Um estudo sobre a comunicação empregada nas campanhas de vacinação infantil em conceição do...
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIAPaulo Roberto Pinheiro Lopes
UM ESTUDO SOBRE A COMUNICAÇÃO EMPREGADA NAS CAMPANHAS DE VACINAÇÃO INFANTIL EM
CONCEIÇÃO DO COITÉ-BA
Conceição do Coité 2010
Paulo Roberto Pinheiro Lopes
UM ESTUDO SOBRE A COMUNICAÇÃO EMPREGADA NAS CAMPANHAS DE VACINAÇÃO INFANTIL EM CONCEIÇÃO
DO COITÉ-BA
Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Comunicação Social – Habilitação em Radialismo, da Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial de obtenção do grau de bacharel em Comunicação, sob a orientação da Professora Patrícia Rocha de Araújo.
Conceição do Coité2010
Paulo Roberto Pinheiro Lopes
UM ESTUDO SOBRE A COMUNICAÇÃO EMPREGADA NAS CAMPANHAS DE VACINAÇÃO INFANTIL EM CONCEIÇÃO
DO COITÉ-BA
Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Comunicação Social – Habilitação em Radialismo, da Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial de obtenção do grau de bacharel em Comunicação, sob a orientação da Professora Patrícia Rocha de Araújo.
Data:________________________
Resultado:_____________________
BANCA EXAMINADORA
Professora Patrícia Rocha de Araújo
Assinatura:____________________
Professor Tiago Sampaio
Assinatura:____________________
Professora Vilbégina Monteiro
Assinatura:____________________
Dedico este trabalho a minha família e a todas as crianças.
AGRADECIMENTOS
Aos meus professores e à Universidade Pública.A minha orientadora Patrícia Rocha de Araújo.
A Secretaria Municipal de Saúde de Conceição do Coité.Ao estudante de Administração Leandro Brandão.
A Drª Inesita Soares de Araújo
“Com um gesto, uma palavra, um abraço... eu me comunico. Com a comunicação, eu informo. Com a informação, eu mobilizo. Com a mobilização, eu realizo uma campanha. Com uma campanha, eu salvo muitas vidas”.
Paulo Roberto Pinheiro Lopes
RESUMO
UM ESTUDO SOBRE A COMUNICAÇÃO EMPREGADA NAS CAMPANHAS DE VACINAÇÃO INFANTIL EM CONCEIÇÃO DO COITÉ-BA
O estudo teve como objetivo identificar que significado tem para os pais ou responsáveis a comunicação empregada nas campanhas de vacinação em crianças com até um ano de idade no município de Conceição do Coité-Bahia. Utilizou-se da técnica do grupo focal como metodologia qualitativa, formando-se dois grupos, conduzidos através de questões norteadoras. Os diálogos gravados e transcritos, foram sistematizados a partir da técnica de análise de conteúdo. Os resultados revelaram que há deficiência na comunicação, que as campanhas priorizam a vacinação contra a poliomielite, em detrimento de outras vacinas, e que muitas mães ou responsáveis, provavelmente, não estejam plenamente convencidos da importância da imunização.
Palavras-chave: vacinação, comunicação, saúde, criança.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 091. DISCUSSÃO CONCEITUAL DE COMUNICAÇÃO, SAÚDE E VACINAÇÃO 13 1.1 Comunicação 13 1.2 Saúde 16 1.3 Vacinação 182. A COMUNICAÇÃO NA SAÚDE 21 2.1 Articulação entre comunicação e saúde 21 2.2 As campanhas de vacinação 243. METODOLOGIA 30 3.1 Aspectos essenciais do Grupo Focal 30 3.2 Caracterização do município de estudo 33 3.3 A seleção dos participantes 35 3.4 A moderação dos grupos 364. RESULTADOS E DISCUSSÃO 38CONSIDERAÇÕES FINAIS 45REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 47ANEXOS 50
INTRODUÇÃO
A vacinação das crianças no primeiro ano de vida é essencial para
protegê-las de diversas doenças transmissíveis e é um dos fatores que contribui
significativamente para a diminuição da taxa de mortalidade infantil. A identificação
dos fatores responsáveis pelos baixos índices de cobertura vacinal e
conseqüentemente atraso no calendário de vacinação, é fundamental para se
estabelecer diretrizes capazes de eliminar os gargalos que impedem a manutenção
de bons índices vacinais.
Campanhas de vacinação infantil têm sido realizadas em todos os
municípios brasileiros com o objetivo de diminuir a mortalidade em menores de um
ano de idade e manter a qualidade de vida nas fases posteriores. Quando uma
campanha é organizada, toda infra-estrutura deve ser estabelecida para se
alcançar um índice de cobertura vacinal desejável, preconizada pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) e regulamentada pelo Ministério da Saúde em todo o país
para as diversas vacinas empregadas.
A estrutura montada para realizar uma campanha ou para se estabelecer
uma vacinação de rotina, deve compreender diversos fatores que contribuam para
a sua efetivação: equipes bem treinadas, transportes adequados, equipamentos
suficientes, enfim, toda logística suficiente para atender a demanda. Mas, de nada
adianta uma boa infra-estrutura se não houver um bom planejamento na
comunicação, que passa pelo treinamento das equipes, campanhas publicitárias, os
veículos utilizados e a própria mensagem.
Na área da saúde, especificamente, é essencial saber lidar com as
pessoas, isso porque, este setor, tem como base das suas ações as relações
humanas, sejam elas com os usuários dos serviços de saúde ou até mesmo com as
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equipes de profissionais que integram as unidades de saúde da atenção básica.
Portanto, não se pode pensar em obter bons resultados nas ações implantadas,
sem levar em consideração o processo comunicativo envolvido, uma comunicação
que seja dialógica.
Nesta perspectiva, devemos entender a comunicação como um meio
para o desenvolvimento da sociedade de forma participativa. O modo de se
comunicar como é feito por determinados meios ou instituições, apenas um
instrumento de transmissão de dados, de persuasão, não é suficiente para alcançar
um padrão que satisfaça a necessidade das comunidades, na direção do seu
próprio desenvolvimento, principalmente quando se trata de promoção da saúde e
qualidade de vida.
A comunicação na saúde é tão complexa como a própria saúde. Envolve
aspectos subjetivos da vida pessoal, familiar ou da comunidade. Ela envolve uma
série de fenômenos, como elementos psicológicos e sociais que ocorrem entre as
pessoas e dentro de cada uma delas, em contextos interpessoais, grupais,
organizacionais e de massa. Os comunicadores, em todos esses níveis, manipulam
signos e, desse modo, afetam a si mesmos e aos outros (SILVA, 2006).
Podemos dizer que, no Brasil, a associação entre comunicação e saúde existe pelo menos desde a década de 20, quando foi criado o Serviço de Propaganda e Educação Sanitária, no então Departamento Nacional de Saúde. A partir daí, passou-se a investir na divulgação das medidas de higiene para se evitar a propagação de doenças. Mais convencimento e menos coerção era a fórmula para diminuir a resistência da população às inovações científicas, como as vacinas, que eram eficazes, mas que muitas vezes iam contra sua cultura e dos valores (CARDOSO, 2005, p. 20 e 21).
A vacinação da criança depende da adesão da mãe ou responsável ao
ato de vacinar. No entanto, coberturas vacinais abaixo do esperado nas campanhas
de vacinação sugere que esta adesão não é satisfatória. Talvez os pais ou
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responsáveis não tenham a noção exata da importância da vacinação ou algo pode
estar bloqueando o acesso à vacina ou ao posto. A identificação dos fatores
responsáveis pela falta de imunizações é fundamental para a adequada
monitorização dos programas de vacinação e para se atingir satisfatoriamente as
crianças que não são vacinadas, contribuindo sobremaneira com a cobertura
vacinal e conseqüentemente uma melhor qualidade de vida das crianças.
Uma das maneiras de se conhecer os mecanismos que interferem,
positiva ou negativamente, nas campanhas de vacinação, é a realização da
pesquisa qualitativa. Neste propósito, a técnica do grupo focal pode ser empregada
em estudos desta natureza.
O trabalho com grupos focais permite compreender processos de construção da realidade por determinados grupos sociais, compreender práticas cotidianas, ações e reações a fatos e eventos, comportamentos e atitudes, constituindo-se uma técnica importante para o conhecimento das representações, percepções, crenças, hábitos, valores, restrições, preconceitos, linguagens e simbologias prevalentes no trato de uma dada questão por pessoas que partilham alguns traços em comum, relevantes para o estudo do problema visado (GATTI, 2005, p.11).
A convivência com os meios de comunicação e o desenvolvimento das
campanhas de vacinação no município de Conceição do Coité, nos dá subsídios
suficientes para compreender a importância de um planejamento bem estruturado
em comunicação. Este processo envolve o estudo do veículo, a credibilidade da
fonte da informação e a mensagem propriamente dita. Este trabalho justifica-se
exatamente porque vai ao encontro dos elementos necessários para se planejar
uma campanha de vacinação, a partir da possibilidade de apropriação da
população acerca da mensagem recebida.
Este trabalho é o resultado de uma pesquisa que se destina a identificar
que significado tem para os pais ou responsáveis a comunicação empregada nas
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campanhas de vacinação em crianças com até um ano de idade no município de
Conceição do Coité-Bahia. Assim, tem-se a possibilidade, a partir do conhecimento
adquirido com a realização deste trabalho, de elaborar estratégias comunicacionais
que possam produzir maior adesão às campanhas e, conseqüentemente, elevar o
índice de cobertura vacinal.
Tendo em vista essas informações, começo este trabalho com uma
discussão conceitual que abrange a comunicação, a saúde e a vacinação. As
diferentes teorias acerca do conceito da comunicação, as críticas que perpassam
no campo da saúde e o significado da vacinação para manter uma melhor
qualidade de vida das crianças.
Prossigo na análise da articulação entre a comunicação e a saúde, seus
significados e suas interconexões. Embora sejam fenômenos distintos, mas têm
sido chamados a contribuir para o desenvolvimento de um sistema de saúde mais
igualitário.
A seguir relato algumas experiências adquiridas, pelo Brasil, nas
campanhas de vacinação ao longo da história. Desde as primeiras vacinações, até
a criação da figura de maior sucesso nas campanhas de vacinação infantil, o Zé
Gotinha.
No capítulo seguinte, demonstro, na metodologia, a técnica do Grupo
Focal como uma ferramenta significativa no campo da pesquisa das ciências
sociais, especificamente quando lidamos com as áreas da comunicação e da
saúde. Dando ênfase a um modelo de participação popular.
Por fim, o resultado e a discussão do trabalho desenvolvido. O
envolvimento das mães de crianças menores de um ano de idade na discussão
sobre o tema da vacinação e o seu significado para uma vida mais saudável.
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1. DISCUSSÃO CONCEITUAL DE COMUNICAÇÃO, SAÚDE E VACINAÇÃO
1.1 Comunicação
Todo mundo fala sobre a importância da comunicação e da informação.
As instituições públicas dizem que a comunicação é fundamental para que a
população fique sabendo sobre o que se está planejando e que tipo de ação
desejam implementar em benefício da comunidade. Encontrar elementos para
conceituar a comunicação é um desafio tão atraente, quanto complexo. O ato de
comunicar ou comunicar-se, transmitir informações, repassar dados, dialogar,
requer um estudo detalhado, visto que, o termo em questão, estará sempre inserido
num contexto, numa determinada cultura e se prestará a algum propósito: seja ele
social, empresarial ou político.
A etimologia da palavra sugere que se trata de um conceito eminentemente social na sua origem. Assim sendo, em primeiro lugar diz respeito ao homem, e por extensão a seres vivos que mantenham relações sociais entre si. Em segundo lugar, trata-se em princípio de um fenômeno concreto, objetivo, que ocorre quando um ser A transfere informação para um ser B. Em terceiro lugar, a comunicação seria um processo ativo, ou seja, envolve na sua essência um propósito (ainda que geneticamente programado) que é o de um ser, modificar seu comportamento, obter uma resposta. Donde, em quarto lugar, a tendência da relação comunicativa a se fechar em círculo, ou mais propriamente a evoluir segundo uma espiral de influências recíprocas e sucessivas. Essas características do ato comunicativo estão reunidas na mais típica forma de comunicação, a humana, na sua modalidade mais típica, a falada. (PEREIRA, 2005, p.10)
Quando se comunica algo, essa comunicação deve ser comum a ambos,
quem transmite a mensagem e quem a recebe, é necessário que haja uma mútua
compreensão. Quando uma notícia é transmitida ela passa a fazer parte de uma
comunidade, de uma nação. Parte daí essa discussão sobre o conceito social da
comunicação, que na sua essência é comunhão e estão intimamente relacionadas
à mesma idéia de algo em comum, algo partilhado ou compartilhado.
“O mundo humano é um mundo de comunicação” (FREIRE, 1985, p.66).
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Não há relação humana sem que haja uma forma de comunicação: uma palavra
escrita ou falada, um gesto, um sinal, um símbolo, o silêncio, a dor. Essa comunhão
de idéias, do pensar, concretiza-se na medida em que a mensagem transmitida seja
compreensível, dialógica. Dessa forma, a comunicação se define como algo
concreto, objetivo, tornando-se comum.
Rabaça e Barbosa (apud Bitelli 2007, p.27-28), definem comunicação
como “um conjunto dos conhecimentos lingüísticos, psicológicos, antropológicos,
sociológicos, cibernéticos etc., relativos aos processos de comunicação”. Eles vão
além deste conjunto de conhecimentos: enquanto disciplina, a comunicação,
envolve o conjunto de técnicas adequadas à sua manipulação eficaz. E nesta
“manipulação”, torna-se salutar a participação da sociedade civil, seja ela
organizada ou não. No que diz respeito à atividade, é aquela voltada para a
utilização desses conhecimentos e técnicas através dos diversos veículos, alguns
populares, outros nem tanto assim, são os impressos, audiovisuais, eletrônicos etc.,
ou para a pesquisa e o ensino desses processos.
Discutir comunicação não é tão somente discorrer sobre seus conceitos,
suas definições em si. A comunicação vai além do que a entendemos numa
abordagem cotidiana. Quando Melo, em seus estudos, relata sobre a comunicação
como uma ciência a ser pesquisada, ele a demonstra como:
[...] o estudo do comunicador, suas intenções, sua organização, sua estrutura operacional, sua história, suas normas éticas ou jurídicas, suas técnicas produtivas. É o estudo da mensagem e do canal, seu conteúdo, sua forma, sua simbologia, suas técnicas de difusão. É o estudo do receptor, suas motivações, suas preferências, suas reações, seu comportamento perceptivo. É o estudo das fontes, sua sistemática para a recuperação de informações. É, enfim, o estudo dos efeitos produzidos pela mensagem junto ao receptor, a partir das intenções do consumidor (1998, p.20).
A comunicação só adquire sentido para o público ou receptor se estiver
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relacionada às questões práticas e cotidianas das pessoas. A comunicação será
entendida sob diferentes ângulos, necessidades e interesses, principalmente se ela
passa pelo processo da democratização, da participação popular, inclusive com o
poder de decidir.
Esse direito de participar das decisões que ocorrem no Sistema de
Saúde, passa inclusive na definição de estratégias de comunicação. O molde
emergente da comunicação em saúde pode ser apresentado como um modelo
dialógico por ser o próprio diálogo seu instrumento necessário. Quem usa os
serviços de saúde é reconhecido sujeito detentor de um certo grau de
conhecimento, que embora diferente do saber técnico-científico não pode ser
deslegitimado pelos serviços.
Várias correntes teóricas da comunicação podem ser invocadas para ajudar a entender esse processo. Como a teoria da ação comunicativa proposta por Habermas que supõe interações possíveis de produzir acordos e coordenar ações entre diferentes atores sociais, mediante o uso de processos comunicativos dialógicos. Também teorias como a do interacionismo simbólico, as de Paulo Freire, ou outros modelos praxeológicos de comunicação que enfatizam o entendimento e as mudanças nas práticas sociais compartilhadas como processos significativos de produção de significados para os atores sociais. A nosso ver, elas muito podem contribuir para entender e estabelecer processos dialógicos de participação popular no SUS, ao contrário das teorias que enfatizam a natureza prescritiva e instrumental da comunicação[...] (OLIVEIRA, 2004, p.61).
A essencia da comunicação dialógica não é o de apensa informar para que haja
um melhor entendimento do campo da saúde, mas de transformar saberes pré-
existentes. O ato comunicativo, numa perspectiva avançada, objetiva o
desenvolvimento da autonomia e da responsabilidade dos indivíduos no cuidado
com a saúde, não pela imposição de um saber científico detido pelo profissional de
saúde, mas sim pelo crescimento da compreensão da situação de saúde.
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1.2 Saúde
A Organização Mundial da Saúde (OMS), organismo internacional que se
integra ao conjunto de instituições da Organização das Nações Unidas (ONU),
fundado em 1948, define saúde como estado de completo bem-estar físico, mental
e social, e não somente a ausência de enfermidade ou invalidez. Evidente que a
referência à ausência de enfermidade ou invalidez é componente essencial deste
conceito de saúde. Na definição de saúde, cabe analisar todos os aspectos
inerentes ao completo bem-estar, que vai do acesso ao trabalho, lazer, educação,
informação até a ausência de enfermidades, através de procedimentos preventivos
como a vacinação.
Scliar (2007) relata que a extensão do conceito de saúde anunciada pela
OMS acarretou críticas de vários estudiosos, algumas de natureza técnica: como
conceituada, a saúde seria algo inatingível; e outras de natureza política, libertária:
o conceito permitiria abusos do Estado, que interviria na vida dos cidadãos, sob o
pretexto de promover a saúde. O conceito de saúde reflete a conjuntura social,
econômica, política e cultural. Ou seja: saúde não representa a mesma coisa para
todas as pessoas. Dependerá da época, do lugar, da classe social, das mudanças
climáticas, das tecnologias. Dependerá inclusive de valores individuais, concepções
científicas, religiosas, filosóficas.
As críticas recaem sobre o que seria um “completo bem-estar” ou
“perfeito bem-estar”, sugerido pelo conceito de saúde da OMS. Para Segre e Ferraz
(1997, p.539), ainda que se recorra a conceitos “externos” de avaliação, a
“perfeição” não é definível. Se se trabalhar com um referencial “objetivista”, isto é,
com uma avaliação do grau de perfeição, bem-estar ou felicidade de um sujeito
externa a ele próprio, estar-se-á automaticamente elevando os termos perfeição,
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bem-estar ou felicidade a categorias que existem por si mesmas e não sujeitas a
uma descrição dentro de um contexto que lhes empreste sentido, a partir da sua
experiência, linguagem, convívio, suas crenças e valores sociais.
Na realidade brasileira, bem como na América-Latina, essa definição é muito vaga e fora da nossa realidade. Assim, por ocasião da VIII Conferência Nacional de Saúde – 1986, a saúde foi definida como “a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde” (BARCHIFONTAINE, 2005, p.11).
É improvável que os serviços de saúde possam contemplar a
abrangência do seu conceito. Sendo assim, Segre e Ferraz (1997, p. 542)
concluem o artigo com uma interrogação: “... não se poderá dizer que saúde é um
estado de razoável harmonia entre o sujeito e a sua própria realidade?”
No Brasil, na década de 1980, se efetiva a noção de saúde como uma
questão de direito, de cidadania, que tomará consistência jurídico-política com a
implantação do SUS, baseada na Constituição de 1988:
A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País (Lei Federal, n° 8080/90, art. 3°, p. 22).
O conceito de saúde é amplo em diversos aspectos, é um tema
transversal, que vai variar suas concepções de acordo com a disciplina estudada:
psicologia, biomedicina, antropologia. Ela pode mudar de cultura para cultura, de
acordo com suas crenças, seus valores. Ou seja, saúde não representa a mesma
coisa para todas as pessoas. É também política, na medida em que se estruturam
programas de saúde e se estabelecem metas para serem cumpridas.
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A saúde aqui como a entendemos, em termos de relações de saber/poder, não age sobre o indivíduo, mas sobre sua ação. Assim, quando a saúde é definida como uma questão integral, plural, na ânsia de integrar, de tornar o sujeito indivisível, completo, não se está agindo sobre o indivíduo, mas sobre a relação, as ações que ele estabelece consigo e os outros em termos de cuidados e atenção integral. O que se quer apontar é que não existe uma unidade do conceito de saúde, mas formas que o conceito vai assumindo de acordo com os campos que o atravessam. Saúde pode estar ligada às políticas públicas e objetivada como uma questão plural, biopsicossocial, mas também pode estar relacionada ao culto do corpo. (MEDEIROS, 2005, p.264).
Por fim, a OMS atualiza o princípio de promoção de saúde, incorporando
a questão do desenvolvimento econômico e social. Saúde passa a ser descrita
como um estado de bem-estar físico, psíquico e social, em consonância com as
discussões sobre meio ambiente, ou seja, saúde ambiental como prioridade social.
O ambiente passa a ser visto como um aspecto importante, a ser considerado como
prática na área de saúde: levando-se em consideração a sua degradação e seus
efeitos sobre a saúde coletiva, a poluição das águas, do ar e do solo,
principalmente.
1.3 Vacinação
As vacinas são imunobiológicos utilizados para indução artificial de
resposta imunológica (produção de anticorpos: as células de defesa do organismo)
a um agente infeccioso (vírus e bactérias, principalmente), que simule a da infecção
natural, com pouco ou nenhum risco para seu receptor. Esta imunização prévia faz
com que, em novo contato com o agente infeccioso, o organismo do receptor reaja,
produza as células de defesa, rápida e eficientemente, evitando a ocorrência de
doença. As vacinas são produtos biológicos, amplamente utilizados pelos governos
em campanhas que visam à proteção de determinados grupos de pessoas, sendo
as crianças as grandes beneficiadas deste processo (FERREIRA et al, 2009).
A vacinação está diretamente relacionada ao estado de imunidade
adquirida por determinado organismo, esse estado proporciona a capacidade de
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defesa contra as diversas doenças infecciosas passíveis de prevenção.
Imunidade é o estado de resistência geralmente associada à presença de anticorpos que possuem ação específica sobre o microrganismo responsável por determinada doença infecciosa ou sobre suas toxinas. A imunidade pode ser natural ou artificial, podendo ser natural passiva, adquirida por via placentária, natural ativa adquirida em conseqüência de uma infecção. A artificial também tem a mesma divisão, sendo que a passiva é obtida através da inoculação de soros e a ativa é obtida a partir da aplicação de vacinas. Imunização significa a indução de forma natural ou artificial da resposta imune, em particular quando esta dá ao hospedeiro a capacidade de proteção contra a doença, já vacinação significa a imunização com antígenos administrados para a prevenção de doenças infecciosas. Portanto, a vacinação é uma imunização realizada de forma artificial (SANTOS, 2009, p.25).
Atualmente, é inqüestionável a importância que as vacinas têm na
proteção à saúde e na prevenção de doenças imunopreveníveis, principalmente
durante a infância. Como conseqüência, as autoridades de saúde, em todo o
mundo, estabeleceram calendários específicos de vacinas de acordo com a faixa
etária infantil (tab.1) (SILVEIRA et al, 2007).
Tabela 1 – Calendário de vacinação infantil, Ministério da Saúde, 2009.IDADE VACINAS DOSES DOENÇAS EVITADAS
Ao nascerBCG - ID dose única Formas graves de tuberculose Vacina contra hepatite B (1) 1ª dose Hepatite B
1 mês Vacina contra hepatite B 2ª dose Hepatite B
2 meses
Vacina tetravalente (DTP + Hib) (2) 1ª dose
Difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b
VOP (vacina oral contra pólio) 1ª dose Poliomielite (paralisia infantil)VORH (Vacina Oral de Rotavírus Humano) (3)
1ª dose Diarréia por Rotavírus
Vacina tetravalente (DTP + Hib) 2ª doseDifteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b
4 meses VOP (vacina oral contra pólio) 2ª dose Poliomielite (paralisia infantil)VORH (Vacina Oral de Rotavírus Humano) (4)
2ª dose Diarréia por Rotavírus
6 meses Vacina tetravalente (DTP + Hib) 3ª dose
Difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b
VOP (vacina oral contra pólio) 3ª dose Poliomielite (paralisia infantil)Vacina contra hepatite B 3ª dose Hepatite B
9 meses Vacina contra febre amarela (5) dose inicial Febre amarela12 meses SRC (tríplice viral) dose única Sarampo, rubéola e caxumba15 meses VOP (vacina oral contra pólio) reforço Poliomielite (paralisia infantil)
DTP (tríplice bacteriana) 1º reforço Difteria, tétano e coqueluche
4 - 6 anosDTP (tríplice bacteriana 2º reforço Difteria, tétano e coquelucheSRC (tríplice viral) reforço Sarampo, rubéola e caxumba
10 anos Vacina contra febre amarela reforço Febre amarela (1) A primeira dose da vacina contra a hepatite B deve ser administrada na maternidade, nas primeiras 12 horas de vida do recém-nascido. O esquema básico se constitui de 03 (três) doses, com intervalos de 30 dias da primeira para a segunda dose e 180 dias da primeira para a terceira dose.
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(2) O esquema de vacinação atual é feito aos 2, 4 e 6 meses de idade com a vacina Tetravalente e dois reforços com a Tríplice Bacteriana (DTP). O primeiro reforço aos 15 meses e o segundo entre 4 e 6 anos.
(3) É possível administar a primeira dose da Vacina Oral de Rotavírus Humano a partir de 1 mês e 15 dias a 3 meses e 7 dias de idade (6 a 14 semanas de vida).
(4) É possível administrar a segunda dose da Vacina Oral de Rotavírus Humano a partir de 3 meses e 7 dias a 5 meses e 15 dias de idade (14 a 24 semanas de vida). O intervalo mínimo preconizado entre a primeira e a segunda dose é de 4 semanas.
(5) A vacina contra febre amarela está indicada para crianças a partir dos 09 meses de idade, que residam ou que irão viajar para área endêmica (estados: AP, TO, MA MT, MS, RO, AC, RR, AM, PA, GO e DF), área de transição (alguns municípios dos estados: PI, BA, MG, SP, PR, SC e RS) e área de risco potencial (alguns municípios dos estados BA, ES e MG). Se viajar para áreas de risco, vacinar contra Febre Amarela 10 (dez) dias antes da viagem.
Para Ferreira et al (2009) algumas vacinas produzem proteção
duradoura contra determinada doença, outras conferem proteção parcial e, outras
ainda, conferem proteção temporária, devendo ser aplicadas, após certo período de
tempo. A manutenção da imunidade por longos períodos com algumas vacinas
virais ou bacterianas inativadas, geralmente, requer a administração de mais de
uma dose básica e de doses de reforço. Esses aspectos justificam a necessidade
de, no calendário vacinal, haver vacinas que exijam apenas uma dose para conferir
imunidade, outras que exijam mais de uma dose. Daí surge a importância de se
estimular os pais ou responsáveis a completar todo o esquema de vacinação
oferecido às crianças.
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2. A COMUNICAÇÃO NA SAÚDE
2.1 Articulação entre comunicação e saúde
A aproximação entre os campos do conhecimento da comunicação, em
todos os seus aspectos, e da saúde, torna-se mais evidente na atualidade. Em
todos os meios que veiculam notícias e a todo momento, estamos sendo
alimentados com informações sobre saúde: a gripe H1N1, a lei anti tabagista, a
falsificação de medicamentos, o uso indiscriminado de drogas, campanhas de
vacinação.
Tais informações são, em certos momentos, desencontradas e
desarticuladas com o momento, com a contextualização, que por fim acabam não
informando exatamente o que as pessoas querem saber, ou não são
compreensíveis para muitos.
A comunicação há tempos possui uma estreita relação com o campo da
saúde, no sentido de promover a mobilização da sociedade para se engajar no
processo da prevenção contra agentes causadores de enfermidades, como relata
Araújo et al.
A Comunicação está intimamente vinculada ao campo da Saúde, desde os princípios do século XX, tomando-se como marco a criação, em 1923, do Serviço de Propaganda e Educação Sanitária, no então Departamento Nacional de Saúde Pública. Na época, as descobertas da ciência apontavam para a existência de agentes patológicos específicos para cada doença e processos de transmissão, o que deslocava a atenção das condições sócio-ambientais para o indivíduo e colocavam no centro das prioridades as medidas de higiene. Em decorrência, apontava para a necessidade da mudança de comportamento e de hábitos, vistos como causa das doenças, portanto, indesejáveis à saúde (2009, p.1).
Na verdade, eram, principalmente, ações de comunicação para
prevenção, realizadas em escolas, locais de trabalhos, espaços públicos, algum
material informativo. Era uma comunicação que seguia uma única direção: saia de
emissor e chegava a um receptor, palavras de autoridades que desejavam que a
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população recebesse as informações e mudasse seu comportamento. Assim, sem
nenhuma resposta da população, sem se preocupar com as características
peculiares aos grupos populares: seus costumes, o acesso ao serviço de saúde.
Mas é a partir da década de 70 que se constata a adoção, pelo campo da administração sanitária, de inovações como o "ajuste da linguagem" à "população alvo" como forma de transferir conhecimentos ou propor "modelos de comportamento" a indivíduos ou grupos de indivíduos. A verticalidade destes processos levam à formulação, por movimentos pedagógicos mais críticos, de propostas que indicam uma necessidade de horizontalização do diálogo, ou do diálogo entre iguais, que tem como principal expressão, na década de 60, o trabalho de Paulo Freire. (PITTA, 1996, p.16)
Moraes (apud Moraes 2007) demonstra que a comunicação, as novas
tecnologias, as redes e os processos informacionais são algumas das condições do
cotidiano que provocam encantamento, articulações, mudanças sociais, relacionais
e produtivas de diferentes naturezas e também preocupações pelas suas
possibilidades e efeitos. Nas últimas décadas, as instituições, a sociedade e as
políticas de saúde têm dependido cada vez mais de um uso racional e generalizado
da comunicação e dos processos informacionais, do poder que estes têm de
formular ações e influenciar no cotidiano.
Mas, sem comunicação e informação não é possível construir um sujeito
social que exerça sua cidadania em saúde. Esse inclusive é um preceito
estabelecido no Sistema Único de Saúde, quando trata a participação da
comunidade, representada pelos Conselhos de Saúde, na regulação do Sistema de
Saúde implantado no país. Nesse contexto, faz-se necessário o desenvolvimento
de processos de comunicação comunitária em saúde que superem a simples
transmissão de informação, para desenvolver uma comunicação dialógica, que
ofereça elementos de compreensão e análise à cidadania sobre sua realidade
sanitária e que contribua no fortalecimento de seus processos organizacionais e de
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mobilização social por uma melhor qualidade de vida e pela saúde em todos os
seus aspectos (TOVAR, 2007).
“A comunicação em saúde envolve mais do que a simples e mecânica
difusão de informações valorizadas por profissionais. Esse processo revela-se
autoritário e incapaz de responder pelas demandas coletivas que são plurais”
(MORAES, 2007, p.63). Comunicação e saúde não se restringe ao uso dos meios
mais eficazes ou atuais do ponto de vista tecnológico. Não se fala em
equipamentos ou instrumentos sofisticados, dispendiosos como se esse fato fosse
único para estabelecer uma comunicação infalível. Comunicação é o desafio das
linguagens verbais e não verbais, é a capacidade de dialogar entre todos os
sujeitos envolvidos na construção e transmissão de informações.
Rocha (2003) lembra que o Programa Nacional de Imunização-PNI,
preconizava o diálogo entre os pais e responsáveis por todas as crianças menores
de um ano de idade, alvo das vacinas ofertadas nos serviços públicos de saúde. A
informação e mobilização das comunidades deveriam ter como propósitos garantir
a adesão informada da população ao programa e, assim, assegurar o seu êxito.
A comunicação que deve se aproximar da saúde é aquela simples, clara,
compreensível, participativa. Para Freire (1985, p. 67) “[...] na comunicação não há
sujeitos passivos. Os sujeitos co-intencionados ao objeto do seu pensar se
comunicam seu conteúdo”. A comunicação deve possibilitar a apropriação do saber
pela população e que seja passível de praticidade.
Fica claro que é necessário elaborar uma maneira de promover,
efetivamente, uma mudança de comportamento, além da simples divulgação de
informação. Aprimorar a persuasão envolve técnicas apuradas de comunicação.
Neste sentido a comunicação em saúde pública deve ser um ato planejado, não
23
apenas realizado sob a demanda de informação da população. Há que se estudar o
veículo, a credibilidade da fonte da informação e a mensagem propriamente dita
(LOGULO, 2009).
A mudança nos padrões de comportamento de uma determinada
população não acontece subitamente, não é através de uma comunicação
emergencial que se estabelece critérios duradouros sobre a apropriação de
significados em saúde. Rangel nos lembra a prática da comunicação em saúde na
prevenção do dengue:
O modelo de comunicação que se caracteriza, portanto por ter cunho campanhista, pontual, descontínuo, com ênfase em situações epidêmicas, quando seria necessário que o dengue estivesse na pauta da mídia durante todo o ano, assim como que nas mídias alternativas, aquelas produzidas pelo próprio serviço e se encontrassem respostas às duvidas mais freqüentes, de forma correta e precisa (2008, p. 436).
É importante sensibilizar os profissionais e os gestores de saúde, para
reconhecerem a importância da comunicação em saúde, como forma de melhorar a
qualidade dos cuidados de saúde prestados e a cobertura vacinal, não apenas para
cumprir metas estabelecidas, mas, sobretudo, zelar pela qualidade de vida do
cidadão. Promover a eqüidade, a igualdade e a universalidade no uso dos serviços
de saúde.
2.2 As campanhas de vacinação
Desde as primeiras vacinações, em 1804, o Brasil acumulou quase 200
anos de imunizações, sendo que nas últimas décadas, com a criação do PNI,
desenvolveu ações planejadas e sistematizadas. Estratégias diversas, campanhas,
varreduras, rotina e bloqueios erradicaram a febre amarela urbana em 1942, a
varíola em 1973 e a poliomielite em 1989, controlaram o sarampo, o tétano
neonatal, as formas graves da tuberculose, a difteria, o tétano acidental, a
24
coqueluche. Ao longo da história, diversas campanhas foram desenvolvidas para
controlar ou erradicar doenças consideradas graves, como mostra o quadro abaixo:
Quadro 1 – Linha do Tempo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009)
1962 Instituída a Campanha Nacional contra a Varíola.
1966 Criada a Campanha de Erradicação da Varíola.
1970 Criada a Superintendência de Campanha de Saúde Pública (SUCAM) resultado da fusão do Departamento Nacional de Endemias Rurais, da Campanha da Erradicação da Varíola e da Erradicação da Malária.
1971 Implantado o Plano Nacional de Controle da Poliomielite.Últimos casos de varíola no Brasil.Iniciada a produção do BCG liofilizado pelo Butantan.
1972 Início do Programa de Vacinação Anti-sarampo.
1973 Formulado o Programa Nacional de Imunizações, com o objetivo de controlar ou erradicar doenças infecto-contagiosas e imunopreviníveis.
1974 Criado o Programa Ampliado de Imunizações.Epidemia de meningite meningocócica no Brasil.
1975 Campanha Nacional de Vacinação contra a Meningite Meningocócica.
1981 Lançada a Campanha Nacional de Conscientização sobre a febre amarela.
1984 Iniciada em todo o país a vacinação de crianças de 0 a 4 anos de idade contra poliomielite, sarampo, difteria, coqueluche e tétano.
1986 Criado o Zé Gotinha, personagem símbolo da campanha pela erradicação da Poliomielite no Brasil.
1989 Registrado o último caso de poliomielite no Brasil.
1992 Campanha Nacional contra o Sarampo.Implantada a vacina tríplice viral.Implantada a vacina Anti-hepatite B para grupos de risco.Lançado o Plano de Eliminação do Tétano Neonatal.
1996 Campanha Nacional de Vacinação contra a Hepatite B, envolvendo escolares e odontólogos.
1997 Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo, em crianças menores de cinco anos.
1998 Vacinação contra a Hepatite B em todo o Brasil.
25
1999 Implementado o Plano de Erradicação do Sarampo.Primeiro ano da Campanha de Vacinação para a terceira idade, com a finalidade de imuniza-los contra gripe, tétano e difteria.Implantada a vacina contra Haemophilus influenzae b, para menores de 2 anos.
2001 Intensificada a vacinação das mulheres em idade fértil, com o intuito de zerar a ocorrência do tétano neonatal.
2002 Implantada a vacina tetravalente (DTP + Hib), para menores de 1 ano.Campanha Nacional de Vacinação contra a Rubéola destinada à mulheres.
2004 Apresentada pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) as seis vacinas prioritárias para desenvolvimento nos próximos três anos: pentavalente (contra difteria, coqueluche, tétano, hepatite B e Haemofilus Influenzae), contra a raiva humana e canina, imunização das meningites A e B, e contra a leishmaniose canina.
2005 Distribuição da nova Caderneta da Criança por maternidades públicas e privadas.
2006 Incorporada a vacinação contra o Rotavírus no Calendário Básico de Vacinação da Criança. Instituído o “Dia Nacional de Prevenção da Catapora”, celebrado anualmente no dia 5 de agosto, com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da vacinação contra a doença.
As campanhas de vacinação implantadas e implementadas ao longo da
história, aqui no Brasil, passou por mudanças significativas, não só no seu aspecto
técnico-científico, com o advento de novas vacinas, novos métodos de
administração. Esse fato, bem verdade, foi decisivo para o sucesso de muitas
conquistas no setor da saúde. No entanto, as ações desenvolvidas nas campanhas,
vão muito além do aspecto já mencionado. Houve mudanças, não menos
importantes, no comportamento da população, nas estratégias políticas e
comunicacionais.
Na verdade, nos lembra Rocha (2003), a utilização do instrumental da
comunicação remonta à década de 1920, quando formalmente se propôs associar a
propaganda na educação da população com o objetivo de modificar conhecimentos
e atitudes, tendo em vista a adoção de comportamentos favoráveis. Naquela época,
entre 1920 e 1930, o rádio e o cinema consolidaram-se como instrumentos de
propaganda política, pois encantavam os políticos e aqueles que tinham acesso aos
26
meios.
Na saúde, a propaganda buscou influenciar e ajustar as pessoas a normas e prioridades definidas epidemiologicamente, utilizando como recursos acessórios o reconhecimento de crendices e superstições, bem como o conhecimento sobre transmissão de doenças. São, da mesma forma, reconhecidas e abordadas as lideranças locais, os veículos de comunicação existentes, as igrejas e escolas. Os planos de ação incluem estratégias de persuasão com a finalidade de 'levar' os indivíduos a cumprirem as recomendações estabelecidas pelas autoridades sanitárias (idem).
Embora as campanhas de saúde pública, desenvolvidas no início do
século XX, fossem encaradas com certas restrições pela população, inclusive com
movimentos de forte rejeição como foi a Revolta da Vacina, uma verdadeira guerra
em área urbana, ocorrida no Rio de Janeiro,Temporão (2010, p.604) nos lembra
que “o sucesso da campanha de erradicação da varíola fortaleceu, dentro do
Ministério da Saúde, uma corrente que defendia maiores investimentos no controle
de doenças infecciosas preveníveis por imunização”. Foi um período fértil no campo
da prevenção, criou-se, em 1973, o PNI, consolidando as diversas experiências já
utilizadas em atividades anteriores, e com a responsabilidade de traçar novas
diretrizes.
A comunicação de massa difundindo a importância de se vacinar contra várias doenças passou por uma série de inovações, após o advento dos dias nacionais de vacinação contra a poliomielite, instituídos em 1980. Ainda na década de 1970, visando a incorporação de novos hábitos e práticas de saúde, o Ministério da Saúde fez ajustes de linguagem à população alvo em suas campanhas, aproximando-se das comunidades e de outras realidades regionais. Os dias nacionais de vacinação adotaram como estratégia a produção de material informativo, como cartazes, folhetos e manuais, veiculados em diversos meios e divulgadores de sua linha de ação. Seu objetivo era despertar a consciência da população para a necessidade da vacina, em especial pais e responsáveis por crianças menores de cinco anos, mobilizar a sociedade em torno dessa questão e envolver outras entidades nesta tarefa (PÔRTO, PONTE, 2003, p.735-736).
Pôrto e Ponte (2003) nos lembram que em meados da década de 80, a
Organização Panamericana de Saúde (OPAS), convidou os países das Américas
27
para lutarem contra a poliomielite. O Brasil se engajou nesta luta, levando no seu
bojo experiências anteriores a este período, e várias iniciativas são adotadas,
inclusive a criação de uma logomarca que caracterizasse a campanha. O artista
plástico mineiro, Darlan Rosa, cria o personagem, até hoje traduzido como símbolo
da vacinação, o Zé Gotinha. Esse nome surgiu a partir de um concurso nacional
realizado pelo Ministério da Saúde. O Governo continuou buscando novas
metodologias e técnicas de aproximação com a população. Associou-se a grandes
agências de publicidade, modernizando sua linguagem escrita e visual. Passou a
fazer uso de figuras conhecidas no cenário nacional.
Diante das campanhas de saúde realizadas pelo Ministério da Saúde,
duas se destacaram historicamente, a grande campanha para erradicar a varíola,
inclusive com o episódio da Revolta da Vacina; e a campanha para erradicar a
poliomielite, que até hoje perdura com seu símbolo maior: o Zé Gotinha. Um
trabalho, em grande parte, desenvolvido através da comunicação, com seus
diversos meios e veículos. O marketing, a publicidade, comunicação interpessoal,
comunicação organizacional, o uso da televisão, do rádio, de material impresso.
Em Conceição do Coité diversas campanhas já foram executadas, mas a
que se destaca no cenário da prevenção é a vacinação contra a poliomielite, a
paralisia infantil, como é conhecida no meio popular. O material publicitário
(algumas cópias em anexo) baseia-se em:
a) cartazes, cartilhas, vídeos, jingles e vinhetas produzidos a nível central, pelo
Ministério da Saúde;
b) folders, faixas e comunicados dirigidos aos sites, rádios, carros de som,
produzidos a nível local, pela Secretaria Municipal de Saúde.
Os folders e comunicados produzidos no município, apresentam-se
28
recheados de informações, normalmente com informações técnicas, complexas, o
que dificulta a sua compreensão por parte da maioria da população alvo,
responsável pelas crianças. Os comunicados dirigidos aos carros de som, são
longos, impróprios para este tipo de veículo. Como ele está em movimento, depois
de uma certa distância, não se saberá o que foi dito no início do texto.
Hoje, ao analisarmos os cartazes e outros materiais das campanhas,
“quase não se usam mais palavras, basta um sinal. O gesto da criança mostrando a
língua e pedindo a gotinha supre a necessidade de produzir linguagem” (idem).
29
3. METODOLOGIA
3.1 Aspectos essenciais do Grupo Focal
Com a sanção da Lei Orgânica da Saúde, Lei 8080 de 1990, que criou o
Sistema Único de Saúde – SUS, e a Lei 8.142/90, que dispõe sobre a participação
da comunidade na gestão do SUS, reconhecem-se os direitos de que toda a
população deva ter acesso à informação e participar ativamente das decisões
relacionadas ao sistema de saúde implantado no país. Esse fato levou os gestores
e profissionais de saúde a buscarem novos caminhos de atuação.
Planejar ações em saúde, prevê a participação popular através dos
Conselhos de Saúde. Com muita freqüência nos deparamos com situações
divergentes entre o que pensam os gestores sobre o que a população precisa
saber, e o que as comunidades entendem como importante para elas. É necessário
ouvir segmentos da população acerca de ações possíveis de serem executadas e
como devem ser conduzidas.
Nas ciências sociais, têm-se utilizado cada vez mais a metodologia do
grupo focal como instrumento norteador nas pesquisas qualitativas. Para Mckinlay e
Yach(apud Lervolino e Pelicioni),
Como técnica de pesquisa qualitativa, o grupo focal obtêm dados a partir de reuniões em grupo com pessoas que representam o objeto de estudo. O grupo focal têm sido utilizado internacionalmente para a estruturação de ações diagnósticas e levantamento de problemas; para o planejamento de atividades educativas, como objeto de promoção em saúde e meio ambiente; podendo ser utilizado também para a revisão do processo de ensino-aprendizagem. Relativamente simples e rápido, o grupo focal parece responder a contento à nova tendência da educação em saúde, que em se deslocado da perspectiva do indivíduo para a do grupo social e da educação calcada em conteúdos e abordagens universais para a educação centrada na perspectiva cultural de seus possíveis beneficiários (2001, p.116).
Com o grupo focal obtém-se uma melhor compreensão sobre os
elementos que interferem no desenvolvimento de certas ações destinadas à
30
população. Através das discussões em grupos, pode-se avaliar os anseios de cada
componente e sua integração ao todo, no sentido de desvendar algo que o seja
pouco compreensível e, naquele momento, venha a ser esclarecido.
Quando o tema abordado está intimamente ligado à saúde, o uso do
grupo focal pode minimizar o número de programas e ações governamentais ou
não, que frequentemente resultam em baixa efetividade, tornando-se obsoletos.
Não só isso, no momento em que as pessoas estão reunidas, ocorre uma maior
aproximação e envolvimento com um assunto comum a todos. Esse encontro gera
um debate mais rico de conteúdo, contribuindo significativamente com o trabalho a
ser aplicado.
Na escolha do grupo focal como metodologia qualitativa podemos
destacar alguns aspectos como a quantidade de participantes, o número de grupos
a ser formado, o local dos encontros e a interpretação dos resultados.
Para Gondim, o tamanho do grupo é um aspecto a se destacar,
Apesar de se convencionar que este número varia de quatro a 10 pessoas, isto depende do nível de envolvimento com o assunto de cada participante; se este desperta o interesse de um grupo em particular, as pessoas terão mais o que falar e, neste caso, o tamanho não deve ser grande, para não diminuir as chances de todos participarem; com mais de 10 elementos, sendo o tema polêmico, fica difícil o controle do processo pelo moderador, havendo uma tendência a polarizar e entrar em conflito (2002, p.6).
O número de participantes de um grupo focal é definido a partir de dois
fatores: deverá ser pequeno o suficiente para que todos tenham a oportunidade de
expor suas idéias e evitar ruídos desnecessários e grande o bastante para que haja
diversidade e consistências nas opiniões. Quantificando esse raciocínio, podemos
concluir que uma sessão de grupo focal deve ser composta por no mínimo quatro e
no máximo 12 pessoas ( KRUEGER apud NETO et al, 2009, p. 12).
31
Por se tratar de um estudo qualitativo, não há uma fórmula pronta para se
determinar a quantidade de grupos focais a serem formados durante a pesquisa em
execução. Deve-se, no entanto, esgotar o tema proposto, esse parâmetro
determina quantos grupos serão necessários.
O emprego de mais de um grupo permite ampliar o foco de análise e cobrir variadas condições que possam ser intervenientes e relevantes para o tema. O número de grupos nesse caso depende do planejamento do estudo em relação à cobertura de variados tipos de participantes necessários a ela. A decisão sobre a quantidade de grupos a serem utilizados deve levar em conta a homogeneidade/heterogeneidade da população-alvo em relação ao objeto da pesquisa e os objetivos desta. O número de grupos dependerá também do número de membros da equipe envolvida no trabalho, ou ainda das possibilidades do apoio financeiro recebido (GATTI,2005, p 22).
Uma vez definidos os grupos, deve-se pensar no local dos encontros.
Este deve ser tranqüilo, sem ruídos que possam interferir nas gravações que serão
originadas a partir das falas; de fácil acesso; confortável; boa iluminação e sem
interferências de terceiros. Os participantes podem estar sentados em cadeiras
avulsas, em círculo, ou até mesmo em volta de uma mesa.
Alguns cuidados devem ser tomados na interpretação dos resultados
obtidos. Os dados colhidos através de grupos focais são de natureza qualitativa.
Isto vai implicar a necessidade de se analisar os dados também de forma
qualitativa. Neste caso não há tratamento estatístico envolvido, mas um conjunto de
procedimentos que visam a organizar os dados de modo que eles revelem, com a
objetividade e isenção possíveis, como os grupos em questão percebem e se
relacionam com o foco do estudo em pauta (COTRIM, 1996).
A decisão de lançar mão da técnica de grupos focais com pais ou
responsáveis por crianças menores de um ano em Conceição do Coité, foi surgindo
com o desenvolvimento do projeto de pesquisa sobre a comunicação em saúde.
32
Após a definição dos objetivos do estudo ora apresentado, definiu-se que seria
apropriado a utilização de uma técnica qualitativa, vislumbrando nos grupos focais o
caminho a ser seguido durante o processo na busca dos dados.
Para conhecer o significado atribuído à comunicação empregada nas
campanhas de vacinação em crianças com até um ano de idade no município de
Conceição do Coité, na Bahia, dois grupos focais foram realizados entre os meses
de outubro à dezembro de 2009. Com base na literatura sobre a composição do
grupo focal, resultou na formação de dois grupos homogêneos quanto aos aspectos
de gênero, local de residência e estado civil; porém heterogêneo quanto à idade,
freqüência de uso do serviço público de saúde, escolaridade e condições
socioeconômicas. A teoria a respeito de grupos focais sugere que a quantidade de
grupos seja o suficiente para exaurir o assunto. Baseado no público alvo e as
distâncias geográficas entre este público, postulou-se que a formação de dois
grupos seriam suficientes para atender aos objetivos da pesquisa.
3.2 Caracterização do município de estudo
Segundo o Plano Diretor de Regionalização (PDR), Conceição do Coité
pertence à Macrorregião Centro-leste; Microrregião Serrinha (região econômica, de
planejamento, e administrativa) e a 12ª Diretoria Regional de Saúde (DIRES).
Estimativa do IBGE em 2009, aponta o município com uma população de
62.893 habitantes, deste total, 1.224 são de crianças menores de um ano de idade.
A população geral está distribuída em uma área de 1.086 km², densidade
demográfica de 57,91 hab/km2, distante da capital do estado 210 km. Limita-se com
os municípios de Retirolândia, Araci, Santaluz, Nova Fátima, Ichú, Serrinha e
Riachão do Jacuípe.
O preceito constitucional do SUS em cada esfera do governo torna
33
imperativo o gerenciamento do sistema de saúde com garantia e qualidade dos
serviços sob a responsabilidade de cada gestor. As ações desenvolvidas no
município visam assegurar a toda população o que foi pactuado pelos gestores
Federal, Estadual e Municipal, sempre com o objetivo da implementação das ações
e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde, conseqüentemente
visando a redução de risco de doenças.
A reorganização do sistema municipal de saúde começa a acontecer
com a organização da atenção básica, considerada como porta de entrada para os
serviços de saúde. O sistema de saúde é composto de: 14 Equipes de Saúde da
Família (ESF), distribuídas em 09 unidades de Saúde da família, 03 Postos de
Saúde Tradicional, 03 Unidades Satélites, 12 equipes de saúde bucal na
modalidade I, sendo 09 vinculadas as ESF. A população coberta pela Estratégia de
Saúde da Família é de 96,8% da população geral.
Recentemente foi implantado o Centro de Referencia de Especialidades,
contemplando as áreas de: Cardiologia, Ortopedia, oftalmologia,
otorrinolaringologia, pediatria, ginecologia e obstetrícia, Planejamento Familiar,
Serviço de Fisioterapia, Laboratório de Análise Clínica, Centro de Especialidade em
Odontologia – CEO, Farmácia Básica, Sala de Imunizações, Serviço de Prevenção
de Câncer Uterino e outros serviços.
Para complementaridade da assistência o município dispõe de dois
Hospitais conveniado ao SUS e três clínicas com internamento nas quatro
especialidades básicas (clínica obstétrica, clínica médica, clínica cirúrgica e clínica
pediátrica) e três clínicas do setor privado e conveniado com o SUS, sendo uma na
área de pediatria uma em ginecologia e obstetrícia e outra clínica médica, cirúrgica
e obstétrica.
34
Dados da cobertura vacinal de 2005 a 2009 (tab. 2), revelam que
algumas vacinas ficaram abaixo da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde, de
vacinar no mínimo 95% da população alvo. Vale ressaltar, que os dados de 2009
estão incompletos e ainda podem ser revistos, de acordo com o PNI.
Tabela 2: Cobertura por Imuno e Ano; Conceição do Coité; 2005-2009, PNI
3.3 A seleção dos participantes
A seleção dos participantes ocorreu com o apoio dos agentes
comunitários de saúde de duas equipes do Programa Saúde da Família. As micro
áreas de Ipoeirinha e Boa Vista, pertencentes as unidades de saúde dos distritos de
São João e Aroeira, respectivamente, foram selecionadas por apresentarem grupos
de crianças menores de um ano. Os grupos eram compostos de mães, com
características desejadas aos objetivos do trabalho, tais como: menor distância
geográfica entre elas, algum nível de escolaridade e já ter tido contato com
campanhas de vacinação infantil.
No primeiro momento houve o contato com a agente de saúde da micro
área selecionada. Uma vez informada sobre os objetivos da pesquisa, a agente
repassava as informações às mães das crianças menores de um ano, que
Imuno 2005 2006 2007 2008 2009 Total
BCG (BCG) 90,74 99,21 91,89 87,04 95,66 92,90
Contra Febre Amarela (FA) 62,51 84,22 80,51 62,17 79,05 73,69
Contra Hepatite B (HB) 70,08 87,57 74,25 81,22 79,89 78,60
Oral Contra Poliomielite (VOP) 80,8 89,42 83,07 80,25 79,58 82,62
Oral Contra Poliomielite (Campanha 1ª etapa) (VOP) 95,44 96,67 89,62 92,54 90,87 93,02
Oral Contra Poliomielite (Campanha 2ª etapa) (VOP) 95,53 104,8 92,92 93,15 95,93 96,46
Oral de Rotavírus Humano (RR)(iniciado em 2006) 0 31,66 31,83 43,83 55,87 40,79
Tetravalente (DTP/Hib) (TETRA) 77,51 88,45 82,54 78,31 74,92 80,34
Tríplice Viral (SCR) 82,34116,7
4 79,63 76,01 75,66 86,07
35
conhecedoras dos elementos da pesquisa, eram interrogadas se aceitavam
participar. Para garantir a presença das mães que aceitavam participar das
discussões nos grupos, contatos posteriores eram estabelecidos com as agentes
de saúde para relembrar o dia do encontro, o horário e o local determinado.
Foram agendados dois encontros, com dois grupos de mães. Cada grupo
deveria possuir entre 4 a 10 participantes. No grupo da micro área de Ipoeirinha,
por motivo desconhecido, participaram 4 mães. Em Boa Vista registrou-se a
presença de 10 participantes.
3.4 A moderação dos grupos
O mediador é responsável pelo início, pela motivação e todo o desenrolar
dos debates, sendo o único que deve interferir e interagir com os participantes, de
modo a conduzir o grupo. Para Lervolino e Pelicioni (idem) “cabe ao moderador do
grupo criar um ambiente propício para que diferentes percepções e pontos de vista
venham à tona[...]”
O próprio autor fez a moderação dos encontros, que contou com a
colaboração de um aluno do curso de graduação em Administração, do Campus XI
da UNEB-Universidade do Estado da Bahia, para anotar e observar os
acontecimentos ocorridos nos grupos. As falas foram gravadas em fita cassete e o
áudio foi modificado para o formato MP3, através do software Sound Forge, antes
da sua transcrição. Este processo foi utilizado para facilitar a re-escuta no momento
de transcrever o material gravado.
Antes de iniciar cada, em cada grupo foram apresentadas algumas
regras básicas para o bom desempenho na condução dos encontros: a) uma
pessoa deveria falar de cada vez; b) a discussão não deveria ser dominada por
uma ou por outra pessoa; c) todas tinham o direito de falar o que pensavam; d) a
36
agente de saúde, facilitadora dos encontros, não poderia estar presente na reunião.
Para facilitar a condução dos grupos focais foi elaborado um roteiro
composto por cinco questões norteadoras (Quadro 2). Este roteiro permitiu um
maior aprofundamento da discussão e foi bastante útil ao fornecer insumos
significativos para análise dos fatores envolvidos na comunicação empregada nas
campanhas de vacinação infantil.
Quadro 2. Questões norteadoras.
1) Quando se fala em vacina o que vocês mais lembram?
2) Que importância tem as vacinas para as crianças?
3) Por que algumas mães não levam seus filhos menores de um ano para tomar todas as vacinas?
4)Vocês entendem as propagandas que falam em vacinação?
5) Como deveriam ser as propagandas?
37
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos a partir dos grupos focais nos deram a
oportunidade de acessar informações mais apuradas, para que pudéssemos
compreender como se dava a comunicação empregada no processo das
campanhas de vacinação infantil, como os pais ou responsáveis por crianças
menores de um ano se apropriavam e convertiam em prática as mensagens
recebidas. As informações também foram úteis para estabelecermos hipóteses
sobre as possíveis relações entre o índice de cobertura vacinal e a comunicação
empregada nas campanhas.
Os diálogos gravados e transcritos foram sistematizados a partir da
técnica de análise de conteúdos descrita por Bardin (apud Ferreira 2009). Os temas
centrais de cada grupo foram sublinhados a partir dos tópicos do roteiro que
nortearam as discussões e foram retirados trechos das conversas que aparecem
entre aspas e apresentados em itálico, sugerindo a fala de um participante ou parte
dela. Os argumentos elaborados a partir dos trechos permitiram uma melhor
compreensão dos significados buscados nos objetivos da pesquisa.
Através das informações colhidas nos grupos focais, a vacina foi
lembrada como uma forma de “prevenção de doenças”, de “evitar doenças” e “bom
para a saúde”. Nota-se um entendimento, embora superficial, sobre a vacina e o
processo da vacinação. Esse fato surge a partir das poucas palavras pronunciadas,
ou o silêncio de algumas mães, quando a questão proposta sobre vacina foi
apresentada para discussão.
O baixo nível de conhecimento acerca da imunização, por deficiência na
comunicação, já foi detectado em outras pesquisas. Um estudo realizado por
Molina et al (2007), no interior de São Paulo, observou que apenas 68,2% das
38
pessoas receberam orientação sobre a vacina que foi realizada; 70,0% sobre as
reações que poderiam ocorrer e 68,6% sobre o agendamento da próxima vacina,
ou seja, cerca de 30% das pessoas não foram devidamente orientadas nesses
quesitos.
Ao perguntarmos sobre a importância atribuída as vacinas, buscamos
identificar a significação da imunização para o grupo. “É eu acho assim... que a
importância da vacinação porque as vezes a gente pensa... ah essa vacina não tem
nem tanta serventia, acha que as doenças tá tão distante da gente... teve assim um
caso recente de uma colega minha que por conta da criança ter um baixo peso, não
foi vacinar contra aquela rotavírus e a criança contraiu... foi ai que eu analisei a
importância da gente vacinar a criança (...)” O valor da vacinação foi atribuído
quando uma situação real, um adoecimento, foi presenciado na comunidade.
Provavelmente muitas mães ou responsáveis não estejam plenamente convencidos
da importância da imunização. Silva et al (1999) sugere que uma das estratégias
para o aumento da cobertura vacinal seja o incremento das atividades da educação
e comunicação em saúde, no intuito de difundir informações aos grupos-alvo,
respeitando suas culturas e suas limitações educacionais.
Se foi atribuída alguma importância a vacinação, por que algumas mães
não levam seus filhos menores de um ano para tomar todas as vacinas? Quando
indagamos sobre esta questão, informações relevantes surgiram nos grupos: (...)
ainda não quebrou esse tabu... tem muitas mães que as vezes até comprimem
seus filhos nos braços na hora de aplicar uma vacina”. O medo da vacina foi
lembrado em diversos momentos, “outras mães não levam porque não quer ver as
crianças sendo maltratadas(...)”, “ela nunca levou a filha pra dar vacina porque não
queria ver o sofrimento da filha, é medo mesmo”. “Fica com medo porque não sabe
39
pra que a vacina serve”. “Não vacinou porque a criança estava com febre”.
As justificativas apontadas pelas mães para não vacinarem as crianças
pode contribuir no esclarecimento de problemas encontrados na conclusão de todo
o esquema de vacinação, preconizado pelo Ministério da Saúde. Em Campina
Grande, Paraíba, “a resistência dos pais foi apontada como a principal barreira para
o alcance da cobertura vacinal podendo esta ser fruto das crenças, cultura dos mais
velhos e até mesmo o medo da reação da vacina“ (FRANÇA et al, 2009, p.262).
Essa observação reforça a importância das práticas comunicativas, não só através
de campanhas publicitárias, mas também na comunicação interpessoal, com
relação à vacinação feita na data correta, contribuindo significativamente para
completar todo o esquema vacinal.
Transmitir informações na área da saúde é algo vital para o sucesso de
campanhas, sejam elas de vacinação ou de qualquer outra natureza. Mas os
resultados desejados só serão alcançados pelos diversos públicos a depender da
capacidade de entendimento de cada sujeito. O Ministério da Saúde, em âmbito
nacional, e as Secretarias Municipais de Saúde, em âmbito local, utilizam diversos
meios de comunicação para criar e veicular mensagens. Porém, os projetos de
comunicação em saúde se deparam com situações que envolvem questões
emocionais, sociais, de ordem econômica, etc. Isso torna o planejamento em
comunicação, nesta área da saúde, um desafio muito grande.
Apesar de todo o aparato usado na comunicação, ouvimos, nos grupos
focais que “as vezes eu acho as campanhas de vacina mais direcionadas para as
crianças, do que para os pais”. “Eu não vejo que chama a atenção dos pais não”.
Eu lembro mais da pólio, por causa do Zé Gotinha”.
Sendo assim, “(...) as campanhas deveriam... chamar mais a atenção
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dos pais...” No entendimento de algumas mães, as propagandas deveriam chamar
as famílias ao engajamento no processo da vacinação, assumir a responsabilidade
sobre a saúde da criança: “acho que precisa mais de incentivos às famílias”.
O governo tem elaborado estratégias para melhorar o nível de saúde da
população, em 2004 o Ministério da Saúde lançou a Agenda de Compromissos para
a Saúde Integral da Criança e Redução da Mortalidade Infantil. Integrando-se a
esta agenda, a família com crianças menores de sete anos, que detenham a Bolsa
Família, tem que levar a criança para tomar as doses de vacina e manter atualizado
o calendário de vacinação, caso contrário o benefício será passível de
cancelamento. A estratégia funciona mais como uma obrigatoriedade em manter o
benefício, do que a importância de se preservar a saúde através da vacinação.
Deve-se considerar também que o programa Bolsa Família atende apenas uma
parte da população. O tema obrigatoriedade foi lembrando nos encontros: “(...) o
governo que tá obrigando a gente ir até o posto... propaganda fosse diferente, que
a pessoa mesmo se conscientizasse...” Deveria ser desenvolvida uma campanha
onde as propagandas mostrassem as “conseqüências, os benefícios e os
malefícios ou não”; “...mais clara”. “A propaganda precisa passar com mais calma,
mais vezes. As vezes a gente tá na cozinha e quando chega a propaganda já
passou.”
Quando se planeja uma campanha publicitária que almeja atingir um
público diversificado, tanto no seu aspecto educacional, da educação formal
propriamente dita, quanto ao seu ponto de vista cultural, deve-se atentar não só
para o meio técnico que se usa, mas conhecer ao mínimo possível o público
trabalhado.
Quando indivíduos codificam ou decodificam mensagens, eles empregam
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não somente as habilidades e competências requeridas pelo meio técnico, mas também várias formas de conhecimento e suposições de fundo que fazem parte dos recursos culturais que eles trazem para apoiar o processo de intercâmbio simbólico. Estes conhecimentos e pressuposições dão forma às mensagens, à maneira como eles as entendem, se relacionam com elas e as integram em suas vidas. O processo de compreensão é sempre uma ação recíproca entre as mensagens codificadas e os intérpretes situados, e estes sempre trazem uma grande quantidade de recursos culturais de apoio a este processo (THOMPSON, 1998, p.261).
A comunicação em saúde, principalmente quando se deseja alcançar
índices satisfatórios na qualidade de vida da população infantil, deve chamar os
pais à responsabilidade através de ações contínuas, não apenas uma comunicação
pontual. Outro aspecto a ser levado em consideração são os veículos utilizados,
devem ser respeitados as particularidades locais e o acesso aos meios de
comunicação. Utilizar todos os meios possíveis, inclusive o engajamento de todos
os profissionais das Equipes de Saúde da Família.
A partir do conhecimento acerca da comunicação e da saúde, dos
diálogos produzidos nos grupos focais, da necessidade do engajamento cada vez
maior da população na construção de uma saúde igualitária, do comprometimento
dos comunicólogos e dos profissionais de saúde, agrupamos algumas idéias
práticas sobre estratégias em campanhas de vacinação.
Primeiro, as campanhas devem ser pensadas em nível local, respeitando
as particularidades de cada município, levando em consideração as crenças,
costumes e idéias do seu povo. Segundo, um planejamento eficiente em
comunicação, e aqui Gaudêncio Torquato, contribui com três funções, das dez em
que a administração pública precisa espelhar seus programas:
1. A comunicação como forma de integração interna – diapasão. Função: ajustamento organizacional. Os ambientes internos, alimentados por eficientes fontes de comunicação, motivam-se e integram-se ao espírito organizacional contribuindo de forma mais eficaz para a consecução das metas.2. A comunicação como base de cidadania.Função: direito à informação. A comunicação deve ser entendida como um
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dever da administração pública e um direito dos usuários e consumidores dos serviços. Sonegar tal dever e negar esse direito é um grave erro das entidades públicas. Os comunicadores precisam internalizar esse conceito, na crença de que a base da cidadania se assenta também no direito à informação.3. A comunicação como forma de integração social.Função: social. A comunicação tem o dom de integrar os grupos pelo elo informativo. Ou seja, quem dispõe das mesmas informações pode entender melhor seus semelhantes, dialogar, colocar-se no lugar do interlocutor. A comunicação, como a língua, exerce o extraordinário poder de integrar as comunidades, unindo-as em torno de um ideal (2002, p. 122-123).
Sobre as três funções: primeiro, é necessário manter toda a equipe de
profissionais de saúde atualizados com as informações sobre o setor em que
trabalham. Embora estejamos falando de campanhas, a comunicação empregada
neste processo deve ser contínua e não campanhista. Todos, do agente
administrativo ao médico, do enfermeiro ao agente de saúde, precisam estar
informados sobre as vacinas e vacinação. Isso facilita a aproximação com os pais
ou responsáveis pelas crianças, vai ser possível dirimir qualquer dúvida.
Segundo, a informação é imprescindível na saúde. Daí a comunicação
como base da cidadania, o direito à informação, e essa informação precisa ser
apresentada de forma clara, inteligível, contínua também. Utilizar todos os meios de
comunicação possíveis: o rádio, a televisão, os impressos, os carros de som, rádio
poste, a comunicação interpessoal em associações comunitárias, igrejas, clubes,
reuniões. Não se pode perder a oportunidade de se esclarecer sobre as vacinas,
todas elas, não se concentrar em apenas uma, isso é um erro. Como já foi visto,
nos dados sobre a cobertura vacinal em Conceição do Coité, a poliomielite aparece,
nos últimos cinco anos, com a maior média. Coincidentemente, é a mais lembrada
também nos grupos focais, e a que possui o maior número de peças publicitárias
produzidas.
Terceiro, a comunicação não pode ser individual, precisa-se de duas ou
mais pessoas para que ela aconteça. A comunicação como forma de integração
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social. A técnica do grupo focal é um meio eficiente para dialogar com mães, pais e
responsáveis por crianças. É uma maneira de dar oportunidade para que todos
tenham vez e voz, preconizado inclusive pela integralidade do Sistema Único de
Saúde (SUS). Com isso as pessoas se sentem valorizadas e integradas ao
processo, tornam-se agentes ativos, na construção de uma saúde cidadã.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os objetivos que conduziram este trabalho procuraram ir além do que um
simples levantamento de conhecimentos, atitudes e práticas podem mostrar como
resultado de investigação. Através da informações colhidas nos grupos focais, nas
observações, nas conversas informais com profissionais de saúde, na pesquisa
bibliográfica, foi possível chegar a algumas conclusões. Percebemos que as mães,
os pais e responsáveis por crianças, carecem de informações que os conduzam a
um melhor entendimento sobre a importância da vacinação, sobre os tipos de
vacinas que existem, para que servem, quais as possíveis reações. Que é
necessário um maior comprometimento dos profissionais de saúde com a
comunicação.
Apesar do avanço das tecnologias da informação e da comunicação,
com o surgimento dos celulares cada vez mais modernos, DVD, TV e rádio digitais,
Internet, com todo esse novo aparato, as campanhas organizadas pelos governos
continuam seguindo apenas uma direção. Embora tenhamos registrado uma maior
mobilização da sociedade civil organizada na questão da comunicação social,
principalmente através das Conferências de Comunicação já realizadas, bem como
as Conferências de Saúde, mudanças nas peças publicitárias, ainda há um longo
caminho a percorrer, no sentido de construirmos uma política pública de
comunicação em saúde que seja duradoura e convincente.
Outros estudos qualitativos são prioritários para confirmar os achados
descritos neste trabalho. A comunicação em saúde e uma política pública neste
setor, merece atenção especial das universidades e outras instituições que desejam
encontrar um ponto de equilíbrio entre os campos da comunicação social e a
saúde.
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A conclusão deste trabalho demonstra a importância de se articular a
comunicação e a saúde, pela onipresença dos meios técnicos da comunicação, a
identificação e a interatividade de tais meios no cotidiano do público responsável
pela vacinação de crianças. E não menos importante, os meios desempenham um
papel fundamental nos processos de significação e ressignificação da noção de
saúde junto a esta população, a partir da sua própria vivência.
Nessa perspectiva, sugerimos um aprofundamento na análise da
importância desta pesquisa e de outras de cunho qualitativo, no intuito de fortalecer
ou construir as políticas de comunicação em saúde e melhorar o desempenho das
campanhas de vacinação infantil.
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ANEXOS
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