UNIGRANRIO...Castro Alves, Espumas Flutuantes “Ensinar a aprender, a se construir ou a se...
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Universidade do Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy”
UNIGRANRIO
Cátia Regina França de Sousa Gaião e Silva
Professor Presencial versus Professor-Tutor –
Conhecimentos, Habilidades e Atitudes do Profissional na Área Educacional
Rio de Janeiro
2011
2
Cátia Regina França de Sousa Gaião e Silva
Professor Presencial versus Professor-Tutor –
Conhecimentos, Habilidades e Atitudes do Profissional na Área Educacional.
Dissertação apresentada à Universidade do
Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy” como
parte dos requisitos parciais para obtenção do grau
de Mestre em Administração.
Área de concentração: Gestão Organizacional
Orientador: Prof. Alexandre Mendes Nicolini
Rio de Janeiro
2011
3
CATALOGAÇÃO NA FONTE/BIBLIOTECA – UNIGRANRIO
“Este trabalho reflete a opinião do autor, e não necessariamente a da Associação
Fluminense de Educação – AFE. Autorizo a difusão deste trabalho.”
S586p Silva, Cátia Regina França de Sousa Gaião e.
Professor Presencial versus Professor –Tutor: Conhecimentos,
habilidades e atitudes do profissional na área educaional / Cátia Regina
França de Sousa Gaião e Silva. - 2011.
154 f. : il. ; 30 cm.
Monografia (mestrado em Administração) – Universidade do
Grande Rio Professor “José de Souza Herdy”, Escola de Ciências Sociais
Aplicadas, 2011.
“Orientador: Profº. Alexandre Mendes Nicolini”.
Bibliografia: 131 - 140
1. Administração. 2. Educação à distância. 3. Competência Profissional 4. Docentes 5. Educadores - Tutores. I. Nicolini, Alexandre Mendes. II. Universidade do Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy”. III. Título.
CDD – 658
4
Cátia Regina França de Sousa Gaião e Silva
Professor Presencial versus Professor-Tutor –
Conhecimentos, Habilidades e Atitudes do Profissional na Área Educacional.
Dissertação apresentada à Universidade do
Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy” como
parte dos requisitos parciais para obtenção do grau
de Mestre em Administração.
Área de concentração: Gestão Organizacional
Aprovado em ______ de ___________________ de _________.
Banca examinadora
____________________________________
Prof. Alexandre Mendes Nicolini
Universidade do Grande Rio
____________________________________
Prof. Angilberto Sabino de Freitas
Universidade do Grande Rio
____________________________________
Profa. Paula Chies Schommer
Universidade do Estado de Santa Catarina
5
Dedico esse trabalho ao meu marido
Everaldo, meus filhos Mariana e Pedro
Paulo e meu neto Daniel. A Deus, meu
eterno amor e gratidão por tê-los em minha
vida.
6
Agradecimentos
Meu maior agradecimento é para meu Senhor e Salvador JESUS CRISTO,
Deus Eterno, que está no controle da minha vida e tem-me feito mais que
vencedora.
Meus pais amados, Abel (in memoriam) e Elisabete, sem vocês eu não
existiria. Obrigada por ser filha de vocês e pelo amor e educação que me
proporcionaram, pois tenho enraizado em meu ser os valores que a mim foram
ensinados.
Minha família amada, Everaldo, Mariana, Pedro Paulo e Daniel, se eu
pudesse em uma única frase dizer o que Deus pôde proporcionar-me nessa vida
que valha a pena viver, eu digo que é ter vocês até o fim!!!
À minha amiga, irmã em Cristo e colega de trabalho Leila Mara Mello, que
foi incansável durante a elaboração desse trabalho, ajudando-me, orientando-me e
dando-me uma força que só pode ter vinda de Deus.
À minha amiga e irmã em Cristo Carolina Garcia, que foi um canal da
direção de Deus na minha vida, quando pleiteou por mim uma vaga para a Área
Educacional.
Aos meus amigos e irmãos em Cristo, Jandira e Rocha, Celúcia e Pr. Jorge
(in memoriam), por todas as orações intercessórias.
À minha diretora, Vilma Tupinambá, que tem sido um exemplo de dirigente
excepcional sem deixar que o cargo lhe furte o gênero feminino e que me tem dado
oportunidades de desenvolver um trabalho competente.
Ao meu orientador Alexandre Mendes Nicolini, que Deus o recompense pela
ajuda e orientações recebidas.
Aos componentes da banca de defesa composta pelos professores
Angilberto Freitas e Paula Schommer.
Aos meus professores do mestrado, João Felipe Sauerbron, Alexandre
Bento, Rodrigo Zeidan, Maria Gracinda, Isabel Cerchiaro e Rejane Prevot por todo
conhecimento que me auxiliaram a adquirir.
7
Aos meus colegas da turma de mestrado, Alvanei, Karla, Rita, Ronaldo,
Marluce, Teresa, Cláudio, Valeriana, Paula, Marcio, Celina, Fábio, Luciana Salermo,
Luciana Fontes, Ricardo Laino, Ricardo Otsuka e Vanessa que, em muitas ocasiões,
deram força a mim, para continuar este curso, assim como, todos demos força uns
aos outros durante este período de novos aprendizados.
A todos vocês, desejo que Deus abençoe-os e guarde-os, que Deus faça
resplandecer o Seu rosto sobre vós e tenha misericórdia de vós, que o Senhor sobre
vós levante o Seu rosto e vos dê a paz. Amém.
8
O meu povo está sendo destruído
porque lhe falta o conhecimento.
Bíblia Sagrada, Oséias 4:6
Bendito o que semeia
Livros... Livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n’alma
É germe – que faz a Palma,
É chuva – que faz o Mar.
Castro Alves, Espumas Flutuantes
“Ensinar a aprender, a se construir ou a se reconstruir: eis o
papel do educador. Todo o progresso na educação está na
construção do espírito e não em sua domesticação”
Japiassu
9
SILVA, Cátia Regina França de Sousa Gaião e
Professor Presencial versus Professor-Tutor – Conhecimentos, Habilidades e
Atitudes do Profissional na Área Educacional.
RESUMO
A Educação a Distância (EaD) revigorou-se nesta última década em função do
surgimento das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) mediadas
por computadores em rede, mais precisamente com a popularização da Internet.
Entretanto, é de suma importância para o sucesso do processo ensino-
aprendizagem a forma ideal no estabelecimento da relação professor-aluno,
considerado relevante para o bom aproveitamento escolar. Para entender o papel do
professor neste contexto, torna-se imprescindível a definição do papel docente e o
estabelecimento das diferenças e/ou complementaridades entre a modalidade de
educação a distância e ensino presencial. Por isso, o presente trabalho tem por
objetivo verificar se as competências do professor-tutor e do professor presencial
são as mesmas ou se diferenciam conforme o ambiente de ensino-aprendizagem
escolhido na atuação em um Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Recursos
Humanos na modalidade EaD e Presencial em uma universidade privada do
município do Rio de Janeiro. Neste contexto, os conhecimentos, habilidades e
atitudes do professor presencial e do professor-tutor, serão analisados objetivando,
especificamente, investigar a diferença do papel do professor presencial e papel do
professor-tutor; se os conhecimentos, habilidades e atitudes são diferentes para o
professor tutor e para o professor presencial e as diferenças na qualificação formal
para o exercício docente para o professor-tutor e o professor presencial. Assim, a
questão problema que motivou a realização do trabalho é a seguinte: “Quais as
competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) apresentadas pelos docentes
de um Curso Superior na modalidade a distância?”. De forma implícita na questão
problematizadora proposta está a hipótese de que há diferença no desenvolvimento
das competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) entre o professor-tutor e
10
professor presencial. No aspecto social e educacional, este estudo será relevante,
porque ao apontarmos as competências, habilidades e atitudes necessárias ao
professor, acredita-se que o estudo contribuirá para um melhor desempenho do
professor-tutor. Para a realização desta pesquisa foi utilizado como técnica de
análise os mapas de associação de ideias. Os sujeitos que participaram dessa
investigação foram professores presenciais e professores-tutores que atuam, tanto
no ensino presencial quanto no ensino a distância, em uma IES da rede privada na
cidade do Rio de Janeiro no Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Recursos
Humanos. O instrumento de coleta de dados empregado nesta pesquisa foi a
entrevista semiestruturada e o método de análise foi qualitativo.
Palavras-chave: Educação a distância, Competências, Professor presencial e
Professor-tutor.
11
SILVA, Cátia Regina França de Sousa Gaião e
Actual Professor versus Tutorial Professor – Knowledge, Abilities and Attitudes of the
professional in the educational area.
ABSTRACT
Distance Learning (ODL) grew strong in this last decade in function, mainly, of the
sprouting of the new technologies of communication mediated by net - necessarily,
with the Internet becoming common. The change is not small: new educational
methods appear as new conceptions of didactic material, new relationships among
human beings and new relations with the knowledgement. However, the relation
professor-pupil is of the utmost importance for the success of the teach-learning
process considered excellent determining the good pertaining to school exploitation.
To understand the part of the professor is necessary to know exactly the definition of
the parts: the difference and/or complementarity in thedistance education modality and
the actual education becomes essential in order to become known a perfect and/or
adequate qualification of the professionals of education in the current days. The
present study has an objective to verify the competences of the actual professor and
the tutorial professor are the same ones in the performance in a College of
Technology in Management of Human Resources in the distance education modality
an actual education in a private university of the city in Rio de Janeiro. In this context,
the knowledgement, abilities and attitudes of the actual professor and the tutorial
professor will be analyzed to investigate the difference of the actual professor and
tutorial professor acting ; if the knowledge, abilities and attitudes are different for the
tutorial professor and the actual professor and if it has differences in the formal
qualification for teaching by the tutorial professor and/or the actual professor. Thus,
the question problem that motivated the accomplishment of this research is the
following one: “Which the competences (knowledge, abilities and attitudes) presented
by the professors of a distance Graduation modality”. To implicit form in the question
problem proposal is the hypothesis of that has difference in the development of the
abilities, competences and attitudes between the tutorial professor and actual
professor. In the social and educational aspects, this study will be excellent cause
12
pointing the competences, abilities and necessary attitudes to the professor, one
gives credit that the study will contribute for one better performance of the tutorial
professor. For the accomplishment of this research was used map of association of
ideas as an analysis of techniques. The citizens that had participated of this inquiry
had been actual professors and tutorial professors that works as much in actual
education as in distance education in an Institution of Superior Education of the
private net in Rio de Janeiro city in the Superior Course of Technology in
Management of Human Resources. The instrument of collection of data used in this
research was the half-structuralized interview. The analysis method used was
qualitative interpreting the data collected by content analysis.
Keywords: distance education, competences, actual professor and tutorial professor.
13
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Gráfico da Idade (Professores presenciais).....…………………………… 86
Figura 2: Gráfico do Sexo (Professores presenciais) ....……………………………. 86
Figura 3: Gráfico da Formação Graduação (Professores presenciais) …………... 87
Figura 4: Gráfico da Formação Pós-graduação (Professores presenciais) ……… 87
Figura 5: Gráfico do Tempo de magistério dentro ou fora da IES pesquisada
(Professores presenciais) ....……………………………....…………………………...
88
Figura 6: Gráfico Se fez curso para exercer a função de professor (Professores
presenciais) ....………….....................…………………....…………………………...
88
Figura 7: Gráfico Se fez atualizações nos últimos 5 anos dentro de sua área e
disciplinas que trabalham (Professores presenciais).….......………………………..
89
Figura 8: Gráfico Idade (Professores-tutores)..……………....……………………… 93
Figura 9: Gráfico Sexo (Professores-tutores) ……………....……………………….. 93
Figura 10: Gráfico Formação Graduação (Professores-tutores) ………………...... 94
Figura 11: Gráfico Formação Pós-graduação (Professores-tutores) …………….. 94
Figura 12: Gráfico Tempo de magistério dentro ou fora da IES pesquisada
(Professores-tutores) ……….....................…………………....………………………
95
Figura 13: Gráfico Se fez curso para exercer a função de professor-tutor
(Professores-tutores).……….....................…………………....………………………
96
Figura 14: Gráfico Se fez atualizações nos últimos 5 anos dentro de sua área e
disciplinas que trabalham (Professores-tutores) ……………....…………………….
96
14
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Gerações em Educação a Distância...................................................... 26
Quadro 2: Comparativo das características da EaD e Presencial.......................... 31
Quadro 3: Características das teorias da educação a distancia ............................ 39
Quadro 4: Comparação do papel do professor ...................................................... 60
Quadro 5: Competências desejáveis para a seleção do professor-tutor................ 62
Quadro 6: Competências para a tutoria eficaz....................................................... 64
Quadro 7: Investigação sobre os professores........................................................ 79
Quadro 8: Perfil do Professor na modalidade presencial...................................... 84
Quadro 9: Disciplinas em que os professores presenciais atuam.......................... 90
Quadro 10: Perfil do Professor-tutor na modalidade a distância (EaD) ................. 91
Quadro 11: Disciplinas em que os professores-tutores atuam............................... 97
Quadro 12: Conclusões sobre os resultados encontrados..................................... 126
Quadro 13: Competências, segundo as respostas dos professores presenciais... 146
Quadro 14: Competências, segundo as respostas dos professores-tutores.......... 149
15
SUMÁRIO
CAPÍTULO I 16
1. INTRODUÇÃO GERAL 17
1.1. PROBLEMA DE PESQUISA 19
1.2. SUPOSIÇÃO 20
1.3. OBJETIVOS 20
1.3.1. OBJETIVO GERAL 20
1.3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 21
1.4. DELIMITAÇÃO DO TRABALHO 21
1.5. RELEVÂNCIA DO TRABALHO 23
1.6. ORGANIZAÇÃO GERAL DO TRABALHO 23
CAPÍTULO II 22
2. O REFERENCIAL TEÓRICO DA PESQUISA 24
2.1. O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM NA MODALIDADE EAD 24
2.1.1. HISTÓRICO E CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) 26
2.1.2. TEORIAS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) 37
2.2. O PROFESSOR PRESENCIAL E O PROFESSOR-TUTOR 41
2.2.1. PROFESSOR PRESENCIAL 49
2.2.2. PROFESSOR-TUTOR 52
2.3. AS COMPETÊNCIAS PARA O EXERCÍCIO DOCENTE NA EAD 54
2.3.1. CONHECIMENTOS 66
2.3.2. HABILIDADES 69
2.3.3. ATITUDES 74
CAPÍTULO III 77
3. A METODOLOGIA DA PESQUISA 78
3.1. A PESQUISA 78
3.2. SUJEITOS DA PESQUISA 80
3.3. INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DA COLETA DE DADOS 81
CAPÍTULO IV 82
4. OS RESULTADOS DA PESQUISA 83
4.1. INTRODUÇÃO 83
16
4.2. COLETA DOS DADOS 84
4.2.1. PRIMEIRA PARTE DA COLETA DE DADOS 84
4.2.2. SEGUNDA PARTE DA COLETA DE DADOS 99
4.3. ANÁLISE DOS DADOS 100
4.3.1. CONHECIMENTOS 100
4.3.2. HABILIDADES 106
4.3.3. ATITUDES 115
CAPÍTULO V 121
5. AS CONCLUSÕES DA PESQUISA 122
5.1. CONSECUÇÃO DOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS 122
5.2. CONSECUÇÃO DO OBJETIVO GERAL 129
6. AS REFERÊNCIAS DA PESQUISA 132
7. OS ANEXOS DA PESQUISA 143
17
CAPÍTULO I
1. INTRODUÇÃO GERAL
Muitas discussões acadêmicas apontam maneiras de como a ação
pedagógica precisa ocorrer no processo de ensino-aprendizagem, elencando as
competências que o docente carece desenvolver para desempenhar sua profissão
com eficiência e eficácia. E as discussões são dinâmicas, na medida em que o
termo competência tem mudado ao longo da história. Muitas das suas dimensões,
antes desconsideradas, hoje são tidas como imprescindíveis: a dimensão cognitiva,
a social e a afetiva devem ser lembradas na formação e no exercício profissional
docente.
Competência não é aptidão – talento natural de uma pessoa, mas sim um
conjunto de conhecimentos, atitudes e habilidades que as pessoas adquirem com
vistas a apresentar qualificações necessárias para desempenhar seus cargos e
funções com qualificação. Pode-se dizer que é um acervo de recursos que o
indivíduo detém (MCLAGAN, 1997).
De acordo com Le Boterf (2005), competência não se restringe apenas aos
conhecimentos teóricos e empíricos apreendidos pelo sujeito, mas sim uma prática
que se apoia nos conhecimentos adquiridos e os transformam de acordo com a
complexidade das situações, em um contexto profissional determinado.
Verifica-se, então, que adquirir competência está atrelado à aprendizagem,
fenômeno complexo, porque envolve aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos,
psicossociais e culturais. Assim sendo, a aprendizagem é resultado da aquisição de
conhecimentos, do desenvolvimento de aptidões e da transferência destes para
novas situações (MELLO, 2008).
Percebe-se, à luz de Perrenoud et al (2005), que competência coerente com
a ação docente está na introdução de métodos ativos, cujos alunos estejam no
centro da ação pedagógica de uma educação para cidadania.
A noção de competência está na capacidade do docente em mobilizar
diferentes recursos cognitivos para enfrentar um tipo de problema (Perrenoud,
2002). Para tanto, o autor informa que é imprescindível que haja interação entre
18
docente e discente, porque competências não são apenas saberes ou atitudes, mas
sim a mobilização destes para enfrentar uma determinada situação-problema.
A integração entre a tecnologia digital e os recursos tecnológicos têm
implicado em competências para as práticas pedagógicas até então não
necessariamente requeridas na educação presencial. Para entender o papel do
professor-tutor na modalidade de EaD, em relação ao professor presencial, torna-se
imprescindível entendermos que essa modalidade é um aprendizado planejado que
normalmente acontece em um lugar diferente do local de ensino, exigindo-se novas
técnicas de ensino e de comunicação através das várias tecnologias (MOORE e
KEARSLEY, 2004).
Atualmente, evidenciam-se novas possibilidades de acesso à educação, cuja
presença do docente e dos alunos não só dá-se mais fisicamente, em um espaço
determinado como a educação presencial, mas há também a aprendizagem no
espaço virtual.
A escola e sua ação pedagógica, representadas na figura docente,
necessitam evoluir continuamente. Isso requer que o docente, no espaço virtual, não
perca de vista a necessidade de articular sua prática presencial com a virtual, a fim
de superar o antagonismo aparente entre essas duas práticas.
Para a educação realizar e permitir ao sujeito construir suas próprias metas
é imprescindível criar uma cultura que dê suporte aos novos paradigmas
educacionais emersos de um contexto de educação online e sustentados pela
interatividade, autonomia, autoria, colaboração e conectividade (MELLO, 2008).
Para Vygotsky (1996), a aprendizagem é mediada pelas relações entre as
pessoas. Não há como aprender e apreender o mundo se não tivermos alguém que
forneça significados e permita pensar o mundo a nossa volta. Não há um
desenvolvimento pronto e previsto dentro de nós. Ele se atualiza conforme o tempo
e a influência externa. O sucesso do binômio ensino-aprendizagem está, também,
na relação afetiva entre professor e aluno.
Como a relação afetiva é premissa fundamental no processo ensino-
aprendizagem, segundo Wallon (1995), indaga-se: como se configura essa premissa
na modalidade a distância? Será que o docente tutor nesse novo espaço social e
temporal consegue obter uma relação dialógica afetiva?
Para obter resposta para tal indagação utiliza-se a afirmação de Czeszak
(2010, p. 8):
19
A educação a distância apresenta peculiaridades, como bem aponta Moran (1999), porque se trata de uma situação na qual a participação do aluno dá-se por meio de envio de textos escritos, em substituição à participação em sala, que dá-se oralmente, podendo ele, nesse caso, fazer uso de outros tipos de linguagem, como os gestos, as expressões faciais, a entonação de voz, descritos por Marcuschi (1986). Em sala de aula presencial, ele tem resultados instantâneos da avaliação daquilo que ele diz, por meio da expressão facial do professor e dos colegas, bem como das possíveis inferências e refutações destes e daquele.
Compreende-se que o ambiente da sala de aula virtual deve reapropriar-se
da educação com uma nova postura, tanto do professor quanto do aluno. Docentes
e discentes necessitam utilizar esse espaço com a consciência de que está em um
novo contexto social. Conseqüentemente, as formas de atuação e participação no
processo educacional precisam ser transformadas.
O professor precisa ter clareza de que o foco central do curso em EaD não é
a tecnologia, mas sim a metodologia que utilizará para que o aluno consiga alcançar
os objetivos propostos e construir seu conhecimento (AZEVEDO, 2005). Nesse
aspecto, os docentes terão que atuar nessa modalidade de ensino chamando a
atenção dos alunos e se apropriando da tecnologia para isso. É essencial saber
utilizá-la e dinamizá-la no processo ensino-aprendizagem.
Nesse leque indaga-se: será que o desenvolvimento das competências do
docente na modalidade a distância diverge do docente presencial?
A Educação a Distância (EaD) é uma modalidade de ensino e de
aprendizagem que possibilita realizar os estudos transcendendo o tempo em
espaços diversificados. Sendo assim, parece imprescindível que o docente busque
metodologias, recursos e materiais, objetivando práticas educacionais, métodos
educacionais, concepções de material didático, relações humanas e relações com o
conhecimento.
1.1. PROBLEMA DE PESQUISA
A formação do professor deve dar-se continuamente, sendo necessário ao
profissional dessa área estar sempre estudando, reciclando seus conhecimentos e
conscientizando-se cada vez mais da importância que esse conhecimento impactará
no aprendizado do aluno, afinal busca-se educar os alunos do presente para
20
cidadãos do futuro, mas muitas instituições não têm professores comprometidos com
essa visão, portanto não formam alunos reflexivos e críticos (PERRENOUD, 2002).
Como a intenção desse estudo é compreender as competências como um
somatório de conhecimentos, habilidades e atitudes que o professor-tutor precisa
apresentar na modalidade de ensino a distância, em comparação com o professor
presencial, fica a indagação que gerou a realização desse estudo: “Quais as
competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) que deveriam ser
apresentadas pelos docentes de um Curso Superior na modalidade a
distância?”.
1.2. SUPOSIÇÃO
De forma implícita na questão problematizadora proposta está a suposição
da autora de que há diferença de competências (conhecimentos, habilidades e
atitudes) entre o professor tutor e o professor presencial.
Tal assertiva fundamenta-se na afirmação de Aretio (2002, p. 5):
[...] enquanto no modelo presencial há um só tipo de docente para cada disciplina, considerado a principal fonte de informação e quem decide sobre o rendimento do aluno, no modelo a distância são vários tipos de docentes envolvidos, incluindo o professor tutor, atuando como suporte, facilitador e orientador e motivando o rendimento do aluno. As habilidades e competências do professor presencial são conhecidas, o que não ocorre no modelo a distância. Também cabe destacar que o envolvimento do professor/tutor na modalidade a distância com o desenvolvimento e avaliação curricular são mais freqüentes.
E mais, “do ponto de vista acadêmico, a responsabilidade principal do
professor presencial é desenvolver conteúdos enquanto a do professor-tutor é
provocar e orientar os alunos para o maior ganho educacional possível e a de
ambos provocarem desafios no sentido de proporcionar a melhoria crescente da
aprendizagem” (ARETIO, 2002, p. 25).
1.3. OBJETIVOS
1.3.1. Objetivo Geral
21
Identificar quais as competências distintivas (conhecimentos, habilidades e
atitudes) dos docentes tutores de um Curso Superior na modalidade a distância.
1.3.2. Objetivos Específicos
A preocupação existente relacionada aos profissionais dos cursos na
modalidade EaD é de que o ensino e a aprendizagem não percam a qualidade
propiciando aos alunos dessa modalidade a aquisição de habilidades para competir
no mercado de trabalho. Por isso, deve-se:
Verificar como se desenrola o papel do professor-tutor no processo ensino-
aprendizagem;
Averiguar quais as competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) dos
professores-tutores na sua ação pedagógica;
Compreender as diferenças entre os professores-tutores e os professores
presenciais no exercício docente.
1.4. DELIMITAÇÃO DO TRABALHO
Este trabalho será realizado em uma IES privada, localizada na Zona Oeste
da Cidade do Rio de Janeiro – RJ, existente há quase quatro décadas,
desenvolvendo atividades educacionais de ensino, pesquisa e extensão, integrando
os ensinos fundamental, médio e superior, mas não caberá nesse estudo análises e
inserções de dados referentes ao papel dessa instituição em relação ao tema
estudado.
Os sujeitos desse estudo serão os professores presenciais e professores-
tutores que atuam concomitantemente no Curso Superior de Tecnologia em Gestão
de Recursos Humanos, nas modalidades EaD e Presencial. Vale ressaltar que esta
dissertação trata o professor que atua na educação a distância (EaD), tanto para a
tutoria presencial1 quanto para a tutoria a distância2, como professor “tutor”, termo
1 A tutoria presencial atende os estudantes nos polos, em horários preestabelecidos.
22
que será utilizado em todo o trabalho, uma função explicada pelo Ministério da
Educação em um documento denominado Referenciais de Qualidade do MEC para
Educação Superior a Distância (BRASIL, 2007, p. 21), no qual a função professor-
tutor é definida como:
[...] um dos sujeitos que participa ativamente da prática pedagógica. Suas atividades desenvolvidas a distância e/ou presencialmente devem contribuir para o desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem e para o acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico.
Ressalve-se que a construção do termo não guarda relação com a palavra
tutor, que “derivada do latim, (...) significa guarda, protetor, defensor, pessoa a quem
é ou está confiada uma tutela” (SILVEIRA, 2000, p. 779). Em uma universidade, os
professores-tutores são tão somente os professores que atuam no ensino a
distância.
Cabe aqui explicar que na educação a distância há tipos de professores
envolvidos, que são a saber: o professor presencial, que é o professor que recebe o
aluno no polo de apoio presencial, que é a unidade operacional para
desenvolvimento descentralizado de atividades pedagógicas e administrativas
relativas aos cursos e programas ofertados a distância, para dirimir dúvidas dos
conteúdos estudados; o professor-conteudista, que é o professor que elabora o
material didático e o professor-tutor, aquele que atende o aluno online.
Na instituição pesquisada, no projeto pedagógico do curso a distância, “o
professor-tutor é um profissional responsável pela orientação e acompanhamento
dos estudantes nos processos pedagógicos referentes à disciplina do curso em que
atua”. Ele possui atribuições distintas, porém pode atuar nas atividades presencias
e/ou a distância (PPC, 2009, p. 48). Tais atribuições estão em consonância com o
Projeto Pedagógico Institucional (PPI) e com as Diretrizes Curriculares Nacionais
Gerais para a organização e o funcionamento dos Cursos de Superiores de
Tecnologia (Resolução CNE/CP nº 3, de 18/12/2002, publicada no DOU em
2 A tutoria a distância atua a partir da instituição, mediando o processo pedagógico junto a estudantes geograficamente distantes e referenciados aos polos descentralizados de apoio presencial.
23
23/12/2002). O Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos
pesquisado consta do Catálogo Nacional dos Cursos de Tecnologia do MEC (Portaria
nº 10 de 28 de julho de 2006).
1.5. RELEVÂNCIA DO TRABALHO
O presente estudo pretende contribuir para o processo de conhecimento,
tanto dos profissionais da educação na modalidade a distância quanto presencial,
sobre as questões pertinentes às competências necessárias para uma ação
pedagógica eficaz.
No aspecto socioeducacional este estudo é relevante porque ao apontar as
competências necessárias à ação docente contribui fornecendo elementos para
incrementar o desempenho do professor-tutor que não se encontra preparado para
uma ação de tutoria, por desconhecer os conhecimentos, as habilidades e as
atitudes necessárias a essa modalidade de ensino.
Também pretende contribuir com a necessidade de minimizar a
individualização da aprendizagem, pelas estratégias de socialização e com a
necessidade de o professor-tutor atuar em parceria com cada aluno durante a
transmissão do conteúdo e dos procedimentos pelo estímulo, na construção de
respostas sociais.
Quanto à relevância científica, esta pesquisa pretende contribuir com a
construção do conhecimento sobre as competências (conhecimentos, habilidades e
atitudes) que os docentes da modalidade de EaD precisam desenvolver.
1.6. ORGANIZAÇÃO GERAL DO TRABALHO
O estudo está organizado conforme a seguir: no capítulo 1 discorre-se sobre
o Problema de Pesquisa, Hipótese, Objetivos, Delimitação do Estudo e Relevância
do trabalho. No capítulo 2 aborda-se o Referencial Teórico apresentando o Processo
ensino-aprendizagem na modalidade EaD; o Professor presencial e o Professor-tutor
e as Competências para o exercício docente na EaD. O capítulo 3 trata da
Metodologia da Pesquisa. O capítulo 4 trata da Análise de dados e resultados. O
capítulo 5 traz a Conclusão.
24
CAPÍTULO II
2. O REFERENCIAL TEÓRICO DA PESQUISA
Este capítulo apresenta a revisão de literatura envolvendo três áreas
temáticas: a primeira relacionada à Educação a Distância (EaD), a segunda
relacionada ao professor presencial e o professor-tutor e a terceira relacionada às
competências para o exercício docente na EaD.
2.1. O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM NA MODALIDADE EaD
Ao discorrer sobre o processo ensino-aprendizagem na modalidade a
distância faz-se necessário apontar o papel do docente e as novas designações
dadas a ele, frente às novas tecnologias da informação e de comunicação.
Atualmente, o docente passou a ser designado de “monitor”, “facilitador”,
“tutor”, etc., em múltiplos sentidos, portanto, entender a própria designação do
professor na Educação a Distância é necessário atentar as palavras de Maia (2010,
p. 1), que afirma que:
A EaD traz em si uma revolução nos paradigmas educacionais atuais, à medida que apresenta diversas oportunidades para as Instituições de Ensino Superior (IES) [...] e, além disso, proporciona novas formas de interação e comunicação entre instrutores e alunos.
No ambiente profissional, em especial na Educação a Distância, o
desenvolvimento científico e tecnológico atual tem impulsionado uma geração de
mudanças, que tem demandado profissionais mais adaptáveis às mudanças e
motivados a um aprendizado contínuo ao longo de suas vidas (STRUCHINER &
GIANNELLA, 2005).
A comunicação é imprescindível no processo ensino-aprendizagem, seja na
educação presencial ou na educação a distância. Assim, a concepção de Fusari
(1993, p. 112) sintetiza que:
É preciso que o professor saiba comunicação humana (em geral e escolar) e saiba fazer mobilizar nos cursos e aulas uma comunicação de mundo, da
25
melhor qualidade, de um modo inventivo na especificidade da educação escolar. E mais: saiba contribuir para que seus alunos também se apropriem dos aspectos essenciais desses conhecimentos a respeito da comunicação articulados aos demais. Tais conhecimentos vinculados a fins educacionais incluem aspectos fundamentais críticos, sobre as relações comunicacionais na elaboração de produtos de comunicação, em geral, escolar e na interatividade pessoal com os já produzidos por outras pessoas ou profissionais.
Para Almeida (2003), o uso da Tecnologia de Informação e de Comunicação
(TIC) e a Educação a Distância (EaD) justapõem elementos, até então não
considerados conciliáveis à primeira vista, tais como: digital e analógico, interior e
exterior, proximidade e distância e até mesmo a possibilidade de afeto. Para o autor,
não é a presença física na sala de aula que assegura o desenvolvimento do afeto
entre docentes e discentes no processo educativo.
Isso não significa que a relação de afetividade seja considerada no espaço
presencial, mas como aponta Almeida (2003, p. 69):
São raras as vezes em que o professor presencial, mesmo convivendo diariamente com seus alunos [...] consegue tomar conhecimento da presença dos alunos em classe. Isso porque, na modalidade presencial, ainda se mantém uma prática tradicional de ensino, na qual a interação entre os sujeitos do processo dá-se em termos superficiais ou quase nulos, ainda que a proximidade física possa oferecer o contrário.
Dessa forma, é imprescindível refletir e construir, no âmbito da EAD, acerca
de referenciais teóricos, metodológicos e epistemológicos que favoreçam a
construção de uma educação sem distância. Assim, é necessário estar ciente que o
potencial interativo das tecnologias de comunicação e informação (TIC) pode ser um
grande aliado desse processo.
Nessa perspectiva, entende-se que a EAD tem características específicas.
Isso não significa concebê-la como uma modalidade de mero distanciamento entre
professor e aluno, durante o processo do ato educativo, mas sim, defini-la como uma
prática social de natureza cultural valiosa e atrelá-la ao contexto de experiência
educativa no mundo contemporâneo (LOBO NETO, 2000).
Para um melhor entendimento, este tópico será dividido em dois subtópicos:
o histórico e características da educação a distância e as correntes teóricas que
fundamentam a educação a distância, conforme a seguir.
26
2.1.1. Histórico e Características da Educação a Distância (EaD)
A partir do século XX, convivemos com uma grande separação entre a
produção e o desenvolvimento do conhecimento. Logo, foi de grande urgência a
criação de oportunidades de acesso à educação escolar.
Para dar resposta a esses desafios políticos e econômicos dessa época, no
que tange à área educacional e às necessidades sociais, a Educação a Distância,
pela sua flexibilidade, economia e metodologias inovadoras, torna-se um meio para
atingir esse objetivo.
De acordo com Freitas e Bertrand (2006, p. 4), “o movimento em direção a
EaD não é um fenômeno recente: já se verificava no século XVIII a tentativa de levar
o conhecimento na forma de cursos por correspondência quando a Gazeta de
Boston publicou um anúncio oferecendo este tipo de ensino”.
A partir da metade do século XIX, iniciou-se uma ação mais efetiva em
direção às ofertas de cursos de EaD, devido à melhora dos serviços do correio e
agilização dos meios de transporte.
Essa expansão pode ser verificada em diversos países, como a Suécia, que
em 1833 publicou uma oferta de um curso por ensino por correspondência; na
Inglaterra, em 1840, Isaac Pitman sintetizou os princípios da taquigrafia em cartões
postais e os trocou com seus alunos; em Berlim, 1856, fundação da primeira escola
por correspondência, destinada ao ensino de línguas por Charles Toussaint e
Gustav Langenscheidt; em Boston, EUA, 1873, Anna Eliot Ticknor criou a Society to
Encourage Study at Home; na Pennsylvania, EUA, 1891, Thomas J. Foster instituiu
o International Correspondence Institute com um curso sobre medidas de segurança
no trabalho de mineração e na Universidade de Wisconsin, onde aceita a proposta
de seus professores para organizar cursos por correspondência nos serviços de
extensão universitária (ARETIO, 2002).
Ao longo do século XX, o ensino por correspondência aprimorou-se e
expandiu-se, até que em 1969 surge na Inglaterra, por iniciativa do governo
britânico, a UK Open University, considerada pela literatura um caso de sucesso,
dando assim início à segunda geração da EaD (MAIA & MEIRELLES, 2002).
A evolução da Educação a Distância é identificada por Rodrigues (2004), em
cinco gerações: até 1969 a primeira geração da EaD é marcada pela entrega de
correspondência, independentemente da distância, de forma barata e pelos Correios.
27
O início da segunda geração em EAD é assinalado pela fundação da UK Open
University, pelo governo britânico. O início da terceira geração é caracterizado pela
introdução da informática. A quarta geração dá-se a partir da evolução da capacidade
de processamento das estações de trabalho e do aumento da velocidade das linhas
de transmissão, o acesso a bibliotecas virtuais e aos bancos de dados e o uso de
CD-ROM. O início da quinta geração acontece a partir da inclusão de agentes
inteligentes e sistemas de respostas automáticas.
Para melhor compreensão das características de cada geração elaborada
por Rodrigues (2004, p. 54), considera-se o quadro abaixo:
Geração
Início
Características
1.ª Até
1970
Estudo por correspondência.
A comunicação se dava pelo uso exclusivo de material
impresso, geralmente por um guia de estudo com
exercícios, enviado pelo correio.
2.ª 1970 Surgem as primeiras Universidades abertas, com design e
implementação sistematizados de cursos a distância.
Além do material impresso, transmissões por televisão
aberta e rádio; fitas de áudio e vídeo, com interação entre
aluno e tutor, por telefone ou nos centros de atendimento.
3.ª 1990 O uso de computadores, com estações de trabalho
multimídia e redes de conferência.
4.ª 2000 O aumento da capacidade de processamento dos
computadores e da velocidade das linhas de transmissão
interfere na apresentação do conteúdo e interações.
Acesso a bancos de dados e bibliotecas eletrônicas.
5.ª 200? Uso de agentes inteligentes, equipamentos wireless e linhas
de transmissão eficientes.
Organização e reutilização dos conteúdos.
Quadro 1: Gerações em Educação a Distância
Fonte: Rodrigues (2004, p. 54)
28
A Educação a Distância (EaD) no Brasil
A história da educação brasileira a distância inicia-se sem o envolvimento
de diversas Instituições de Ensino Superior (IES), com ofertas de cursos técnicos por
correspondência. Assim, no ano de 1923, as experiências pioneiras, advindas da
Rádio Sociedade do Rio de Janeiro liderada por Roquete Pinto, tinham como
objetivo promover a educação (FREITAS e BERTRAND, 2006).
O modelo de EaD só foi estabelecido na metade do século, com a criação do
Instituto Monitor (1939), do Instituto Universal Brasileiro (1941) e de outras
organizações similares, responsáveis pelo atendimento de mais de três milhões de
estudantes em cursos abertos de iniciação profissionalizante pela modalidade de
ensino por correspondência (MORAN, 2010).
Na década de 1960 surgem as TVs educativas e posteriormente entre 1970
e 1980 fundações privadas e organizações não-governamentais iniciaram a oferta
de cursos supletivos a distância, no modelo de teleducação, com aulas via satélite,
complementadas por kits de materiais impressos, demarcando a chegada da
segunda geração de EaD no país.
As décadas de 1980 e 1990 são marcadas pela criação de diversas
organizações públicas e privadas voltadas para o planejamento e execução de
cursos a distância com o desenvolvimento da Internet. Com o surgimento de novas
tecnologias de comunicação e de informação (TIC), a maior parte das Instituções de
Ensino Superior (IES) no Brasil mobilizou-se para a EaD, mas somente em 1995,
com a expansão da Internet no âmbito das instituições de ensino superior (IES), é
que surgiu a primeira legislação específica para educação a distância no ensino
superior, pela promulgação da Lei de n.º 9394 de 20 de dezembro de 1996.
A questão da educação a distância é oficializada pelo Decreto nº 2494 de 10
de fevereiro de 1998. A partir daí é oferecida a abertura em instituições educacionais
designadamente credenciadas pela União, por meio do Ministério da Educação e do
Desporto (MEC), mediante o parecer prévio do Conselho Nacional de Educação
(CNE). A grande repercussão do computador e da Internet fizeram com que a
modalidade da EAD se expandisse e até foram criadas universidades especializadas
a distância.
A primeira instituição que oferece um curso de graduação a distância foi a
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, em 2000, com material impresso e
29
centros de atendimento com tutores. A partir daí várias IES passaram a oferecer
cursos a distância, inserindo-se diretamente no cenário de uso de meios de
comunicação de terceira e quarta geração (UFMS, 2010).
Na evolução desse conceito, em 2004, o MEC, por meio da Portaria
4.059/2004 (DOU de 13/12/2004, Seção 1, p. 34), autorizou as IES credenciadas
como universidades ou centros universitários a modificarem o projeto pedagógico de
seus cursos superiores reconhecidos, para oferecer disciplinas que utilizam métodos
não presenciais (BRASIL, 1996):
As instituições de ensino superior poderão introduzir, na organização pedagógica e curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a oferta de disciplinas integrantes do currículo que utilizem modalidade semipresencial, com base no art. 81 da Lei n. 9.394, de 1.996, e no disposto nesta Portaria.
Segundo Niskier (1999), o Brasil resistiu a essa modalidade de ensino,
durante muitas décadas, talvez porque a mudança de paradigma precisasse de um
corpo docente com grande domínio, novos recursos técnicos, principalmente o
computador, mas a partir de 2005 já existiam registros de mais de cinqüenta (50)
IES no Brasil ofertando algum tipo de curso na modalidade EaD (MAIA e
MEIRELLES, 2005).
A educação superior, por meio da EaD, é considerada um forte indício da
democratização da educação como também, contribuição ao desenvolvimento da
educação superior. Desta forma, passa a existir a necessidade de se buscar
sistemas educativos alternativos incluindo formas de atualização ao saber que
facilitem a educação a fim de que as IES possam servir como centros de educação
permanente, nas quais todos possam acessar. “Cada universidade deveria
converter-se em uma universidade a distância, oferecendo possibilidades para a
educação a distância e a educação em vários locais ao mesmo tempo” (UNESCO,
2010, p.5).
O Ministério da Educação, ao definir a educação a distância, apoia-se no
Decreto 5.622 de 19 Dezembro de 2005, que estabelece uma política de garantia de
qualidade no tocante aos variados aspectos ligados à modalidade de EaD,
notadamente ao credenciamento institucional, supervisão, acompanhamento e
avaliação, harmonizados com padrões de qualidade, enunciados pelo MEC. Essa
definição está presente no Decreto 5.622, de 19.12.2005, que revoga o Decreto
30
2.494/98 e que regulamenta o Art. 80 da Lei 9394/96 (LDB), que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional (MEC, 2010, Art. 1o ), conforme a seguir:
A modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas, em lugares ou tempos diversos.
Entre os tópicos relevantes do Decreto, tem destaque a caracterização de
EaD visando instruir os sistemas de ensino; estabelecimento de preponderância da
avaliação presencial dos estudantes em relação às avaliações feitas a distância;
maior explicitação de critérios para o credenciamento no documento do Plano de
Desenvolvimento Institucional (PDI), principalmente em relação aos polos
descentralizados de atendimento ao estudante; mecanismos para coibir abusos,
como a oferta desmesurada do número de vagas na educação superior,
desvinculada da previsão de condições adequadas; permissão de estabelecimento
de regime de colaboração e cooperação entre os Conselhos Estaduais e Conselho
Nacional de Educação e diferentes esferas administrativas para: troca de
informações; supervisão compartilhada; unificação de normas; padronização de
procedimentos e articulação de agentes; previsão do atendimento de pessoa com
deficiência; Institucionalização de documento oficial com referenciais de qualidade
para a EaD.
Definições e Contexto da EaD
A Educação a Distância tem sido uma prática educativa, ou seja, uma
prática de interação pedagógica, cujos objetivos, conteúdos e resultados obtidos
identificam-se com aqueles que constituem, nos diversos tempos e espaços,
educação como projeto e processo humano, histórico e politicamente definido na
cultura das diferentes sociedades (KEEGAN, 1991).
Qualquer que seja a forma e o meio de realizar o processo educacional,
presencial ou a distância, o papel das mídias se tornou essencial para a eficácia e
qualidade da educação, possibilitando múltiplas formas de tratar o conhecimento e
criar ambientes mais dinâmicos de aprendizagem. Assim, a tecnologia de base
digital passa a complementar a nova forma de educação, devido a haver, além do
31
acompanhamento online do aluno, a assistência no polo a distancia, o que substitui
a assistência regular do professor na chamada aula presencial (SILVA, 1998).
Nesse contexto, Hoffman e Mackin (1996) defendem que a incorporação
crescente das novas tecnologias da informação e comunicação (TIC’s) ao processo
ensino-aprendizagem vem tornando-a mais extensiva em público e audiência,
rompendo barreiras culturais, de língua, de espaço geográfico, de tempo, tanto
quanto vem dinamizando os modos de ensinar e aprender, de realizar as interações
necessárias entre aprendiz/interface.
Assim, muitas são as possibilidades de oferta na EaD, entre elas estão o
material impresso (livros, manuais, apostilas), rádio, televisão, telefone, correio
postal, correio eletrônico, fax até aos simuladores online, em redes de
computadores, avançando em direção à comunicação instantânea de dados, voz,
voz e imagem, via satélite ou por cabos de fibras óticas. Além disso, os satélites de
comunicação e as redes de computadores oferecem inúmeras possibilidades para
criar, armazenar, distribuir, apresentar informações, motivar, interagir e estabelecer
relações no âmbito da mediação pedagógica. Com isso, o estudante e o professor
interagem mediante os meios de comunicação disponíveis, enquanto a relação entre
os aprendizes está dispersa, devido a razões de posição geográfica (MATA, 1995).
Assim, faz-se necessário evidenciar as características da Educação a
distância e da Educação Presencial. Por isso, descreve-se, abaixo, as
características da Educação Presencial fundamentadas em Mello (2008) e as
características da Educação a Distância, fundamentadas em Willis et all (1992 apud
SILVA 1998):
32
EaD
Presencial
OS
CURSOS
a) São geralmente autoinstrucionais, mediante a elaboração de
materiais para o estudo independente, contendo objetivos claros,
autoavaliações, exercícios, atividades e textos complementares;
b) São pré-produzidos, utilizando-se, geralmente, textos impressos,
mas combinando-os com uma ampla variedade de recursos e meios
como: suplementos de periódicos e revistas, livros adicionais, rádio e
televisão educativos em circuito aberto ou fechado, filmes,
computadores, videodiscos, videotextos, comunicações mediante
telefone, rádio, satélite, dando um enfoque multimeio a esse tipo de
integração;
c) Apresentam uma característica de "processo de industrialização do
ensino-aprendizagem", implicando em clara divisão do trabalho na
criação e produção, tanto intelectual quanto física e material;
d) Tendem a adotar estruturas curriculares flexíveis, via módulos e/ou
créditos para permitir uma maior adaptação às possibilidades e
necessidades dos estudantes.
a) Grande parte do conhecimento se arquiva em papel;
b) Baseia-se em aulas expositivas, para as aquisições de noções,
dando ênfase ao esforço intelectual de assimilação e dos
conhecimentos acumulados;
c) Apresentam características diferenciadas por instituição, algumas
apresentam um método adequado à forma de aquisição e de
desenvolvimento dos conhecimentos, a partir de uma perspectiva de
construtivismo interacionista e outras do Método maiêutico, ou seja, o
professor dirige a classe a um resultado desejado através de uma
série de exercícios que representam, por sua vez, passos para
chegar ao objetivo proposto, decorrentes dos exercícios de fixação,
como leitura e cópias;
d) Tendem a adotar estruturas curriculares rígidas e via créditos;
e) O ensino deve propor relações entre os diferentes ramos de saber
e não reduzir formalmente o conhecimento às matérias de ensino.
A
POPULAÇÃO
a) É relativamente dispersa, devido a razões de posição geográfica,
de condições de emprego, incapacidade física;
b) É predominantemente adulta;
c) O estudo é individualizado;
d) Possibilita a relação interpessoal entre pessoas de diferentes
formações, cultura e raça através dos meios tecnológicos.
a) Cidadãos regionais, do mundo do trabalho e da sociedade;
b) É predominantemente adulta no ensino superior;
c) O estudo realiza-se em grupo;
d) Possibilita a relação interpessoal entre pessoas de diferentes
formações, cultura, raça devido a estarem presentes no mesmo
ambiente físico.
a) É massificada: uma vez preparado e testado, é conveniente e a) O professor é um facilitador da comunicação, propondo desafios,
33
A COMUNICAÇÃO
economicamente vantajoso utilizá-lo para um grande número de
estudantes;
b) É organizada em duas direções: entre os estudantes e o centro
produtor dos cursos, podendo ser feita por meio de tutoriais,
orientações, observações sobre trabalhos, ensaios realizados pelos
estudantes, autoavaliações e avaliações.
c) Processa-se por vários meios de comunicação (Ex.: palavra
escrita, telefone, fax, rádio, videoconferências);
d) A forma mediadora de conversação é guiada, face a separação
física entre professor e aluno condicionando as formas de
comunicação.
problemas, discussões e debates, de forma dialógica;
b) Os meios didáticos valorizados para a comunicação são o diálogo,
a utilização de filmes, slides, etc.;
c) Utilizam-se de livros, textos impressos, livros adicionais e textos
complementares. O conhecimento é testado através de avaliações,
exercícios e atividades;
d) A comunicação deve facilitar a compreensão, por parte dos alunos,
para os conteúdos ministrados.
A
INTERATIVIDADE
a) Alunos e professor não se encontram no mesmo espaço físico,
mas podem se comunicar por vários meios (telefone, fax, correio
eletrônico, videoconferência);
b) É muito dependente da evolução dos meios de comunicação:
expansão de linhas telefônicas de alta velocidade, expansão de
usuários de microcomputadores multimídia, aperfeiçoamento das
tecnologias de transmissão como satélites e fibras óticas;
c) O aumento da interatividade sugere o aumento da compreensão do
conteúdo, absorção e domínio do assunto, pelo estudante, em tempo
mais rápido;
d) Ocorre entre os materiais e o aluno, mediante o uso de técnicas
pedagógicas, dos suportes audiovisuais e hipermídia interativa e,
entre o aluno e professor mediante os meios de comunicação
disponíveis (correio, telefone, teleconferência, videoconferência, fax,
a) Aluno e professor estão fisicamente no mesmo lugar;
b) Ocorre em encontros presenciais entre o professor, outros alunos,
seus materiais de suporte como livros, revistas, textos... e os meios
de comunicação como por exemplo a página da instituição na
Internet;
c) Utiliza-se uma lista de presença porque se restringe a uma aula
com hora e local definidos.
d) A relação entre professor e aluno pode ser horizontal, ou seja,
relacionar os conhecimentos adquiridos com a experiência do aluno
ou pode ser verticalizada, tendo como autoridade intelectual e moral
para o aluno, o professor.
34
Internet e também em encontros presenciais).
OS CUSTOS
a) As tendências de preço por estudantes são decrescentes, depois
de elevados investimentos iniciais;
b) Atinge audiência mais ampla;
c) Possibilitam o envolvimento de professores, profissionais
especializados e pesquisadores, altamente qualificados, diminuindo
custos com tempo, deslocamentos e hospedagem.
a) O preço do curso é pré-fixado, ou seja, não há alteração de valores
de acordo com o aumento do número de alunos;
b) A demanda pelo curso está condicionada à oferta local;
c) O envolvimento de profissionais especializados, professores
qualificados requer investimentos que já estão pulverizados no preço
final do curso;
d) Há custos relacionados com deslocamentos por parte do aluno.
AS MÍDIAS
a) É crescente uso de novas tecnologias da informação e
comunicação (computação, microeletrônica e telecomunicações);
b) São utilizados variados multimeios que vão desde os impressos
(livros, manuais, apostilas) aos simuladores online, em redes de
computadores, avançando em direção à comunicação instantânea de
dados, voz, voz e imagem, via satélite ou por cabos de fibras óticas.
a) É crescente uso de novas tecnologias da informação e
comunicação (computação, microeletrônica e telecomunicações);
b) São utilizados meios impressos como livros, manuais, apostilas,
laboratórios de informática para as práticas de disciplinas que o
requerem e etc. Também a utilização do ensino a distância (online)
em algumas disciplinas.
Quadro 2: Comparativo das características do EaD e Presencial
Fonte: elaboração da autora, fundamentada em Mello (2008) e Willis et all (1992, 1993 apud SILVA, 1998).
35
Cabe à escola e à tecnologia educacional adaptar-se e inserir-se neste
processo de “revirtualização” do conhecimento, que vai além da linguagem oral
e escrita, dos recursos do giz, do quadro negro e do livro didático. “A nossa
cultura atual dominante é impregnada de uma nova linguagem, a da televisão e
da informática, particularmente a linguagem da Internet” (GADOTTI, 2000, p.
12).
Devido a inclusão da linguagem eletrônica ser importante, logo, é
fundamental que os docentes transformem suas ações pedagógicas,
entretanto, cabe a ele levar o aluno a pensar criticamente sobre essa questão.
No contexto das comunidades virtuais, Harasim (et al 2005) informa
que educadores e aprendizes terão que reaprender seus papéis para
readaptarem-se a um processo de aprendizado mais adequado ao ambiente
virtual, ou seja, o aprendizado colaborativo.
Por isso, Maia (2010, p. 4), assinala que:
No novo modelo de ensino e aprendizagem, no contexto da inovação para o alcance do sucesso, o foco principal é a motivação dos alunos, em que ela deve ser extrínseca, a partir do contexto em que o indivíduo está inserido, e, intrínseca, a partir do interior do indivíduo, de seu pensamento ou desejo.
Assim, a participação do aluno no processo de aprendizagem é
necessária. Sendo fundamental a criação de métodos intrínsecos motivadores
de ensino, tornando-se assunto urgente nesse novo contexto escolar.
É imprescindível que o docente em EAD organize situações de
aprendizagem, logo planeje e proponha atividades, atue como mediador e
orientador, forneça informações relevantes, incentive o aluno a buscar fontes
de informações, gere reflexão e experimentação sobre processos e produtos,
favoreça a formalização de conceitos e uma aprendizagem significativa.
Ainda segundo Maia (2010), na nova concepção de ensino e
aprendizagem será necessária uma mudança na metodologia de ensino, na
qual o aprendizado deverá ocorrer baseado no computador com uma
tecnologia centrada no aluno e informa que quatro fatores deverão apressar a
substituição da educação presencial para EaD para aqueles que necessitam
recorrer a essa modalidade de ensino, nas quais são: o aprendizado pelo
computador, porém lembrando que ele continuará sempre sendo aperfeiçoado;
36
a transição da tecnologia baseada em computador passar a ser a centrada no
aluno; uma perceptível escassez de professores e os custos que terão
significativa redução, à medida que a escala do mercado crescer.
A mesma autora informa também que o docente precisa compreender
o computador como máquina de produção intelectual porque nele produzem-se
textos, imagens e também opera cálculos em grande quantidade e com
rapidez, conforme abaixo (MAIA, 2010, p. 3):
A pedagogia moderna afirma que o aluno deve ser estimulado a buscar soluções em grupo, por meio dos recursos de interação, para que se estimulem competências tais como as capacidades cognitivas de avaliação, análise, síntese, e não mais a simples memorização do conteúdo. Essa ideia foi proposta anteriormente por diversos autores, entre eles Piaget, Vygotsky e Freire, que afirmam que o que caracteriza a aprendizagem é o movimento de “um saber fazer” para “um saber”, o que não ocorre naturalmente, mas por uma abstração reflexiva, processo pelo qual o indivíduo pensa o processo que executa e constrói algum tipo de teoria que justifique os resultados obtidos.
A EaD veio para auxiliar a formação do aluno e a própria formação do
docente. Assim, deve-se considerar a concepção de Harasim et all (2005):
A partir de 1992 com o desenvolvimento da rede mundial de computadores e a explosão das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) há mudanças importantes no cenário educativo. Iniciando com o desafio na mudança de paradigmas em relação ao processo de ensino aliado às possibilidades da aplicação da tecnologia, outra mudança ocorre nas escolas tradicionais que precisam integrar em seus processos a tecnologia. [...] o processo de ensino aprendizagem tem sido afetado em sua definição, design e forma de distribuição de conteúdo e conhecimento devido a introdução da tecnologia, argumentando que nesse novo contexto as tecnologias permitem que sejam formadas comunidades virtuais, educadores e aprendizes terão que reaprender seus papéis para se readaptarem a um processo de aprendizado mais adequado ao ambiente virtual: o ambiente colaborativo.
Em suma, pode-se afirmar que a modalidade a distância surgiu para
promover não só a aprendizagem e a formação, mas a compreensão do
conhecimento pela motivação, pelo interesse e necessidades de cada aluno
em particular, além do desenvolvimento da capacidade de comunicação e da
valorização do outro e de si próprio, a certeza que é capaz uma aprendizagem
significativa a distância.
37
2.1.2. Teorias da Educação a Distância (EaD)
A educação, na modalidade a distância, fundamentou-se em algumas
correntes teóricas, nas quais destacam-se a Teoria da Industrialização, de Otto
Peters (2003); Teoria da Independência e da Autonomia, de Michael Moore
(1973); Teoria da Interação e da Comunicação, de Borje Holmberg (2003);
Teoria da Comunicação e Controle do Aprendiz, de D.R. Garrison et al (2003).
No que tange ao binômio ensino-aprendizagem, há divergências na
forma de abordagem de cada uma dessas teorias, citadas acima. Assim sendo,
descreve-se as principais ideias manifestadas por cada um dos autores, em
subitens, abaixo:
a) Teoria da Industrialização segundo Peters
Na teoria de Peters (2003), a EAD deveria adaptar-se às mudanças da
sociedade industrial, evoluindo de acordo com as tendências da nova era pós-
industrial; com a emergência de tecnologias mais individualizadas; com tomada
de decisões mais descentralizadas e com novos valores relativos à qualidade
de vida, autorealização, autoexpressão e interdependência, prevendo também
as mudanças que esta forma de ensino experimentaria para se adaptar à
evolução da sociedade (PETERS, 2003).
Influenciada pela Sociologia, o impacto principal dessa teoria está nos
princípios e valores sociais compatível com a organização e princípios e
valores da sociedade industrial. Assim, de acordo com Freitas (2009, p. 49)
sintetiza-se a Teoria da Industrialização como:
Um método racional de partilha de conhecimento, tarefas e atitudes. Pode-se compará-la com o processo de produção industrial, por tentar identificar características mútuas, tais como: divisão do trabalho, a mecanização, a produção em massa, a normalização e a centralização, em que a sua própria sobrevivência está assegurada pela sua compatibilidade.
Verifica-se que a teoria de Peters (2003), defende a utilização de meios
técnicos de comunicação extensivos com a intenção de produzir materiais de
ensino de alta qualidade, de forma que se possa instruir um elevado número de
38
alunos ao mesmo tempo e onde quer que estejam situados – forma
industrializada – de ensinar e aprender.
b) Teoria da Independência e da Autonomia de Michael Moore
Michel Moore (1973) apregoa que na teoria do ensino e da
aprendizagem há duas vertentes importantes, a distância transacional e a
autonomia do aprendiz, que é centrado, em maior teor, nas necessidades do
aluno, com uma clara ênfase no estudo independente.
Para o autor acima citado, a distância transacional é uma função de
duas variáveis: diálogo e estrutura, sendo sublinhado pela autonomia do
aprendiz, o que significa recorrer ao mestre sempre que necessitar, porém
quanto mais o aluno tiver a capacidade de autonomia, mais o discente
demonstra êxito, o que é denominado pelo fator de maturação.
O diálogo está relacionado com a capacidade de comunicação entre o
mestre e o aprendiz, enquanto que a estrutura é a medida da resposta de um
programa às necessidades individuais do aprendiz.
A autonomia surge como consequência do processo de maturação do
indivíduo e que os programas de EAD, devido à sua estrutura, requerem
aprendizes com comportamentos autônomos de modo a conseguirem concluir
com sucesso esses mesmos programas (MOORE, 1973).
Verifica-se que Moore (1973) aponta a necessidade de uma
construção pedagógica que envolva o aluno a ressignificar seu processo
ensino-aprendizagem.
c) Teoria da Interação e da Comunicação de Borje Homberg
Borje Homberg (2003) informa que a corrente humanista da educação
é uma teoria que se fundamenta no conceito de conversação didática guiada e
seu impacto principal está na promoção da aprendizagem através de métodos
pessoais e convencionais. A motivação para a aprendizagem é baseada no
estabelecimento de uma relação pessoal com o aluno. A teoria de Holmberg
(2003) centra sua análise na interpersonalização do processo de ensino a
distância, fazendo-se através de meios de comunicação não contínua, mas por
39
uma conversação didática guiada, em que o aluno desenvolva autonomia,
propondo, mesmo como meta, a total autonomia do aluno para a promoção de
sua aprendizagem. O autor acredita que os diferentes processos de
comunicação, como: pensamento em voz alta, leitura em silêncio e
processamento elaborado de texto, aplicados na criação de materiais
pedagógicos impressos irão permitir ao aluno obter maior êxito na
aprendizagem, desde que respeitem-se os diferentes ritmos de aprendizagem
dos alunos (HOLMBERG, 2003).
d) Teoria da Comunicação e Controle do Aprendiz de Garrison
A teoria de Garrison et al (2003) define a transação educativa entre o
mestre e o aluno, fundamentada na busca de entendimento e conhecimento,
por meio do diálogo e do debate, necessitando do estabelecimento de uma
comunicação bidirecional entre o mestre e o aprendiz. Percebe o resultado dos
objetivos da relação professor-aluno apenas possível através da comunicação
bidirecional, podendo somente haver entendimento através do diálogo e do
debate de ideias. O impacto principal dessa teoria foi na facilitação da
transação educativa. Oposto a Moore (1973) e Holmberg (2003), que
caracterizam a aprendizagem como um processo individual interno ao
aprendiz, Garrison argumenta que a EAD é inseparável da tecnologia,
constituindo uma base sustentável à sua evolução e desenvolvimento.
Para Garrison et al (2003), o controle dentro de um ambiente educativo
não pode ser estabelecido apenas por uma das partes, porque o fluxo de
acontecimentos assenta inerentemente em uma plataforma colaborativa,
propondo que o controle deve ser baseado na interrelação existente entre a
independência – auto-aprendizagem –, a proficiência – capacidade para
enfrentar a auto-aprendizagem –, e o apoio – recursos disponíveis para orientar
e facilitar o processo educativo –, corporizados na relação existente entre o
mestre, o aprendiz e os conteúdos. Em suma, Garrison et al (2003) enaltecem
a comunicação bidirecional, pelo diálogo e debate, como fundamental para o
sucesso do aluno na modalidade EaD.
Síntese das teorias da educação a distancia
40
Para um melhor entendimento sobre as teorias da educação a
distancia evidencia-se em um quadro uma síntese das correntes teóricas
apresentadas nesse estudo, conforme abaixo:
Teoria
Autor
Principais características
Industrialização Otto Peters Foco no processo comparado ao processo de produção
industrial:
Divisão do trabalho;
A mecanização;
Produção em massa;
Tecnologias mais individualizadas.
Independência e
da Autonomia
Michael
Moore
Duas vertentes:
Distância transacional: considerando variáveis como o
diálogo e a estrutura;
Autonomia do aprendiz.
Interação e da
Comunicação
Borje
Holmberg
Conversação didática guiada:
Aprendizagem através de métodos pessoais e
estabelecimento de uma relação pessoal com o aluno;
Materiais pedagógicos impressos contendo diferentes
processos de comunicação, como: pensamento em voz
alta, leitura em silêncio e processamento elaborado de
texto.
Comunicação e
Controle do
Aprendiz
D.R.
Garrison
Estabelece a comunicação bidirecional entre o mestre e
o aprendiz através do diálogo e do debate de ideias.
A tecnologia é a base do desenvolvimento
Quadro 3: Características das teorias da educação a distância
Fonte: elaboração da autora
Verifica-se que na Teoria da Industrialização (PETERS, 2003) o foco é
o processo (a organização, os materiais, métodos de trabalho e avaliação,
divisão do trabalho), assim o papel do professor não é tão relevante, é
interdependente em sua relação com o aluno impondo um modelo
41
estandardizado de ensino, assim como na indústria, o resultado esperado é
uma produção em massa de conhecimento, tendo a figura do professor suas
funções acadêmicas alteradas, pois o centro do ensino-aprendizagem é o
processo.
Na Teoria da Independência e da Autonomia (MOORE, 1973), o aluno
é o foco e alcança autonomia desenvolvendo seu aprendizado de forma mais
independente, pois o diálogo com o professor é parte importante do processo,
mas não essencial, pois quanto menos ele se utiliza desse recurso, mais se
verifica o êxito de seu aprendizado.
A Teoria da Interação e da Comunicação (HOMBERG, 2003) defende
que o contato entre o professor e o aluno é fundamental para a motivação, a
interação aluno/professor é um pré-requisito, devido à didática guiada, que
busca a autonomia como uma das metas da EAD.
A Teoria da Comunicação e Controle do Aprendiz (GARRISON et al
2003) tenta substituir os conceitos de independência e autonomia usados por
Moore (1973) e Holmberg (2003) considerando que o processo de
aprendizagem requer interação do aluno com o mestre, assim se o mestre e o
aprendiz estão separados, é necessário proporcionar-lhes meios de
comunicação bidirecionais, utilizando as tecnologias para apoiar o processo
educativo, definindo-os como oportunidade e capacidade para influenciar e
dirigir determinados acontecimentos.
2.2. O PROFESSOR PRESENCIAL E O PROFESSOR-TUTOR
No contexto educacional, o professor deveria perceber que o mundo
atual exige, cada vez mais, de sua prática docente transformar as informações
em conhecimento. O processo histórico cultural constrói meios de interação
humana e social que necessitam de que as informações sejam transformadas
em opiniões, para que os docentes possam melhor entender o mundo e, assim,
compreender melhor seus discentes.
Percebe-se que a maneira mais adequada de partir para uma ação
docente eficaz é fazer com que o cotidiano das práticas docentes seja
iluminado pelos diferentes campos do conhecimento, devido à complexidade
que o ato educativo exige.
42
A educação, em sua amplitude, deveria ter como finalidade tornar o
homem mais íntegro, logo, carece lhe fornecer meios de aplicabilidade, de todo
cabedal de conhecimento adquirido no espaço educacional, em seu dia a dia
(MELLO, 2008).
Dessa forma, a educação escolar, nos dias atuais, não deveria apenas
transmitir conhecimentos aos seus alunos, deveria se preocupar com a
formação global, na intenção deles agirem como cidadãos transformadores,
reflexivos e autônomos.
A prática reflexiva e a implicação crítica seriam as ideias relacionadas
com posturas, ou atitudes fundamentais para o professor ideal. A saber, a
prática reflexiva porque, nas sociedades em transformação, a capacidade de
inovar, negociar e regular a prática é decisiva na implicação crítica, porque as
sociedades precisam que os professores envolvam-se no debate político sobre
a educação na escala dos estabelecimentos escolares das regiões e do país, a
fim de influenciar a qualidade do ensino.
Sabe-se de antemão que, para compreender a educação, é necessário
sua inserção a um determinado contexto histórico, por ser um fenômeno social
amplo, complexo, que perpetua, mas também se renova.
Compreender a aprendizagem é ter consciência de novos padrões e
novas formas de entender, ser, pensar e agir dentro do processo de aquisição
e assimilação. Como se pode afirmar que alguém já aprendeu? Segundo
Piaget (1996), isso acontece quando o indivíduo é capaz de reelaborar de
maneira diferente o que lhe foi apresentado, ou seja, é capaz de conceituar e
abstrair. Para tanto, o aluno só consegue aprender, se o processo da
aprendizagem for significativo, integral e relacionado com o contexto social do
aprendiz. Somente a partir deste ponto de vista, o aprender produzirá
mudanças nos conceitos prévios do aluno como servirá de base para que ele
continue aprendendo.
De acordo com Souza (2004, p. 5):
[...] tal como os saberes específicos da área de atuação se modificam, os conhecimentos pedagógicos necessitam ser construídos e reconstruídos em função de um movimento sócio-histórico. Para além de um conjunto de pressupostos que o educador deve se apropriar e assumir como referência norteadora de sua prática, lidar com o cotidiano – envolto num quadro complexo e
43
dinâmico – requer tomadas de decisões não menos complexas e dinâmicas. [...], cada educador, como ator e autor, confere à sua identidade docente elementos vinculados a seus valores, sua forma de situar-se no mundo, sua história de vida, representações, saberes, angústias e anseios, como também através de suas redes de relações.
E a escola tem um papel fundamental nessa construção de
conhecimento, mas para a escola cumprir seu papel de transmissor e
elaborador da cultura ela deveria ter a alegria e a satisfação como aliadas
nesse desenvolvimento. Nessa perspectiva, Snyders (1988 apud GADOTTI,
2001, p. 237), comenta a respeito da alegria na escola como um dos
pressupostos para repensar o projeto da escola de hoje. Segundo Snyders a
escola tradicional, sob a influência da sociedade religiosa, confessional, que
insistia na tristeza e na disciplina exterior, apregoava que a alegria deveria ser
deixada para depois da escola porque a escola deveria ser triste. Essa escola
foi superada pela escola nova3, sob a influência da sociedade burguesa.
Mas para Snyders (1988), não se trata apenas de tornar os métodos
de ensino mais agradáveis utilizados pela escola nova, trata-se de descobrir o
quanto o homem tem satisfação e alegria ao construir uma cultura elaborada. O
momento para ser feliz é agora e é aqui, mas a fonte da alegria não pode ser
procurada em métodos agradáveis, nem nas relações simpáticas entre
professores e alunos. Para ele, a alegria é consequência, não uma causa,
encontrar a alegria na escola, no que ela oferece de particular e de
insubstituível, um tipo de alegria que a escola é a única a oferecer, um
entusiasmo cultural que aposta na satisfação que é dada pela cultura
elaborada em suas exigências culturais mais elevadas.
Assim, ao pensar o contexto das competências Perrenoud (2001 apud
ANTUNES, 2002, p. 93), identifica 50 competências para o educador, que
estão agrupadas em 10 famílias, cada uma reunindo diversas competências
interrelacionadas, descritas a seguir:
3 Segundo Snyders, a escola nova foi a escola que tentou reagir à escola tradicional inovando os métodos de aprendizado tornando-os mais agradáveis.
44
1ª. Organizar e estimular situações de aprendizagem:
Organizar e estimular situações de aprendizagem significa ligá-las à vida
do aluno, ajudá-lo a resolver problemas, não somente da lição ministrada em
aula, mas também os problemas propostos pela vida. Para permitir ao aluno o
acesso e o estímulo às situações de aprendizagem o professor deveria
observar as perguntas que ele faz e as dúvidas que ele levanta fora de sala.
Quanto às respostas para essas perguntas cabe ao professor ir além das
perguntas dos alunos, ele deve indagar por outras curiosidades e dúvidas que
não estão prontas em um manual, coletando-as através de conversas com os
alunos, através de seus colegas professores mais experientes, na ação dos
alunos no contexto da escola, etc. Assim, Perrenoud (2001 apud ANTUNES,
2002, p. 95), indica as competências inter-relacionadas dessa família, que são
as seguintes:
Saber selecionar conteúdos a serem ensinados;
Trabalhar a partir das representações dos alunos, das suas verdades e da
realidade em que vivem;
Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos da aprendizagem;
Construir e planejar dispositivos e seqüências didáticas;
Envolver sempre os alunos com atividades de pesquisa.
2ª. Gerar a progressão das aprendizagens:
O aluno é um ser em transformação, logo, necessita de um professor
que perceba e administre a progressão dessa aprendizagem, por exemplo,
quando um aluno lê um livro, ao chegar ao meio dele certamente não possuirá
os mesmos saberes que possuía quando o iniciou, porque aprendeu novos
conceitos, novo vocabulário (PERRENOUD, 2001 apud ANTUNES, 2002).
Também fazem parte dessa família as seguintes competências (p. 97):
Conceber e administrar situações-problema que progressivamente se
ajustem à transformação do aluno;
Adquirir visão longitudinal dos objetivos do ensino, percebendo que não
existe aprendizagem parcial se ela não se incorpora a uma aprendizagem
integral;
Estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de
aprendizagem;
45
Observar e avaliar os alunos tendo em vista sua formação progressiva,
jamais o estágio final da mesma.
3ª. Conceber e fazer com que os dispositivos de diferenciação
evoluam:
O professor deveria evitar a padronização nos alunos, que é buscar
em tudo e todos os mesmos padrões de comportamentos, olhares, etc., isso
não é tarefa fácil, mas a aceitação da classe organizada em diversificadas
dificuldades simboliza caminhos de aprendizagem interessantes. De acordo
com Perrenoud (2001 apud ANTUNES, 2002, p. 98), também fazem parte
dessa família as seguintes competências:
A existência, para todos os alunos de uma sala ou série, de uma verdadeira
doação de tempo por parte de todos, alunos, professores e voluntários para
ajudar quem precisasse;
A implementação de um projeto de cooperação entre os alunos, construindo
uma consciência coletiva de que não existe mal algum em buscar ajuda.
4ª. Envolver os alunos em suas aprendizagens e no trabalho:
Quando o aluno não tem vontade de aprender, não tem motivação e
às vezes está ali por obrigação, requer-se de um professor descobrir meios de
fazer com que esse aluno que recusa a aprendizagem possa transformar
aversão em aceitação, como também a causa do desinteresse. Para isso, a
escola precisaria mostrar-se atraente para o aluno e seus professores
precisariam ser descobertos não apenas como amigos, mas também como
companheiros da jornada do crescer e do transformar-se. Não há como
apresentar um manual ou receitas prontas de como isso pode acontecer, pois
as soluções variam de escola para escola. Dessa forma, Perrenoud (2001 apud
ANTUNES, 2002, p. 99), aponta as competências dessa família, nas quais o
professor deveria:
Sentir entusiasmo pelo que ensina e dividir com seus alunos a empolgação
dessa sua paixão;
Explicitar a relação entre a aprendizagem e o saber;
Usar o “termômetro” que a opinião de seus alunos representa;
46
Alternar processos de aprendizagem, mudar projetos de pesquisas e criar
alternativas de ensino;
Preparar a aula e preparar-se de maneira cuidadosa: cuidar da sua
apresentação pessoal, rever sua postura física, aprender a modular a voz,
não se apresentar sem um plano coerente, manter a calma mesmo em
situações difíceis, lembrar-se que uma repreensão severa e firme não
precisa ser grosseira e deseducada, falar baixo não significa falta de
autoridade, movimente-se o tempo todo, olhe para todos, não se
esquecendo da assiduidade e da pontualidade, que são regras de ouro para
despertar no aluno a consciência de sua importância e a dignidade de sua
profissão.
5ª. Ensinar os alunos a trabalharem em equipe:
O ser humano vive num contexto de ação coletiva, onde seu lazer e
seu trabalho contrastam com a ação individual que existe na escola. Segundo
Perrenoud (2001 apud ANTUNES, 2002, p.101), “na escola os alunos são
colocados em grupo o que não necessariamente os faz trabalharem juntos,
portanto, torna-se essencial ensiná-los a cooperar, somar, dividir
responsabilidades, interagir, trabalhar em equipes, desperta-lhes a
sensibilidade para o relacionamento interpessoal, para a descoberta de si
mesmo através da descoberta do outro”. De acordo com esse autor, outros
elementos dessa família de competências que poderiam ajudar são os
seguintes:
Propor projetos pedagógicos que realmente necessitem de cooperação
conjunta;
Os professores devem buscar referências para compreender como funciona
a dinâmica de grupo que envolve os alunos;
Não ensinar sem antes praticar a leitura, a reflexão, a discussão, entre
outros.
6ª. Participar da gestão da escola:
Participar da gestão da escola é uma necessidade, tanto para a escola
pública quanto a privada, mas qual papel caberia aos professores na gestão da
escola? Para Perrenoud (2001 apud ANTUNES, 2002, p. 104), “numa realidade
47
muito comum nas escolas de ensino fundamental e médio a participação do
professor na função gestora não é bem vista, nas universidades, faculdades e
centros universitários onde a participação do colegiado é muito restrita, não
poucas vezes participam apenas com suas assinaturas para homologar todos
os atos”. Nesse contexto, o professor não pode refletir sobre a escola como
sendo apenas seu local de trabalho, antes eles devem ser preparados,
mostrando com clareza o que se espera deles.
7ª. Informar e envolver os pais:
“O envolvimento e a interação dos pais no contexto escolar podem
trazer contribuições benéficas para a aprendizagem. Assim, os pais devem
acompanhar o desenvolvimento educacional de seus filhos, cabendo è escola
definir até onde esse envolvimento é possível” (PERRENOUD, 2001 apud
ANTUNES, 2002, p. 105).
8ª. Dominar e utilizar as novas tecnologias:
O domínio de ferramentas de tecnologia é importante no auxílio de
uma aula de qualidade. O uso de slides, gravadores, filmes e etc., são recursos
que ajudam a ilustração dos conteúdos, mas por si só não ensinam e por isso
não são suficientes para a motivação dos estudantes. O uso dos recursos de
multimídia e da Internet tornaram-se um atrativo para a educação
(PERRENOUD, 2001 apud ANTUNES, 2002). Assim, verifica-se que parece
mais urgente como se fazer uso delas, pois se o uso é pertinente ou não é uma
questão há muito ultrapassada no contexto escolar. Perrenoud (2001 apud
ANTUNES, 2002, p. 105), informa ainda que alguns de seus usos podem ser
os seguintes: oferecer cursos de extensão; oferecer treinamentos aos
professores e a outros membros da comunidade escolar; explorar novas
metodologias de ensino, diversificando ferramentas de navegação, de
interatividade e de aprendizagem; usar e ensinar os alunos a usarem editores
de textos; explorar as potencialidades didáticas de MP3 e CD Rom’s; utilização
de chats, fóruns, correios eletrônicos, planilhas, bibliotecas virtuais e etc (p.
105).
9ª. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão:
48
O professor deveria utilizar as ferramentas dos conteúdos que ensina
para educar. Segundo Perrenoud (2001 apud ANTUNES, 2002, p. 108), “a
essência da razão de existir do professor é a educação tomada em seu sentido
integral. Não educa quem, nas salas de aula, ensina apenas os conteúdos
específicos das disciplinas que ministram”.
10ª. Gerar a sua própria formação contínua:
O contexto educacional de hoje exige educação permanente e
considera-se um procedimento injustificável quando um professor constrói seu
conhecimento nos tempos da faculdade e não dá continuidade à sua formação,
estudando apenas o essencial, pois para o bom desempenho do professor são
necessários conhecimentos dos conteúdos de disciplina, didática, noções de
psicologia e outros conhecimentos que vão além dos aprendidos nas cadeiras
da faculdade. Assim, de acordo com Perrenoud (2001 apud ANTUNES, 2002,
p. 110), os professores deveriam incorporar em suas competências as
seguintes capacidades:
Libertar-se da rotina e estabelecer como meta de vida a ousadia e a
coragem de repensar seus caminhos;
Revelar a capacidade de identificar, justificar e detalhar cada passo de sua
ação pedagógica e de suas práticas docentes;
Jamais perder a visão do todo;
Planejar e replanejar para espaço de tempo as conquistas que almeja;
Buscar o envolvimento com os colegas;
Insurgir-se como um construtor de desafios;
Perceber com lucidez suas limitações técnicas;
Admitir suas limitações, mas não abdicar do sentimento de construção de
uma escolha melhor;
Utilizar a avaliação de desempenho dos alunos para diagnosticar suas
limitações individuais e traçar planos para remediá-la;
Autoavaliar-se a cada passo, ser consistente em suas exigências, crítico em
relação às suas conquistas.
O propósito vital da educação, enquanto prática social, é considerar
tanto o discente quanto o docente, sujeitos ativos desse processo. Logo, é
49
imprescindível que a ação docente considere a capacidade de seus alunos
juntamente com a seleção e organização de meios que os auxiliem no
processo da aprendizagem.
Os procedimentos de ensino, as ações, os processos ou
comportamentos planejados pelo professor carecem ter a intenção de colocar o
aluno em contato direto com fatos ou fenômenos que possibilitarão modificar
sua conduta, em função dos objetivos previstos.
Para um melhor entendimento, explicita-se, a seguir, o papel do
professor presencial e do professor tutor.
2.2.1. Professor presencial
A educação atual se abarca da teoria progressista para fundamentar os
aspectos fundamentais na formação do profissional de educação – o professor
–, com conhecimentos, habilidades e atitudes necessários para o desempenho
na carreira.
Nessa esteira, vários estudiosos, destacando Paulo Freire (1993),
apontam que ensinar é organizar situações de aprendizagem, planejar, propor
atividades e identificar as representações do pensamento do aluno.
Piaget (1996) defende a idéia de que a construção da aprendizagem é
eminentemente epistemológica e científica. O objetivo central de sua teoria é
elucidar a atividade científica a partir de uma psicologia da inteligência, mas,
propicia respostas para área pedagógica.
De acordo com Piaget (1996), o sujeito constrói conhecimento
interagindo com o meio social e natural, ou seja, pela interação sujeito e objeto
do conhecimento. Como o sujeito é fundamentalmente epistêmico, portanto
cognitivo, é necessário que o docente permita ao aluno desenvolver a
criatividade e a autonomia, a fim de que ele possa resolver situações
problemas e construir conceitos.
Já Vygotsky (1996), aponta a necessidade de se compreender os
aspectos da dinâmica da sociedade e da cultura, por acreditar que o meio
histórico social interfere no curso do desenvolvimento do sujeito. O indivíduo
transforma tanto a sua relação com a realidade como a sua consciência sobre
50
ela, “[...] o desenvolvimento histórico do conhecimento e das representações é
o resultado de uma série de transformações qualitativas e de descontinuidades
não apenas de conteúdo, mas nas estruturas cognitivas” (MOSCOVICI, 2010,
p. 299).
A internalização de um sistema de signos produzidos culturalmente
provoca transformações na consciência subjetiva do homem sobre a realidade,
ou seja, o homem assimila os valores culturais de seu ambiente, e, ao mesmo
tempo, desenvolve uma consciência crítica sobre os mesmos. Assim, o
indivíduo torna-se capaz de se transformar e atender as novas exigências de
seu contexto social.
Vygotsky (1996) acredita que o reflexo do mundo externo sobre o
mundo interno é a constante variável imprescindível ao desenvolvimento do
indivíduo. Sendo assim, para o autor, a natureza social e cultural se torna
indispensável à natureza psicológica das pessoas.
O verdadeiro papel do educador passa ser aquele que não mais
percebe o aluno como um sujeito em crescimento, em processo, que irá tornar-
se alguém um dia, mas sim aquele que reconhece que o aluno já é alguém
hoje, em sua casa, na rua e no trabalho, que nasce com uma história de vida
única, que se faz na cultura e pertence a uma classe social (MELLO, 2010).
Para Paulo Freire (1993), a construção de uma verdadeira concepção
do ato de educar é adotar como principais fundamentos para a prática
educativa, a valorização do cotidiano do aluno e a construção de uma práxis
educativa que estimule à leitura crítica do mundo.
Compreende-se que a verdadeira educação é aquela que não separa,
em momento nenhum, o ensino dos conteúdos do desenvolvimento da
realidade. Todavia, todo educador precisa ser “substantivamente político e
adjetivamente pedagógico” (FREIRE, 1993, p. 28) porque a figura do professor
é essencial para construir nos alunos a consciência crítica, possibilitando-os a
serem sujeitos de sua própria história de vida.
O educador deveria ter uma formação sob uma perspectiva holística,
em que articule a relação dialética - prática x teoria x prática -, comprometida
com os interesses amplos da maioria da população, com a democracia, com a
justiça, com a liberdade e os direitos da cidadania, isto é, o educador carece
51
assumir o papel de mediador na construção da cidadania, na conjuntura
histórica em que se insere.
Nesse enfoque, todos os alunos deveriam participar da discussão e da
sistematização das atividades, logo, faz-se necessário problematizar
constantemente qualquer questão no processo educacional, realizar uma
práxis crítica da realidade, não dar respostas às perguntas, sem antes
questionar aos alunos sobre o que pensam a respeito. O docente carece
encorajar os alunos a resgatar a própria identidade, realizar atividades que
permitam que cada um deles exponha seu pensamento, incentivando a
escrever, animando, organizando, instruindo e acima de tudo, acreditando na
capacidade de aprender de cada um.
E mais, a teoria do conhecimento de Paulo Freire (1993), pauta-se em
quatro pontos: pela curiosidade, estimulando a leitura de mundo; pelo diálogo
com o outro, permitindo verificar se esta leitura é verdadeira porque inclui o
conflito de posições; a educação como ato produtivo, porque constrói o mundo
em conjunto com outros, onde se produz e reproduz o conhecimento através
do construtivismo crítico; e finalmente, educação como ato de libertação e de
esperança, capaz de despertar o sonho, de reencantar.
Desse modo, cabe ao professor atuar como mediador e orientador;
fornecer informações relevantes; incentivar a busca de distintas fontes de
informações; realizar experimentações; defender a formalização de conceitos;
propiciar a inter aprendizagem e a aprendizagem significativa do aluno.
Nesse contexto, o docente necessita expressar pensamentos, tomar
decisões, dialogar, trocar informações, experiências e produzir conhecimentos,
“os conceitos científicos, ou representações são eventualmente transformados
em representações do senso comum, em vez de serem literalmente eliminados
por elas” (MOSCOVICI, 2010, p. 301).
No contexto das atitudes do professor presencial, Perrenoud (2002)
informa que o docente necessita, ao deparar-se com um grande número de
classes agitadas, apaziguá-las; se os alunos resistem, não se esforcem, os
mobilizem e suscitam neles o desejo de aprender; ajude os alunos a
construírem sentido aos saberes e trabalhos escolares, quando sua relação
com o mundo impede-os de se adaptarem aos programas.
52
Verifica-se que o reconhecimento de competências não passa apenas
pela identificação de situações a serem controladas, de problemas a serem
resolvidos, de decisões a serem tomadas, mas também pela explicitação dos
saberes, das capacidades, dos esquemas de pensamento e das orientações
éticas necessárias. Todos esses recursos não provêm da formação inicial e
nem mesmo da contínua. Alguns deles são construídos ao longo da prática –
“os saberes de experiência” –. Entretanto, a formação inicial deve desenvolver
os recursos básicos, bem como treinar as pessoas para que possam utilizá-lo.
O papel do processo educativo não está mais em levar o aluno a
memorizar as informações, em seus mínimos detalhes, para serem
transmitidas às novas gerações. A partir da evolução em todos os aspectos é
possível observar a ruptura de dois tipos de tradições, ao nos referirmos aos
sistemas educativos e à profissão docente. Por um lado rompeu-se com a idéia
de que a transmissão do saber dá-se, predominantemente, através da
oralidade e da escrita; isso supõe gerar processos de renovações
metodológicas em consonância com as linguagens que atualmente começam a
serem utilizadas.
2.2.2. Professor-tutor
Verifica-se que a produção e a socialização do conhecimento requerem
novas formas e suportes de aprendizagem nas quais está incluída o uso de
diferentes linguagens e códigos, que já há algum tempo são utilizados por
outros agentes de informação e socialização, mas que ainda, são rejeitados
pela maioria dos sistemas escolares. É com esse prisma de mudanças, que
vários teóricos começaram estudar com a preocupação de compreender como
ocorre o desenvolvimento e aprendizagem.
Nesse caso, pode-se apontar a concepção de Freire (1993) aos
professores-tutores, porque no processo de comunicação na modalidade EaD
é fundamental que se dê na perspectiva dialética – histórica e contextualizada
– em um processo dialético entre o fazer e a reflexão sobre a ação realizada ou
que está sendo realizada.
Nesse processo, o discente deveria ser reconhecido como um ser
histórico, imbuído de informações e conhecimentos, que não se dão apenas no
53
espaço virtual e no tempo em que permanece nele. Logo, compete ao docente
ter competência para perceber que a situação do aprendizado reúne alunos de
níveis diferentes em uma mesma turma online, carecendo, em sua prática
pedagógica, de um comprometimento com a diversidade.
Nessa esteira, o professor-tutor deveria se alimentar dentro dessa
perspectiva, preocupar-se com a aprendizagem do aluno, disponibilizar um
número maior de informação, transpor a distância temporal, não se limitar em
transmitir ou reproduzir informações, mas ser o mediador, possibilitar a
aprendizagem, a troca e a cooperação, mesmo estando distantes. Assim,
caberia ao professor-tutor acreditar no caráter dialógico como possibilidade de
auxiliar o aluno a avançar. Para isso, esse docente precisa utilizar diferentes
meios comunicacionais na busca da inter-relação em espaços e tempos
diversificados, a fim de possibilitar a troca e o diálogo, enfim, a aprendizagem.
Atualmente, o papel essencial do docente é oferecer aos educandos
ferramentas para dominar a vida e compreender o mundo. Sendo assim, são
fundamentais projetos de inovações tecnológicas, onde um ponto relevante é
que o processo ensino-aprendizagem seja considerado indissolúvel, não
enquanto processo, mas também, nas repercussões que incidem sobre o
professor e o aluno. Ambos aprendem, modificam e transformam a realidade
(MELLO, 2008).
Por isso, os meios de informação e de comunicação são importantes
instrumentos pedagógicos auxiliares, porém, em hipótese alguma, podem ser
substituídos pela relação e interação entre educador e educando e essa
substituição pode ocorrer na modalidade a distância devido a crença de muitos
docentes, fundamentadas em algumas teorias do ensino a distância citadas no
tópico 2.1.2, por exemplo, a Teoria da Independência e da Autonomia de
Michael Moore (1973) e Teoria da Interação e da Comunicação de Borje
Homberg (2003), de que o aluno precisa tornar-se independente
intelectualmente. O autodidata torna-se a tônica para muitos docentes da
modalidade de EaD, pois quanto menos o estudante procura auxílio do
professor-tutor, melhor é a sua capacidade e seu êxito na aprendizagem, mas
a troca, o diálogo, a cooperação, a construção, a interação, tão assinaladas por
Freire (1993), corroborada com Piaget (1996) e Vygotsky (1996) são
importantes para o sucesso da aprendizagem.
54
Os docentes tutores deveriam estar cientes de que o conhecimento é a
construção de significados, cujo indivíduo procura fazer sentido de seu mundo.
Logo, é um processo de construção que se dá na relação do sujeito com seu
contexto social. Não se pode deixar de lembrar que a aprendizagem depende
de motivação, que não é transmitida, mas sim construída, compartilhada com o
outro, resultado de interação e do diálogo (PIAGET, 1996; VYGOTSKY, 1996;
FREIRE, 1993).
Para Campos & Amaral (2007) o professor-tutor deveria aproveitar ao
máximo a utilização das ferramentas de comunicação que as tecnologias de
informação e comunicação (TICs) trouxeram a EaD. A clareza no processo de
tutoria é fundamental para a interatividade, pois o professor-tutor não é apenas
um orientador de estudos ou um esclarecedor de dúvidas. Segundo eles, um
dos fatores importantes para o sucesso da educação a distância baseia-se na
relação que se estabelece entre aluno, material didático e professor, sendo o
professor-tutor o principal articulador desses três fatores. Dessa forma o
professor-tutor desempenha plenamente o papel de “mediador pedagógico”.
Para os autores (p. 5) a atuação do professor-tutor deveria:
Priorizar o desenvolvimento de habilidades e competências que favoreçam o diálogo dos estudantes com os materiais de estudo – e através desses, com os professores-autores – e a efetiva aprendizagem e fomentar práticas de estudo caracterizadas pelo binômio autonomia-cooperação, essenciais ao estudo a distância.
Nesse contexto a manutenção de um estado contínuo de comunicação
torna o professor-tutor sujeito do processo de interação para garantir a
aprendizagem, estimulando e mantendo o fluxo comunicacional ao longo de
todo o curso ou programa educacional.
2.3. AS COMPETÊNCIAS PARA O EXERCÍCIO DOCENTE NA EAD
As tecnologias de rede apresentam-se como aliadas do processo
ensino-aprendizagem seja no modelo a distância ou presencial. Ao lado do
avanço tecnológico, impõe-se o papel e as novas dimensões que a docência
pode assumir. Portanto, deve-se compreender e revisar as competências que o
55
professor precisa desenvolver para construir uma prática pedagógica que
incorpore estes recursos para atuar na educação a distância.
O termo competência tem sido apropriado por várias áreas do
conhecimento, como a Administração, a Educação, a Economia e o Direito e
por isso tem sido interpretado de acordo com sentidos e propósitos distintos.
Assim, devido à diversidade das perspectivas teóricas em torno das
competências serão apresentadas algumas perspectivas relacionadas à
Administração, devido a autora da pesquisa estar estudando em um Mestrado
em Administração e relacionada à Educação, devido ao sujeito dessa pesquisa
ser o professor presencial e o professor-tutor. Diante das perspectivas teóricas
apresentadas abaixo, nesse estudo será considerado o aspecto
comportamental para a análise das competências do professor-tutor.
Na construção do conceito de competências, duas das principais
perspectivas relacionadas à Administração estão associadas ao eixo conceitual
que desenvolve-se na dimensão estratégica das organizações. Nesse eixo
apresentam-se duas correntes teóricas: (a) Resource Based View tendo como
principais estudiosos do tema os autores Penrose, Wernerfelt, Rumelt e Barney
que defendem a idéia de que os recursos internos da empresa constituem seus
principais fatores de competição; e (b) Core competence tendo como principais
estudiosos do tema os autores Prahalad e Hamel que defendem a idéia de que
as competências da empresa, que são colocadas em uma dimensão coletiva e
organizacional, são importantes fatores para as escolhas das estratégias de
competição (RUAS ET AL, 2005).
A segunda perspectiva está associada ao eixo conceitual referente às
práticas associadas à gestão de pessoas, tais como, seleção,
desenvolvimento, avaliação e remuneração por competências e tem como
principais estudiosos do tema os autores Woodruffe, McClelland, Boyatsis, Le
Boterf, Zarifian e Dutra.
Nessa perspectiva, segundo Ruas et al (2005), o conceito de
competência sobrepõe-se ao conceito de qualificação, pois a princípio, a
competência estava associada à qualificação, mas ao longo do tempo o
conceito de competência foi evoluindo devido aos impactos das transformações
recentes no ambiente de negócios e a necessidade da área de gestão de
pessoas adaptar-se às diversas mudanças estruturais na organização do
56
trabalho como a flexibilidade, a multifuncionalidade, a natureza do trabalho,
entre outras, passando a focar no desempenho, na mobilização
contextualizada e na contribuição do trabalho para a estratégia da empresa,
constituindo um instrumento de referência para mediar as diferentes
responsabilidades e contribuições individuais para a empresa.
Nesse contexto, a evolução do conceito de competência transita por
períodos nos quais as ênfases para sua aplicação se modificam, iniciando em
um período em que a questão principal é a identificação das capacidades
necessárias para atuar num certo tipo de tarefa e obter um desempenho
superior, passando pela fase em que o foco da competência se movimenta
para o momento da ação, para a combinação e mobilização das capacidades
até o período atual onde a ênfase passa a ser a contribuição do trabalho para a
estratégia da empresa.
Em suma, a dimensão estratégica, através do conceito de
competência, contribui como referência e priorização da gestão e
desenvolvimento de capacidades que devem sustentar a competitividade da
empresa (RUAS ET AL, 2005).
Em um contexto mais amplo é necessário conhecer outras
perspectivas relacionadas às competências na visão de outros autores que
englobam outros campos de conhecimento além da Administração, como
Feuerschütte (2006) que apresenta três abordagens predominantes nos
estudos das competências. Originadas nos Estados Unidos, Inglaterra e
França, essas abordagens analisavam a competência, respectivamente, pelos
aspectos dos elementos comportamentais ou individuais, o caráter funcional e
a abordagem construtivista que analisa a competência como um processo
dinâmico reconhecido por meio do resultado de uma ação.
Na perspectiva comportamental, Feuerschütte (2006, p. 22) afirma
que, fundamentada em princípios behaviorista e condutivista do
comportamento humano, a análise da competência tem como foco:
Os atributos individuais que permitem que uma pessoa atinja um desempenho considerado superior ao realizar suas tarefas e que serve de orientação aos demais. A competência é reconhecida no indivíduo por refletir, nos resultados da produção no trabalho, sua eficiência pessoal e social (McLAGAN, 1997; FLEURY; FLEURY, 2001b; DELUIZ, 2004).
57
Então, na perspectiva comportamental, para alguns autores como
McClelland, Fleury, Ruas, Antonello e Boff a competência humana é vista como
um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que podem explicar um
desempenho elevado e cuja base encontra-se em sua inteligência e nos traços
de sua personalidade e que as competências podiam ser previstas e
estruturadas para gerar um conjunto ideal de qualificações que permitissem ao
indivíduo desenvolver uma performance superior no trabalho
(FEUERSCHÜTTE, 2006).
Na perspectiva funcional, Feuerschütte (2006, p. 24) afirma que,
fundamentada em princípios do “pensamento funcionalista da Sociologia” e
como “fundamento metodológico-técnico a Teoria dos Sistemas Sociais”, a
análise da competência e explicada como sendo:
Um deslocamento conceitual de qualificação para a competência na relação entre trabalho e educação. Este fenômeno é decorrente da clássica análise ocupacional – job evaluation – ou da análise de empregos (requisitos da função), prevalecente nas práticas da área de recursos humanos das empresas (DELUIZ, 2004; RAMOS, 2002).
Então, na perspectiva funcional, a competência é definida como um
conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes identificadas através da
análise funcional/ocupacional do desempenho e das responsabilidades
assumidas pelo indivíduo onde são estabelecidos os pré-requisitos ou o
conjunto de competências necessárias ao perfil ocupacional desejado, cujo
desenho é delineado e reforçado nos programas de formação, avaliação e
certificação de competências (FEUERSCHÜTTE, 2006).
Na perspectiva construtivista, Feuerschütte (2006) informa que é
possível enxergar o processo que envolve a relação entre o indivíduo e o
contexto do trabalho e que “a construção da competência deixa de estar
limitada ao exercício das funções organizacionais ou da implementação das
estratégias para responder ao mercado” (p.31). A autora informa ainda que,
para essa construção, as percepções, contribuições e potencialidades do
indivíduo, que podem ser desenvolvidas no contexto produtivo, são também
importantes, pois a aprendizagem ocorre com a reflexão, a interpretação e a
avaliação que esse indivíduo faz da própria ação e de sua efetividade diante da
58
situação enfrentada. Para Feuerschütte (2006, p. 31) a competência é um
processo, mais que um estado:
Pois os autores que analisam a competência sob a perspectiva construtivista a interpretam como um processo que considera a mobilização das capacidades do indivíduo – em geral formadas por conhecimentos, habilidades e atitudes – para a ação; isto é, a sua aplicação em uma dada situação complexa. Trata-se, portanto, da noção da competência prática ou da competência em ação.
Então, na perspectiva construtivista, a competência remete à
associação entre competência e o processo de aprendizagem, isto é, à idéia de
que a competência se expressa quando na ação em um determinado contexto,
a partir de conhecimentos e experiências que se acumulam e potencializam os
recursos de cada indivíduo (FEUERSCHÜTTE, 2006).
No contexto das competências, em uma visão mais tecnicista e
pragmática, é comum haver a associação entre o desempenho do indivíduo em
um posto de trabalho e o conjunto de suas características individuais. Essa
associação tem sido definida como o “CHA” que significa conhecimentos,
habilidades e atitudes. Feuerschütte (2006), informa que esse conceito é
estudado no Brasil por autores como Dutra, Ruas, Godoi e Silva, Deluiz e
Bitencourt, entre outros, onde os autores concordam que os conhecimentos
(saber), habilidades (saber-fazer) e atitudes (saber-ser), ou seja, o “CHA”
tornou-se um equívoco conceitual porque:
Ou reconhece a competência pela associação das qualidades de um profissional ao estoque de conhecimentos e às experiências que detém, ou valoriza as características individuais (aptidões) em detrimento do seu desempenho, ou ainda vincula a competência à capacidade de realização de tarefas ou funções prescritas.
Segundo Campos (2011) os diferentes aspectos do “CHA” são
explicados da seguinte forma: os saberes dizem respeito aos conhecimentos,
ao saber teórico, formalizado e prático, que podem ser transmitidos e que são
adquiridos tanto na educação formal quanto na informal. Os saberes teóricos
podem ser representados pelo saber técnico, que traduz o que deve ser feito e
o saber metodológico traduzido em como deve ser feito.
O saber ser diz respeito às atitudes, referindo-se aos valores de um
indivíduo, suas características pessoais e culturais, sua capacidade de se
59
comunicar, interagir, adaptar-se a novas situações, entre outras. As
capacidades de ordem psicológica, como saber agir e reagir com pertinência,
combinar os recursos e mobilizá-los em um contexto, transportar, se engajar,
aprender.
O saber fazer diz respeito às habilidades relacionada à aplicação dos
conhecimentos, ou seja, as habilidades refletem o resultado das competências
adquiridas. A ênfase dada ao saber fazer faz com que alguns autores
considerem que a noção de competência está ligada apenas à aquisição de
conteúdo. Segundo Campos (2011) isso aproximaria o conceito do “CHA” ao
paradigma tecnicista, por dar um valor maior aos resultados observados em
detrimento dos saberes subjetivos. Esse argumento encontra respaldo em
Fleury e Fleury (2001 apud FEUERSCHÜTTE, 2006, p. 29) onde “a
implementação de práticas organizacionais com base neste conceito acaba por
transformar os modelos de gestão por competências em formas modernas de
aplicação dos princípios tayloristas e fordistas”.
A importância dada à formação profissional para o desenvolvimento
das competências não está demandando apenas conhecimentos técnicos
refletidos no saber fazer, pois dependendo da formação profissional que se
quer atingir, será necessário desenvolver capacidades relativas ao
conhecimento, incluindo as formas de comunicação e o domínio da linguagem,
o desenvolvimento de raciocínio lógico-formal, além de aspectos culturais. Uma
das conseqüências das competências adquiridas seria a inclusão na vida social
e produtiva (CAMPOS, 2011).
Lito e Formiga (2009), definem competência como aptidão para
enfrentar diversas situações, mobilizando de uma forma correta, rápida,
pertinente e criativa, múltiplos recursos cognitivos: saberes, capacidades, micro
competências, informações, valores, atitudes, esquemas de percepção, de
avaliação e de raciocínio.
Para Eboli (2004), competência abrange três características:
conhecimento (compreensão de conceitos e técnicas = querer saber);
habilidade (aptidão e capacidade de realizar = poder fazer) e a atitude (postura
e modo de agir = querer fazer).
Para uma melhor compreensão sobre o papel do professor na
educação a distância, Belloni (2001, p. 83) informa que “a complexidade da
60
função docente na EAD e sua atuação é, ao mesmo tempo pedagógica,
tecnológica e didática”.
O professor na modalidade a distância deveria ser formador,
necessitando orientar o estudo e a aprendizagem; deveria ser conceptor e
realizador de cursos, de materiais, dos planos de estudo; ser pesquisador,
atualizar-se nas várias disciplinas e metodologias de ensino/aprendizagem
para refletir sobre sua prática pedagógica, ser tutor, aquele que orienta o aluno
em seus estudos, de acordo com as disciplinas de sua responsabilidade e
participar das atividades de avaliação, ser tecnólogo educacional, isto é,
especialista em novas tecnologias, responsável pela organização pedagógica
dos conteúdos, se adequar aos suportes técnicos a serem utilizados na
produção dos materiais, assegurando a integração entre a equipe técnica e
pedagógica e ser professor tira-dúvidas, função exercida também pelo tutor,
porque assegura uma espécie de “balcão” de respostas a dúvidas com relação
aos conteúdos de uma disciplina ou questões relativas à organização dos
estudos e das avaliações (BELLONI, 2001).
Para melhor entendimento, pautado em Belloni (2001, p. 83),
identifica-se no quadro abaixo, a comparação do papel do professor presencial
para o professor na EaD:
61
PROFESSOR PRESENCIAL
PROFESSOR NA EAD
MESTRE (que controla as aulas) PARCEIRO (prestador de serviços quando o
aluno sente necessidade ou conceptor,
realizador de materiais
Só se atualiza em sua área específica Atualização constante, não só de sua
disciplina
Passar do monólogo sábio de sala de
aula
Para o diálogo dinâmico dos laboratórios,
salas de meios, e-mails, telefone, etc
Do monólogo do saber Para a construção coletiva do conhecimento,
através da pesquisa
Do isolamento individual Aos trabalhos em equipes interdisciplinares
complexas
Da autoridade À parceria
Formador – orienta o estudo e a
aprendizagem, ensina a pesquisar, a
processar a informação e a aprender
Pesquisador – reflete sobre sua prática
pedagógica, orienta e participa da pesquisa
de seus alunos
Quadro 4: Comparação do papel do professor
Fonte: Belloni (2001, p. 83)
É importante a compreensão, por parte do professor, do sentido das
competências porque elas se constituem em um dos princípios organizadores
da formação profissional. Existem, entretanto, inúmeras definições de
competências explicitadas por diversos autores. Assim, segue-se uma
compreensão mais detalhada sobre competências, ou seja, conhecimentos,
habilidades e atitudes sob a visão de alguns autores.
A tutoria na EAD pode assumir características distintas de acordo com a
concepção de ensino e de aprendizagem do projeto em que esteja inserida.
Essa concepção determinará o perfil do professor-tutor, o tipo e o nível de
62
interação que será estabelecido com os estudantes e as ações específicas da
tutoria.
Campos & Amaral (2007) informam que a seleção do professor-tutor é
fator importante para que aconteça uma tutoria eficaz. Para isso, a seleção
desses profissionais deveria estar de acordo com as seguintes competências:
63
Em relação a
Tutoria
Saber como usar as ferramentas de interação, a Internet e o Ambiente de Aprendizagem na Web;
Ter uma postura crítica sobre sua atuação, ou seja, fazer auto-avaliações constantemente;
Atualizar-se, seja por meio de leituras e/ou discussões, com seus pares, entre outras formas;
Ter senso de organização, não apenas para administrar as discussões e ajudar na construção do conhecimento dos alunos,
mas também para orientar as atividades em geral.
Em relação
aos alunos
Dominar e utilizar técnicas diversificadas de investigação com intuito de incentivar uma cultura indagadora e criativa nos
alunos;
Trabalhar com os variados ritmos de aprendizagem dos alunos;
Atuar como motivador durante o processo de aprendizagem;
Estimular a autonomia e senso crítico dos alunos no processo de aprendizagem;
Apresentar clareza na comunicação com os alunos;
Possuir espírito acolhedor e inclusivo.
Em relação a
turma/modúlo
em aberto
Adquirir e desenvolver a capacidade de incentivar a troca dentro da turma e o compartilhamento de descobertas;
Ajudar o grupo a encontrar seu ritmo de interação e de trabalho, seu estilo e personalidade na comunidade de aprendizagem;
Integrar na turma todos os seus componentes, especialmente os que chegam e os que se afastam por motivos diversos;
Mobilizar o aluno e a turma em torno da sua própria aprendizagem;
Fomentar o debate e manter o clima para a ajuda mútua, incentivando cada um a se tornar responsável pela motivação de
todo o grupo.
Quadro 5: Competências desejáveis para a seleção do professor-tutor
Fonte: elaboração da autora fundamentada em Campos & Amaral (2007).
64
Campos & Amaral (2007) informam ainda que professores-tutores
trazem para o espaço da sala de aula virtual conhecimentos prévios e saberes
construídos em suas vivências e que a utilização das tecnologias de
informação e de comunicação como recurso pedagógico auxilia a explicitação
desses saberes e que além das habilidades para dominar a tecnologia também
precisam possuir as seguintes competências “Capacidade de aprendizagem
ativa; Capacidade de convivência; Capacidade de gerenciar seu horário; e
Organização e responsabilidade (p. 9).
Campos & Amaral (2007) indicam quatro competências exigidas para
ao professor-tutor durante o processo ensino-aprendizagem, que são a
atenção, a clareza, a visão sistêmica e a resiliência. Para eles, essas
competências são complementares e fundamentais para que as demais
possam fluir de forma natural. A seguir, descreve-se cada uma delas (p. 21):
65
Atenção
O processo ensino-aprendizagem na EaD necessita que o professor-tutor desenvolva uma nova forma de percepção.
Precisa saber ler e interpretar os sinais que estão presentes nas interações que se produzem.
Silêncios, ausências, atrasos precisam de uma ação imediata por parte do professor-tutor para que sejam esclarecidos os seus motivos e as soluções
apresentadas.
Participações, contribuições, colaborações carecem, da mesma forma, de uma ação precisa do professor-tutor, a fim de que elas se fortaleçam e possam
ser partilhadas de forma também rápida.
Clareza
A clareza nas interações através das mensagens e comunicações que se estabelecem entre professores-tutores e alunos traz maior segurança e
organização para os estudos.
É a clareza com que o professor-tutor conduz suas ações que elimina os desvios na comunicação e economiza tempo precioso.
O professor-tutor deveria ter discernimento dos efeitos que suas mensagens produzem no coletivo e nos indivíduos.
Visão
sistêmica
O processo de tutoria exige conhecimento profundo de todo o contexto, não apenas referente ao ambiente do curso, mas também ao ambiente onde o
aluno está inserido.
O professor-tutor deveria conhecer e considerar as diversas variáveis ambientais que podem atingir os alunos e ser motivo de silêncios, ausências e
atrasos.
É o conhecimento dessas variáveis e de suas implicações em todo o sistema que dará ao professor-tutor relevância nas soluções que propuser.
Resiliência
O processo de tutoria exige do professor-tutor capacidade de atuar de forma que se mantenha a essência dos objetivos do curso mesmo sob a intensa
pressão de variáveis previsíveis ou não.
O professor-tutor deveria imprimir flexibilidade às suas ações de tal maneira que possa responder às demandas diversificadas sem se afastar do eixo
central estabelecido pelo curso.
É preciso abertura para encampar sugestões e fazer correções de percurso sempre que forem pertinentes e firmeza para preservar as diretrizes
metodológicas.
Quadro 6: Competências para a tutoria eficaz
Fonte: elaboração da autora fundamentada em Campos & Amaral (2007).
66
2.3.1. Conhecimentos
Dentro do contexto dos conhecimentos, foram considerados nesse estudo a
Formação e Qualificação e Conhecimento Tecnológico como pontos necessários
para o desempenho do papel do professor, a fim de que o docente desenvolva
competências.
As competências podem ser entendidas como a capacidade de uma pessoa
hábil, de agir de maneira eficaz diante de uma determinada situação, que utiliza os
conhecimentos que traz em sua bagagem pessoal, mas sem limitar-se
exclusivamente a eles (MELLO, 2008).
Ser competente significa mobilizar os recursos cognitivos, entre os quais
estão os conhecimentos já adquiridos anteriormente. Isto é, demonstrar pelas
atitudes, respostas inéditas, criativas, inovadoras e eficazes para novos problemas
que surgem no dia a dia (PERRENOUD, 2002).
Para o bom desempenho do papel de professor-tutor é necessário identificar
um referencial de competências, cujas capacidades e os saberes adequados partem
de um trabalho real. Um referencial de competências está na identificação das
capacidades e dos saberes necessários, em um plano de formação organizado em
torno das competências, uma aprendizagem por problemas, um procedimento
clínico, articulação entre a teoria e a prática, uma organização modular e
diferenciada, avaliação formativa baseada na análise do trabalho, tempos e
dispositivos de integração e de mobilização das aquisições, parceria negociada com
os profissionais e divisão dos saberes favorável à sua mobilização no trabalho.
Paulo Freire (1993) sinaliza que o papel do educador é de eterno
pesquisador, porque só assim ele será capaz de tornar-se um eficaz e interessado
divulgador de conhecimentos históricos e criticamente construídos, coletivamente.
Por conseguinte, a compreensão de educar está na aplicação de conhecimentos
que venham contribuir para o avanço das condições social, econômica e política.
Segundo Perrenoud (2002, p. 16), “as orientações básicas sobre a formação
de professores depende, sobretudo, de sua concepção”. Mais especificamente, há
critérios que devem ser considerados, como a transposição didática baseada na
67
análise das práticas e em suas transformações. A figura do professor ideal,
segundo Perrenoud (2002, p.14) deve ser visualizada, conforme a seguir:
No duplo registro da cidadania e da construção de competências. Para desenvolver a cidadania adaptada ao mundo contemporâneo, o perfil adequado deveria ser ao mesmo tempo o de uma pessoa confiável; um mediador intercultural; um mediador de uma comunidade educativa; um organizador de uma vida democrática; um transmissor cultural e um intelectual. No registro da construção de saberes e competências, cita-se um professor que deveria ser organizador de uma pedagogia construtivista; garantidor do sentido dos saberes; criador de situações de aprendizagem; administrador de heterogeneidade e regulador dos processos e percursos de formação.
Atualmente, os cursos superiores na modalidade a distância estão se
expandindo, requerendo dos profissionais que fazem parte dele sejam altamente
qualificados, tanto os professores-tutores, os professores presenciais que atendem
no polo quanto os professores conteudistas, que sejam capazes de selecionar e
preparar todo o conteúdo curricular, definir bibliografia, elaborar material didáticos,
etc., dessa forma demonstrando seus conhecimentos.
Assim, os docentes deveriam ter formação e qualificação acadêmica e
conhecimento tecnológico, pois teriam condições de desenvolver um trabalho
pedagógico que possibilite a aprendizagem e desenvolvimento do aluno. “Para isto,
é necessário que se reciclem e se atualizem e que as IES, também, façam parte
desta iniciativa, criando uma política de capacitação e atualização permanentes
destes profissionais” (FREITAS, 2009, p. 9). Essa situação implica em uma
necessidade por parte das IES de mão de obra mais qualificada.
Nesse entendimento, Barreto (2003) sintetiza oito competências para o
professor-tutor, dentre elas destacam-se, abaixo, quatro competências ligadas aos
conhecimentos necessários ao desempenho da função, que são, a saber:
Ser autônomo na busca da informação e crítico, na transformação dessa
informação em conhecimento;
Ser autor, participando construtivamente deste conhecimento e articulando-o
na rede;
Saber usar e articular meios, métodos e tecnologias;
68
Saber utilizar a dinâmica da rede, em projetos interativos de aprendizagem
colaborativa.
Nesse contexto, os Referenciais de Qualidade do MEC para Educação
Superior a Distância (BRASIL, 2007, p. 21) define o professor-tutor como: “[...] um
dos sujeitos que participa ativamente da prática pedagógica. Suas atividades
desenvolvidas a distância e/ou presencialmente devem contribuir para o
desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem e para o
acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico”. Ao mesmo tempo, aponta dez
premissas fundamentais para a função docente de qualidade, tanto para o docente
presencial que atende no polo quanto para o tutor, dentre as quais, destacam-se,
abaixo, cinco competências relacionadas aos conhecimentos, a saber:
A necessidade de estabelecerem fundamentos teóricos;
Selecionar e preparar todo o conteúdo curricular na articulação de
procedimentos e atividades pedagógicas;
Identificar objetivos referentes a competências cognitivas, habilidades e
atitudes;
Definir bibliografia, videografia, iconografia, audiografia, tanto básicas quanto
complementares;
Elaborar o material didático para programas a distância.
Os Referenciais de Qualidade do MEC para Educação Superior a Distância
(BRASIL, 2007), ainda aponta que há duas funções para o docente no âmbito da
educação a distância, o docente presencial que atende no polo e o docente tutor a
distância, já explicados no tópico 1.4 que trata da Delimitação da dissertação. O
docente presencial atende os alunos no polo, em horários pré-estabelecidos, logo
seu trabalho pode acontecer tanto presencialmente quanto no ambiente virtual de
aprendizagem, enquanto o docente tutor a distância está distante geograficamente
do aluno e exerce seu trabalho somente via ambiente virtual de aprendizagem, esse
docente tutor é o objeto desse estudo. Tanto o docente presencial quanto o docente
tutor a distância, necessitam dominar os conteúdos a serem trabalhados pelo curso
em questão. Outro ponto que se destaca nesse documento é que docentes
presenciais e docentes tutores a distância sejam capacitados, conheçam
69
fundamentos da EaD e modelos de tutoria existentes, além de conhecimentos e
habilidades com as novas tecnologias de informação.
Nesse contexto, Santos et al (2005) definem as competências para docência
online em quatro categorias, técnicas e pedagógicas, gerenciais, sócio-afetivas, e
tecnológicas. Assim, sintetiza-se abaixo, as categorias das competências do
professor-tutor explicadas por esses autores em relação aos Conhecimentos:
Técnicas e pedagógicas
Indicar esquemas e estratégias que facilitem a aprendizagem;
Estabelecer ligações entre teoria e prática, relacionando os trabalhos dos
alunos à literatura específica, às vivências, aos casos, contextualizando os
saberes;
Sugerir possibilidades de aprofundamento dos conteúdos e indicar
bibliografias;
Avaliar trabalhos, provas e a participação dos alunos, atribuindo conceitos.
Tecnológicas
Utilizar com desenvoltura as tecnologias de informação e comunicação
requeridas para a organização e condução das atividades docentes no
ambiente online;
Orientar os alunos sobre os procedimentos básicos do curso – a forma de
submeter trabalhos, acessar conteúdos, enviar mensagens, participar de
reuniões online (chats);
Esclarecer questões sobre os materiais recebidos, sobre o uso da plataforma
e das ferramentas de aprendizagem ou encaminhá-las para a equipe de
suporte técnico.
2.3.2. Habilidades
Dentro do contexto das competências, ao compreender as Habilidades,
foram considerados, nesse estudo, a Comunicação e a Influência no contexto
70
cultural do aluno como pontos necessários para o desempenho do papel do
professor, a fim de que o docente desenvolva competências.
O conceito de habilidade varia de autor para autor. Em geral, as habilidades
são consideradas como algo menos amplo do que as competências. Assim, a
competência estaria constituída por várias habilidades. Entretanto, uma habilidade
não "pertence" a determinada competência, uma vez que uma mesma habilidade
pode contribuir para competências diferentes, conforme determina o Artigo 2 da
Resolução CNE/CP 3, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2002 que Institui as Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para a organização e o funcionamento dos cursos
superiores de tecnologia, as competências são definidas em profissionais
tecnológicas de formação geral e específicas.
As competências de formação geral podem ser compreendidas como o
domínio de linguagens, a compreensão de fenômenos, a construção de
argumentações, a resolução de problemas, a elaboração de propostas e
desenvolvimento de equipes, entre outras e específicas como a observação do
ambiente, problematizar os fenômenos, o oferecimento de soluções em função dos
problemas identificados, a viabilidade da implementação do plano e das ações e o
gerenciamento as estratégias e as ações implementadas, entre outras (PPC, 2009,
p. 27).
Perrenoud (2002, p. 168) aponta as competências básicas que cabem ao
professor desenvolver, ligadas às habilidades, organização e à estimulação de
situações de aprendizagem, cujo professor:
Deveria gerar e garantir a progressão da aprendizagem e também pode refletir sobre como isso pode ser feito. Nesse sentido, a competência do professor pode revelar-se na transformação de uma ação educacional previamente estabelecida em uma intervenção adaptada, frente a uma necessidade específica emergente no contexto educacional.
Por falta de análise das competências e dos recursos que elas exigem,
algumas formações iniciais de professores levam em consideração apenas uma
pequena parte dos recursos necessários, limitando-se aos domínios dos saberes a
serem ensinados e a alguns princípios pedagógicos e didáticos gerais, mas nesse
estudo considera-se com parte das competências, as habilidades, considerando-se
71
nesse contexto a comunicação e a influência no contexto cultural do aluno
habilidades necessárias ao trabalho da tutoria de sucesso.
Nesse contexto, falar no desenvolvimento de competências implica
dialogarmos sobre as competências do professor educador. Para o professor
desenvolver competências ele precisa compreender e redescobrir as suas próprias
competências. Precisa desenvolver a possibilidade e habilidade de enxergar o outro,
de senti-lo, de vê-lo, de avaliá-lo e de observá-lo, para que, a partir desse processo,
possa promover uma linha de ação que favoreça o crescimento de seu aluno e
promova a aprendizagem. O desenvolvimento desse olhar para o outro também faz-
se a partir do olhar-se, do observar em si mesmo o que ocorre em seus dinamismos
psíquicos, que participem de escolhas no dia a dia, enfim, pelo processo de
autoconhecimento o professor educador desenvolve-se de forma contínua e
gradualmente (PERRENOUD, 2002). E esse olhar também acontece na educação a
distância, visto que o professor-tutor interage com uma grande diversidade de
alunos, de diversas regiões e culturas e suas habilidades tem papel importante
nessa interação.
Em suma, é relevante apontar que o professor educador que se
profissionaliza traz, a cada gesto, sua marca pessoal, seu próprio jeito de ser e de
acreditar na vida, em suas aprendizagens e com isso ele imprimi e confere à sua
identidade docente elementos vinculados a seus valores, sua forma de situar-se no
mundo, sua história de vida, representações, saberes, angústias e anseios, como
também através de suas redes de relações, influenciando assim, o contexto de vida
de seus alunos (SOUZA, 2004). É fundamental que cada pessoa desenvolva-se
como um ser humano de qualidade, cujo elemento é importante nesse processo.
O papel do professor na modalidade a distância deveria ser pautado nas
competências e habilidades necessárias ao desempenho de sua função, assim, para
o sucesso da aprendizagem, ele deveria abarcar-se de um conjunto de ações
determinantes para a qualidade do ensino. Uma das responsabilidades do professor-
tutor na EaD é acompanhar e comunicar-se de forma sistemática com os alunos.
Maia (2003, p. 54) informa que:
72
Há um novo papel a ser exercido pelo professor e nesse novo papel o professor deveria ser estimulador no processo aprender a aprender, que ocorre quando se automatiza o processo de abstração reflexiva, que leva a pensar sobre o nosso próprio pensamento, pois as tecnologias não substituem o professor, mas permitem que algumas das tarefas e funções dos professores possam ser modificadas, transformando, assim, o professor no estimulador do aprendizado do aluno, gerando nele a curiosidade em conhecer, em pesquisar, em buscar a informação mais relevante.
Ainda segundo Maia (2003, p. 54), nessa modalidade de ensino:
A prática pedagógica tem metas definidas e expressam diferentes níveis de desempenho: capacidade de análise, síntese, relação, comparação e avaliação; o aluno é estimulado a observar, experimentar, criar e executar, desenvolvendo desta forma capacidade crítica e reflexiva. É preciso incomodar, desestabilizar, provocar e motivar o aluno, para que desenvolva a curiosidade, a iniciativa, o senso crítico e a criatividade. Na modalidade de ensino a distância o aluno é estimulado a trabalhar de modo autônomo e independente, é essencialmente ativo e tem autonomia para criar seus próprios esquemas de investigação e incentivado a refletir sobre as informações recebidas. Assim, nessa abordagem, o aluno assume o papel ativo no aprender, a influência de suas experiências atuais e prévias, o papel da colaboração na construção do conhecimento e sua contextualização, a partir das experiências dos que aprendem, seja em nível consciente, seja em nível inconsciente (FIORENTINI, 2002 apud MAIA, 2003, p. 54).
Nesse entendimento, ainda segundo Barreto (2003), que sintetiza oito
competências para o professor-tutor, destacam-se, abaixo, três competências
ligadas às habilidades necessárias ao desempenho da função, que são, a saber:
Ter visão interdisciplinar;
Ser capaz de ampliar sua visão dialógica, a ponto de promover a
interatividade;
Promover e articular “situações gnosiológicas” em rede, de forma a estimular
produções de “inteligência coletiva”.
Nesse contexto, ainda os Referenciais de Qualidade do MEC para
Educação Superior a Distância (BRASIL, 2007, p. 21), que aponta dez premissas
fundamentais para a função docente de qualidade, dentre as quais destacam-se,
abaixo, três premissas relacionadas às habilidades necessárias ao docente, tanto
para o presencial que atende no polo quanto para o tutor, que são, a saber:
73
a) Suas atividades desenvolvidas a distância e/ou presencialmente devem
contribuir para o desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem
e para o acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico. Especificamente,
a tutoria a distância atua a partir da instituição, mediando o processo pedagógico
junto a estudantes geograficamente distantes e referenciado aos polos
descentralizados de apoio presencial;
b) O tutor deveria ter a responsabilidade de promover espaços de construção
coletiva de conhecimento, selecionar material de apoio e sustentação teórica
aos conteúdos e, frequentemente, faz parte de suas atribuições participar dos
processos avaliativos de ensino-aprendizagem, junto aos outros docentes;
c) Realizar a gestão acadêmica do processo ensino-aprendizagem, em particular,
motivar, orientar, acompanhar e avaliar os estudantes e avaliar-se
continuamente como profissional participante do coletivo de um projeto de
ensino superior a distância.
Nesse contexto, Santos et al (2005) definem as competências para docência
online em quatro categorias, técnicas e pedagógicas, gerenciais, sócio-afetivas, e
tecnológicas. Assim, sintetiza-se abaixo, a categoria das competências do professor-
tutor explicadas por esses autores em relação às Habilidades:
Gerenciais
Estabelecer ou clarificar os objetivos e dinâmica das discussões;
Agendar ou solicitar ao suporte técnico o agendamento de atividades;
Flexibilizar prazos e modos de organização dos trabalhos, conforme as
necessidades;
Encaminhar dúvidas, críticas, sugestões e problemas acadêmicos e/ou
administrativos para as instâncias competentes;
Identificar e lidar com as instâncias administrativas típicas da educação
online (professores, equipe de suporte, secretaria, designers instrucionais).
A partir do que foi elencado verifica-se que para o papel do professor-tutor na
modalidade a distância, frente às competências e às habilidades, é necessário ao
74
desempenho de sua função um conjunto de ações determinantes para a qualidade
do curso e para o sucesso da aprendizagem dos alunos.
2.3.3. Atitudes
Dentro do contexto das atitudes, foram considerados nesse estudo o
Relacionamento interpessoal e a afetividade e a Atitude profissional como pontos
necessários para o desempenho do papel do professor, a fim de que o docente
desenvolva competências.
Ao referir-se ao Relacionamento interpessoal e à afetividade, o professor-
tutor, mesmo no ambiente online, necessita cultivar um relacionamento amigável e
afetivo, entende-se que no contexto da educação a distância parece haver uma
incongruência nessa parte, mas o professor precisa ser entendido pelo aluno como
facilitador, colaborador e companheiro da jornada do crescer e do transformar-se.
As capacitações devem proporcionar ao professor-tutor o exercício de
perceber o papel dos alunos para sentir como estes se sentem, quais as suas
dificuldades, angústias perante os desafios enfrentados, como desvelar-se de forma
que os alunos se apropriem das mídias e dos meios de comunicação disponíveis
para o uso no curso.
Segundo Sathler (2007), cabe ao corpo docente ter como objetivo a
realização de um esforço cognitivo e afetivo. O esforço cognitivo decorre da
necessidade de estruturar atividades de interação e aprendizagem que desafiem a
compreensão dos estudantes, encorajem e estimulem formas novas diferentes de
pensar. Já o esforço afetivo é realizado na busca de interação pessoal com os
alunos, do lançar mão de algumas estratégias de aproximação, como fornecer
feedback imediato, distinguir interações administrativas e pessoais, entrar em
contato com alunos regularmente. Essa abordagem de ensino requer um esforço
emocional para criar um clima de confiança e respeito, enfatizando-o com os alunos,
orientá-los no conteúdo, bem como motivá-los e apoiá-los.
No contexto da Atitude profissional, para que os docentes tutores a distância
desenvolvam um bom trabalho é desejável que eles apresentem algumas
75
características específicas, que são: dinamismo, criticidade, capacidade de
interagir e propor interações entre os alunos.
Para finalizar as oito competências, sintetizadas por Barreto (2003), para o
professor-tutor, cita-se, abaixo, a competência ligada à atitude necessária ao
desempenho da função, a saber:
Trabalhar num processo continuado de colaboração e autoprodução.
Nesse entendimento, finalizando as dez premissas fundamentais para a
função docente de qualidade que os Referenciais de Qualidade do MEC para a
Educação Superior a Distância (BRASIL, 2007, p. 21) aponta, destaca-se, abaixo,
uma premissa relacionada à Atitude necessária ao tutor, a saber:
a) A principal atribuição deste profissional é o esclarecimento de dúvidas através
fóruns de discussão pela Internet, pelo telefone, participação em
videoconferências, entre outros, de acordo com o projeto pedagógico.
Vale ressalvar que o documento denominado Referenciais de Qualidade do
MEC para Educação Superior a Distância (BRASIL, 2007) não se presta a uma
discussão mais aprofundada, pois se trata de um mimeo, categoria de documento
que não é indexada, nem bibliograficamente, nem documentalmente, não se
tratando de um documento oficial, mas um orientador das discussões em prol de
uma futura proposição de políticas públicas.
Percebe-se que, pautada nos Referenciais de Qualidade do MEC para
Educação Superior a Distância (BRASIL, 2007), uma tutoria adequada é aquela em
que a instituição tenha um sistema de tutoria que leve em consideração a atuação
de profissionais que dê preferência a essas premissas, tanto nos encontros
presenciais quanto a distância, para que o processo de aprendizagem se torne
eficaz.
Nesse contexto, para finalizar as categorias definidas por Santos et al (2005)
para a docência online divididas em técnicas e pedagógicas, gerenciais, sócio-
76
afetivas, e tecnológicas. Assim, sintetiza-se abaixo, a categoria das competências
do professor-tutor explicadas por esses autores em relação às Atitudes:
Técnicas e pedagógicas
Esclarecer prontamente as dúvidas dos alunos sobre conteúdo e atividades;
Mediar as discussões, questionando e solicitando aos alunos o
esclarecimento e aprofundamento de idéias;
Fornecer feedbacks claros e detalhados das atividades e das contribuições
dos alunos.
Sócio-afetivas
Estabelecer um contrato psicológico com os alunos trabalhando suas
expectativas em relação ao curso e ao processo de aprendizagem;
Manter-se afetivamente próximo e comunicacionalmente presente no espaço
virtual por meio de mensagens freqüentes, de preferência em tom informal,
pessoal e bem-humorado;
Apoiar e estimular a aprendizagem, por meio de mensagens de suporte que
valorizem e encorajem a participação individual e grupal, elucidando os
desafios da educação on-line;
Respeitar as especificidades culturais, o estilo pessoal e as disponibilidades
de cada um;
Contribuir para a criação de um ambiente amigável, dirimindo conflitos e
promovendo a interação e colaboração entre os alunos.
Campos & Amaral (2007) sugerem ainda que algumas atitudes deveriam ser
tomadas pelos professores-tutores para possibilitar o desenvolvimento de trabalho
sistemático e com melhor aproveitamento dos recursos e tempo, que são as
seguintes:
a) Marcar encontros regulares com os outros professores-tutores – nesses
encontros seria importante formular questões para uma reflexão e auto-avaliação do
trabalho realizado com o propósito de promover capacitação para cada disciplina a
fim de esclarecer dúvidas, verificar as estratégias adotadas por cada professor-tutor
77
no atendimento dos alunos e selecionar exemplos de sucesso ou não dos contatos
realizados com os alunos.
b) Estabelecer um cronograma para as disciplinas – o professor-tutor deveria
estabelecer um cronograma das disciplinas com um intervalo entre elas a fim de ter
uma margem de negociação para os possíveis atrasos relacionados, por exemplo, a
instabilidade do ambiente em determinado momento da disciplina.
c) Criar momentos de reflexão com professores conteudistas, professores
presenciais que atendem no pólo e entre outros profissionais envolvidos na parte
pedagógica do curso – para promover a avaliação e auto-avaliação com o grupo de
profissionais envolvidos no curso e utilizar um instrumento de análise para promoção
de melhoria de aspectos essenciais do curso ou mesmo das disciplinas e os
aspectos a serem discutidos seriam a análise dos conteúdos e design didático, as
estratégias de atendimento, de avaliação e a análise do ambiente virtual de
aprendizagem, entre outros.
d) Responsabilidades da tutoria na avaliação da aprendizagem e no
acompanhamento do Aluno – os professores-tutores deveriam organizar-se frente à
avaliação da aprendizagem de seus alunos através da utilização de um instrumento
de fácil aplicação que traduzisse a natureza de cada disciplina ou bloco de
conteúdos para verificar quais alunos precisariam compensar possíveis avaliações
deficientes.
As competências necessárias à navegação online demandam do professor-
tutor competências igualmente específicas. É importante para o professor-tutor
reconhecer-se parte e sujeito desse processo, sendo essencial que ele também
perceba o ritmo que o curso propõe para que possa fazer os ajustes e as
negociações no seu decorrer e tornar bem-sucedidos os momentos de
aprendizagem.
78
CAPÍTULO III
3. A METODOLOGIA DA PESQUISA
Neste capítulo será explicitado o tipo de pesquisa, os participantes, os
instrumentos e os procedimentos de coleta e de análise de dados, bem como os
detalhes, as técnicas e os métodos que serão empregados nesse estudo.
3.1. A PESQUISA
Para a realização desta pesquisa utilizou-se o método qualitativo porque
está orientado para a análise de casos concretos, em sua particularidade temporal e
local, partindo das expressões e atividades das pessoas em seus contextos locais.
O método qualitativo permite melhor obtenção de informação para elucidar o
objeto do estudo e elaborar construtos a respeito do assunto em vigor. É um método
em que os campos de estudo não são situações artificiais em laboratório, mas sim
práticas e interações dos sujeitos na vida cotidiana. A meta da pesquisa concentra-
se em descobrir o novo e desenvolver teorias empiricamente embasadas (FLICK,
2004).
A interpretação dos dados foi realizada por meio dos mapas de associação
de ideias, ou seja, instrumentos de análise e interpretação dos dados da pesquisa. A
escolha por essa técnica deu-se devido a sua finalidade estar de acordo com a
afirmação de Vergara (2006, p.157, 160), que assim expõe: “os mapas foram
concebidos com a finalidade de entender sentido como uma construção dialógica,
sendo que a produção de sentido é uma prática discursiva e que os mesmos são
construídos pelas pessoas, em processos de interação”. Ainda no entendimento da
autora, acima citada, “a construção de mapas dá-se, em geral, com base na
transcrição de entrevistas individuais e tem como principais características” (2006,
p.158):
79
Conferir visibilidade ao processo de análise por meio da organização de dados em estado bruto, em colunas que correspondem a categorias temáticas definidas pelo pesquisador. [...] o método é flexível permitindo que as categorias previamente estabelecidas possam ser redefinidas à luz dos dados. Os mapas prestam-se tanto à organização dos dados, contribuindo para a sua interpretação, quanto à apresentação da análise, permitindo que o leitor acompanhe a trajetória do tratamento dos dados.
Os mapas de associação de ideias foram construídos com as seguintes
categorias para análise das respostas dos professores presenciais e professores-
tutores em relação às competências:
Conhecimentos: a Formação e Qualificação e Conhecimento Tecnológico
Habilidades: a Comunicação e a Influência no contexto cultural do aluno
Atitudes: o Relacionamento interpessoal e a afetividade e a Atitude profissional
Este estudo permitiu uma aproximação com o objeto, nesse caso os
docentes de uma IES da rede privada na cidade do Rio de Janeiro no Curso
Superior de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos, a fim de compreender a
ação educativa dos mesmos, tanto na sala de aula presencial quanto na sala de aula
virtual, tentando seguir as orientações de André (1995, p. 427), que assim expressa:
Um envolvimento do pesquisador com a situação e o objeto de pesquisa uma vez que não se trata apenas de descrever a situação de forma fria e objetiva, mas sim, de compreendê-la através das lentes daquelas que aí vivem e atuam. Espera-se do pesquisador que ele vá muito além do observável, captando significado e intenções e buscando assim explicações que escapam à lógica do simples observador.
As categorias criadas sobre as competências, ou seja, os Conhecimentos,
Habilidades e Atitudes, foram dispostas nos quadros 9 e 10, respectivamente, onde
a autora dispôs parte das respostas dos professores presenciais e dos professores
tutores em relação a última pergunta do questionário da entrevista realizada. Os
quadros dos mapas contendo os dados obtidos por meio das entrevistas estão
contidos no Anexo 2 deste estudo.
80
3.2. SUJEITOS DA PESQUISA
Os sujeitos que participaram dessa investigação foram 8 professores
presenciais e 8 professores-tutores que atuam tanto no ensino presencial quanto no
ensino a distância, em uma IES da rede privada na cidade do Rio de Janeiro no
Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos.
O corpo docente do referido curso é composto por professores especialistas
e mestres que desempenham um papel profissional responsável pela orientação e
acompanhamento dos estudantes nos processos pedagógicos, presenciais ou a
distância, referentes à disciplina do curso em que atuam.
Para a investigação sobre os sujeitos utilizou-se o seguinte instrumento
metodológico, conforme quadro a seguir:
Objeto
investigado
Professor Presencial
Professor-Tutor
Professor
Presencial/Tutor
Pesquisa
teórica e
empírica
X
X
X
Instrumentos Entrevista
semiestruturada para
analisar o papel do
Professor Presencial
Entrevista
semiestruturada
para analisar o
papel do
Professor-Tutor
Entrevista semiestruturada
para analisar o papel do
Professor Presencial e do
Professor-Tutor
Sujeito 4 Professores
Presenciais da
instituição
4 Professores-
Tutores da
instituição:
8 Professores Presenciais e
Professores-Tutores da
instituição
Quadro 7: Investigação sobre os professores
Fonte: elaboração da autora
81
3.3. INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DA COLETA DE DADOS
O instrumento empregado nesta pesquisa foi uma entrevista semiestruturada
com questões que versaram sobre a o perfil do entrevistado a percepção dos
mesmos sobre a pergunta “o que é ser um bom professor?”. A preferência pela
entrevista semiestruturada fundamentou-se nas palavras de Triviños (1986, p. 138)
que julga entrevista como:
Os instrumentos mais decisivos para estudar os processos e produtos nos quais está interessado o investigador qualitativo e que considera a participação do sujeito como um dos elementos de seu fazer científico, apoia-se em técnicas e métodos que reúnem características sui generis, que ressaltam sua implicação e da pessoa que fornece informação [...] e tem por objetivo básico abranger a máxima amplitude na descrição, explicação e compreensão do foco em estudo.
E assim prossegue o mesmo autor (TRIVIÑOS, 1986, p. 152):
[...] mantém a presença consciente e atuante do pesquisador e, ao mesmo tempo, permite a relevância na situação do ator. Esse traço da entrevista semiestruturada [...] favorece não só a descrição dos fenômenos sociais, mas também sua explicação e a compreensão de sua totalidade, tanto dentro de sua situação específica como de sua atuação de dimensões maiores.
Este estudo teve como limite a compreensão das competências do
professor, não cabendo aqui dissertar sobre materiais, infraestrutura, métodos e
ferramentas utilizados para o exercício da função. Assim, os questionamentos a
serem elucidados, através das entrevistas com os docentes presenciais e tutores
que ministram as disciplinas na IES estudada no Curso Superior de Tecnologia em
Gestão de Recursos Humanos foram a respeito das competências do docente.
As entrevistas individuais foram conduzidas pelo pesquisador e aplicadas
por meio de um questionário (Anexo I) com oito (8) perguntas, sendo sete (7)
perguntas relacionadas ao perfil do entrevistado e a oitava e última pergunta
relacionada à percepção dos professores sobre “o que é ser um bom professor”.
A coleta dos dados foi dividida em duas partes para melhor entendimento da
análise. As partes foram as seguintes:
82
1ª Primeira parte da coleta de dados
A primeira parte das perguntas teve por objetivo identificar o perfil do
entrevistado, tanto para o professor presencial quanto para o professor-tutor. As
perguntas estão relacionadas às seguintes inquirições:
Idade
Sexo
Formação
Tempo de magistério dentro da IES ou fora dela
Se fez curso para formação de professor, tanto presencial quanto para EaD
Se fez atualizações nos últimos 5 anos
Disciplinas em que trabalha/às quais leciona
Após a realização da primeira parte da coleta de dados, os dados foram analisados
e representados em gráficos para melhor entendimento.
2ª Segunda parte da coleta de dados
A segunda parte teve por objetivo realizar um levantamento da percepção
dos professores relacionado ao papel do docente através da seguinte pergunta: “O
que é ser um bom professor?”
Após as entrevistas foram realizadas a transcrição e tabulação das
respostas, interpretando-as por meio dos mapas de associação de ideias. Assim, o
pesquisador entendeu e capturou a perspectiva dos respondentes, como também
apreendeu o nível de emoção dos mesmos, a maneira como organizam o mundo,
seus pensamentos, suas experiências e percepções básicas. Foram geradas 48
páginas de respostas com a aplicação do questionário, então foram dispostos alguns
aspectos das respostas dos professores presenciais e dos professores-tutores nos
Quadros 9 e 10, respectivamente a fim de apresentar parte dos dados obtidos. As
demais informações colhidas durante as entrevistas constam em gravações
efetuadas pela entrevistadora. Os Quadros 9 e 10 constam no Anexo 2.
Após a coleta e separação dos dados as análises foram descritas a seguir,
no capítulo IV.
83
CAPÍTULO IV
4. OS RESULTADOS DA PESQUISA
4.1. INTRODUÇÃO
A partir do suporte teórico que fundamentou este trabalho procurou-se
analisar as entrevistas a partir das respostas fornecidas pelos docentes em relação
à cada pergunta, levando em consideração as raízes históricas, sociais e culturais
do corpo docente.
Isto significa que ao tentar explicar as respostas das entrevistas avançou-se
na compreensão das mesmas, por serem resultados de aprendizagens construídas
e acumuladas ao longo do tempo, para se chegar à essência e a identificar o porquê
das respostas.
O objetivo da entrevista com o corpo docente foi identificar quais as
competências distintivas (conhecimentos, habilidades e atitudes) que o docente tutor
de um Curso Superior na modalidade a distância deveria apresentar.
As entrevistas foram realizadas na sala de professores e de tutoria da
instituição durante duas semanas seguidas. Cada entrevista durou, em média, cerca
de 40 minutos, pois alguns professores não quiseram gravar as entrevistas, tendo a
entrevistadora que anotar cada resposta.
Antes de aplicar a entrevista aos professores houve o cuidado de ler a
pergunta, explicando o objetivo da mesma e, ao mesmo tempo, sinalizá-los o quanto
as respostas fornecidas por eles seriam de grande significação para esse estudo.
Foi informado que a utilização do gravador é a forma mais eficiente e eficaz para
esse registro, pois a gravação permitiria captar todos os detalhes fornecidos pelos
entrevistados (TRIVIÑOS, 1986). Assim, as respostas gravadas auxiliariam a
complementar, aperfeiçoar ou destacar alguma idéia exposta pelo entrevistado para
maiores esclarecimentos. Assim, foi solicitada a permissão dos mesmos para utilizar
o gravador, porém, apesar da gravação da entrevista contribuir para o avanço da
84
pesquisa qualitativa, alguns professores não autorizaram gravar suas respostas,
solicitando que fossem feitas anotações sobre suas respostas.
Foram entrevistados oito (8) professores que atuam na modalidade
presencial e oito (8) professores que atuam na modalidade a distância, sendo que
quatro (4) dos professores entrevistados de cada grupo atuam tanto na modalidade
presencial quanto na modalidade a distância. Assim, esses professores
responderam o questionário sobre a pergunta “o que é ser um bom professor”.
Para um melhor entendimento, a coleta de dados foi desmembrada em duas
partes, uma para análise do perfil do entrevistado e outra para análise da pergunta
“O que é ser um bom professor?”. Após as gravações, seguiram-se vários dias para
que a autora ouvisse e transcrevesse no papel todas as falas dos entrevistados.
Após as transcrições foi realizada a separação das respostas da primeira à sétima
pergunta para serem analisadas na primeira parte da coleta de dados e a oitava e
última pergunta para ser analisada na segunda parte da coleta de dados.
Assim, descrevem-se abaixo, as duas partes da coleta de dados:
4.2. COLETA DOS DADOS
4.2.1. Primeira parte da coleta de dados
A primeira parte da coleta realizada teve por objetivo identificar o perfil do
entrevistado, tanto para o professor presencial quanto para o professor-tutor e foi
dividida em duas etapas, para verificar se existia diferenciação do professor-tutor
frente ao professor presencial, da seguinte forma: a) Coleta de dados sobre os
Professores presenciais; e b) Coleta de dados sobre os Professores-tutores.
Coleta de dados sobre os Professores presenciais: oito (8) professores
entrevistados que atuam na modalidade presencial foram identificados com as letras
A, B, C, D, E, F, G e H. Os dados categóricos relacionados à Idade; Sexo;
Formação; Tempo de magistério dentro ou fora da IES pesquisada; Se fez curso
para formação de professor; Se fez atualizações nos últimos 5 anos dentro da sua
área e Disciplinas que trabalham, estão explicitados a seguir no Quadro 5.
85
Docente
Presencial
Idade Sexo Formação:
* Graduação
** Pós-Graduação Lato Senso
*** Pós-Graduação Stricto Senso
Tempo de
Magistério
(dentro da IES
ou fora dela)
Fez curso
para exercer a
função de
professor?
Se sim, qual?
Quantos cursos de
atualização fez
durante os últimos 5
anos dentro da sua
área?
A
P & T
34 F * Administração
** Gestão de Recursos Humanos
*** Mestrado em Gestão e Estratégia em Negócios
9 anos e 9 meses NÃO Acima de 2
B
P & T
53 M * Direito
** Docência Superior
25 anos SIM
Docência
Superior
Acima de 2
C
P & T
32 M * Administração
** Docência Superior
*** Mestrado em Administração
10 anos SIM
Docência
Superior
Acima de 2
D
P & T
31 F * Psicologia
* Administração
** Gestão em Recursos Humanos
1 ano NÃO Acima de 2
E 38 F * Administração
** Logística Empresarial e Sistema de Qualidade e
Produtividade
7 anos SIM
Didática para o
Ensino
Acima de 2
86
** Didática para o Ensino Superior Superior
F 64 M * Administração
** Gestão Educacional
*** Mestrado em Administração
40 anos SIM
Gestão
Educacional
Acima de 2
G 53 M * Engenharia
** Análise de Sistemas
*** Mestrado em Sistemas de Informação
22 anos NÃO Acima de 2
H 55 M * Administração
** Formação de Professores
*** Mestrado em Administração
30 anos SIM
Formação de
Professores
Acima de 2
Quadro 8: Perfil do Professor na modalidade presencial
Fonte: elaboração da autora
87
Dentre os dados apurados, no quesito Idade, foi verificado que quatro (4)
professores estão na faixa etária de 30 anos, três (3) professores estão na faixa
etária de 50 e um (1) professor na faixa etária de 60 anos, isto significa que 50%
desse conjunto de professores são relativamente jovens. Veja, abaixo, o gráfico que
demonstra esses dados:
IDADE
43
1
30 anos
50 anos
60 anos
Figura 1: Gráfico Idade (Professores presenciais)
Quanto ao dado categórico relacionado ao Sexo, cinco (5) professores são
homens e três (3) são mulheres, ou seja, 60% desse conjunto de professores são
homens. Veja, abaixo, o gráfico que demonstra esses dados:
SEXO
5
3
Masculino
Feminino
Figura 2: Gráfico Sexo (Professores presenciais)
88
Quanto à Formação verificou-se que cinco (5) professores são graduados
em Administração de empresas, um (1) professor é graduado em Direito, um (1)
professor é graduado em Psicologia e um (1) é graduado em Engenharia,
significando que mais de 50% desse conjunto de professores são administradores.
Quanto à pós-graduação verificou-se que oito (8) professores têm pós-graduação
Lato Senso e cinco (5) professores concluíram o Mestrado, o que demonstra que
100% desse conjunto de professores têm a titulação mínima e 60% tem a titulação
ideal para o exercício da função de professor universitário. Veja, abaixo, os gráficos
que demonstram esses dados:
Formação (Graduação)
51
1
1
Administração de empresas
Direito
Psicologia
Engenharia
Figura 3: Gráfico Formação Graduação (Professores presenciais)
Formação (Pós-graduação)
8
5
Lato Senso
Mestrado
Figura 4: Gráfico Formação Pós-graduação (Professores presenciais)
89
No quesito Tempo de magistério dentro ou fora da IES pesquisada
verificou-se que sete (7) professores têm entre sete (7) a quarenta (40) anos
atuando na profissão e apenas um (1) professor tem um (1) ano de magistério, isto
significa que 90% desse conjunto de professores têm um período considerável de
experiência na função professor presencial. Veja, abaixo, o gráfico que demonstra
esses dados:
Tempo de magistério dentro ou fora da IES pesquisada
7
1
7 a 40 anos
1 ano
Figura 5: Gráfico Tempo de magistério dentro ou fora da IES pesquisada
(Professores presenciais)
No quesito Se fez curso para exercer a função de professor, cinco (5)
professores responderam que sim e três (3) responderam que não, o que indica que
60% desse conjunto de professores foram preparados para exercer a função de
professor. Veja, abaixo, o gráfico que demonstra esses dados:
Se fez curso para exercer a função de professor
5
3
SIM
NÃO
Figura 6: Gráfico Se fez curso para exercer a função de professor (Professores
presenciais)
90
Por fim, na questão Se fez atualizações nos últimos 5 anos dentro da sua
área e Disciplinas que trabalham, oito (8) professores informaram que fizeram cursos
de atualização dentro de suas áreas de atuação para exercer a função de professor
durante os últimos cinco (5) anos, perfazendo um total de 100% desse conjunto de
professores. Veja, abaixo, o gráfico que demonstra esses dados:
Se fez atualizações nos últimos 5 anos dentro da sua área e disciplinas que
trabalham
8 SIM
Figura 7: Gráfico Se fez atualizações nos últimos 5 anos dentro de sua área e
disciplinas que trabalham (Professores presenciais)
As disciplinas em que os professores presenciais lecionam estão
discriminadas em Disciplinas de formação geral teórica e quantitativa e Disciplinas
de formação específica teórica e quantitativa.
Para os professores presenciais, as disciplinas estão assim distribuídas:
Nas Disciplinas de formação geral teórica, o docente presencial B ministra a
disciplina Noções de Direito na Atividade Profissional e o docente presencial E
ministra a disciplina Gestão da Qualidade. Nas Disciplinas de formação geral
quantitativa o docente presencial C ministra a disciplina Princípios da Matemática
Financeira e o docente presencial G ministra a disciplina Métodos Quantitativos
Estatísticos em Negócios.
Nas Disciplinas de formação específica teórica o docente presencial D
ministra a disciplina Recrutamento e Seleção de Talentos e o docente presencial A
ministra a disciplina Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas. Nas Disciplinas de
91
formação específica quantitativa o docente presencial F ministra a disciplina
Gestão da Folha de Pagamentos e o docente presencial H ministra a disciplina
Gestão de Remuneração. Veja, abaixo, o quadro que demonstra esses dados:
Disciplinas de formação geral (teóricas)
Disciplinas de formação geral (quantitativas)
Docente Presencial E – Gestão da Qualidade
Docente Presencial C – Princípios da Matemática Financeira
Docente Presencial B – Noções de Direito na Atividade Profissional
Docente Presencial G – Métodos Quantitativos Estatísticos em Negócios
Disciplinas de formação específica(teóricas)
Disciplinas de formação específica (quantitativas)
Docente Presencial D – Recrutamento e Seleção de Talentos
Docente Presencial F – Gestão da Folha de Pagamentos
Docente Presencial A – Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas
Docente Presencial H – Gestão de Remuneração
Quadro 9: Disciplinas em que os professores presenciais atuam
Fonte: elaboração da autora
Coleta de dados sobre os Professores-tutores: oito (8) professores
entrevistados que atuam na modalidade a distância foram identificados com as letras
A, B, C, D, I, J, K e L. Os dados categóricos relacionados à Idade; Sexo; Formação;
Tempo de magistério dentro da IES ou fora dela; Se fez curso para exercer a função
de professor tutor; Se fez atualizações nos últimos 5 anos dentro da sua área e
Disciplinas que trabalham, estão explicitados a seguir no Quadro 7.
92
Docente
tutor
Idade Sexo Formação:
* Graduação
** Pós-Graduação Lato Senso
*** Pós-Graduação Stricto Senso
Tempo de
Magistério (dentro
da IES ou fora
dela)
Fez curso para
exercer a função
de professor
tutor?
Se sim, qual?
Quantos cursos
de atualização fez
durante os
últimos 5 anos
dentro da sua
área?
A
P & T
34 F * Administração
** Gestão de Recursos Humanos
*** Mestrado em Gestão e Estratégia em Negócios
10 meses NÃO Acima de 2
B
P & T
53 M * Direito
** Docência Superior
5 anos SIM
Planejamento,
Implementação e
gestão em EAD
Acima de 2
C
P & T
32 M * Administração
** Docência Superior
*** Mestrado em Administração
2 Anos NÃO Acima de 2
D
P & T
31 F * Psicologia
* Administração
** Gestão em Recursos Humanos
2 anos NÃO Acima de 2
I 62 F * Psicologia 3 anos NÃO 1
93
** Licenciatura em Psicologia
*** Mestrado em Psicologia das Organizações
J 38 M * Administração
** Marketing, Recursos Humanos e Docência
Superior
7 anos NÃO Acima de 2
K 29 F * Ciências Contábeis
** Docência Superior e Logística
3 anos NÃO Acima de 2
L 60 F * Pedagogia
** Docência Superior e Administração Escolar
*** Mestrado em Ciência da Motricidade Humana
25 anos Não Acima de 5
Quadro 10: Perfil do Professor-Tutor na modalidade a distância (EaD)
Fonte: elaboração da autora
94
Dentre os dados apurados, no quesito Idade, foi verificado um (1) professor-
tutor está na faixa etária de 20 anos, quatro (4) professores-tutores estão na faixa
etária de 30 anos, um (1) professor-tutor na faixa etária de 50 anos dois (2)
professores-tutores estão na faixa etária de 60 anos, isto significa que 50% desse
conjunto de professores são relativamente jovens.
IDADE
1
41
2
20 anos
30 anos
50 anos
60 anos
Figura 8: Gráfico Idade (Professores-tutores)
Quanto ao dado categórico relacionado ao Sexo cinco (5) professores-
tutores são mulheres e três (3) são homens, ou seja, 60% desse conjunto de
professores são mulheres. Veja, abaixo, o gráfico que demonstra esses dados:
Sexo
3
5Masculino
Feminino
Figura 9: Gráfico Sexo (Professores-tutores)
95
Quanto ao dado categórico relacionado à Formação verificou-se que quatro
(4) professores-tutores são graduados em Administração de empresas, dois (2) são
graduados em Psicologia, um (1) é graduado em Pedagogia e um (1) é graduado em
Direito e um (1) é graduado em Ciências Contábeis, o que significa que 50% desse
conjunto de professores são Administradores. Quanto à pós-graduação verificou-se
que oito (8) professores têm pós-graduação Lato Senso e quatro (4) professores
concluíram o Mestrado, o que demonstra que 100% desse conjunto de professores
têm a titulação mínima, em que cerca de 35% tem a titulação ideal para o exercício
da função de professor universitário. Veja, abaixo, o gráfico que demonstra esses
dados:
Formação (Graduação)
4
2
1
11
Administração de empresas
Psicologia
Pedagogia
Direito
Ciências Contábeis
Figura 10: Gráfico Formação Graduação (Professores-tutores)
Formação (Pós-graduação)
8
4
Lato Senso
Mestrado
Figura 11: Gráfico Formação Pós-graduação (Professores-tutores)
96
Quanto ao dado categórico relacionado ao Tempo de magistério dentro ou
fora da IES pesquisada verificou-se que seis (6) professores-tutores têm de 10
meses a 3 anos atuando na profissão, um (1) professor está atuando há sete (7)
anos e um (1) professor tem vinte e cinco (25) anos de magistério, isto significa que
mais de 75% desse conjunto de professores estão, relativamente, pouco tempo
exercendo a profissão, enquanto 25% tem um período considerável de experiência
na função professor-tutor. Veja, abaixo, o gráfico que demonstra esses dados:
Tempo de magistério dentro ou fora da IES pesquisada
6
1
1
10 meses a 3 anos
7 anos
25 anos
Figura 12: Gráfico Tempo de magistério dentro ou fora da IES pesquisada
(Professores-tutores)
Para o dado categórico relacionado à pergunta Se fizeram curso para
exercer a função de professor-tutor apenas um (1) professor-tutor respondeu que
sim e sete (7) responderam que não, o que indica que 90% desse conjunto de
professores não foram preparados para exercer a função de professor-tutor. Veja,
abaixo, o gráfico que demonstra esses dados:
97
Se fez curso para exercer a função de professor-tutor
1
7
SIM
NÃO
Figura 13: Gráfico Se fez curso para exercer a função de professor-tutor
(Professores-tutores)
Por fim, na questão Se fez atualizações nos últimos 5 anos dentro da sua
área e Disciplinas que trabalham, oito (8) professores-tutores fizeram cursos de
atualização dentro de suas áreas de atuação durante os últimos cinco (5) anos.
Conclui-se que 100% desse conjunto de professores estão sempre atualizando-se
para exercer a função de professor-tutor. Veja, abaixo, o gráfico que demonstra
esses dados:
Se fez atualizações nos últimos 5 anos dentro da sua área e disciplinas que
trabalham
8SIM
Figura 14: Gráfico Se fez atualizações nos últimos 5 anos dentro de sua área e
disciplinas que trabalham (Professores-tutores)
98
As disciplinas em que os professores-tutores trabalham foram discriminadas
em Disciplinas de formação geral teórica e quantitativa e Disciplinas de formação
específica teórica e quantitativa. As disciplinas estão assim distribuídas para os
professores-tutores:
Nas Disciplinas de formação geral teórica o docente tutor B ministra a
disciplina Legislação Trabalhista, Previdenciária e Contratos, o docente tutor I
ministra a disciplina Estratégia Empresarial, o docente tutor K ministra a disciplina
Relações Interpessoais e o docente tutor L ministra a disciplina Ética nos Negócios.
Nas Disciplinas de formação geral quantitativa o docente tutor C ministra a disciplina
Métodos Numéricos Aplicados à Gestão.
Nas Disciplinas de formação específica teórica o docente tutor D ministra a
disciplina Comportamento Organizacional e o docente presencial A ministra a
disciplina Estratégias em Recursos Humanos. Nas Disciplinas de formação
específica quantitativa o docente presencial J ministra a disciplina Cargos, Salários e
Remuneração. Veja, abaixo, o quadro que demonstra esses dados:
Disciplinas de formação geral (teóricas)
Disciplinas de formação geral
(quantitativas)
Docente Tutor B – Legislação Trabalhista, Previdenciária e Contratos
Docente Tutor C – Métodos Numéricos Aplicados à Gestão
Docente Tutor I – Relações Interpessoais
Docente Tutor K –Estratégia Empresarial
Docente Tutor L – Ética nos Negócios
Disciplinas de formação específica (teóricas)
Disciplinas de formação específica (quantitativas)
Docente Tutor D – Comportamento Organizacional
Docente Tutor J – Cargos, Salários e Remuneração
Docente Tutor A – Estratégias em Recursos Humanos
Quadro 11: Disciplinas em que os professores-tutores atuam.
Fonte: elaboração da autora
99
Assim, ao finalizar a análise da 1ª parte da coleta dos dados verificou-se que
para o dado categórico relacionado à Idade 50% dos professores presenciais, entre
os professores-tutores, são relativamente jovens, concluindo ser um dado comum
para ambos profissionais.
Para o dado categórico relacionado ao Sexo 60% dos professores
presenciais são homens e 60% dos professores-tutores são mulheres, apesar do
percentual ser igual, em gênero masculino e feminino os dados são opostos.
Para o dado categórico relacionado à Formação verificou-se que 100%,
tanto dos professores presenciais quanto dos professores tutores, tem a titulação
mínima, sendo um dado comum para ambos os profissionais, mas encontram-se
diferenças para a titulação de Mestrado com 50% para os professores presenciais
contra cerca de 35% para os professores-tutores com a titulação Mestrado para o
exercício da função de professor universitário.
Para o dado categórico relacionado ao Tempo de magistério dentro ou fora
da IES pesquisada verificou-se que há diferenças para ambos os profissionais, pois
90% dos professores presenciais têm um período considerável de experiência na
função professor, enquanto que 75% dos professores-tutores estão, relativamente,
pouco tempo exercendo a profissão.
Para o dado categórico relacionado à pergunta Se fizeram curso para
exercer a função de professor encontrou-se divergências, pois 60% dos professores
presenciais foram preparados para exercer a função de professor, enquanto que
90% dos professores-tutores não foram preparados para exercer essa função.
Para o dado categórico relacionado à pergunta Se fizeram cursos de
atualização dentro de suas áreas de atuação durante os últimos cinco (5) anos
encontra-se uma unanimidade entre os professores presenciais e os professores-
tutores, pois 100% desse conjunto de professores estão sempre atualizando-se para
exercer a função de professor.
4.2.2. Segunda parte da coleta de dados
A segunda parte da coleta realizada está relacionada à pergunta “O que é
ser um bom professor?”, tanto para o professor presencial quanto para o professor-
tutor. Neste tópico o objetivo foi levantar a percepção dos professores relacionada
100
ao papel do docente. Assim, foram considerados nesse estudo como pontos
necessários para o desempenho do papel do professor, a fim de que realmente o
docente desenvolva competências, os seguintes itens: a) Conhecimentos – a
Formação e Qualificação e Conhecimento Tecnológico; b) Habilidades – a
Comunicação e a Influência no contexto cultural do aluno; e c) Atitudes – o
Relacionamento interpessoal e a Afetividade e a Atitude profissional.
A seguir, segue-se a análise dos dados tabulados de acordo com a visão
dos principais teóricos relacionados nesse trabalho:
4.3. ANÁLISE DOS DADOS
Após a tabulação dos dados iniciou-se a análise dos mesmos de acordo
com as Competências, ou seja, Conhecimentos, Habilidades e Atitudes do
profissional na área educacional, conforme a seguir:
4.3.1. Conhecimentos
Dentro do quesito Conhecimentos, a análise das entrevistas com os
professores presenciais e professores-tutores foi dividida em duas etapas: a)
Formação e Qualificação; e b) Conhecimento tecnológico. Descreve-se, abaixo, a
análise das entrevistas:
a) Formação e Qualificação
Aspectos comuns ao professor presencial e ao professor-tutor
Quatro (4) professores presenciais e seis (6) professores-tutores
entrevistados comentaram que é necessário que o professor tenha formação
requerida para ao curso que está participando, ou seja, para ser professor em
cursos superiores é necessário que além da graduação, tenha especialização ou
mestrado dentro da área de atuação.
Verifica-se que a formação requerida para os docentes, tanto presenciais
quanto tutores, têm grande importância para que os mesmos desenvolvam um
101
trabalho de qualidade. Verifica-se então, a consciência profissional, pela existência
de vários professores lecionando sem ter conhecimento adequado da disciplina que
ministra.
Como nos aponta Freire (2000), o processo de ensinar implica ao educador
se envolver na vontade de conhecer, porque sua responsabilidade é formar futuros
cidadãos. Entretanto, para que isso aconteça é necessário que o docente seja
autoridade, que tenha competência naquilo que ele faz, que leve a sério sua prática
docente, “que estude mais e que concorra para a formação da imprescindível
disciplina intelectual dos estudantes” (p.83).
Quatro (4) professores presenciais entrevistados comentaram que é
necessário o aprimoramento constante, cujo professor deve estar sempre se
atualizando e se reciclando. Dentre eles, três (3) professores presenciais
entrevistados comentaram que o professor deve conhecer bem o assunto a ser
ensinado, ou seja, deve entender os princípios, conceitos e ideias produtoras de
conhecimento na área. Dois (2) professores-tutores entrevistados comentaram
que o professor precisa manter-se atualizado e equilibrado em seu cotidiano
profissional, “antenado” com a velocidade do mundo contemporâneo, enquanto
um (1) professor-tutor entrevistado comentou que a busca por conhecimento é
necessária para que o professor repense sua prática docente.
Percebe-se na fala desses professores (Anexo 2), tanto o presencial quanto
o tutor, além da atualização constante, o quanto suas práticas pedagógicas estão
pautadas nas palavras de Paulo Freire (1993) que sinaliza que o papel do educador
é de eterno pesquisador, porque só assim ele será capaz de tornar-se um eficaz e
interessado divulgador de conhecimentos históricos e criticamente construídos.
Assim, a compreensão de educar está na aplicação de conhecimentos que
venham contribuir para o avanço das condições social, econômica e política num
contexto coletivo. E também, pelas palavras de Belloni (2001), quando a mesma faz
“referência para a formação e qualificação do professor tutor, requerendo do mesmo
a sua atualização constantemente, não só de sua disciplina, mas também como
pesquisador, pois isso refletirá sobre sua prática pedagógica, pois dessa forma
poderá orientar e participar do aprendizado de seus alunos” (p.83).
102
Aspectos específicos sobre o professor-tutor
Seis (6) professores-tutores entrevistados comentaram que é necessário que
o professor tenha conhecimento sobre educação a distância.
Pelas respostas dos docentes tutores (Anexo 2), a formação e qualificação
do professor na modalidade a distância são necessárias ao desempenho de sua
função. Assim, como nos afirma os Referenciais de Qualidade do MEC para
Educação Superior a Distância (Brasil (2007, p. 21), “Os professores-tutores sejam
capacitados, conheçam fundamentos da Educação a Distância e modelos de tutoria
existentes a fim de alcançar sucesso na aprendizagem dos alunos”.
Um (1) professor entrevistado comentou que às vezes o professor-tutor tem
que buscar sua própria capacitação.
Verifica-se pela resposta deste professor-tutor (Anexo 2) sobre o que
acontece na realidade de alguns professores é que nem sempre a instituição provê o
treinamento e a capacitação necessários ao professor-tutor para que seu
desempenho seja excelente dentro da modalidade a distância, mas que ele mesmo
precisa promover sua capacitação, o que nos faz refletir nas palavras de Barreto
(2003) que sintetiza como uma das competências necessárias para o professor-tutor
“ser autônomo na busca da informação”, dessa forma, acredita-se que esse
profissional deve buscar seu próprio conhecimento, mas Freitas (2009) vai além e
diz que as IES deveriam criar políticas de capacitação e atualização permanentes
destes profissionais a fim de que eles atualizem-se e reciclem-se visando inovações
contínuas e a maximização da produtividade e da qualidade. É o que se espera de
uma instituição que deseja um ensino de qualidade.
Comentários marcantes das entrevistas
O comentário mais marcante, selecionado nas entrevistas com os
professores presenciais sobre a Formação e Qualificação, dito pelo professor H foi o
seguinte:
O professor deve conhecer os conteúdos a serem ensinados e traduzi-los em objetivos de aprendizagem; estabelecer seu próprio balanço de
103
competências e seu programa pessoal de formação contínua sob uma perspectiva holística.
Através do comentário mais marcante dito por esse professor (Anexo 2)
acredita-se que a formação e a capacitação desses profissionais é o ponto de
partida para uma atuação de qualidade. Isso corrobora as palavras de Perrenoud
(2001, p. 114), quando o autor aponta que a competência profissional está em
“avaliar o risco e não visar à eficácia didática à custa da identidade e da autonomia
do sujeito”. Isso porque, é papel do docente levar o aluno a render, pela construção
e reconstrução do conhecimento, pela construção do gosto e não pelo hábito, como
sinaliza Gadotti (2000).
O comentário mais marcante, selecionado nas entrevistas com os
professores-tutores sobre a Formação e Qualificação, dito pelo professor tutor L foi o
seguinte:
Compreender a filosofia da educação a distância, a fim de sustentar bases pedagógicas de aprendizagem, logo necessita ter uso das ferramentas disponíveis, das mídias agregadas, da comunicação verbal escrita.
Através do comentário mais marcante dito por esse professor-tutor (Anexo 2)
acredita-se que a formação e a capacitação desses profissionais são de relevância
fundamental para uma atuação de qualidade por parte dos professores-tutores, pois
seu papel na modalidade a distância precisa ser pautado nas competências e
habilidades necessárias ao desempenho de sua função, assim, é essencial para o
sucesso da aprendizagem que ele venha a se inteirar dos conhecimentos da
educação a distância e suas ferramentas (BARRETO, 2003).
b) Conhecimento tecnológico
Aspectos comuns ao professor presencial e ao professor-tutor
Um (1) professor presencial entrevistado comentou que o professor deve ter o
domínio do uso das novas tecnologias de comunicação e informação e oito (8)
professores-tutores entrevistados comentaram que é necessário ter o domínio
104
do uso das novas tecnologias de comunicação e informação em ambiente de
aprendizagem online para Educação a Distância.
O comentário do professor presencial (Anexo 2) nos remete às palavras de
Gadotti (2000, p. 12) de que “a nossa cultura atual dominante é impregnada de uma
nova linguagem, a da televisão e da informática, particularmente a linguagem da
Internet”, o que nos faz pensar que a prática docente deve evoluir nas mesmas
proporções, não somente para a educação a distância, mas também na prática
presencial, pois verifica-se que o aprendizado requer que os docentes transformem
suas ações pedagógicas e apropriem-se da tecnologia como sua aliada.
Na resposta dos professores tutores (Anexo 2) averiguou-se o quanto o
domínio do uso das novas tecnologias de comunicação e informação está pautado
nas palavras de Belloni (2001, p. 83), que informa sobre “a complexidade da função
docente na EAD e sua atuação é, ao mesmo tempo pedagógica, tecnológica e
didática”. Um dos aspectos relevantes da função do professor-tutor é o de ser
“Tecnólogo educacional”, isto é, especialista em novas tecnologias, responsável pela
organização pedagógica dos conteúdos, adequar aos suportes técnicos a serem
utilizados na produção dos materiais, assegurando a integração entre a equipe
técnica e pedagógica; ser professor recurso”.
Aspectos específicos sobre o professor-tutor
Um (1) professor-tutor entrevistado comentou que o professor precisa saber
utilizar sempre meios variados de comunicação, como fóruns, vídeos, chats,
desenhos, filmes, etc. a fim de enriquecer seu trabalho.
Essa modalidade de educação, por acontecer em um lugar diferente do local
de ensino, exige novas técnicas de aprendizagem, sendo necessário o uso de várias
tecnologias de comunicação, não somente por parte do docente, mas também por
parte do aluno, requerendo do professor atuar de forma a influenciar e ensinar ao
aluno, por ser essencial saber utilizar e dinamizar o uso das ferramentas
tecnológicas no processo ensino-aprendizagem (MOORE e KEARSLEY, 2004;
AZEVEDO, 2005).
Os Referenciais de Qualidade do MEC para Educação Superior a Distância
(Brasil, 2007, p. 21) asseguram que a principal atribuição deste profissional é “o
105
esclarecimento de dúvidas através fóruns de discussão pela Internet, pelo telefone,
participação em videoconferências, entre outros, de acordo com o projeto
pedagógico”.
Diferenças percebidas sobre o professor presencial e o professor-tutor
Um (1) professor presencial entrevistado comentou que o professor deve ter o
domínio do uso das novas tecnologias de comunicação e informação e oito (8)
professores-tutores entrevistados comentaram que é necessário ter o domínio
do uso das novas tecnologias de comunicação e informação em ambiente de
aprendizagem online para Educação a Distância.
Ao analisar as respostas dos professores-tutores (Anexo 2), percebeu-se
que todos concordam ser necessário ter conhecimento tecnológico, mas nas
respostas dos professores presenciais apenas um professor comentou a relevância
do conhecimento tecnológico como imprescindível na atuação da docência
presencial. Essa informação faz pensar que, se o papel essencial do docente é
oferecer aos educandos ferramentas para dominar a vida e compreender o mundo,
quão arcaicos ficarão os professores presenciais que não se apropriarem das
ferramentas tecnológicas, a fim de que seus alunos compreendam o mundo
contemporâneo (ANTUNES, 2002).
Comentários marcantes das entrevistas
O comentário mais marcante, selecionado nas entrevistas com os
professores-tutores sobre o Conhecimento tecnológico, dito pelo professor L foi o
seguinte:
Ter conhecimento de informática e utilizá-lo como sistema de comunicação e informação, a fim de proporcionar ao aluno igualdade de oportunidades, promovendo assim a sua cidadania.
Através do comentário mais marcante dito por esse professor-tutor (Anexo
2), acredita-se que é unânime a importância de ter o domínio do uso das novas
tecnologias de comunicação e informação na atuação do papel do professor-tutor,
visto que sua função dá-se através de ambientes online, o que corrobora a
106
interpretação dos Referenciais de Qualidade do MEC para Educação Superior a
Distância (BRASIL, 2007, p. 21) “professores-tutores sejam capacitados, conheçam
fundamentos da EaD e modelos de tutoria existentes”.
4.3.2. Habilidades
Dentro do quesito Habilidades, a análise das entrevistas com os professores
presenciais e professores-tutores foi dividida em duas etapas: a) Comunicação; e b)
Influência no contexto cultural do aluno. Descreve-se, abaixo, a análise das
entrevistas:
a) Comunicação
Aspectos comuns ao professor presencial e ao professor tutor
Seis (6) professores entrevistados comentaram que o professor precisa ter
boa comunicação para conseguir transmitir seu conhecimento e informações
para os alunos de forma clara em sala de aula, pois só assim o aluno aprenderá
a disciplina. E mais, que o professor precisa dialogar com o aluno fazendo com
que os mesmos sintam-se motivados e tenham interesse sobre a formação que
estão buscando com oportunidades no mercado e um (1) professor-tutor
entrevistado comentou que o professor deve buscar comunicar-se da melhor
forma possível, pela troca de conhecimentos, para o avanço enquanto
educadores.
No contexto dos comentários desses professores (Anexo 2), reconhece-se
que é necessário haver diálogo para auxiliar o aluno a avançar e adquirir
conhecimento. Entretanto, para que isso aconteça, é necessário que o docente
saiba utilizar diferentes meios comunicacionais nas formas mais diversificadas
possíveis, a fim de possibilitar a esse diálogo, a fim de atingir uma efetiva
aprendizagem.
Segundo Souza (2004), o professor tem um papel fundamental nesse
processo de construir e reconstruir conhecimento, porque só assim o professor
consegue relacionar a estrutura cognitiva do aprendiz junto ao objeto apresentado,
107
ou seja, demonstrar de forma clara para o aluno qual o significado que o objeto de
aprendizado tem para ele.
Ainda segundo Souza (2004), o professor carece imprimir em sua
identidade docente elementos vinculados a seus valores, sua forma de situar-se no
mundo, sua história de vida, representações, saberes, angústias e anseios, como
também, a forma como apresenta-se a aula dada por esse professor, os meios
comunicacionais que ele utiliza, porque sua fala e suas atitudes demonstram seu
aprendizado ao longo da vida, o que influenciará o aprendizado do aluno, quando o
professor apresenta o objeto de estudo.
Aspectos específicos sobre o professor-tutor
Três (3) professores-tutores entrevistados comentaram que o professor deve
manter contato com todos os envolvidos no processo de educação a distância, a
fim de oferecer vias de contato entre aluno e instituição; incentivar a
comunicação entre alunos através dos fóruns de discussão e chats do curso,
promovendo a organização de círculos de estudo e utilizar novas concepções
acerca do saber, envolvendo diálogos afetivos constantes, intercâmbios
singulares e disponibilidade para dialogar sempre com o aluno quando for
necessário e solicitado.
Três (3) professores-tutores entrevistados comentaram que o professor deve
informar ao aluno sobre os diversos aspectos que compõem o sistema de
educação a distância e a importância do uso de suas ferramentas, como
solicitar um trabalho e apontar, através dos tutoriais, a forma como tem que ser
feito.
Verifica-se que o comentário desses professores-tutores (Anexo 2) defende
uma Educação a Distância pautada em uma comunicação bilateral, que vai além da
troca de mensagens e recepção de alunos, pois dessa forma transmite uma real
ação educativa.
Mitchell, Fuks e Lucena (2004) corroboram com esses cometários quando
informam que uma comunicação bilateral eficiente, necessariamente, ultrapassa o
simples colocar à disposição do aluno distante os materiais instrucionais, porque
exige atendimento pedagógico do discente superando a distância e promovendo a
108
essencial relação professor e aluno por meios de estratégias como: a utilização de
mecanismos que façam interagir não somente a relação docente/discente, mas
também envolva a interação aluno/aluno e aluno/instituição através dos fóruns de
discussão, chats do curso, círculos de estudo, etc., a fim de que haja o diálogo,
premissa tão importante no processo ensino/aprendizagem.
Nas palavras de Gadotti (2000), verifica-se que o professor deve levar o
aluno a pensar criticamente sobre a inclusão da linguagem eletrônica, ao mesmo
tempo, o professor precisa transformar suas ações pedagógicas, cabendo à escola e
à tecnologia educacional adaptar-se e inserir-se neste processo de “revirtualização”
do conhecimento, pois a comunicação é imprescindível no processo ensino-
aprendizagem, seja na educação presencial ou na educação a distância (FUSARI,
1993).
Diferenças percebidas sobre o professor presencial e o professor-tutor
Dois (2) professores presenciais entrevistados informaram que o professor
deve deixar bem claro que a autoridade em sala é o professor. Isto porque, só
assim não haverá alunos indisciplinados em sala, consequentemente, ocorrerá
uma aula tranquila e agradável para todos.
Verifica-se que as palavras desses professores (Anexo 2) encontram
fundamento na perspectiva de Perrenoud (2002), quando informa que o docente
necessita, ao deparar-se com um grande número de classes agitadas, apaziguá-las
e se houver resistência, por parte dos alunos, o professor deve mobilizá-los,
suscitando neles o desejo de aprender; ajudando os alunos a construírem sentido
nos saberes e trabalhos escolares apresentados a eles.
Pode-se também, fazer um paralelo com Lito e Formiga (2009) que definem
o papel do professor como aquele que tem aptidão para enfrentar diversas
situações, que se mobiliza de forma correta, rápida, pertinente e criativa com
múltiplos recursos cognitivos com os saberes, capacidades, informações, valores,
atitudes, de avaliação e de raciocínio. Nesse entendimento, ter capacidade de
compreender uma determinada situação e reagir adequadamente frente à mesma, é
procurar atuar da melhor maneira possível, é ser alguém capaz de realizar e resolver
assuntos e de ter habilidade na prática docente.
109
Outro aspecto relevante, na resposta acima, é que esse contexto não
acontece em ambiente virtual, pois o aluno é responsável pelo seu aprendizado e
não há necessidade do tutor informar, impor ou deixar claro que ele é a autoridade
em sala de aula, isso inexiste na educação a distância.
Comentários marcantes das entrevistas
O comentário mais marcante, selecionado nas entrevistas com os
professores presenciais sobre a Comunicação, dito pelo professor C foi o seguinte:
O professor deve ter capacidade para trocar informações e conhecimentos com seus colegas de profissão e que a disciplina que ele ministra encontre continuidade nas disciplinas de outros professores, ou seja, haja interdisciplinaridade e efetivamente aconteça a comunicação, que não deve se dar apenas na sala de aula, mas em toda a formação do aluno.
Através do comentário desse professor (Anexo 2) percebe-se a importância
de associar o conteúdo da disciplina, ministrada por ele, ao conteúdo das disciplinas
dos outros professores, objetivando uma comunicação mais abrangente, visto que
encontra continuidade em outras disciplinas, nos conhecimentos adquiridos pelos
seus alunos em sua sala de aula. Isto deve-se porque a interdisciplinaridade
promove a troca de informações e de conhecimentos entre disciplinas, como,
também, transfere métodos de uma disciplina para outras. Sua função é a de
superar a fragmentação do conhecimento, a falta de uma relação deste com a
realidade do aluno e a fragmentação do conhecimento escolar, visto que ainda
possibilita a interlocução entre as áreas do conhecimento constituindo uma
estratégia importante para que elas não estreitem-se nem cristalizem-se no interior
de seus respectivos domínios. Além disso, sua ação alcança um processo de
interação entre disciplinas capaz de promover a conjugação de conhecimentos que
elevem os níveis de saber (PERRENOUD, 2000).
O comentário mais marcante, selecionado nas entrevistas com os
professores tutores sobre a Comunicação, dito pelo professor-tutor L foi o seguinte:
Utilizar novas concepções acerca do saber, envolvendo diálogos afetivos constantes, intercâmbios singulares e disponibilidade para dialogar sempre com o aluno quando for necessário e solicitado.
110
O comentário desse professor tutor (Anexo 2) corrobora as palavras de
Vygotsky (1996), que afirma ser a aprendizagem mediada pelas relações entre as
pessoas e está na relação afetiva entre professor e aluno. Nesse contexto, conclui-
se que as relações afetivas influenciam o processo da aprendizagem, tornando-o
significativo e produtor de mudanças nos conceitos prévios do aluno, o que irá
também influenciar seu contexto social. Dessa forma, ele continuará aprendendo e
relacionando-se com o mundo externo.
Segundo Wallon (1995), a relação afetiva é premissa fundamental no
processo ensino-aprendizagem, por isso cabe ao docente saber utilizar novas
concepções acerca do saber, formas de entender, ser, pensar, agir e dialogar, a fim
de que a educação permita ao aluno construir uma consciência crítica,
possibilitando-os a serem sujeitos de sua própria história de vida.
b) Influência no contexto cultural do aluno
Aspectos comuns ao professor presencial e ao professor-tutor
Dois (2) professores presenciais entrevistados comentaram que o professor
deve ser um agente de mudança para que possa tornar seu aluno agente de
mudança e apontam também que o professor ensina e aprende, logo, é
influenciado pelas experiências de vida dos alunos e vice-versa.
Três (3) professores presenciais entrevistados informaram que o professor
deve saber lidar com alunos de diferentes camadas sociais e tipos de
personalidade, influenciando positivamente o comportamento do aluno.
Cinco (5) professores tutores entrevistados comentaram que o professor deve
estar atento às diferenças entre os alunos, porque entender as diferenças de
educação e cultura é tentar estabelecer um diálogo comum com todos os alunos,
além de tentar influenciá-los em seu contexto de vida e de educação.
Verifica-se pelas palavras desses professores (Anexo 2) que a educação,
como prática social, deve considerar o docente e o discente sujeitos ativos do
processo de aprendizagem, logo, cabe ao docente selecionar e organizar meios que
o auxilie no processo da aprendizagem, cujos procedimentos de ensino, os
111
comportamentos e as ações auxiliem os alunos a terem contato direto com fatos ou
fenômenos, que os possibilitarão modificar sua conduta, em função dos objetivos
previstos, resultando em um aprendizado eficaz.
Nesse contexto, ao abordar sobre o desenvolvimento do aluno, enquanto
agente de mudança, implica em dialogar sobre o professor enquanto agente de
mudanças. Logo, é necessário que o docente tenha consciência de seu papel como
educador. De acordo com Perrenoud (2002), o professor precisa desenvolver a
possibilidade de enxergar o outro, de senti-lo, de vê-lo, avaliá-lo, observá-lo, para
que, a partir desse processo, possa promover uma linha de ação que favoreça o
crescimento de seu aluno e promova a aprendizagem.
O desenvolvimento desse olhar para o outro também se faz a partir do olhar-
se, do observar em si mesmo, enfim, pelo processo de autoconhecimento o
professor educador desenvolve-se de forma contínua e gradualmente. A influência
no comportamento de seus alunos de forma positiva torna-se efetivamente uma
demonstração do sucesso do seu trabalho.
Nos ambientes virtuais de aprendizagem também é importante reconhecer o
aluno como uma pessoa imbuída de informações e conhecimentos diferenciados,
por estarem em regiões distantes umas das outras, além da cultura predominante
nesses locais. Logo, é necessário que a prática pedagógica do tutor deva estar
comprometida com essa diversidade, dessa forma, sua competência será
influenciada por essa percepção (MELLO, 2008).
Quatro (4) professores entrevistados comentaram que o professor precisa ser
capaz de responder as perguntas dos alunos, que associem a disciplina ao seu
dia a dia de trabalho, a fim de o aluno conseguir absorver o conteúdo ministrado,
influenciar seu pensamento, com vistas dele aplicá-los na sua vida profissional.
Um (1) professor entrevistado informou que o professor deve estabelecer
laços com as teorias subjacentes às atividades de aprendizagem, a fim de
envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimento.
Verifica-se que as palavras dos professores (Anexo 2) corroboram com as
palavras de Paulo Freire (1993), quando o autor afirma que ensinando pela
construção é que dá-se a verdadeira concepção do ato de educar, logo, adotar como
principais fundamentos para a prática educativa a valorização do cotidiano do aluno
112
e a construção de uma práxis educativa, que estimule à leitura crítica do mundo, que
ele compreenderá que a verdadeira educação é aquela que não separa, em
momento nenhum, o ensino dos conteúdos do desenvolvimento da realidade, por
acreditar ser necessário relacionar a teoria com a prática docente, criando atividades
capazes de tornar sua aula eficaz.
Nesse contexto, o docente será capaz de levar o aluno a interessar-se pelos
conteúdos, por ser ele o divulgador de conhecimento histórico e criticamente
construído, pois, conforme Antunes (2002), descobrir nas ações e desafios do
cotidiano a relação da teoria com a prática.
É necessário que os alunos participem da discussão e da sistematização
das atividades, sendo necessário para isso, problematizar constantemente qualquer
questão no processo educacional, pela realização de uma práxis crítica da realidade,
não oferecendo respostas às perguntas, sem antes questionar aos alunos sobre o
que pensam a respeito, até que a resposta seja parcial ou totalmente respondida.
O docente carece encorajar os alunos a resgatar a própria identidade,
realizar atividades que permitam que cada um deles exponha seu pensamento,
incentivando a escrever, animando, organizando, instruindo e acima de tudo,
acreditando na capacidade de aprender de cada um (FREIRE, 1993).
Aspectos específicos sobre o professor-tutor
Três (3) professores tutores entrevistados comentaram que o professor deve
integrar o grupo de forma que todos se sintam livres, mas ao mesmo tempo
focados naquilo que os interessa, sem nunca perder os traços de cada um deles,
trabalhar valores e procurar manter um clima que envolva participação e respeito
à diversidade e tentar compreender a necessidade e as características dos alunos
a distância.
Verifica-se que o tutor precisa estar consciente de que a relação e interação
entre educador e educando não pode ser substituída por instrumentos pedagógicos
como os meios de informação e de comunicação, contradizendo a Teoria da
Independência e da Autonomia de Michael Moore (1973), que afiança ser preciso o
aluno tornar-se independente intelectualmente, não necessitando da presença do
outro, mas o docente tutor precisa considerar o diálogo, a cooperação, a construção,
113
a interação, assinaladas por Freire (1993), corroboradas com Piaget (1996) e
Vygotsky (1996) para o sucesso da aprendizagem nessa modalidade, pois o
conhecimento é a construção de significados em que indivíduo procura fazer sentido
de seu mundo, na relação do sujeito com seu contexto social.
Diferenças percebidas sobre o professor presencial e o professor-tutor
Três (3) professores presenciais entrevistados informaram que o professor, ao
lidar com alunos que criam situações de discórdias, briguentos, implicantes e
debochados deve tentar investigar as causas dos traumas anteriores, porque sua
ação provém de um motivo.
Cinco (5) professores-tutores entrevistados comentaram que o professor deve
estar atento a forma de linguagem que usa ao elaborar seus trabalhos, como,
também, com o seu expressar ao responder as dúvidas, porque ele lida com
pessoas de diversas regiões e culturas, com uma diversidade de pessoas em
todo país.
Percebe-se nas respostas dos professores presenciais (Anexo 2) que é
necessária habilidade para lidar com situações desagradáveis apresentadas pelos
alunos, pelos seus comportamentos conflitantes. Nesses casos, o professor deve
indagar por um determinado contexto de vida dos alunos, a fim de que sua
problemática de vida não venha obstruir o rendimento escolar.
Assim, é imprescindível que a ação docente considere a capacidade de
seus alunos juntamente com a seleção e organização de meios que o auxilie no
processo da aprendizagem.
Os procedimentos de ensino, as ações, os processos ou comportamentos
planejados pelo professor carecem ter a intenção de colocar o aluno em contato
direto com fatos ou fenômenos, que possibilitarão modificar sua conduta, em função
dos objetivos previstos. Também, pode ocorrer no atendimento online interpretação
inadequada por parte do aluno ao interagir com o tutor, se o mesmo não utilizar uma
linguagem apropriada.
Nesse contexto, cabe ao tutor ser o mediador, ir além do papel de
transmissor, ser aquele que possibilitará a aprendizagem, aquele que irá
114
disponibilizar as informações, transpondo distâncias e preocupando-se com a
aprendizagem (MELLO, 2008).
Comentários marcantes das entrevistas
O comentário mais marcante, selecionado nas entrevistas com os
professores presenciais sobre a Influência no contexto cultural do aluno, dito pelo
professor G foi o seguinte:
É muito gratificante quando o aluno está vivenciando o período acadêmico e percebe em seu dia a dia o impacto do conhecimento que ele está recebendo, verificando a diferença que um curso universitário pode fazer na vida dele não somente na parte profissional, mas também no seu olhar do mundo.
As palavras desse professor (Anexo 2) informam que as competências do
docente são essenciais na construção do conhecimento, pois ao apresentar
determinado conhecimento ao aluno, é necessário que o professor saiba relacionar
a estrutura cognitiva do aprendiz junto ao objeto apresentado. Porém, esse
conhecimento precisa ter significado para o aluno, porque só dessa forma ele
poderá assumir uma atuação ativa diante desse objeto e construir e reconstruir
conhecimentos através dele. Entretanto, é necessário que ele consiga vincular seus
valores, sua forma de situar-se no mundo, sua história de vida, suas representações,
saberes, angústias e anseios, como também através de suas redes de relações,
como afirma Souza (2004).
O comentário mais marcante, selecionado nas entrevistas com os
professores-tutores sobre a Influência no contexto cultural do aluno, dito pelo
professor K foi o seguinte:
O professor precisa entender as diferenças de educação e cultura e tentar estabelecer um diálogo comum com todos os alunos, além de tentar influenciar o aluno em seu contexto de vida, de educação.
O comentário desse professor-tutor (Anexo 2) corrobora as palavras de
Piaget (1996), Vygotsky (1996) e Freire (1993), que acreditam que o professor não
pode esquecer que a aprendizagem é resultado da interação e do diálogo,
115
entretanto não é transmitido, mas sim construído, compartilhado com o outro, pela
motivação.
4.3.3. Atitudes
Dentro do quesito Atitudes, a análise das entrevistas com os professores
presenciais e professores-tutores foi dividida em duas etapas: a) Relacionamento
interpessoal e afetividade; e b) Atitude profissional. Descreve-se, abaixo, a análise
das entrevistas:
a) Relacionamento interpessoal e afetividade
Aspectos comuns ao professor presencial e ao professor-tutor
Quatro (4) professores presenciais entrevistados comentaram que o professor
deve ter bom relacionamento interpessoal, precisa criar um ambiente de
afetividade e motivação e ter equilíbrio emocional.
Um (1) professor tutor entrevistado comentou que o professor tem que saber
trabalhar em equipe; ter cumplicidade, amizade, parceria, felicidade e alegria.
Os comentários desses professores (Anexo 2), presenciais e tutores,
corroboram com as palavras de Antunes (2002), informando que o professor deve
buscar envolver alunos e colegas professores, em projetos que haja a cooperação e
uma linguagem em comum, por serem tão importantes para a construção de uma
obra educativa mais ampla.
Outro ponto ressaltado, pelo autor citado, é de que a alegria, a felicidade e a
satisfação carecem ser buscadas no contexto escolar, fundamentado em Snyders
(1988 apud GADOTTI, 2001), que defende a alegria na escola como um dos
pressupostos para repensar o projeto da escola de hoje, pois o homem tem
satisfação e alegria ao construir a cultura, logo a escola é o lugar que pode oferecer
entusiasmo cultural, por apostar na satisfação fornecida pela cultura e elaborada em
suas exigências culturais mais elevadas.
Aspectos específicos sobre o professor-tutor
116
Oito (8) professores-tutores entrevistados comentaram que o professor deve
ter sensibilidade para enxergar o outro individuo através das palavras que escreve
para assim trazer o aluno para perto de si, acolhendo-o com as palavras, ter
sensibilidade e respeito pelas suas experiências, pela sua uma bagagem de
educação e tentar explorar e despertar o seu potencial, fomentando um
sentimento de autorresponsabilidade. Assim sendo, cabe ao docente criar um
ambiente de interatividade, dinâmico e organizado e facilitador do processo de
ensino/aprendizagem.
Verifica-se nas palavras desses professores (Anexo 2) que é fundamental a
criação de métodos intrinsecamente motivadores de ensino, tornando-se assunto
urgente nesse novo contexto escolar, encontrando assim, respaldo nas palavras de
Maia (2010) que afirma ser a motivação do aluno o foco principal no novo modelo de
ensino e aprendizagem, cuja motivação acontece de duas maneiras: extrínseca,
partindo do contexto, em que o indivíduo está inserido; e intrínseca, a partir do
interior do indivíduo, de seu pensamento ou desejo.
Assim, pode-se afirmar que a participação do aluno no processo de
aprendizagem é necessária, pois é dessa forma que ele tornar-se-á responsável
pelo seu aprendizado. Entretanto para que isso aconteça, é necessário que o
docente tutor proponha situações de aprendizagem com a organização e
planejamento de atividades, atuando como mediador e orientador, fornecendo
informações relevantes, incentivando o aluno a buscar fontes de informações, com
vistas de favorecer a formalização de conceitos e uma aprendizagem significativa.
Diferenças percebidas sobre o professor presencial e o professor-tutor
Quatro (4) professores presenciais entrevistados comentaram que o professor
deve se interessar pelo aluno, procurando entender o porquê de ele, às vezes,
demonstrar atitude de desinteresse em sala de aula e, ao mesmo tempo, aponta a
necessidade do docente procurar ensinar os conteúdos das disciplinas de
maneira extrovertida, pela emoção.
Percebe-se que as situações apontadas pelos professores presenciais
(Anexo 2) acima não são comuns ao contexto da educação a distância, pois quanto
117
à aproximação do docente junto aos discentes, demonstra o quanto sua ação
coaduna com a teoria de Wallon (1995), que atribui à emoção, os sentimentos, os
desejos e as manifestações da vida afetiva como papel fundamental no processo de
desenvolvimento humano.
Para Wallon (1995), entender a emoção como forma de expressar o estado
de espírito da pessoa é compreender que as manifestações físicas, alterações
orgânicas, enfim, reações intensas do organismo são resultados de um estado
afetivo penoso ou brando. Nesse entendimento, entender que as trocas relacionais
entre as pessoas são fundamentais para o desenvolvimento do indivíduo, é
conceber a teoria de desenvolvimento de Henri Wallon (MAHONEY; ALMEIDA,
2011, p.2) como:
Um instrumento que pode ampliar a compreensão do professor sobre as possibilidades do aluno no processo ensino-aprendizagem e fornecer elementos para uma reflexão de como o ensino pode criar intencionalmente condições para favorecer esse processo, proporcionando a aprendizagem de novos comportamentos, novas ideias, novos valores. Na medida em que a teoria de desenvolvimento descreve características de cada estágio, está também oferecendo elementos para uma reflexão para tornar o processo ensino-aprendizagem mais produtiva, propiciando ao professor pontos de referência para orientar e testar atividades adequadas aos alunos concretos que tem em sua sala de aula. A identificação das características de cada estágio pelo professor permitirá planejar atividades que promovam um entrosamento mais produtivo entre essas características, conforme se apresentem em seus alunos concretos, e as atividades de ensino.
Comentários marcantes das entrevistas
O comentário mais marcante, selecionado nas entrevistas com os
professores presenciais sobre o Relacionamento interpessoal e a afetividade, dito
pelo professor L foi o seguinte:
O professor deve envolver os alunos na aprendizagem, a partir de uma relação afetiva; organizar e fazer evoluir, no âmbito da sala de aula, a participação dos alunos.
Pelo comentário desse professor (Anexo 2) verifica-se o quanto a prática
pedagógica desse docente está pautada nas palavras de Vygotsky (1996),
informando que a aprendizagem é mediada pelas relações entre as pessoas.
Segundo o mesmo autor, é necessário ter alguém que nos forneça significados que
118
nos permita pensar o mundo a nossa volta, só assim aprenderemos, pois o nosso
desenvolvimento se atualiza conforme o tempo e a influência externa.
O comentário mais marcante, selecionado nas entrevistas com os
professores-tutores sobre o Relacionamento interpessoal e a afetividade, dito pelo
professor B foi o seguinte:
A tutoria não pode tornar-se algo impessoal, frio, trocado apenas em meios magnéticos, o professor deve fazer-se presente sempre, haver cordialidade e colaboração, tendo o afeto como base de tudo a fim de evitar o silêncio virtual de tal forma que o estudante não se sinta só e abandonado.
Através do comentário desse professor-tutor (Anexo 2) acredita-se que há a
necessidade do professor-tutor atuar em parceria com cada aluno, respeitando suas
limitações e ritmo de aprendizagem, além de transmitir confiança quanto aos
conteúdos repassados e que reconheça a importância de resgatar os alunos que
não interagem através do estímulo. Nesse contexto, para que essas necessidades
sejam concretizadas, é necessário que o docente se fundamente em quatro
aspectos essenciais, de acordo com Emerenciano et all (2001, p. 8):
“Capacidades: domínio dos conhecimentos básicos da informática, capacidade de
expressão, competência para a análise e resolução dos problemas, conhecimentos
(teóricos e práticos), capacidade para buscar e interpretar informações.
Valores: responsabilidade social, solidariedade, espírito de cooperação, tolerância,
identidade cultural.
Atitudes: promoção da educação de outros, defesa da causa da justiça social,
proteção do meio ambiente, defesa dos direitos humanos e dos valores humanistas,
apoio à paz e à solidariedade.
Disposição: para tomar decisão, para continuar aprendendo”.
b) Atitude profissional
Aspectos comuns ao professor presencial e ao professor-tutor
Dois (2) professores presenciais entrevistados comentaram que o professor
deve dedicar-se ao trabalho, ser comprometido e ter assiduidade. Um (1)
119
professor entrevistado comentou que o professor deve preservar a imagem dele
e um (1) professor entrevistado comentou que o professor deve estar com o
planejamento de estudo pronto, com a aula na ponta da língua e ter autoridade
em sala de aula, que não é preciso falar alto, mas a impostação da voz diz
exatamente quem ele é.
Verifica-se que as palavras desses professores (Anexo 2) corroboram as
palavras de Perrenoud (2000 apud ANTUNES, 2002, p. 101), que:
O professor deve não somente preparar a aula, mas também preparar-se para dar a aula, tendo cuidado de sua apresentação pessoal, sua postura física, aprendendo a modular a voz, nunca se apresentar em sala sem trazer um plano de aula adequado e coerente, manter a calma nas situações difíceis, lembrar-se que uma repreensão severa e firma não precisa ser grosseira e deseducada, falar baixo não significa falta de autoridade, não se esquecendo da assiduidade e da pontualidade, que são regras de ouro para despertar no aluno a consciência de sua importância e a dignidade de sua profissão.
Dois (2) professores-tutores entrevistados comentaram que o professor deve
ser empático e flexível com o aluno. Dois (2) professores-tutores entrevistados
comentaram que o professor deve ser responsável e manter uma postura ética
em seu trabalho e com a instituição que atua. Dois (2) professores presenciais
entrevistados comentaram que o professor deve ser coaching e facilitador. Um
(1) professor-tutor e um (1) professor presencial entrevistados comentaram que
o professor deve ser paciente, resiliente, responsável e ter boa vontade para
esclarecer as dúvidas dos alunos. Um (1) professor entrevistado comentou que o
professor deve ter humildade, ser simples, consciente, transparente e fomentar o
interesse do aluno em ler e adquirir conhecimento e boa cultura. Um (1)
professor entrevistado comentou que o professor carece ter competência,
vontade, disciplina, pró-atividade, persistência e otimismo.
Verifica-se nos comentários desses professores (Anexo 2) que o
desenvolvimento dessas atitudes, por parte dos professores, consiste em um como
fazer na sua profissão, que ultrapassa o que se pode fazer. Para um melhor
entendimento do desempenho do docente, poder-se-ia aqui elencar diversas
competências, mas esse conteúdo já foi abordado no Capítulo II, logo, os
comentários dos professores encontram fundamento em Antunes (2002), que afirma
120
que o professor não envelhece pela falência do corpo, mas sim, pela perda de
ânimo, pela diminuição da garra, pelo murchar do entusiasmo.
Assim, verifica-se que os professores não deveriam ser escolhidos pela
melhores currículos, mas sim pelos mais apaixonados pelo que fazem,
entusiasmados com o aprender, pela conservação da juventude, por acreditar em
seu trabalho e dignificar sua profissão.
Aspectos específicos sobre o professor-tutor
Seis (6) professores-tutores entrevistados comentaram que o professor deve
ser comprometido com a qualidade do ensino, capaz de adaptar estratégias que
levem em conta as expectativas dos alunos, a fim de que os mesmos construam
sua própria aprendizagem, trabalhem pela criatividade, pela solicitação de
trabalhos que realmente comprovem o aprendizado do aluno, pela incentivação,
pela autodeterminação, no sentido de deixá-lo livre para aprender a aprender e
fazer com que ele seja o sujeito ativo no seu processo de conhecimento, em que
o professor tutor seja mais do que nunca um educador na educação a distância.
Verifica-se que os comentários desses professores (Anexo 2) encontram
fundamento nas palavras de Maia (2003, p. 54), que assim aponta:
A prática pedagógica tem metas definidas e expressam diferentes níveis de desempenho: capacidade de análise, síntese, relação, comparação e avaliação; o aluno é estimulado a observar, experimentar, criar e executar, desenvolvendo desta forma capacidade crítica e reflexiva. É preciso incomodar, provocar e motivar o aluno, para que este desenvolva a curiosidade, a iniciativa, o senso crítico e a criatividade. Na modalidade de ensino a distância o aluno é estimulado a trabalhar de modo autônomo e independente, é essencialmente ativo e tem autonomia para criar seus próprios esquemas de investigação e incentivado a refletir sobre as informações recebidas, assumindo, assim, o papel ativo no aprender.
Comentários marcantes das entrevistas
O comentário mais marcante, selecionado nas entrevistas com os
professores presenciais sobre a Atitude profissional, dito pelo professor H foi o
seguinte:
121
O professor deve suscitar o desejo do aluno em aprender, em explicitar a relação com o saber científico e desenvolver sua capacidade de autoavaliação.
O comentário desse professor (Anexo 2) encontra respaldo nas palavras de
Antunes (2002, p. 99), que sinaliza “que o aluno precisa descobrir o valor da
aprendizagem, os ganhos do saber que são imensos”, mas que para isso o
professor precisa explicitar a relação entre a aprendizagem e o saber, a escola
precisa mostrar-se atraente para o aluno, seus professores precisam ser
descobertos não apenas como amigos, mas também como companheiros da
jornada do crescer e do transformar-se.
O comentário mais marcante, selecionado nas entrevistas com os
professores-tutores sobre a Atitude profissional, dito pelo professor J foi o seguinte:
O professor tutor deve se adaptar a essa nova modalidade de ensino sendo autônomo no processo, pois o trabalho colaborativo na EAD é feito por inúmeros braços, ou seja, trabalhar coletivamente.
Através do comentário desse professor tutor (Anexo 2) acredita-se que o
docente precisa adaptar-se ao contexto da Educação a distância onde o diálogo, a
cooperação, principalmente entre os colegas de trabalho, a construção e a interação
são importantes para o sucesso da aprendizagem, dessa forma o docente deve
buscar relacionar-se em espaços e tempos diversificados a fim de possibilitar a
aprendizagem (PIAGET, 1996; VYGOTSKY, 1996).
122
CAPÍTULO V
5. AS CONCLUSÕES DA PESQUISA
A educação é uma esfera social de formação humana e, como tal, realiza-se
no âmbito das relações sociais, sendo concretizada por meio da prática humana na
especificidade da esfera educativa. Essa esfera também tem em sua dimensão o
estudo das competências dos profissionais que atuam nesse segmento, mais
especificamente, nesse estudo, que teve como intenção compreender as
competências como um somatório de conhecimentos, habilidades e atitudes que o
professor-tutor precisa apresentar na modalidade de ensino a distância, em
comparação com o professor presencial.
Essa dissertação buscou encontrar resposta para a pergunta problema que
gerou a realização desse estudo: “Quais as competências (conhecimentos,
habilidades e atitudes) que deveriam ser apresentadas pelos docentes de um Curso
Superior na modalidade a distância?”. E de forma implícita na questão
problematizadora foi proposta a suposição de que há diferença de competências
(conhecimentos, habilidades e atitudes) entre o professor-tutor e o professor
presencial.
Este capítulo tem por finalidade fornecer um resumo dos principais
resultados encontrados em relação aos objetivos traçados nesse estudo, conforme a
seguir.
5.1. Consecução dos Objetivos Específicos
Esse estudo teve como objetivos específicos verificar como se desenrola o
papel do professor tutor no processo ensino-aprendizagem; averiguar quais as
competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) dos professores tutores na
sua ação pedagógica; e compreender as diferenças na qualificação formal para o
exercício docente de tutoria.
123
Assim, a análise realizada concluiu que, nas competências distintivas
relacionadas aos Conhecimentos, ao investigar-se a questão da Formação e
Qualificação, verificou-se que tanto para o professor presencial quanto para o
professor-tutor esse aspecto é indistinto, pois é imprescindível a necessidade de que
os docentes tenham qualificação acadêmica e capacitação que lhes deem condições
de desenvolver um trabalho pedagógico adequado, possibilitando maior
aprendizagem e desenvolvimento do aluno. Infere-se que o reconhecimento de
competências passa pela explicitação dos saberes, das capacidades, dos esquemas
de pensamento e das orientações éticas necessárias. Para Paulo Freire (1993), é
fundamental considerar o papel do educador como um eterno pesquisador, porque o
verdadeiro professor é aquele que tem comprometimento profissional, ou seja,
estuda e pesquisa. Isto porque, só assim ele será capaz de tornar-se um eficaz e
interessado divulgador de conhecimentos históricos e criticamente construídos,
coletivamente. No que tange ao Conhecimento tecnológico para os professores
presenciais e professores tutores a questão toma contornos diferentes, visto que é
desejável que o professor presencial adquira essa capacitação, pois na execução do
seu papel ele deve ser um estimulador do processo de aprender a aprender, pois se
as tecnologias não substituem o professor, elas permitem que algumas de suas
tarefas e funções possam ser modificadas (MAIA, 2003) e complementem sua ação
pedagógica. Entretanto, para o professor-tutor é indispensável o conhecimento
tecnológico, visto que seu trabalho dá-se em ambiente virtuais de aprendizagem.
Nesse contexto, os Referenciais de Qualidade do MEC para Educação Superior a
Distância (BRASIL, 2007) ressaltam que o professor tutor deve ter domínio do
conteúdo como condição essencial para o exercício das funções, sendo
indispensável que as instituições de ensino superior elaborem planos de capacitação
para seus tutores e prevejam preparação no âmbito do domínio específico do
conteúdo, em mídias de comunicação e nos fundamentos da EaD e no modelo de
tutoria.
Nas competências distintivas relacionadas às Habilidades, ao investigar-se a
questão da Comunicação, verificou-se que há distinção para professor presencial e
professor-tutor. Para o professor presencial é mais fácil tratar a comunicação devido
a presença física em sala de aula, visto que a comunicação acontece, também,
através das expressões corporais, tom de voz, audição, entre outros. Já para o
124
professor-tutor a comunicação exige um esforço maior por parte dele em ser claro e
explícito ao interagir com o aluno no espaço virtual através do conhecimento escrito,
pois é através dele que a maior parte do conhecimento adquirido na educação a
distância acontece. Assim, acredita-se que para professores presenciais e tutores
terem um bom desempenho na função, em maior ou menor grau de dificuldade, eles
necessitam serem bons comunicadores, pois só assim conseguirão expor
conhecimentos e informações para os alunos de forma clara, aumentando as
chances do aluno aprender. É fundamental que o docente tenha ciência de que seu
papel não é de um mero transmissor de conhecimentos, mas sim um mediador entre
o sujeito do conhecimento – aluno – e o objeto do conhecimento – o conteúdo a ser
apreendido (PIAGET, 1996). Ao investigar a questão da Influência no contexto
cultural do aluno verificou-se que é unânime, tanto para o professor presencial
quanto para o professor-tutor, que ele esteja atento às diferenças entre os alunos,
porque entender as diferenças de educação e cultura é tentar estabelecer um
diálogo comum com todos os alunos, além de tentar influenciá-los em seu contexto
de vida e de educação. Mas o professor-tutor necessita ser mais cuidadoso nesse
aspecto, porque ele lida com pessoas de diversas regiões e culturas, com uma
diversidade que muitas vezes atravessa o país. Essa concepção encontra respaldo
nas palavras de Piaget (1996) por afirmar que o sujeito constrói conhecimento
interagindo com o objeto do conhecimento. Logo, a ação educativa necessita prover
situações-problemas e construir conceitos. Dessa forma, é fundamental que o aluno
desenvolva a criatividade e a autonomia, por ser o sujeito fundamentalmente
epistêmico, portanto cognitivo. Outro fundamento importante vindo de Vygotsky
(1996) é o apontamento da necessidade de se compreender os aspectos da
dinâmica da sociedade e da cultura, por acreditar que o meio histórico social
interfere no curso do desenvolvimento do sujeito. Freire (1993) também afirma que o
professor carece reconhecer o aluno dentro de sua própria história de vida, na sua
cultura e pertencimento a uma classe social. Portanto, a construção de uma
verdadeira concepção do ato de educar é adotar como principais fundamentos, para
a prática educativa, a valorização do cotidiano do aluno e a construção de uma
práxis educativa que estimule à leitura crítica do mundo, compreendendo que a
verdadeira educação é aquela que não separa, em momento nenhum, o ensino dos
conteúdos do desenvolvimento da realidade.
125
Nas competências distintivas relacionadas às Atitudes, ao investigar-se a
questão do Relacionamento Interpessoal e a Afetividade, verifica-se que há duas
situações diferentes para o professor presencial e professor-tutor: uma refere-se ao
fato de que tanto os professores presenciais quanto os professores-tutores
necessitam ter bom relacionamento interpessoal, precisam criar um ambiente de
afetividade e motivação para trabalhar com alunos em equipe, serem cúmplices e
amigos para manter uma parceria em prol da educação. Mas a afetividade pode ser
trabalhada com mais facilidade pelo professor na aula presencial, pois segundo
Wallon (1995) a emoção, os sentimentos e os desejos, manifestações da vida
afetiva, jogam um papel fundamental no processo de desenvolvimento humano.
Contudo, na aula virtual há diversas dificuldades para estabelecer esta relação,
sendo imprescindível a sensibilidade para enxergar o outro individuo a distância,
devido ao contexto em que o aprendizado acontece em grande dispersão
geográfica. O professor-tutor deveria estar sempre acolhendo-o por meio das
palavras escritas, por um ambiente interativo, dinâmico, organizado e facilitador do
processo de ensino-aprendizagem. Nesse processo, deve-se também considerar as
palavras de Maia (2010), que afirma ser a motivação do aluno o foco principal no
novo modelo de ensino e aprendizagem, pois a participação do aluno torná-lo-á
responsável pelo seu aprendizado, implicando a atuação do docente tutor como
mediador e orientador das propostas de aprendizagem, da organização e
planejamento de atividades, do fornecimento de informações relevantes para
incentivar o aluno, a fim de que ele busque fontes de informações e assim possa
formalizar conceitos e ter uma aprendizagem significativa.
Já na questão das Atitudes profissionais, verificou-se que não há distinção
para professores presenciais e professores-tutores, pois é relevante para ambos os
papéis ser dedicado no trabalho, comprometido, assíduo, estar com o planejamento
de estudo pronto, ser empático e flexível, responsável, mantendo sempre uma
postura ética, tanto com o seu trabalho como com a instituição em que atua, ser
coaching e facilitador, paciente, resiliente, responsável e ter boa vontade para
esclarecer as dúvidas dos alunos, ter humildade, ser simples, consciente,
transparente e fomentar o interesse do aluno em ler e adquirir conhecimento e boa
cultura, ter competência, vontade, disciplina, pró-atividade, persistência e otimismo,
a fim de que os mesmos construam sua própria aprendizagem, logo, incentivar a
126
autodeterminação no sentido de deixá-los livres para aprender a aprender e é
fundamental fazer com que eles sejam sujeitos ativos no seu processo de
conhecimento, enfim, o professor deve ser mais do que nunca um educador.
Para facilitar o entendimento explicita-se no quadro abaixo, essas
conclusões:
127
CONHECIMENTOS
HABILIDADES
ATITUDES
Formação e
Qualificação
Conhecimento
tecnológico
Comunicação
Influência no contexto
cultural do aluno
Relacionamento interpessoal e
Afetividade
Atitude
Profissional
INDIFEREN
TE
DIFERENTE
DIFERENTE
INDIFERENTE
INDIFERENTE
E
DIFERENTE
INDIFERENTE
Professor
presencial
Todos
defendem
que é
preciso ter
formação
compatível
ao curso que
está
participando,
como
também ter
um
Apenas um
acredita ser
importante ter o
domínio do uso
das novas
tecnologias de
comunicação e
informação.
E mais fácil
tratar a
comunicação
devido a
presença física
em sala de aula,
visto que a
comunicação
acontece,
também, através
das expressões
corporais, tom
Todos defendem que é
preciso estar atento às
diferenças entre os
alunos, porque entender
as diferenças de
educação e cultura é
tentar estabelecer um
diálogo comum com
todos os alunos, além de
tentar influenciá-los em
seu contexto de vida e
de educação.
Todos defendem que é bom um
relacionamento interpessoal e criar um
ambiente de afetividade e motivação para
trabalhar com alunos em equipe, serem
cúmplices e amigos para manter uma
parceria em prol da educação. Mas a
afetividade pode ser trabalhada com mais
facilidade pelo professor na aula
presencial
É relevante ser
dedicado no
trabalho,
comprometido,
assíduo, ser
facilitador... a
fim de que os
alunos
construam sua
própria
aprendizagem.
128
aprimoramen
to constante.
de voz, audição,
entre outros.
Professor-
tutor
Todos
defendem
que é
preciso ter
formação
compatível
ao curso que
está
participando,
como
também ter
um
aprimoramen
to constante.
Todos
acreditam ser
importante ter o
domínio do uso
das novas
tecnologias de
comunicação e
informação.
A comunicação
exige um esforço
em ser claro e
explícito ao
interagir com o
aluno no espaço
virtual através do
conhecimento
escrito.
Todos defendem que é
preciso estar atento às
diferenças entre os
alunos, porque entender
as diferenças de
educação e cultura é
tentar estabelecer um
diálogo comum com
todos os alunos, além de
tentar influenciá-los em
seu contexto de vida e
de educação.
Todos defendem que é bom um
relacionamento interpessoal e criar um
ambiente de afetividade e motivação para
trabalhar com alunos em equipe, serem
cúmplices e amigos para manter uma
parceria em prol da educação. Mas a
afetividade encontra diversas dificuldades
na aula virtual para estabelecer esta
relação, sendo imprescindível a
sensibilidade para enxergar o outro
individuo a distância, devido ao contexto
em que o aprendizado acontece em
grande dispersão geográfica.
É relevante ser
dedicado no
trabalho,
comprometido,
assíduo, ser
facilitador... a
fim de que os
alunos
construam sua
própria
aprendizagem.
Quadro 12: Conclusões sobre os resultados encontrados
Fonte: elaboração da autora
129
5.2. Consecução do Objetivo Geral
Esse estudo teve como objetivo geral identificar quais as competências
distintivas (conhecimentos, habilidades e atitudes) dos docentes-tutores de um
Curso Superior na modalidade a distância.
Assim, a análise realizada concluiu que as competências distintivas e de
importância relacionadas aos Conhecimentos, na visão dos professores presenciais
e dos professores-tutores, são: ter formação adequada ao curso que está
participando, como também ter um aprimoramento constante, ou seja, que o
professor esteja sempre se atualizando, por ser essencial para a qualidade de seu
trabalho e para entender os princípios, conceitos e ideias produtoras de
conhecimento na área em que atua.
Assim, é importante para um desenvolvimento da atividade profissional que
a concepção de educação seja transformada, devido à integração da tecnologia, que
consequentemente, implica em novas competências para as práticas pedagógicas,
cujo docente necessita evoluir continuamente em sua ação pedagógica,
principalmente na educação a distância, onde o processo de ensino aprendizagem é
mediado por diferentes tecnologias.
Nas competências distintivas relacionadas às Habilidades, conclui-se que os
professores para terem um bom desempenho na função necessitam de boa
comunicação, pois só assim conseguirão transmitir conhecimentos e informações
para os alunos de forma clara, dando chances ao aluno aprender. Verificou-se que o
diálogo é um importante aliado para que os alunos sintam-se motivados e tenham
interesse pelo objeto de estudo. Os professores, tanto o presencial quanto o tutor,
acreditam que é importante influenciar positivamente o comportamento do aluno,
devendo o professor estar atento à diversidade cultural estabelecendo um diálogo
comum com todos os alunos, a fim de obter um trabalho eficaz, e dessa forma
sentirem-se gratificados por terem alcançando o reconhecimento de seu trabalho,
por terem promovido uma aprendizagem de sucesso.
Por fim, nas competências distintivas relacionadas às Atitudes, entende-se
que os professores acreditam que é importante, tanto o presencial quanto o tutor,
para que aconteça um bom relacionamento interpessoal e afetividade no exercício
da profissão, o professor deve ter bom relacionamento interpessoal, contudo, é
130
preciso criar um ambiente de afetividade e motivação para trabalhar com alunos em
equipe; ser cúmplice e amigo para manter uma parceria em prol da educação. É
imprescindível a sensibilidade para enxergar o outro individuo, principalmente na
educação a distância, devido ao contexto de aprendizado em que o aluno se
encontra distante, logo, o professor-tutor carece estar sempre acolhendo-o através
das palavras escritas, por um ambiente de interatividade, dinâmico e organizado e
facilitador no processo de ensino/aprendizagem.
A conclusão principal encontrada nesse estudo é a de que o papel do
professor em cursos na modalidade de educação a distância é diferente do papel do
professor no ensino presencial. E essa diferença está explicada em detalhes no
Quadro 12 sobre as Conclusões dos resultados encontrados e de forma sintetica dá-
se da seguinte forma: quanto aos Conhecimentos em relação à Formação e
Qualificação é indiferente, em relação ao Conhecimento tecnológico é diferente.
Quanto às habilidades em relação à Comunicação é diferente, em relação à
Influência no contexto cultural do aluno é indiferente; e por fim quanto às Atitudes
para o Relacionamento interpessoal e Afetividade tanto é indiferente quanto
diferente; e para a Atitude Profissional é indiferente.
Assim, os tutores avançam para uma nova identidade que os forçam a
desenvolver diferentes competências e assumam um novo modelo de docência: a
docência online. Essas competências ilustram como pode acontecer uma tutoria
bem sucedida em situações de ensino-aprendizagem a distância, permitindo
elaborar o papel do professor denominado por professor-tutor. Assim, esse “novo
professor” exerce um papel virtual tendo seu perfil definido para sua atuação na
Educação a Distância que se realiza quando um processo de utilização garanta,
mais do que recepção e até troca de mensagens, uma verdadeira comunicação
bilateral nitidamente educativa. Uma proposta de ensino/educação a distância
necessariamente ultrapassa o simples colocar à disposição do aluno distante dos
materiais instrucionais, exige atendimento pedagógico, superando a distância e
promovendo a essencial relação professor e aluno, por meios de estratégias
institucionalmente garantidas (MITCHELL; FUKS; LUCENA, 2004).
Em suma, todos os atores envolvidos na prática pedagógica de EaD –
alunos e professores – deveriam ter competências, conhecimentos, habilidades e
131
atitudes mínimas. Dessa forma, os professores necessitam atuar de forma
qualificada para que o aluno possa desenvolver a sua aprendizagem com êxito,
enquanto os alunos carecem ser sujeitos ativos do processo de aprendizagem. E
mais, o aluno deve estar no centro do processo de ensino, necessitando ir além da
leitura e do acesso ao ambiente virtual, isto é, devendo interagir com o objeto de
estudo, com o grupo, com todas as ferramentas, tirando suas dúvidas, trocando
experiências com os demais colegas, resolvendo os desafios, publicando suas
produções, enfim, comprometendo-se, organizando-se, tendo iniciativa, autonomia e
disciplina.
Em síntese, caberia aos professores-tutores compreender a forma correta de
como realiza-se o processo da aprendizagem e como acontece a construção do
conhecimento na modalidade a distância, e mais, necessitam ser colaboradores,
cooperativos, comunicativos, por fim, precisam tirar melhor proveito das teorias e de
suas experiências.
A estrutura de ensino da modalidade a distância necessita incentivar os
alunos a desenvolverem autonomia, independência e responsabilidade por sua
aprendizagem, aumentando, assim, o nível de exigência e com isso desencadeando
um processo contínuo de busca pela melhoria da qualidade e novas estratégias de
aprendizagem, sem esquecer o quanto o diálogo e a afetividade são importantes
para o processo ensino aprendizagem.
A partir do uso das novas tecnologias de informação e comunicação é
fundamental que todos – aluno e tutor – lidem com a informação, cujo aprender não
é mais sinônimo de memorizar, guardar conteúdos, transmitir e obter conhecimento,
mas sim utilizar recursos que permitam acessar as informações a qualquer momento
e de qualquer lugar, via Internet.
Diante do exposto, faz-se necessário a reflexão sobre a necessidade de
assumir uma nova postura diante o processo de ensino-aprendizagem, bem como o
desenvolvimento de competências para a educação a distância. Afinal, com a
evolução da Internet são necessários novos profissionais competentes para
desempenharem suas funções, como o professor, pautados na criatividade, na
interação e na construção de conhecimentos como eixo central onde a tecnologia
seja um ponto em comum.
132
6. REFERÊNCIAS DA PESQUISA
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142
R. DE O. E. Bases pedagógicas e ergonômicas para concepção e avaliação
de produtos educacionais informatizados. Florianópolis: UFSC, 1988.
143
7. OS ANEXOS DA PESQUISA
ANEXO 1
ENTREVISTA COM O PROFESSOR PRESENCIAL
LETRA PARA RECONHECIMENTO DURANTE A ANÁLISE DA ENTREVISTA:
______________________________________________________________
1) IDADE:
( ) 20 a 30
( ) 31 a 40
( ) 41 a 50
( ) 51 a 60
( ) acima de 60
2) SEXO:
MASCULINO FEMININO
3) QUAL A ÁREA DE SUA FORMAÇÃO É ESTÁ EM NÍVEL DE:
GRADUAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO
LATO SENSU
PÓS-GRADUAÇÃO
STRICTO SENSU
4) QUAL O TEMPO DE MAGISTÉRIO COMO PROFESSOR PRESENCIAL
(DENTRO DA INSTITUIÇÃO OU FORA DELA):
PROFESSOR PRESENCIAL
144
5) FEZ CURSO PARA FUNÇÃO DE PROFESSOR PRESENCIAL? EM CASO DE
RESPOSTA POSITIVA, QUAL?
SIM NÃO
GRADUAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO
LATO SENSU
PÓS-GRADUAÇÃO
STRICTO SENSU
6) QUANTOS CURSOS DE ATUALIZAÇÃO FEZ DURANTE OS ULTIMOS CINCO
ANOS?
NENHUM APENAS UM ACIMA DE DOIS
7) DISCIPLINAS QUE TRABALHA:
Disciplinas de formação geral (teóricas)
Disciplinas de formação geral (quantitativas)
Disciplinas de formação específica (teóricas)
Disciplinas de formação específica (quantitativas)
8) O QUE É SER UM BOM PROFESSOR?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
145
ENTREVISTA COM O PROFESSOR-TUTOR
LETRA PARA RECONHECIMENTO DURANTE A ANÁLISE DA ENTREVISTA:
______________________________________________________________
1) IDADE:
( ) 20 a 30
( ) 31 a 40
( ) 41 a 50
( ) 51 a 60
( ) acima de 60
2) SEXO:
MASCULINO FEMININO
3) QUAL A ÁREA DE SUA FORMAÇÃO É ESTÁ EM NÍVEL DE:
GRADUAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO
LATO SENSU
PÓS-GRADUAÇÃO
STRICTO SENSU
4) QUAL O TEMPO DE MAGISTÉRIO COMO PROFESSOR TUTOR (DENTRO DA
INSTITUIÇÃO OU FORA DELA):
PROFESSOR-TUTOR
5) FEZ CURSO PARA FUNÇÃO DE PROFESSOR-TUTOR? EM CASO DE
RESPOSTA POSITIVA, QUAL?
146
SIM NÃO
GRADUAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO
LATO SENSU
PÓS-GRADUAÇÃO
STRICTO SENSU
6) QUANTOS CURSOS DE ATUALIZAÇÃO DOCENTE (NA ÁREA EM QUE
TRABALHA) FEZ DURANTE OS ÚLTIMOS CINCO ANOS?
NENHUM APENAS UM ACIMA DE DOIS
7) DISCIPLINAS QUE TRABALHA:
Disciplinas de formação geral (teóricas)
Disciplinas de formação geral (quantitativas)
Disciplinas de formação específica (teóricas)
Disciplinas de formação específica (quantitativas)
8) O QUE É SER UM BOM PROFESSOR?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
147
ANEXO 2
CONHECIMENTOS
HABILIDADES
ATITUDES
Formação e Qualificação
Conhecimento tecnológico
Comunicação
Influência no contexto
cultural do aluno
Relacionamento interpessoal e
afetividade
Atitude Profissional
Professor Presencial e
Tutor A
Deve conhecer bem o assunto a ser ensinado; formação adequada ao curso que está participando
Ter boa comunicação a fim de transmitir informações de forma clara em sala de aula
Ter bom relacionamento interpessoal
Ser paciente; resiliente; responsável; comprometimento; assiduidade; dedicação
Professor Presencial e
Tutor B
Entender os princípios, conceitos e ideias produtoras de conhecimento na área
Ter o domínio do uso das novas tecnologias de comunicação e informação
Tentar investigar as causas dos traumas anteriores, porque se ele é daquele jeito tem um motivo
Precisa criar um ambiente de afetividade; se aproximar mais ao aluno, dar mais atenção; ter equilíbrio emocional; ensinar de maneira extrovertida, gostosa e com emoção
Tem que se dedicar
Professor Presencial e
Tutor C
Estar sempre se atualizando, se reciclando; tem que ser um profissional de qualidade; ser um educador
Capacidade para trocar informações e conhecimentos com seus colegas; transdisciplinaridade
Ajudar o aluno que precisa de orientação, como elaborar um currículo, etc e de que forma isso pode ser útil para ele no desenvolvimento da função dele
Bom relacionamento interpessoal; saber trabalhar em equipe; cumplicidade; amizade; parceria; felicidade; alegria
Competência; vontade; disciplina; dedicação; proatividade; persistência; otimismo; ser coaching e facilitador
Professor Presencial e
Tutor D
Busca o saber e o aprimoramento constante; estar sempre se atualizando
Deixar bem claro que a autoridade em sala é o professor; dialogar com o aluno
Ser capaz de responder as perguntas dos alunos que associam a disciplina ao dia a dia de trabalho dele
Ser um agente de mudança e influenciar o aluno para que ele seja agente de mudança
Ser um facilitador; preservar a imagem;
148
Professor Presencial
E
Ser um professor aprendiz Comunicar-se bem de forma a motivar o interesse do aluno sobre a formação que ele está tendo para buscar oportunidades no mercado
Conseguir que o aluno absorva o conteúdo ministrado, influenciar seu pensamento e que encontre aplicabilidade na toda sua vida profissional
Procurar saber por que o aluno está tendo atitude de desinteresse em sala de aula
Verificar se está ocorrendo um real aprendizado dos discentes
Professor Presencial
F
Aceitar disciplinas que tenha conhecimento adequado; tem que se atualizar sempre
Conseguir transmitir seu conhecimento para os alunos
Saber lidar com alunos de diversas camadas sociais e tipos de personalidade; alcançar reconhecimento do seu trabalho quando influencia o comportamento do aluno
O professor ensina e aprende, pois é influenciado pelas experiências de vida dos alunos e vice-versa
Ter humildade; tem que ser simples; consciente; transparente; tem que fomentar o interesse do aluno em ler e adquirir conhecimento e boa cultura
Professor Presencial
G
Tem que ter formação adequada ao curso que está inserido; a competência do professor vai do conhecimento que ele tem, que ele ganhou ao longo do tempo para poder interagir com a turma o seu conhecimento de modo a agregar valor a formação do aluno
A impostação de voz diz exatamente quem você é; o professor tem que ter autoridade e dizer que os alunos estão ali para aprender e quem não quiser pode sair
É muito gratificante quando o aluno está vivenciando o período acadêmico e percebe em seu dia-a-dia o impacto do conhecimento que ele está recebendo, verificando a diferença que um curso universitário pode fazer na vida dele não somente na parte profissional, mas também no seu olhar do mundo
O direito de um começa e do outra termina e tentar entender que você está lidando com ser humano que tem filho, que tem mãe, que trabalha, que fica doente, que tem todos os problemas que você tem e mais alguma coisa, você tem que ter jogo de cintura para repreender o aluno que quer fazer bagunça em sala e relevar, porém não deixar ele misturar as coisas e te desrespeitar
É quando ele está com o planejamento de estudo pronto, com a aula na ponta da língua; ter autoridade em sala de aula
149
Professor Presencial
H
Ter ética profissional, ou seja, conhecer os conteúdos a serem ensinados e traduzi-los em objetivos de aprendizagem; estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa pessoal de formação contínua sob uma perspectiva holística
Transformar as informações em conhecimentos de forma clara em sala de aula; utilizar as ferramentas da multimídia no ensino e aprendizagem
Conceber e administrar situações problemas ajustadas ao nível e às possibilidades dos alunos
Estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de aprendizagem, a fim de envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimento
Envolver os alunos na aprendizagem, a partir de uma relação afetiva; organizar e fazer evoluir, no âmbito da sala de aula, a participação dos alunos
Suscitar o desejo do aluno em aprender, em explicitar a relação com o saber científico e desenvolver sua capacidade de autoavaliação
Quadro 13: Competências, segundo as respostas dos professores presenciais
Fonte: elaboração da autora
150
CONHECIMENTOS
HABILIDADES
ATITUDES
Formação e
Qualificação
Conhecimento tecnológico
Comunicação
Contexto cultural do
aluno
Atitude profissional
Relacionamento
interpessoal e
afetividade
Professor
Presencial e
Tutor
A
Deve ter conhecimento
sobre educação a
distância, sobre o curso e
seu conteúdo
ter conhecimento das
ferramentas tecnológicas e
ambientes de aprendizagem
Deve manter contato
com todos os
envolvidos no
processo de educação
a distância a fim de
oferecer vias de
contato entre aluno e
instituição;
Estar atento a forma de
linguagem que usa ao
elaborar seus trabalhos
e também como se
expressa ao responder
as dúvidas, pois ele
está lidando com
pessoas de diversas
regiões e culturas
Ser paciente; resiliente;
responsável e ter boa
vontade para
esclarecer as dúvidas
dos alunos; precisa
trabalhar a criatividade
para solicitar trabalhos
de conclusão que
realmente comprovem
o aprendizado do aluno
Animar e orientar o aluno
nas possíveis
dificuldades
151
Professor
Presencial e
Tutor
B
A formação do tutor é de
suma importância no
processo educacional;
necessita entender a
estrutura e princípios do
assunto que ensina e
novas ideias produtoras
de conhecimento na área
Ter o domínio do uso das novas
tecnologias de comunicação e
informação em ambiente de
aprendizagem on line para
Educação a Distância; Procurar
utilizar sempre meios variados
de comunicação, como fóruns,
vídeos, chats, desenhos,
filmes,etc...
Integrar e interar o
grupo de forma que
todos se sintam livres,
mas ao mesmo tempo
focados naquilo que
nos interessa, sem
nunca perder os traços
de cada um deles
Dotar o aluno de
capacidade para
construir o seu próprio
conhecimento;
incentivar no mesmo a
sua autodeterminação
no sentido de deixá-lo
livre para aprender a
aprender; fazer com
que ele seja o sujeito
ativo no seu processo
de conhecimento
Criar um ambiente de
interatividade, dinâmico e
organizado de tal forma
que o estudante não se
sinta só e abandonado;
Ser um incentivador e
motivador, facilitador no
processo de
ensino/aprendizagem;
haver cordialidade e
colaboração, tendo o
afeto como base de tudo
a fim de evitar o silêncio
virtual
Professor
Presencial e
Tutor
C
Atualizado, antenado
com a velocidade do
mundo contemporâneo
Buscar a troca de
conhecimentos como
ferramenta para o
avanço enquanto
educadores
Deve estar atento às
diferenças e
possibilidades de seus
alunos, pois há alunos
que vem de diferentes
ambientes ou culturas,
muitos buscam se
instruir e nem sempre
tem horário para poder
estudar
Tem que ser mais do
que nunca um
educador
A tutoria, mesmo que a
distância, não pode se
tornar algo impessoal,
frio, trocado apenas em
meios magnéticos, o
professor deve se fazer
presente sempre
152
Professor
Presencial e
Tutor
D
às vezes o professor tutor
tem que buscar sua
própria capacitação;
conhecimento pleno da
disciplina ministrada
Ter conhecimento básico em
informática e de preferência ser
treinado no ambiente virtual de
ensino aprendizagem; Ter
conhecimento de como devem
ser realizadas as atividades no
processo de tutoria
Informar o aluno sobre
os diversos aspectos
que compõem o
sistema de educação
a distância
Não esquecer que
lidamos com uma
diversidade de pessoas
em todo país
ser empático e flexível Motivar e estimular o
aluno, fomentando nele
um sentimento de auto-
responsabilidade
Professor
Tutor
I
Manter-se atualizado e
equilibrado em seu
cotidiano profissional
Precisa conhecer as
ferramentas para reforçar os
estudos enviando materiais que
preencham possíveis lacunas
do livro texto
Incentivar a
comunicação entre
eles e outros alunos
através dos fóruns de
discussão e chats do
curso, promovendo a
organização de
círculos de estudo
Trabalha valores e
procura manter um
clima que envolva
participação e respeito
à diversidade
Ser comprometido com
a qualidade do ensino,
manter uma postura
ética em seu trabalho e
com a instituição que
atua
Respeita e motiva seus
alunos, tentando explorar
e despertar o potencial
deles
Professor
Tutor
J
Dominar o conteúdo
especifico da disciplina;
busca por conhecimento
é necessário para ele
repensar sua prática
docente
Domínio da tecnologia, já que o
processo de ensino
aprendizagem é mediado por
diferentes tecnologias; Domínio
das ferramentas digitais, as
ferramentas da Internet, as
ferramentas da comunicação e
interação, com esse suporte ele
tem como aplicar melhor seu
Qualquer palavra que
você coloque de
maneira não muito
clara isso pode criar
uma série de conflitos
que
conseqüentemente vai
comprometer o
processo ensino
Lidamos com o Brasil
todo, temos que ter
cuidado na escrita e
nos termos que você
possa vir a utilizar
Administração do
tempo: atender
adequadamente o
aluno, mas não
extrapolar a carga
horária de trabalho; o
professor tem que ser
autônomo no processo;
trabalho colaborativo, a
Estabelecer empatia
entre professor e aluno;
ter sensibilidade para
enxergar o outro
individuo; tem que para
buscar o aluno para perto
dele
153
conhecimento nos trabalhos
que elabora de forma a fazer
com que o aluno alcance o
aprendizado
aprendizagem EAD é feita por
inúmeros braços, essa
coisa de trabalhar
coletivamente
Professor
Tutor
K
Deve conhecer bem o
curso e se possível
entender sobre educação
a distância
Deve ter conhecimento sobre
tecnologia; professor tem que
dominar as ferramentas, o
ambiente de aprendizagem, ele
tem que ter a noção de
informática
Como pedir um
trabalho para o aluno
e como mostrar a
forma que tem que ser
feito, na EAD agente
monta tutoriais para
explicar esse aluno
como realizar
determinados
trabalhos; agente tem
que estar o tempo
todo trazendo ele
perto, dizendo que
estamos aqui
O professor precisa
entender as diferenças
de educação e cultura
e tentar estabelecer um
diálogo comum com
todos os alunos, além
tentar influenciar o
aluno em seu contexto
de vida, de educação
Flexibilidade com o
aluno; tem que ter
tempo, se dedicar, ter
disciplina; tem que se
adaptar e essa nova
modalidade de ensino
Deve ter também um
pouco de sensibilidade
para com o aluno que
está distante e que ele
precisa estar sempre
abraçando, sempre
acolhendo; tem que ter
sensibilidade para olhar o
aluno que já tem uma
experiência e respeitar
essa bagagem e tentar
esse espaço de troca
com o aluno
154
Professor
Tutor
L
Compreender a filosofia
da educação a distância,
a fim de sustentar bases
pedagógicas de
aprendizagem, logo
necessita ter das
ferramentas disponíveis,
das mídias agregadas, da
comunicação verbal
escrita.
Ter conhecimento de
informática e utilizá-lo como
sistema de comunicação e
informação, a fim de
proporcionar ao aluno igualdade
de oportunidades, promovendo
assim a sua cidadania.
Utilizar novas
concepções acerca do
saber, envolvendo
diálogos afetivos
constantes,
intercâmbios
singulares e
disponibilidade para
dialogar sempre com o
aluno quando for
necessário e
solicitado.
Tentar compreender a
necessidade e as
características dos
alunos a distância.
Ser comprometido,
capaz de adaptar as
estratégias de ensino
que levem em conta as
expectativas dos
alunos, a fim de que os
mesmos construam
sua própria
aprendizagem.
Ser sensível e expressar
uma atitude de
receptividade com
excelência, para
assegurar um clima de
motivação e de
entendimento pleno junto
aos discentes.
Quadro 14: Competências, segundo as respostas dos professores-tutores
Fonte: elaboração da autora
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