INTRODUÇÃO À DINÂMICA DE SISTEMAS: proposta de disciplina ...
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Uma proposta de uso do drive de equipes na disciplina de física, no curso de
licenciatura em matemática
Juliano Cavalcanti1
Daiana Demarco2
Resumo
Este trabalho é um relato de experiência do uso do Google Drive na disciplina de Física Básica,
para alunos do curso de Licenciatura Plena em Matemática, no município de Passo Fundo, Rio
Grande do Sul. Neste contexto, de formação inicial do professor de matemática, é evidenciada a
importância de promover um ambiente de construção do conhecimento com diferentes
metodologias e perspectivas de ensino. O objetivo do trabalho é verificar as potencialidades e
dificuldades da utilização do drive de equipes em atividades experimentais da disciplina. Foram
desenvolvidos diferentes temas, conforme a ementa da disciplina: densidade ou massa específica
dos materiais, movimento uniforme, lei de Hooke e plano inclinado. Com o auxílio da tecnologia
os alunos puderam socializar os resultados obtidos em cada atividade, em diferentes formatos:
planilhas eletrônicas, tabelas, gráficos, vídeos e resumos de artigos. Os pressupostos teóricos do
estudo são a Teoria da Aprendizagem Significativa e o uso da Tecnologia da Informação e
Comunicação (TIC’s) no ensino da matemática e física. Foram registrados no drive de equipes os
diferentes resultados obtidos pelos alunos, sendo a pertinência do método revelada ao professor
no encerramento das atividades, através de um debate e dos registros do diário de bordo do
professor construído ao longo das atividades. A avaliação positiva por parte dos discentes aponta
indicativos para a continuidade do trabalho neste e em outros contextos e em diferentes níveis de
ensino.
Palavras-chave: TICs, formação inicial, Drive de equipe, Aprendizagem Significativa.
Introdução
A reflexão sobre formação inicial e continuada dos professores, o avanço nos
estudos de metodologias educacionais voltadas para a aprendizagem significativa e o uso
de tecnologias da informação e comunicação no ensino de matemática e física, são
aspectos fundamentais para atuação em diferentes níveis de ensino.
O foco deste trabalho é o curso de licenciatura em matemática, onde ocorre a
necessidade do discente participar de atividades que promovam o desenvolvimento de
diferentes metodologias de ensino. Verificando diferentes estratégias, escolhendo seus
referencias e atualizando suas concepções a respeito das particularidades de sua
disciplina. Buscando constantemente as respostas para as situações que futuramente
façam parte do seu fazer pedagógico.
Ao concluir o curso, cabe a ele, como professor, motivar seus alunos, avaliar seus
métodos constantemente, gerenciando a sua formação continuada prevista na Lei de
Diretrizes e Bases (BRASIL, 1996) e promovendo a capacitação dos alunos para o
exercício da cidadania.
Para Freire (1998), na formação permanente dos professores, o momento
fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de
hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. Diferentes propostas
metodológicas e referenciais são apontadas para o desenvolvimento de atividades que
tornem o educando o protagonista de sua aprendizagem e consciente das suas atribuições
no decorrer da prática pedagógica.
A Teoria da Aprendizagem Significativa pode ser uma resposta para as reflexões e
discussões, com olhar crítico na formação de alunos que saibam ser autônomos e
pesquisadores de seus próprios conhecimentos e capazes de solucionar problemas.
É importante adequar procedimentos metodológicos incentivando o aprendizado
matemático, estabelecer relações entre o contexto e as experiências do aluno, e, com isso,
atingir os objetivos do aprendizado desta disciplina. O fator isolado mais importante que
influencia o aprendizado é aquilo que o aprendiz já conhece (AUSUBEL, 1980, p. 6).
No que diz respeito ao uso de mídia na educação, alguns estudos podem enriquecer
e contribuir para o alcance dos objetivos definidos pelo professor em diferentes situações
em sala de aula. Uso de diferentes mídias como vídeos e ambientes virtuais de
aprendizagem (BORBA; MALTEMPI; MALHEIROS, 2005; BORBA, 2018).
O presente estudo aponta uma alternativa para a discussão de resultados de
atividades experimentais, desenvolvidas durante a disciplina de Física Básica I, do curso
de licenciatura em matemática. Utilizando o drive de equipes da Google como ferramenta
de auxílio de socialização de planilhas, vídeos, gráficos e resumos de artigos, para análise
da turma e debate sobre os mesmos.
Primeiramente será relatada a metodologia empregada na atividade, apresentando
os materiais e métodos envolvidos na investigação e as etapas elaboradas de aplicação do
trabalho. Serão apontados posteriormente, os pressupostos teóricos que expressam o
delineamento das ações escolhidas e fundamentam a verificação e análise da pesquisa.
Em seguida, o relato das atividades propostas, os resultados obtidos e por fim as
considerações finais onde foram apresentadas as propostas de trabalhos futuros.
O objetivo do trabalho foi investigar a utilização do drive de equipes do Google
Drive1, para o desenvolvimento de discussões acerca de algumas atividades
experimentais desenvolvidas na disciplina de Física Básica.
O intuito de pesquisar este tema ocorreu durante a construção do contrato didático
da disciplina, com a seguinte indagação: Quem já utilizou o drive de equipes para
socializar os resultados de alguma atividade em alguma disciplina do curso? O silêncio
absoluto da turma justificou e demonstrou a importância de introduzir esta metodologia
no decorrer das aulas, promovendo atividades de socialização dos resultados.
No decorrer das atividades, algumas dificuldades e potencialidades foram
levantadas pelos alunos, demonstrando a importância das discussões acerca do uso das
Tecnologia de Informação e Comunicação(TIC’s) na educação durante a formação inicial
do professor. Como o professor pode utilizar o drive de equipes? Quais os recursos do
software disponíveis?Qual a viabilidade técnica e social para uso da tecnologia? Estas
questões nortearam o trabalho relatado a seguir.
Metodologia
A metodologia utilizada é qualitativa descritiva, usando como instrumento o diário
de bordo (COPPETE, 2014), realizado por meio de registro de aula do professor
participante. Foram definidas quatro etapas, desenvolvidas em seis aulas (das 21 horas às
22 horas e 35 minutos), para conciliar os pressupostos teóricos com o objetivo da
atividade.
A atividade foi vivenciada na disciplina de Física Básica, no curso de Matemática
Licenciatura Plena, na Universidade de Passo Fundo, no período de março a junho do ano
de 2019. Os alunos realizaram as aulas em laboratório, divididos em quatro grupos, com
seu respectivo material para cada atividade experimental.
A primeira etapa culminou na escolha das atividades experimentais onde seria
usado o drive de equipes e a criação do mesmo por parte do professor. Esta atividade
ocorreu fora do horário de aula. Com o envio do link de compartilhamento do drive de
equipes, os alunos verificaram que poderiam disponibilizar os resultados de suas
atividades experimentais quando solicitado.
Na segunda etapa do trabalho, o professor apresenta a proposta de utilização das
ferramentas do Google drive, acessado em http://drive.google.com e sugere quatro
atividades experimentais que serão desenvolvidas. Os temas foram: densidade ou massa
específica dos materiais, movimento uniforme, Lei de Hooke e Plano Inclinado.
Ao final de cada tema abordado o professor iria discutir os resultados oralmente
com os alunos, verificando as dúvidas dos alunos e acrescentando perguntas aos diálogos,
na medida em que os alunos apresentassem seus dados.
Na terceira etapa, durante a quinta aula, foram realizadas as leituras de artigos
relacionados ao uso de diferentes metodologias para o ensino de física usando tecnologias
de informação (CARDONA; LOPEZ, 2017; CAMPOS; ARAÚJO, 2009; MANICA;
SCHMIDT, 2019; NAPOLITANO; LARIUCCI, 2001).
Na última etapa do trabalho foi desenvolvido um seminário, onde as dificuldades e
potencialidades do uso de drive de equipe para a disciplina foram levantadas, bem como
as contribuições da leitura dos artigos na construção do conhecimento acerca dos
conteúdos de física.
O professor deve estar em constante avaliação de sua prática, surgindo algumas
indagações inerentes: como promover um espaço de construção do conhecimento
contemplando a aprendizagem significativa e o uso do drive de equipes no
desenvolvimento de atividades experimentais? Quais os referenciais teóricos que
contribuem para o desenvolvimento destas atividades? Quais os aspectos metodológicos
que devem usados? Tendo como base estas questões surgiram algumas ações possíveis.
As atividades experimentais desenvolvidas no laboratório simulam uma situação
recorrente na bibliografia básica da disciplina. Os aparatos montados são apresentados
nas figuras 1 e 2.
Na figura 1 são apresentados os equipamentos para o estudo da densidade ou massa
específica. Balança, béquer, pipeta, proveta, diferentes sólidos de madeira, barras
cilíndricas de cobre e alumínio e também o taco de madeira e o tudo de vidro com uma
reta numérica colada para o estudo do movimento uniforme.
Figura 1 - Equipamentos para o estudo da densidade e movimento uniforme
Fonte: Autores, 2019.
Na figura 2 são apresentados os equipamentos usados para o estudo do plano
inclinado e a lei de Hooke. Foram usados a balança, carrinho de metal, argolas de metal,
régua e o plano inclinado de madeira.
Figura 2 - Equipamentos utilizados, Plano Inclinado e Lei de Hooke.
Fonte: Autores, 2019.
Fundamentos Teóricos
As diretrizes curriculares nacionais, apontam que, a formação deste profissional
demanda o aprofundamento da compreensão dos significados dos conceitos matemáticos,
a fim de que possa contextualizá-los adequadamente. Portanto, enfatiza os significados,
as generalizações, o uso dos conceitos para resolver determinadas situações-problema,
enfim, ampliar suas experiências e identificar as aplicações no meio em que atua, de
forma crítica e transformadora (BRASIL, 2002).
Para cumprir estas atribuições serão discutidas aqui a formação continuada do
professor que estabelece a constante busca do professor, a teoria da aprendizagem
significativa que determina os fatores importantes para a efetiva função do professor e o
uso das TIC’s no ensino.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) de matemática do ensino
fundamental, é apontada a resolução de problemas como eixo organizador do processo de
ensino e aprendizagem de Matemática, onde a exploração do problema e a construção de
estratégias para resolvê-las não seja a mera utilização de fórmulas ou processo operatório.
Sendo estas atribuições ampliadas no Ensino Médio, onde o critério central é o da
contextualização e da interdisciplinaridade, ou seja, é o potencial de um tema permitir
conexões entre diversos conceitos matemáticos e entre diferentes formas de pensamento
matemático, as aplicações dentro ou fora da Matemática, como à sua importância
histórica no desenvolvimento da própria ciência. Somente através da constante avaliação
da sua prática docente o professor poderá cumprir efetivamente suas funções (BRASIL,
2002).
O papel das TICs, no campo educacional, depende de muitos fatores, dentre os quais
a formação de professores parece ser o que merece grande destaque e um estudo
aprofundado por serem eles, os professores, os atores principais na disseminação do
conhecimento e no desenvolvimento intelectual, social e afetivo do indivíduo. Embora a
maior parte dos professores já tenha participado de cursos de capacitação tecnológica,
grande parte afirma que não se sentem preparados para ensinar com competência usando
o computador, revelando que as capacitações são insuficientes e o conhecimento é
superficial (GREGIO, 2005).
No contexto da atividade proposta, os futuros professores de matemática são
incentivados a discutir problemas de física, interpretar dados, construir hipóteses e
desenvolver estratégias para a resolução das questões sugeridas pelo professor. Para
contribuir com esta proposta utilizamos a aprendizagem significativa como pressuposto
teórico.
Desenvolvida por David Paul Ausubel (2003), a aprendizagem é entendida como
aquela que tem significado para o estudante. Ou seja, é aquela em que o significado do
novo conhecimento é adquirido, atribuído, construído por meio da interação com algum
conhecimento prévio, que é a variável que mais influencia na construção de novos
saberes. É importante o professor organizar atividades onde o aluno possa demonstrar as
experiências vividas em relação ao assunto abordado como forma de potencializar o seu
engajamento.
Considera a aprendizagem mecânica, aquela onde são armazenadas as informações
com pouca ou nenhuma interação com conceitos relevantes existentes na estrutura
cognitiva, sendo, pois, armazenada de maneira arbitrária. Essa aprendizagem mecânica,
por sua vez, poderá levar à aprendizagem significativa, em circunstâncias especiais e com
ressignificados. Entendido o processo de construção de uma aprendizagem significativa,
a próxima ação se delimita em definir quais aspectos da disciplina deveriam ser alterados
e quais deveriam ser mantidos.
Para Ausubel (2003), a possibilidade de estabelecer organizadores prévios, através
de materiais introdutórios apresentados ao aluno antes do assunto a ser aprendido em sala
de aula, em nível mais alto de generalidade, inclusividade e abstração. Tais organizadores
têm a função de servir de ponte entre o que o estudante já sabe e o que ele deve saber,
para que o material possa ser aprendido de forma significativa. No trabalho desenvolvido,
os organizadores prévios são as atividades experimentais, que contribuem para levantar
o conhecimento dos alunos acerca dos conteúdos a serem abordados e posteriormente
propor a socialização dos saberes.
As concepções dos alunos precisam ser resgatadas e através da mediação do
professor, propor uma nova ideia sobre o assunto, promovendo assim uma aprendizagem
significativa.
Quanto aos aspectos da educação através das TICs, são promissoras as ações que
proporcionem a interação do indivíduo com a informação. Embora a precariedade da
estrutura e a falta de manutenção possa minimizar os resultados, o professor pode mudar
este panorama agregando diferentes atividades usando sala de informática.
Formar para as novas tecnologias é formar o julgamento, o senso crítico, o
pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades de memorizar e classificar, a leitura e a
análise de textos e de imagens, a representação de redes, de procedimentos e de estratégias
de comunicação (PERRENAUD, 2000, p, 128).
Porém, apenas o acesso às informações não garantem a aprendizagem, é preciso
organizar este conjunto de formações e generalizar para diferentes contextos. “A maioria
das pessoas que vive no mundo tecnologicamente desenvolvido tem um acesso sem
precedentes à informação: isso não significa que disponha de habilidades e do saber
necessários para convertê-los em conhecimento” (SANCHO, 2006). Justificando assim a
necessidade de aliar o uso dos das tecnologias com as teorias de aprendizagem, como é o
caso da teoria de aprendizagem significativa.
O Google Drive é um serviço de armazenamento na nuvem. O aplicativo permite
visualizar mais de 30 tipos de arquivo no navegador. Uma característica importante para
os ensino é a possibilidade de criar documentos, apresentações e planilhas
instantaneamente. O usuário pode trabalhar em um mesmo documento que outras pessoas
e ver as mudanças feitas por outros. O drive de equipes possui mais algumas
funcionalidades como as tarefas e agenda e garante uma melhor interação dos alunos ou
pessoas que fazem uso do mesmo.
Desenvolvimento
A proposta foi desenvolvida numa turma que possui alunos de diferentes cidades
do norte do estado do Rio Grande do Sul, Carazinho, Passo Fundo, Sarandi, Guaporé,
Engenho Velho e Paraí. No total foram 21 alunos atendidos, porém, para a realização da
atividade apenas 16 participaram. Os mesmos pertencem ao quinto nível do curso, que
possui ao todo nove níveis. Apenas três alunos já atuam como professores, porém na
educação infantil, portanto fora da área de matemática. Dois alunos participam em
atividades de monitoria da instituição e o restante atua em outras áreas diferentes da
licenciatura.
A disciplina Física Básica é dividida em créditos teóricos e práticos, sendo referidos
apenas os práticos no presente estudo. Os objetivos da disciplina são: aprofundar os
conhecimentos físicos necessários à formação dos futuros professores, analisar e
relacionar os conteúdos da Física com os fenômenos naturais, adquirir conhecimentos
sobre técnicas e procedimentos laboratoriais e abordar a Física na perspectiva
experimental, de modo a identificar suas especificidades tendo a matemática como
linguagem para expressar resultados.
Durante as atividades experimentais os alunos construíram relatórios dos
experimentos e responderam questionários. Divididos em quatro grupos, por afinidade e
sem obrigação por parte do professor os grupos recebiam os materiais para cada
experimento. O professor registrava no quadro os objetivos, a fundamentação teórica, os
procedimentos a serem desenvolvidos e no final determina algumas questões para a
discussão. Posteriormente o professor leu as respostas e discutiu os resultados com os
alunos. Em cada atividade foram desenvolvidos diferentes procedimentos e objetivos em
função dos diferentes temas abordados. Havia diferentes materiais e leis da física para
solucionar os problemas e cumprir os objetivos propostos.
O uso do drive promoveu várias dúvidas no início, em função do uso de planilhas,
tabelas, gráficos, vídeos e socialização dos dados. A maioria dos alunos conhecia apenas
o software Excel que é similar ao software das planilhas Google, porém, a adaptação foi
rápida e os alunos aos poucos foram se familiarizando com a plataforma.
Quanto às planilhas, alguns alunos no primeiro momento, não perceberam a
praticidade do software e usaram as células apenas para digitar os dados, não fazendo uso
da ferramenta fórmula, onde podem ser inseridas operações matemáticas entre os valores
de cada célula. Uma das planilhas construídas é apresentada na Figura 3.
Figura 3 - Planilhas construídas pelos alunos
Fonte: Autores, 2019.
Na apresentação de tabelas não houve dúvidas acerca do uso e os dados foram sendo
inseridos após os procedimentos solicitados pelo professor ou os alunos realizavam todas
as medições e depois construíam as tabelas dos respectivos experimentos. Porém, nos
gráficos, surgiram algumas dúvidas sobre a personalização dos gráficos e identificação
das variáveis. Sendo sanadas com o auxilio do professor.
Figura 4 - Tabelas de dados e Gráficos desenvolvidos pelos alunos
Fonte: Autores, 2019.
A criação de vídeos ocorreu na atividade cujo tema era movimento uniforme, onde
cada grupo, com ajuda de dois celulares, um para medir o tempo e outro para filmar a
atividade, construiu um vídeo depois de efetuarem os procedimentos propostos pelo
professor. Nesta atividade o vídeo deveria dar a possibilidade de verificar o espaço e
tempo percorrido por uma bolha de ar dentro de um tubo de vidro. Os alunos não
conseguiram realizar o vídeo na primeira tentativa, pois a visualização dos dados ficava
prejudicada pela luminosidade e as características de cada câmera do celular, usando um
pouco mais de tempo para realizar a atividade.
Figura 5 - Apresentação da página contendo um dos vídeos criados pelos alunos
Figura 6 - Apresentação da página contendo um dos vídeos criados pelos alunos
Fonte: Autores, 2019.
Na medida em que surgiam as dúvidas, o professor atuou como mediador, buscando
sempre incentivar o aluno a buscar as soluções, seja ela referente ao software e as
atividades solicitadas, promovendo assim a sua autonomia. Uma parte dos alunos utilizou
o celular e alguns trouxeram o seu notebook para trabalhar diretamente no drive de
equipes, fornecendo assim o preenchimento em tempo real das tarefas propostas pelo
professor e socializando os dados obtidos nas diferentes atividades experimentais.
Resultados
A escolha dos temas foi delimitada pelos conteúdos teóricos abordados geralmente
antes da aula prática, pelo tempo necessário para desenvolver os procedimentos, o tempo
preenchimento os dados obtidos no drive e os questionamentos envolvidos para o tema.
O professor deve ter o cuidado em não dar ênfase apenas aos procedimentos e
preenchimento dos dados, é necessário fazer uma explanação e indagações para verificar
se a aprendizagem realmente ocorreu ao final da atividade. Nesta turma foram realizadas
avaliações teóricas ao longo da disciplina, onde os conteúdos elencados estavam
relacionados com as atividades práticas.
A criação do drive de equipes é de simples manuseio, porém todos os alunos devem
possuir contas no Google, não podem ser contas de outras plataformas. Isso pode ser
minimizado, solicitando aos alunos que criem uma conta rapidamente. No celular a
visualização e o preenchimento das tabelas nem sempre são boas em função do tamanho
da tela do celular, tendo alguns alunos dado a preferência para o uso de notebooks. O uso
do drive por parte dos alunos teve boa aceitação, embora alguns alunos levantaram a
necessidade de explicar novamente o funcionamento do software, mesmo tendo sido
solicitada a pesquisa de funcionamento do software, demonstrando assim a necessidade
introduzir a atividade com tutoriais que facilitem o manuseio.
Em relação às atividades experimentais, os gráficos foram muito importantes para
a atividade com o tema movimento uniforme. Neste, era necessário identificar as
características da posição, velocidade e aceleração do móvel no decorrer do tempo. A
comparação dos dados com outros grupos e a demonstração das particularidades do
movimento forneceram representações que fomentaram maiores discussões e dúvidas,
promovendo uma maior interação entre os grupos.
Em todas as atividades, as tabelas organizadas tornaram a análise dos dados mais
eficiente, devido aos grandes números de dados obtidos, das grandezas físicas envolvidas
e das operações matemáticas necessárias para alcançar os objetivos. Houve também
melhor observação das discrepâncias entre os resultados, principalmente na atividade de
densidade ou massa específica onde foram analisados água, cobre, alumínio e madeira e
para o estudo da Lei de Hooke. Novamente a interação entre os grupos e a análise dos
resultados foi mais eficaz.
A criação de vídeos apontou a necessidade de mais atividades onde os alunos se
tornam observadores e buscam aplicativos para melhorar a qualidade da imagem, alterar
a velocidade da gravação e verificam a sincronização dos procedimentos. A possibilidade
de acessar o vídeo quantas vezes quiser também pode ser melhores exploradas pelo
professor posteriormente em sala de aula.
Na atividade de plano inclinado, foram disponibilizados links de textos para estudo,
após a atividade experimental. Os resumos dos textos forneceram subsídios para o
professor elencar mais perguntas para o efetivo entendimento dos conceitos abordados
em aula. Os textos poderiam ser enviados antes da aula, junto com algumas questões
norteadoras. Desta forma, os alunos iriam pesquisar mais fontes, aprofundando o debate
ao final da atividade.
Na última etapa do trabalho a proposta foi colocada à prova e muitas questões foram
levantadas. Cabendo ao professor o exercício da escuta e anotação das manifestações dos
alunos. Todos os alunos concordaram que o drive promove uma maior interação entre os
grupos e facilita a análise dos dados, seja através dos gráficos, tabelas ou planilhas. A
possibilidade de acesso off-line, a praticidade de preencher as tabelas e a rapidez em obter
os dados de todos os colegas foram aspectos considerados importantes por todos os
alunos.
As dificuldades encontradas para realizarem a atividade na sua futura prática
profissional foram: falta de estrutura de computadores nas escolas, sinal de internet
precário, desconhecimento da Teoria de Aprendizagem Significativa e a falta de preparo
do professor em utilizar novas tecnologias. Reforçando a importância da continuidade do
trabalho.
Considerações finais
O uso de tecnologias para o ensino de física para o futuro licenciado em matemática
é evidenciado como uma ferramenta robusta e de fácil acesso por parte dos envolvidos na
atividade.
Alicerçado na teoria da aprendizagem significativa, a interação social e formação
de novos conceitos ocorre de forma organizada sem evidenciar apenas os procedimentos
desenvolvidos nas atividades experimentais, ao contrário, promove maior entendimento
e engajamento do educando.
O drive de equipe e as ferramentas disponíveis no software contribuem para a
organização e sistematização das atividades, permitindo ao professor desenvolver a sua
criatividade e adaptar o uso em diferentes níveis de ensino sem prejuízos aos alunos,
demonstrando o cumprimento dos objetivos definidos no início do trabalho.
Em relação aos trabalhos futuros e diante dos resultados, observamos a necessidade
de construção de oficinas para professores de física e matemática, desenvolvimento de
outras atividades experimentais que possam utilizar a mesma proposta descrita neste
trabalho e ampliação da discussão do uso do drive em diferentes níveis de ensino sob a
ótica de resolução de problemas.
A receptividade dos alunos em trabalhar com as tecnologias foi determinante para
a continuidade das quatro atividades experimentais escolhidas. Embora no início tenham
sido enfrentadas algumas dificuldades, nenhum aluno desistiu do método ou propor uma
forma diferente de trabalhar.
Esta atividade não tem a pretensão de definir uma forma estanque de resolver os
problemas de aprendizagem, nem desconsidera a precariedade de algumas instituições
públicas que não possuem laboratório de informática, porém os resultados trazem
indicativos de mudança e contemplam as necessidades de inserir novas propostas para
minimizar os fracassos em educação na sociedade moderna e complexa. Promove a
formação continuada dos docentes e discentes, uma vez que ambos interagem através do
aplicativo e podem socializar dúvidas, repensar práticas e melhorar cada vez mais a forma
de abordagem dos conteúdos.
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