Sustentabilidade Financeira em · 2020. 3. 10. · 1. Governos Estruturas governamentais...
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Guia “Jovem Empreendedor Social – Orientações e Checklists”
Sustentabilidade
Financeira em
Organizações Empresariais
Sociais
CAPÍTULO 7
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CONTEÚDO
Sustentabilidade financeira de empresas sociais
Fontes de financiamento
Tipos de financiamento
Riscos do negócio
Atividades para os leitores
Referências
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Sustentabilidade financeira de empresas sociais
A viabilidade financeira é uma consideração importante, já que sem
financiamento, a empresa social não conseguirá produzir os resultados desejados.
Como já discutimos, lucro não é o objetivo da empresa social, mas é uma condição
necessária para sua sustentabilidade no mercado, portanto a organização deve ter
como objetivo ambos: melhor resultado financeiro e mais impacto social. Uma vez
que a empresa social não é uma organização de caridade, ela deve fazer o possível
por prover às suas necessidades e cobrir seu custo de operações através da produção
e venda de bens e serviços. Muitas vezes, contudo, para atingir o público-alvo e ter
mais impacto social, a ES precisa precificar seus produtos/serviços a um preço muito
baixo e até distribuí-los gratuitamente para aqueles que não poderão adquiri-los de
outra forma. Obviamente, isso comprometerá a estabilidade financeira da empresa a
longo-prazo. É por isso que o sucesso da empresa social depende, em grande parte,
da desenvoltura da sua administração para encontrar financiamento e garantir que
a organização possa continuar sua operação e criar o impacto a que se encontra
destinada.
Fontes de financiamento
Quando procurando financiamento adicional, a empresa
social deve considerar uma (ou várias) das seguintes
fontes:
1. Governos
Estruturas governamentais (Ministérios, Agências, Comitês, etc.) providenciam
fundos para pesquisa e desenvolvimento em áreas específicas e financiamento para
novos empreendimentos. Fundos de pesquisa geralmente beneficiam universidades e
instituições de pesquisa, mas empresas sociais também poderão lucrar com eles, em
colaboração com uma organização educacional maior, para projetos conjuntos.
Agências governamentais também podem providenciar fundos startup e outros
recursos para encorajar novos empreendimentos, comerciais ou sociais, ou ambos.
O foco aqui é geralmente nas inovações, ou no desenvolvimento regional.
É possível receber fundos até de governos estrangeiros, através de suas agências
de ajuda internacional. Alguns países têm agências específicas, especializadas em
desenvolvimento internacional. Alguns exemplos incluem: JICA, DANIDA, SIDA, e
Norad (agências no Japão, Dinamarca, Suécia e Noruega, respectivamente).
2. Organizações Internacionais
Para além dos recursos providenciados por governos individuais em seus países
de origem ou no exterior, existem organizações internacionais que reúnem fundos de
múltiplos governos em todo o mundo para causas específicas. Por essa razão, elas
também são chamadas de agências intergovernamentais. O World Bank (Banco
Mundial), ONU e UE estão entre os maiores e mais conhecidos exemplos. Enquanto
essas instituições de financiamento geralmente financiam empresas do setor privado
de larga-escala, elas estão cada vez mais apoiando iniciativas para promover o
empreendedorismo social em mercados emergentes em todo o mundo. A cooperação
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internacional geralmente envolve parcerias com atores locais, como empreendedores
sociais (Chahine, 2016).
3. ONGs (Organizações Não-Governamentais)
As ONGs incluem qualquer associação privada organizada por indivíduos que têm
um objetivo comum. As ONGs podem implementar seus próprios programas,
produtos e serviços, ou prover financiamento a outras organizações (incluindo OSs)
para as ajudar a cumprir sua missão.
4. Fundações
Uma Fundação é uma organização sem fins lucrativos (tipo ONG) que é formada
com o objetivo de financiar e dar suporte a outras organizações/indivíduos. As
Fundações geralmente se concentram em filantropia e na prática de promover e
apoiar o bem-estar social. Algumas Fundações são formadas por pessoas ricas e
generosas como os Rockefeller, Gates, Clinton, etc., outras se ramificaram a partir de
grandes corporações, como parte de sua política de CSR (Corporate Social
Responsibility, ou responsabilidade social corporativa), como as Fundações Pepsi,
Starbucks, Nike, Shell e Unilever.
5. Fundos de Investimento
Os Fundos de Investimento podem ser privados ou públicos, com fins lucrativos,
ou sem fins lucrativos. Os Fundos de Investimento são constituídos por indivíduos,
organizações, ou instituições bancárias. As empresas de capital de risco também são
uma espécie de fundos de investimento que fornecem financiamento a Startups
potencialmente bem sucedidas.
6. Indivíduos
Alguns indivíduos podem ser também uma fonte de financiamento que é
especialmente importante para o estágio inicial de desenvolvimento da Startup da
empresa social. Estes incluem:
- Amigos e familiares: geralmente, a fonte de financiamento mais acessível e fácil
de encontrar, mas raramente suficientemente grandes para assegurar a
viabilidade financeira de uma empresa.
- Filantropos: também conhecidos como “anjos investidores” – pessoas que estão
dispostas a apoiar o empreendimento social se acreditam na sua visão e
missão. Alguns desses investidores privados não exigem nenhuma
responsabilização sua e lhe darão esse dinheiro como doação, enquanto outros
solicitarão um retorno financeiro do investimento.
- Self: alguns empreendedores preferem se autofinanciar. Nesse caso, carregam
os encargos e os riscos sozinhos, mas também simplificam em grande parte o
processo de planejamento e operacional. Se acaso pudermos fazê-lo, ótimo,
pois o autofinanciamento tem os benefícios de manter o trabalho menos
stressante (não tem ninguém a quem prestar contas) e o empreendedor pode
se focar mais no trabalho, em vez de gastar tempo para solicitar empréstimos
ou subsídios.
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7. Parcerias com grandes empresas
Esta é uma valiosa fonte de suporte quer financeiro quanto não-financeiro. Muitas
bem-sucedidas empresas com fins lucrativos estão dispostas a formar parcerias com
empresas sociais, de forma a aumentar seu impacto social e ganhar melhor imagem,
ou outros benefícios promocionais e de marketing, ou ainda como parte de sua CSR
(Responsabilidade Social Corporativa).
Tipos de financiamento:
1. Doações. Esta é uma soma de dinheiro doada por um indivíduo ou
organização para apoiar uma causa. As doações podem ser pequenas ou
grandes, de vez única, ou feitas repetidamente. Geralmente são feitas a
organizações sem fins lucrativos, iniciativas, programas, serviços, etc. em
retorno de doações, os benfeitores não esperam retorno financeiro, mas
impacto social.
2. Subsídio. São concedidos subsídios à empresa social com o propósito de
ela atingir um objetivo específico. Os subsídios ou subvenções são
geralmente distribuídos por Fundações, outras ONGs, órgãos
governamentais e organizações e agências internacionais. Na maioria dos
casos, os subsídios encontram-se associados a procedimentos de inscrição
nos quais vários candidatos estão competindo. Os pros e contras dos
subsídios são numerosos. Muitas vezes eles exigem um processo de
relatório oneroso. O preenchimento de documentação pode levar mais
tempo do que fazer o trabalho em si. Além do apoio financeiro, os subsídios
podem vir em forma de assistência técnica, expertise, treinamentos, etc., o
que poderia trazer vantagens adicionais aos empreendedores sociais.
3. Prêmios. Geralmente, os prêmios trazem menores restrições associadas do
que os subsídios, mas são recebidos depois de competir com outras
pessoas, ou por causa de algum desempenho ou resultados excepcionais.
Exemplo de prêmios nos negócios sociais é o Prêmio King Abdallah para
inovação e conquista jovem. O prêmio é também uma forma de conquista
e reconhecimento e distingue o trabalho do empreendedor, agregando
assim à imagem da organização e apresentando oportunidades para
resultados mais positivos.
4. Empréstimos. Um empréstimo é uma soma de dinheiro dada a um
indivíduo ou organização e deve ser retornada no futuro. Também é referido
como dívida ou crédito. Os empréstimos têm juros na forma de
porcentagem sobre o capital emprestado. O empréstimo oferece a vantagem
de ser uma fonte geralmente acessível de financiamento, especialmente em
situações emergenciais. Também oferece a liberdade de dispor do dinheiro
a seu critério, sem a necessidade de se reportar a uma instituição (como
no caso dos subsídios ou das doações).
5. Equidade. Alguns empreendimentos sociais são da propriedade de vários
acionistas, que também fornecem o capital (ou financiamento inicial) da
empresa. Nesse caso, o financiamento é garantido por meio de equidade
(ou ações) que poderiam ser vendidas, transferidas, ou trocadas na Bolsa
de Valores. O acionista possui uma parte da organização e assume os riscos
e os lucros do crescimento da mesma.
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6. Crowdfunding (Financiamento Coletivo). Esta é uma moderna forma de
investimento que se tornou popular com o crescimento das empresas
sociais baseadas na Web, como a kiva.org. Devido ao financiamento
coletivo até indivíduos de pequena escala podem se tornar investidores
sociais e emprestar uma soma de dinheiro para uma causa ou
empreendimento socialmente importante. Outras plataformas de
investimento coletivo incluem: vested.org, startsomegood.com, fundly.com,
Indiego.com, Rockethub.com, Pozible.com, Razaoo.com, etc.
7. Investidores de impacto e investidores sociais responsáveis. Estes são
o tipo de investidores que exigem retorno social e financeiro nos seus
investimentos. A Acumen Fund e a Echoing Green, por exemplo, são
organizações sem fins lucrativos que reinvestem os retornos financeiros em
outras organizações expandindo o seu impacto, mantendo a viabilidade
financeira e obtendo lucro para seus doadores. Os investidores sociais
responsáveis focam em ganhos financeiros, mas se preocupam com a
política social da organização que apoiam. Eles querem garantir que os
seus investimentos vão direcionados a empresas social e ambientalmente
responsáveis, de que essas empresas têm políticas e práticas consistentes
com seus valores e têm um impacto positivo no ambiente e na sociedade.
Riscos do negócio
Os negócios estão associados a uma variedade de riscos. Risco de negócio é
definido como a probabilidade de mudanças adversas no mercado e condições
econômicas nas quais a entidade opera.
Essas mudanças afetam direta ou indiretamente os principais indicadores
econômicos da empresa, tais como vendas, receita, eficiência comercial, resultado
financeiro, fluxo de caixa, retorno de equidade (sobre o patrimônio), valor econômico
agregado, etc.
•Controlar os gastos da ES
•Definir metas realísticas
•Planejar sabiamente o crescimento do Pessoal e a sua remuneração
Como remover os riscos do rápido crescimento da ES
•Desenvolver uma cultura de riscos
•Alinhar a visão com o Conselho sobre níveis aceitáveis de risco
•Realizar relatórios e avaliações de riscos
Como desenvolver uma estratégia eficaz de
gerenciamento de riscos
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Atividades para os leitores
1. Veja este site e assista ao vídeo
https://babyelephant.asia/
Baby Elephant - uma empresa social ética, criativa e
sustentável Hotel in Siem Reap, Camboja-
https://www.youtube.com/watch?v=NsC6hMnndCE
2. Responda as questões:
Quais são os fatos que ajudam à sustentabilidade da
empresa social ``Baby Elephant Hotel´´ no Camboja?
Como o site e a sua conexão com a media social ajudam a
desenvolver a sustentabilidade da ``Baby Elephant
Hotel´´?
3. Inicie uma pesquisa
Encontre mais algumas empresas sociais com
desenvolvimento sustentável.
Qual é a esfera de atividade das empresas sociais que
encontrou?
Porque o empreendedor social começou esse negócio?
https://babyelephant.asia/https://www.youtube.com/watch?v=NsC6hMnndCE
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Atividade de trabalho em grupo: Como escrever
uma proposta de projeto Duração: 2-3 horas
Descrição da atividade: Os aprendizes são agrupados
aleatoriamente. O tamanho ideal do grupo é de 3 a 5
pessoas. Cada grupo recebe uma folha em branco
(tamanho A3) e marcadores coloridos.
Cada grupo deverá escolher um tema geral (e.g.
crianças, democracia, educação, ambiente, migração, pobreza, etc.) e focar em um
problema específico. A proposta de projeto deve incluir necessidades identificadas,
análise ambiental, problemas específicos a serem resolvidos, objetivos de longo e de
curto prazo, grupos-alvo, atividades, equipe, plano de monitoramento e de
avaliação.
Os aprendizes deverão escrever ou desenhar na folha branca a sua proposta para
apresentar no final da atividade de trabalho grupal. Podem usar conjuntos de
questões para estruturar suas ideias:
Anotem a principal questão (problema) a ser abordada
Porque este problema existe? Quaisquer razões particulares que o causem?
Grupo-alvo: direto e indireto
Porquê? – Quais são as necessidades e desejos dos grupos-alvo, mas também
do grupo do projeto?
Quais são os motivos dos participantes para contribuir?
Quem? Com quem? - Quem implementa o projeto? Quem está na sua
equipe?
O quê? - As atividades principais do projeto (como elas ajudam a atingir os
fins)?
Como os resultados das atividades serão sustentáveis?
Onde? – Contexto do projeto e situação dos participantes e quais são as
condições necessárias para facilitar o projeto
Quando? – Quando vão implementar as atividades do projeto?
Como? - Métodos e recursos que vão usar (experiência, especialistas).
O que vem a seguir?
Após a conclusão do trabalho, cada grupo deve apresentar a sua proposta de
projeto em frente de toda a classe. Devem ser breves, mas consistentes. O tempo
para a apresentação da proposta não deve exceder 5-7 minutos. Os comentários e
questões dos outros aprendizes e do professor são benvindos para facilitar a
discussão e o feedback sobre o trabalho desenvolvido.
Crédito: Nevena Dobreva, PhD.
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Referências e links para os recursos de autoestudo
Bacq, S., & Eddleston, K. A., 2018. A resource-based view of social entrepreneurship:
how stewardship culture benefits scale of social impact (Uma visão de
empreendedorismo social baseada em recursos: como a cultura de administração
beneficia a escala do impacto social). Journal of Business Ethics, 152(3), 589-611.
Durkin, C., & Gunn, R. (Eds.), 2016. Social entrepreneurship: A skills approach
(Empreendedorismo social: uma abordagem de habilidades). Policy Press.
El Ebrashi, R., 2018. Typology of growth strategies and the role of social venture’s
intangible resources (Tipologia das estratégias de crescimento e o papel dos recursos
intangíveis no empreendimento social). Journal of Small Business and Enterprise
Development, 25(5), 818-848.
Haigh, N., Walker, J., Bacq, S., & Kickul, J., 2015. Hybrid organizations: origins,
strategies, impacts, and implications (Organizações híbridas: origens, estratégias,
impactos e implicações). California Management Review, 57(3), 5-12.
Hoogendoorn, B., van der Zwan, P., & Thurik, R., 2019. Sustainable entrepreneurship:
the role of perceived barriers and risk (Empreendimento sustentável: o papel das
barreiras e riscos percebidos). Journal of Business Ethics, 157(4), 1133-1154.
Huybrechts, B., 2012. Fair Trade Organizations and Social Enterprise. Social
Innovation through Hybrid Organization Models (Organizações de Comércio Justo.
Inovação Social através de Modelos de Organizações Híbridas), Routledge, London e
New York, 2012
Kickul, J., & Lyons, T. S., 2016. Understanding social entrepreneurship: The relentless
pursuit of mission in an ever changing world (Entendendo o empreendedorismo social:
a busca incansável da missão em um mundo em constante mudança). Routledge.
Madsen, K. M., 2013, Social Enterprise in Latin America: Dimensions of collaboration among social entrepreneurs. School of Public Policy Capstones (Empresas Sociais na América Latina: Dimensões da Colaboração Entre Empreendedores Sociais). Em: https://scholarworks.umass.edu/cppa_capstones/23
Racelis, A.d. 2014. Sustainable entrepreneurship in Asia a proposed theoretical
framework based on literature review (Empreendedorismo sustentável na Ásia –
proposta de um quadro teórico com base em revisão de literatura). Journal of
Management for Global Sustainability Volume 2, Issue 1, 2014: 49–72
Schaper, M. (Ed.), 2016. Making ecopreneurs: Developing sustainable
entrepreneurship (Fazendo ecoempreendedores: desenvolvendo empreendedorismo
sustentável). CRC Press.
Staicu, D., 2018. Financial sustainability of social enterprise in Central and Eastern
Europe (Sustentabilidade financeira de empresas sociais na Europa Central e de
Leste), Proceedings of the International Conference on Business Excellence, vol. 12,
p.907-917
SE-HUB projeto foi financiado com apoio da Comissão Europeia.
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