Salamanca do Jarau (Ensaio de Luiz Cosme)

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SALAMANCA DO JARAU 1 Inspirei-me na lenda Salamanca do Jarau, incorporada já ao folclore riograndense e recolhida por J. Simões Lopes Neto, para a criação do bailado. É longo o roteiro desse colorido reconto popular — tecido das recuadas tradições das furnas de Salamanca ou cuevas de San Cebrian, na Espanha, de onde se transferiu para o Rio Grande do Sul, mesclando-se, ali, a elementos locais de tipos, paisagem e língua, de tal modo que na versão desenvolvida por Simões Lopes Neto nada resta do modelo original. Colocando de parte o andamento propriamente dito da narrativa, bem como a vinculação de quadros e cenas dela constantes — apoiei-me, contudo, aos elementos substanciais da lenda. A Salamanca do Jarau (Salamanca: furna encantada. Provém a denominação da cidade de Salamanca, na Espanha, onde existia, diz-se, uma célebre escola de magia no tempo dos mouros. Jarau: (Serro do) Na coxilha geral de Sant’Ana, sobre a linha divisória com a República do Uruguai) é uma caverna assombrada e fabulosa. Nela se acham presos por encantamento o Santão da Salamanca, que é um sacristão sacrílego, e a princesa Teiniaguá lagartixa. A teiniaguá encantada também é chamada: carbúnculo, farol, e trazia na cabeça uma “pedra preciosa” que cintilava como brasa e de cor de rubi), por quem ele se perdeu. Toda a sorte dos dois espíritos enamorados e enfeitiçados estava ligada àquele encantamento que só terminaria quando um mortal tivesse a coragem de entrar na furna e afrontar os perigos e pavores de sete provas. O destemido campeiro Blau Nunes, indo no rastro do Boi Barroso (era vaga lembrança de um boi encantado que aparecia, porém nunca era encontrado por muito procurado que fosse; e também denominação de uma antiga dança camponesa, cuja música era ornada de versos que eram cantados durante o folguedo) se propõe a desencantar a caverna assombrada e salvar os dois amantes. O sentido inicial da lenda-bailado está resumido no Rastro do Boi Barroso; Blau, o gaúcho pobre, vê o vulto do Santão de face tristonha e branca e o medo lhe gela o coração calejado pela vida. Tudo é mistério nesse lugar ermo e sombrio da Salamanca, 1 Ensaio publicado em: COSME, Luiz. Música, sempre música. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1959, p. 79-92.

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SALAMANCA DO JARAU1

Inspirei-me na lenda Salamanca do Jarau, incorporada já ao folclore

riograndense e recolhida por J. Simões Lopes Neto, para a criação do bailado.

É longo o roteiro desse colorido reconto popular — tecido das recuadas

tradições das furnas de Salamanca ou cuevas de San Cebrian, na Espanha, de onde se

transferiu para o Rio Grande do Sul, mesclando-se, ali, a elementos locais de tipos,

paisagem e língua, de tal modo que na versão desenvolvida por Simões Lopes Neto

nada resta do modelo original.

Colocando de parte o andamento propriamente dito da narrativa, bem como a

vinculação de quadros e cenas dela constantes — apoiei-me, contudo, aos elementos

substanciais da lenda.

A Salamanca do Jarau (Salamanca: furna encantada. Provém a denominação da

cidade de Salamanca, na Espanha, onde existia, diz-se, uma célebre escola de magia no

tempo dos mouros. Jarau: (Serro do) Na coxilha geral de Sant’Ana, sobre a linha

divisória com a República do Uruguai) é uma caverna assombrada e fabulosa. Nela se

acham presos por encantamento o Santão da Salamanca, que é um sacristão sacrílego, e

a princesa Teiniaguá lagartixa. A teiniaguá encantada também é chamada: carbúnculo,

farol, e trazia na cabeça uma “pedra preciosa” que cintilava como brasa e de cor de

rubi), por quem ele se perdeu. Toda a sorte dos dois espíritos enamorados e enfeitiçados

estava ligada àquele encantamento que só terminaria quando um mortal tivesse a

coragem de entrar na furna e afrontar os perigos e pavores de sete provas. O destemido

campeiro Blau Nunes, indo no rastro do Boi Barroso (era vaga lembrança de um boi

encantado que aparecia, porém nunca era encontrado por muito procurado que fosse; e

também denominação de uma antiga dança camponesa, cuja música era ornada de

versos que eram cantados durante o folguedo) se propõe a desencantar a caverna

assombrada e salvar os dois amantes.

O sentido inicial da lenda-bailado está resumido no Rastro do Boi Barroso;

Blau, o gaúcho pobre, vê o vulto do Santão de face tristonha e branca e o medo lhe gela

o coração calejado pela vida. Tudo é mistério nesse lugar ermo e sombrio da Salamanca,

1 Ensaio publicado em: COSME, Luiz. Música, sempre música. Rio de Janeiro: Instituto

Nacional do Livro, 1959, p. 79-92.

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e no silêncio da noite o Santão conta o segredo da furna encantada. Teiniaguá é a

princesa moura, de corpo rijo e não tocado a quem Anhangá-Pitã (diabo vermelho)

transformou em lagartixa verde com um carbúnculo brilhante na cabeça. O Santão

cuidava dos altares e ajudava a missa na igreja de São Tomé. Um dia, vê um clarão

vermelho como um sol de crepúsculo. Era a Teiniaguá, com a cabeça de pedra luzente.

O sacristão toma de uma guampa (chifre de boi) e nela encerra a lagartixa. E quando

mais tarde volta, trazendo mel para sustentá-la, vê... em lugar da lagartixa, a figura da

moura.

A princesa, com o fascínio de seus encantos, começa a tentar o pobre sacristão.

Por instantes ele tateia o rosário, agarra a Cruz do Salvador e vai levantando o

Crucificado... bem em frente da moura... na altura do seu coração... da sua garganta... da

boca... na altura dos... E aí parou, porque olhos de amor, tão soberanos e cativos, em mil

vidas de homens outros se não viram!.

“No rastro do boi barroso, a introdução do bailado, é de um poder sugestivo

admirável. Apenas alguns compassos — cinco contrabaixos em harmônicos, harpa,

celeste e fagotes — e eis-me em pleno ambiente de lenda. Há qualquer coisa de mágico,

de primitivo, de estranho mesmo, nestes acordes iniciais. Mas, logo, figuras familiares

repontam. ~. Primeiro as trompas, depois o corno inglês, as trombetas e as cordas

cantam fragmentos melódicos do Meu boi barroso, leitmotiv de toda a obra. Alternando

com rápidas figurações das flautas, oboés e clarinetas, que tanto brilho e fluidez

emprestam à orquestra, células ritmo-melódicas desta canção são expostas pelas

variados timbres. Mas, nota-se, não se trata apenas de citação textual. Não é o tema

popular que é exposto, mas idéias musicais nele originadas. O compositor apropriou-se

da motivação temática para, mediante transformações múltiplas, plasmar obra artística

significativa. Disseminados por toda a partitura, como parte principal às vezes, vezes

outras modelando a estrutura das vozes secundárias, tais motivos asseguram a perfeita

unidade da obra”. 2

Aqui termina, como prólogo, a narração do Santão que convida Blau a entrar na

furna e passar por sete provas duras. Deixarei com o próprio Simões Lopes Neto a

narrativa das sete provas, que constituem, após a introdução, as diferentes partes do

bailado: “Blau Nunes foi andando” — diz Simões Lopes Neto3:

2 GUEDES, Paulo. Salamanca do Jarau. In: Província de São Pedro, n.o 3, dezembro de 1945, pág. 92. 3 Nas páginas seguintes, o texto de Paulo Guedes será citado em itálico, com deslocamento à direita, enquanto o texto de Simões Lopes Neto será citado em tipo normal sem deslocamento.

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“Entrou na boca da toca apenas aí clareada e isso pouco, por causa da enrediça

da ramaria que se cruzava nela; pra o fundo era tudo escuro.

Andou mais, num corredor dumas braças; mais, ainda; sete corredores nasciam

deste.

Blau Nunes foi andando.

Enveredou por um deles; fez voltas e contravoltas, subiu, desceu. Sempre

escuro. Sempre silêncio.

Mãos de gente, sem gente que ele visse, batiam-lhe no ombro.

Numa cruzada de carreiros, sentiu ruído de ferros que se chocavam, tinir de

muitas espadas, seu conhecido.

Por então o escuro ia já mudando num luzir de vaga-lume.

Grupos de sombras com feitio de homens peleavam de morte; nem pragas nem

fuzilar d’olhos raivosos, porém furiosos eram os golpes que elas iam talhando umas nas

outras, no silêncio.

Blau teve um relance de parada, mas atentou logo no dizer do vulto de face

branca e tristonha — Alma forte, coração sereno...

E meteu o peito por entre o espinheiro das espadas, sentiu o corte delas, o fino

das pontas, o redondo dos copos... mas passou, sem nem olhar aos lados, num entono,

escutando porém choros e gemidos dos peleadores.

Mãos mais leves bateram-lhe no ombro, como carinhosas e satisfeitas”.

“Uma segunda idéia de relevante importância musical, surge pouco após o

trecho seguinte — Assombração — é o tema da Teiniaguá. Exposto pelas trompas, a

pouco e pouco se delineia, toma - culto, transforma-se em idéia musical completa, para

se afirmar em esplêndido fortíssimo executado pelos metais. E Teiniaguá cresce,

subjuga toda a orquestra, em imitações múltiplas, para desaparecer, cedendo o

primeiro plano às várias provas por que Blau Nunes tem que passar”.

“Outro mais ruído nenhum ouvia ele no ar quieto da furna que o rangido dos

cabrestilhos das suas esporas.

Blau Nunes foi andando.

Andando numa luz macia, que não dava sombra. Enredada como os caminhos

dum Cupim era a furna, dando corredores sem conta a todos os rumos; e ao desembocar

do em que vinha, justo num cotovelo dele, saltaram-lhe aos quatro lados jaguares e

pumas, de goela aberta e bafo quente, patas levantadas mostrando as unhas, a cola

mosqueando, numa fúria...”

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“Vivo e Raivoso desenvolve-se Jaguares e Pumas, a terceira parte da obra. Em

meio de potente orquestração, expõem os trombones tema enérgico de caráter másculo

e rude, enquanto violoncelos, contrabaixos, trompas e fagotes executam, uníssono,

baixo ostinato que por aumentação, transforma-se no motivo do número seguinte”.4

“E ele meteu o peito e passou, sentindo a cerda dura das feras roçarem-lhe o

corpo; i)assou sem pressa nem vagar, escutando os urros que pra trás iam ficando e

morrendo sem eco..

As mãos, de braços que ele não via, em corpos que não sentia, mas que, certo, o

ladeavam, as mãos iam-lhe sempre afagando os ombros, sem bem o empurrar, mas

atirando-o para adiante... adiante...

A luz ia na mesma, cor da de vaga-lume, esverdeada e amarela.

Blau Nunes foi andando.

Agora era um lançante e ao fim dele parou num redondel topetado de

ossamentas de criaturas. Esqueletos, de pé, encostados uns nos outros, muitos

derreados, como numa preguiça; pelo chão caídas, partes deles, despencadas; caveiras

soltas, dentes branqueando, tampos de cabeças, buracos de olhos; pernas e pés em passo

de dança, alcatras e costelas meneando-se num vagar compassado, outras em

saracoteio”.

“Verdadeiros achados de orquestração contém esta parte. Lembro, entre

inúmeros outros, aquele simples efeito dos acordes das clarinetas e oboés sobre o

staccato dos baixos ou a rara combinação das flautas, em flatterzungen, corno inglês,

clarineta, triângulo pianíssimo, piano, um violino solo, dois segundos e as restantes

cordas tocando com a madeira do arco”.5

“Aí o seu braço direito quase moveu-se acima, como para fazer o sinal da cruz;...

porém — alma forte, coração sereno! — meteu o peito e passou entre as ossadas,

sentindo o bafio que elas soltavam das suas juntas bolorentas.

As mãos, aquelas, sempre brandas, afagavam-lhe outra vez os ombros...

Blau Nunes foi andando.

O chão ia alteando-se, numa trepada forte que ele venceu sem aumentar a

respiração; e num desvão, a modo dum forno, teve de passar por uma como porta dele, e

aí dentro era um jogo de línguas de fogo, vermelho e forte, como atiçado com lenha de

nhanduvai; e repuxos d’água, saídos das paredes, batiam nele e referviam, chiando,

4 Ibid., págs. 92 e 93. 5 Ibid.

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fazendo vapor; um ventarrão rondava ali dentro, enovelando águas e fogos, que era uma

temeridade cortar aquele turbilhão”.

“Admirável também a liberdade, a ousada liberdade rítmica e harmônica de

Línguas de fogo, onde fragmentos do Boi Barroso alternam com tema próprio, derivado

do baixo ostinato da terceira parte, agora executado em rápido andamento para formar

contraste com Boicininga, trecho seguinte”. 6

“Outra vez ele meteu peito e passou, sentindo o mormaço das labaredas. As

mãos do ar mais o palmeavam nos ombros, como querendo dizer — muito bem!

Blau Nunes foi andando.

Já tinha perdido a conta do tempo e do rumo que trazia; sentia no silêncio como

que um peso de arrobas; a claridade mortiça, porém, já se lhe assentara nos olhos e

tanto, que viu adiante, em sua frente e caminho, um corpo enroscado, sarapintado e

grosso, batendo no chão uns chocalhos, grandes como ovos de téu-téu.

Era a boicininga, guarda desta passagem, que levantava a cabeça flechosa,

lanceando o ar com a língua de cabelos, preta, firmando no vivente a escama dos olhos,

luzindo, preto como botões de veludo...

Das duas presas recurvas, grandes como as aspas dum tourito de sobreano,

pingava uma goma escura, que era a peçonha sobrante por muito jejum de mortandade,

lá fora.

A boicininga — a cascavel amaldiçoada toda se meneava, chocalhando os

guizos, como por aviso, fueirando o ar com a língua, como por prova...

Uma serenada de suor minou na testa do paisano... porém ele meteu o peito e

passou, vendo, sem olhar, a boicininga altear-se e descair, chata e tremente.. . e passou,

ouvindo o chocalho da que não perdoa, o sibilo da que não esquece...”

“Após dois compassos de introdução dos violoncelos e contrabaixos, pianíssimo

expõem os violinos a idéia principal do trecho que, passando pelos diversos naipes

orquestrais, em diferentes aspectos rítmicos, dinâmicos e de tonalidade”.7

“E logo então, que era este o quinto passo de valentia que vencera sem temer —

de alma forte e coração sereno — logo então as mãos voantes anediaram-lhe o cabelo,

palmearam-lhe mais chegadas os ombros.

Blau Nunes foi andando.

6 Ibid. 7 lbid.

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Desembocou num campestre, de gramado fofo, que tinha um cheiro doce que ele

não conhecia; em toda a volta árvores enfloradas e estadeando frutos; passarinhada de

penas vivas e cantoria alegre; veadinhos mansos; capororocas e outro muito bicharedo,

que recreava os olhos; e listando a meio o campestre, brotado duma roca coberta de

samambaias, um olho-d’água, que saía em toalha e logo corria em riachinho, pipocando

o quanto-quanto sobre areão solto, palhetado de malacachetas brancas, como uma

farinha de prata...

E logo uma ronda de moças — cada qual que mais cativa! — uma ronda alegre

saiu dentre o arvoredo, a cercá-lo, a seduzi-lo, a ele, Blau, gaúcho pobre, que só

mulheres de anáguas resvalonas conhecia..

Vestiam-se umas em frouxo trançado de flores, outras de fios de contas, outras

na própria cabeleira solta. . . ; estas chegavam-lhe à boca caramujos estrambóticos,

cheios de bebida recendente e fumegando entre vidros frios, como de geada; dançavam

outras num requebro marcado como por musica... outras lã acenavam-lhe para a lindeza

dos seus corpos, atirando no chão esteiras macias, num convite aberto e ardiloso”.

“Ronda de moças, verdadeiro scherzo onde aparecem dois dos mais belos temas

melódicos do autor. Embora de livre composição, em ambos — notadamente fins do

primeiro e último do segundo, derivado do tema de Teiniaguá — reminiscências

regionais transparecem. É Blau Nunes “alma forte e coração sereno”, vencendo a mais

dura prova por que deve passar”.8

“Porém ele meteu o peito e passou, com as fontes golpeando, por motivo do ar

malicioso que o seu bofe respirava...

Blau Nunes foi andando.

Entrou no arvoredo e foi logo rodeado por uma tropa de anões, cambaios e

cabeçudos, cada qual melhor para a galhofa, e todos em piruetas e mesuras,

fandangueiros e volantins, pulando como aranhões, armando lutas, fazendo caretas

impossíveis para rosto de gente.

Porém o paisano meteu o peito neles e passou, sem nem sequer um ar de riso no

canto dos olhos”.

“Depois da Tropa de Anões, Teiniaguá se desencanta pela bravura do gaúcho”. 9

“E com este, que era o último, contou os sete passos das provas”. 10

8 Ibid. 9 Ibid.

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Blau Nunes encontra-se, no Desencantamento, em frente a uma velha bruxa que

se propõe, como prêmio de sua coragem, satisfazer sete desejos seus, sugerindo-lhe a

sorte no jôgo de cartas; nos amores... Mas Blau — só deseja uma coisa que não sabe

exprimir por palavras — ele deseja a princesa moura, a Teiniaguá encantada. E, como

permanece mudo, a bruxa desaparece e Blau volta, evocando saudoso, as imagens da

moura e do sacristão que, redimidos de suas penas e transformados numa linda tapuia e

num guasca desempenado, vão devagarinho, ao encontro do seu destino.

[Segue a análise musical de Paulo Guedes:]

“Desencantamento Este trecho eu não hesito em considerá-lo o mais belo de

toda a obra. Construído sobre motivos do Boi barroso, entrelaçados por vezes com o

tema de Teiniaguá, é de um sentimento poético admirável. Aliás é este, a meu ver, o

clima predominante da partitura. Transparece logo nas primeiras páginas. Dele está

impregnado todo o último movimento. E nos últimos acordes, ainda, é de infinita poesia

o canto das clarinetas, como um adeus, rememorando os compassos iniciais”. 11

Termina, assim, a lenda bailado em pianíssimo suave e evocador.

10

LOPES NETO, J. Simões. Contos Gauchescos e Lendas do Sul. Porto Alegre: Livraria do

Globo, 1949, p. 309-312. 11 Ibid.