SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO · de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96),...
Transcript of SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO · de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96),...
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE POLITICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
MARCOS FLÁVIO SINDICI SEBASTIÃO
Conhecer para Aprender: trabalhando a Educação Física com alunos do 6º ano
do ensino fundamental do Colégio Estadual Altair Mongruel de Ortigueira
Ponta Grossa
2013
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE POLITICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
MARCOS FLÁVIO SINDICI SEBASTIÃO
Conhecer para Aprender: trabalhando a Educação Física com alunos do 6º ano
do ensino fundamental do Colégio Estadual Altair Mongruel de Ortigueira
Artigo apresentado como requisito parcial para conclusão da formação continuada do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – 2012, Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Orientador: Prof. Dr. Constantino Ribeiro de Oliveira Junior
Ponta Grossa
2013
Resumo
Este estudo tem por objetivo analisar e refletir a Educação Física no contexto escolar, bem como elementos contribuintes para o desenvolvimento da inteligência e a integração do ser humano. Discutem-se algumas questões sobre as conseqüências causadas pela falta de uma política pública que possibilite a existência de professores habilitados na disciplina de Educação Física no primeiro segmento do ensino fundamental, bem como a importância de um material didático pedagógico direcionado ao 6º ano para suprir a defasagem do conhecimento específico da disciplina nas séries anteriores. Para o desenvolvimento deste trabalho utilizou-se de um estudo de caso em que após o levantamento de referências da área de Educação Física foram realizadas reuniões com os professores de Educação Física e alunos do 6º ano do Colégio Estadual Altair Mongruel do município de Ortigueira, onde se constatou a real necessidade de se abordar a Educação Física, tanto teoricamente como na prática, para suprir a ausência de aulas nas séries iniciais..
Palavras Chave: Educação Física. Textualização. Material Didático.
Introdução
A proposta deste artigo se deu no início do ano de 2012 com o ingresso ao
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, que fomenta iniciativas
educacionais que visam contribuir com a educação no Paraná, onde foram
oportunizadas capacitações oferecidas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa
que resultou no desenvolvimento de um projeto de intervenção pedagógica, voltado
para a necessidade do estabelecimento de origem do professor.
Assim, chegou-se ao tema “Conhecer para Aprender: trabalhando a
Educação Física com alunos do 6º ano do ensino fundamental do Colégio Estadual
Altair Mongruel do Município de Ortigueira1”, partindo de uma visão geral da
Educação Física e buscando alcançar a discussão das necessidades que cercam a
mesma no município de Ortigueira, onde não há sua realização enquanto disciplina
nas escolas das series iniciais. Com este estudo, buscou-se demonstrar que a
Educação Física é subsidiada de conteúdos que lhe são próprios e que os mesmos
a justificam como disciplina escolar necessária.
A Educação Física vem buscando legitimidade durante décadas, tanto no
campo esportivo como no educacional. Na educação, recentemente, ela se
fundamentou por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)
9394/96, onde ela ficava assegurada na escola, mas não como obrigatória. Esta
obrigatoriedade se deu com a Lei 10.328/2001, porém somente no segundo
segmento do ensino fundamental.
Para haver uma melhor compreensão e entendimento das características,
aspectos e necessidades relacionados à Educação Física escolar, realizou-se uma
pesquisa documental com relação à legislação da Educação Física, por meio da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), juntamente com e uma
revisão bibliográfica por meio de artigos e pesquisas que contribuíram e subsidiaram
a existência e manutenção da referida disciplina no cenário educacional nacional.
Observou-se igualmente a legitimidade da Educação Física com o estudo das
diferentes abordagens que surgiram na década de 1980, salientando a abordagem
1 Município de Ortigueira: Está situado no segundo planalto, as margens da rodovia do Café, com uma área territorial de 2.429,569 Km, sua densidade demográfica é de 9,62 hab/km
2, faz parte dos
Campos Gerais, distante 250 Km de Curitiba, possui uma população de 23.380 habitantes, onde 41% estão na zona Urbana e 59% estão na zona Rural. Existem no município 11 escolas estaduais que oferecem ensino fundamental e médio, sendo apenas 2 Urbanas e as outras 9 Rurais. IDH-M= 0,62
desenvolvimentista relacionada às fases de desenvolvimento e crescimento das
crianças, além de demonstrar a necessidade de se trabalhar com crianças das
séries iniciais por meio do conhecimento científico acerca da especificidade da área.
Assim, o objetivo desta pesquisa, dentro do contexto escolar da Educação
Física, foi demonstrar que os alunos do 6º ano necessitam do conhecimento
oferecido pela disciplina, tanto teórico como prático, possibilitando a recuperação de
conteúdos antes não trabalhados no primeiro segmento do ensino fundamental
devido à legislação municipal que não contempla a Educação Física, como a
continuidade de uma proposta amparada pelas Diretrizes Curriculares da Educação
que norteiam os planejamentos escolares.
A metodologia utilizada para alcançar os objetivos propostos no projeto foi a
realização de oficinas direcionadas a professores de Educação Física e alunos do 6º
no. Durante as oficinas foi apresentado o material pedagógico contido na Unidade
Didática, focando a troca de experiências entre os profissionais e analise motora e
de conhecimento com os alunos.
Considerando que a Educação Física é amparada por Lei Federal e deve ser
contemplada em todos os segmentos de ensino (educação infantil, ensino
fundamental e médio), questiona-se: As crianças do 6º ano do Colégio Estadual
Altair Mongruel (CEAM), vindas da rede municipal de Ortigueira necessitam que o
conteúdo de Educação Física seja trabalhado de uma forma diferenciada? Por que
as escolas da rede municipal de educação de Ortigueira não possuem no seu
quadro do magistério profissionais formados em Educação Física? Como e por
quem as aulas de Educação Física são trabalhadas na rede municipal de educação
de Ortigueira? Quais conseqüências a falta do professor de Educação Física pode
acarretar no processo da formação corporal do aluno dos anos iniciais? A Unidade
Didática desenvolvida durante o PDE/2012 pode contribuir para a melhora do ensino
da Educação Física para os alunos do 6º ano do CEAM?
Em continuidade às propostas contidas no projeto, foram realizadas oficinas
com professores e alunos do 6º ano do CEAM, onde os resultados contribuíram para
as considerações finais do presente artigo.
1 A EDUCAÇÃO FÍSICA E A LEGITIMAÇÃO NO CURRÍCULO ESCOLAR.
A educação é um processo que sofre transformações em decorrência da
evolução da sociedade que é atendida por ela. Com as novas tecnologias, o
ambiente escolar deixou de ser referência única de aquisição do conhecimento
cientifico e passou a desenvolver propostas e conhecimentos que estão fora da área
acadêmica. Assim existente no ambiente escolar a possibilidade de proporcionar, de
forma paralela, o relacionamento social e tecnológico que muitas vezes não
acontece no cotidiano familiar. A função da escola passa a ter um compromisso
mais amplo do que os relacionados nas suas regulamentações legais.
Na divisão disciplinar imposta nas Leis, o compromisso e responsabilidade
devem ser respeitados e oferecidos aos alunos, bem como assegurar o direito ao
acesso a escola e ao conhecimento, como é tratado na Constituição Federal no seu
Art. 205 quando diz que:
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho (1988).
A garantia a educação ainda é expressa na Lei de Diretrizes e Base da
Educação – LDB, Lei 9394/96 no Título III fala “Do Direito à Educação e o Dever de
Educação” no seu Art. 4º cita:
O dever do estado com Educação pública será efetivado mediante a garantia de: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; II - universalização do ensino médio gratuito; III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola; VIII - atendimento ao educando, no ensino fundamental público, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. X – vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino fundamental mais próxima de sua
residência a toda criança a partir do dia em que completar 4 (quatro)
anos de idade (1996, p.9)
Desta forma, fica claro a importância e dever da família e do Estado em
permitir às crianças um acesso e uma forma de inclusão ao conhecimento científico
estruturado através de Leis que assegurem uma formação desde os primeiros
momentos de vida.
Com a garantia da educação, há a necessidade de dividir os conteúdos por
disciplinas, onde na Lei de Diretrizes e Base da Educação – LDB, no Capítulo II que
trata “Da Educação Básica”, na Seção I “das disposições Gerais” conforme a
redação no Art. 26 que diz:
Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da
economia e da clientela (1996, p. 26).
Assim, o Art. 26 da LDB nos possibilita refletir que há sustentação legal para
que se tenha nos primeiros anos do ensino fundamental uma Educação Física
trabalhada por profissionais devidamente habilitados, para que assim, seja dado
seguimento nos anos seguintes da educação fundamental e ensino médio.
No § 3o do Artigo citado anteriormente, encontra-se a referencia a disciplina
de Educação Física com suas atribuições para a Educação Básica, que compreende
a educação infantil, fundamental e médio, onde em seu texto original continha a
seguinte redação: “A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é
componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às
condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos”.
Após estudos e adequações para melhor uso deste parágrafo na esfera
educacional, houve uma alteração em sua redação, ficando explicitada da seguinte
forma:
A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: (Redação dada pela Lei nº 10.793, de
1º.12.2003)
I - que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas;
(Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
II - maior de trinta anos de idade; (Incluído pela Lei nº 10.793, de
1º.12.2003)
III - que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação
similar, estiver obrigado à prática da educação física; (Incluído pela
Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
IV - amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro de 1969;
(Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
V - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
VI - que tenha prole. (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
Por base nas Leis majoritárias do Brasil que se referem à educação,
observa-se que no município de Ortigueira não existe uma legislação que assegure
a obrigatoriedade da contratação de professores licenciados em Educação Física
para trabalhar a disciplina juntos os anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º
ano), com isso, acarreta um acumulo de função para os professores que sem
conhecimento específico, procuram desenvolver atividades corporais de forma
rudimentar e sem conhecimento científico, muitas vezes colocando em risco e
comprometendo o desenvolvimento motor dos referidos alunos e sua integridade
física, onde este problema é observado nas escolas municipal localizadas na zona
urbana do município.
Quando se fala em desenvolvimento motor, fica claro nas observações de
João Batista Freire (1992, p. 22) que salienta não existir uma padronização do
movimento, comparando a não padronização do mundo. Assim, na descrição do
desenvolvimento motor infantil há referencia aos movimentos básicos de pegar,
engatinhar, sugar, andar, correr, saltar, girar, rolar, movimentos encontrados em
quase todas as crianças. Da mesma forma, Freire (1992) explica que:
O que se espera é que as crianças possam, da melhor forma possível, apresentar em cada período de vida uma boa qualidade de movimentos, de acordo com certos modelos teóricos apresentados, ou seja, que aos três anos por exemplo, corram ou andem com certa habilidade, que saltem de uma certa forma aos sete anos etc.
Com base nesta reflexão, a Educação Física demonstra sua importância
dentro do cenário educacional contribuindo para a formação e construção de
pensamentos lógicos para as crianças que estão em um processo de formação de
seus movimentos básicos, voltados ao melhor aproveitamento dos recursos
corporais para a vida em sociedade, assim:
Apoia-se nos fundamentos sociológicos, filosóficos, antropológicos, psicológicos e, enfaticamente, nos biológicos para educar o homem forte, ágil, apto, empreendedor, que disputa uma situação social
privilegiada na sociedade competitiva de livre concorrência: a
capitalista. (Coletivo de Autores, 1992, p. 36)
Valorizar a teoria da Educação Física contribui para que o aluno possa
realizar, em seu futuro, uma construção e uma contextualização do saber motor.
Essa importância se dará no desenvolvimento paralelo a outras disciplinas que
poderão por meio de atividades com a utilização de expressões corporais,
contemplem na sua rotina de aula atividades desenvolvidas junto à disciplina de
Educação Física.
Seguindo uma evolução necessária no processo educacional brasileiro e
confrontando com o contexto histórico da Educação Física, outras expressões
corporais tiveram significativa influência na tematização dos conteúdos estruturantes
presentes nas diretrizes curriculares como os jogos, a dança, as brincadeiras
populares, os brinquedos cantados entre tantas outras expressões, onde todas
deveriam ser apresentadas aos alunos acompanhadas de textos.
Desta forma, Bracht (1992) ressalta que estas expressões constituem
minoria, e que podemos falar de ginástica e posteriormente de esporte, como
atividades. Em consideração, os momentos históricos Educação Física contribuíram
para sua edificação, mas com o caráter de rendimento, já o pedagógico necessita de
reestruturação na maneira de trabalhar os conteúdos teóricos junto às crianças.
Assim, Bracht (1992) questionava a legitimação pedagógica da Educação
Física que estava em pauta de diversos simpósios, debates e congressos. Havia
uma preocupação em comprovar a importância pedagógica da disciplina no conjunto
escolar. Dentro deste propósito, Bracht (1992) afirma que “Educação Física é aquela
que nós construímos no nosso fazer diário”. Desta forma é preciso, num primeiro
momento, direcionar as metodologias naquilo que desejamos que elas sejam no
presente e no futuro da educação, contribuindo na formação integral do ser humano.
2 A NECESSIDADE DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO PRIMEIRO SEGUIMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Quando se observou que a falta de professores de Educação Física
habilitados gera problemas junto aos alunos das séries iniciais do ensino
fundamental, remeteu-se aos estudos de Santos (2009, p. 46) que se refere às
argumentações e respostas dos profissionais da educação do município de
Telêmaco Borba com relação às professoras-regentes trabalhar a Educação Física e
a preocupação do município em desfragmentar a proposta curricular com a inclusão
da Educação Física, fator que se diferencia ao município de Ortigueira por não haver
uma proposta estruturada quando a Educação Física no Ensino Fundamental.
A necessidade do professor habilitado de Educação Física nas séries iniciais
foi afirmada durante o Grupo de Trabalho em Rede (GTR) e das oficinas com
professores de Educação Física do 6º ano do Colégio Estadual Altair Mongruel que
juntos conheceram a proposta contida no projeto de Intervenção Pedagógica da
Unidade Didática e relacionaram as práticas realizadas por eles, buscando, em
seguida, construir uma estratégia de enfrentamento desta situação.
Observou-se durante as atividades do GTR, que o objeto de pesquisa é fato
comum em outros municípios, como pode ser analisado quando o professor Josmar
Coelho da Silva em reflexão no Diário 1, no dia 02 de abril de 2013, comentou:
Infelizmente não possuem nenhum conhecimento básico e a sabedoria de muitos não passa além das quatro linhas do futebol, sem contar na baixa base motora em que estes alunos chegam para realizar as atividades que compreendem os conteúdos da Ed. Física nesta etapa de aprendizado. Diante de tanto desconhecimento ainda esbarro na dificuldade de relação nesta fase entre meninos e meninas, onde se torna muito difícil realizar atividades de expressão corporal com o objetivo de criar esta compreensão nestes alunos. Dessa forma percebo que a cada inicio de ano com as turmas de hoje sexto ano é um inicio de tudo, pois os alunos não conseguem entender a educação física como disciplina educativa que contempla diversas atividades que venham despertar o conhecimento de cada cidadão e ao mesmo tempo oferecer saúde em todos os segmentos. Entendo que a necessidade de termos profissionais da área nas primeiras etapas do ensino é fundamental, pois assim aumenta o acervo motor desses alunos e podemos colocar em prática os nossos conteúdos com uma maior praticidade e colher resultados positivos destas aulas. Penso que no geral o quadro se apresenta igual, com exceção da cidade de Curitiba onde as escolas municipais possuem uma carga horária de 04 horas semanais que suprem muito bem toda a essa base motora dos alunos.
Considerando as observações do professor Josmar, fica claro que a
defasagem do conhecimento na disciplina de Educação Física é evidente nos alunos
oriundos do primeiro segmento do ensino fundamental. Igualmente quando a
professora Celia Zornitta na data de 22 de março de 2013 cita:
Alguns alunos possuem uma linguagem corporal, e outros não tiveram o mesmo trabalho desenvolvido em suas escolas. Com isso acabam comprometendo um trabalho de igual rendimento entre todas de uma mesma turma. Por mais que o trabalho de desenvolvimento de cultura motora nas séries inicias seja de forma lúdica, através de brinquedos e brincadeiras, onde os alunos correm, rolam, giram, saltam etc. É dessa forma que se educa o movimento e
faz com os alunos aprendam a gostar das atividades físicas, teoria e
dos esportes em geral.
Assim, fica evidente que existe a necessidade de uma proposta pedagógica
fundamentada para o primeiro segmento do ensino fundamental (1º ao 5º ano), onde
haja a presença de um profissional de Educação Física habilitado, sendo esta uma
realidade encontrada em inúmeros municípios, independente ao seu porte (pequeno,
médio e grande).
3 PROPOSTA DE OFICINAS SOBRE A PRÁTICA DA DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA COM OS PROFESSORES E ALUNOS DO 6º ANO.
Para a realização da proposta contida no projeto de intervenção pedagógica,
foi desenvolvido uma Unidade Didática que buscou contemplar e assegurar aos
alunos do 6º ano do Ensino Fundamental do Col. Est. Altair Mongruel, o
conhecimento sobre as necessidades e importâncias da prática da atividade física,
buscando suprir a possível defasagem do conhecimento teórico e corporal das
séries anteriores.
Foram elaboradas e desenvolvidas oficinas divididas em uma organização
que buscou a contemplação dos objetivos propostos no Projeto de Intervenção
Pedagógica que sustentada pela Unidade Didática, conforme é citado por Martins
(2007, p. 98), quando referencia as características do projeto escolar, que foram
correlacionadas com as ações seguintes:
a) Oficina com professores de Educação Física do 6º ano: apresentação do material didático direcionado aos alunos do 6º ano, análise e reflexão sobre as condições de conhecimento dos relacionado à Educação Física, “onde se parte de um tema que funciona como fio condutor do trabalho (Finck, 2010. p 29)”;
b) Oficina para avaliação corporal dos alunos do 6º ano: obtenção de referência
sobre as capacidades motoras e desenvolvimento corporal com foco em
vivência dos movimentos, exercícios e jogos motores dos alunos oriundos da
rede municipal de educação, onde se busca “extrapolar os currículos
escolares na busca de novas versões de informações (Finck, 2010. p 29)”;
c) Oficina para desenvolvimento das atividades práticas da disciplina de
Educação Física: direcionadas para os alunos do 6º ano, possibilitando uma
vivência de movimentos, exercícios e jogos motores.
d) Oficina para aplicação do material teórico da disciplina de Educação Física;
desenvolvido na para Unidade Didática, contemplando os conteúdos básicos
da educação física pertinentes nas Diretrizes Curriculares de Educação Física
para Educação Básica.
O desenvolvimento e resultados das oficinas serão demonstrados a seguir
no item 3.1.
3.1 Da aplicação ao resultado obtido.
O desenvolvimento das atividades propostas nas oficinas foi realizado com
professores e alunos do 6º ano do ensino fundamental, em contraturno ao período
de matrícula.
A oficina “A” teve a participação de três professores de Educação Física que
trabalham com as turmas de 6º ano do CEAM e foi dividida em dois encontros de
duas horas cada; no primeiro encontro foi apresentada a Unidade Didática que
possui uma linguagem simplificada, direcionada para os conteúdos da referida série;
os assuntos são desenvolvidos de forma que o aluno compreenda a importância e
necessidade da Educação Física no currículo escolar; no segundo encontro os
professores relataram os resultados obtidos com a utilização da Unidade Didática,
respondendo um questionário, sendo que os próprios professores relataram que o
resultado foi satisfatório; afirmaram que os alunos entenderam a linguagem,
compreenderam as atividades e que alguns professores complementaram a
proposta com atividades práticas relacionadas ao assunto.
A oficina “B” foi cancelada devido a impossibilidade de os alunos da área
rural comparecerem na escola em contraturno. Os sextos anos possuem aulas no
turno vespertino e para participarem das oficinas haveria a necessidade de oferecer
café da manhã e almoço, o que se demonstrou inviável. Não havendo possibilidade
para oferecer esses recursos básicos, bem como transporte escolar diferenciado e
um responsável para acompanhar os alunos entre os períodos, optou-se pelo
cancelamento dos encontros referente a esta oficina.
A oficina “C” sofreu alterações no desenvolvimento para não ser prejudicada
pelos mesmos motivos da anterior. As atividades não foram desenvolvidas em
contraturno, mas no período da matrícula durante as aulas de Educação Física e
aulas vagas. Foram convidados para participarem das atividades, alunos do 6º A e
B, possibilitando assim uma condição de comparação com outras turmas de 6º ano
do estabelecimento. De um total de quarenta e quatro (44) alunos observou-se que
aproximadamente 60% eram desconhecedores de brincadeiras e jogos que
costumeiramente são praticadas de 1º ao 5º ano. Com estes alunos foi
desenvolvidas atividades como jogos de estafeta, capacidade em agarrar ou rebater
objetos lançados, noção de espaço/tempo, que após uma série de repetições e
ensinamentos, os alunos relataram mais facilidade na participação das atividades
em relação ao período inicial das atividades. A carga horária desta oficina foi
realizada em 16 horas.
A oficina “D” foi caracterizada pela participação dos alunos durante as aulas
teóricas de Educação Física. Buscou-se com esta oficina apresentar aos alunos do
6º ano o material da Unidade Didática que foi desenvolvido utilizando uma
linguagem escrita simplificada e eficiente na transmissão do conteúdo pertinente a
disciplina. O conteúdo do material está de acordo com as Diretrizes Curriculares de
Educação Física para a Educação Básica do Estado do Paraná, onde os alunos
tiveram a oportunidade de participar e interagiram durante as aulas, demonstrando
interesse e compromisso na compreensão e no preenchimento das atividades
propostas pelo material. Esta oficina foi aplicada aos alunos do 6º A e B, com uma
carga horária de 8 horas por turma e um total de 44 alunos.
Considera-se que as oficinas puderam contribuir para diagnosticar a
ausência de conhecimento estruturado e de consciência corporal por parte destes
alunos que chegaram no 6º ano com relação à Educação Física. Após o
desenvolvimento das atividades, observou-se um aumento no interesse dos alunos
em participarem das atividades proposta durante as aulas, desvinculando a
Educação Física com a prática de apenas entregar uma bola a um grupo de alunos.
Considerações Finais
Diante do estudo realizado, fica clara e urgente a necessidade de os
professores de Educação Física refletirem sobre a importância dado aos conteúdos
tratados em suas aulas. No que diz respeito à necessidade da existência de um
professor de Educação Física habilitado trabalhar nas séries iniciais (1º ao 5º ano),
essa responsabilidade fica a cargo das administrações publicas que são os gestores
e necessitam desenvolver leis para o amparo desta pratica. Ainda temos um
caminho a percorrer, pois quando os alunos chegam ao 6º ano a responsabilidade
de amenizar o prejuízo causado pela falta do professor é nossa e isso deve
acontecer com a capacidade de desenvolvermos recursos e materiais que supram
essa carência.
Com esse trabalho houve a oportunidade de oferecer um status diferenciado
à disciplina de Educação Física no contexto educacional de Ortigueira por meio da
valorização e importância das atividades teóricas, favorecendo o desenvolvimento
destas atividades por profissionais devidamente habilitados. Possibilitou-se ainda
tornar o conhecimento dos valores da Educação Física em instrumento valioso de
subsídio para as ações de políticas públicas voltadas para a manutenção da saúde.
Ao propor este trabalho de valorização e importância dos textos e atividades
da Educação Física, alcançou-se o resgate e também o (re)conhecimento
necessário durante as práticas educacionais. Os professores e alunos, ao
participarem das oficinas, sentiram-se sujeitos valorizados e enfatizaram a
importância da aula de Educação Física, fato que não acontece do 1º ao 5º ano do
ensino fundamental no município de Ortigueira.
Durante as oficinas e GTR houve a oportunidade de se discutir o tema,
elaborar idéias e troca de experiências entre os profissionais, provocando uma
ruptura com os conceitos existentes sobre as práticas da Educação Física no
município de Ortigueira.
O trabalho com atividades teóricas, acompanhadas de atividades práticas,
com ou sem manuseio de materiais, são imprescindíveis para a Educação Física,
para o desenvolvimento integral do ser humano. Além disso, tornam-se atividades
alegres, prazerosas e motivadoras que, quando bem conduzidas, levam os
participantes ao pleno desenvolvimento de capacidades cognitivas, sócio-afetivas e
emocionais.
Os resultados possíveis com um trabalho como esse pode proporcionar a
formação da consciência corporal dos alunos ao vivenciarem novas práticas
pedagógicas que definitivamente irão pertencer a eles pelos dias que ainda existirem
como agentes transformadores da história.
REFERENCIAL BIBLIOGRAFICO
BRACHT, V., et al. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1993.
119 p.
BRANDÃO, H. O livro dos jogos e das brincadeiras: para todas as idades. Belo
Horizonte: Leitura, 1997.
Cliparts Expert. Coletânia de imagem em Corel Draw. CD expert.
Diretrizes Curriculares de Educação Física para a Educação Básica. – Curitiba; SEED, 2008. – 90 p.
FINCK, Silvia Christina Madrid. et al. Educação física escolar: saberes e projetos. Ponta
Grossa: Uepg, 2010. 225 p.
FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. São Paulo: Scipione, 1992.
GANCZ, Ricardo. O ENSINO DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL: AINDA
SEGUIMOS UMA VISÃO LINEAR? Disponível em: http://www.faced.ufu.br/colubhe06/anais/arquivos/180RicardoGancz.pdf. Acesso em: 17/06/2012.
GHIRALDELLI JÚNIOR, P. Educação Física Progressista. 2. ed. São Paulo: Loyola, 1989.
KUNZ, E., et al. Didática da Educação Física 1. Ijuí: UNIJUÌ, 1998. 160 p.
PRESIDENCIA DA REPÚBLICA. Constituição (1988). Constituição Federativa do Brasil
de 1988. Brasília: 1988.
PRESIDENCIA DA REPÚBLICA. Lei nº 9394/96 : Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB. Brasília: 1996.
MARINHO, I. P. História da Educação Física e dos Desportos no Brasil. 1. ed. Rio de
Janeiro: Imprensa Nacional, 1953.
MAZZEI, J.; TEIXEIRA, M. Coleção C.E.R. 05 Volumes. 1. ed. São Paulo: Fulgor, 1967.
SEBASTIÃO, Marcos Flávio Sindici. Imagem: Cotidiano de atividades físicas na escola (imagem da Capa). Outubro de 2012.
SOARES, Carmen Lúcia. et al. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo: Cortez, 1993. 119 p. (Coleção magistério).
SANTOS, Elaine França dos. Educação física ou linguagem corporal? Um estudo acerca
da proposta pegadógica de rede municipal de ensino de Telêmaco Borba. Telêmaco Borba, PR, 2009.
TEIXEIRA, H. V. TDEF, trabalho dirigido de educação física. São Paulo: Saraiva 1976.
216 p.
VOLPI, J. H., MORALES, A. G. Normas para publicação de artigo científico. Curitiba: Centro Reichiano, 2004. Disponível em: <http://www2.ufpa.br/ensinofts/normas.html>. Acesso
em: 17/ 03/2012.
Prefeitura Municipal de Ortigueira. Disponível em: <http://portal.ortigueira.pr.gov.br/pg/sobreortigueira/estatisticas>. Acesso em: 05/06/2012.