanto me refiro, está sendo encarada pelos

professores como uma das piores discussões e serem abordadas no ambiente

escolar, pois alguns não se sentem preparados para lidarem com tal situação.

Hoje com o avanço da tecnologia que influência nossas crianças em seu

processo de aprendizagem, tornou-se necessário discutir a dificuldade de

aprendizagem dentro do ambiente escolar, pois o que era antes visto como um

simples desvio de comportamento, transformou-se uma questão bem mais

problemática nas escolas.

Portanto, abordar este assunto dentro do espaço escolar é

fundamental, para que nossos professores se citam seguros quando se

depararem com tal dificuldade.

A presente monografia tem como referencial metodológico à revisão de

literatura visando dar o alicerce teórico necessário à pesquisa. Através dos

autores mencionados na bibliografia discutimos o tema dividindo-o em

capítulos que ficaram estruturados da seguinte forma: no primeiro capítulo o

leitor encontrará um esboço da do que se refere ao erro construtivo e a

dificuldade de aprendizagem. O segundo capítulo aborda um breve

10esclarecimento de algumas dificuldades. O terceiro capítulo discute a questão

dos distúrbios e suas avaliações. O quarto capítulo trata do olhar

Psicopedagógico diante do assunto e finalmente minhas considerações finais

acerca da realização deste trabalho.

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CAPÍTULO I

O ERRO CONSTRUTIVO E A DIFICULDADE DE

APRENDIZAGEM

Vamos procurar fazer evidências sobre cada um dos aspectos do erro.

Seria de grande pretensão nossa se conseguíssemos definir por completo e

claramente cada uma das fases do erro. O que vamos tentar realizar é um

relato dos vários aspectos destacados em relação ao erro em Jean Piaget.

Quando nos referimos ao erro como pecado capital da aprendizagem,

temos que ter em mente que toda etapa de aprendizagem é acompanhada de

erros e acertos.

Não é somente na aprendizagem que cometemos erro na mais nobre

vontade de acertar, na vida também muitas vezes as coisas vão por este

caminho.

Como uma criança vai adquirir conhecimento e não a deixam tentar de

novo e outra vez e mais uma outra vez! Fazendo de seu jeito e com a presença

de um adulto no papel de educador.

Não podemos também tornar o erro intocável transformando-o em

nobreza. Para a criança isso pode ser perigoso, pois quando estamos tratando

de aprendizagem, um erro intocável pode ser confundido com um acerto.

As coisas em educação não podem ficar por isso mesmo. Esta não é a

função do educador. Cabe a cada pessoa que se dispõe a ser professor,

observar onde a criança está errando, mostrando a ela os caminhos corretos

do aprendizado.

Referindo-nos as utilidades do erro, podemos afirmar que o erro

continua importante nos processos de aprendizagem, o que está acontecendo

12é que muitas instituições educacionais interpretam a teoria piagetiana de forma

equivocada.

Muitas delas misturam o construtivismo piagetiano ao vygotskyano,

acabando por sacralizar o erro e, por conseguinte deram aos modelos de sua

prevenção, um ar de profano.

É citado também o erro construtivo. É este tipo de erro que deve

merecer um refinamento pedagógico bem mais adequado, do que sua simples

“condenação sumária”.

Hoffmann enfatiza (1997, p.79) “nem todos os erros cometidos podem

ser denominados “erros construtivos” passíveis de descobertas por elas em

termos de melhores soluções. Os erros construtivos caracterizam-se por sua

descoberta lógico - matemática. O erro só é construtivo quando a criança tem

que reestruturar seu pensamento” .

Devemos sempre, como educadores valorizar e tornar relativo às

diversas formas de erro e procurar o real significado deles.

1.1 As teorias psicogenéticas em discussão

Não poderíamos deixar de citar neste texto os conceitos que sustentam

a teoria construtivista piagetiana que são por ele descritos de: assimilação,

acomodação, equilibração e regulação.

Os estados do desenvolvimento infantil são fundamentais em Piaget. O

mesmo define-os em quatro estágios definidos: sensório motor que vai de 0

(zero) a 2 (dois) anos de idade, o pré- operatório , que tem início por volta dos

2 (dois) anos e vai até os 7 (sete) anos, o operatório-concreto que inicia –se

por volta dos 7(sete) anos e termina na pré – adolescência quando a criança

está completando 12 (doze) anos. Por último temos o operatório-formal, que é

considerado a fase que parte dos 12 (doze) anos da criança em diante.

Podemos afirmar que, segundo Jean Piaget “a evolução da inteligência

e, por conseguinte dos conhecimentos, tem como essencial fonte as

13regulações advindas de situações perturbadoras. Fica evidente nessa tese a

importância do erro na aprendizagem e no desenvolvimento”. Prosseguindo e

ainda citando Piaget, “não é suficiente que o aluno saiba que errou, é preciso

também ter elementos para avaliar a qualidade do erro”.

Se o trabalho pedagógico for organizado de tal forma que o aluno

apenas fique sabendo, pelo professor que errou, o erro perderá todo seu valor.

Tornar o erro um observável nem sempre é fácil e pede muita criatividade

pedagógica por parte dos professores. Porém se a teoria piagetiana for

satisfatória, valerá a pena.

Compreende-se, pois, que o erro é resultante de uma contingência

histórica radical. Não há processo de conhecimento sem erro. O erro é parte

constitutiva da aprendizagem e do desenvolvimento cognitivo. Tentar impedir

de todas as formas que o aluno erre, equivale a obstruir o processo de

sucessivas aprendizagens. É o mesmo que impedir que o aluno construa os

instrumentos indispensáveis ao seu pensar.

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CAPÍTULO II

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: UM

BREVE ESCLARECIMENTO PARA OS

PROFESSORES

2.1 - Definição de Distúrbio de Atenção

Este é um termo em que se refere a um grupo de desordens

manifestadas por dificuldades na aquisição e utilização da audição, fala, leitura,

escrita ou do raciocínio matemático.

Para alguns estudiosos nem sempre os professores de crianças ditas

normais fazem um encaminhamento especial para aqueles que apresentam

certo problema. Pode-se dizer que por mais eficientes que sejam os

professores e as pedagogias implantadas, a D.A. não desapareceu e nem se

extinguiu.

A criança com D.A. não é deficiente, mas apresenta certo déficit

específico de aprendizagem. Ela não é uma criança normal em alguns

aspectos, mas atípica em outros, ela simplesmente aprende de uma forma

diferente das demais.

Mais de cem comportamentos específicos já foram identificados, no

entanto, os dez mais freqüentes, são:

- Hiperatividade;

- Problemas psicomotores;

- Labilidade emocional;

- Problemas gerais de orientação;

- Desordens de atenção;

15- Impulsividade;

- Desordem na memória e no raciocínio;

- Dificuldades específicas (dislexia, disgrafia, disortografia e

discalculia);

- Problemas de audição e de fala:

- Sinais neurológicos equívocos.

De acordo com os autores BASTOS; THOMPSON; MARTINEZ (2000)

há algum tempo atrás, pensava-se que os sintomas desse problema

diminuiriam quando a criança entrasse na adolescência, mas pesquisas

mostram que a maioria das crianças chegam a maturidade com um padrão de

problemas muito similar aos da infância.

Os jovens e crianças com D.A. são identificados com base em critérios

pedagógicos, através de pareceres e avaliações médicas tradicionais,

consideradas padrões, que não levam para uma revolução ou conversão.

Outros alunos nem mesmo chegam a ser identificados, eles são aprovados de

uma série para outra sem que se trabalhem suas dificuldades ou permanecem

por um bom tempo na mesma série.

Esses alunos muitas vezes acabam sendo excluídos das classes de

apoio, porque professores afirmam que não tem condições de recuperação.

2.2 - Características das crianças com D. A

A criança com D.A. não pode ser confundida com uma que seja

portadora de deficiência mental, porque não possui inferioridade intelectual por

completo.

Usualmente revelam-se crianças inteligentes, embora apresentem

dificuldades na escola. Invertem letras como d por b, u por n; número 6 por 9;

não aprendem seqüências dos dias da semana, dos meses ou estações do

16ano; estão sempre fazendo atividades, não se concentram, não param de

falar; são muito teimosas e distraídas.

Apresentam mais alguns problemas como: esforça-se para aprender,

mas não conseguem, perdem objetos, atrapalham-se para falar, coordenam

com dificuldades seus movimentos, sabem muitas coisas, mas não aprendem a

ler nem escrever, entre outras coisas.

2.3 - Problemas de Atenção

Muitas crianças apresentam dificuldades em fixar a atenção,

dispersam-se com facilidade, não mantém por muito tempo as funções abertas

e em vigilância.

Essas crianças apresentam normalmente problemas de seleção

quando dois ou mais estímulos estão presentes.

2.4 - Problemas Perceptivos

Os problemas encontrados mais comumente são os visuais e os

auditivos. A percepção subentende a capacidade de extrair o significado

daquilo que o estimula, aprendizado, esta estimulação se realiza através do

feedback.

O reconhecimento dos objetivos depende de sua manipulação que

juntamente irá trabalhar o processo receptivo motor.

A aprendizagem exige a integridade das nossas modalidades

sensoriais e a visão é mais importante canal de aprendizagem. Já a audição, é

contínua e ininterrupta, por mais que a criança não esteja vendo ela está

ouvindo sobre o que fala.

Uma criança que apresenta D.A. na área da audição pode não

discriminar letras, palavras ou frases.

17Quando na escola é detectado algum problema desse tipo, as crianças

são logo encaminhadas para especialistas.

2.5 – Problemas Emocionais

As crianças com D.A, são descritas pelos pais e professores como

instáveis emocionalmente, são dependentes, tem dificuldades no

relacionamento com outras crianças.

Elas mostram-se inseguras e sua afetividade é instável, manifestando-

se por ansiedades, agressividade, tensão, regressão, oposição, narcisismo,

negativismo, exclusão, rejeição, perseguição e de abandono. Insucessos

repetidos as levam a uma resistência em aprender. Como afirma GOLDSTEIN

(1994) muitos desses problemas de conduta acontecem com crianças,

principalmente, pela falta de habilidades dos pais e professores.

É notório que as crianças que apresentam problemas emocionais, têm

a obter fracos resultados escolares, por isso é de extrema necessidade que o

professor tenha consciência que este aluno precisa ser valorizado, que o

professor se mostre interessado pelo mesmo, que seja amigo e lhe demonstre

confiança para ajudá-las nas dificuldades. Faz-se necessária a importância de

valorizar essas crianças para que mais tarde por apresentarem desajustamento

social se tornem delinqüentes.

2.6 - Problemas de Memória

A memória é o processo de reconhecimento daquilo que foi

armazenado em nosso cérebro. As funções de atenção e compreensão estão

relacionadas com a memória.

Existem três processos básicos de memórias que são conhecidos:

18- Memória de curto termo ou imediata: tem função de atenção e

de discriminação das mudanças que ocorrem no ambiente;

- Memória de médio termo: faz a relação entre as informações já

armazenadas com àquelas que estão sendo adquiridas no momento;

- Memória de longo termo: armazena as informações

organizadas e selecionadas para serem utilizadas no futuro.

É característica da criança com D.A. esquecer aquilo que lhe foi

ensinado, porque se pode dizer que ela não assimilou o que aprendeu.

2.7 – Problemas Cognitivos

As aprendizagens simbólicas como leitura, escrita e o cálculo envolvem

processos muito complexos.

O processo da leitura compreende o uso da atenção, da percepção

visual, da memória e de fala. Se um desses processos estiver com problemas

comprometerá toda a leitura.

Fazem parte da capacidade cognitiva à atenção, percepção, emoção,

memória e a lingüística; esses fatores são de forma rápida e eficaz.

2.8 – Problemas Psicolingüísticos

Estudos apontam que existe relação entre o processo psicolingüístico e

as desordens da linguagem falada e escrita.

Esses problemas ocorrem devido à má compreensão do significado de

palavras, frases, histórias, diálogos ou conversa telefônicas.

As crianças com D.A. apresentam dificuldade em associar palavras

faladas com sua imagem, outras que apresentam problemas na linguagem

escrita, porque as duas estão relacionadas.

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CAPÍTULO III

DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM:

AVALIAÇÃO DOS DESVIOS DA

APRENDIZAGEM

Todos os seres humanos apresentam limitações nesta ou naquela

habilidade e praticamente ninguém é proficiente em absolutamente tudo, mas

dependendo da cultura em que se nasce e da escola que se freqüenta, as

nossas inabilidades são consideradas irrelevantes e, assim, somos rotulados

como “normais”, enquanto outros, por falta de sorte, ainda que extremamente

habilidosos nesta ou naquela ação, recebem o rótulo de “anormais” porque não

desenvolve plenamente o domínio da leitura, da compreensão de mensagens,

da capacidade de cálculo, do raciocínio matemático ou, ainda, a audição, a fala

ou a expressão escrita.

Muitas crianças chegaram até nós como, “portadores

de deficiência de aprendizagem” ou como “carenciados

culturais” que necessitam de estimulação de habilidades e são

considerados como “pré-requisitos” podemos afirmar que em

sua grande maioria, essas crianças, longe de aprendizagem ou

de serem carentes culturais; estão sofrendo as conseqüências

de políticas econômicas sociais e educacionais que impedem de

ter acesso a certos bens culturais dentre elas a escrita. (ZORZI,

2003, p. 10)

Muitas vezes uma criança apresenta dificuldades de leitura e

compreensão de um texto, pelo infortúnio de apresentar disfunções somente

notadas no ambiente cultural em que nasceu.

203.1 – Prováveis causas de alguns distúrbios de aprendizagem

Quando a aprendizagem não se desenvolve conforme o esperado para

a criança, para os pais e para a escola ocorre a “dificuldade de aprendizagem”.

É necessário à identificação do problema, esforço, compreensão, colaboração

e flexibilização de todas as partes envolvidas no processo: criança, pais,

professores e orientadores.

No entanto, o que se vê normalmente é a criança desestimulada,

achando-se “burra”, sofrendo, os pais sofrendo, pressionando a criança e a

escola, pulando de escola em escola, e esta pressionando a criança e os pais,

todos insatisfeitos.

É necessário o reconhecimento do problema por um profissional

adequado, com treino específico da dificuldade a fim de que a criança supere

suas dificuldades, com esforço, colaboração da família e da escola em conjunto

acompanhando as etapas de evolução da criança.

O ensino da Língua Portuguesa na escola tem sido quase sempre,

voltado para a aprendizagem da escrita e para o domínio dos conceitos

gramaticais. É um dos objetivos mais importantes dos professores das séries

iniciais o ensinar o aluno a escrever.

A escrita é mais cuidadosa que a fala e, portanto, mais permanente e

torna mais evidente os problemas que se constituem distúrbios de grafia:

disortografia ou disgrafia.

Disgrafia, afirmam Monteiro & Oliveira (1993), acontece quando: a

criança lê e compreende o texto, mas não consegue escrever; alinha as letras

ao acaso e chega a uma mistura de letras e palavras irreconhecíveis. Ex.: a

criança é capaz de repetir e comentar o texto, mas não o escreve, apesar de

apresentar o nível mental normal.

Compreende-se, que a disgrafia relaciona-se, portanto, a dificuldades

motoras e espaciais. Torna-se necessária entender que uma criança em

processo de construção da escrita naturalmente apresenta dificuldades no

21traçado das letras, até dominá-lo corretamente. Durante esse período, o

professor deverá orientar os alunos a realizarem adequadamente a escrita para

evitar a permanência de traçados incorretos e, conseqüentemente a disgrafia.

Pode-se apontar como causas prováveis da disgrafia:

a) os distúrbios de motricidade ampla e especialmente

fina;

b) o distúrbio de coordenação visomotora;

c) a deficiência da organização temporoespacial;

d) os problemas de lateralidade e direcionalidade;

e) o erro pedagógico.

3.2 – Distúrbios da motricidade ampla e fina

Observa-se que, mesmo em crianças de nível intelectual médio ou

elevado, existe um determinado potencial ou certo conjunto de habilidades não-

desenvolvidas.

Na escola, geralmente ela estará sujeita a mau rendimento, a um

desempenho medíocre, apesar da sua boa capacidade intelectual.

Para que ela adquira os mecanismos da escrita, além da necessidade

de saber orientar-se no espaço (motricidade ampla), deve ter consciência de

seus membros, e saber fazer agir, independentemente, o braço em relação ao

ombro, a mão em relação ao braço e ter a capacidade de individualizar os

dedos (motricidade fina) para pegar o lápis ou a caneta e riscar, traçar,

escrever, desenhar o que quiser.

3.3 - Distúrbios na coordenação visomotora

22A coordenação visomotora está presente sempre em um movimento

dos membros superiores ou inferiores ou de todo o corpo responde a um

estímulo visual de forma adequada.

Ao traçar uma linha, por exemplo, a criança, ao mesmo tempo em que

segue, com os olhos, a ação de riscar, deve ter em mira o alvo a atingir. Isso

implica sempre ter atenção a algo imediatamente posterior à ação que está

realizando no instante presente.

A criança com problemas de coordenação visomotora não consegue,

por exemplo, traçar linhas com trajetórias pré-determinadas, pois, apesar de

todo esforço, a mão não obedece ao trajeto previamente estabelecido.

3.4 – Problemas de lateralidade e direcionalidade

Sabe-se que os distúrbios de motricidade manifestam-se,

principalmente, por meio dos gestos imprecisos, dos movimentos

desordenados, da postura inadequada, da lentidão excessiva. Entre as

crianças com dificuldades motoras, muitas podem apresentar problemas

relativos à lateralidade e que podem provocar ou ser provocados por

perturbações do esquema corporal, pela má organização do espaço em

relação ao próprio corpo ou, ainda, por desarranjos de ordem afetiva.

As perturbações da lateralidade podem apresentar-se de várias

maneiras:

• lateralidade mal-estabelecida – caracteriza-se pela não-definição da

dominância, em especial, da mão direita ou esquerda.

Uma dominância não claramente definida pode ser também, causa de

certas dificuldades, como, por exemplo, inversão de letras na leitura e/ ou na

escrita, confusão de letras de grafismos (traçados) parecidos, mas com

orientação espacial diferente (por exemplo, b/ p – bato/ pato). O que

conhecemos como escrita espelhada também pode ser decorrência da

lateralidade mal-estabelecida (b/ p) – bato/ pato);

23

• sinistrismo ou canhotismo – é a dominância do uso da mão esquerda.

Na verdade, um canhoto pode escrever com a mesma destreza e facilidade de

um destro. Porém, para chegar aos mesmos resultados, a criança canhota

deve percorrer uma série diferente de movimentos e de ajustamentos motores.

• lateralidade cruzada – caracteriza-se pela dominância da mão direita

em conexão com o olho esquerdo, por exemplo, ou da mão esquerda com o

olho direito. Esse tipo de lateralidade heterogênea – olho/ mão – tem sido

pesquisado por muitos estudiosos do tema, que, apesar dos esforços, têm

chegado a conclusões divergentes.

• sinistrismo ou canhotismo contrariado – a dominância da mão

esquerda contraposta ao uso forçado e imposto da mão direita pode

comprometer a eficiência motora da criança, na orientação em relação ao

próprio corpo e na estruturação espacial.

3.5 - Problemas de Fala

Outros distúrbios que interferem no desenvolvimento do aluno durante

o processo de aprendizagem além da disgrafia são: dislalia, dislexia, disartria,

disfasia ou afasia, dislogia, disfemia e disfonia.

Dislalia consiste na má pronúncia das palavras, seja omitindo ou

acrescentando fonemas, trocando um fonema por outro ou ainda distorcendo-

os. A falha na omissão das palavras pode ainda ocorrer a nível de fonemas ou

de sílabas. Assim sendo, os sintomas da Dislalia consiste em omissão,

substituição ou deformação dos fonemas.

Dislexia são distúrbios na leitura e na escrita, cuja freqüência tem

vindo a aumentar progressivamente. As dificuldades no aprendizado vão desde

a incapacidade de aprender a ler e a escrever – em se tratando de crianças

inteligentes – até a troca de fonemas.

24Disartria consiste na dificuldade de articular as palavras, normalmente

resultante de paresia, paralisia ou ataxia dos músculos que intervêm nesta

articulação. A perturbação é mais acentuada quando se trata de pronunciar as

consoantes labiais e linguais, as quais são omitidas ao dizer as palavras, ou a

pessoa titubeia ao pronunciá-las. A alteração torna-se mais evidente quando se

utilizam as frases de prova, como por exemplo, pedindo à pessoa que

pronuncie “sou caricaturista, vou caricaturar-me no caricaturista”, ou “artilheiro

de artilharia”, “ministro plenipotenciário”. Assim, a Disartria acaba sendo

sempre conseqüência de alteração neurológica e, normalmente, as pessoas

portadoras de lesões suficientes para produzir a Disartria acabam por mostrar

outras alterações ao exame clínico.

Disfasia ou Afasia - consiste em uma lesão cerebral de extensão

limitada interessando o hemisfério esquerdo de uma pessoa dextra poderá

fazê-la perder a capacidade de utilizar a linguagem como meio de comunicação

e como meio de representação simbólica: o indivíduo não poderá se exprimir

oralmente ou por escrito de uma forma inteligível; ele não mais decifra as

mensagens que recebe sob a forma de linguagem falada e escrita.

A afasia pode ser entendida como uma perturbação da linguagem

caracterizada pela perda parcial ou total da faculdade de exprimir os

pensamentos por sinais e de compreender esses sinais. Alguns autores

referem à afasia como sendo a perda de memória dos sinais pelos quais se

realiza a troca de idéias. De qualquer forma, o fato dominante na Afasia é a

incompreensão da palavra falada e a impossibilidade, em grau variável, de ler

ou de escrever.

Dislogia são alterações na expressão verbal causadas por distúrbios

psicopatológicos. Caracteriza-se pelo desequilíbrio entre as palavras falada e

escrita, com ausência de conteúdo lógico na fala.

Disfemia são perturbações no ritmo da voz, como a gagueira ou a

taquifemia; é uma desordem da comunicação humana. Gaguejar é pronunciar

com hesitação e sem clareza de sons. É falar com repetições, hesitar na fala,

bloquear as palavras. É o resultado da reação de luta interior do indivíduo que

25fala. É uma desordem da expressão verbal, uma falha na fluência sem que haja

uma anormalidade nos órgãos fonadores.

Não há uma causa orgânica, e geralmente as disfemia são causadas

por uma intensa problemática emocional.

Disfonia são alterações da fala como a rouquidão, a voz fanhosa e a

voz de falsete. As causas podem ser orgânicas e funcionais, no aparelho

fonador, e emocionais.

Assim compreende-se que estimular a fala da criança deve ser a meta

permanente. O mundo verbal em que a criança vive faz com que seja motivada

a fazê-lo crescer. Sabe-se que a voz transporta a mensagem emocional, a

palavra acarreta a mensagem intelectual.

O homem alcançou a linguagem que sua extraordinária evolução lhe

permitiu. Projetar-se no futuro, abstrair, combinar sons. O homem nasce com a

voz, à palavra deve ser aprendida. Aprendendo a falar, o ser se coloca

realmente dentro do mundo.

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CAPÍTULO IV

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM, QUESTÃO

PSICOPEDAGÓGICA?

Considerando a escola responsável por grande parte da formação do

ser humano, o trabalho psicopedagógico na instituição escola tem como caráter

preventivo no sentido de procurar criar competências e habilidades para

solução dos problemas com esta finalidade e em decorrência do grande

número de crianças com dificuldade de aprendizagem e de outros desafios que

englobam a família e a escola, a intervenção psicopedagógica ganha,

atualmente, espaço nas instituições de ensino.

Durante muito tempo, a criança com dificuldades de aprendizagem, era

encaminhada a um especialista para confirmar sua “normalidade”. Conforme

fosse o resultado desse diagnóstico, a criança era encaminhada para classes

ou escolas especiais que ofereciam um ensino diferenciado, contudo todo esse

processo de deslocamento conseqüentemente também vinha de encontro com

um processo de desmotivação por parte da criança, tendo em vista ser

necessário um novo processo de adaptação a uma nova estrutura educacional,

a novas relações humanas com os colegas, enfim, a todo retrocesso do intuito

de sanar a dificuldades apresentadas pelo aluno.

Quando professores e educadores têm uma reflexão psicopedagógica

é mais fácil analisar o porquê do seu aluno não aprender e quais os fatores que

levam o aluno a ter dificuldades no processo de aprendizagem. Muitas das

vezes os mesmos tendem a procurar um culpado para isso tudo, e o maior

crucificado é o meio familiar em que o aluno vive por sua postura e

comportamento. Sempre há uma desculpa dos fatores que levam o aluno a ter

dificuldades. Preguiça, lentidão ou apenas falta de atenção ou de interesse são

algumas delas, que muitas das vezes são usadas pelos educadores como

forma de tirar de suas costas a responsabilidade, no entanto, essas desculpas

tendem a contribuir para o agravamento dessas dificuldades, deixando o aluno

27cada vez mais desmotivado a aprender. Essa necessidade da existência de

quem ensina e de quem aprende é fator importantíssimo no processo

educacional, pois é através dessa consciência que ambos, educador e aluno

constroem vínculos indispensáveis para a aprendizagem. É inegável que o

processo ensino-aprendizagem é um processo construído

sociointeracionalmente, entre ensinante-aprendente-meio, a fim de que todos

os componentes possam desfrutar do processo cognitivo, que é o processo de

aprendizagem. É importante ressaltar a psicopedagogia como complemento,

que é a ciência nova que estuda o processo de aprendizagem e dificuldades,

muito tem contribuído para explicar a causa das dificuldades de aprendizagem,

pois tem como objetivo central de estudo o processo humano do conhecimento:

seus padrões evolutivos normais e patologias bem como a influência (família,

escola, sociedade) no seu desenvolvimento Scoz (1992).

O psicopedagogo assume papel relevante na abordagem e solução

dos problemas de aprendizagem. Não procura culpados e não age com

indulgência. De acordo com Bossa (2000), “é comum, na literatura, os

professores serem acusados de si isentarem de sua culpa e responsabilizar o

aluno ou sua família pelos problemas de aprendizagem”, mas há um processo

a ser visto, às vezes, os métodos de ensino tem que ser mudados, o afeto, o

amor, a atenção, isto tudo influi muito na questão. Nesse caso, o

psicopedagogo procura avaliar a situação da forma mais eficiente e proveitosa.

É importantíssimo ressaltarmos toda contribuição da Psicopedagogia,

promovendo uma análise mais aprofundada de tudo relativo à aprendizagem

proporcionando uma reinterpretação do verdadeiro fator que leva às

dificuldades de aprendizagem, reconhecendo-se que essas dificuldades fazem

parte de um sistema bio-psico-social que envolve a criança, a família, a escola

e o meio social em que vive.

Enfim, diante do baixo desempenho acadêmico, as escolas estão cada

vez mais preocupadas com os alunos que têm dificuldades de aprendizagem,

não sabem mais o que fazer com as crianças que não aprendem de acordo

com o processo considerado normal e não possuem política de intervenção

capaz de contribuir para a superação dos problemas de aprendizagem.

28 Neste contexto, o psicopedagogo institucional, como um profissional

qualificado, está apto a trabalhar na área de educação, dando assistência aos

professores e a outros profissionais da instituição escolar para a melhoria das

condições do processo ensino-aprendizagem, bem como para prevenção dos

problemas de aprendizagem. Por meio de técnicas e métodos próprios, o

psicopedagogo possibilita uma intervenção psicopedagógica visando à solução

de problemas de aprendizagem em espaços institucionais. Juntamente com

toda a equipe escolar, está mobilizado na construção de um espaço adequado

às condições de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos. Elege a

metodologia e/ou a forma de intervenção como o objetivo de facilitar e/ou

desobstruir tal processo. Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro

da instituição escolar relacionam-se de modo significativo. A sua formação

pessoal e profissional implicam a configuração de uma identidade própria e

singular que seja capaz de reunir qualidades, habilidades e competências de

atuação na instituição escolar.

A psicopedagogia é uma área que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Acreditamos que, se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades, o

número de crianças com problemas seria bem menor. Não devemos tratar das

Dificuldades de aprendizagem como se fossem problemas insolúveis, mas,

antes disso, como desafios que fazem parte do próprio processo da

Aprendizagem, a qual pode ser normal ou não-normal. Também parece ser

consensual a necessidade imperiosa de se identificar e prevenir o mais

precocemente possível as Dificuldades de aprendizagem, de preferência ainda

na pré-escola.

Para Bossa (2000), o psicopedagogo tem muito que fazer na escola:

Sua intervenção tem um caráter preventivo, sua atuação inclui:

• orientar os pais;

• auxiliar os professores e demais profissionais nas questões

pedagógicas;

29• colaborar com a direção para que haja um bom entrosamento

em todos os integrantes da instituição e;

• principalmente socorrer o aluno que esteja sofrendo, qualquer

que seja a causa.

São inúmeras as intervenções que o psicopedagogo pode ajudar os

alunos quando precisam, e muitas coisas podem atrapalhar uma criança na

escola, sem que o professor perceba, e é o que ocorre com as maiorias das

crianças com dificuldades de aprendizagens, e às vezes por motivos tão

simples de serem resolvidos. Problemas familiares, com os professores, com

os colegas de turma, no conteúdo escolar, e muitos outros que acabam por

tornar a escola um lugar aversivo, e o que deveria ser um lugar prazeroso.

Em suma o psicopedagogo atinge seus objetivos quando, tem a

compreensão das necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abre

espaço para que a escola viabilize recursos para atender às necessidades de

aprendizagem. Desta forma o psicopedagogo institucional passa a tornar uma

ferramenta poderosa no auxílio da aprendizagem.

30

CONCLUSÃO

“A Orientação é um dos conhecimentos na

rede de conhecimentos no mundo da educação”.

Mirian P. S. Zippin Grinspun

Ao término da pesquisa realizada, foi possível concluí ter sido de suma

importância estudar sobre a “Dificuldade de Aprendizagem: abrindo um espaço

para o debate com Psicopedagogos”.

Através da leitura da bibliografia selecionada, compreende-se que

existe realmente um longo caminho para se percorrer com relação às

dificuldades de aprendizagem.

Compreende-se que um fator de extrema relevância para o

Psicopedagogos/Professores, é a tomada de consciência de seu papel nesse

contexto. É necessário que seja desmistificado tal fator, para que as crianças

se apropriem da real função da língua e de seus usos.

O papel do professor é fundamental, uma vez que supostamente ele

sabe o que as crianças precisam para evoluírem em suas construções e

avançarem em suas hipóteses. Logo, a sala de aula deve ser um ambiente

dinâmico, envolvente, catalizador dos interesses e desejos dos alunos que

estão ansiosos para aprender. Como foi evidenciado no primeiro capítulo, o

professor deve compreender que o seu trabalho vai muito além de levar o seu

aluno ao domínio mecânico do gráfico. Deve desenvolver um trabalho com a

linguagem em seu uso efetivo, coerente, superando atividades mecânicas.

Estando, também, sempre atento às dificuldades que podem surgir durante o

processo da aprendizagem.

O Psicopedagogo tem o papel de mediador neste contexto,

promovendo um trabalho de estudo e reflexão, colaborando juntamente com o

docente e a através da parceria família/escola para resolução das dificuldades

e formação da cidadania crítica do aluno.

31Conclui-se que o trabalho do Psicopedagogo não se apresenta na

escola como um serviço “isolado”, para apenas resolver situações de fracasso

escolar, mas como parte de um projeto político pedagógico que deverá

acontecer realmente onde todos devem ser responsáveis pelo bom ou mau

andamento deste. O seu trabalho, portanto, é bastante abrangente e de grande

importância para o bom funcionamento da unidade escolar, promovendo a

integração entre todos os setores desta mesma visando o sucesso do elemento

mais importante: o educando.

32

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