TCC Sirlene Corrigido - Cópia.pdf
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SIRLENE NOGUEIRA RAMOS
QUALIDADE DE VIDA DE CUIDADORES DE IDOSOS
OCTOGENRIOS.
UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCA
POUSO ALEGRE
2012
SIRLENE NOGUEIRA RAMOS
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QUALIDADE DE VIDA DE CUIDADORES DE IDOSOS
OCTOGENRIOS.
Trabalho de concluso de curso apresentado
ao Curso de Enfermagem da Faculdade de Ci-
ncias da Sade. Universidade do Vale do Sa-
puca UNIVS, como requisito parcial para
obteno do ttulo de Enfermeira.
Orientadora: Prof.Ma.Rita de Cssia Pereira
UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCA
POUSO ALEGRE
2012
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Ramos, Sirlene Nogueira
Qualidade de vida de cuidadores de Idosos Octogenrios / Sirlene Nogueira Ramos
Pouso Alegre : Universidade do Vale do Sapuca Univs, 2012.
88f.
Trabalho de concluso de curso de graduao da Universidade do Vale do Sapuca,
Univs, Curso de Enfermagem, 2012.
1. Idoso octogenrio 2. Qualidade de vida 3. Cuidador
I. Qualidade de vida de cuidadores de Idosos Octogenrios.
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SIRLENE NOGUEIRA RAMOS
QUALIDADE DE VIDA DE CUIDADORES DE IDOSOS OC-
TOGENRIOS.
Trabalho de concluso de curso defendido e aprovado em __/__/____ , pela
banca examinadora constituda pelos professores:
________________________________________________________________
Prof. Orientadora Rita de Cssia Pereira
________________________________________________________________
Prof. Examinadora Maria Teresa de Jesus
________________________________________________________________
Prof. Examinadora Elaine Cristina Faria
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Dedico este trabalho minha me Rute que com carinho e companheirismo me guiou at
aqui.
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AGRADECIMENTOS
Deus pelo dom da vida, f concedida e por tantas vezes ter me carregado no colo.
minha famlia por ter sido meu cho nesses 4 anos, minha base. Por tantas come-
moraes em que estive ausente. Obrigada pela compreenso.
meus pais Lzaro(in memoriam) e Rute, que sempre me apoiaram,ajudaram, seja
nesse plano ou no, e construram minha parte mais importante com tanto amor e decncia:
meu carter.
queles que de alguma forma contriburam para que eu no desistisse, Roberto, An-
drea, Roberta.
A meus amigos Tatiana Pinheiro, Thas Ardissono e Tiago Strutz. Pelo companhei-
rismo, carinho e por momentos lindos que no voltaro jamais.
coordenadora do curso Maria Teresa de Jesus, pelo acolhimento, carinho, compre-
enso e pacincia.
minha orientadora Rita pelo carinho, persistncia, pacincia e por no ter desistido
de mim.
Aos mestres que ao decorrer da minha graduao, germinaram em mim a semente
profissional que deu origem hoje ao que sou, um ser em crescimento.
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RAMOS. S.N. Qualidade de vida de cuidadores de idosos octogenrios de Pouso
Alegre, MG. Projeto de pesquisado curso de Enfermagem, Faculdade de Cincias de
Sade, Universidade do Vale do Sapuca, Pouso Alegre,2012.
RESUMO
O objetivo do presente estudo foi avaliar o cuidador de idosos octogenrios e sua
qualidade de vida. O estudo foi de abordagem quantitativa, do tipo descritivo e trans-
versal. Os participantes do estudo foram cuidadores de pessoas idosas de 80 anos ou
mais, de ambos os gneros, do Municpio de Pouso Alegre, M.G. A amostra foi cons-
tituda por 100 cuidadores de idosos. A amostragem foi no probabilstica do tipo in-
tencional ou racional. Os critrios de elegibilidade adotados foram: ter capacidade
cognitiva e de comunicao preservadas e, avaliados por meio de Questionrio de
Avaliao Mental, aceitar participar do estudo. Os instrumentos utilizados foram:
Questionrio de Caracterizao Scio Demogrfica do Cuidador, questionrio de
Avaliao Mental e Whoqol-Bref. Resultados: 83% do gnero feminino, e 17% do
gnero masculino a mdia de idade encontrada foi de 48,95 e desvio padro de 17,59.
A religio predominante foi a catlica com 56% de prevalncia, 97% so alfabetiza-
dos. A escolaridade encontrada foi de 23% com nvel fundamental completo e 23%
com nvel superior completo. O estado civil predominante foi o de casados com 37%
seguidos de solteiros com 33%. A mdia de filhos por casal foi de 2,46 sendo que
69% possuam filhos e 31% no. O tipo de famlia predominante foi a Nuclear com
58%. O resultado da avaliao de qualidade de vida atravs do Whoqol- Bref
,encontrou-se para o domnio meio ambiente escore igual a 25,39 (DP=4,7) na di-
menso fsica a mdia foi 24,69, e (DP=4,66),sendo esses domnios que o escore
mais se aproximou dos escores totais. Observou-se ainda que a qualidade de vida ge-
ral, avaliada pela escala Whoqol-Bref, atingiu mdia igual a 87,5, e (DP=12,57). O
domnio relaes sociais com mdia de 12,35(DP=2,32) e domnio Psicolgico com
mdia e 20,76 (DP = 3,2). O presente estudo permitiu concluir que a qualidade de vi-
da dos cuidadores de idosos octogenrios apresentou resultado satisfatrio.
Palavras-chave: Cuidador. Idoso octogenrio. Qualidade de vida.
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RAMOS. S.N .Quality of life of caregivers of elderly octogenarians Pouso Ale-
gre, Brazil. Project researched nursing course, Faculty of Health Sciences, Universi-
ty of Vale do Sapuca, Pouso Alegre, 2012.
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate the quality of life of caregivers for the elderly. The
study was a quantitative approach, descriptive and cross. Study participants were caregivers
of elderly people 80 years or older, of both genders, the city of Pouso Alegre, MG The sample
consisted of 100 elderly caregivers. Sampling was not probabilistic intentional or rational.
Eligibility criteria adopted were: cognitive and communication skills preserved and evaluated
by Mental Evaluation Questionnaire, take up the case. The instruments used were: Question-
naire Socio Demographic Characteristics of Caregivers, Mental Evaluation questionnaire and
Whoqol-Bref. Result: 83% female and 17% male average age was 48.95 and standard devia-
tion of 17.59. The predominant religion hi to Catholic with 56% prevalence, 97% are literate.
The school was found to be 23% with complete primary level and 23% with higher education.
The predominant marital status was married with 37% followed by 33% with singles. Aver-
age children per couple was 2.46 with 69% and 31% had no children. The family type was
predominant with 58% nuclear. The result of the assessment of quality of life through the
Whoqol-Bref met for the environment domain score of 25.39 (SD = 4.7) in the physical di-
mension, the average was 24.69, and (DP = 4, 66), which are areas that the score closest to the
total scores. It was also observed that the overall quality of life as measured by the scale
Whoqol-Bref, reached a mean of 87.5, and (SD = 12.57). The social relationships domain
with an average of 12.35 (SD = 2.32) and mean Psychological domain and 20.76 (SD = 3.2).
This study concluded that the quality of life of caregivers of elderly octogenarians showed
satisfactory result.
Keywords: Caregiver. Elderly octogenarian.Quality of life.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Modelo de Qualidade de Vida na Velhice de Lawton............ 29
Figura 2- Qualidade de vida percebida segundo Whoqol-Bref............... 50
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Caracterizao Scio Demogrfica do cuidador de Idoso Octogenrio de Pouso
Alegre MG 2012 (n=100) .......................................................................................................48
Tabela 2- Caracterizao Scio Demogrfica do cuidador de Idoso Octogenrio de Pouso
Alegre MG 2012 II (n=100) ....................................................................................................50
Tabela 3- Medidas de tendncia central equivalentes entre os domnios da escala Whoqol bref de cuidadores de idosos de Pouso Alegre MG 2012(n=100)..............................................................................................................................51
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SMARIO
1 INTRODUO..................................................................................................................12
1.1 Interesse pelo tema.............................................................................................................13
1.2 Justificativa do estudo........................................................................................................14
1.3 Objetivos............................................................................................................................ 16
2 MARCO CONCEITUAL................................................................................................17
2-1 Envelhecimento ...............................................................................................................17
2-2 Envelhecimento Populacional ..........................................................................................18
2-3 Cuidador de Idosos ...........................................................................................................21
2-4 Cuidador Informal ou Leigo .............................................................................................23
2-5 Cuidador de Idosos Octogenrios .....................................................................................25
2-6 Qualidade de Vida ............................................................................................................27
2-7 Qualidade de Vida em Cuidadores de Idosos com Oitenta anos ou mais .......................30
2-8 Instrumentos de Qualidade de vida ..................................................................................35
3 TRAGETRIA METODOLGICA...............................................................................40
3.1 Cenrio do estudo...............................................................................................................40
3.2 Delineamento do estudo.....................................................................................................41
3.3Participantes, amostra e amostragem e critrios de elegibilidade........................................42
3.4 Pr teste...............................................................................................................................43
3.5 Coletas de dados.................................................................................................................44
3.6Procedimentos de Coleta de Dados ....................................................................................44
3.7 Instrumentos de Pesquisa ..................................................................................................45
3.8 Estratgias de anlise dos dados .......................................................................................46
3.9 Estratgia de apresentao dos resultados..........................................................................46
3.9.9Aspectos ticos da pesquisa..............................................................................................46
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4 RESULTADOS ...........................................................................................................47
5 DISCUSSO ........................................................................................................................53
5.1 Caracterizao scio demogrfica do cuidador de idoso octogenrio ........................53
1.1 Domnios do Woqol- bref ................................................................................................57
6 CONCLUSO .....................................................................................................................59
7 CONSIDERAES FINAIS.............................................................................................61
8 REFERENCIAS..................................................................................................................62
9 APNDICES
Apndice A Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. ................................................70
10 ANEXOS
Anexo A. Caracterizao scio demogrfica do cuidador.....................................................75
Anexo B - Questionrio de avaliao mental ..........................................................................78
Anexo C- Whoqol Bref abreviado............................................................................................80
Anexo C- Domnios do Whoqol Bref com seus respectivos itens ...........................................85
Anexo D-Parecer Consubstanciado do CEP.............................................................................88
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1 INTRODUO
Nos pases em desenvolvimento a populao de idosos composta por pes-
soas com idade igual ou superior a 60 anos. O aumento na expectativa de vida deu
origem a uma srie de preocupaes, considerando que os anos adicionais de vida,
devam ser vividos com qualidade, bem-estar e independncia. (DUARTE 2001).
Observa-se que o aumento da longevidade caracterizado muitas vezes pelo
aparecimento de dependncias, sejam elas para a execuo de atividades bsicas e
instrumentais de vida diria. Neste contexto surge a necessidade de amparar os ido-
sos, papel exercido atualmente pelo cuidador de idosos. (ALVAREZ 2001).
O cuidador de idosos, a pessoa que oferece cuidados necessrios para su-
prir as incapacidades que o envelhecimento traz, sejam as fsicas ou as cognitivas, se-
jam elas temporrias ou definitivas, a tarefa de cuidar tem como funo visar o aux-
lio ao idoso, para que desempenhe as tarefas prticas de atividades de vida diria e de
autocuidado, (GONALVES et al. 2006).
Para Sena e Leite (2000), os cuidadores de idosos profissionais ou no, rea-
lizam as mais variadas tarefas, cuidando e restabelecendo a qualidade de vida do ido-
so. Para Gonalves (2004), a esse cuidador em muitos pases destina-se ateno e
muitas pesquisas, o que no Brasil ainda no tomado como prioridade.
Gonalves (2004), diz ainda que a falta de recursos e estrutura poltica para
auxiliar o cuidador de idosos, famlia e comunidade conta tambm com a baixa
valorizao dessa funo. Geralmente o cuidado exercido por uma nica pessoa, e
gera como consequncia o excesso de sobrecarga de tarefas. Os pesquisadores, por
sua vez tm dificuldade de encontrar embasamentos, devido escassez ou falta de
fomentos para conduzir os estudos, no existindo dessa forma, como conduzir tais
estudos e consequente utilizao dos resultados.
Conhecer o perfil dos cuidadores de idosos, principalmente dos cuidadores
de idosos octogenrios, e de suas dificuldades no processo de cuidar permite, aos
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profissionais da sade, ajudar a planejar e implantar polticas e programas
pblicos de suporte social famlia, voltados realidade que esse cuidador vem vi-
vendo.
Entende-se, portanto a necessidade de se pesquisar sobre que qualidade de
vida que o cuidador de idoso octogenrio, (em nmero crescente ) ,est levando ao
idoso cuidado, visto que este tem ocupado um papel relevante na sociedade atual,
principalmente no cenrio da sade,sendo o principal coadjuvante no sentido de aju-
dar e complementar o cuidado prestado ao idoso, junto da equipe de sade.
1.1 Interesse pelo tema
O interesse pelo tema surgiu a partir da percepo do impacto que o aumen-
to da expectativa de vida tem causado ao setor de sade, com o aumento considervel
do nmero de idosos e da presena do cuidador no cenrio da famlia brasileira.
Sabe-se que este fenmeno tem sido evidenciado com expresso maior nos
pases em desenvolvimento, onde a melhora nos recursos de sade e tambm no po-
der econmico das famlias, tem permitido o aumento da longevidade seguido da re-
duo da natalidade.
Diferente do que aconteceu nos pases desenvolvidos, onde a transio de-
mogrfica se deu de forma gradativa e organizada, o que acontece nos pases em de-
senvolvimento uma mudana rpida marcada por muitas adaptaes nos diversos
setores organizacionais. O setor da sade talvez seja o que mais tenha sentido essa al-
terao demogrfica.
A populao tem alcanado cada vez mais idades avanadas, porm em uma
grande maioria com a funcionalidade comprometida, necessitando de auxlio parcial
ou total para viver.
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O cuidador de idosos tem ocupado este espao no cotidiano das famlias,
trazendo consigo suas inseguranas, medos e necessidade de orientaes.
A presena do cuidador despreparado que aparece diariamente nas unidades
de sade, buscando por orientaes e esclarecimentos para conseguir atuar de forma
mais qualificada constante e crescente.
Avaliar e saber a atual situao e qualidade de vida destes cuidadores in-
dispensvel para o planejamento de aes especficas a essa necessidade atual.
Sabemos que o ato de cuidar muitas vezes no est ligado ao profissional capacitado,
e exercido por membros familiares, amigos ou pessoas que possuem vnculos com
o idoso. Fazendo com que este assuma funes, das quais desconhece totalmente, e
que pode desencadear sentimentos indesejveis, alteraes no estado de sua sade,
provocando uma demanda de cuidado ainda maior.
Portanto, entender melhor sobre essa nova realidade brasileira, a presena
do cuidador de idoso na prestao de atividades dirias ao idoso, cuidador este tam-
bm muitas das vezes idoso, ir possibilitar prestar uma assistncia mais qualificada
e contribuir para o maior entendimento das caractersticas desse cuidador diferenci-
ado: o cuidador de idosos octogenrios.
1.2 Justificativa do estudo
Diante da perspectiva do crescente nmero de idosos e seu respectivo cui-
dador, surge a necessidade de mo de obra crescente e de qualidade, afim de prestar
um cuidado eficiente e que atenda s demandas que as disfunes fsicas e cogniti-
vas trazem junto com o envelhecer.
Um fator a ser considerado como ser a qualidade de vida destes cuidado-
res sejam eles formais ou informais.
Valorizar o idoso nos ltimos anos tornou-se difcil, devido falta de tempo
que uma vida moderna acarreta seja no mbito pessoal como no novo conceito e mo-
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delo de famlia, valores e insero do papel da mulher no mercado de trabalho, este
cada vez mais crescente ,uma vez que a maioria dos cuidadores de idosos so do se-
xo feminino.
A tendncia mundial da diminuio da taxa de fecundidade e mortalidade e
prolongamento da expectativa de vida tm levado ao envelhecimento da populao
(PAPALO, 2007).
Segundo estatsticas da OMS entre 1950 e 2025 a populao de idosos vai
crescer 16 vezes mais em relao populao total. Isso coloca o Brasil como a s-
tima populao de idosos do mundo isto , com mais de 32 milhes de pessoas com
60 anos ou mais (PAPALO2007).
Segundo estudos j realizados a sobrecarga dos mesmos j infinitamente
desgastante; cabe a ns enfermeiros enquanto cuidadores formais e prevencionistas
em sade, nos inteirarmos da atual situao de vida dos cuidadores de idosos e s
assim podermos nos organizar para melhor ajud -los e a ns mesmos enquanto pro-
fissionais , visto que muito destes cuidadores so ou sero profissionais voltados ao
cuidado especfico de idosos.
Apesar do envelhecimento populacional ser uma consequncia natural do
desenvolvimento e modernizao, no Brasil, transformou-se em um grave problema
social e de sade pblica, observando s condies de vida e bem-estar a que a popu-
lao idosa est submetida; Sobrevivendo com uma aposentadoria de um salrio m-
nimo, sem suporte necessrio das redes de apoio, do governo e ausncia de polticas
eficazes que capacitem o cuidador seja este familiar ou no e que prepare o idoso pa-
ra a melhor idade.
O processo de envelhecimento como explica Neri (2001), traz muitas
alteraes fisiolgicas ao idoso, fragilizando-o e deixando-o fragilizado.
Apesar de serem alteraes normais do ser humano, o idoso fragilizado,
vem a ser obrigado a manter-se em seu domiclio e assim, requer cuidados especfi-
cos, explica Saad (2001), os quais so realizados muitas vezes por pessoas contrata-
das pelas famlias..
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No entanto, como ressalta Andrade e Rodrigues (1999), a falta de profissio-
nais qualificados a justificativa referente aos altos custos de um servio particular
de enfermagem, e o que tem propiciado discusso no mbito da gerontologia, sobre a
criao de novas ocupaes e funes de nvel mdio, como o assistente de geriatria.
Ressaltamos ento a necessidade e importncia de realizarmos uma pesquisa
na populao e nas literaturas, e de nos aprofundar no tema que visa a qualidade de
vida dos cuidadores de idosos octogenrios, no intuito de melhor conhecermos o que
nos cotidiano e contnuo porm em uma avaliao mais completa e atual das ne-
cessidades dos mesmos .
1.3 Objetivos
Traar um perfil scio demogrfico do cuidador de idoso octogenrio
Avaliar a qualidade de vida de cuidadores de idosos octogenrios.
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2 MARCO CONCEITUAL
2.1 Envelhecimento
Envelhecimento definido com um processo sequencial, individual, acumu-
lativo irreversvel, universal, no patolgico, de deteriorao de um organismo ma-
duro, prprio ao membro de uma espcie, de maneira que o tempo o torne menos ca-
paz de fazer frente ao estresse do meio ambiente e, portanto, aumente sua possibili-
dade de morte (OPAS, 2003).
Ainda segundo Pascoal (1996), velhice o conjunto de condies biolgi-
cas, social econmica, cognitiva, funcional e cronolgica, o envelhecimento se inicia
no momento em que se nasce, e no aos 60 anos: Socialmente, a velhice varia de
acordo com o momento histrico e cultural; Intelectualmente, diz se que algum est
envelhecendo quando suas faculdades cognitivas comeam a falhar, apresentando
problemas de memria, ateno, orientao e concentrao.
O autor ainda cita que, economicamente,a pessoa entra na velhice quando se
aposenta,deixa de ser produtiva para a sociedade; Funcionalmente quando o indiv-
duo perde a independncia e precisa de ajuda para desempenhar suas atividades bsi-
cas de vida diria; E finalmente, cronologicamente, a pessoa idosa quando faz 60
ou 65 anos.
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O processo de envelhecimento tem suas peculiaridades e dentre elas esto as
alteraes biomorfolgicas, o que desde o incio da humanidade motivo de grande
preocupao dentre os mais diversos povos. Naturalmente todos nascem, crescem,
amadurecem, envelhecem, declinam e morrem (SILVA,2009).
As alteraes inerentes ao envelhecimento so peculiares e particulares a
cada indivduo, espcie e de fatores extrnsecos com o meio em que vive, alm de ser
resultado das experincias que lhe foram infligidas ao decorrer de sua existncia.
Segundo Leal (2000), assim como o desenvolvimento no de igualdade
para todas as pessoas, o processo de envelhecer tambm diferente. Enquanto alguns
idosos gozam sade, outros vivem com uma srie de problemas que envolvem o fsi-
co e o cognitivo. Este ltimo grupo sendo o que de fato necessita de maior ateno
por parte da equipe multidisciplinar, em especial de um cuidador.
Inmeras reflexes sobre modificaes no perfil etrio da populao e au-
mento no nmero de idosos tm influenciado as discusses da comunidade acadmi-
ca, especialmente dos estudiosos.
2.2 Envelhecimento Populacional
Atualmente, "o Brasil um pas que envelhece a passos largos. As alteraes
na dinmica populacional so claras, inexorveis e irreversveis" (VERAS, 2003,p.49).
O envelhecimento da populao tem como consequncia o crescimento
no nmero de pessoas que necessitam de tratamento domiciliar e que envolvem em
seu cuidado, familiares, parentes e amigos (GREEN, 2001). Estudos que abordam at
que ponto a dependncia tem impacto sobre a Qualidade de Vida das pessoas envol-
vidas no processo e quais os possveis fatores facilitadores e agravantes da situao
so considerados fatores de importncia crescente (NOVELLI,2006).
O envelhecimento populacional acontece em decorrncia das mudanas de alguns
indicadores de sade, especialmente da queda da fecundidade, da mortalidade e do aumento
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da esperana de vida. Nos pases desenvolvidos, onde as condies socioeconmicas so fa-
vorveis, est concentrado o maior contingente de idosos ( BRASIL,2006).
As mudanas fisiolgicas que ocorrem no envelhecimento podem le-
var diminuio da capacidade funcional a mdio e longo prazo, as quais tornam os
idosos mais suscetveis fragilidade e dependncia de cuidados (TAVARES DIAS,
2012).
Essas limitaes podem ser superadas ou minimizadas se, ao longo do
processo de viver, as pessoas adquirirem hbitos de vida saudveis e contarem com
oportunidades de integrao social, segurana e bem-estar. Vale lembrar que essas
condies no dependem exclusivamente de escolha pessoal, mas tambm das opor-
tunidades oferecidas pelo contexto social e poltico( FARIAS,2012).
Estima se que em 2025 o Brasil venha a se tornar a sexta maior popu-
lao de idosos no mundo e a faixa que ter maior crescimento ser dos muitos ve-
lhos, indivduos com mais de 80 anos.Tal fenmeno nos remeter a implicaes
complexas e amplas.
Segundos dados do IBGE (2000), a populao com mais de 60 anos aumen-
tou 45% em relao a 1991 e o grupo em maior evidncia do de pessoas com 75
anos ou mais, cerca de 49,3% (SILVA,2009).
A representatividade dos grupos etrios no total da populao em 2010
segundo dados do IBGE (2010), menor que a observada em 2000 para todas as fai-
xas com idade at 25 anos, ao passo que os demais grupos etrios aumentaram suas
participaes na ltima dcada. O grupo de crianas de zero a quatro anos do sexo
masculino, por exemplo, representava 5,7% da populao total em 1991, enquanto o
feminino representava 5,5%. Em 2000, estes percentuais caram para 4,9% e 4,7%,
chegando a 3,7% e 3,6% em 2010.
Simultaneamente, o alargamento do topo da pirmide etria pode ser observado pelo
crescimento da participao relativa da populao com 65 anos ou mais, que era de 4,8% em
1991, passando a 5,9% em 2000 e chegando a 7,4% em 2010.
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Ainda segundo dados do IBGE (2010), somente na regio Sudeste e
Sul h uma evoluo semelhante da estrutura etria, mantendo-se como as duas regi-
es mais envelhecidas do pas. As duas tinham em 2010 8,1% da populao formada
por idosos com 65 anos ou mais, enquanto a proporo de crianas menores de 5
anos era, respectivamente, de 6,5% e 6,4%.
Dados colhidos por Farias (2012), entre um grupo de 94 idosos com mais de
80 anos, 36,78% possuam Hipertenso arterial e Diabetes Mellitus, e dentre estes,
todos informaram que frequentavam mensalmente os grupos de promoo em sade
da Ateno Bsica de Sade. Valendo destacar, ainda, que 81,61% destes tomam a
vacina contra a gripe anualmente.
Ainda segundo o autor, a necessidade de cuidados esperada entre idosos
mais idosos, porm, nesse estudo, verificou-se que 48,28% deles disseram no neces-
sitar de um cuidador. Dentre os que precisavam de cuidados realizados por outras
pessoas, 49,43% eram cuidados por seus familiares e 2,30% tinham pessoas leigas
contratadas para essa finalidade. Portanto, a assistncia em longo prazo centrada no
cuidador familiar.
Entre os entrevistados, 25,29% receberam visita de um profissional de sade
no ms que antecedeu coleta de dados e 94,26% afirmaram receber visita mensal
do agente comunitrio de sade.
Segundo Ferraz (2010),
estes e inmeros outros estudos nos dizem que, com a presena de doenas crnicas diagnosticadas na populao idosa, programas do
governo para atender demanda que essa inverso populacional n
os remete, se torna de suma importncia desenvolver cada vez mais
estudos que fomentem populao e tambm polticas pblicas de
sade que visem o melhor atendimento, infraestrutura e educao
da equipe de sade(p.74)
Junto a esse novo grupo e de seus respectivos cuidadores, ao aumento da
populao idosa e suas limitaes ocasionadas pelo aumento dos anos vividos, h
tambm um crescente nmero de pessoas que sejam formalmente ou informalmente,
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ajudam a cuidar deste novo perfil populacional, acarretando uma demanda por parte
de ns cuidadores da sade requerendo portanto, uma ateno especfica a estes. No
bastando ainda dizer que, com o aumento da expectativa de anos vividos, estes de-
vem ser vividos com qualidade de vida.
Mas ento nos perguntamos quem este cuidador?Em que condies vi-
vem?
2.3 Cuidador de idosos
A palavra cuidador define-se por: CUIDAR+DOR como aquele que cuida,
ou trata. Diligente. Zeloso (Brasil 2010).
No Brasil por volta dos ltimos anos podemos observar que vm crescendo
as pesquisas voltadas para a populao idosa, uma vez que esta populao tambm
cresce demasiadamente e demograficamente, sendo este um resultado que abrange a
sobrevivncia a mortalidade infantil e a epidemiologia no pas, e neste caminho en-
contramos uma profisso que vem desenvolvendo e ocupando seu espao a partir da
enfermagem O cuidador de idosos.
Dentro deste contexto, observamos em quais classificaes estes cuidadores
podero ser melhores definidos, como: leigos, formais ou informais.
Em geral, quando referimos quele que cuida de idosos, fazemos meno a
figura do cuidador de idosos seja ele profissional capacitado ou da famlia, isto ,
vindo a ser uma pessoa que no necessariamente tem formao terico prtica e ex-
perincia profissional no cuidado de idosos, sendo que na verdade, nem sempre
desse tipo de cuidador que o idoso necessita. A modalidade de cuidadores e o tipo de
assistncia variam individualmente para cada idoso, pois depende do seu grau de au-
tonomia, comprometimento fsico e cognitivo, e grau de dependncia (DELBOAUX,
2005).
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Analisando ainda, que os avanos da tecnologia em sade, a melhor ad-
ministrao com os gastos voltados para a sade e o aumento da rotatividade dos lei-
tos hospitalares, foram igualmente responsveis pelo crescimento da assistncia do-
miciliar em sade e consequentemente tambm ,para o aumento presena do cuida-
dor domiciliar (MORAES 2007).
Elsen, et al .(2002), destacam que nestes casos, o papel do tcnico ca-
pacitado ou o cuidador formal muito importante para a vida do idoso, seja pela sa-
de ou pela sobrevivncia. Portanto, este profissional deve estar preparado para rea-
lizar diversos procedimentos, em suma que seja totalmente qualificado e responsvel
mediante ao idoso e famlia e que busque constantemente humanizar o atendimento
a ele dispensado.
Alm disso, seguindo a linha de Elsen etal. (2002), o profissional com essa
qualificao deve estar seguro em determinadas funes como buscar no atender
apenas a doena do idoso, mas o ser humano como um todo, holisticamente, tratan-
do-o pelo nome, reconhecendo-o como ele , sendo cuidadoso, agindo de forma que
venha a diminuir seu sofrimento e como consequncia melhorar sua qualidade de vi-
da.
Da mesma forma, deve ser feito com os demais membros da famlia, lem-
brando-se sempre que problemas de sade podem afast-los, causar estresse e sofri-
mento entre todos.
Segundo Alvarez (2001) que no sentido financeiro, a maioria das famlias
brasileiras no tm condies de recorrer aos profissionais formais(cuidadores), e
mediante a este momento que surge o cuidador leigo ou o cuidador informal, isto , a
funo do cuidar delegada a um membro da famlia ou a um membro prximo a
famlia, mas que por sua vez, no tem noes que o levem a desenvolver esta funo
assim como deve ser exercida.
Assumindo este papel possvel desenvolver um processo de sobrecarga da
tarefa realizada, combinando diversas variveis como a negligncia da prpria sade,
projetos de vida e o social, a dinmica da famlia prejudicada relacionada com a cul-
-
24
pa, a raiva, a ansiedade ou frustrao com a falta de preparo e especializao no cui-
dado aos pacientes dependentes.
Para Regueiro, et al. (2007) o aumento do estresse pode prejudicar a sade
mental, social e fsica do cuidador, o qual muitas vezes apresenta transtornos de de-
presso, ansiedade, maior isolamento social, agravamento da situao econmica
familiar, entre muitos outros fatores. Alm disso, este cuidador no procura ajuda
mdica, adiando e priorizando os problemas da famlia a seu cargo, mantendo assim
a maioria das doenas diagnosticadas e no tratadas, tornando-se quase invisvel para
o sistema de sade. Mediante a este fato, de se chamar a ateno e intrinsecamen-
te necessrio avaliar a situao do cuidador no nosso pas.
2-4 Cuidador informal ou leigo
Segundo Wegner (2007), o cuidador leigo sempre existiu. Comeou
com o cuidado prestado em casa, visando que a estrutura familiar era multigeracional
e essa prtica era ento favorecida. A figura feminina era, desde ento, j a eleita..
Com a revoluo industrial e insero da mulher no mercado de traba-
lho houve a mudana na estrutura familiar, passando ento para uni geracional. Esta
mudana direcionou o cuidado prestado pela famlia desde ento para as mos e res-
ponsabilidade do Estado, que criou hospitais, asilos, casas de permanncia com o
propsito de assistir populao de doentes.
Nos dias atuais os adoecidos ainda contam em sua maioria com cuidado-
res advindos da prpria famlia, e o Estado por sua vez no contempla esses cuidado-
res com programas de sade no nvel de assistncia e educao para o cuidado.
-
25
Em sua maioria estes cuidadores so do sexo feminino e com algum
grau de parentesco com o doente. Em sua totalidade so esposas, mes ou filhas, j
que usual a mulher cuidar da famlia, filhos doentes, visto tambm que estas vivem
mais que os homens.
Wegner (2007) tambm diz que, famlia atribuda a responsabilida-
de de cuidar dos seus membros, visto tambm no mbito social que atribui a esta o
cuidado com seus familiares. Porm estima se que este cuidado seja oferecido de
forma saudvel tanto ao cuidador como para quem cuidado. Espera se do cuidador
que este tenha autonomia suficiente para cuidar de si e do adoecido, mas esta no a
realidade. Torna se ento necessrio um mediador entre ambos.
O enfermeiro pode desempenhar esse papel atuando como facilitador
deste processo de cuidar, orientando os cuidados e educando o cuidador leigo. im-
portante ressaltar que a famlia tambm deve ser vista como unidade de cuidado.
Segundo estudos, a famlia e cuidadores sobrecarregados ou desgasta-
dos tm sua qualidade de vida ameaada, quase sempre apresentando devido res-
ponsabilidade de cuidar, sentimentos de impotncia, cansao e irritabilidade. Para um
melhor suporte esses cuidadores at ento pouco valorizados pelos profissionais de
sade, seria necessria a interveno no s de polticas pblicas de sade voltadas
ao tema como tambm investimentos em Economia e Cultura, que atuem de forma
significativa no campo da sade.
Segundo Born (2010), cuidador formal aquele que alm de remune-
rado recebeu algum treinamento especfico e mantm vnculos profissionais para
exercer a atividade de cuidar.
Diante deste contexto destacamos ento toda a equipe de enfermagem
tanto a nvel auxiliar, como tcnico e nvel superior. A equipe de enfermagem deve
conhecer a realidade dos idosos e de sua famlia, identificando seus problemas de sa-
de e riscos, realizando assim a assistncia domiciliar, atendendo aos critrios esta-
belecidos para incluso dos idosos nessa modalidade de assistncia.
-
26
A enfermagem tem um papel fundamental em relao aos cuidados
prestados aos idosos no domiclio. A assistncia domiciliar deve ser planejada pela
equipe de acordo com as necessidades especficas de cada pessoa idosa e de sua fa-
mlia. Envolve preveno, recuperao e reabilitao promovendo maior autonomia e
independncia, com orientao e educao (BRASIL, 2003).
Embora haja certa dificuldade de se traar o perfil do cuidador for-
mal pela escassez de literatura, segundo Kawasaki Delboux (2001),alm dos profis-
sionais de enfermagem, sendo a grande maioria atendentes de enfermagem que no
conseguem emprego em hospitais, tcnicos e auxiliares de enfermagem, existe ainda
aqueles que se intitulam cuidadores formais mesmo sem capacitao ou experincia
qualquer. So classificados em:
- Cuidador remunerado: recebe um rendimento pelo exerccio da ativida-
de de cuidar;
- Cuidador voluntrio: no remunerado;
- Cuidador principal: tem a responsabilidade permanente da pessoa sob
seu cuidado;
- Cuidador secundrio: divide de alguma forma, a responsabilidade do
cuidado com um cuidador principal, auxiliando-o, substituindo-o;
- Cuidador terceiro: no possui qualquer grau de parentesco com a pessoa
cuidada.
2.5 Cuidador de idosos octogenrios
Diante da perspectiva de crescimento populacional avanado por ido-
sos no nosso pas, vemos tambm uma crescente no que diz respeito ao aumento res-
pectivo dos cuidadores.
Segundo estudos de Pavarinni et al. 2008, o cuidador a primeira e
mais forte instncia que torna possvel modelar o estilo de vida para a continuidade
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27
da identidade social do idoso. Diz ainda que, a capacitao do cuidador amplamen-
te abordada na atualidade e no se pode desconsiderar o seu mrito, porm o simples
suporte para o desempenho prtico desta funo no garante o bem-estar.
O aumento exponencial no nmero de octogenrios no Brasil exige
uma nova postura no somente por parte das polticas pblicas, mas da comunidade
acadmica. Estudos que tenham as pessoas com mais de 80 anos como tema central
ainda so poucos.
Definindo o perfil do cuidador de idosos octogenrios h predominn-
cia de mulheres ,segundo dados nacionais do IBGE 2000 e de outros pesquisadores
acerca de idosos e octogenrios, bem como trabalhos que descrevem maior taxa de
mortalidade dos homens e expectativa de vida das mulheres.
Como j encontrado na literatura a grande maioria so mulheres, mem-
bro da famlia, comumente filhas ou esposas, casadas com filhos, oriundas da classe
C, residente no mesmo domiclio do idoso, que se dedica exclusivamente tarefa de
cuidar, com nvel de escolaridade baixo em relao aos homens (INOUYE,
etal.2008).
A longevidade da populao brasileira trouxe aumento da multigeracio-
nalidade. Idosos longevos constituem grupo de risco para a fragilidade na velhice.
No estudo de Santos (2009), a maioria dos idosos morava com a famlia (88%), po-
rm, sem o cnjuge (71%). As famlias eram pequenas e os idosos moravam em m-
dia com mais 1,9 pessoa. Em metade dos casos, os idosos moravam com mais de
uma pessoa acima de 60 anos (41%).
A constatao de que pessoas idosas esto cuidando de idosos, as limi-
taes para a participao em programas de apoio visto a falta de um substituto para
a ausncia do cuidador, a dificuldade de acesso instituio onde o programa ofe-
recido so elementos presentes no cenrio assistencial que no podem ser omitidos
(INOUYE, et al.2008).
A importncia de se abordar as percepes do cuidador se deve a rela-
o interdependente de sua qualidade de vida com a do octogenrio. Um dado que
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28
merece ateno especial a valorizao da diviso da tarefa de cuidar, citada pelos
cuidadores como fator importante para a sua qualidade de vida. Se os laos de solida-
riedade no surgem espontaneamente dentro da famlia, eles podem ser resgatados e
trabalhados pela interveno. Alm do cuidador primrio, conveniente convidar ou-
tros familiares para uma interveno que focalize o compromisso, o apoio, os direi-
tos, os deveres e principalmente a solidariedade e valorizao daquele familiar que
assume primariamente o nobre compromisso de cuidar.
Contemplar com criatividade todos estes empecilhos constitui-se um de-
safio para os profissionais. Algumas possibilidades seriam oferecer programas para
cuidador e octogenrio no mesmo horrio e instituio, a interveno domiciliar por
meio da Estratgia da Sade da Famlia, a identificao e interveno voltada aos po-
tenciais cuidadores secundrios e a possibilidade de que as mesmas sejam oferecidas
no prprio bairro em centros comunitrios ou unidades da ateno bsica.
2.6 Qualidade de vida
A QV (qualidade de vida) um termo de difcil conceituao. A expresso
Qualidade de Vida na Velhice tambm um fenmeno complexo e sujeito a mlti-
plas influncias (SILVA, 2009).
A comisso de metas nacionais do presidente Eisenhower, em 1960 atribuiu
QV ao significado de educao, sade, bem-estar, crescimento econmico. No final
da mesma dcada, foram incorporados a qualidade de vida os significados de liber-
dade, lazer, afeto e o prazer, alm de outros o termo passa a representar a vida boa,
que estava alm dos bens materiais (SILVA, 2009).
A QV tem sido estudada a partir de perspectivas sociolgicas e de sade. No
campo da sade, a QV pode ser considerada por parmetros objetivos ou subjetivos.
Os primeiros implicam avaliaes de parmetros externos de natureza biolgica, cl-
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29
nica e epidemiolgica atravs da satisfao das necessidades bsicas. O segundo se
d pelas avaliaes de indivduos e de grupos, que se baseiam em parmetros inter-
nos, embora referenciado a normas e expectativas sociais de bem-estar, felicidade,
amor, prazer, realizao pessoal (CHACHAMOVICH, TRENTINI, FLECK, 2011).
A qualidade de vida relacionada sade definida como funcionamento f-
sico, emocional e social, porm a qualidade de vida relacionada ao estado funcional
uma afirmao inadequada, principalmente entre pessoas com deficincias e limita-
es funcionais, que podem ter tima qualidade de vida por meio de apoios ambien-
tais ou por sua prpria perspectiva de vida. Portanto, qualidade de vida um termo
muito mais abrangente (FLECK, 2008).
Contudo, deduz-se que o termo QV muito complexo, multidimensional e
abstrato, caracterizado pelas respostas subjetivas dos indivduos aos fatores fsicos,
mentais e sociais que faz de sua vida diria. Abrange reas diversas, que contribui
para o todo, incluindo satisfao pessoal, autoestima, desempenho, comparao com
os outros, experincia e conhecimentos prvios, situao econmica, sade geral e
estado emocional, sendo esses fatores que interferem na QV (SILVA, 2009).
Segundo a OMS, medida que um indivduo envelhece, sua QV forte-
mente determinada por sua habilidade de manter autonomia e independncia. Porm
sabe-se que a QV transpassa outras reas, como a social, a psicolgica e as de mane-
jo organizacional e ambiental (INOUYE; PEDRAZZANI; PAVARINI, 2008).
Muitos so os fatores que contribuem para o crescimento da Qualidade de
Vida: desenvolvimento econmico, maior controle de doenas infecciosas, melhor
acesso gua potvel, instalaes sanitrias e assistncia sade, bem como o sur-
gimento de novas tecnologias. No obstante, o fato de viver mais no significa que a
qualidade de vida tenha melhorado. Ainda falta sensibilidade por parte da maioria da
populao, e programas mais eficientes, voltados s necessidades dos idosos e polti-
cas pblicas que funcionem (SOUZA; LAUTERT; HILLESHEIN, 2011).
Vrios so os fatores que influenciam a vida do idoso, no sentido de uma
boa qualidade, como: relacionamentos interpessoais, boa sade fsica e mental, bens
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30
materiais, lazer, trabalho, espiritualidade, honestidade e solidariedade, educao e
ambiente favorvel (RIBEIRO, et al., 2008).
A representao da QV em idosos uma forma de caracterizar seu contexto
atual de vida, onde podero emergir dimenses que so prprias e especficas, levan-
do em considerao que este um construto subjetivo e multifacetrio. Viver bem a
velhice depende da interao dos idosos com seu contexto de vida, do qual brotam
seus valores, sua dimenso social e a histria de sua vida (SILVA, 2009).
Silva, 2009 descreve sobre o modelo de QV na velhice que representado
em quatro dimenses inter-relacionadas, segundo Lawton:
Competncia comportamental: revela o desempenho das pessoas frente s
diversas situaes em seu cotidiano, depende de situaes e condies vividas, valo-
res obtidos no decorrer de sua vida e do desenvolvimento social.
Condies ambientais: refere-se ao contexto fsico, ecolgico e ao criado
pelo homem, os quais influenciam em situaes de aspecto emocional, cognitivo e
comportamental.
Qualidade de vida percebida: a traduo da prpria vida, correlacionada
as influncias dos valores agregados e expectativas pessoais e sociais.
Figura 1- Modelo de qualidade de vida na velhice de Lawton
Competncia
comportamental
Qualidade de
vida percebida
Condies
Ambientais
Bem estar
subjetivo
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Bem estar subjetivo: denomina a satisfao com a prpria vida, geral e es-
pecfica, referente s condies objetivas, adaptativas e percepo da prpria QV.
Os princpios fundamentais de um envelhecimento bem sucedido descrevem
o idoso como pr-ativo, definindo seus objetivos e lutando para alcan-los, reunindo
recursos que so teis na adaptao mudana e ativamente envolvidos na manuten-
o do bem-estar. Os modelos de QV compreendem desde a satisfao com a vida
ou bem-estar social a modelos baseados em conceitos de independncia, controle,
competncias sociais e cognitivas, porm com o passar dos anos infelizmente, nem
sempre possvel manter o controle destes determinantes (INOUYE; PEDRAZZA-
NI; PAVARINI, 2008).
2-7 Qualidade de vida em cuidadores de idosos com oitenta anos e
mais.
O aumento da longevidade traz ao profissional de sade o desafio de co-
nhecer os fatores relacionados maior expectativa de vida, estimulando uma boa
qualidade de vida, e intervindo na m qualidade (MAUS 2010).
De acordo com um estudo de Maus,et al.(2010) a qualidade de vida dos
idosos foi considerada boa, e a comparao entre o grupo jovem e muito idoso mos-
trou que a QV no parece decair com a idade.
Envelhecer satisfatoriamente depende do delicado equilbrio entre os li-
mites impostos pelos anos vividos e as capacidades/potencialidades do indivduo. Tal
relao ir possibilitar ao idoso lidar, com diferentes graus de sucesso, com as perdas
caractersticas do envelhecimento (TRENTINI; CHARCHAMOVICH; FLECK,
2008).
Muitos idosos na quarta idade demonstram que possvel buscar signifi-
cado na vida, ainda que vivendo com incapacidades funcionais e sabendo que o futu-
ro restrito. A chave a valorizao pessoal destas pessoas, sendo possvel aprender
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com eles que o que atribui valor a vida so os significados que cada um constri. A
valorizao dessas dimenses o que preserva a liberdade de ser, mesmo em idades
muito avanadas e mesmo precisando conviver com incapacidades funcionas (CAL-
DAS,2007).
Portanto, identificar os determinantes de QV na velhice, levando-se em
considerao as diferenas entre o idoso jovem e o muito idoso, questo relevante
para quem busca longevidade com boa qualidade. O importante saber se os anos a
mais so plenos de satisfao e significado (MAUS, 2010).
Ainda segundo o autor, o envelhecimento bem sucedido envolve baixo
risco de doenas e de incapacidades, funcionamento fsico e mental excelente e en-
volvimento ativo com a vida. Para um envelhecimento bem-sucedido, necessrio
que haja a substituio simblica das inexorveis perdas por ganhos em outras di-
menses; o atendimento s necessidades sociais (boas condies de vida e oportuni-
dades socioculturais) e renovao dos projetos de vida (CALDAS, 2007).
Entender o significado de ser um indivduo muito idoso, vivendo no limi-
te de sua capacidade funcional, ou seja, na quarta idade a base para o desenvolvi-
mento de intervenes profissionais para ajudar estas pessoas a permanecerem inde-
pendentes e autnomas no sentido de se autodeterminar at o final da vida (CAL-
DAS, 2007).
Viver mais pode acarretar uma srie de mudanas pessoais desse grupo
etrio como incapacidades, dependncia, necessidade de cuidados prolongados, de
instituies de longa permanncia, perda de papis sociais, isolamento, solido, de-
presso e falta de um sentido para a prpria vida. Um grande desafio que a longevi-
dade impe o de conseguir uma sobrevida maior, com melhor qualidade de vida
(MAUS,2010).
Segundo a OMS, " medida que um indivduo envelhece, sua Qualidade
de Vida fortemente determinada por sua habilidade de manter autonomia e inde-
pendncia". Ainda a define como: "a percepo do indivduo de sua posio na vida
no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relao aos seus
objetivos, expectativas, padres e preocupaes".
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33
Essa definio deixa implcita a ideia de que o conceito de Qualidade
de Vida subjetivo, multidimensional e inclui elementos de avaliao tanto positivos
como negativos (FLECK et al., 1999; The WHOQOL Group, 1996).
A OMS, prope que a Qualidade de Vida multifatorial, referendan-
do-se a partir das seguintes dimenses: (1) sade fsica, (2) sade psicolgica, (3) n-
vel de independncia (em aspectos de mobilidade, atividades dirias, dependncia de
medicamentos e cuidados mdicos e capacidade laboral), (4) relaes sociais e meio
ambientes (SOUZA, CARVALHO, 2003).
Auquier et al. (1997) define qualidade de vida como o valor atribudo
vida, ponderado pelas deterioraes funcionais; as percepes e condies sociais
que so induzidas pela doena, agravos, tratamentos; e a organizao poltica e eco-
nmica do sistema assistencial.
Conforme o estudo deduz-se que Qualidade de Vida um termo com-
plexo, multidimensional e abstrato, representado pelas respostas subjetivas dos indi-
vduos aos fatores fsicos, mentais e sociais que contm o seu dia a dia, compreende
reas muito diversificadas,que contribuem para o todo,incluindo: satisfao pesso-
al,autoestima,desempenho,comparao com os outros,experincia e conhecimento
prvio,situao econmica,sade geral e estado emocional,sendo todos eles,fatores
que influenciam na percepo de qualidade de vida.(SILVA, 2010).
Em nosso meio, a velhice est associada a perdas, incapacidade, depen-
dncia, importncia, doena, desajuste social, baixos rendimentos, solido, viuvez,
cidadania da segunda classe e assim por diante. As caractersticas de alguns so ge-
neralizadas para todos os idosos. Essa viso estereotipada, aliada dificuldade de
distinguir entre senescncia e senilidade, leva a negao da velhice ou negligncia
de suas necessidades e desejos.(PASCHOAL, 2002)
No que se refere Qualidade de Vida dos cuidadores familiares, muitos
autores tm se dedicado a investigar os efeitos dos eventos estressores e seus impac-
tos. Ser cuidador demanda tempo, espao, energia, dinheiro, trabalho, pacincia, ca-
rinho, esforo e boa vontade. As graduais perdas cognitivas, mudanas comporta-
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mentais, emocionais e at de personalidade do idoso exigem uma grande capacidade
de adaptao para um convvio satisfatrio (NERI,2006).
Definindo o perfil de cuidadores de idosos octogenrios, ainda so maio-
ria: mulheres, membro da famlia, comumente filhas ou esposas, casadas com filhos,
oriundas da classe C, residente no mesmo domiclio do idoso, que se dedica exclusi-
vamente tarefa de cuidar(INOUYE et al. apud KARSH 1998).
Numa relao diretamente proporcional, o estudo de Inouye, et
al.(2008) apontou que a percepo de bem-estar do octogenrio acompanha a per-
cepo do cuidador, isso nos remete para o planejamento de intervenes psicoedu-
cacionais voltadas para ambos.
O cuidador a principal fonte de apoio para o enfrentamento das adver-
sidades, sendo assim, o estmulo e o fortalecimento de parcerias entre cuidadores fa-
miliares e profissionais pode minimizar as dificuldades vivenciadas.
Cerca de 41% dos cuidadores segundo Gonalves 2000 da mesma faixa
etria,entre 60 e 80 anos,ou seja so idosos cuidando de idosos.
O cuidador que j se encontra na terceira idade apresenta certa dificul-
dade ao assumir a postura de cuidador, portanto no est preparado e consciente de
que seu papel interfere na qualidade do servio prestado (VILAA, 2005).
O cuidador de idosos que tambm idoso,apresenta limitaes funcio-
nais como, por exemplo, na parte fsica e psicolgica, alm do cansao que os anos
vividos trazem. Quase sempre o cuidar de idosos pelo idoso se torna estressante, de
sobrecarga fsica, emocional e socioeconmica (SILVA, 2009).
Os resultados apresentados por Inoyue et al. 2008 confirmam estudos
anteriores, os quais mostram a heterogeneidade da populao idosa. Diante disso, ob-
serva-se a importncia do planejamento de polticas pblicas direcionadas s neces-
sidades da populao de octogenrios e seus respectivos cuidadores, alm de outros
estudos que possibilitem ampliar o conhecimento a respeito dessa populao que se
destaca por seu acelerado crescimento percentual (FILHO, 2001).
-
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Por meio de esforos conjuntos, podemos pensar em medidas preventi-
vas e intervenes que garantam a ressignificao dos valores negativos e estereti-
pos associados velhice. A investigao realizada conduz a uma proposta que consi-
dere as relaes interpessoais, sendo o elo social do idoso (PEDRAZZANI et al.
2008).
Dentre outros citados ainda predomina o perfil de cuidadores que classi-
fica: mulheres, entre 31 e 50 anos (48%); entre 41e 50 anos (21,9%) nos remete a ir
de encontro com os estudos de Felgar, (1998) que ao pesquisar descobriu que, 46,1%
dos cuidadores tm entre 40 e 59 anos, o que nos diz que existem idosos cuidando
de idosos.
A prevalncia do sexo feminino nas pesquisas nos permite observar que,
devido insero da mulher no mercado de trabalho cada vez mais predominante-
mente, e nmero das mesmas nos cursos capacitantes de enfermagem, isso se reflete
nos resultados na tentativa de se estabelecer o perfil do cuidador formal.
de suma importncia ressaltar o crescente nmero de pessoas que es-
to engajando na funo de cuidador; visto que o nmero de idosos dependentes de
cuidado seja a qualquer nvel de complexidade aumenta cada vez mais, exigindo mo
de obra especfica, porm como apontam os estudos nem sempre especializadas e de
qualidade.
A assistncia domiciliar um tema que atualmente traz muita discusso
entre profissionais da rea da sade e entre administradores. Essa modalidade de as-
sistncia, tambm conhecida como home care (do ingls, cuidado do lar), pode ser
definida como um conjunto de procedimentos hospitalares possveis de serem reali-
zados na casa do paciente. Abrangem aes de sade desenvolvidas por equipe inter-
profissional, baseadas em diagnstico da realidade em que o paciente est inserido,
visando promoo, manuteno e reabilitao da sade ( WEBHER,NASSUR
et al. 2004).
No h muitos registros formais sobre a histria da assistncia domiciliar
no Brasil; o que mais se encontra so depoimentos de pessoas que viveram ou esto
vivendo o desenvolvimento dessa modalidade, as primeiras atividades domicilirias
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36
desenvolvidas no Brasil aconteceram no sculo XX, mais precisamente em 1919,
com a criao do Servio de Enfermeiras Visitadoras no Rio de Janeiro ANDRADE,
(2004).
2-8 Instrumentos de qualidade de vida
Atualmente, tem-se no Brasil apenas um instrumento para avaliar a QV
de idosos, intitulado WHOQOL-OLD. Foi construdo e validado por Marcelo Fleck
sob os auspcios da Organizao Mundial de Sade que possui um grupo que se de-
dica ao estudo da QV (SILVA, 2009).
Desde que a expresso QV foi introduzida na rea de sade, o nmero de
instrumentos com a finalidade de avaliar esse construto cresceu acentuadamente. Es-
ses instrumentos, por sua vez, objetivam no somente fornecer dados quantitativos
sobre a QV, mas tambm avaliar o resultado das intervenes realizadas, especial-
mente nas doenas crnicas (TESTA; SIMONSON, 1996).
H necessidade de instrumentos multidimensionais, suficientemente sen-
sveis para captar a variabilidade dos diferentes grupos de idosos e de sua QV. De-
vem considerar as especificidades dos idosos que, em decorrncia do seu contexto de
sade e das influncias sociais, culturais e econmicas, assumem caractersticas pr-
prias dessa fase do ciclo de vida (NERI, 2001).
A Organizao Mundial da Sade criou o Grupo de Qualidade de Vida,
The Whoqol (World Health Organization Quality of Life Measures) Group (1995),
esse grupo elaborou um instrumento que avalia a QV de forma subjetiva de acordo
com as percepes do indivduo em mltiplas dimenses, com elementos que deno-
tam aspectos positivos, como mobilidade, e aspectos negativos, como dor (MINA-
YO; HARTZ; BUSS, 2000).
-
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Aps a definio do termo QV, os passos seguintes adotados para a cria-
o desse instrumento foram distribuir esta definio entre os aspectos da vida (face-
tas), definir estas facetas e gerar um conjunto global de questes das quais derivari-
am as perguntas do Whoqol. Foram criadas 29 facetas, divididas em seis domnios:
fsico (dor e desconforto, energia e fadiga, atividade sexual, sono e descanso, funes
sensoriais), psicolgico (sentimentos positivos, pensar, aprender, memria e concen-
trao, autoestima, imagem corporal e aparncia, sentimentos negativos), nvel de
independncia (mobilidade, atividade da vida cotidiana, dependncia de medicao e
de tratamento, dependncia de substncias no medicinais, capacidade de comunica-
o e capacidade de trabalho), relao social (relaes pessoais, apoio social, ativi-
dades como provedor/apoiador), meio ambiente (liberdade, segurana fsica e prote-
o, ambiente no lar, satisfao no trabalho, recursos financeiros, cuidados de sade
e sociais: disponibilidade e qualidade, oportunidade de adquirir novas informaes e
habilidades, participao e oportunidade de recreao/lazer, ambiente fsico, trans-
porte) e por ltimo espiritualidade/religio/crenas pessoais. Posteriormente foram
elaboradas 236 perguntas que abordam essas facetas, em escalas de Likert de cinco
pontos (POWER, 2008).
O Whoqol foi administrado em 15 centros diferentes em todo o mundo,
com gerao de escalas de resultados comparveis. Aps avaliao de uma srie de
critrios psicomtricos, cinco facetas (funes sensoriais, dependncia de substncias
no medicinais, capacidade de comunicao, satisfao no trabalho e atividades co-
mo provedor/apoiador) foram retiradas, restando 24 facetas e uma srie de itens glo-
bais; foi ento decidido o nmero mnimo de quatro itens por faceta, que levaram
seleo de 25x4=100 itens (inclusos os quatro itens gerais) que ficou conhecido co-
mo Whoqol-100, com Alfas de Crombach que variaram de 0,65 a 0,93 (POWER,
2008).
Foram desenvolvidos dois instrumentos para medida da QV: Whoqol-100
e o Whoqol-Bref; o primeiro consta de 100 questes que avaliam seis domnios: a) f-
sico b) psicolgico, c) de independncia, d) relaes sociais, e) meio ambiente e f)
espiritualidade/crenas pessoais. O segundo instrumento uma verso abreviada,
com 26 questes, extradas do anterior, entre as que obtiveram os melhores desem-
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38
penhos psicomtricos, cobrindo quatro domnios: a) fsico b) psicolgico, c) relaes
sociais e d) meio ambiente (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000).
O Whoqol-100 uma avaliao detalhada da QV, porm muito longo pa-
ra o uso prtico, e devido a isto foi desenvolvida uma verso reduzida, denominada
Whoqol-Bref, que fornece escores resumidos, contendo um total de 26 perguntas,
constitudas de um item de cada uma das 24 facetas do Whoqol-100 e dois itens de
qualidade de vida global (POWER, 2008).
Algumas facetas excludas do Whoqol-100, como problemas de funcio-
namento sensorial e comunicao, devido a no aplicabilidade em adultos jovens, j
no seriam relevantes para a avaliao da QV de idosos, o que objetivou a criao do
Whoqol-OLD, que foi traduzido e validado no Brasil e tem como objetivo avaliar a
QV de idosos. O desenvolvimento do mdulo OLD se deu de forma transcultural si-
multnea e foi conduzido pelos seguintes passos: 1- Formao de grupos focais com
idosos saudveis e doentes de diferentes faixas etrias; 2- Gerao de um conjunto de
40 itens agrupados em seis facetas; 3- Teste-piloto realizado em 22 centros diferentes
no mundo, com 300 sujeitos no mnimo, com nmero igual de homens e mulheres,
nmero igual entre de faixas etrias 60-69 anos, 70-79 anos e 80 a 89 anos e nmero
igual de pessoas que se percebem doentes ou saudveis; 4- Refinamento e reduo
de itens e um teste de campo com amostra total de 5.566 sujeitos de 20 diferentes
centros. O mdulo Whoqol-OLD composto por 24 itens divididos em seis facetas,
com quatro itens por faceta; so elas funcionamento dos sentidos; autonomia; ativi-
dades passadas, presentes e futuras; participao social; morte e morrer; intimidade,
com resposta em escala de Likert de 1 a 5, com o escore total apresentando consis-
tncia interna de Alfa de Combrach de 0,89 (CHACHAMOVICH, et al., 2008).
Portanto, o mdulo Whoqol-OLD pode ser utilizado em vrios estudos,
incluindo avaliaes transculturais, pesquisas de base epidemiolgica, monitorao e
status de sade, desenvolvimento e avaliao de servios de sade e de diferentes
programas de sade e estudos de intervenes clnicas nos quais as avaliaes de
qualidade de vida sejam cruciais. Esse instrumento permite a avaliao do impacto
de servios de sade e de cuidados de sade na QV de idosos, em especial a identifi-
cao de possveis consequncias de polticas de sade na QV de populaes idosas.
-
38
Ademais, poder auxiliar na determinao de reas de investimento ca-
pazes de refletir maiores ganhos na QV (CHACHAMOVICH, et al., 2008).
A verso final do instrumento em portugus est disponvel para downlo-
ad no site do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, juntamente com a sintaxe de anlise de dados. (OMS, 2003).
-
3 TRAJETRIA METODOLGICA
3.1 Cenrio do estudo
Pouso Alegre, um municpio do estado de Minas Gerais, fundado em 19 de outu-
bro de 1848, situado a 200 km do municpio de So Paulo, a 373 km da capital do estado,
localizado s margens da Rodovia Ferno Dias. Possui uma populao de 130.615 habitantes.
Destes, 64.519 so do gnero masculino e 66.096 do gnero feminino (IBGE, 2010). A popu-
lao considerada idosa, ou seja, aquela com 60 anos ou mais da cidade de Pouso Alegre se-
gundo o IBGE, compreende um total 14.500 o equivalente a 12% da populao total da cidade
(IBGE 2011).
No setor educacional e de sade, o municpio tem como destaque a Univs (Uni-
versidade do Vale do Sapuca), Faculdade de Direito (FDSM - Faculdade de Direito do Sul de
Minas) e a FACAPA - Faculdade Catlica de Pouso Alegre. Encontra-se no municpio o Hos-
pital das Clnicas Samuel Libnio (HCSL) - hospital universitrio (PREFEITURA MUNICI-
PAL DE POUSOALEGRE, 2011).
Pouso Alegre referncia em sade regional para 54 municpios abrangendo uma
populao aproximada de 800.000 pessoas. Conta com vrias clnicas de sade, um grande
centro comercial, shopping, hipermercado, distribuidoras, empresas prestadoras de servio, as
quais geram inmeros empregos no s para sua populao local, mas tambm para as cidades
vizinhas (PREFEITURA MUNICIPAL DE POUSO ALEGRE, 2011).
O municpio possui duas UPA (Unidades de Pronto Atendimento Municipal), um
Pronto Socorro Regional, vinte e trs UBS, localizadas em bairros centrais e perifricos da
-
cidade, vinte Equipes de Estratgia de Sade da Famlia, uma Policlnica, um Centro Especia-
lizado em Diabetes, um Centro de Reabilitao de Fisioterapia, um Laboratrio de Anlises
Clnicas, um Ambulatrio de Estomaterapia, duas Instituies de Longa Perma-
nncia filantrpicas, e trs clnicas particulares para idosos.
A cidade se destaca por ser um plo industrial multissetorizado, onde convivem
empresas brasileiras e multinacionais de grande porte, e dispe de uma excelente infraestrutu-
ra de servios: energia, transporte, telecomunicaes, escolas, hospitais e clnicas. Suas con-
dies a colocam em destaque entre as cidades brasileiras do interior que oferecem melhor
qualidade de vida (PREFEITURA MUNICIPAL DE POUSO ALEGRE, 2011).
3.2 Delineamento do estudo
O presente estudo de abordagem quantitativa, do tipo descritivo e transversal.
A abordagem quantitativa significa quantificar, ou seja, envolve uma coleta sistem-
tica de informaes que o resultado se baseia em nmeros, com utilizao de tcnicas estats-
ticas (POLIT; HUNGLER, 2004).
A abordagem de pesquisa quantitativa utilizada quando se tem um instrumento de
medida utilizvel e vlido, deseja-se assegurar a objetividade e credibilidade dos achados, os
instrumentos no colocam em risco a vida humana, a questo proposta indica a preocupao
com quantificao, quando se necessitam comparar eventos, ou quando for desejado replicar
estudos (NIERSCHE; LEOPARDI, 2001).
Gil (2001) menciona que as pesquisas descritivas tm por finalidade descrever as ca-
ractersticas de uma determinada populao ou fenmeno. Dentre os tipos de pesquisa descri-
tiva, existem aquelas que tm por objetivo estudar as caractersticas de um determinado gru-
-
42
po. Essas pesquisas que tm por finalidade levantar opinies, atitudes e crenas e so aquelas
que estudam a relao entre as variveis.
Os estudos transversais so aqueles em que os dados so coletados apenas em nico
momento no tempo. Este tipo de estudo descreve situaes de fenmenos ou relaes em um
momento fixo em tempo (POLIT; HUNGLER, 2004).
3.3 Participantes, amostra e amostragem e critrios de elegibilidade.
Os participantes do estudo foram cuidadores de idosos octogenrios de ambos os
gneros, do Municpio de Pouso Alegre. A amostra foi constituda por 100 cuidadores de ido-
sos octogenrios que corresponde a cerca de 10% da populao total de cuidadores de idosos.
A amostragem foi no probabilstica do tipo intencional ou racional.
Os critrios de elegibilidade desse estudo foram:
Concordarem em participar do estudo.
Ter mais de 18 anos.
Ter capacidade cognitiva e de comunicao preservada isto , lcidos e
no portadores de desordens cognitivas. Para verificar se eles atendem a este critrio
foi utilizado o questionrio de Avaliao Mental (ANEXO A).
Apresentar escore de avaliao mental igual ou superior a 70%.
O critrio de excluso foram os inversos dos critrios de elegibilidade.
Segundo Polit; Beck; Hungler (2004), sujeito a pessoa que participa do estudo, que
ir fornecer as informaes relacionadas ao respectivo assunto do trabalho.
Uma amostra pode se dizer que um subconjunto de elementos da populao, sendo
que o principal elemento a ser avaliado a sua representatividade, o quanto se relaciona com
-
43
a populao. Amostragem o tipo de processo de seleo para amostra, ou seja, como a a-
mostra ser localizada para proceder s informaes (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004).
A amostragem no probabilstica intencional ou racional, baseia-se no pressuposto de
que o conhecimento do pesquisado sobre a populao pode ser usado para pinar os casos a
serem excludos na amostra. O pesquisador pode decidir e selecionar, propositalmente, a mai-
or variedade possvel de respondentes, ou escolher informantes que sejam considerados tpi-
cos da populao em questo, ou particularmente conhecedores dos assuntos. (POLIT; BECK;
HUNGLER, 2004).
Polit; Hungler (1995) mencionam que os critrios de elegibilidade de uma pesquisa
so as caractersticas que designam atribuies especificas populao de interesse, sendo
que o conhecimento sobre os critrios de elegibilidade essencial para que haja compreenso
da populao a ser selecionada do estudo.
3.4 Pr-teste
O Pr-teste foi realizado com 10 cuidadores que atenderam aos critrios de incluso,
que no fizeram parte da amostra. Lakatos; Marconi (2002) mencionam que a principal fun-
o do pr-teste testar o instrumento de coleta de dados, permitindo identificar a incosistn-
cia ou complexidade das questes; ambiguidade ou linguagen inacessvel; perguntas supr-
fluas ou que causem embarao ao informante; se as questes obedecem a determinada ordem
ou se so muitos numerosas, deve ser aplicado em populao com caractersticas semelhantes,
mas nunca naquela que ser alvo de estudos.
O pr-teste permite tambm ainda, a obteno de uma estimativa sobre os futuros re-
sultados e so constitudos por trs elementos importantes (LAKATOS; MARCONI, 2002).
Fidedignidade: Qualquer pessoa que aplique obter sempre o mesmo resultado.
Validade: Os dados recolhidos so necessrios a pesquisa
Operatividade: Vocabulrio acessvel e significado.
-
44
3.5 Coleta de dados
A coleta de dados se deu por meio de entrevista estruturada atravs da aplicao
de trs instrumentos com questes de mltipla escolha que foram utilizados como referncia
para o estudo.
A coleta de dados foi dividida em duas partes distintas:
Procedimento adotado para a coleta de dados.
Instrumentos de pesquisa.
3.6 Procedimento de coleta de dados
A coleta de dados foi realizada em domiclios, centros de convivncias, praas pblicas, lo-
cais de trabalho, de encontros sociais e religiosos. Em local adequado, isento de rudos e que ofereceu
condies para manuteno da privacidade ao participante do estudo.
Para a coleta de dados foram utilizados os procedimentos a seguir:
Identificar o cuidador de acordo com os critrios de incluso;
Efetuar o convite ao cuidador selecionado;
Agendamento se necessrio, quanto ao dia e hora da entrevista, com o pesquisado;
Apresentar-lhe os objetivos do estudo;
Explicar-lhe sobre o estudo;
Retirar possveis dvidas do entrevistado;
Esclarecer sobre o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido;
Obter a anuncia do idoso;
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45
Oferecer-lhe o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para assinatura ou a
posio da impresso digital do polegar direito.
3.7 Instrumentos de pesquisa
1. Caracterizao scio-demogrfica do cuidador (ANEXO A): forma-
do por questes abertas e fechadas referentes a idade, sexo, estado civil e escolari-
dade entre outros.
2. Questionrio de Avaliao mental (ANEXO B): Ele consiste de 10
perguntas que analisam basicamente a orientao tmporo-espacial e a memria
para os fatos tardios, possibilitando avaliar se o cuidador sofre ou no de uma sn-
drome mental orgnica. O respondente deveria acertar no mnimo sete do total das
10 perguntas. Trata-se de uma escala de domnio pblico.
3. Questionrio - Whoqol- bref - (ANEXO C): uma verso abreviada
do Whoqol 100. Trata-se de uma escala genrica de qualidade de vida, composta
por 26 itens relacionados avaliao subjetiva do indivduo no tocante aos aspec-
tos que interferem em sua vida. Por tratar-se de um construto multidimensional, es-
te instrumento de medida da qualidade de vida abrange quatro domnios: fsico,
psicolgico, relaes sociais e meio ambiente, e tem como finalidade saber como
a pessoa se sente a respeito de sua qualidade de vida, sade e outras reas de sua
vida. Os domnios com os seus respectivos itens encontram se no ANEXO C. A
verso em portugus utilizada neste estudo foi validada por Fleck no ano de 2000.
3.8 Estratgia de anlise dos dados
-
46
Os dados foram inseridos eletronicamente em um banco de dados prprio.
Para a anlise dos dados, foi utilizada a estatstica descritiva por meio da utilizao
da frequncia absoluta e relativa para as variveis categricas e medidas de tendncia
central para as variveis contnuas.
3.9 Estratgia de apresentao dos resultados
Os resultados foram apresentados por meio de tabelas.
3.9.9 Aspectos ticos da pesquisa
Os aspectos ticos da pesquisa obedeceram resoluo 296/96 do Minist-
rio da Sade , respeitados os princpios da autonomia e privacidade. A autonomia dos
participantes do estudo foi respeitada pela livre deciso de participar da pesquisa,
aps o fornecimento das orientaes que subsidiaram a sua deciso. O Termo de Li-
vre e Esclarecido (APNDICE A) oficializou a deciso dos representantes partici-
pantes do estudo de maneira livre e espontnea. Os dados foram colhidos aps apro-
vao do Comit de tica em Pesquisa da UNIVS sobre o parecer nmero 93.839.
O parecer consubstanciado do Comit de tica em Pesquisa, que aprovou a
realizao do estudo encontra - se no (ANEXO D).
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4 RESULTADOS
Os resultados do presente trabalho so apresentados em duas etapas. Na primeira, se-
ro fornecidos os dados referentes s caractersticas scio demogrficas. A segunda parte con-
tm os dados relacionados com a qualidade de vida dos cuidadores de idosos octogenrios
(Woqol-Bref).
Durante a coleta de dados foram entrevistados 100 cuidadores de idosos.
-
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TABELA 1 Caracterizao scio demogrfica do cuidador de idoso octogenrio. Pouso
Alegre MG 2012
n=100
F.A F.R M MED D.P V.MIN V.MAX AMP
Gnero Masculino 17 17%
Feminino 83 83%
Idade - - 48,95 48 17,59 20 88 68
Religio
Catlica 56 56%
Espirita 7 7%
Evanglica 22 22%
Sem religio 15 15%
Sabe ler e escrever
Sim 97 97%
No 3 3%
Escolaridade
Analfabeto 4 4%
Fundamental Completo 23 23%
Fundamental incompleto 17 17%
Mdio Completo 22 22%
Mdio Incompleto 6 6%
Superior Completo 23 23%
Superior Incompleto 5 5%
Estado Civil
Solteiro 33 33% Casado 37 37% Morando junto 6 6% Vivo 14 14% Divorciado 10 10% Filhos
Sim 69 69% No 31 31% Nfilhos - - 2,46 2 1,86 1 10 9
Tipo Familiar
Nuclear 58 58% Extensa 33 33% Variante 9 9%
-
48
Fonte: instrumento de pesquisa
Observou-se que 83% dos entrevistados eram do gnero feminino; a mdia
de idade encontrada foi de 48 anos enquanto o gnero masculino teve uma represen-
tatividade de 17%.
No item religio 56% esto representados pela religio catlica, 22% por
evanglicos, 15% no tem nenhuma religio e 7% so espritas.
Quanto saber ler e escrever, 97% sabe ler e escrever e 3% no sabe. Em
relao escolaridade 23% tm superior completo, 23% fundamental completo, 22%
ensino mdio completo,17% fundamental incompleto,6% ensino mdio completo,
5% superior incompleto e 4% so analfabetos.
Relativo ao estado civil 37% so casados, 33% so solteiros, 14% so vi-
vos, 10% so divorciados e 6% moram juntos. Dos entrevistados 69% possuem fi-
lhos e 31% no possuem filhos. A mdia de filhos foi de 2 filhos por famlia.
Os tipos de famlias encontradas foram 68% do tipo nuclear, 33% extensa e
9% variante.
-
49
TABELA 2 Caracterizao scio demogrfica do cuidador de idosos octogenrios de
Pouso Alegre MG 2012 II
n=100
F.A F.R M MED D.P V.MIN V.MAX AMP
Situao de trabalho Empregado (a) 28 28% Trabalha por conta prpria 21 21% Desempregado (a) 7 7% Aposentado (a)mas continua
trabalhando 7 7%
Aposentado (a) e deixou o
trabalho 15
15% Aposentado (a) licena ou
auxlio-doena 6
6%
Atividade no remunerada 1
1%
Prendas domsticas 11
11% No respondeu 4 4% Rendimento Mensal Famili-
ar - - 2.445,31 2.000 1.190,17 600 5.500 4.950
N pessoas que vivem com
esse rendimento - - 2,76 3 1,21 1 7 6
Fonte: instrumento de pesquisa
A situao de trabalho encontrada foi de 28% esto empregados, seguidos de
21% que trabalham por conta prpria, 15% que j se aposentaram e deixaram o trabalho, 11%
que se dedicam s prendas domsticas, 7% desempregados, 7% so aposentados mas continu-
am trabalhando,6% so aposentados por auxlio doena, e 4% no responderam .
A renda das famlias teve uma mdia de trs salrios mnimos e meio(dois mil re-
ais) variando de seis a oito salrios mnimos, variando de R$2.445,00 a R$4.950,00. O nme-
ro mdio de pessoas que vivem com esse rendimento obteve uma mdia de 3 pessoas por
famlia.
-
50
Dados referentes qualidade de vida
A avaliao da qualidade de vida ocorreu atravs da aplicao do Woqol-
Bref divido em seus 4 domnios: fsico, psicolgico, meio ambiente e relaes soci-
ais.
TABELA 3-Medidas de tendncia central equivalentes aos domnios da escala Whoqol-
bref referente a cuidadores de idosos octogenrios de Pouso Alegre MG 2012
M MED D.P. V. Mn. V. Mx. AMP
FSICO
24,96 25 4,66 11 35 24
Escala original (7-35)
PSICOLGICO
20,67 21 3,2 12 30 18
Escala original (6-30)
RELAES SOCIAIS
Escala original (3-15) 12,35 25 4,77 16 38 22
MEIO AMBIENTE
Escala original (8-40)
27,06 28 3,92 16 35 19
Total
Escala original (24-130) 87,95 87,5 12,57 62 123 61
Fonte: instrumento de pesquisa
Evidenciou-se pela tabela acima que o domnio meio ambiente obteve mdia igual a 27,6
(DP=3,92), na dimenso fsica a mdia 24,96 e (DP=3,2). Os valores que mais se aproxima-
ram dos escores totais de cada domnio foram meio ambiente, 27,6(DP= 3,92), fsico com
escore de 24,96, (DP=4,6) relaes sociais com escore 12,35 tambm, (DP=4,77) e por ltimo
-
51
o domnio psicolgico, 20,69 (DP=3,2). Observou-se ainda que a qualidade de vida geral,
avaliada pela escala Whoqol-Bref, atingiu mdia igual a 87,95 e (DP=12,57).
Qualidade de vida percebida segundo o Whoqol- bref.
26 52 130
Qualidade Ruim
Qualidade de vida tima
O escore geral da aplicao do Whoqolbref sobre a populao de cuidadores de ido-
sos octogenrios foi satisfatrio e a qualidade de vida teve um escore mdio de 87,5 sendo
que a referncia de 130.
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5 DISCUSSO
5.1 Caracterizao scio demogrfica do cuidador de idoso octogenrio
A predominncia do gnero feminino83%, encontrado vai ao encontro dos estudos
anteriores que definem o perfil do cuidador de idosos no Brasil como o estudo de Inouye et
al., 2008. A maioria das cuidadoras em sua totalidade so filhas, noras e cnjuges. O percen-
tual de homens encontrados foi de 17%.
No que diz respeito predominncia do gnero feminino na pesquisa, este estudo
vem comprovar outros estudos sobre a presena do grupo feminino seja culturalmente herda-
do o cuidado, ou pelo papel que exerce junto famlia, ou ainda por ter expectativa de vida
maior que o gnero masculino segundo estudos j realizados, como o estudo de Inouye et
al.(2008), Pimenta,(2008) e Diogo,(2005).Nos levando a pensar que este cuidado por dcadas
tem sido imposto s mulheres, causando nas mesmas enquanto famlia, esposa, cnjuge ou
filha a responsabilidade de sobrecarga de ser chefe de famlia, me, esposa, profissional e
ainda cuidadora. necessrio repensar polticas que atendam essa mulher sobrepujada de
responsabilidades, ensinando a lidar com as limitaes prprias e do idoso cuidado, a fim de
estabelecer cada vez mais, melhor qualidade de vida estas e ao ser cuidado. A presena fe-
minina abundante na velhice um processo que vem sendo observado medida que a popu-
lao vai envelhecendo, fenmeno que se expressa de forma mais evidente a partir da stima
dcada de vida (CAMARANO,2002).
O fato de encontrarmos a religio catlica como dominante nesse estudo, 56% nos
remete realidade religiosa brasileira, em segundo ficando a religio evanglica, 22% que nos
ltimos tempos tem tido aumento expressivo no nosso pas. Observamos que, a necessidade
de se ter uma religio, entre o grupo estudado, nos reafirma a ideia de ser humano visto holis-
ticamente, em todas as suas dimenses: social, fsica, biolgica e espiritual.
A mdia de idade encontrada foi de 48 anos, o que tambm reafirma a realidade
que os pases subdesenvolvidos vm apresentando, uma expectativa de vida melhor e maior.
-
54
A mdia de idade desses cuidadores vem subindo cada vez mais. Lembrando-nos
que, tambm existem idosos cuidando de idosos.
A mdia de idades encontradas para a predominncia do sexo feminino vem com-
provar os estudos de Gonalves 2008, que em seu estudo tambm encontrou mulheres em
meia idade, assim como Zanei 2006. No presente estudo temos a mdia de 48 anos e no estu-
do de Zanei uma mdia de 46 anos,assim como no estudo de Espanha1999,sendo seguida-
mente encontradas como cuidadoras filhas e cnjuge.
O baixo nmero de analfabetismo encontrado tambm no presente estudo 4 % .O fa-
to da Qualidade de Vida estar aumentando, a renda das famlias e a educao em sade que
orientar o cuidador familiar a dividir entre a famlia o cuidado, so os responsveis pelos
achados no que diz respeito ao nvel de educao encontrado, com a melhora da qualidade de
vida, e conscientizao do governo da necessidade de se estudar, o perfil desses cuidadores
est mudando.Com a qualidade de vida vem a necessidade de saber ler, escrever e acompa-
nhar os avanos das tecnologias.
O nvel de escolaridade encontrado tambm reflete a eficcia dos projetos estaduais e
federais de educao em massa. Vai do encontro ao estudo de Zanei (2006), que tambm en-
controu um nvel semelhante de escolaridade na populao estudada.
O estudo evidencia o fato de se ter encontrado mais cuidadores casados na populao
estudada, 37% e em contrapartida tambm 33% solteiros, sendo os maiores ndices entre os
estados civis pesquisados.
No quesito que diz respeito ao perfil que define os grupos de estudo em relao ao
estado civil, este trabalho vem confirmar os estudos de Giacomim (2005), Karsh (2003), Gon-
alves (2005) e Espanha (1999), que em estudos semelhantes usando tambm o Woqol-Bref
para avaliar e definir o perfil dos cuidadores de idosos, onde estes tambm acharam o perfil
do cuidador em sua maioria casados seguidos dos solteiros. Ainda no estudo de Pimenta 2008,
este tambm acha ao aplicar o Woqol-Bref o perfil do cuidador de idosos casado,seguido do
solteiro e tendo um mnimo de vivas.
A presena de filhos tambm foi taxativa dentre os pesquisados, 69% dos cuidadores
de idosos octogenrios tm filhos. A mdia encontrada foi de 2 filhos por famlia.
-
55
O tipo de famlia encontrado foi o nuclear com 58 % dos achados e a extensa ficando
com 33% da populao estudada.
Quanto situao de trabalho, a maioria est empregado 28%, trabalham por conta
prpria 21%, o que atende bem necessidade de se cuidar de um idoso octogenrio, horrios
flexveis conforme a demanda de cuidados prestados, e os que trabalham fora, contam com
mais algum membro da famlia que ajuda nos cuidados e ateno direcionada ao idoso, o que
nos conota tambm crescente expectativa e qualidade dos anos vividos, cada vez mais cres-
cente em autonomia, independncia e nas atividades de vida diria vivida pelos idosos oc-
togenrios.
Essa informao vem contrastar com os estudos de Pimenta ( 2008), que achou nesse
domnio o percentual de 73% de cuidadores que cuidam integralmente do idoso. Considere-
mos ento a ideia que o perfil desse cuidador vem mudando nos ltimos 4 anos. Tambm
surge a figura do cuidador que trabalha por conta prpria. Estilizando assim seus horrios e
co- responsabilidades profissionais atrelado ao ganho do prprio sustento, o cuidado prestado
ao idoso octogenrio, gerando uma ambiguidade de aspectos a serem considerados, por um
lado talvez a autonomia desse idoso cuidado pode estar aumentando ,e por outro, o cuidador
continua a labuta e cada vez mais atrela responsabilidades, trazendo maior sobrecarga , estres-
se, mas melhora na qualidade de vida como pudemos evidenciar no presente estudo.
A mudana no perfil antes pesquisado com o de agora, nos diz que a populao est
procurando estudar fazendo uma comparao vemos que , h alguns anos o ndice de analfa-
betismo e nvel de escolaridade eram muito menores .
Os dados referentes escolaridade nesse trabalho, confronta outros achados como o
de Pimenta 2008, que encontrou um baixo nvel de escolaridade entre os cuidadores pesquisa-
dos. Sendo que na atual pesquisa o nvel