TRABALHO DE ANALISE CONTÁBIL

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO CURSO SUPERIOR DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO ANÁLISE CONTÁBIL DAVID DA SILVA DUTRA

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADOCURSO SUPERIOR DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO

ANÁLISE CONTÁBIL

DAVID DA SILVA DUTRA

Gama/DF2010

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADOCURSO SUPERIOR DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO

ANÁLISE CONTÁBIL

ATIVIDADE DE PORTIFÓLIO MODULO V

Trabalho apresentado ao Curso Superior de Bacharelado em Administração da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para a disciplina de Análise Contábil.Orientador: Prof.; Luciano Gomes dos Reis.

Gama/DF 2010

SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO...............................................................................................................

DESENVOLVIMENTO...................................................................................................

CONCLUSÃO................................................................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................

INTRODUÇÃO

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O tempo está se esgotando para as empresas ajustarem os seus procedimentos contábeis às

novas práticas e normas obrigatórias que precisarão ser observadas na apresentação das

demonstrações financeiras de 31 de dezembro de 2010, conforme as Leis nº 11.638/07 e

11.941/09, que estabeleceram a convergência do que era praticado no Brasil às Normas

Internacionais de Contabilidade – IFRS.

Para se adequar de forma eficiente, os profissionais de contabilidade da sua empresa

precisam conhecer em profundidade as complexas modificações nas normas de contabilidade

brasileira estabelecidas pelos pronunciamentos técnicos do CPC. A sua empresa também já

deveria ter concluído a demonstração financeira de 31 de dezembro de 2009 de acordo com

as novas normas. Nos balanços contábeis de 2010 será necessário incluir os dados

comparativos de 2009, todos em conformidade com as normas das Novas Demonstrações

Contábeis Brasileiras.

As Leis nº 11.638/07 e 11.941/09 e os pronunciamentos contábeis do CPC se aplicam a todas

sociedades por ações de capital aberto e fechado, instituições financeiras bancárias e não

bancárias e as grandes grandes empresas mesmo sendo de capital fechado (limitadas). Até

pequenas e médias empresas de capital limitado de maneira simplificada devem adotar essas

novas normas contábeis, para facilitar o seu acesso ao crédito, melhorar e aumentar a sua

transparência corporativa, viabilizar investimentos e ainda facilitar a contratação dos seus

serviços.. As modificações são complexas e requerem urgência na sua compreensão. As

empresas que deixarem para a última hora terão sérias dificuldades para cumprir a legislação,

correrão contra o relógio e serão ineficazes em suas apresentações de resultados a órgãos

reguladores, acionistas, quotistas, investidores, credores e ao mercado em geral

FLUXO DE CAIXA – INSTRUMENTO DE PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO E BASE DE APOIO AO PROCESSO DECISÓRIO

Introdução

A crescente complexidade do processo administrativo leva os gestores a buscarem incansavelmente alternativas para superar os desafios encontrados no seu dia-a-dia. A escassez de recursos financeiros e o elevado custo para sua captação, juntamente com a falta de planejamento e controle, têm contribuído para que muitas empresas encerrem suas atividades. Em épocas de crise o gestor precisa de informações contábeis precisas e oportunas para apoiar o seu processo decisório.

O objetivo do presente trabalho não é apresentar algo novo, mas sim, evidenciar a existência de ferramentas eficazes na gestão empresarial. Como exemplo disso temos o planejamento e o controle financeiro, que quando implantados com seriedade na gestão de uma empresa contribuem para o acompanhamento das diretrizes e para o alcance das metas estabelecidas.

Assim, o trabalho está dividido em duas partes. A primeira mostra o fluxo de caixa como peça fundamental do planejamento e controle financeiro, apresentando-se como instrumento imprescindível na gestão empresarial. A segunda parte evidencia o valor informativo do fluxo de caixa em forma de

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demonstração contábil, visando atender às necessidades dos usuários externos.

Planejamento e controle financeiro

Planejar é uma das tarefas mais importantes do gestor. Através do planejamento é que se realiza uma gestão eficaz. Administrar uma empresa sem planejar suas atividades é como pilotar uma aeronave sem fazer o plano de vôo: fica-se sujeito a um pouso forçado a qualquer momento e lugar, podendo sofrer apenas um grande susto, como também ter destruição total. Se não planejar suas atividades, o gestor corre o risco de ser surpreendido por imprevistos e colocar a empresa em grandes dificuldades, ou até mesmo levá-la à falência. O planejamento se faz necessário em todas as atividades da empresa, mas principalmente nas atividades da área financeira. ROSS et al. (1995:522) afirmam:

“O planejamento financeiro determina as diretrizes de mudança numa empresa. É necessário porque (1) faz com que sejam estabelecidas as metas da empresa para motivar a organização e gerar marcos de referência para a avaliação de desempenho, (2) as decisões de investimento e financiamento da empresa não são independentes, sendo necessário identificar sua interação, e (3) num mundo incerto a empresa deve esperar mudanças de condições, bem como surpresas.”

Nesse contexto, planejamento financeiro é o processo formal que conduz a administração da empresa a acompanhar as diretrizes de mudanças e a rever, quando necessário, as metas já estabelecidas. Assim, poderá a administração visualizar com antecedência as possibilidades de investimento, o grau de endividamento e o montante de dinheiro que considere necessário manter em caixa, visando seu crescimento e sua rentabilidade.

GITMAN (1987:250) afirma: “Os planos financeiros e orçamentos fornecem roteiros para atingir os objetivos da empresa. Além disso, esses veículos oferecem uma estrutura para coordenar as diversas atividades da empresa e atuam como mecanismo de controle estabelecendo um padrão de desempenho contra o qual é possível avaliar os eventos reais.”

Nota-se que o planejamento financeiro, além de indicar caminhos que levam a alcançar os objetivos da empresa, tanto a curto como a longo prazo, cria mecanismos de controle que envolvem todas as suas atividades operacionais e não-operacionais. O planejamento e o controle orçamentário, quando realizado juntamente com o controle financeiro, possibilitam mudanças táticas rápidas para tratar de eventos estranhos ao processo administrativo, os quais colocam em risco o alcance das metas estabelecidas. Aumentos inesperados no índice de inadimplência no recebimento de créditos ou dificuldades na obtenção de recursos de terceiros são rapidamente identificados. Com um controle financeiro eficaz, a empresa poderá sempre adotar uma postura proativa em relação a tais eventos.

Na visão de WELSCH (1996:255-256), o planejamento e o controle de disponibilidades normalmente devem estar relacionados a três dimensões temporais diferentes:

1. Planejamento a longo prazo quando a ocorrência de fluxos corresponde às dimensões dos projetos de investimento e à dimensão temporal do plano de resultados a longo prazo (geralmente de cinco anos).

2. Planejamento a curto prazo quando a ocorrência de fluxos está enquadrada no plano anual de resultados.

3. Planejamento operacional, em que as entradas e saídas de caixa são projetadas para o mês, a semana ou o dia seguinte.

O planejamento financeiro a longo prazo busca conhecer antecipadamente o impacto da implementação de ações projetadas sobre a situação financeira da empresa, indicando ao gestor se haverá excesso ou insuficiência de recursos financeiros. O planejamento financeiro a curto prazo reflete a preocupação de estimar detalhadamente as entradas e saídas de dinheiro geradas pela própria atividade da empresa. E o planejamento operacional destina-se ao controle preciso das disponibilidades, a fim de minimizar os encargos financeiros dos empréstimos e maximizar os rendimentos das aplicações dos excessos.

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Afirmam GROPELLI e NIKBAKHT (1998:365):“O sucesso e a solvência de uma empresa não podem ser garantidos meramente por projetos rentáveis e pelo aumento das vendas. “A crise de liquidez”, isto é, a falta de caixa para pagar as obrigações financeiras sempre põe em perigo uma companhia.”

A gestão financeira, para ser eficaz, precisa estar sustentada e orientada por um planejamento de suas disponibilidades. Para isso o gestor precisa de instrumentos confiáveis que o auxiliem a otimizar os rendimentos dos excessos de caixa ou a estimar as necessidades futuras de financiamentos, para que possa tomar decisões certas e oportunas. A sobrevivência e o crescimento da empresa são conseqüências de um planejamento que envolve volume de vendas com margens de lucros que remunerem de forma satisfatória o capital investido e um plano de recebimentos e pagamentos intercalados com boa margem de segurança do primeiro para o segundo, garantindo assim a viabilidade e a permanência da empresa no mercado. Neste contexto, o fluxo de caixa tem-se apresentado como uma das ferramentas mais eficazes na gestão financeira das empresas, como afirma ZDANOWICZ (1998:19): “O fluxo de caixa é o instrumento que permite ao administrador financeiro planejar, organizar, coordenar, dirigir e controlar os recursos financeiros de sua empresa para um determinado período.”

O fluxo de caixa possibilita ao gestor programar e acompanhar as entradas (recebimentos) e as saídas (pagamentos) de recursos financeiros, de forma que a empresa possa operar de acordo com os objetivos e as metas determinadas, a curto e a longo prazos. A curto prazo para gerenciar o capital de giro e a longo prazo para fins de investimentos.

Gerenciamento do fluxo de caixa

Os relatórios provenientes do sistema contábil são os principais instrumentos de gestão empresarial, tendo como objetivo fornecer informações relevantes para que cada usuário possa tomar suas decisões com segurança. No entanto, com a crescente complexidade das organizações empresariais, somente com as informações clássicas da contabilidade, ou seja, Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultado do Exercício - DRE e Demonstração de Origem e Aplicação dos Recursos - DOAR, dificilmente o gestor terá conhecimento imediato e oportuno da verdadeira liquidez da sua empresa. Não basta a empresa apresentar lucro contábil. É preciso que a equação “Ativo Circulante vs. Passivo Circulante” esteja compatível com sua necessidade de capital de giro. Isto faz com que o gestor se utilize de todos os instrumentos disponíveis que, juntamente com os demais demonstrativos contábeis, ajude-o a interpretar a realidade financeira da empresa, conhecendo e coibindo eventos estranhos que possam afetar o seu desempenho financeiro.

Assim, o fluxo de caixa apresenta-se como uma ferramenta de aferição e interpretação das variações dos saldos do Disponível da empresa. É o produto final da integração do Contas a Receber com o Contas a Pagar, de tal forma que, quando se comparam as contas recebidas com as contas pagas tem-se o fluxo de caixa realizado, e quando se comparam as contas a receber com as contas a pagar, tem-se o fluxo de caixa projetado. (Sá, 1998:03)

Figura 1- O fluxo de caixa é o produto final da integração do Contas aReceber com o Contas a Pagar.

Contasa

Receber

Contasa

Pagar

Fluxode

Caixa

Caixa Bancos Aplicações

Fonte: (Sá, 1998:10)

O fluxo de caixa é um retrato fiel da composição da situação financeira da empresa. É imediato e pode ser atualizado diariamente, proporcionando ao gestor uma radiografia permanente das

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entradas e saídas de recursos financeiros da empresa. O fluxo de caixa evidencia tanto o passado como o futuro, o que permite projetar, dia a dia, a evolução do disponível, de forma que se possam tomar com a devida antecedência, as medidas cabíveis para enfrentar a escassez ou o excesso de recursos.

Por outro lado é importante ressaltar que o fluxo de caixa também apresenta suas limitações. Uma delas é a incapacidade de fornecer informações precisas sobre o lucro e sobre os custos dos produtos da empresa. Isto porque as apurações e demonstrações são realizadas pelo regime de caixa e não pelo regime de competência. Todavia, pode-se afirmar que o fluxo de caixa é um instrumento de controle e análise financeira que juntamente com as demais demonstrações contábeis torna-se efetivamente um instrumento de apoio à tomada de decisões de caráter financeiro.

Fluxo de caixa realizado

A finalidade do fluxo de caixa realizado é mostrar como se comportaram as entradas e as saídas de recursos financeiros da empresa em determinado período. O estudo cuidadoso do fluxo de caixa realizado, além de propiciar análise de tendência, serve de base para o planejamento do fluxo projetado.

Outro aspecto que deve ser considerado é a comparabilidade que existe entre os fluxo de caixa realizado e o projetado. Isto possibilita identificar os motivos das variações ocorridas, se ocorreram por falha de projeções ou por falhas de gestão. A análise das variações ocorridas no fluxo de caixa permite identificar as causas de eventuais divergências de valores; funciona como feedback, gerando informações para o processo decisório e para o planejamento financeiro futuro.

Fluxo de caixa projetado

O objetivo principal do fluxo de caixa projetado é informar como se comportará o fluxo de entradas e saídas de recursos financeiros em determinado período, podendo ser projetado a curto ou a longo prazo. A curto prazo busca-se identificar os excessos de caixa ou a escassez de recursos dentro do período projetado, para que através dessas informações se possa traçar uma adequada política financeira. A longo prazo, o fluxo de caixa projetado, além de identificar os possíveis excessos ou escassez de recursos, visa também obter outras informações importantes, tais como:

verificar a capacidade da empresa de gerar os recursos necessários para custear suas operações;

determinar o capital em giro no período; determinar o Índice de Eficiência Financeira da empresa. (IEF = capital em giro / capital

de giro da empresa); determinar o grau de dependência de capitais de terceiros da empresa; etc.

É bom lembrar que as informações de que a empresa dispõe para elaborar o fluxo de caixa projetado a curto prazo diferem daquelas que estão disponíveis quando se projeta a longo prazo. Normalmente, quando se projeta a curto prazo, as principais operações que vão provocar entradas e saídas de dinheiro já foram realizadas e a empresa trabalha com relativo grau de certeza dos recebimentos e/ou pagamentos dentro do período. No entanto, quando se projeta a longo prazo, o que se conhece são apenas projeção das operações de ingressos e/ou desembolsos de recursos financeiros, ficando o fluxo de caixa projetado a longo prazo exposto a eventos estranhos ao conhecimento primário por parte da empresa, podendo comprometer as previsões consideradas.

Demonstração do fluxo de caixa realizado

Diante da abertura de mercado e da internacionalização de capitais, os investidores e financiadores de capitais buscam a cada dia mecanismos que permitam uma análise mais segura da situação financeira da empresa em que pretendam investir. As informações obtidas através das demonstrações contábeis clássicas não são suficientes para que os analistas de mercado avaliem os riscos e a capacidade de retorno do investimento que a empresa oferece. Segundo YOSHITAKE e HOJI (1997:149), os analistas de balanços com visão moderna dão mais importância ao fluxo de caixa:

“ ... não é muito importante saber se uma empresa teve lucro ou prejuízo em determinado exercício, pois o resultado pode ter sido maquilado por algum artifício contábil permitido pela lei e, portanto, sem conhecer o fluxo de caixa, não se pode saber que capacidade a empresa tem em gerar receita.”

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Seguindo esse raciocínio, pode-se concluir que lucro não é sinônimo de caixa. De forma que a empresa pode apresentar lucro em suas demonstrações contábeis, no entanto, estar com dificuldade de geração de caixa. Ainda segundo os autores acima: “É sempre bom lembrar que as empresas quebram não por falta de lucro e sim por falta de caixa.” Cabe, porém, ressaltar, que as empresas também não sobrevivem sem lucros, pois sem remunerar o capital investido, a tendência é que as atividades operacionais consumam todo o capital de giro disponível e as levem ao processo de falência.

Para conhecer a capacidade de geração de caixa de uma empresa, é necessário obter, além das demonstrações contábeis clássicas, uma demonstração que evidencie os recebimentos e pagamentos de um determinado período. Buscando atender a essas necessidades dos usuários da informação contábil, países como Inglaterra, Japão, Estados Unidos e outros estão exigindo a publicação da demonstração do fluxo de caixa, por entenderem que somente as demonstrações contábeis clássicas não permitem uma análise segura da situação financeira da empresa.

Nos Estados Unidos, o Financial Accounting Standards Board – FASB (Comitê de Normas de Contabilidade Financeira), através do pronunciamento FASB 95 de novembro de 1987, passou a exigir a apresentação da demonstração do fluxo de caixa, em substituição à DOAR, por entender que essa demonstração facilita o entendimento por parte do usuário externo. De acordo com os §§ 4º e 5º do FASB 95, a demonstração do fluxo de caixa tem a finalidade de fornecer informações sobre os recebimentos e pagamentos da empresa em um determinado período, que utilizadas em conjunto com as informações das outras demonstrações contábeis, possibilitarão aos investidores, credores, acionistas e outros interessados conhecerem aspectos importantes da forma de condução do negócio e avaliarem a capacidade da empresa de geração de caixa futuro. Além desses aspectos, as informações sobre o fluxo de caixa poderão identificar a necessidade de financiamento a curto e a longo prazo.

Apresentação do fluxo de caixa realizado

A demonstração de fluxo de caixa não é um demonstrativo novo, pois há tempo é utilizado por muitas empresas para fins gerenciais. No entanto, com a crescente importância dada ao fluxo de caixa na avaliação de viabilidade econômica de projetos, na avaliação de riscos de investimentos, nas operações de fusão e aquisição de empresas, criou-se a necessidade de o usuário externo ter acesso a essas informações, para conhecer a real situação financeira da empresa. Assim, o fluxo de caixa realizado de um período passa a fazer parte das demonstrações contábeis dirigidas aos usuários externos, com o propósito de informá-los sobre o fluxo de ingressos e desembolsos de recursos financeiros resultantes das atividades da empresa.

No Brasil a demonstração do fluxo de caixa ainda não é obrigatória para efeito de publicação. Entretanto estudos em andamentos no Conselho Federal de Contabilidade e no Instituo Brasileiro de Contadores – Ibracon, vêm demonstrando tendência favorável à publicação, de forma que algumas empresas e os fundos de investimentos imobiliários já estão publicando-a junto com as demonstrações contábeis, pois a mesma evidencia as entradas e saídas de caixa no período, numa linguagem que facilita a interpretação para os usuários das demonstrações financeiras (Terco Auditoria e Consultoria S/C, 1998).

O fluxo de caixa realizado pode ser apresentado por meio de duas formas: o método direto e o método indireto. Veja a representação gráfica, a seguir:

Figura 2 - Método Direto vs. Método Indireto

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Fonte: (Sá, 1998:36)

O método direto demonstra os recebimentos e pagamentos derivados das atividades operacionais da empresa em vez do lucro líquido ajustado. Mostra efetivamente as movimentações dos recursos financeiros ocorridos no período. Apresenta-se a seguir modelo adaptado de YOSHITAKE e HOJI (1997:153)

Figura 3 - Demonstração do fluxo de caixa - Método direto

INGRESSOS DE RECURSOSRecebimentos de clientes xxPagamentos a fornecedores (xx)Despesas administrativas e comerciais (xx)Despesas financeiras (xx)Impostos (xx)Mão-de-obra direta (xx)(=) Ingressos de recursos provenientes das operações xxRecebimentos por vendas do imobilizado xx(=) Total dos ingressos dos recursos financeiros xxDESTINAÇÕES DE RECURSOSAquisição de bens do imobilizado xxPagamentos de Empréstimos bancários xx(=) Total das destinações de recursos financeiros xxVariação líquida de Disponibilidades xx(+) Saldo inicial xx(=) Saldo final de Disponibilidade xx

Como se verifica, a demonstração pelo método direto facilita ao usuário avaliar a solvência da empresa, pois evidencia toda a movimentação dos recursos financeiros, as origens dos recursos de caixa e onde eles foram aplicados.

Já o método indireto é aquele no qual os recursos provenientes das atividades operacionais são demonstrados a partir do lucro líquido, ajustado pelos itens considerados nas contas de resultado

EntradasOperacionais

SaídasOperacionais

Lucro Líquido

Ajustes

Geração Interna de Caixa

Geração Operaci-onal de Caixa

Fluxo Operacional

Geração Não Ope-racional de Caixa

Variação do Disponível

MenosMais / Menos

Igual

Mais / Menos

Igual

Igual

Mais / Menos

Mét

odo

Dir

eto

Método Indireto

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que não afetam o caixa da empresa. A seguir apresenta-se um modelo adaptado de YOSHITAKE e HOJI (1997:151)

Figura 4 - Demonstração do fluxo de caixa - Método indireto

ORIGENSLucro líquido do exercício xxMais:

Depreciações xxAumento em imposto de renda a pagar xxAumento em fornecedores xx

Menos:Aumento em clientes (xx)

(=) Caixa gerado pelas operações xxVenda do Imobilizado xx(=) Total dos ingressos de Disponibilidade xxAPLICAÇÕES

Pagamento de Empréstimos bancários xxAquisição de Imobilizado xx(=) Total das aplicações de Disponibilidades xx

Variação líquida das Disponibilidades xx(+) Saldo inicial xx(=) Saldo final das Disponibilidades xx

Observa-se pelo modelo apresentado, que a demonstração pelo método indireto é semelhante à DOAR, principalmente pela sua parte inicial, exigindo do usuário maior conhecimento de contabilidade.

Os modelos apresentados seguem a estrutura tradicional da demonstração do fluxo de caixa, que tem como objetivo principal mostrar apenas as entradas e saídas de recursos financeiros. De acordo com YOSHITAKE e HOJI (1997:153), basicamente demonstram os seguintes itens:

a) Entradasb) Saídasc) Diferença (a – b)d) Saldo Iniciale) Saldo Final (c + d)

Demonstração dos fluxos de caixa realizado por atividades

Numa visão moderna e buscando aumentar a capacidade informativa dessa demonstração é que muitos países, inclusive o Brasil, estão aderindo ao modelo apresentado pelo Financial Accounting Standards Board – FASB, que classifica as atividades em três categorias: atividades operacionais, atividades de investimentos e atividades de financiamentos.

1. Atividades Operacionais: são classificadas nessa categoria aquelas atividades normalmente decorrentes da operação da empresa, tais como: recebimentos pela venda de produtos e serviços; pagamento de fornecedores; despesas operacionais; salários; encargos sociais e outros recebimentos e pagamentos não classificados como atividades de investimentos ou de financiamentos.

2. Atividades de Investimentos: compreendem as transações: concessão e recebimento de empréstimos, compra e resgate de títulos financeiros, aquisição e venda de participações em outras sociedades, compra e venda de ativos utilizados na produção de bens e serviços ligados ao objetivo social da entidade. Não compreendem porém, as aquisições de ativos com o objetivo de revenda.

3. Atividades de Financiamentos: incluem-se nessa categoria: a captação de recursos dos proprietários ou acionistas; a devolução dos recursos e os rendimentos desses recursos

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em forma de dividendos ou não; a captação de empréstimos de terceiros, sua amortização e remuneração e a obtenção e amortização de outros recursos classificados no longo prazo.

Segundo PINHO (1996:9):“A demonstração dos fluxos de caixa para um determinado período deve apresentar o fluxo de caixa líquido oriundo ou aplicado nas atividades operacionais, de investimentos e de financiamentos e o seu efeito líquido sobre os saldos de caixa, conciliando seus saldos no início e no final do período”.

A movimentação dos recursos financeiros apresentados na demonstração dos fluxos de caixa não inclui somente os saldos de moedas em caixa e os depósitos em contas bancárias: considera também os equivalentes de caixa, ou seja, as contas que possuem as mesmas características de liquidez e de disponibilidade imediata.

Método de apresentação

Segundo o CRCSP (1997:112-113), o fluxo de caixa referente às transações originadas de atividades operacionais poderá ser apresentado pelo método direto ou indireto. O FASB através da FAS-95 incentiva, mas não exige a utilização do método direto. Com relação às transações originadas em atividades de investimento ou financiamento, tanto pelo método direto como pelo indireto não apresentam diferença na demonstração do fluxo de caixa.

A apresentação pelo método direto, do demonstrativo do fluxo de caixa das atividades operacionais, deve refletir o montante bruto dos componentes principais dos recebimentos e dos pagamentos por caixa, tais como:

recebimento de clientes, aluguéis e outros recebimentos similares; recebimento de juros e dividendos; quaisquer outros recebimentos por caixa; pagamento a empregados, fornecedores incluindo os de serviços como seguros,

propaganda e outros; pagamento de juros, impostos e outros pagamentos similares; quaisquer outros pagamentos por caixa.

A empresa poderá optar por determinar indiretamente os valores que compõem o fluxo de caixa líquido de suas atividades operacionais pela conciliação do lucro líquido com o fluxo de caixa líquido proveniente das atividades operacionais, utilizando desta maneira o método indireto. No entanto, para conciliar o lucro líquido com o fluxo de caixa líquido se fazem necessários alguns ajustes para eliminar do lucro líquido o efeito de todos os valores diferidos decorrentes de operações de recebimentos e pagamentos, bem como os efeitos de todos os itens classificados no fluxo de caixa como investimentos ou financiamentos, tais como: depreciação, amortização de fundo de comércio, ganhos ou perdas com vendas do ativo imobilizado e outras operações descontínuas.

Independentemente de a empresa optar pelo método direto ou indireto para demonstrar o fluxo de caixa líquido decorrente de suas atividades operacionais, o FASB-95 requer a conciliação do lucro líquido com o fluxo de caixa líquido. Esta conciliação proporciona informações sobre o efeito líquido das transações operacionais e de outros eventos que afetam o lucro líquido e o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais em diferentes períodos.

Se a empresa optar pelo método direto a conciliação deve ser feita em demonstrativo anexo à demonstração do fluxo de caixa. Se a opção for pelo método indireto, a conciliação pode ser incluída como parte da demonstração. Outras informações não contempladas pela demonstração devem ser evidenciadas em notas explicativas. Informar em notas explicativas o índice médio de inadimplência, por exemplo, é um método que provavelmente ajudará os usuários externos a formarem melhor opinião sobre a capacidade de realização dos créditos da empresa.

A seguir é apresentado modelo dos métodos direto e indireto, adaptados do CRCSP (1997:114), baseado no FASB-95.

Figura 5 - Demonstração do fluxo de caixa - Método direto

Fluxo de caixa das atividades operacionaisRecebimentos de clientes xxDividendos recebidos xx

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Juros recebidos xxRecebimentos por reembolso de seguros xxRecebimentos de lucros de subsidiárias xxPagamentos a fornecedores (xx)Pagamentos de salários e encargos (xx)Imposto de renda pago (xx)Juros pagos (xx)Outros recebimentos ou pagamentos líquidos xx

Caixa Líquido das Atividades Operacionais xxFluxo de caixa das atividades de investimentos

Alienação de imobilizado xxAlienação de investimentos xxAquisição de imobilizado (xx)Aquisição de investimentos (xx)

Caixa Líquido das Atividades de Investimentos xxFluxo de caixa das atividades de financiamentos

Integralização de capital xxJuros recebidos de empréstimos xxEmpréstimos tomados xxAumento do capital social xxPagamento de leasing (principal) (xx)Pagamentos de lucros e dividendos (xx)Juros pagos por empréstimos (xx)Pagamentos de empréstimos/debêmtures (xx)

Caixa Líquido das atividades de financiamentos xxAumento ou redução de Caixa Líquido xxSaldo de Caixa – Inicial xxSaldo de Caixa – Final xx

Figura 6 - Conciliação do resultado líquido com ocaixa líquido das atividades operacionais

Resultado Líquido xx(±) Ajustes que não representam entrada ou saída de caixa xx(+) Depreciação e amortização xx(+) Provisão para devedores duvidosos xx(±) Resultado na venda do imobilizado xx(±) Aumento ou diminuição do contas a receber xx(±) Aumento ou diminuição de estoques xx(±) Aumento ou diminuição de despesas antecipadas xx(±) Aumento ou diminuição de passivos xx(±) Aumento ou diminuição de outros ajustes xx

(=) Caixa Líquido das Atividades Operacionais xx

Figura 7 - Demonstração do fluxo de caixa - Método indireto

Fluxo de caixa das atividades operacionaisResultado Líquido xx

(±) Ajustes que não representam entrada ou saída de caixa xx(+) Depreciação e amortização xx(+) Provisão para devedores duvidosos xx(±) Resultado na venda do imobilizado xx(±) Aumento ou diminuição do contas a receber xx(±) Aumento ou diminuição de estoques xx(±) Aumento ou diminuição de despesas antecipadas xx(±) Aumento ou diminuição de passivos xx(±) Aumento ou diminuição de outros ajustes xx

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(=) Caixa Líquido das Atividades Operacionais xx

Fluxo de caixa das atividades de investimentos(+) Alienação de imobilizado xx(+) Alienação de investimentos xx(-) Aquisição de imobilizado xx(-) Aquisição de investimentos xx

(=) Caixa Líquido das Atividades de Investimentos xx

Fluxo de caixa das atividades de financiamentos(+) Integralização de capital xx(+) Juros recebidos de empréstimos xx(+) Empréstimos tomados xx(+) Aumento do capital social xx(-) Pagamento de leasing (principal) xx(-) Pagamentos de lucros e dividendos xx(-) Juros pagos por empréstimos xx(-) Pagamentos de empréstimos/debêmtures xx

(=) Caixa Líquido das atividades de financiamentos xx

(=) Aumento ou redução de Caixa Líquido xx

É oportuno lembrar que os modelos das demonstrações ora apresentados são ferramentas de apoio ao processo decisório construídas com base nas informações do fluxo de caixa realizado, destinadas a atender aos usuários externos, informando-lhes a situação e a capacidade que a empresa teve de geração de caixa num determinado período.

Conclusão

Buscou-se nesse trabalho apresentar ferramentas para evidenciar um dos ativos mais importante de uma empresa, o “Disponível” - pois é ele que supre as necessidades básicas diárias de uma organização, permitindo a continuidade de seu funcionamento.

Percebe-se ainda mais a importância do fluxo de caixa na gestão financeira quando as empresas, principalmente aquelas com segmentos de produtos pouco diferenciados, elaboram o fluxo de caixa para cada linha de produto, procurando obter informações cada vez mais detalhadas do seu processo administrativo diário, facilitando assim o seu processo decisório.

O fluxo de caixa é apresentado como instrumento essencial para a gestão do disponível. A empresa que mantém continuamente atualizado seu fluxo de caixa poderá dimensionar a qualquer momento o volume de entradas e saídas de recursos financeiros, através de mudanças nos prazos de recebimentos e pagamentos, bem como fixar o nível desejado de disponibilidade para o próximo período.

Foram apresentadas várias formas e métodos de se elaborar um fluxo de caixa. Não existe um modelo melhor que o outro, tudo depende da necessidade de informação do usuário. É importante ressaltar que apesar de sua validade o fluxo de caixa apresenta limitações em oferecer informações que diz respeito ao lucro e aos custos dos produtos da empresa. Isto porque sua elaboração é feita pelo regime de caixa e não pelo regime de competência. Todavia, o fluxo de caixa é mais um instrumento que o gestor e o analista de mercado têm a seu alcance, para que, juntando-o às demais demonstrações contábeis, possam tomar suas decisões com maior segurança.

BIBLIOGRAFIA

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Mosselman Du Chenoy Castro. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 1998.PINHO, Adelino Dias. Demonstração dos fluxos de caixa. São Paulo: Boletim do Ibracon, n.º 220

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TERCO AUDITORIA E CONSULTORIA S/C. Demonstrações de origens e aplicações de recursos e

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WELSCH, Glenn Albert. Orçamento empresarial. Tradução e adaptação à terminologia contábil brasileira de Antônio Zoratto Sanvicente. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

YOSHITAKE, Mariano. e HOJI, Masakazu. Gestão de Tesouraria: controle e análise de transações

financeiras em moeda forte. São Paulo: Atlas, 1997.

ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de caixa: uma decisão de planejamento e controle financeiros. 7. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1998.

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – DVA

Júlio César Zanluca

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é o informe contábil que evidencia, de forma sintética, os valores correspondentes à formação da riqueza gerada pela empresa em determinado período e sua respectiva distribuição.

Obviamente, por se tratar de um demonstrativo contábil, suas informações devem ser extraídas da escrituração, com base nas Normas Contábeis vigentes e tendo como base o Princípio Contábil da Competência.

A riqueza gerada pela empresa, medida no conceito de valor adicionado, é calculada a partir da diferença entre o valor de sua produção e o dos bens e serviços produzidos por terceiros utilizados no processo de produção da empresa.

A utilização do DVA como ferramenta gerencial pode ser resumida da seguinte forma:

1) como índice de avaliação do desempenho na geração da riqueza, ao medir a eficiência da empresa na utilização dos fatores de produção, comparando o valor das saídas com o valor das entradas, e

2) como índice de avaliação do desempenho social à medida que demonstra, na distribuição da riqueza gerada, a participação dos empregados, do Governo, dos Agentes Financiadores e dos Acionistas.

O valor adicionado demonstra, ainda, a efetiva contribuição da empresa, dentro de uma visão global de desempenho, para a geração de riqueza da economia na qual está inserida, sendo resultado do esforço conjugado de todos os seus fatores de produção..

A Demonstração do Valor Adicionado, que também pode integrar o Balanço Social, constitui, desse modo, uma importante fonte de informações à medida que apresenta esse conjunto de elementos que permitem a análise do desempenho econômico da empresa, evidenciando a geração de riqueza, assim como dos efeitos sociais produzidos pela distribuição dessa riqueza.

Modelo de DVA

Page 15: TRABALHO DE ANALISE CONTÁBIL

Demonstração do Valor Adicionado

Cia. Produtiva

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em R$ mil 20X1 20X2

DESCRIÇÃO    

1-RECEITAS    

1.1) Vendas de mercadoria, produtos e serviços    

1.2) Provisão p/devedores duvidosos – Reversão/(Constituição)    

1.3) Não operacionais    

2-INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (inclui ICMS e IPI)    

2.1) Matérias-Primas consumidas    

2.2) Custos das mercadorias e serviços vendidos    

2.3) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros    

2.4) Perda/Recuperação de valores ativos    

3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)    

4 – RETENÇÕES    

4.1) Depreciação, amortização e exaustão    

5 –VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4)

   

6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA    

6.1) Resultado de equivalência patrimonial    

6.2) Receitas financeiras    

7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)    

8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO    

8.1) Pessoal e encargos    

8.2) Impostos, taxas e contribuições    

8.3) Juros e aluguéis    

Page 17: TRABALHO DE ANALISE CONTÁBIL

8.4) Juros s/ capital próprio e dividendos    

8.5) Lucros retidos / prejuízo do exercício    

* O total do item 8 deve ser exatamente igual ao item 7.    

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – UMA CONTRIBUIÇÃO DA CONTABILIDADE PARA A

1.1 INTRODUÇÃO

As entidades evoluíram ampliando sua visão de forma a entender o verdadeiro significado da sua existência, dando uma ênfase maior nas relações com o meio ambiente e com a sociedade em que está inserida. Por outro lado, a sociedade tem exigido das empresas uma responsabilidade ética que proporcione uma maior proteção ao meio ambiente, evitando poluição do ar ou da água, melhores condições de trabalho e fabricação de produtos confiáveis.

Gradativamente, mais e mais empresas vêm procurando atender aos anseios da sociedade, implantando programas de qualidade para seus produtos e serviços, adquirindo equipamentos que protegem o meio ambiente e investindo em programas sociais para atender aos funcionários e à comunidade onde a empresa está instalada.

As empresas que aderiram este novo perfil necessitam mostrar o montante dos benefícios gerados, além dos lucros que incorporam seu patrimônio.

Desde os primórdios a contabilidade vem avançando de forma a demonstrar sempre a situação patrimonial da empresa. Evoluindo da simples função de controle do patrimônio e da riqueza gerada pela entidade, através de controles rudimentares, para uma posição de destaque, passando a ter uma importância cada vez maior para os usuários no processo de tomada de decisão.

Segundo o professor Sérgio Iudícibus1, a estrutura conceitual básica da contabilidade é essencialmente utilitária, no sentido de que responde, por mecanismos próprios, a estímulos informativos dos vários setores da economia.

A contabilidade em resposta a nova necessidade de seus usuários, criou o Demonstrativo do Valor Adicionado, peça do Balanço Social.

A Demonstração do Valor Adicionado desenvolve conceitos puramente econômicos, evidenciando quanto de valor a empresa agrega durante seu processo produtivo, ampliando assim os horizontes de seus usuários.

1 Iudícibus Sérgio Teoria da Contabilidade

Page 18: TRABALHO DE ANALISE CONTÁBIL

Considerando a responsabilidade da contabilidade de comunicar a seus usuários informações úteis para o processo de tomada de decisão, neste trabalho procura-se analisar a forma de apresentação das informações na Demonstração do Valor Adicionado e propor modificações em sua evidenciação numa abordagem puramente econômica, de forma que possa ser utilizada diretamente no cálculo do Produto Interno Bruto.

BALANÇO SOCIAL E A DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

O Balanço Social surgiu na Europa com o objetivo de atender aos movimentos sociais que demandavam por informações sobre projetos sociais, condições ambientais, informações para os empregados sob o aspecto do nível de emprego, condições de trabalho, remuneração e formação profissional. A Demonstração do Valor Adicionado surgiu por influência da França e da Alemanha como forma de mensuração desta participação da empresa neste contexto social.

No Brasil o Balanço Social surgiu com a campanha do Sociólogo Herbert de Souza(1935-1997), o cidadão Betinho pela publicação do Balanço Social pelas empresas. Foram promovidos grandes debates a nível Nacional envolvendo entidades como Abrasca (Associação Brasileira de Capital Aberto), PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais) e CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Em 1997, as deputadas federais Marta Suplicy, Maria da Conceição Tavares e Sandra Starling, do partido dos trabalhadores apresentaram projeto de Lei obrigando as empresas privadas, públicas e sociedades de economia mista com mais de 100 empregados elaborar o Balanço Social.

Apesar de ainda não ser obrigatório no Brasil, algumas empresas já publicam o Balanço Social como é o caso de alguns Bancos, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco Itaú e algumas empresas privadas.

Como composição do Balanço Social é apresentada a Demonstração do Valor Adicionado que tem como objetivo demonstrar o desempenho econômico da empresa e seu relacionamento com a sociedade.

A Demonstração do Valor Adicionado desenvolve conceito puramente econômico, evidenciando quanto de valor a empresa agrega durante o seu processo produtivo ampliando assim os horizontes de seus usuários.

A Demonstração do Valor Adicionado tem uma função muito importante na medida que fornece aos seus usuários a informação sobre a riqueza criada pela empresa e a forma como esta riqueza foi aplicada.

Características básicas da DVA:

1. Fornecer informações que demonstre a geração de riqueza da empresa e seus efeitos sobre a sociedade que está inserida.

2. Demonstra o valor adicionado em cada um dos fatores de produção e seu destino, conforme abaixo:

- dispêndio na remuneração dos empregados;

Page 19: TRABALHO DE ANALISE CONTÁBIL

- geração de tributos ao governo (municipal, estadual e federal);- remuneração do capital de terceiros através de juros;- remuneração dos acionistas através da distribuição de lucros.

3. O somatório dos valores obtidos nas Demonstrações de Valor Adicionado apresentados pelas unidades produtivas dos mais variados níveis de atividades econômicas que são classificados pelo IBGE, excluídas as duplas contagens, pode ser considerado como o próprio PIB do país.

4. Pode-se efetuar análise vertical/horizontal dessa demonstração, com a comparação da participação de cada item da demonstração em sucessivos exercícios sociais, enfatizando sua evolução.

Page 20: TRABALHO DE ANALISE CONTÁBIL

2 VALOR ADICIONADO – UM CONCEITO ECONÔMICO

A economia baseada em estudos estatísticos divulga anualmente através do Produto Interno Bruto o nível de atividade em todos os setores da economia, ou seja, a produção de todos os serviços e mercadorias finais.

O Produto Interno Bruto divulgado anualmente é calculado através do somatório da produção do país no ano indicando desta forma o que foi produzido e o desempenho da economia.

A grande dificuldade dos Estatísticos é o calculo da produção de uma economia. Qualquer economia trabalha com segmentação do mercado, ou seja, o que é produzido em um setor é utilizado como matéria prima por outro e, desta forma, se somarmos a produção de um setor estaremos incluindo a produção do outro.

Para evitar esta dupla contagem poderíamos mensurar o PIB através da contabilização somente dos bens finais eliminando os bens intermediários utilizados na produção de outros bens. Uma outra alternativa seria a contabilização do valor adicionado em cada etapa produtiva. Desta forma, poderíamos medir o produto pelo valor dos bens finais ou pela agregação dos valores adicionados (valor dos produtos mais valor dos insumos).

Devemos observar ainda que o PIB, ou o valor adicionado em cada setor é igual à soma das remunerações do capital (lucros) e do trabalho (salários).

Para melhor visualizarmos esta dificuldade estatística imagine uma economia composta de três setores: Setor produtor de trigo, setor produtor de farinha e setor produtor de pão. Considerando que todo o produto do setor trigo foi destinado ao setor produtor de farinha e que o setor produtor de pão também consumiu o produto do setor farinha, podemos afirmar que a produção desta economia seria igual à produção de mobília. Podemos, de outra forma utilizar o conceito de valor adicionado e calcular a diferença entre o valor da mercadoria de um setor menos o custo das matérias primas. Conforme podemos analisar no quadro abaixo:

SETOR TRIGOCUSTO DA PRODUÇÃO TRIGO  

Valor da semente produzida e estocada no período anterior50

Salários pagos na plantação e colheita do trigo 200LUCRO 100Valor total do trigo 350

SETOR MOAGEMCUSTO DA PRODUÇÃO DA FARINHA   Custo da Matéria Prima (trigo) 350 Salários pagos aos trabalhadores 200LUCRO 200Valor total da farinha 750

SETOR PRODUTOR DE PÃOCUSTO DA PRODUÇÃO DE PÃO   Custo da Matéria Prima (farinha) 750 Salários pagos aos trabalhadores 350

Page 21: TRABALHO DE ANALISE CONTÁBIL

LUCRO 350Valor total do Pão 1450

A riqueza criada por esta economia é igual à produção do período, sendo equivalente ao valor do produto final menos os estoques iniciais. Portanto monetariamente o PIB=1450-50=1400.

O valor adicionado pode ser obtido a partir dos dados acima como demonstrado no quadro abaixo:

Valor adicionado no setor produtos de trigo   Trigo=valor do trigo-valor das sementes 300

Valor adicionado no setor de moagem   Farinha=valor da farinha-valor do trigo 400 Valor adicionado no setor de produção de pão   Pão=valor do pão-valor da farinha 700 Soma dos valores adicionados em cada setor=PIB 1.400

A partir deste quadro podemos calcular o PIB somando os valores adicionados em cada setor e obtemos um número igual a 1.400.

Para Simonsen2, Denomina-se valor adicionado em determinada etapa de produção, à diferença entre o valor bruto da produção e os consumos intermediários nessa etapa. Assim, o produto nacional pode ser concebido como a “soma dos valores adicionados, em determinado período de tempo, em todas as etapas dos processos de produção do país”.

DEMONSTRAÇÃO CONTÁBIL DO VALOR ADICIONADO

A Demonstração do Valor Adicionado é elaborada a partir dos dados contidos na Demonstração do Resultado do Exercício. Nesta demonstração é destacado valor adicionado pela empresa e a distribuição deste valor, indicando a contribuição da empresa para a formação do lucro e para outros itens tais como impostos, taxas e contribuições, pessoal e encargos, juros e alugueis, juros s/ capital próprio e dividendos.

Na Demonstração do Resultado do Exercício são computados como Custo dos Produtos Vendidos todos os gastos referente a produção dos bens vendidos. Inclui-se, portanto neste montante mão-de-obra, matéria-prima e gastos gerais de fabricação. Na DVA estes custos deverão estar perfeitamente discriminados, uma vez que, parte deles são considerados como insumos adquiridos de terceiros. A depreciação deverá ser perfeitamente identificada. Os gastos com pessoal e os encargos são considerados como distribuição do valor adicionado.

A Universidade de São Paulo (USP), através da FIPECAFI elaboraram o seguinte modelo de

2 SIMONSEN, Mário Henrique. Macroeconomia. Rio de Janeiro: Apec, 1975, p.83. v.l

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demonstração do valor adicionado utilizado hoje pelas empresas.

DESCRIÇÃOem milhares de reais

LEGISLAÇÃO SOCIETÁRIA

%

1- RECEITAS    1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços    1.2) Provisão p/ devedores duvidosos - Reversão (Constituição)    1.3) Não Operacionais    2-INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS

   (inclui os valores dos impostos - ICMS e IPI)2.1) Matérias-primas consumidas    2.2) Custo das mercadorias e serviços vendidos    2.3) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros    2.4) Perda/Recuperação de valores ativos    3- VALOR ADICIONADO BRUTO(1-2)    4-RETENÇÕES    4.1) Depreciação, amortização e exaustão    

5- VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE(3-4)   

6- VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA    6.1)Resultado de equivalência patrimonial    6.2)Receitas financeiras    7- VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR(5+6) (RIQUEZA CRIADA PELA EMPRESA)    8- DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO    8.1) Pessoal e encargos    8.2) Impostos, taxas e contribuições    8.3) Juros e alugueis    8.4) Juros s/ capital próprio e dividendos    8.5) Lucros retidos/prejuízos do exercício    

1 - RECEITAS (soma dos itens 1.1 a 1.3)1.1 - Vendas de mercadorias, produtos e serviçosInclui os valores do ICMS e IPI incidentes sobre essas receitas, ou seja, corresponde à receita bruta ou faturamento bruto.1.2 - Provisão para devedores duvidosos – Reversão/ConstituiçãoInclui os valores relativos à constituição/baixa de provisão para devedores duvidosos.

1.3 - Não operacionaisInclui valores considerados fora das atividades principais da empresa, tais como: ganhos ou perdas na baixa de imobilizados, ganhos ou perdas na baixa de investimentos, etc.

2 - INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (soma dos itens 2.1 a 2.4)2.1 - Matérias-primas consumidas (incluídas no custo do produto vendido).2.2 - Custos das mercadorias e serviços vendidos (não inclui gastos com pessoal próprio). 2.3 - Materiais, energia, serviços de terceiros e outros (inclui valores relativos às aquisições e pagamentos a terceiros).

Nos valores dos custos dos produtos e mercadorias vendidos, materiais, serviços, energia, etc. consumidos deverão ser considerados os impostos (ICMS e IPI) incluídos no momento das compras, recuperáveis ou não.

2.4 - Perda/Recuperação de valores ativosInclui valores relativos a valor de mercado de estoques e investimentos, etc. (se no período o

Page 23: TRABALHO DE ANALISE CONTÁBIL

valor líquido for positivo deverá ser somado).

3 - VALOR ADICIONADO BRUTO (diferença entre itens 1 e 2).

4 – RETENÇÕES4.1 - Depreciação, amortização e exaustãoDeverá incluir a despesa contabilizada no período.

5 - VALOR ADICIONADO LÍQ. PRODUZIDO PELA ENTIDADE (diferença entre itens 3 e 4)

6 - VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA (soma dos itens 6.1 e 6.2)6.1 - Resultado de equivalência patrimonial (inclui os valores recebidos como dividendos relativos a investimentos avaliados ao custo). O resultado de equivalência poderá representar receita ou despesa; se despesa deverá ser informada entre parênteses.6.2 - Receitas financeiras (incluir todas as receitas financeiras independentemente de sua origem).

7 - VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (soma dos itens 5 e 6)

8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (soma dos itens 8.1 a 8.5)

8.1 - Pessoal e encargosNesse item deverão ser incluídos os encargos com férias, 13o salário, FGTS, alimentação, transporte, etc., apropriados ao custo do produto ou resultado do período (não incluir encargos com o INSS – veja tratamento a ser dado no item seguinte).8.2 - Impostos, taxas e contribuições Além das contribuições devidas ao INSS, imposto de renda, contribuição social e todos os demais impostos, taxas e contribuições deverão ser incluídos neste item. Os valores relativos ao ICMS e IPI deverão ser considerados como os valores devidos ou já recolhidos aos cofres públicos, representando a diferença entre os impostos incidentes sobre as vendas e os valores considerados dentro do item 2 - Insumos adquiridos de terceiros.8.3 - Juros e aluguéisDevem ser consideradas as despesas financeiras e as de juros relativas a quaisquer tipos de empréstimos e financiamentos junto a instituições financeiras, empresas do grupo ou outras e os aluguéis (incluindo-se as despesas com leasing) pagos ou creditados a terceiros.8.4 - Juros sobre o capital próprio e dividendosInclui os valores pagos ou creditados aos acionistas. Os juros sobre o capital próprio contabilizados como reserva deverão constar do item “lucros retidos”.8.5 - Lucros retidos/prejuízo do exercícioDevem ser incluídos os lucros do período destinados às reservas de lucros e eventuais parcelas ainda sem destinação específica.

Este modelo apresentado tem gerado duas grandes dificuldades no seu preenchimento. O primeiro problema diz respeito à dificuldade enfrentada pelas empresas atuais no que diz respeito à separação dos itens que compõe o custo dos produtos vendidos.

Atualmente as empresas industriais adotam o procedimento de registrar todos os gastos da produção do período de forma analítica e ao final estes gastos são transferidos para o estoque de produto em elaboração para depois, com a conclusão da produção, estoque de produto acabado. A partir do momento que estes gastos são incorporados ao estoque de produtos acabados perde-se a condição de demonstrar analiticamente a composição destes gastos. Dessa forma, quando estes produtos são vendidos não se tem condição de identificar com precisão a sua composição de forma que não conseguimos precisar quanto deste valor representa matéria prima, mão de obra, encargos, depreciação entre outros.

A segunda dificuldade diz respeito à identificação dos impostos indiretos ICMS e IPI pagos por ocasião das aquisições da matéria prima dentro do custo dos produtos vendidos. E, segundo a

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exigência desta demonstração os impostos pagos na aquisição considerados como impostos a recuperar deverão ser considerado.

Nos valores dos custos dos produtos e mercadorias vendidos, materiais, serviços, energia, etc. consumidos deverão ser considerados os impostos (ICMS e IPI) incluídos no momento das compras, recuperáveis ou não.

Pelo fato da Contabilidade montar a DVA a partir da DRE é que passa a existir uma diferença entre o conceito de valor adicionado puro da economia e o conceito contábil. Na ciência econômica, o conceito de valor adicionado é em função da produção e não da venda.

O Professor Ariovaldo dos Santos e Cláudia Meca Parmezzano3 afirmam: O Valor adicionado sob o ponto de vista econômico é calculado a partir da produção, enquanto na Contabilidade utilizam-se as vendas, que são registradas com base no regime de competência dos exercícios.

Segundo Rossetti4 “O valor adicionado em cada unidade produtora é a contribuição desta para o Produto Interno Bruto, medida em valor de produtor.

O PIB representa a contribuição ao produto social das diversas atividades econômicas, não incluindo o consumo intermediário absorvido por essas atividades, bem como os impostos indiretos líquidos de subsídios”.

A Demonstração Contábil do Valor Adicionado na forma como está sendo utilizada no Brasil não oferece condições de forma concreta para que se faça uma análise sobre a contribuição de cada entidade para a formação do Produto Interno Bruto. Assim sendo, mesmo que a entidade publique esta demonstração não poderá correlacionar com o PIB do País no ano pelo fato do modelo atual da contabilidade apresentar a Demonstração do Valor Agregado partindo da Demonstração do Resultado do Exercício, que evidencia apenas a produção Vendida.Portanto, se a empresa produzir e não vender, não apurará valor adicionado, mas economicamente o valor adicionado surgirá, pois ocorreu uma produção.

Imaginemos a produção total de uma empresa no mês de dezembro não seja vendida permanecendo no estoque com a seguinte composição:

Gastos de Produção $

Salários 10.000

Encargos Sociais e Trabalhistas 8.500

Matéria Prima 20.000

Serviços de Terceiros 1.500

Depreciação 5.000

Outros Gastos de Produção 25.000

3 SANTOS, Ariovaldo dos, PARMEZZANO, Claudia Meca – Temática Contábil de Balanços – IOB TC 1/99.4 ROSSETI, José Paschoal – Contabilidade Social, São Paulo, 1992, Editora Atlas.

Page 25: TRABALHO DE ANALISE CONTÁBIL

Total 70.000

IPI e ICMS a recuperar s/ Matéria-Prima 5.000

Vamos supor também, que a empresa não possua estoque inicial em no mês de dez e que o estoque final seja representado unicamente pelo produto acabado em 31.12 no valor de $65.000,00.

No cálculo tradicional da contabilidade, como a empresa não efetuou venda em dezembro, pelo princípio da competência, não gerou receitas nem despesas, assim, a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) só demonstra as vendas efetuadas de janeiro a novembro. A Demonstração do Valor Adicionado constituída partindo da visão contábil tem seus dados originados da DRE, neste caso também a Demonstração do Valor Adicionado só apresenta a riqueza gerada no período de janeiro a novembro.

A empresa apresentou a seguinte Demonstração do Resultado do Exercício findo em 31.12.:

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO - DRE

$RECEITA BRUTA 635.000,00 (-) Impostos s/vendas (63.500,00)RECEITA LÍQUIDA 571.500,00 (-) CPV (265.000,00)LUCRO BRUTO 306.500,00 (-) Despesas Operacionais (202.350,00) Comissões 10.350,00 Propaganda 18.500,00 Salários e Encargos 36.400,00 Depreciações 23.500,00 Energia e Comunicações 47.800,00 Juros 65.800,00

LUCRO OPERACIONAL 104.150,00 (+) Outras Receitas Ñ Operacionais 3.500,00 LUCRO ANTES DO IR 107.650,00 (-) Provisão para IR (26.912,50)LUCRO LÍQUIDO 80.737,50

A partir da DRE acima a empresa apresentou a seguinte DVA:

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO DO EXERCICIO

DESCRIÇÃO

Em milhares de reais

LEGISLAÇÃO SOCIETÁRIA

%

1- RECEITAS 638.500  

1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços 635.000  

1.3) Não Operacionais 3.500  

2-INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS

271.300  (inclui os valores dos impostos - ICMS e IPI)

2.1) Matérias-primas consumidas 205.000  

2.3) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros 66.300  

Page 26: TRABALHO DE ANALISE CONTÁBIL

3- VALOR ADICIONADO BRUTO(1-2) 367.200  

4-RETENÇÕES 73.500  

4.1) Depreciação, amortização e exaustão 73.500  

5- VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE(3-4)

293.700  

7- VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR(5+6) (RIQUEZA CRIADA PELA EMPRESA) 293.700  

8- DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO 293.700  

8.1) Pessoal e encargos 86.750 29,54%

8.2) Impostos , taxas e contribuições 60.413 20,57%

8.3) Juros e alugueis 65.800 22,40%

8.4) Juros s/ capital próprio e dividendos 30.000 10,21%

8.5) Lucros retidos/prejuízos do exercício 50.738 17,28%

De acordo com o exemplo acima o valor adicionado é equivalente a $293.700, utilizado para despesa com pessoal,, impostos, juros e alugueis, dividendos e a retenção de lucros.

Para que efetivamente a contabilidade contribua para a identificação e a participação de cada empresa no PIB, é necessário que seja evidenciado na Demonstração do Valor Agregado o Valor Adicionado efetivamente gerado pela entidade, independentemente que sua produção tenha sido vendida ou não. Assim, a empresa deverá apresentar na Demonstração do Valor Adicionado, além dos dados contidos na Demonstração de Resultado do Exercício, dados que possam efetivamente evidenciar qual a riqueza gerada pela empresa deixando evidenciada a produção que não foi vendida. Conforme tabela abaixo, podemos deixar evidenciado este valor de forma a mensurar em termos percentual qual a participação de cada item do Valor Adicionado no PIB (Produto Interno Bruto).

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO ECÔNOMICO

DESCRIÇÃO

em milhares de reais

2.1.1 LEGI

SLAÇÃO

2.1.2 SOCI

ETÁRIA

%

1- RECEITAS 638.500  1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços 635.000  1.2) Provisão p/ devedores duvidosos - Reversão (Constituição) -  1.3) Não Operacionais 3.500  2-INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS

322.800  (inclui os valores dos impostos - ICMS e IPI)2.1) Matérias-primas consumidas 230.000  2.2) Custo das mercadorias e serviços vendidos -  

Page 27: TRABALHO DE ANALISE CONTÁBIL

2.3) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros 92.800  2.4) Perda/Recuperação de valores ativos -  3- VALOR ADICIONADO BRUTO(1-2) 315.700  4-RETENÇÕES 78.500  4.1) Depreciação, amortização e exaustão 78.500  

5- VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE(3-4) 237.200  

6- VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA -  6.1)Resultado de equivalência patrimonial -  6.2)Receitas financeiras    7. VARIAÇÃO DO ESTOQUE DO PERÍODO 70.000  8- VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR(5+6+7)- (RIQUEZA CRIADA PELA EMPRESA) 307.200  9- DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO 307.200  9.1) Pessoal e encargos 105.250 34,26%9.2) Impostos , taxas e contribuições 55.412 18,04%9.3) Juros e aluguéis 65.800 21,42%9.4) Juros s/ capital próprio e dividendos 30.000 9,77%9.5) Lucros retidos/prejuízos do exercício 50.738 16,52%

Este modelo, reflete melhor o valor adicionado da empresa, podendo assim, ser um parâmetro para compor o PIB deste período.

Para chegarmos a um valor adicionado de $307.200, acrescentamos no item 2.1 o valor da matéria-prima consumida nos produtos não vendidos - $ 25.000 (20.000+5.000 referente aos impostos), no item 2.2 os serviços de terceiros e gastos gerais - $ 26.500, no item 4.1 acrescentamos $5.000 referente a depreciação e o item 7 referente ao estoque produzido e não vendido no período. Na distribuição do valor adicionado, no item 9.1 acrescentamos o custo dos salários e encargos da mão-de-obra utilizada na fabricação destes produtos - $ 18.500 e no item 9.2 foi reduzido o valor de $5.000, referente a impostos a recuperar.

O modelo apresentado tem como objetivo, também, facilitar o trabalho na elaboração desta demonstração, pois, serão apresentados os Gastos de Produção do período, além de representar o valor adicionado de acordo com o conceito aplicado a mensuração do PIB.

Desta forma seriam as seguintes alterações na elaboração da DVA:2 - INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (soma dos itens 2.1 a 2.4)

2.1 - Matérias-primas consumidas na produção2.3 - Materiais, energia, serviços de terceiros e outros (inclui despesas e custos relativos às aquisições e pagamentos a terceiros).

Nos valores dos custos dos produtos e mercadorias vendidos, materiais, serviços, energia, etc. consumidos deverão ser considerados os impostos (ICMS e IPI) incluídos no momento das compras, recuperáveis ou não.

4 – RETENÇÕES4.1 - Depreciação, amortização e exaustãoDeverá incluir a despesa e o custo contabilizado no período.

7- VARIAÇÃO DO ESTOQUE DE PRODUTO ACABADO E EM ELABORAÇÃO

Page 28: TRABALHO DE ANALISE CONTÁBIL

8 - VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (soma dos itens 5, 6 e 7)

9 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (soma dos itens 9.1 a 9.5)

9.1 - Pessoal e encargosNesse item deverão ser incluídos os encargos com férias, 13o salário, FGTS, alimentação, transporte, etc., apropriados na produção e como despesa no resultado do período (não incluir encargos com o INSS – veja tratamento a ser dado no item seguinte).9.2 - Impostos, taxas e contribuições Além das contribuições devidas ao INSS, imposto de renda, contribuição social, todos os demais impostos, taxas e contribuições deverão ser incluídos neste item. Os valores relativos ao ICMS e IPI deverão ser considerados como os valores devidos ou já recolhidos aos cofres públicos, representando a diferença entre os impostos incidentes sobre as vendas e os valores considerados dentro do item 2 - Insumos adquiridos de terceiros.9.3 - Juros e aluguéisDevem ser consideradas as despesas financeiras e as de juros relativas a quaisquer tipos de empréstimos e financiamentos junto a instituições financeiras, empresas do grupo ou outras e os aluguéis (incluindo-se as despesas com leasing) pagos ou creditados a terceiros.9.4 - Juros sobre o capital próprio e dividendosInclui os valores pagos ou creditados aos acionistas. Os juros sobre o capital próprio contabilizados como reserva deverão constar do item “lucros retidos”.9.5 - Lucros retidos/prejuízo do exercícioDevem ser incluídos os lucros do período destinados às reservas de lucros e eventuais parcelas ainda sem destinação específica.

Page 29: TRABALHO DE ANALISE CONTÁBIL

CONCLUSÃO

A Contabilidade não tem um fim nela mesma e sim no impacto causado no processo decisório do usuário das suas informações. Os relatórios contábeis são seu produto final, portanto, devem traduzir da forma mais clara possível a realidade econômica neles espelhada. Acredita-se ser tarefa dos contadores e estudiosos propor melhorias no processo de comunicação da Contabilidade.

A Demonstração de Valor Adicionado é de grande utilidade dentro do novo contexto sócio econômico vivido atualmente pelas empresas.

No entanto, a forma de evidenciação das informações contábeis nos modelos utilizados correntemente pelas empresas no Brasil, devido à obediência aos princípios contábeis e por necessidade de objetividade na comunicação de suas informações, muitas vezes se distancia da realidade econômica que quer evidenciar, diminuindo assim sua utilidade para o processo decisório de alguns de seus usuários.

Levando em consideração o impacto utilitário de uma Demonstração de Valor Adicionado, onde os dados evidenciassem a real contribuição da entidade empresarial para o processo de formação do PIB Nacional, propõe-se neste trabalho, um modelo que, mesmo se distanciando um pouco do princípio da competência contribuísse mais efetivamente para melhoria do processo de comunicação da Contabilidade.

A contribuição deste modelo situa-se em evidenciar o valor adicionado gerado no período independente da ocorrência das vendas mas, na simples produção ou agregação de valor pelo processo produtivo à matéria prima.

Acredita-se que desta forma a informação contida na Demonstração de Valor Adicionado torne-se mais próxima da realidade econômica que se propõe evidenciar.

Conclui-se, assim, que a relevância e a transparência das informações contábeis é um dos aspectos de maior importância para a contabilidade que deve ser constantemente objeto de preocupação dos que lidam com as informações contábeis. Espera-se oportunamente maior aprofundamento dos estudos e maior divulgação dessa demonstração, haja visto sua utilidade para o processo de tomada de decisão dentro da realidade atual das empresas.

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3 BIBLIOGRAFIA

DE LUCA, Márcia Martins Mendes. Demonstração do Valor Adicionado. São Paulo: Atlas, 1998.

FIGUEIREDO, Sandra et alli. Demonstrativo do Valor Adicionado. Trabalho não publicado apresentado na disciplina de Teoria da Contabilidade no Curso de Mestrado em Contabilidade da FEA/USP, 1989.

IUDÍCIBUS, Sérgio. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas 2000.

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MENDES, José Maria Martins Mendes. Balanço social: uma idéia milenar. Revista Brasileira de Contabilidade, v. 26, no.106, jul/ago. 1997.

PEREZ JR., José Hernandez. Elaboração das Demonstrações Contábeis. São Paulo: Atlas, 1999.

ROSSETTI, José Paschoal. Contabilidade Social. 7a.ed. São Paulo: Atlas, 1992.

SANTOS, Ariovaldo dos, PARMEZZANO, Claudia Meca – Temática Contábil de Balanços – IOB Temática Contábil Janeiro de 1999.

DESENVOLVIMENTO

CONCLUSÃO

De tudo exposto conclui-se que:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Apostila de ANALISE CONTABIL ( Unopar)

Web aulas (ANALISE CONTABIL)

WWW.erildo.blogspot.com.br

WWW.aprendebrasil.com.br

WWW.petroequimica.com.br

WWW.midiaindependente.org.br

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WWW.fazenda.gov.br

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