Revista Zé - 01

184

Click here to load reader

description

Informação+Atitude Uma revista voltada para o nordeste do Brasil

Transcript of Revista Zé - 01

Page 1: Revista Zé - 01

BAHIA CEARÁ ALAGOAS PERNAMBUCO SERGIPE

EntrEvista - Maria Bethânianostalgia - 40 anos de tropicália Filhos da tErra - rachel de Queiroz CinEma - nós taMBéM soMos BrasilgalEria - o chão de Graciliano raMos e Mais...

Page 2: Revista Zé - 01
Page 3: Revista Zé - 01
Page 4: Revista Zé - 01

Ser capoeira... “... e transpor sonoramente,com apenas uma corda, umconhecimento ancestral, umacultura, um povo, uma fé”.

Dad

á Ja

ques

4 edição n#1 • 2008

Page 5: Revista Zé - 01
Page 6: Revista Zé - 01

6 edição n#1 • 2008

SER É

Ser apimentado...! “ Seja na comida, no falar, na paixão. Um

pouquinho de pimenta não faz mal a ninguém. Afinal, vale a pena sentir o ardor se é para liberar

endorfina, rir, sentir, elevar o humor”

Dad

á Ja

ques

Page 7: Revista Zé - 01
Page 8: Revista Zé - 01

SER É

Saber rirda gente mesmo!“Digamos que eu seja um ser meio elétrico, excêntrico, exagerado, especial, elegante, ético, eepa! Não é que eu sou da turma do ‘E!’”. Assim se definia o jornalista e cantor Vanderlei Carvalho. Nascido paulista e baiano por opção. Seu sorriso constante era uma marca, um estado de espírito.

: Alice Ramos/Divulgação8 edição n#1 • 2008

Page 9: Revista Zé - 01
Page 10: Revista Zé - 01

SER É

Gostar de cachaça

e ter atitude! “Mas o que eu quero é lhe dizer que

a coisa aqui tá preta Muita mutreta pra levar a situação

Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça

E a gente vai tomando que, também, sem a cachaça

Ninguém segura esse rojão”

(Chico Buarque e Francis Hime)

Dad

á Ja

ques

10 edição n#1 • 2008

Page 11: Revista Zé - 01
Page 12: Revista Zé - 01

12 edição n#1 • 2008

DIRETOR EXECUTIVOHugo JuliãoPROMOTERLicia Fabio

CONSULTOR EDITORIALNirlando BeirãoPUBLISCHERHugo Julião

DIRETORA DE REDAÇÃOThaís Bezerra

CONSELHO EDITORIALAnayçara Goes, André Wanderley, Andréa Fasano, André Piva, Astrid Fontenelle, Beth Prado, Carlos Tufvesson,

Edinho Engel, Fátima Martins, Itamar Vieira da Costa, Luiz Eduardo Costa, Mônica Mendes, Nil Pereira, Paulo Henrique Souza, Paulo Mota, Paloma Amado, Paulo Markun, Ronaldo Bastos, Sante Scaldaferri,

Ubiracy Silva, Vera Holtz e Washington Olivetto.EDITORA CHEFE

Aline QueirozEDITOR ADJUNTO

Sérgio Amaral

DIREÇÃO DE ARTE E DESIGN GRÁFICOZarabatana Design Gráfico e Produções Ltda.

DESIGNERSJosué Jackson e Marcos RibasTRATAMENTO DE IMAGENS

Erivaldo Assis e Luís Marcelo LordREPORTAGENS

Mel Adún e Kaliane BarbosaFOTOGRAFIA

Tanit Bezerra e Kaliane BarbosaCOLABORADORES

André Wanderley, Astrid Fontenelle, Chico Alves, Ilma Fontes, Jamil Moreira Castro, Ricardo Janoario, Tiago Santana, Washington Olivetto.

PUBLICIDADE

DIRETORAMel Almeida

(79) 3246-4707 / [email protected]

ASSISTENTECristina Arruda

EXECUTIVOS DE CONTASSão Paulo e Rio de Janeiro – Cecília de Castro Lima / (11) 8337-4415

Minas Gerais e DF - Sérgio Amaral / (61) 9982-9922Bahia - Mirela Machado / (71) 9987-8486

Pernambuco – André Wanderley / (81) 9292-3558 Nordeste (exceto Bahia e Pernambuco) – Clóvis Munaretto / (79) 9978-3934

DIRETOR DE PRODUÇÃOMário Aulicino

ADMINISTRAÇÃOMauro Rossi

ASSINATURAS 0800 701 1339DISTRIBUIÇÃO

Fernando Chinaglia

www.revistaze.netredaçã[email protected]

EDITORACultura Gráfica e Editora Ltda.

Zé - A revista do Nordeste é uma publicação bimestral. Jornalista Responsável: Thais Bezerra - DRT SE364

TIRAGEM30.000 exemplares

A ZÉ não se reponsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. Só poderão falar em nome da revista as pessoas citadas no expediente. Qualquer outro profissional não tem autorização para usar o nome da ZÉ ou

utilizar qualquer material sem apresentação de documento datado por escrito e assinado pela direção da revista.

A R E V I S T A D O N O R D E S T E

Page 13: Revista Zé - 01

SER É

Ser Zé! Como tem Zé lá Paraíba(Música - Jackson do Pandeiro)

Vixe como tem Zé Zé de Baixo, Zé de RitaMe desconjuro com tanto ZéComo tem Zé lá na Paraíba

Lá na feira é só Zé que faz frevuraTem mais Zé do que coco catoléSó de Zé tem uns cem na prefeituraOutro cem no comércio tem de ZéTanto de Zé desse jeito é um estragoEu só sei que tem Zé que dá com péVai lembrar a gagueira de um gago gaguisse danou a de Zézé

Em um forró que eu fui em Cajazeira o cacete contou e fez panzéPois um bêbado no meio da bebedeira falou mal e xingou a mãe de um ZéComo só tinha Zé nesse zum zum ouve logo tamanha arrapapéMãe de Zé era mãe de cada um no salão brigou tudo que era Zé

É Zé João, Zé Pilão e Zé MaletaZé Negão, Zé da Cota, Zé QueléTodo Mundo só tem uma receita quando quer ter um filho só tem ZéE com essa franqueza que eu uso, eu repito e se zangue quem quiserTanto Zé desse jeito é um abuso Mas o diabo que eu também me chamo Zé.

Dad

á Ja

ques

edição n#1 • 2008 13

Page 14: Revista Zé - 01

S u m á R I O

14 edição n#1 • 2008

Page 15: Revista Zé - 01

04 Ser Zé é...

12 expediente

13 Ser Zé é...

18 editorial

20 ColaboradoreS

24 entreviSta - maria Bethânia

34 de Cabeça feita - Washington Olivetto

36 noSSoS ZéS - Zé Peixe - Cidadão de mar e céu

um sergipano com habilidades aquáticas

surpreendentes

38 viSta - Hotel Zank/Ba

40 Conexão - Ilha do amor

A jornalista Astrid Fontenelle conta como se

apaixonou por Fernando de Noronha

42 Uma hiStória de amor - “Tô certo, ou tô

errado, Santinha?”

A clássica história de amor da viúva Porcina e

de Sinhozinho malta

44 filhoS da terra - Primeira dama

um pouco da vida da escritora cearense

Rachel de Queiroz

48 Gente - A loucura venceu o clássico

A trajetória do baiano Cao Albuquerque -

figurinista da Grande Família

54 Galeria - O chão de Graciliano Ramos

Tiago Santana fotografou o cenário descrito

pelo escritor há 70 anos atrás

60 deCoraCão - É hora de reorganizar

O arquiteto alagoano Osvaldo Tenório ensina

o que fazer para constrastar velho e novo

68 arte/CUltUra - Nordestinado

Romero Britto apresenta suas criacões

74 deSiGn - Diplomacia banhada a ouro

Conheça o trabalho da designer

preferida do Itamaraty

80 eConomia - Orgulho de ser nordestino

João Carlos Paes mendonça, um dos maiores

empresários do país

9

84 lUxo - História, patrimônio e luxo

O presidente do Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) fala sobre a

transformação de patrimônios tombados

em hóteis de luxo

94 GaStronomia - uma viagem ao Peru

Wanchako, o primeiro restaurante peruano do país.

100 enSaio - Orixás

A religiosidade africana foi a inspiração para

a designer Annete Sorin criar as jóias da sua coleção.

106 noStalGia - Bananas ao vento

40 anos de Tropicália.

115 moda - Nas tramas de Ganem

Conheça mais sobre a estilista márcia Ganem.

116 moda - Editorial

A top Rojane Fradique veste “Estrada Amarela”,

a nova coleção da estilista baiana

126 atUalidadeS - Nós também somos Brasil

uma análise sobre a produção

cinematográfica do Nordeste

134 tUriSmo - Jericoacoara

um autêntico reduto do ecossistema brasileiro.

140 Comportamento - É dia de feira

Descubra os mistérios de uma feira livre

147 delíCia nextel - Cobertura social

167 de qUem Zé fala - O jornal da Zé

Notas e dicas sobre os estados nordestinos

Dad

á Ja

ques

Capa

foto:Dadá Jaquestop:Rojane Fradique(model Club/Joy model)

Page 16: Revista Zé - 01
Page 17: Revista Zé - 01
Page 18: Revista Zé - 01

Ter e inspirar boas idéias. Ter atitude. Ter independência e chegar ao mercado com responsabilidade, qualidade e bom humor. Ser do Nordeste, esse lugar cheio de tantas belezas, riquezas e de Zés – para todos os gostos, de todos os tipos, preços e desejos. Porque Zé também pode ser um lugar, um momento, uma saudade, um esti-lo, um segredo, uma descoberta. Para nós, é trazer para o mercado um veículo sério, comprometido. É, mais do que nunca, ter “Orgulho de ser Nordestino” – como tem um dos nossos entrevistados, João Carlos Paes Mendonça, Mas também é ser global, universal.

Nesta edição inaugural Ser Zé é ouvir Maria Bethânia contar sobre um grande amor do passado chamado, adivinha? Zé. Rir à vontade com a conversa animada que tivemos com o figurinista da Grande Família, Cao Albuquerque. Se “emaranhar” nos fios de poliamida da estilista Márcia Ganem e encher os olhos com a Estra-da Amarela - sua nova coleção apresentada no nosso editorial de moda, com a top Rojane Fradique. É passear pelo sertão nordestino com o fotografo cearense Tiago Santana, em seu trabalho O chão de Graciliano Ramos. Mergulhar com o fotógrafo Dadá Jaques nos mistérios dos orixás, fonte de inspiração para a designer baiana An-nete Sorin criar suas jóias. Para outra designer, a pernambucana Cle-mentina Duarte, a inspiração para idealizar as peças - com as quais o Itamaraty presenteia às nossas visitantes ilustres - são a natureza e as obras de Oscar Niemeyer.

É colorir a vida com o artista plástico Romero Britto. Ir à Fernan-do de Noronha com a jornalista Astrid Fontenelle. Ouvir Washington Olivetto dizer o que, para ele, é Ser Zé. Ir ao Peru, estando em Alagoas, em uma viagem gastronômica pelo Wanchako. Ainda em Maceió, falar de decoração com o arquiteto Osvaldo Tenório. Agora, é impossível Ser Zé, sem amor. Então, que tal embarcar para Asa Branca, cidade fictícia, palco do inesquecível romance entre a Viúva Porcina, Roque Santeiro e o coronel Sinhozinho Malta.

Relembrar o ano de 1968, tão importante para o mundo, para o Brasil, na trilha sonora da Tropicália. Para nós, também “é proibi-do, proibir”. E nesse clima de saudade vale aprender mais sobre a escritora Rachel de Queiroz, primeira dama da Academia Brasileira de Letras. Ser Zé é também questionar e saber o que pode e o que não pode ser feito quando o assunto é transformar patrimônios tombados em hotéis de luxo. O presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) esclarece. É também falar de cinema e saber mais sobre as produções feitas no Nordeste. Não perder tempo e ler Thaïs Bezerra pra saber De quem Zé fala, da Bahia ao Maranhão. É sair da rotina e encontrar os amigos. Celebrar a oportunidade de Ser Zé, já que Ser Zé é, acima de tudo, viver. O Delícia, nosso caderno social, assinado pela promoter Licia Fabio, dará conta de registrar esses momentos. E, por fim, opinamos: Ser Zé é ser, fazer, acreditar. É, simplesmente, Ser Zé!

Hugo Julião - [email protected]

E D I T O R I A l

Page 19: Revista Zé - 01

edição n#1 • 2008 19

Dad

á Ja

ques

Page 20: Revista Zé - 01

C O l A B O R A D O R E S

20 edição n#1 • 2008

Washington olivEtto, uma mente reconhecidamente brilhante por suas clássicas campanhas publicitárias, encontrou tempo, entre um lançamento e outro do seu último livro O primeiro a gente nunca esquece, para inaugurar a sessão De cabeça feita.

ChiCo alvEs é jornalista, cinéfilo e aluno especial do programa de Cultura e Sociedade da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Realizou vídeos de destaque no cenário audiovisual como Luto ou três formas de morrer, com grande repercussão local. Atualmente está desenvolvendo seu projeto de mestrado sobre documentários e imagens da nacionalidade. Nesta edição ele ouviu a opinião de alguns cineastas, durante o Seminário Internacional de Cinema em Salvador, sobre a produção cinematográfica no Nordeste.

astrid FontEnEllE. O sobrenome da jornalista já denuncia sua paixão pelo Nordeste. Os Fontenelle, família de seu pai, é um importante clã piauiense. Una a isso o título de Cidadã Soteropolitana recebido da Câmara de Vereadores de Salvador. Mas, nessa edição, Astrid mostra sua paixão por outro estado e nos convida a mergulhar nas águas azuis e quentinhas da de ilha Fernando de Noronha (PE). Desde os tempos de faculdade na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), Astrid passou pelas grandes emissoras do país: a extinta Manchete, Bandeirantes, Rede Globo e MTV - com os programas Pé na cozinha, Disk MTV e Barraco.

riCardo Janoario é mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professor substituto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Nessa edição, na sessão Nostalgia, escreve um artigo sobre os 40 anos do Tropicalismo e nos relembra a importância do movimento para a produção musical e cultural do país.

ilma FontEs é formada em medicina com especialidades em psiquiatria e medicina legal, mas, prefere ser tratada como escritora e jornalista. Edita o jornal cultural O Capital. É também cineasta e amante do teatro e da literatura. Em setembro de 2002, recebeu o diploma Mérito Cultural pela União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro (UBE/RJ). Nesse primeiro número Ilma revela a história de um Zé muito especial.

Page 21: Revista Zé - 01
Page 22: Revista Zé - 01
Page 23: Revista Zé - 01
Page 24: Revista Zé - 01

E N T R E V I S TA

BETHâNIA fala e quem ouve escuta muito mais do que palavras. Escuta a voz

de uma mulher destemida, forte, rápida – como são as filhas de Iansã, deusa africana

dona dos ventos e tempestades. Escuta o som da intensidade. Mas esses elementos

dão lugar também a uma mulher doce, frágil, sensível ao falar de fé, da mãe e de amor.

Entre as tantas guias que envolvem seu pescoço, Bethânia também usa o dourado, cor

de outra deusa venerada por ela, Oxum, leia-se: fertilidade, sensualidade, sedução, be-

leza incomum. E nesse vai e vem, como convém a uma boa geminiana, numa imitação

dos movimentos das marolas da Baía de Todos os Santos – nossa paisagem durante

a entrevista no restaurante Amado -, ela falou da nova geração da MPB, falou de si, de

política, do Nordeste. As duas horas de conversa com a equipe da ZÉ, em Salvador,

pareciam retiradas do relógio, reservadas a ela e a mais ninguém.

24 edição n#1 • 2008

: Célia Aguiar

Page 25: Revista Zé - 01
Page 26: Revista Zé - 01

E N T R E V I S TA - m A R I A B E T H Â N I A

ZÉ – Qual a sua percepção desta quase nação que é o Nordeste?

Maria Bethânia - Nós somos assim: a Bahia é gigante, todo o Nordeste brasileiro é grande. São estados que - não só no seu tamanho, mas na sua expressão cultural, na sua culinária, no seu sotaque – são diferentes. Em Aracaju, de um jeito, em Salvador, de outro, São Luis de outro diferente... Por exemplo, eu fico impressionada com Recife. Recife me comove profundamente. Eu acho que desses Estados, em rela-ção à arte, à sua cultura, sua tradição, Pernambuco é quem tem feito um trabalho amoroso e incessante. Eu sinto isso. Eu sinto a Bahia esplendorosa em tudo, é a minha terra, sou apaixonada, mas sinto que por esse lado, a Bahia ficou muito restrita. Ou você tem isto ou você não tem quase nada. Entende? Isso enfraquece! Isso diminui o brilho cultural. Eu não acho que deve tirar nada, como Pernambuco não tirou nada. Agora, pode acrescer e pode manter o que é luminoso.

ZÉ – Você já cantou no carnaval de Pernambuco?Maria Bethânia – Cantei sim. E quando eu fui lá,

eu pensei: “Eu não gosto mais de carnaval, faz muitos anos! O que eu vou fazer aqui?” Eu brinquei minha vida inteira no carnaval da Bahia. Sempre amei trio elétrico. No meu tempo, na Praça Castro Alves, meu pai dizia: “Seis horas é a hora das prostitutas e dos marinheiros, vamos pra casa!” Então eu brinquei muito carnaval, mas nunca tinha visto o carnaval de Recife. Pra mim, carnaval era só na Bahia, na Praça, descendo a ladeira de São Bento. Aí, quando cheguei em Recife, vi um Luiz Gonzaga de três metros de altura e minhas lágri-mas já começaram a cair. Depois Manuel Bandeira, e todos, todos... Não tem dono! São as pessoas. Isso é

que é lindo! ZÉ – Falando em Bandeira, quais são as suas pre-

ferências literárias no Nordeste?Maria Bethânia – Graciliano, Rachel... Graciliano

é minha paixão! Quando eu fiz homenagem à água, naqueles discos o Mar de Sofia e o Pirata, eu pedi para que fizessem uma canção onde se falasse da onde a água não chega. E eu fui me inspirar na obra de Graci-liano Ramos. Já dona Rachel tem essa coisa sertaneja deslumbrante: “A água daqui é choca, quem quiser que goste!”. Brava que só ela (risos). Violeta Arraes, que Deus a tenha em bom lugar - minha linda e queri-da amiga – também foi outra mulher muito importante pro Nordeste. Ela foi Reitora da Universidade do Ceará, no Crato. Viveu a maior parte do tempo na França, pri-meiro pelo exílio e depois pelas circunstâncias. A casa de Violeta, em Paris, era o sertão brasileiro. Era a alma, era a casa dos exilados - Fernando Henrique, Caetano, Gil... Era onde as pessoas iam aquecer um pouquinho o coração, longe de suas terras. Eu dediquei a ela uma canção que eu gravei, Caipira de fato. Foi a última ho-menagem que eu pude lhe prestar, ela que eu sempre reverenciei na minha vida. Mas ela está linda, brilhando, maravilhosa. É uma turma da boa, hein? (risos) Manuel Bandeira, Patativa do Assaré. Manuel Bandeira é bom

“NóS SOMOS ASSIM: A BAHIA é GIGANTE, TODO O NORDESTE BRASILEIRO é GRANDE. SãO ESTADOS QUE - NãO Só NO SEU TAMANHO, MAS NA SUA ExPRESSãO CULTURAL, NA SUA CULINáRIA, NO SEU SOTAQUE – SãO DIFERENTES. EM ARACAJU, DE UM JEITO, EM SALVADOR, DE OUTRO, SãO LUIS DE OUTRO DIFERENTE...”

26 edição n#1 • 2008

Page 27: Revista Zé - 01

demais... Aqui na Bahia é uma maluquice. Ler Gregório de Mattos arrebentando “O que é que tá estabelecido p’reu quebrar?”, é uma marca, né? Castro Alves, Fer-reira Gullar, no Maranhão... Ferreira é meu Pajé.

ZÉ – Você falou de quase todo o Nordeste. E Santo Amaro?

Maria Bethânia – Ah, aí é o Recôncavo! Eu tenho uma relação de amor tão profunda com aquela cidade. É porque aquilo ali tem Nossa Senhora. Tem a casa de minha mãe, onde eu nasci, onde eu brinquei, onde eu aprendi a ler, onde eu me comovi. Tudo está ali. É o meu núcleo muito firme, muito firme. Agora com os movi-mentos da política, Santo Amaro ficou muito menor. Foi cortado tanto pra direita quanto pra esquerda. Como diz uma amiga minha “só tem as duas igrejas - da Purifica-ção e a do Rosário - e o resto já não é mais nosso”.

ZÉ – E lá no início, quais são as lembranças mais fortes?

Maria Bethânia – Quando eu cheguei ao Rio de Janeiro fui fazer um show - o primeiro - para ser apresentada à intelectualidade: Vinicius de Moraes, Ferreira Gullar, Tom Jobim, Millôr, todos os caciques. Era o meu público na minha chegada (risos). Eu e meu violãozinho cheio de retratos. Chamava Zé, meu violão. Nossa! Agora que eu me lembrei. Era por causa de um

homem que eu amava, que eu namorei, que chamava Zé. Foi meu grande amor. Dediquei meu show a ele.

ZÉ – Baiano?Maria Bethânia - Santo Amarense! Um homem de

dois metros de altura. Ele era meu namorado. Eu era muito menina - ele já era um homem - e eu fiquei apai-xonada por ele. Adolescente, morria de paixão. Ele era muito grande, falava muito alto, um homão... Com uma barba e um peito bonito... Era maluco! Um dia, num fevereiro, fomos dar uma volta na praça - eu estava com um vestido muito elegante – e ele disse: “Quer dar uma volta na roda gigante?” E eu: “Quero!”. Chegou lá em cima eu falei “tomara que passe logo, aqui em cima eu morro de medo”. E ele: “Ih, mandei ficar uma hora, aqui”. Ele era esse estilão, maravilhoso. O meu violão chamava Zé. Um Gianini. E eu, no meio de todos aque-les intelectuais, cantando com o Zé... (risadas gerais)

ZÉ – Tem uma história de que foi Vinícius de Moraes quem te apresentou a Mãe Menininha do Gantois. Verdade?

Maria Bethânia- Foi Vina mesmo. Eu estava em casa, ele me ligou e disse: “Eu tô aqui na Bahia, você tá fazendo o que?” Eu falei: “Eu tô quieta!”; Aí ele falou assim: “Então você venha amanhã que eu vou te levar pra conhecer Mãe Menininha” Eu fui, entrei e nunca mais saí, graças a Deus! Nem pensar. E ele ficou lá, sentado, junto. Era o único que podia fumar cigarro na frente dela. Eu ficava olhando... Depois de um tempo eu falei: “Mas ele fuma aqui!”. Ela disse: “Ele pode!”. Engoli a língua. Vinicius era maravilhoso. Cuidava de mim - era danado! De mim, de Baden. Nós morávamos em São Paulo, num prédio de três andares. Embaixo era Baden, eu no meio e Vinícius, na cobertura. Ele

“EU COM UM VIOLãOZINHO, CHEIO DE RETRATO. CHAMAVA Zé MEU VIOLãO. NOSSA! AGORA QUE EU ME LEMBREI, é POR CAUSA DE UM HOMEM QUE EU AMAVA, QUE EU NAMOREI, QUE CHAMAVA Zé. FOI MEU GRANDE AMOR”

27edição n#1 • 2008

Page 28: Revista Zé - 01

E N T R E V I S TA - m A R I A B E T H Â N I A

controlava a gente. Perguntava: “Bethâninha, que horas você chegou ontem? Você tomou o quê de café da manhã?” Cuidava sim. Um dia Baden ficou zangado e passou dos limites (risos). Vinícius pegou o cinturão e disse a ele: “Te dou uma surra”. Baden, na hora, parou, tomou um banho frio e se acalmou. Ele era maravilho-so! Um pai, um amigo extraordinário. Também era muito engraçado. Eu sin-to muita falta dele. Ele tinha um prazer de viver. Amorosíssimo, ele alegrava o mundo. Contagiava. Era uma coisa comovente. Quando estava triste, ele contagiava também. Porque era muito profundo. Tudo nele era muito forte. Eu acho que o mundo perdeu muito com a morte de Vinícius. Ele tinha uma energia necessária. Eu tenho andado muito triste com as perdas do Brasil. Dona Ruth, Violeta, Tom... Eram emanações muito fortes para o planeta. Eram pessoas de muita luz, de muita bondade, de muito respeito e de muita firmeza. E eu não estou vendo nascerem muitos assim.

ZÉ – Talentos?Maria Bethânia – Talentos e almas,

né? Espíritos. ZÉ – Quem você destacaria dessa

nova geração da Música Popular Brasileira?

Maria Bethânia – A Vanessa é maravilhosa. Nós somos um país de cantoras, de boas cantoras. Eu gosto muito dessa mais “novinha” geração. Eu gosto muito de Vanessa, de Ana Carolina, de Adriana Calcanhoto. Estou falando de cantoras e compositoras. Acho Ana Carolina uma personalidade. Ela tem um rigor cênico e uma emissão de voz que são inconfundíveis. Quando você ouve Ana, sabe que é Ana. Não confunde. Acho bacana, importante. E ao mesmo tempo em que ela tem raízes muito fortes na MPB, ela é meio soul. Já Vanessa tem aquela coisa linda da voz. E Adriana é urbana, maravilhosa. Acho as três muito boas. Eu também adoro a Ivete cantando. Sou encantada com a cantora que a Ivete é. Sempre fui. Na primeira vez que eu a vi, eu pensei: “Essa meni-

na tem uma timbre, um talento pra emitir...”.ZÉ – Ivete esteve na sua casa para pedir sua benção...Maria Bethânia – Ivete foi linda. É uma menina

maravilhosa e canta muito. Estamos falando de vozes, de cantoras. Tem um compositor mineiro, que já faz sucesso, que eu tenho prestado muita atenção: o Van-

der Lee. Se o Vander Lee continuar assim, mineirinho, ocupado do ofício dele, ele vai brilhar muito. A música dele interessa muito ao povo brasilei-ro. A mim, pelo menos, me interessa muito. Também sou apaixonada por Chico César. Adoro Jorge Vercilo. Gosto dessa coisa nova. E eu gosto porque eles gostam de mim também (risos). Eles me querem tanto bem, compõe pra mim, me pedem pra cantar... Tão fazendo um disco, me chamam. Eu fiz a Martinália de novo - que também é uma menina que tem outra praia de talento, tem o samba, né? Está muito bem no mundo, faz muito sucesso dentro e fora do Brasil.

ZÉ – Todos reparam o carinho com que você trata sua mãe, dona Canô. Como é a relação de vocês?

Maria Bethânia – Minha mãe, dona Canozinha! A gente tem uma relação linda, muito forte. Desde sempre. Lá em casa tem uma brin-cadeira da qual ninguém se ressente. Os meninos brincam: “Minha mãe, se Bethânia disser, minha mãe faz logo”. Às vezes me ligam: “Bethânia,

ela não quer tomar nem sopa nem café com leite”. Aí eu ligo: “Mãe, qual é a sua, mãe?”. Ela tem uma autoridade muito grande comigo também. Mas a gente tem uma relação boa, damos risadas e nos parecemos um pouco. Minha mãe, quando era menina - antes de conhecer meu pai – fazia o que todas as meninas da sociedade de Santo Amaro faziam: estudava e, durante quatro meses no verão, aprendia com uma senhora que ensinava a costurar, cantar, cozinhar, se compor-tar... Que ensinava ópera, ensinava tudo. Minha mãe era atriz. Todo mundo fazia teatrinho, todo mundo fazia cantorias. Minha mãe sempre foi muito bonita! E canta

“EU TENHO ANDADO MUITO TRISTE COM AS PERDAS DO BRASIL. DONA RUTH, VIOLETA, TOM... ERAM EMANAçõES MUITO FORTES PARA O PLANETA. ERAM PESSOAS DE MUITA LUZ, DE MUITA BONDADE, DE MUITO RESPEITO E DE MUITA FIRMEZA. E EU NãO ESTOU VENDO NASCEREM MUITOS ASSIM”

28 edição n#1 • 2008

Page 29: Revista Zé - 01
Page 30: Revista Zé - 01

30 edição n#1 • 2008

foi? Quem é que vai ouvir? Aqui ninguém sabe falar inglês!” Eu falo: “Minha mãe, ouça a música, seu filho canta bem”. Ela responde: “Ah, isso eu sei, não precisa você me dizer, não!” (risos) E Caetano some. Eu ligo 20 vezes por dia. De vez em quando ela fala: “Beta, sabe quem ligou hoje, minha filha? Eu estou importante!” e eu pergunto: “Quem, minha mãe?”, “Seu irmão! Estou importante.”. Ela é maravilhosa!

ZÉ – Falando em Caetano, numa entrevista ao Pas-quim, ainda nos anos 60, você falou que Caetano dizia a você que Deus era ele. Que história é essa?

Maria Bethânia – Ele diz que é ateu. Ele dizia assim pra mim: “Deus sou eu! Eu quem invento você! Eu in-vento água, invento céu, invento tudo! Nada disso exis-te, tudo sou eu!” Eu dizia “Caetano, o padre vai lhe dar um cascudo!”. Eu estudava em colégio de freira, morria de medo. Era uma educação em cima do medo. Tudo era pecado, culpa. E ele ainda repetia, “Tô dizendo, eu sou Deus!”. Deus pra mim é Deus, ele pensa que eu acreditava nele, é? (risos)

ZÉ – Dona Canô conta, em um documentário, que você servia pra tudo no colégio, menos pra cantar.

Maria Bethânia – Eu não podia nem dizer presen-te. A classe caía de gargalhada. Voz grave, né? Já pensou? Presente! Eu nunca entrei nessa, eu sempre soube o que eu ia ser quem eu sou. Sempre! Teve uma brincadeira lá, com uma grande amiga minha de infância – Nené – que ela me olhava e me dizia assim “Bethânia, você é pequena, mas fita os Andes.”, era um ditado que significava “você almeja muito longe.”. Era porque eu dizia assim: “Nené, você vai ver, eu vou ser cantora, vou trabalhar no palco, vou ser famosa, vou viajar, vou por esse mundo todo.” E ela: “Mas que menina, pequena e fita os Andes!”

ZÉ – Você tinha quantos anos, quando dizia isso? Maria Bethânia – Eu era pequena, mesmo. Nené

era mais velha, ela já era moça e eu ainda era muito pe-quena. Eu dizia: “Vou trabalhar no palco! Vou pra Paris em outubro!”. Eu dizia umas coisas doidas (risos). Eu fiz uma brincadeira com ela. Uma vez eu fui convidada pra

muito bem! E é boa atriz. A primeira pessoa que me di-rigiu no palco - o primeiro diretor que eu tive - foi minha mãe. Foi um espetáculo de teatro que ela fez em Santo Amaro. Ela era diretora de drama, não se chamava teatro, chamava-se drama. Rigorosíssima! Não pense que ela dá mole pra gente não. Chama atenção, puxa orelha. Quando ela não gosta de uma coisa, trata a gente como se fôssemos meninos de dentro de Santo Amaro. E ai da gente que não acate. Ela veio dessa área e eu despontei nessa área. Essa parte artística e criativa dela é muita refletida na minha figura cênica, no modo que eu trabalho, nas minhas escolhas. E isso nos une muito. Eu não preciso me explicar pra minha mãe, entendeu? Nem ela pra mim. Ela me olha, eu olho pra ela, e aí a gente já se entendeu. A praia da gente a gente sabe. Briga com Caetano e às vezes o chateia, coitado. “Seu irmão gravou um disco em inglês, não

Page 31: Revista Zé - 01
Page 32: Revista Zé - 01

cantar na Venezuela e sempre que eu vou a algum lugar, eu peço pra ver a localização, onde é. Falei: “Nené, eu vou cantar fora do Brasil, quer conhecer a Venezuela? É bonito, Caracas, vamos lá”. Ela falou, “quero!”. Quando eu cheguei à Venezuela - meu nome na Venezuela tinha muita força naquela época – fui acompanhada com vinte batedores, os carros uéuéuéu (som de sirene) e a gente dentro do carro. Quando entramos no carro, normal, ela estava ótima, de repente ela falou assim: “Mas menina, que será que aconteceu, tem tanta sirene, tanto batedor?”. Quando chegamos à porta do hotel e o som das sirenes cercou o carro ela perguntou: “É por causa de você?”, eu disse que era. Ela: “Você não me disse nada”. Eu disse: “O que é que você queria que eu lhe dissesse?”. Bom, subimos pro quarto, uma cobertura. Aí, eu que já sabia, abri a janela, que dava para os Andes nevados, e a chamei: “Nené, venha ver uma coisa aqui”. Ela veio e eu disse: “Está vendo ali? Os Andes, você não dizia que eu era pequena e fitava os Andes?” Eu adoro viajar com ela!

ZÉ – O que mais te angustia? Maria Bethânia – Desrespei-

to. Tem o limite de cada um, não devemos ofender o outro. A falta de educação. As pessoas morren-do miseravelmente de fome, de doenças banais que podiam estar controladas. Eu acho tudo, tudo tão delirante no mundo de hoje. Eu sei que o Brasil está estável, apesar da crise. É inegável que há um lado do Brasil, que vem de Fernando Henrique, com o Plano Real, que se estabilizou. Mas eu não sou idiota, cega. Quando você vê qualquer notícia falando de saúde pública, não dá pra acreditar que você está num país civilizado. Eu fico estarrecida. O último show que eu fiz, sozinha, antes do que fiz com Dona Omara, o Dentro do mar tem rio, eu terminava com um texto de Fernan-do Pessoa que era Ultimatum, um poema violentíssimo - não só com os políticos daqui ou dali, não! - com os mandarins do mundo. Eu acho que tem um equivoco gigantesco na cabeça dos que mandam em nós. Falta

comida no mundo e eles querem produzir biocombustí-vel! Pra quê? É uma coisa descompensada.

ZÉ – Tem três perguntas que a Clarisse Lispector fazia no final de cada entrevista. Qual é a coisa mais importante do mundo pra você? O que é que você mais deseja para você mesma, como indivíduo? E o que é amor?

Maria Bethânia – Eu acho que o mais importante é o respeito. Porque o respeito abrange tudo. O cuidado consigo, o cuidado com o outro, entendeu? Eu não

conheço nada mais importante do que você ser cuidadosa, você ser respei-tosa, você considerar, compreender. É um pouco maluco, mas como é de Clarisse, merece uma resposta meio doida. Dona Clarisse, minha paixão. A outra pergunta é?

ZÉ – O que é que você mais deseja para você mesma, como indivíduo?

Maria Bethânia – Eu queria - além de Deus permitir eu cantar sempre, enquanto eu viver, porque isso é minha vida - cantar bem, poder levar sempre coisas boas pras pessoas; levar amor, receber amor de volta, despertar nas pessoas interesses que eu acho que são importantes. Isso é o que eu mais queria, e queria que isso fosse possí-vel para cada pessoa. Que isso fosse permitido. E a gente sabe que pra ter algumas coisas tem que abrir mão de outras, nada é assim. Mas sempre que você quer algo com muito vigor, o que

você tem que abrir mão fica ínfimo, entendeu? E o que é o amor? (risos) O que é o amor? Eu acho que o amor e o trabalho são os alicerces da pessoa. Vinicius me di-zia e dizia para todo mundo na poesia dele: “Sem amor, não tem sentido, nem graça, não tem nada!”. Vocês estão aqui fazendo o seu trabalho, como eu – e se não tiver um impulso amoroso, isso desaparece no planeta, porque tem muitos acontecimentos e eu acho que o amor é o que conduz essa coisa, é o que alimenta, é o alicerce, mesmo. Eu não acho graça em nada sem amor, não consigo. Um copo d’água sem amor não tem graça, nem a melhor champagne. Nem a água de Santo Amaro, que é a melhor água do mundo (risos)!

E N T R E V I S TA - m A R I A B E T H Â N I A

“EU NãO ACHO GRAçA EM NADA SEM AMOR, NãO CONSIGO. UM COPO D’áGUA SEM AMOR NãO TEM GRAçA, NEM A MELHOR CHAMPAGNE; NEM A áGUA DE SANTO AMARO, QUE é A MELHOR áGUA DO MUNDO (RISOS)!”

32 edição n#1 • 2008

Page 33: Revista Zé - 01

edição n#1 • 2008 33

Page 34: Revista Zé - 01

34 edição n#1 • 2008

As duas coisas acontece-ram no Shopping Iguatemi, que me encantou como projeto de marketing por ter segmentado pelos andares os interesses dos seus diferentes públicos. Se você quiser coisas mais populares, vá ao primeiro andar; coisas um pouco mais caras, vá ao segundo; se quiser torrar uma grana, vá ao terceiro. A estratégia é pratica, objetiva e inteligente e me lembra o grande magazine espanhol El Corte Inglés, que também traba-lha assim há muitos e muitos anos com enorme sucesso.

Lá em Salvador, me hospedei no Zank Boutique Hotel, que fica no Rio Vermelho, mas faria bonito também no bairro de Chelsea, em Nova York, ou na Place des Vosges, em Paris. No Trapiche Adelaide, tomei um drinque tão bem preparado quanto os que eu adoro tomar no bar do Blakes Hotel, em Londres.

Vi gente chegando de barco para comer no Soho em condições de conforto maiores do que as oferecidas pelo Club 55, em Saint-Tropez. E jantei no Amado esplen-didamente - como jantaria em San Sebastián, na Espanha.

Enfim, vivi uma Salvador

absolutamente internacional. Tive a mesma impressão em setembro passado, quando passei três dias em Natal, no Rio Grande do Norte. Boa hotelaria, ótimos restaurantes, lindas praias, ou seja, uma festa para os turistas, particularmente os europeus, que enxergam Natal como uma filial do céu. Natal pra eles, além de tudo, é pertinho — e o céu pode esperar.

Citei Salvador e Natal, mas sei que as coisas também andam bem no Ceará, em Pernambuco e em todo o nordeste brasileiro. Logo, nada mais lógico do que o lança-mento de uma revista como a ZÉ.

Tomei contato com o núme-ro zero da ZÉ por meio da minha amiga Licia Fabio, que me levou um exemplar na noite de autógrafos do livro que aconteceu no Café Pereira, no Iguatemi. Mais do que surpreso (já que eu não sabia), fiquei envaide-cido ao ver meu nome no conselho editorial. E li na própria revista a sua intenção de atingir o público interessado nesse novo e sofisticado nordeste brasileiro.

Sinceramente, não gosto da palavra “sofisticado”, que é sofística, mas não é sofisticada. Mas concor-

do com a idéia da revista e, já que me elegeram membro do seu conse-lho, aproveito para dar uns palpites.

Acho que a ZÉ precisa mesclar essa nova realidade com valores arraigados e há muito tempo exis-tentes. Tem que falar dos milionários e dos zés-ricos, mas tem também que prestigiar os zés-das-esquinas e os zés-ninguém. Ou seja: zés-de-baixo e zés-de-cima, como tem lá na Paraíba.

Minha tese não é a de um zé-mané. É de quem gosta das boas coisas da vida, mas sem nenhum tipo de preconceito. Um caldo de sururu pode ser tão bom quan-to uma espuma do Ferran Adrià. Caranguejo quebrado no martelo muitas vezes é mais gostoso do que caviar. Uma cachaça boa é melhor do que qualquer prosecco. Um artista talentoso de rua pode propor-cionar emoções visuais tão grandes quanto uma obra do Damien Hirst.

Portanto essa revista, se quiser ser verdadeiramente internacional, não pode deixar de ser bastante lo-cal. Tem que ser sobre a qualidade, não importa de que núcleo social essa qualidade venha. Tem que ser de A a ZÉ.

D E C A B E Ç A F E I TA

EM NOVEMBRO passado, entre a noite do dia 13 e a manhã do dia 15, esti-

ve em Salvador, na Bahia. Fui fazer uma palestra e lançar meu livro O primeiro a gente

nunca esquece, publicado pela Editora Planeta.

vixE, Como tEm zé

: Washington Olivetto : Dadá Jaques

Page 35: Revista Zé - 01

edição n#1 • 2008 35

UM ARTISTA TALENTOSO DE RUA PODE PROPORCIONAR EMOçõES VISUAIS TãO GRANDES QUANTO UMA OBRA DO DAMIEN HIRST”

Page 36: Revista Zé - 01

36 edição n#1 • 2008

N O S S O S Z É S

Com apenas onze anos Zé Peixe já fazia o que ainda faz hoje, mesmo aposentado da Marinha: ajudar os homens do mar e guiar navios pela entrada na Boca da Bar-ra, em navegação pelo leito do rio Sergipe – sujeito a bancos de areia que circundam a Ilha de Santa Luzia com constantes mudanças do canal de navegação.

Mais que um bom profissional do sistema portuário brasileiro, Zé Peixe é o prático que serve de exemplo não só para os trabalhadores da sua área, mas para toda a raça humana. Pelo despojamento da sua condição social, pelo desprendimento dos

valores materiais, pela sabedoria de vida que o mantém em excelente forma física aos 81 anos; pelo espí-rito solidário, pelos grandes serviços prestados no socorro dos náufra-gos, na prevenção de naufrágios, acidentes no mar e encalhes; pela simplicidade de ser um ser espe-cial, diferenciado, sábio e humilde, alegre, terno, inteiro e vasto.

Objeto de matérias pautadas em veículos nacionais e estrangeiros, Zé Peixe já ganhou 16 páginas na revista alemã Mare, com fotos mos-trando vários momentos de sua vida no mar, desde saltos de navios de altos calados, saltos de alturas de

40m, até o oceano pleno, onde nem pequenas nem médias embarca-ções navegam. Isto faz parte do seu cotidiano: conduzir as embarcações na saída do delta do Rio Sergipe.

Na entrada pela Atalaia Nova/Aracaju, Zé Peixe recebe a mensa-gem da Capitania dos Portos com a hora de chegada e, conforme as condições de enchente ou vazante, analisa o tempo de deslocamento até uma bóia luminosa “plantada” a 12km da Praia de Atalaia Velha. Ponto de sinalização da Marinha que adverte aos navegantes sobre ondas perigosas, correntezas, profundezas, local crítico. É para esta bóia que

VIVE EM ARACAJU o indivíduo mais diferenciado do planeta, Zé Peixe,

orgulho dos sergipanos. José Martins Ribeiro Nunes nasceu em 5 de janeiro de

1927 e ganhou o codinome Zé Peixe em 1938, do Comandante da Capitania

dos Portos de Sergipe, Aldo Sá Brito de Souza.

zé Peixe - cidadão de mar e céu : Ilma Fontes* : Tanit Bezerra

Page 37: Revista Zé - 01

edição n#1 • 2008 37

Zé Peixe vai nadando e lá espera, agarrado ao ferro, até o navio vir ao seu encontro.

No mar, os atrasos ficam em tor-no de dez a doze horas, e Zé Peixe lá, aguardando, sem direito a des-cansar os braços nem as pernas, no esforço de se manter na bóia batida pelas ondas. Sem direito a ter cãibra, seja noite, seja dia, movido à força da disciplina e pelo prazer de servir, de ser útil, de fazer aquilo que sabe e gosta de fazer: viver no mar.

Na saída, Zé Peixe vai embarca-do até aquele ponto onde fica a bóia e dali salta em águas bravias para nadar de 12km a 15km até chegar à Praia de Atalaia, de onde vem an-dando, correndo, de 10km a 12km, até a sua casa.

Quando o casal Vectúria Martins e Nicanor Ribeiro Nunes veio com os filhos morar na Rua da Aurora, o Zé era menino e pode desfrutar dos melhores momentos do Rio Sergipe em sua proximidade com o oceano Atlântico. Naqueles anos haviam dois trampolins instalados no leito do rio para o deleite da juventude nas décadas de 40, 50, quando pode exercitar-se em saltos espetaculares, então já famoso como exímio nadador.

Aviões “Catalina” pousa-vam no rio e havia um ponto de desembarque quase em frente à casa de Zé, onde os passageiros desciam do avião e embarcavam numa lancha até o cais da Capita-nia dos Portos ou da Ponte do Imperador. Em todos os momentos, lá estava ele. Conheceu muita gente, ficou conhecido. Muito se tem

falado, verdades, mentiras, fabula-ções do tipo: Zé Peixe nunca tomou um banho de água-doce, nunca usou sapato, foi casado, mas nunca dormiu com a mulher, coisas assim, da vida de cada um, que as pessoas gostam de falar.

O pior foi a revista Isto É (edição 1344, de 05/07/1995) dizer que Zé Peixe é analfabeto. Isto sim, deixou nosso herói bastante aborrecido. Imagine analfabeto o filho de Dona Vectúria, professora rigorosa, casa-da com um alto funcionário público, braço direito do general Augusto Maynard, que fez um grande gover-no em Sergipe.

Então podemos dizer que Zé Peixe brincou nos jardins do palácio do governo como se fosse sua casa. Nasceu na classe dominante e foi educado nos rigores da época. E, ao contrário do que foi dito por uma jornalista açodada, Zé Peixe nunca foi arrogante nem deixou que “o sucesso lhe subisse à cabeça”. Ele nem quer ouvir falar nisso. Acontece na vida de qualquer pessoa mudan-ças de situações que fazem o sujeito

desmarcar um compromisso... Afi-nal, são tantas as publicações que atestam a singular personalidade de Zé Peixe, sem contar os vídeos/documentários aos quais se prestou a mostrar um pouco da sua vida no mar.

Contudo é verdade que não usa sapatos e que não toma banho de chuveiro – para que? Se passa gran-de parte do dia dentro d’água! Não bebe água de torneira, alimenta-se de frutas, não faz discurso de agra-decimento às tantas homenagens que recebeu e recebe. Foi conde-corado em 1954 pelo Governo do Rio Grande do Norte, com o escudo do Estado em ouro, entregue em solenidade oficial pelo seu ato de bravura no salvamento dos rema-dores que competiam no raid RN/RJ. Na Bahia, foi homenageado pela Marinha do Brasil com a alta comen-da e Medalha Almirante Tamandaré. Ao completar 50 anos de trabalho na praticagem recebeu as homena-gens de todos os práticos do Brasil.

Grão-Mestre da Ordem do Mérito Serigy por honnoris causa,

honraria concedida pela Prefeitura de Aracaju. Seu nome navega num cata-marã, virou estátua no Me-morial de Sergipe, é como se chama o Farol da Coroa do Meio, foi o mais votado na virada do milênio, entre as figuras populares, como Cidadão Sergipano do Século XX. Por tudo isso é que Zé Peixe é um dos nossos Zés.

Page 38: Revista Zé - 01

V I S TA - H O T E l Z A N K

“Um mar verde-azulado, uma brisa fresquinha e uma Bahia a ser descoberta. Esse é mundo visto da janela de um dos endereços mais sofisticados de Salvador. Um misto de beleza e sensação, de cor e magia!”

Dad

á Ja

ques

38 edição n#1 • 2008

zank Boutique hotelrua almirante Barroso, nº 161, rio Vermelho.41.950-350 - salvador/Ba.71 3083-4000www.zankhotel.com.br

Page 39: Revista Zé - 01
Page 40: Revista Zé - 01

40 edição n#1 • 2008

C O N E x ã O

Pra mim, era um absurdo conhecer o mundo sem ter antes conhecido o Brasil. E eu escolhi o Nordeste. Afinal, sou uma mistura de piauiense, meu pai, com carioca, minha mãe. E pra completar, sou hoje Cidadã Soteropolitana.

Logo na primeira viagem à região eu me apaixonei e nunca mais deixei de procurar novos lugares, novas praias... Até que, lá pelo início dos

anos 90, conheci Fernando de Noronha - o arquipélago que mais parece um templo da natureza. Lá, em qualquer parte que se esteja, avista-se o mar com as nuances de suas cores: do verde, passando pelo azul turquesa, até o azul marinho. As águas são quentinhas, sempre a 24 graus. É natureza em estado bruto.

Já perdi as contas de quantas vezes estive por lá. Na Pousada da

Nêga encontrei amigos sinceros - seu filho Franklin é meu guia favorito; na Pousada Maravilha tem conforto a toda prova e um visual incrível pra Praia do Sueste; e na Pousada do Zé Maria encontrei o verdadeiro embai-xador do lugar, com seus banquetes, sua simpatia e suas pescarias em alto mar - para os “marujos” que nem eu. Tenho um compromisso anual com ele e sua família. Ele é o melhor!

Primeiro, uma breve história: aos 12 anos fiz minha primeira viagem

internacional pra Disney. Aos 15, minha mãe queria que eu fosse pra

Europa, mas eu preferi conhecer o meu país.

ilha do amorBaía dos porcos e ao fundo Morro dois irmãos

: Astrid Fontenelle

Page 41: Revista Zé - 01

41

Noronha é uma ilha de amor. Um lugar onde fica, na minha opinião, uma das praias mais bonitas do Brasil: a Baía do Sancho. É uma praia de difícil acesso. Chegar lá é como uma conquista que, quando alcançada, se transforma num prazer incomensurável e inesquecível. Pode-se ir de diversas maneiras: por barco é mais fácil e por terra - descendo pelos degraus de ferro, encravados numa fenda na rocha – é mais difícil, mas, como disse antes, altamente prazeroso. Lá embaixo, reza a lenda, Jacques Cousteau passava horas à sombra das árvores. As testemunhas? Muitas aves e os calangos locais. Ainda na parte alta, seguin-do a trilha para o lado direito, você terá as melhores fotos de Noronha.

Hoje, o arquipélago é Patrimônio Ambiental da Humanidade, reconhecido pela Unesco. Se há alguns anos havia liberdade pra mergulhar com golfinhos ou escalar o Morro do Pico ou ainda passar entre os Dois Irmãos de barquinho, agora não se tem mais. E temos que agradecer por isso. Só assim Noronha ficará bela pra sempre. E, falando em golfinhos, eles são um caso sério... São vaidosos ao extremo, sabem fazer muita graça e até parece que posam para as fotos. Admire-os, fotografe-os e bata palmas - esses bailarinos do mar merecem.

Eu acho que todo brasileiro deveria conhecer esse lugar antes de conhecer outros lugares do mundo. Quer viajar pra Europa, Ásia? Pode ir. Mas não pode deixar de ir também a Noronha. São muitas praias e muitos passeios. E é até bom que não se consiga co-nhecer tudo na primeira vez, porque assim temos mais motivos pra voltar. Eu sempre voltarei!

Mirante dos Golfinos

praia da conceição

praia do sueste

diCas imPortantEs

edição n#1 • 2008

Foto

s-S

etur

/PE

Page 42: Revista Zé - 01

42 edição n#1 • 2008

: Mel Adún

u m A H I S T Ó R I A D E A m O R

“tô CErto, ou tô Errado, santinha?”NO IMAGINÁRIO popular uma história de amor tem que terminar com o

casal protagonista juntinhos “até que a morte os separe”. Ninguém quer ouvir uma

história de amor que termine em briga, de forma triste e melancólica.

Um grande parceiro da ZÉ, em uma daquelas reuniões de rotina opinou de maneira alegórica: “atualmente quando um casal se vê livre das obrigações de criar os filhos eles não reorganizam o espaço vazio da casa. Simplesmente se sepa-ram. O homem vai morar num flat minúsculo no centro da cidade e a mulher recebe de herança o casarão fantasmagórico que ela trata logo de reinventar”.

Mas pelo menos na dramaturgia o conceito ainda não mudou. Moci-nha e mocinho ficam juntos no final. Podem falar o que quiser, mas na dramaturgia que agrada, o final tem sempre um beijo. E a ZÉ foi até Asa Branca para relembrar de uma linda história vivida por dois personagens que formaram um dos casais nor-destinos mais conhecidos do Brasil: a viúva Porcina e Sinhozinho Malta.

Roque Santeiro. Como esque-cer uma das mais emocionantes e divertidas histórias de amor da televisão brasileira? Aos que não se recordam ou perderam a oportuni-dade de ver, segue um resumo. A cidade fictícia era Asa Branca – sem nenhuma referência com a canção de Luiz Gonzaga. Dizia a lenda que ao enfrentar o bandido Navalhada,

em prol do povo, Luiz Roque Duarte morre. Ele estava recém-casado com a anônima Porcina. Como herói do povo foi logo santificado – Roque Santeiro. Os ambiciosos da cidade não deixaram escapar a oportuni-dade de enriquecer as custas do então milagreiro. Anos se passam e a suposta viúva Porcina fica rica por ter sido mulher de homem santo. O re-presentante da elite rural do lugarejo (amante, cúmplice e amigo da nova rica) também ganhou muito dinheiro com o turismo religioso na cidade. Era Sinhozinho Malta, um coronel aguerrido. Na presença de Porcina, um cachorrinho manso de madame. Os atores Regina Duarte e Lima Duarte, nos papéis da viúva Porcina e do Sinhozinho Malta, respectivamen-te, protagonizavam cenas cômicas recheadas de sotaques e trejeitos e alimentaram a fantasia dos telespec-tadores brasileiros que não conse-guiam desgrudar da telinha, fazendo da trilogia um sucesso nacional.

Como o bom filho à casa torna, Roque Santeiro chega à cidade para o desespero dos trambiqueiros de plantão. Mais desesperado ainda fica Sinhozinho Malta ao perceber o clima entre a fogosa Porcina e o falso herói - descobre-se que Roque

Santeiro fugiu de medo do bandido Navalhada. Uma guerra se trava na pequena Asa Branca. A “viúva”, uma mulher exagerada, carregada de cores e jóias, admirava a finesse de Roque, mas se derretia mesmo era com as safadezas de Sinhozinho (Malta), traduzidas através de olha-res e brincadeiras insinuativas.

Até o último capítulo ficou a dúvi-da: com quem será, com quem será que a Porcina vai ficar? Último capí-tulo: Roque Santeiro e Porcina estão no carro a caminho do jatinho que os esperava para a partida. Quando ela está a menos de três passos da escada do jato, chega Sinhozinho, com seu carro típico, enfeitado com chifres de boi. Basta somente uma troca de olhares. Ela vira para Roque Santeiro que não exige explicações e diz: “não precisa falar nada, eu sempre achei que vocês foram feitos um para o outro”.

Ao som de Elba Ramalha can-tando De volta pro meu aconchego, Porcina cai nos braços de seu porto seguro, o seu Sinhozinho. Em tom romântico e divertido, como não podia ser diferente, os dois seguem pra casa e comemoram o recome-ço regado com um prato típico de sarapatel!

Page 43: Revista Zé - 01

edição n#1 • 2008 43

sinhozinho Malta e viúva porcina

Div

ulga

ção/

TV G

lobo

Page 44: Revista Zé - 01

44 edição n#1 • 2008

F I l H O S D A T E R R A

“(...) tento, com a maior insistência, embora com tão

precário resultado (como se tornou evidente), incorporar

a linguagem que falo e escuto no meu ambiente nativo à

língua com que ganho a vida nas folhas impressas. Não

que o faça por novidade, apenas por necessidade. Meu

parente José de Alencar quase um século atrás vivia

brigando por isso e fez escola”

: Aline Queiroz

Repórter, comunista, trotskista, professora, cronista, dramaturga, autora de novelas, primeira mulher a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras, escritora, cearense. Rachel de Queiroz, parente de José de Alencar por parte de sua bisa, dona Miliquinha, enche o peito de qualquer brasileiro de orgulho - imagine um nordestino.

Os vizinhos da pequena Quixadá viram Rachel de Queiroz, ainda aos 15 anos, se tornar professora, encerrando sua car-reira escolar. A partir daí, os livros foram sua maior companhia - nacionais e estrangeiros, principalmente os franceses. Lia e escrevia, mas sem mostrar nada a ninguém. Era envergonhada. Quando se manifestou publicamente pela primeira vez, atra-vés dos seus textos, usou o pseudônimo “Rita de Queluz”. Ela enviou uma carta, bastante irônica, para a redação de O Ceará, a respeito do concurso “Rainha dos Estudantes” promovido pelo jornal. O rompimento momentâneo da timidez rendeu-lhe a função de repórter no periódico.

“Rainha dos Estudantes” ela haveria de ser, ela própria, contrariando seu comportamento recatado. À época da eleição, Rachel tinha 19 anos e era professora de história no mesmo colégio onde havia se formado. Chegado o dia da coroação, 26 de julho de 1930, governador e outras autoridades presentes, um sinal explícito de interesse e desinteresse: a coroa foi ao chão quando chegou a notícia da morte de João Pessoa. Sua

Primeira dama

explicação? “Sou repórter”. Uma congestão pulmonar e suspeita de

tuberculose obriga a escritora a passar por um repouso forçado. Nesse difícil momento de vida, aos 19 anos, resolveu escrever sobre a luta diária de muitos nordestinos contra a seca e a miserabilidade. Foi o seu primeiro e mais popular romance: O Quinze. O título refere-se à grande seca que atingiu o Ceará em 1915, quando Raquel tinha apenas quatro anos de idade. Seus pais financiaram uma tiragem de mil exemplares. Ao perceber certa reticência dos críticos cearenses, resolveu mandar os livros para o Rio de Janeiro e São Paulo. Resultado: foi elogiada por Augusto Frederico Schmi-dt e por Mário de Andrade, dentre outros intelectuais da época. Rachel de Queiroz, “ex-Rita de Queluz”, se torna uma referên-cia da literatura regional, com uma prosa moderna e linguagem extremamente clara. E isso, vejam só, porque caiu doente.

Em uma passagem de João Miguel (1932), seu segundo romance, um operário

Page 45: Revista Zé - 01

140 edição n#1 • 2008

C O m P O R TA m E N T O

45edição n#1 • 2008

Fotos-Acervo da família / Memorial Rachel de Queiroz

Page 46: Revista Zé - 01

46 edição n#1 • 2008

F I l H O D A T E R R A

cinco da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono era Raimundo Correia e ocupada sucessivamente por Oswaldo Cruz, Aluísio de Castro e Cândido Mota Filho, recebeu, em 1977, a primeira dama da casa. Sobre o fato de estar rodeada de homens falou, naturalmente, na ocasião de sua posse: “Eu não entrei para a ABL por ser mulher. Entrei, porque, independentemente disso, tenho uma obra. Tenho amigos queridos aqui dentro. Quase todos os meus amigos são homens, eu não confio muito nas mulheres”.

Em 1992, lançou o romance Memorial de Maria Moura. Dois anos mais tarde, Glória Pires interpreta a personagem na televisão. A inspiração para conceber a sertaneja - valente, deste-mida e lutadora - foi a sua avó paterna. A escritora não escondia usar perso-

“Sou apenas jornalista e gostaria de ser apenas jornalista”

assassina o outro. Foi o que bastou para o comitê do Partido Comunista, a quem a romancista era filiada, vetar a obra. Nessa época, inclusive, já tinha sido fichada como “agitadora comunista” pela polícia de Pernambuco. Com os originais embaixo do braço rompe com o Partido e publica o romance pela edi-tora Schimidt. Muda-se para São Paulo, aproximando-se dos trotskistas. Em 1933, já em Fortaleza, nasce sua filha Clotilde. Dois anos depois se muda para Maceió.

Sua passagem por Alagoas é mar-cada por um momento de tristeza: a morte de Clotilde, aos 18 meses, vítima de septicemia. Mas ao mesmo tempo houve o despertar de grandes amizades: o poeta Jorge de Lima, os escritores Graciliano Ramos e José Lins do Rego e o jornalista, depois empresário e político, Arnon de Mello – pai do ex-presidente Fernando Collor.

Outros acontecimentos marcantes iriam se de-senrolar na vida de Rachel: em 1937 a José Olympio publica o romance Caminho de pedras. Nesse mesmo ano foi decretado o Estado Novo. Seus livros foram queimados, em Salvador, juntamente com os de Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos, sentenciados como subversivos. Rachel foi detida por três meses no quartel do corpo de bombeiros de Fortaleza; quase trinta anos depois, viu se configurar a trama que resultou no golpe militar de 1964, ao lado do marechal Castelo Branco - mais um parente distante - na sala de sua residência no Leblon; pouco tempo antes, convidada para o Ministério da Educação, pelo então presidente Jânio Quadros, ela respondeu, com a mesma coragem de quem dispensou o título de “Rainha”: “Sou apenas jornalista e gostaria de ser apenas jornalista”.

A cadeira número

o escritor e colunista do jornal Folha de S. Paulo, carlos heitor cony, afirmou que “a literatura regional nasceu com rachel de Queiroz sozinha, sem padrinhos, no sertão do ceará”

Page 47: Revista Zé - 01

nagens reais para dar vida aos seus es-critos. Afinal, sempre declarou ser a vida muito mais interessante que a literatura. Prova disso, foi a sua última publicação, em parceria com sua irmã Maria Luiza, Não me deixes: suas histórias e sua cozinha - memórias afetivas da fazenda “Não me Deixes”, em Quixadá, uma grande paixão. Costumava dizer que “na verdade, eu não gosto de escrever e se eu morrer agora, não vão encontrar nada inédito na minha casa”.

Teve a coragem para mudar várias vezes de cidade, divorciar-se do pri-meiro marido (em 1939), ser comunista e deixar de ser, ser trotskista e deixar de ser, superar a morte da filha e jogar uma coroa de “Rainha” no chão. Rachel de Queiroz nunca se preo-cupou com a imagem que os outros fariam dela e da sua obra. Seus interesses eram extremamente claros. O dom da escrita sempre foi tratado como um instru-mento de sobrevivência e, no entanto, em meio a essa falta de pretensão, deixou um legado, um divisor de águas na história da litera-tura regionalista brasileira.

Rachel de Queiroz morreu dormindo em sua rede, em 2003. O destino aprontou-lhe mais uma sur-presa, para quem disse que nada inédito se encontraria na sua casa depois de sua morte: Visões: Maurício Albano e Rachel de Queiroz ainda estava para ser publicado. Mas, se fosse dada a ela a função de finalizar esse texto, com certeza diria, como na primeira crônica para a revista O Cruzeiro, em 1945: “Comecemos pois a falar de você, que é tema mais interessante do que eu”.

“Eu não entrei para a ABL por ser mulher. Entrei, porque, independentemente disso, tenho uma obra. Tenho amigos queridos aqui dentro. Quase todos os meus amigos são homens, eu não confio muito nas mulheres”

47

u O quinze (1930) u João Miguel (1932) u Caminho de pedras (1937) u As três Marias (1939) u Dôra, Doralina (1975) u O galo de ouro (1985) - folhetim na revista O Cruzeiro (1950) u Obra reunida (1989) u Memorial de Maria Moura (1992)

edição n#1 • 2008

Page 48: Revista Zé - 01

48 edição n#1 • 2008

Homem com jeito de menino, criado no Rio Vermelho, em Salvador, Cao Albuquerque – cujo capricho gastronômico é pão com ovo, a qualquer horário do dia ou da noite – soube buscar, na contramão de muitas expectativas, as oportunidades oferecidas pela vida. Ele teve de buscar o sucesso onde mais queria – e talvez menos se esperasse.

Nasceu filho de despachante imobi-liário. Desde cedo percebeu que não ti-nha nada a ver com aquilo. “Eu roubava a Beijoca e a Suzy, a boneca amiguinha da minha irmã, e ficava fazendo rou-pa com retalho velho, no Parque Cruz Aguiar”, recorda. Era um prédio de três andares que tinha um açougue embai-xo. “Eu ficava no quarto de empregada, escondido, brincando de boneca, e meu pai chorando porque eu não tinha ido pra Fonte Nova ver futebol com ele”.

: Aline Queiroz e Mel Adún

: Mauro Rossi e Luciana Avellar

G E N T E

Page 49: Revista Zé - 01

venceu o clássico

Page 50: Revista Zé - 01

50 edição n#1 • 2008

Arredio à emoção da bola, esse Midas nordestino consegue hoje dar brilho a tudo o que é espetáculo da emoção. Shows, teatro, televisão e cinema. É ele quem assina, há oito anos, o figurino de A Grande Fa-mília – reconhecidamente um trabalho de antologia na TV brasileira. “O Pedro [Cardoso] me disse uma vez: ‘Ninguém me pára na rua pra falar do meu trabalho. Todo mundo quer falar como o Augustinho se veste! É incrível! Ninguém fala do meu trabalho, só fala do seu’”.

Nas duas horas de conversas que Cao Albuquer-que teve com a ZÉ, deu para falar muito mais do que as camisas estampadas do Augustinho. Deu para falar de trabalho, ele que também já assinou TV Pirata, Pro-grama Legal, Comédia da Vida Privada, Terça Nobre, shows de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Marina, Lobão, Cazuza, Barão Vermelho e Blitz, e, no cinema, Lisbela e o prisioneiro, Caramuru – A invenção do Brasil, Abril despedaçado e Auto da compadecida. Mas deu tam-bém falar de vida, de sonho e de amor. De frente para as águas de Iemanjá, como tem de ser na Bahia -- re-lembrando velhos tempos em que ganhava “não sei quantos milésimos de centavos” para contar os carros que passavam pelo bairro do Barbalho.

um acaso sob o sol – Cao Albuquerque nasceu em Salvador e foi aluno da tradicional escola Teresa de Lisieux. Mas sua aventura profissional começa, total-mente por acaso, numa bela tarde de verão, como convém a um baiano: na praia do Porto da Barra, ele conhece Marina Lima. Cao lembra com detalhes a primeira impressão da cantora: “Uma mulher baixa, com uma viseira, um cabelo Black Power enorme e uns óculos escuros que não permitia enxergar os seus olhos. Minha amiga Evi-nha, do Rio, disse: ‘Essa é a Marina’. Ela levantou a viseira e vi uma mulher linda sair debaixo daque-la cabeleira; pela primeira vez, vi uma mulher real-mente estonteante”. Ma-rina estava passando uns dias em Salvador e dali em diante ele e ela não se des-grudaram mais. Cao ficou um ano indo e voltando ao Rio, mas a nova eterna amiga acabou por convencê-lo a se mudar de vez.

No Rio, vai trabalhar na loja de uma estilista e

O QUE EU SINTO DE DIFERENTE NO MEU TRABALHO, EM RELAçãO AO TRABALHO DOS FIGURINISTAS DO RIO, é ESSA CORAGEM NA COR. ISSO é DO MEU SANGUE DE BAIANO, SOMOS MAIS COLORIDOS MESMO, Né?”

aprende a modelar. Na mesma época, Caetano Veloso o convida para fazer seu primeiro figurino, o show Velo. Seu trabalho é visto por Patrícia Travassos, a quem Cao chama de madrinha. Patrícia o recruta para come-çar o programa humorístico Armação ilimitada. “Entrei

G E N T E

Page 51: Revista Zé - 01

O CORPO DA ANDRéA (BELTRãO) é O CORPO! O CORPO DE UMA VERDADEIRA ATRIZ. ALI ENTRA TUDO E CABE TUDO”

O PEDRO (CARDOSO) ME DISSE UMA VEZ: ‘NINGUéM ME PáRA NA RUA PRA FALAR DO MEU TRABALHO. TODO MUNDO QUER FALAR COMO O AUGUSTINHO SE VESTE! é INCRíVEL! NINGUéM FALA DO MEU TRABALHO, Só FALA DO SEU’”

graças a Patrícia e Antônio Calmon. No começo recu-sei, disse a Patrícia que eu só sabia fazer figurino para shows, mas ela insistiu e disse que me ajudaria nos primeiros capítulos.“

Baianidade nagô – Muitos estilistas partem de cinco elementos básicos para criar um figurino: a textura, o caimento, a cor, a silhueta e a harmonia. Conversando com Cao Albuquerque, dá para perce-ber a importância desses elementos. Mas, aqui para nós, não basta: vocação, talento e instinto fazem toda a diferença. As talentosas mãos de Cao reiteraram, nas quintas-feiras de A grande família, o tom farsesco, colorido, uma espécie de Commedia dell’Arte do su-búrbio: “O que eu sinto de diferente no meu trabalho, em relação ao trabalho dos figurinistas do Rio, é essa coragem na cor. Isso é do meu sangue de baiano, somos mais coloridos mesmo, né?”.

Cada personagem foi cuidadosamente pensado: Dona Nenê, personagem de Marieta Severo, faz o esti-lo anos 50 e 60. A dona do lar. Os decotes de Marilyn Monroe, de O pecado mora ao lado, com as saias justas da década de 60; Lineu, personagem de Marco Nanini, é o Einstein da história e, por isso, a roupa dele é sempre na mesma cor; Bebel e Tuco, personagens de Guta Stresser e Lúcio Mauro Filho, são a moda das ruas, trazendo as tendências de cada estação; o Augustinho, de Pedro Cardoso, grande ‘bom canalha’ da trama, um bobo da corte capaz de fazer coisas terríveis e mesmo assim não despertar raiva nos teles-pectadores, é caracterizado com camisas de colarinho duro anos 70 e calça bolso-faca bem colada ao corpo.

O desafio criativo segue com Beiçola, personagem de Marcos Oliveira, o comerciante excêntrico do bair-

ro, vestido com uma guajabera cubana; com o Paulão da Regulagem, personagem de Evandro Mesquita, o mecânico burro e sexy; e com a Marilda da Andréa Bel-trão, a extravagância em pessoa, a colcha de retalhos dos grandes brechós. “Ela é uma atriz fantástica!”, destaca o estilista. “E o trabalho da Andréia de compor o personagem junto comigo foi muito corajoso. Ela se permite qualquer corte, qualquer forma, qualquer mo-delo de roupa. O corpo da Andréa é o corpo! O corpo de uma verdadeira atriz. Ali entra tudo e cabe tudo”.

Kitsch e chique – Estressar os limites do bom gosto. Fazer do kitsch um luxo. Cao Albuquerque não veio ao mundo só para passear – e a TV, veículo de massa, aceita suas provocações. “Brechós dos anos 60, mas o lado pop, quase Moda e Moldes da época, sabe?” – ele volta à Marilda de A grande família. “Ela é a revista Manequim dos anos 60, que a gente olha, tem aquele laço e aquela manequim parada de pose, hilária. Só uma atriz de muita coragem, como a Andréa Beltrão, pra fazer isso.” Seu grande personagem? É o que parece, a julgar pelo que andam dizendo os críticos. Cao Albuquerque estava posto em sossego quando ligou uma repórter do jornal Extra, do Rio: “O que você achou dessa vitória?” Vitória, hum?

Page 52: Revista Zé - 01

52 edição n#1 • 2008

Resumindo: a Laura, aquela grã-fina elegantíssima que Ana Paula Arosio representou, na novela Ciranda de pedra, e a Donatela, personagem de Claudia Raia em A favorita, disputavam, disparadas à frente, o prê-mio de Melhor Figurino Feminino da Globo. Para sur-presa, ganhou a Marilda da Andréa Beltrão. A repórter ligou e ele não sabia o que fazer com a vitória. A Maril-da, afinal, não é tendência da beleza, nem da estética, nem da moda. “Na hora, fiquei contentíssimo e falei: ‘a loucura venceu o clássico!’ Acho que foi isso mesmo que aconteceu”.

A combinação corajosa de estampas, marca regis-trada do figurinista, Cao diz ter aprendido com a mãe: “O gosto da minha mãe é apuradíssimo, ela consegue juntar todas as estampas no cérebro. A cortina da mi-nha mãe é uma estampa, a toalha de mesa é de outra, o galo em cima da mesa pra guardar fruta é outra dife-rente... Eu achei que a arte toda do programa devia ser nessa ladrilhada colorida”.

tecido do amor – Mais de trinta anos de carreira – e ele é uma turbina em pleno funcionamento. O filme Ó paí, ó!, de Monique Gardenberg, por exemplo, foi transformado em seriado global. A série, rodada em película 16 mm, produção da Dueto Filmes, foi rodada em Salvador com Lázaro Ramos, Matheus Nachter-gaele, Stênio Garcia, João Miguel e o Bando de Teatro Olodum. Quem assina o figurino? Cao Albuquerque, naturalmente. “Chamei a Bettine Silveira, que fez o fil-me, para co-assinar”, diz ele. “A parceria foi maravilho-sa, ela é talentosíssima”.

Cao não quis imiscuir no conceito definitivo por Bettine para o filme, mas achou melhor que aconteces-sem mais trocas de roupas e, claro, mais cores. “Fazer uma coisa mais televisiva”, diz ele. “Ela maximiza tudo: de manhã, a personagem acorda com a camisola, almoça com uma roupa e janta com outra, até porque o espectador espera a novidade. Ele está ali, na frente da televisão, ligado o dia inteiro, você tem que dar a ele alguma surpresa”.

Realizado na profissão, Cao festeja também a vida pessoal. “Sou um homem que tive a sorte de ter tido grandes amores”, diz ele. “Quatro casamentos incrí-veis”. Está de novo casado. “Digo: ‘Caramba, agora é que eu encontrei o amor!’. Uma vontade enorme de querer compartilhar, querer melhorar, querer fazer tudo pela pessoa que você ama.”

NãO é VOCê QUEM DECIDE AMAR. O AMOR VEM E, DE REPENTE, VAI EMBORA SEM LHE COMUNICAR. QUANDO VOCê OLHA, VOCê ESTá DESAPAIxONADO E NãO SABE POR QUê”

G E N T E

Amor é coisa para se entregar e “costurar”. “O amor não é ‘tá combinado, é tudo sexo e amizade’. O amor lhe pega”, acredita ele. “Não é você quem decide amar. Ele vem e, de repente, vai embora sem lhe comunicar. Quando você olha, você está desapai-xonado e não sabe por quê. E não foi porque alguém lhe fez sofrer, muito pelo contrário; às vezes quando as pessoas lhe fazem sofrer, aí é que você não sai do amor. Outras vezes, você está no amor, está no amor e, quando menos espera, ele se vai e você fica numa culpa, porque o amor ainda existe do outro lado. ‘Meu Deus! O que eu faço com esse amor que eu não tenho mais?’ Outro dia eu até falei para uma mãe de santo, amiga minha: ‘Faz um trabalho pra eu nunca mais me desapaixonar’. Porque eu tenho medo que o amor vá embora. O amor é egoísta, né?”.

Page 53: Revista Zé - 01

a personagem Ma-rilda do programa a Grande Família

Page 54: Revista Zé - 01

54 edição n#1 • 2008

G A l E R I A

chão

Page 55: Revista Zé - 01

edição n#1 • 2008 55

: Aline Queiroz : Tiago Santana

Page 56: Revista Zé - 01

56 edição n#1 • 2008

A aridez do sertão, a fé, os milagres da sobrevivência. Vidas guerreiras, cheias de sentido, sorrisos gratuitos e contrastantes com a realidade.

O fotógrafo cearense Tiago Santana, setenta anos depois, redescobre os cenários retratados pelo romancista Graciliano Ramos. Entre a literatura e a

G A l E R I A

Page 57: Revista Zé - 01

fotografia, um único foco: o sertanejo. Nada mais importante do que ele. Por tudo isso cada imagem transpõe a natureza meramente documental e

apresenta uma nova possibilidade na tentativa de mergulhar fundo nas variadas identidades do povo brasileiro.

edição n#1 • 2008 57

Page 58: Revista Zé - 01

58 edição n#1 • 2008

G A l E R I A

Page 59: Revista Zé - 01

59

Tiago SanTana é cearense de Crato. Desde 1989 atua na fo-tografia documental com ensaios pelo Brasil e participações im-portantes em acervos e coleções

no exterior. Além de O chão de Graciliano Ramos, publicou Benditos e Os caminhos de fé – a visão de um pau-de-arara. Atualmente está à frente da editora Tempo d’Imagem e é diretor do IFOTO – Instituto da Fotografia em Fortaleza.

Page 60: Revista Zé - 01

60 edição n#1 • 2008

living com inusitado teto em espelhos, sofá de seda again e mesa de centro em pergaminho da toque da casa. no centro, maxi coluna laqueada divide os ambientes de estar, hall e mesas

D E C O R A Ç ã O

Page 61: Revista Zé - 01

61

Filhos crescidos, casa vazia. É hora de reorganizar o espaço e dar um novo sentido a cada cômodo da residência. As peças antigas não precisam ser guardadas ou colocadas em quartos escuros no fundo da casa. A solução é contrastar velho e novo sob uma ótica contem-porânea. Nas próximas páginas, o arquiteto alagoano Osvaldo Tenório, há 15 anos no mercado, apresenta o seu mais novo projeto: a renovação do apartamento de um casal que há 20 anos não fazia nenhuma mudança significa-tiva no ambiente.

Especialista em design de móveis e produ-tos pelo Instituto Europeo di Design, em Milão, o arquiteto garante que tudo pode ser chique, dependendo somente de quem faz e como se usa. Para os seguidores dos modismos, ele alerta que na decoração, como no mundo da moda, a vida útil de algumas tendências pode ser curta. E explica: “Se decidir usufruir dos pecados da moda, utilize-os em locais que possam ser facilmente destacados da obra, a estrutura deve ser básica e ter qualidade. Os elementos superficiais podem dar a cara do

reorganizarÉ hora de

Foto

s-D

ivul

gaçã

o

Page 62: Revista Zé - 01

62 edição n#1 • 2008

morador em sua época. Vejo esses elementos como parte de uma determinada fase e por isso podem seguir diversas linhas e influências”.

Osvaldo Tenório assina grandes e badalados

espaços no Brasil e exterior. Segundo ele, sua marca está associada somente a projetos que ele acredita e o inspirem. O resultado: criações exclusivas e cheias de personalidade.

Murano e castiçal de design australiano convivem com mesa Minotti e poltro-nas forradas em linho da Flexform.

sobre o mármore travertivo, fotos de pierre Verger e mesa lateral austríaca com luminária taccia, e vasos de Jonathan ardler

D E C O R A Ç ã O

Page 63: Revista Zé - 01

Mesa com cadeiras em osso e laca com lustre de murano

anos 40

Page 64: Revista Zé - 01

D E C O R A Ç ã O

Móvel adress toque da casa e piso em mármore piguês com pele de zebra

Bancada da sala de banho com ampla vista para o mar de Maceió

Mesa de acrílico, cadeiras B&B itália, vasos de murano e madeira com compõe o hall de entrada, ao fundo a porta principal revestida de laca branca

o hall dos elevadores - o efeito de ilusão é causado pelo desenho preciso das portas de espelhos

64 edição n#1 • 2008

Page 65: Revista Zé - 01
Page 66: Revista Zé - 01

tapete de hemp com pele de zebra sobreposta e cadeira dinamarquesa ib Koford do passado composto século XX

D E C O R A Ç ã O

osvaldo tenórioav. alm. álvaro calheiros nº342, loja 15.Maceió/al82 3325-8509

Page 67: Revista Zé - 01
Page 68: Revista Zé - 01

68 edição n#1 • 2008

Romero Britto, um dos maiores artistas pop do mundo, vai ex-por no Salão Nacional de Belas Artes, que acontecerá durante o mês de dezembro no Museu do Louvre. Em seguida apresentará seus trabalhos no Castelo de Reggia di Caserta, no sul da Itália. Em suas novas criações ele permanece com os mesmos teores de cor e alegria que conquistaram per-sonalidades pelo mundo inteiro. É uma lista eclética que inclui nomes como Madonna, Bill Clinton, Arnold Schwarzenegger, Xuxa, Paloma Picasso, Michael Jordan, Ted Kennedy, Elton John e André Agassi. Ele começou sua trajetória internacional em 1989, quando o presidente da empresa que pro-duz a vodka Absolut o convidou para produzir três peças publicitárias para a bebida. Os anúncios foram veiculados em mais de sessenta revistas, em todo o mundo, e lhe abriu as portas para o sucesso. Em 1995, seu trabalho

abaporu by romero Britto

: Aline Queiroz

A R T E E C u lT u R A

Foto

s-D

ivul

gaçã

o

Page 69: Revista Zé - 01
Page 70: Revista Zé - 01

70 edição n#1 • 2008

foi estampado em 1,5 milhão de latinhas do refrigerante Pepsi-Cola e, em 1999, foi responsável pelo projeto visual do Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, dentre outras façanhas.

Aos 45 anos, esse pernambucano, que reside em Miami, continua colorindo o mundo com seu talento. Em 2007, por exemplo, projetou e pintou à mão uma pirâmide de 13 metros que foi instalada no Hyde Park, em Londres. Foi uma encomenda do governo do Egito para a abertura da exposição Tutankhamun and the

Golden Age of the Pharaohs. O projeto contou com dezenas de crianças de Londres, que participaram da construção da escultura, e de estudantes dos Esta-dos Unidos, Egito, Bélgica, França e do próprio Reino Unido. Além da pirâmide principal, uma versão de sete metros de altura e oito réplicas de 2,5 metros foram instaladas pela cidade. A exposição bateu o recorde de pré-vendas com 320 mil ingressos reservados ante-cipadamente. Parte da renda foi doada para a Britto Foundation, instituição criada pelo artista em 2007

hug

neptune’s daughter a perfect day

Page 71: Revista Zé - 01

edição n#1 • 2008 71

lesson of love piano men

romero Britto pousa com com indumentária egípcia em frente a sua pirâmede de 13m de altura, encomendada pelo governo do egito, instalada no hyde park em londres

Div

ulga

ção

como forma de doar seu talento a organiza-ções beneficentes que cuidam de crianças em todo o mundo.

Sobre seu trabalho não vamos nem falar. Vamos mostrar. Divirta-se com a criatividade, que colore nossas páginas, desse “nordestina-do” cheio de talento.

Page 72: Revista Zé - 01

72 edição n#1 • 2008

cat

A R T E E C u lT u R A

Page 73: Revista Zé - 01

edição n#1 • 2008 73

dancers street dance

a new day

galeria romero Brittorua oscar Freire, 562são paulo/sp11 3062 73501 305 531 8821 (Miami)www.romerobritto.com.br

Page 74: Revista Zé - 01

74 edição n#1 • 2008

D E S I G N

Diplomacia

: Aline Queiroz

colar em ouro e diamantes

Page 75: Revista Zé - 01

75

A natureza e as obras de Oscar Niemeyer são a fonte de inspiração para a designer pernambucana Clementina Duarte criar as jóias com as quais o Itamaraty presenteia ministras, primeiras damas, senadoras e rai-nhas em visitas oficiais ao país.

Page 76: Revista Zé - 01

76 edição n#1 • 2008

A francesa Danielle Mitterrand, a ex-primeira dama dos Estados Unidos, Rosalynn Carter, a senadora Hilla-ry Clinton, as rainhas Silvia, da Suécia, e Elizabeth II, da Inglaterra, já foram agraciadas com os mimos escolhi-dos pelo cerimonial do Ministério das Relações Exterio-res. Agradar o lado feminino do poder mundial é uma sedução estratégica, quando o assunto é diplomacia.

Clementina Duarte, depois de formar-se em ar-quitetura, mudou-se para Paris e estudou design no Institut D’Art et Métiers. Na Finlândia, fez Design de Exportação. Quando resolveu mostrar ao mundo suas criações, em 1996, foi convidada pelo estilista Pierre Cardin para enfeitar os modelos de sua coleção prima-vera-verão. Milão foi o próximo destino. Em seu livro A arte e o design da jóia moderna brasileira, ela remonta quarenta anos de sua história. Numa das curiosas pas-sagens, a pernambucana destaca um encontro com Jane Fonda em Paris. “Ela adorou as jóias que eu usa-va e me pediu as peças. Dei tudo para ela, na mesma hora.” Em 2002 a Jewel Magazine destacou a brasileira como uma das mais importantes designers de jóias do mundo.

D E S I G N

AS JóIAS DE CLEMENTINA CARACTERIZAM-SE PELA ORIGINALIDADE. SãO MODERNAS E CRIATIVAS, DE DESENHO FINO E DELICADO, UTILIZANDO PEDRAS E METAIS COM ESPECIAL TALENTO. COMO FICARIAM LINDOS OS COLARES DE CLEMENTINA DUARTE NAS MULHERES DE MONDIGLIANI”

Brinco em ouro e diamantes

(Oscar Niemeyer)

Fotos-Divulgação

Page 77: Revista Zé - 01

77

Usando a beleza brasileira, aliada a um refinamento especial e delicado, a designer ajuda a divulgar o Brasil no exterior e, por isso, foi condecorada com a Ordem do Rio Branco. “Crio jóias que refletem a cultura na-cional sem cair na coisa do folclore.” Certamente foi essa sensibilidade que já conquistara, nos anos 80, o então chefe supremo dos Emirados Árabes, o sultão Zayed Al Nahyran, quando ele promoveu um concurso

Brincos em ouro branco, diamantes

e gotas de águas-marinhas,

citrino, peridotos e granadas

Page 78: Revista Zé - 01

78 edição n#1 • 2008

D E S I G N

conjunto de colar e brincos em ouro e

granada, como motivos geométricos resaltando

as granadas em lapidação brilhante

legenda entre joalherias para escolher as jóias do casamento de duas de suas filhas. Entre 50 concorrentes européias, a pernambucana foi a escolhida.

No Brasil, Milu Vilela, Ana Maria Niemeyer, esposas de políticos e ar-tistas usam as jóias de Clementina. A ZÉ traz para você um pouquinho das maravilhas dessa ilustre representante do talento do Nordeste.

pulseira em ouro e

pérolas com destaque

para flores de ouro

Page 79: Revista Zé - 01

edição n#1 • 2008 79

VOCê é MESTRA DE UMA ARTE QUE ME PARECE MAIS MáGICA QUE SIMPLESMENTE ARTE. VOCê ME COMOVE COMO ARTISTA DAS MAIORES DO BRASIL DE HOJE. SUA ARTE é A DA JóIA: é PELA JóIA QUE VOCê ME COMOVE”

conjunto de colar e brincos em ouro e diamantes. torsade de pérolas com peça central removível em camadas sinuosas e superpostas em ouro

(Gilberto Freyre)

atelier Clementina duarteJardins - são paulo/sp11 3081-3815/8213-5462www.clementinaduarte.com.br

Page 80: Revista Zé - 01

80 edição n#1 • 2008

Já aos nove anos de idade, quando sua família se muda para Ribeirópolis (SE), começa a traba-lhar ao lado de seu pai, Pedro Paes Mendonça, na mercearia de secos e molhados. Lá aprendeu os macetes da profissão e a lição que considera a maior de todas e a base para seu sucesso: “antecipar as expectativas dos clientes”.

Aos 13 anos assumia funções importantes no negócio e aos 20 torna-se sócio do pai e a empresa passa a chamar-se Pedro Paes Mendonça e Cia. Em 1966, já em Recife, inaugura o primeiro super-mercado de uma rede que, mais tarde, seria a terceira maior do país: “De lá para cá, longos foram os ca-minhos percorridos, mas os resulta-dos vieram ao encontro dos sonhos de criança”. O primeiro supermer-cado Bompreço garante o sucesso necessário para a expansão do gru-po e a rede passa a abranger além de Pernambuco os estados de Ala-goas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão, Sergipe e Bahia.

Nessa mesma época, funda a Associação Pernambucana de Su-permercados (APES), a Associação

Latino-Americana de Supermerca-dos (ALAS) e em 1978 começa a presidir a Associação Brasileira de Supermercados, posto que ocupou durante 10 anos. Participou de fó-runs como o do Conselho Monetário Nacional e do board do CIES (The Food Business Forum) com sede em Paris – o encontro reúne mais de 500 empresas de alimentos do mundo. Cria, em 82, o Hipercard, que rapidamente passa a ser aceito em milhares de estabelecimentos do país. Em 1995, lança o Clube de Fidelização Bomclube. “Fidelização não é somente promoção, é mais do que isso. A fidelização cativa o cliente. Ele recebe todo o carinho e a qualidade de serviço e então se fideliza. É quase um acordo tácito entre o consumidor e o lojista.” E na escola do varejo veio também a pri-meira lição: “É gostar de gente, ser algo genuíno e não apenas marke-ting. É ir muito mais além”.

Como o pioneirismo sempre esteve presente na vida de JC Paes Mendonça, ainda na década de 90, quando todos achavam estar ele satisfeito com a vida - e só colhendo os louros de mais de 50 anos de

trabalho - ele surpreende e investe em outra área: a mídia. Um dos mais tradicionais veículos de comunica-ção de Pernambuco estava passan-do por uma séria crise e corria o ris-co de fechar as portas: “aos poucos fui me adaptando, implementando uma filosofia de trabalho e agregan-do ao setor conhecimentos do vare-jo, que tem muita similaridade com a comunicação, no âmbito de atender aos anseios dos clientes - no caso, os leitores, ouvintes e telespectado-res”. O Sistema Jornal do Comércio de Comunicação foi o primeiro do estado a investir em equipamentos modernos e passar por uma reforma gráfica e editorial.

Aos 61 anos vende sua parte na rede Bompreço e investe alto em shopping centers, mais uma novida-de. Sobre a “arte” de compra e ven-da o empresário garante serem atos que exigem, prioritariamente, cria-tividade, sensibilidade e senso de oportunidade, ritual pelo qual pas-sou e transplantou - o conhecimento adquirido - para a nova empreitada. “O shopping era um negócio que já conhecia. Natural de quem já tra-balhava no varejo e poderia agregar

E C O N O m I A

COM UMA TRAJETóRIA de vida impressionante, João Carlos Paes Mendonça desde

sempre contrariou as expectativas: uma criança pobre, nascida na pequena Serra do Machado, no

interior de Sergipe, na região Nordeste, que se torna um dos empresários mais bem sucedidos e

respeitados do país.

orgulho dE sEr nordEstino

: Mel Adún

Page 81: Revista Zé - 01

edição n#1 • noVeMBRo 2008 81

Foto

s-D

ivul

gaçã

o

edição n#1 • 2008 81

Page 82: Revista Zé - 01

82 edição n#1 • 2008

E C O N O m I A

esses valores numa atividade similar. Não é um recomeço, mas uma con-tinuidade.”

O Jornal do Comércio listou os três mandamentos segundo o “evangelho de João Carlos”: “preci-samos ser excelentes na qualidade e no atendimento aos clientes; éti-cos, justos e honestos com todas as pessoas, sem distinção; auste-ros nos gastos, intolerantes com o desperdício. Só assim seremos duradouros e, querendo Deus, per-manentes”.

o varejo – Para João Carlos Paes Mendonça o varejo continuará sendo um dos setores mais dinâmi-cos da economia brasileira, com a modernidade dos hipermercados, de lojas de departamentos e de lojas especializadas, a exemplo do vestuário e gastronomia. “Todos os setores tem espaço para crescer, o Brasil é um país novo. Ainda um país de grandes oportunidades. Sou brasileiro e sou otimista com relação ao meu país. Nós temos problemas, mas que podem ser resolvidos.” Quanto ao medo de muitos sobre a ‘invasão’ de grupos estrangeiros no setor o empresário flexibiliza: “Acho válido desde que os objetivos e os valores de seu sócio sejam parecidos e adequados aos seus. A governança também é importante. Isso de as empresas estrangeiras procurarem outros mercados já vem acontecendo... O mundo é uma aldeia global e a globalização ocorre muito mais no campo da economia. As barreiras acabaram”. A mesma boa impressão o empresário não tem sobre o lifestyles – empreen-dimentos que unem área de lazer, centro de varejo, sala de escritório e moradia – “É um conceito que se

deve levar em consideração, mas é preciso que cada um avalie o seu mercado, as expectativas do seu cliente, a capacidade econômica de cada região. E que não seja apenas uma modernidade importada ou um modismo. É algo que pode dar cer-to nos Estados Unidos e não aqui. Coisas que funcionam bem em São Paulo podem não dar certo no Nor-deste. Depende de cada região. Um investimento desse porte deve sem-pre ser mais regional que nacional”.

Para os jovens empresários que sonham enriquecer do dia para a noite, uma alerta: “Não existe uma receita milagrosa para se obter su-cesso. Mas existem características próprias de empreendedores como ter vocação, ser trabalhador, ter per-sistência, foco, estar sempre atento às tendências de mercado, ter cora-gem de assumir riscos, saber ouvir, tomar decisões rápidas e ter cons-ciência de que os princípios da ética não podem ser violados”.

ZÉ - Como o senhor vê a eco-nomia brasileira hoje?

JCPM - A concessão do in-vestment grade abriu as portas do mercado internacional ao Brasil e a expectativa é de atração de recur-sos externos de melhor qualidade, em vez de capital especulativo. A nova classificação do Brasil é de-corrente da firme política monetária e econômica adotada pelo país, mas o momento é de reavaliação do caminho, pois a volta da in-flação é uma ameaça que pode frustrar os planos de crescimento da nação.

ZÉ - O que o senhor acredita que poderia ser feito para mudar/melhorar o quadro atual?

JCPM - É fundamental adotar medidas que permitam melhorar a

qualidade do gasto público e isso me tem preocupado. Existem des-pesas desnecessárias que estão ocorrendo no setor. Paralelamente, prosseguir investindo em projetos estruturadores que atendam a de-manda das necessidades do país, que gerem empregos e que tenham a capacidade de agregar crescimen-to econômico.

ZÉ - Qual a sua visão sobre a economia no Nordeste?

JCPM - O Nordeste brasileiro, aos poucos, vem recebendo in-vestimentos estruturadores que, no médio prazo, vão permitir uma redução da desigualdade dentro da própria região e também em relação ao Centro-Sul do Brasil. Para que a região se beneficie mais concre-tamente deste cenário, no entanto, precisamos de mais investimentos em educação e na qualificação da mão-de-obra da população.

ZÉ - O Sr. foi dono da terceira

FIDELIZAçãO NãO é SOMENTE PROMOçãO, é MAIS DO QUE ISSO. A FIDELIZAçãO CATIVA O CLIENTE. ELE RECEBE TODO O CARINHO E A QUALIDADE DE SERVIçO E ENTãO SE FIDELIZA. é QUASE UM ACORDO TáCITO ENTRE O CONSUMIDOR E O LOJISTA”

Page 83: Revista Zé - 01

83

maior rede de super-mercados do país, comprou um veículo de comunicação e de-pois investiu no ramo do Shopping Centers. Quais são os planos hoje de João Carlos Paes Mendonça? Al-guma mudança?

JCPM - Sou apenas uma pessoa atenta ao que acon-tece no mundo, que vê e avalia as tendên-cias. Na vida de um empresário comprar e vender são atos que exigem senso de oportunidade, visão do negócio, criativi-dade e sensibilidade. Cumpro esse ritual. O shopping é um equipamento que já conhecia e, com a experiência de quem já traba-lhou há mais de 50 anos no varejo, senti que poderia agregar esses valores em atividade similar. Daqui pra frente pretendo dar continuidade aos negócios do Grupo, que além de investimentos em shoppings e comunicação, mantém, também, os empreendimentos imobiliários.

ZÉ - Qual avaliação o Sr. faz do governo Lula?

JCPM - A política econômica do Governo Lula vai bem e tem progredido com a entrada do ca-pital estrangeiro. A ampliação dos programas sociais é também algo positivo a se considerar. Preocupa-me, entretanto, a volta da inflação. Sempre começa lenta e gradual para depois alcançar índices alarmantes. Faz-se necessário contê-la no início. E, para tal, não precisa elaboração

de planos miraculosos como vimos no passado. Basta bom senso e investir com sabedoria no combate às causas geradoras desse trágico fenômeno.

ZÉ - O Sr. pretende algum dia trabalhar menos?

JCPM - Apesar do atual volume de negócios, tenho hoje uma melhor qualidade de vida e tempo para viajar com minha esposa, ler um bom livro, passar um fim de semana na praia ou no campo, desfrutando da companhia de amigos e familia-res. Para tanto, trabalho com uma equipe de executivos qualificados a quem delego tarefas. Mas como empresário tenho de participar da ampliação dos nossos negócios e das decisões importantes e faço isso com muito empenho e entu-siasmo.

ZÉ - O Sr. realizou todos os seus sonhos?

JCPM - Posso afirmar que con-

cretizei muitos dos meus sonhos como empresário, mas não todos. Se assim fos-se não haveria razão para o trabalho diário. Há sempre em cada novo dia um novo desafio a ser enfren-tado. E é justamente isso que alimenta a alma humana. Dentre esses desafios está o sonho de transformar a pequenina Serra do Machado, que fica no interior de Sergipe, em um lugar cada vez mais aprazível, acolhedor e partícipe do processo produtivo almejado pela sua população. Para

isso, temos investido na educação, moradia e saúde, proporcionando dignidade e perspectivas de futuro aos moradores do lugar atuando através da Fundação Pedro Paes Mendonça. Foram instaladas e estão sendo mantidos cursos de informáti-ca, escolas, cursos de inglês, clínica médica, investimento em novas moradias, lar de idosos, programas culturais de esporte e lazer, melhoria ambiental com ajardinamentos de praças, sem esquecer de preservar a religiosidade da comunidade com a construção de igrejas unindo os fieis em oração. Recentemente co-meçamos a capacitar jovens para o mercado de trabalho e nossa meta é dar suporte a geração de emprego, instalando ali uma fábrica ou indús-tria, em regime de comodato, no prédio já construído para esse fim. Um sonho compartilhado por todos dá mais prazer e satisfação pessoal.

Page 84: Revista Zé - 01

l u x O

recepção pestana convento do carmo

84 edição n#1 • 2008

Foto

s-D

ivul

gaçã

o

Page 85: Revista Zé - 01

Fazer uma viagem histórica ao passado e sentir um gostinho de como viviam a realeza e os nobres, é possível. O uso de prédios históricos como hotéis de luxo, prática comum na Europa, começou a se realizar no Brasil. Desde 2005, a tradicional rede Pousadas de Portugal administra o Pestana Convento do Carmo, o primeiro empreendimento com essas características implantado no Brasil. Este luxuosíssimo hotel fica no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador. Outros prédios his-tóricos – conventos e fortalezas - estão sendo analisados para abrigar projetos semelhantes, quatro deles no Nordeste: os conventos de São

85

Page 86: Revista Zé - 01

86 edição n#1 • 2008

l u x O

Francisco, em Olinda (PE), de Nossa Senhora dos Anjos, em Penedo (AL), de Santa Cruz, em São Cristóvão (SE) e Santo Antônio do Paraguaçu, em Cachoeira (BA)

A ZÉ conversou com o presidente do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Luiz Fernando de Almeida que esclareceu dúvidas impor-tantes sobre o processo de liberação desses espaços históricos e os benefícios culturais e financeiros para o país com a adoção dessas medidas.

ZÉ – Muitos países já transformaram seus conven-tos e palácios históricos em hotéis de luxo. No Brasil a iniciativa é recente. Porque isso acontece?

Luiz Fernando – As ordens religiosas tiveram particular importân-cia na construção do Brasil, especialmente no período colonial. Franciscanos, carmelitas e beneditinos edificaram mosteiros e conven-tos nas principais vilas coloniais e fizeram parte efetiva da construção dos primeiros núcleos

urbanos brasileiros. São especialmente importantes os acervos religiosos fomentados a partir da produção do açúcar no Nordeste e do ouro na região Sudeste. As transformações políticas que se seguiram após a inde-pendência do Brasil mudaram a ordem das coisas e o clero deixou de ser o centro do poder, mesmo que ainda constituísse - e ainda hoje o é - um grupo influente. Es-gotadas as principais fontes de recursos, originadas dos grandes latifundiários e produtores de monoculturas, as ordens religiosas foram perdendo terreno e parte sig-nificativa do patrimônio edificado sofreu com a falta de manutenção e abandono. São grandes obras de arte, monumentos de altíssimo valor histórico e cultural que simbolizam um período da história. Sua conservação é, entretanto, custosa e difícil. Requer grande montante de dinheiro para sua preservação.

ZÉ – Qual a atitude do Iphan diante deste problema?Luiz Fernando - O Iphan tem agido emergencialmen-

te em muitos casos de risco. Entretanto, a responsabili-dade pela conservação dos monumentos continua sen-

do dos proprietários dos imóveis - sejam eles públicos ou privados. A Igreja Católica, por sua vez, não tem con-seguido dar conta de manter todos os seus bens por-que não dispõe da quantidade de recursos necessários. Outros países se deparam com os mesmos problemas e em muitos casos o uso turístico tem sido a alternativa mais viável. A adaptação dos espaços conventuais para receber redes hoteleiras tem sido bastante razoável, pois necessitam de adequações mínimas e garantem a con-servação dos imóveis. As antigas clausuras adaptam-se perfeitamente para receber os novos quartos, claustros são transformados em pátios de lazer, existem amplos espaços para cozinhas e áreas de serviço, e, além de tudo, contam com o requinte arquitetônico e artístico que já não se produz mais na atualidade.

ZÉ – Quem é o responsável pelas negociações com os grupos interessados em explorar turisticamente esses espaços?

Luiz Fernando – A maior parte desse patrimônio é de propriedade da Igreja Católica, que é responsável pela sua conservação e também pelas negociações com as redes hoteleiras. O Iphan atua apenas no sentido de garantir a integridade cultural do bem, seu melhor apro-veitamento e preservação dos seus traços culturais.

ZÉ – O que pode e o que não pode ser mudado dentro de um patrimônio tombado?

Luiz Fernando – São proibidas mudanças que afetem a integridade física e as características originais do imóvel. São passíveis de aprovação as pequenas adaptações necessárias à acomodação aos novos usos e às necessidades da vida contemporânea, contanto que não causem interferências que comprometam essa integridade. Cada projeto possuirá suas próprias carac-terística e necessidades e, por isso, qualquer modifica-ção deverá passar pela prévia autorização do Iphan.

ZÉ – Quais os benefícios que pode trazer para a região?

Luiz Fernando – São inúmeros. Desde o incremento na economia local, com a atração de um número maior de visitantes, criação de postos de trabalho diretos e indiretos, incremento na renda dos funcionários até a conservação permanente dos monumentos, a abertura das portas para o grande público – infelizmente hoje muitos lugares mantém-se fechados ou inacessíveis a visitantes - e a maior socialização da importância que estes bens possuem na história da construção do Brasil

Page 87: Revista Zé - 01

87

Pestana Convento do Carmo

O Convento do Carmo foi erguido em 1586 pela Ordem Primeira dos Freis Carmelitas. Foi cenário de acontecimentos importan-tes na história da Bahia e do Brasil, como a invasão holandesa e a independên-cia da Bahia. Além de ser uma das obras fundamen-tais da arquitetura colonial brasileira. Em 2005, depois de uma criteriosa reforma, transformou-se no primeiro “hotel histórico de luxo” do país com o nome de Pes-tana Convento do Carmo. São 79 unidades, todas equipadas com ar con-dicionado central, TV de plasma, TV a cabo, cofre digital, ponto para acesso à internet rápida, minibar e telefone. Tem um cardápio de travesseiros, enxoval de algodão egípcio, SPA com jacuzzi e sauna, além de estrutura de lazer e servi-ços especiais de piscina. É membro da maior cadeia de hotéis e resorts de luxo The Leading Hotels of the World – associação nasci-da em 1928.

interior pestana convento do carmo

Page 88: Revista Zé - 01

l u x O - H O T É I S H I S T Ó R I C O S P E l O m u N D O

88 edição n#1 • 2008

castello del nero

Page 89: Revista Zé - 01

89

Castello del nero hotel e sPa

Entre Florença e Siena, as duas mais impor-tantes cidades históricas italianas, está o Castello Del Nero Hotel e SPA. O castelo, datado do século XII, é um dos mais luxuosos e modernos da Europa.

suite

suite

Vista lateral do castelo

Page 90: Revista Zé - 01

l u x O - H O T É I S H I S T Ó R I C O S P E l O m u N D O

Pestana Palace

O antigo Palácio do Marquês de Valle Flor, século XIX, fica localizado em uma das zonas mais tranqüilas de Lisboa. Depois de minuciosa recuperação e restauro a majestosa construção abrigou o Pestana Pala-ce Hotel Lisboa.

suíte

Fachada do pestana palace

90 edição n#1 • 2008

Page 91: Revista Zé - 01

Wanchako

Page 92: Revista Zé - 01

l u x O

92 edição n#1 • 2008

alvear Palace hotel

Em Buenos Aires, na Argen-tina, no tradicional bairro Recoleta está o Alvear Palace Hotel, cons-truído em 1932. Luxo e tecnologia convivem harmoniosamente com a arquitetura majestosa do lugar.

lobby bar

piscina lúdica

Page 93: Revista Zé - 01
Page 94: Revista Zé - 01

Wanchako

G A S T R O N O m I A

94 edição n#1 • 2008

Page 95: Revista Zé - 01

Wanchako, denominação de uma reserva marinha situada na praia de Huanchaco, na região norte do Peru, foi a inspiração para o nome do primeiro restaurante peruando do Brasil, em Maceió (AL). Uma ousadia que Simone Bert realizou em 1996. Desde então, essa alago-ana - casada com o peruano José Luis Risco Bert – vai, a cada seis meses, à cidade de Solino, naquele país andino, para se reciclar e buscar as iguarias típicas do lugar, necessárias para renovar o cardápio e preparar os pratos que fazem do Wanchako um dos endereços mais sofisticados e requisitados da região.

Simone aprendeu a cozinhar ainda na infância com seu João – seu pai, pescador e cozinheiro - e começou

otani (culinária nikkei) - Filé de peixe grelhado e camarão, com molho de gengibre agridoce; acompanha arroz de alho

95

Fotos-Divulgação

Page 96: Revista Zé - 01

G A S T R O N O m I A

a desenvolver os seus conhecimentos na culinária peruana com dona Carlota, sua sogra. A viagem ao Peru não se resume à gastronomia. Começa com a de-coração, repleta de peças típicas e muito requinte: com mesas de granito preto, cadeiras de fibras naturais e um colorido todo especial - que promove um ambiente de alto astral aos seus freqüentadores.

O Wanchako também serve pratos nikkei - fusão entre as cozinhas japonesa e peruana - resultado de uma especialização que a chef Simone fez com Hum-berto Sato, um dos mestres dessa especialidade.

sErviço: O Wanchako fica na rua São Francisco de Assis, na praia de Jatiúca, Maceió. Horário: de segun-da a quinta, das 12h às 15h30 e das 19h às 23h30; às sextas, das 12h às 16h e das 19h à 0h; e aos sábados, das 19h à 0h. Confira o cardápio e outros detalhes no site: www.wanchako.com.br.

96 edição n#1 • 2008

Prato da Boa lEmBrança. A Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança – que estimula o hábito de se levar um souvenir de viagem depois de uma boa refeição - conta com dezenas de participan-tes em todo o Brasil. Seus associados presenteiam os turistas com o “Prato da Boa Lembrança”, símbolo da boa mesa, bom gosto, de Brasil.

Dad

á Ja

ques

Page 97: Revista Zé - 01

97

feStival de CebiCheS - conjunto de cebiches (peixe, camarão, costaneira e tiradito)

Page 98: Revista Zé - 01

G A S T R O N O m I A

98 edição n#1 • 2008

Page 99: Revista Zé - 01

99

peSCado de loS andeS - Filé de peixe com purê de espinafre e vinagrete de sauco. (sauco - Fruta exótica dos andes)

Page 100: Revista Zé - 01

E N S A I O

colar ogumr$1.120

A mitologia dos deuses africanos foi a fonte de inspiração para a artista plástica e designer de jóias Annete Sorin criar a coleção Orixás. Depois de sete anos de pesquisas, a baiana trouxe para a sua arte a simbologia das divindades cultuadas nas religiões de matriz africana no Brasil. Misturando prata, vidro, pérolas, ráfia da costa e pedras semi preciosas, ela revela um pouco da beleza e da riqueza ancestral legada pelos africanos ao Novo Mundo.

100 edição n#1 • 2008

Page 101: Revista Zé - 01

recepção pestana convento do carmo

Page 102: Revista Zé - 01

colar iemanjár$4.640

E N S A I O

102 edição n#1 • 2008

Page 103: Revista Zé - 01

colar oiár$1.600

Page 104: Revista Zé - 01

colar obatalá - r$1.920

colar Mundo obaluaiê - r$1.400

E N S A I O

104 edição n#1 • 2008

Page 105: Revista Zé - 01

pulseira obatalá /aguemon

r$1.520Fotografia – Dadá Jaques

Edição e texto – Aline Queiroz

Jóias – Annete Sorin

Direção de fotografia – Mauro Rossi

Modelo – Roselaine Daniel

Local – Reserva da Sapiranga

Page 106: Revista Zé - 01

N O S TA l G I A

Page 107: Revista Zé - 01

Durante a década de 60, surgiram marcos fundamentais na história cultural e do pensamento político progressista brasileiro no século XX. Política e cultura surgiam como faces de uma só moeda. Ao longo desse período, a temática da expressão popular estava em plena atividade. Discutia-se a respeito da América Latina, percebendo a distância da cultura brasileira face aos demais países. Debatia-se o tema da dialética regionalismo/universalismo diante do conceito de “cultura brasileira”. Tal debate remetia ao conceito de cultura popular – experiên-cia vinda do povo em suas variadas expressões e manifestações.

A partir de então surge uma análise da defasagem dos costumes nacionais entre as diversas classes. Acelerou-se a atitude política e a necessidade de participação nas questões sócio-culturais do país. Houve o predomínio das reflexões políticas marcadas pelo pensamento antiimperialista, com esperanças na união da “burguesia nacional” e dos “setores progressistas” com a classe trabalhadora. Os problemas sócio-políticos versavam sobre temas da “ocupação”: “imperialismo no setor agrícola”, “socialismo e emancipação nacional”, “capitais estrangeiros e interesses nacionais”, com os quais o setor artístico também se revelava preocupado.

Compositores, músicos, cineastas continuavam a utilizar estratégias artísticas em defesa dos interesses da nação, contra a dependência econômica, a política externa e em favor da liberdade civil e da constru-ção de uma “arte não só para povo como a favor do povo”. Em meio a toda essa efervescência cultural que pairava sobre a sociedade brasileira da década de 60, surge o Tropicalismo – que teve início em 1967 e seu fim decretado em 1969. Era um estilo musical que exprimia uma posição

: Ricardo Janoario* : Arte em foto de Anízio Carvalho

107

Gilberto Gil

Page 108: Revista Zé - 01

contrária ao autoritarismo e a desigualdade. Mas propunha também a internacionalização dos princípios e valores do país, não se restringindo a um discurso político dogmático e misturando os dados da cultura popular tradicional com elementos da cultura de massa - usando a crítica de comportamento como caminho para mudança social.

A Tropicália surgiu mais como “uma preocupação entusiasmada pelo novo do que propriamente um movimento organizado”. Dirigia-se para crítica e para o público numa reformulação da sensibilidade mo-derna, fruto da vivência urbana e dos jovens inseridos no universo fragmentado das notícias, espetáculos, da televisão, da propaganda, articulando que a MPB precisava se tornar mais universal. Pronunciava-se à maneira de fatos transformados em manchetes que, através de um procedimento narrativo, descrevia os

problemas sociais, políticos, nacionais ou internacionais vividos pela sociedade brasileira.

Foi uma mistura de antropofagia oswaldiana, de poesia concreta; uma vivência musical unindo diversos ritmos desde os regionais, as manifestações folclóri-cas, a música urbana, expressões cinematográficas, teatrais. Além do conhecimento das artes plásticas, dos Beatles, Jimi Hendrix, Bob Dylan, jazz, bossa nova e até da música de vanguarda. Consideradas como marcos oficiais do novo movimento, as canções Ale-gria, Alegria, de Caetano Veloso e Domingo no Parque de Gilberto Gil, apresentadas no III Festival de Música Popular da TV Record - em outubro de 1967- chega-ram ao público causando muita polêmica. Em meio a guitarras elétricas da banda argentina, Beat Boys, a qual acompanhou Caetano, e a atitude roqueira dos Mutantes: Arnaldo Baptista, Sérgio Dias e Rita Lee, que

N O S TA l G I A

Gal costa

Ani

zio

Car

valh

o

108 edição n#1 • 2008

Page 109: Revista Zé - 01

109

dividiram o palco com Gil. Foram recebi-dos com vaias e insultos pela chamada linha dura do movimento estudantil. Parte da crítica ignorou o fato de que esses novos elementos eram um atentado à mú-sica popular brasileira. Mas, não só o júri do festival como também o grande público aprovou o novo estilo. A canção de Gil al-cançou o segundo lugar, e foi vencida por Ponteio de Edu Lobo e Capinam. Apesar de ficar em quarto lugar, Alegria, Alegria tornou-se logo um sucesso imediato.

O espetáculo foi o ponto de partida de uma atividade a qual logo se denominaria tropicalismo. Sua popularidade estimulou a gravadora Phillips a produzir os LPs individuais dos baianos, tornando-se os primeiros álbuns tropicalistas a receberem influências dos maestros Rogério Du-prat, Júlio Medaglia, Damiano Cozzela e Sandino Hohagen. Inspirado no Manifesto Pau-Brasil do poeta Oswald de Andrade, na Semana de Arte Moderna de 1922, que questionava as bases político-econômico-culturais impostas pelos estrangeiros (colonizadores) em benefício da indepen-dência cultural do país. A intenção era bem clara: deglutir a informação vinda de fora e devolver um produto novo, acaba-do, brasileiro.

Elementos da Pop Art - surgidos nas artes plásticas norte-americanas, no fim dos anos 50 - foram integrados ao estilo tropicalista. Essa integração era uma maneira de evidenciar os aspectos da so-ciedade de consumo e, ao mesmo tempo, comentar o ultrapassado na cultura brasi-leira. O pop foi responsável pela vitalidade do tropicalismo que passou a desarticular-se da idéia de estética predominante na música. Adquiriu aspectos comuns ao universo pop, com o interesse em proble-matizar o comportamento e a linguagem antitradicionalistas de uma parte espe-cífica da juventude. Foi considerado um movimento pop por superar a falsa relação capa: tropiália ou panis et circensis (philips, 1968)

caetano durante o programa divino, MaravilhosoD

ivul

gacã

o- L

ivro

‘Tro

picá

lia’/

Edi

tora

34

Div

ulga

cão-

Liv

ro ‘T

ropi

cália

’/E

dito

ra 3

4

entre “cultura nacional x cultura internacional” e a “arte engajada x arte alienada” cujos intelectuais brasileiros mobilizavam. O movi-mento foi pop porque incorporou signos e símbolos da moderni-dade urbano-industrial do país e associou a indústria cultural aos elementos nacionais.

Em 5 de fevereiro de 1968, o movimento passou a ser chama-do de Tropicalista, dia em que Nelson Motta publicou no jornal Última Hora um artigo intitulado A cruzada Tropicalista. Nele, o repórter anunciava que um grupo de músicos, cineastas e intelectuais fundavam um estilo coletivo com ambição de alcance interna-cional. A imprensa se encarregou de fazer as declarações acerca do Tropicalismo. Signifi-cava o início de uma posição artística, políti-ca sintonizada com os comportamentos da ju-ventude, com a moda, com o modernismo. O grupo não almejava o aspecto publicitário desencadeado com a sua estética; interiori-zaram suas produções, estabeleceram uma maneira específica de relacionamento com

Page 110: Revista Zé - 01

a indústria musical. Sobre esta postura, adotada pelos baianos, disse Gil: ‘Na verdade, eu não tinha nada na cabeça a respeito do tropicalismo. Então a imprensa inaugurou aquilo tudo com o nome de Tropicalismo. E a gente teve que aceitar porque tava lá, de certa forma era aquilo mesmo, era coisa que agente não podia ne-gar. Afinal, não era nada que viesse desmentir ou negar a nossa condição de artista, nossa posição, nosso pen-samento, não era. Mas a gente é posta em certas engrenagens e tem que responder por elas’.

Em maio de 1968, os tropi-calistas gravaram, em São Pau-lo, o LP Tropicália ou Panis et Circenses, álbum coletivo com caráter de manifesto, coordena-do por Caetano quem também selecionou o repertório musical. Destacou canções inéditas de sua autoria, junto com Gilberto Gil, Torquato Neto, Capinam e Tom Zé. Também uniram-se ao projeto, os Mutantes, Costa, Nara Leão e o maestro Rogério Duprat. Contudo a trajetória tro-picalista enfrentou resistências devido a tantas provocações que o movimento causou na sociedade.

Em junho de 1968, num de-bate organizado pelos estudan-tes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, Gil, Caetano, Torquato e os poetas concretos Augusto e Haroldo de Campos, juntos com Décio Pignatari, foram hostilizados com vaias, bombinhas e bananas pela linha dura universitária. O confronto foi mais violento durante o III Festival Internacional da Canção (FIC) promovido pela emergente Rede Globo de Televisão, em setembro. O impulso tropicalista estava com força total nas produ-ções de Gil e Caetano. Ambos se inscreveram, embora com o intuito de questionar as estruturas do próprio festival e de todo o panorama cultural da época. No festival, os dois baianos, levaram, ao extremo, a crítica e a ironia tropicalista.

Gil apresentou Questão de ordem ao lado dos Beat

Boys. Foi vaiado e desclassificado. Ao defender com os Mutantes a canção É proibido proibir, a qual compôs a partir do slogan do movimento estudantil francês, Caetano foi agredido com ovos e tomates pela platéia. A canção era um protesto em defesa de uma postura declarada ao “bom gosto” imposto à cultura musical. O cantor reagiu com um discurso, que se transformou num acontecimento histórico: “Mas é isso que é a ju-

ventude que diz que quer tomar o poder? Vocês têm coragem de aplaudir este ano, uma música, um tipo de música que vocês não teriam coragem de aplaudir no ano passado! (...) Vocês não estão entendendo nada, nada, nada, absolutamente nada (...) Que juventude é essa? Vocês jamais conterão ninguém. Vocês são iguais sabem a quem?(...) Àqueles que foram na Roda Viva e espancaram os atores! Vocês não diferem em nada deles, vocês não diferem em nada (...) O problema é o seguinte: vocês estão querendo policiar a música brasileira (...)se vocês, em políti-ca, forem como são em estética, estamos feitos! (...)

Outro cenário de confronto foi na boate carioca Sucata, quando Caetano, Gil e os Mu-tantes fizeram uma conturbada temporada de shows. Uma ban-

deira com a inscrição “Seja marginal, seja herói” (obra de Helio Oiticica), exibida no cenário, e o boato de que Caetano teria cantado o Hino Nacional utilizando versos ofensivos às Forças Armadas, serviram de pretexto imediato para que o show fosse suspenso. Ainda em outubro de 68, um ano após extrema agitação musical popular, da qual resultaram novas concepções, novos caminhos, os tropicalistas conseguiram um programa semanal na TV Tupi. Com o roteiro dos baianos, a atra-ção Divino maravilhoso, contava com todos os compo-nentes do grupo (Caetano, Gil, e os Mutantes, além dos convidados como Jorge Ben, Paulinho da Viola e Jards Macalé).

N O S TA l G I A

MAS é ISSO QUE é A JUVENTUDE QUE DIZ QUE QUER TOMAR O PODER? VOCêS TêM CORAGEM DE APLAUDIR ESTE ANO, UMA MúSICA, UM TIPO DE MúSICA QUE VOCêS NãO TERIAM CORAGEM DE APLAUDIR NO ANO PASSADO! (...) SE VOCêS, EM POLíTICA, FOREM COMO SãO EM ESTéTICA, ESTAMOS FEITOS! (...)”

110 edição n#1 • 2008

D E S I G N

Page 111: Revista Zé - 01

111

Os programas eram produzidos por Fernando Faro e Antonio Abujamra e teve o próprio Cassiano Gabus Mendes como diretor da estação, trabalhando no corte de imagens do programa repleto de cenas provoca-tivas: No começo aparece Caetano, de blusa militar aberta sobre o torso nú e o cabelo penteado. Senta-se num banquinho, em estilo ioga, e começa a cantar Sau-dosismo, sua nova música, toda nos moldes da bossa nova original, bem Tom Jobim, bem João Gilberto. Mas a música é para proclamar um Chega de saudade e Caetano assanhar o cabelo e os Mutantes entrarem em

cena e começarem todos freneticamente, amalucada-mente, a fazer o “som livre”. No auge da improvisação, com guitarras, gritos e movimentos de quadris, Caeta-no diz que vieram mostrar o que estão fazendo e como estão fazendo.

E o programa daí para o fim é o mau comportamen-to total, caótico nos sons e gestos, alucinação. Desfilam as novas músicas: a Falência das elites, Miserere nóbis, Baby, É proibido proibir, Caminhante noturno, Sala de jantar, etc. Cada qual se transforma num happening, num pretexto para extravagância, “loucuras”. Para que

Maria Bethânia em santo amaro na casa de sua mãe, dona canô

Aní

zio

Car

valh

o

Page 112: Revista Zé - 01

N O S TA l G I A

112 edição n#1 • 2008

Gil cante A falência das elites entram em cena várias latas velhas e é aquele baticum. Caetano deita-se no chão, rola-se como num estertor, vira as pernas para cima, de repente levanta-se e entra no ritmo alucinante, revirando os quadris, em gestos tão ousados que às vezes o próprio Cassiano não tem coragem de captar. O público, que lotava o teatro do Sumaré, meio inibido no início, começa a aplaudir, Caetano fica satisfeito com a reação, mas depois diz que gostaria de mais participação, mais vibração. Nos próximos, eles espe-ram, a coisa irá esquentar, por enquanto foi só início...

No final do programa, em meio a um improviso em que todos entram, Caetano grita a palavra de ordem, “Acabar com o velho!” e dá uma viva a Rogério Duprat, que está sentado na platéia. É um programa quente, movimentado, tropical, imaginativo, diante do qual ou se tem amor ou ódio e que, por isso mesmo, vai dividir muito a opinião pública. Se pegar, como tudo indica, poderá ser para música nova, o “som livre”, o mesmo que foi O fino da bossa para o tipo de música de que os baianos agora querem distância. A influência do movimento também ficou mais clara em dezenas de

a new dayliminha, Gil e os Mutantes defendendo a canção de tom zé e rita lee no festival da record de 1968

Page 113: Revista Zé - 01

canções concorrentes no IV Festival de Música Popu-lar Brasileira, o qual a TV Record começou a exibir em novembro. Neste festival Tom Zé defendeu a sua São Paulo, meu amor e obteve o primeiro lugar. Os Mutantes concorreram com 2001, de Tom Zé e Rita Lee, alcançan-do a quarta posição.

Mas o grande ícone do espetáculo foi Gal Costa que defendeu Divino, maravilho-so, de Caetano e Gil, ficando em terceiro lugar. No final de 68, com o endurecimento do regime militar no país, as interferências do Departa-mento de Censura Federal já haviam se tornado costumei-ras, canções tinham versos cortados, ou eram mesmo vetadas integralmente. Em 13 de dezembro de 1968 foi decretado o Ato Institucional nº 5, com o fechamento do Congresso, muitas cas-sações, prisões, torturas, assassinatos e grande silêncio nos meios estu-dantis, sindicais intelectuais e artísticos. Oficializou-se de vez a repressão política. Foi de fato, uma “guerrilha artística” que uniu a difícil arte de fustigar o bom-tom e de fundir palavra e som.

O tropicalismo teve seu fim decretado a partir da pri-são de Gilberto Gil e Caetano Veloso, detidos em seus apartamentos, no centro de São Paulo, na manhã de 27 de dezembro de 1968, de onde foram intimados por oficiais do 2º Exército, a prestar depoimento na Polícia Federal. Romperam o ano de 68, presos. Foram soltos na manhã da Quarta-Feira de Cinzas. Logo em seguida, viram-se forçados a deixar de vez o país seguindo para Londres durante o domínio do regime militar no Brasil. De certo a Tropicália causou estranheza e polêmica

em função das inovações que trazia e por configurar-se numa área de afinidades no campo da produção cultural, envolvendo uma geração sensibilizada pelo desejo de fazer arte não mais como um instrumento repetitivo e previsível de uma veiculação política direta, mas um espaço aberto à invenção, à provocação, à procura de novas possibilidades expressivas, culturais.

113

Page 114: Revista Zé - 01
Page 115: Revista Zé - 01

m O D A

Somente aos 32 anos abriu o Arte Bazar, no Pelourinho, e começou a trabalhar com algumas peças e figurinos. Em dezembro de 96, quando realizou o primeiro desfile com suas criações, a receptividade da crítica foi enorme, chegando a considerar seu trabalho mais arte do que moda. Desde então suas peças já traziam algo de único, sem-pre buscando fugir do convencional. A constru-ção artística da carreira desenvolvida por Ganem pode deixar brechas para essa confusão de conceitos. Suas roupas são realmente peças de arte e o mundo todo se curvou às fibras de poliamida redescobertas por ela – antes usadas somente em redes de pesca, nos cintos de segurança dos carros e em outros objetos técnicos por sua tenacidade e resistência.

De presença marcante, Márcia Ganem é a mistura do DNA árabe de seu pai com a baianidade de sua mãe. Essa mulher criativa e curiosa, possuidora da grande fé e misticis-mo que envolve a cultura da Bahia, aclamada nos maiores eventos

internacionais da moda – já se fez presente em Londres, Tóquio, Nova Iorque e Paris, dentre outras cidades do mundo – garante que em sua vida não há momento mais feliz do que quando está em paz, à frente da sua máquina de costura, fazendo o que realmente gosta.

Para “Estrada Amarela”, sua nova coleção, a estilista aposta em um degradê de cores e um toque de seda nas famosas fibras “que dá um balanço à roupa”. Com conforto e gingado os cortes dos vestidos acentuam ainda mais a sensualidade da mulher dos trópicos.

MÁRCIA Ganem, apesar de ser filha de costureira, percorreu um longo caminho até

chegar ao mundo da moda – parece que santo de casa não fazia mesmo milagre.

nas tramas de ganem: Dadá Jaques

115

márcia ganem atelierrua das laranjeiras, nº10, pelourinho.salvador/Ba71 3322-242334 697 404639 / 34 687 370006 (espanha)www.marciaganem.com.br

galpão de Estilorua professor sabino silva, no 836apipema center, primeiro piso, Jardim apipema71 32378570

: Mel Adún

Page 116: Revista Zé - 01

m O D A

“EStRAdA AMARELA”Muito mais do que simplesmente moda. Arte! As criações de Márcia Ganem confundem os conceitos. Pelo olhar do fotógrafo Dadá Jaques - e sobre o corpo escultural da top, também baiana, Rojane Fradique - os marcantes fios de poliamida desenham a “Estrada Amarela”, nova coleção da estilista. A ZÉ levou tudo isso para o mangue, para as dunas, sob o sol e sobre as águas, para descortinar os primeiros vestígios do Alto Verão nordestino.

Fotografia - Dada Jaques

Top - Rojane Fradique (Model Club/Joy Model)

Estilista - Márcia Ganem

Edição - Aline Queiroz

116 edição n#1 • 2008

Page 117: Revista Zé - 01
Page 118: Revista Zé - 01

m O D A

66 edição n#1 • noVeMBRo 2008

Page 119: Revista Zé - 01

edição n#1 • 2008 119

Page 120: Revista Zé - 01

m O D A

120 edição n#1 • 2008

Page 121: Revista Zé - 01
Page 122: Revista Zé - 01

m O D A

122 edição n#1 • 2008

Page 123: Revista Zé - 01
Page 124: Revista Zé - 01

m O D A

reorganizar

Page 125: Revista Zé - 01

Edição de arte - Dadá Jaques

Maquiagem - Jaqueline Rocha

Direção de fotografia - Mauro Rossi

Produção - Kaliane Barbosa e Mel Adún

Assistente de produção - João Oliveira

Tratamento de imagens - Erivaldo Assis

Transporte - Coopervan

125

Page 126: Revista Zé - 01

AT u A l I D A D E S

Page 127: Revista Zé - 01

Nós também

C i n e m a n o r d e s t e

somos Brasil : Chico Alves

Existe ou não um “Cinema Baiano”, “Pernambucano”, “Paraibano” ou mesmo um “Cinema Nordestino”? Eis aí uma discussão que está sempre eletrizando diretores, críticos, pesquisadores e cinéfilos. Afinal, se tudo está sob o guarda-chuva do Cinema Brasileiro, insistir na subdivisão regional pode ser, sim, a maneira justa de reiterar a identidade da produção local e um jeito especial de criar e de ver o mundo; mas pode também, ao contrário, disfarçar um preconceito. É por esse divisor de águas que a polêmica trafega.

Page 128: Revista Zé - 01

“É preconceito”, afirma com convicção o cineasta e diretor baiano Walter Lima, nascido em Niterói, Estado do Rio, mas cujo premiado filme A ostra e o tempo (1997) teve parte de suas locações no paraíso de Jeri-coacoara, litoral do Ceará. “Sempre que o debate so-bre a existência de uma cinematografia regional vem à baila, os estados do Nordeste são sempre vistos como produtores de um cinema ‘menor’, não em relação às suas características ou à quantidade de produções, mas à qualidade. É como se apenas os filmes realiza-dos no eixo Rio-São Paulo representassem o cinema nacional”.

De acordo com Walter Lima Jr., o crescimento de festivais, fóruns e seminários de cinema, no Nordeste, provoca um deslocamento da discussão e conseqüen-temente da produção de filmes. É a oportunidade de filmes que dificilmente chegarão ao circuito comercial serem vistos e debatidos. Por outro lado, o excesso de festivais acaba por causar um desgaste. “É melhor ter-mos festivais fortes e bem organizados, do que termos muitos sem qualidade.”

O cineasta baiano Sergio Machado, diretor do filme Cidade Baixa (2005), é veemente ao afirmar que não há preconceito, e sim uma espécie de “seleção natural”, tanto na premiação de festivais, quanto na distribuição dos filmes no circuito comercial. Admite, contudo, que a rotulação de determinados filmes como sendo baiano, pernambucano etc., pode ter interpretações ambíguas.

Embora condene classificações ou definições pron-tas, Machado define Cidade Baixa com um filme baia-no, pois “o diretor é baiano, a equipe técnica é baiana, os atores, além de ter sido filmado em Salvador”. Mas falar em “Cinema Baiano” já seria um exagero, pois não há produções constantes, nem um mercado estabele-cido no Estado. Para se fazer cinema – e nisso Sérgio Machado é taxativo – o fundamental, seja aonde for, é isso: qualidade.

André Setaro, crítico de cinema e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), também é cate-górico: “Para que exista uma cinematografia”, escreveu Setaro no artigo Os cineastas baianos são mendigos da boa vontade, “é necessário que haja uma produ-ção sistemática e continuada, além de características comuns capazes de configurá-la como tal. A rigor, por-tanto, não se pode falar em cinematografia baiana, sob

pena de se estar incorrendo em erro conceitual”.O cineasta pernambucano Cláudio Assis, diretor

de Amarelo manga (2003) e Baixio das bestas (2006), foi além da questão da cinematografia e pôs o dedo na ferida, ainda aberta, do preconceito. “Não existe

AT u A l I D A D E S

a atriz dira paes em Baixio das Bestas

128 edição n#1 • 2008

Page 129: Revista Zé - 01

cinema baiano, nem pernambucano. Isso é o sepa-ratismo que querem nos impor. O que querem dizer é que o cinema brasileiro é aquele feito pelo eixo Rio-São Paulo. Quando eu passo meu filme nos festivais estran-geiros, ele é considerado um filme brasileiro, e não um

pernambucano”.Perigo: folclore - O pesquisador italiano

Gianluca Scarpellino, que estuda a recep-ção do Cinema Novo na Europa através da critica especializada, concorda com Assis. Os

Gilv

an B

arre

to /

Div

ulga

ção

129

Page 130: Revista Zé - 01

AT u A l I D A D E S

PrinCiPais FEstivais

u XXXV Jornada

Internacional de

Cinema de Bahia

Salvador/BA

u Cine - Ceará

Festival Ibero-

americano de

Cinema

Fortaleza/CE

u CINE PE

Festival do

Audiovisual

Recife/PE

u Curta-SE

Festival Ibero-

americano de

curtas metragens

de Sergipe

Aracaju/SE

u Festival

Guarnicê de

Cinema

São Luiz/MA

u Panorama

Internacional

Coisa de Cinema

Salvador/BA

u Seminário

Internacional

de Cinema e

Audiovisual

Salvador/BA

filmes brasileiros que chegam aos festivais ou entram em cartaz comercialmente na Europa são recebidos como tal, e não como sendo produzido em determinada região do país. “Claro que os filmes produzidos no Nordeste têm características próprias, uma lógica interna, que podem diferenciá-los dos feitos em outros lugares. Mas lá fora não levam isso em conta.”

Scarpellino acrescenta ainda que a maioria dos filmes contemporâneos exibidos na Euro-pa, em especial na Itália, mostram um Brasil exótico, folclórico, que dificulta uma interpreta-ção ampla da cultura brasileira. De acordo com ele, Árido movie, (2006), do pernambucano Lírio Ferreira, é um exemplo que vai na contra-mão dessa onda.

Sérgio Machado que prepara seu novo filme, A morte e a morte de Quincas Berro D’Água, adaptação do livro homônimo de Jor-ge Amado, têm uma visão um pouco diferente da do professor italiano. Para ele, os filmes bra-sileiros que chegam aos gringos possibilitam, na maioria das vezes, um diálogo com outras cinematografias. Cidade Baixa é um bom exemplo: um triângulo amoroso aparentemente desinteressante, que poderia ser filmado em qualquer cidade, chamou atenção dos críticos justamente pela sua “comunicação” com outras realidades.

Machado discorda do cineasta Walter Lima em relação aos festivais que acontecem pelo Nordeste: “Quanto mais, melhor, porque fo-mentam a produção, debates, além de ser um termômetro do mercado. E são nesses festivais que os filmes buscam seu lugar ao sol”. Já Walter Lima prefere apostar no poder de articu-lação dos produtores.

“seleção natural” - Se fosse só isso, tudo bem. Mas e o lobby das grandes distribuidoras e produtoras? Nisso, os dois enxergam o pro-blema do mesmo modo: há uma crise no mer-cado, só têm seus filmes exibidos nos cinemas - mesmo nas “salas de arte” - quem passa pela tal “seleção natural”, ou seja, pela peneira do mercado. Mas não basta ser um filme bacana, tem que dar lucro.

Esses moços

Esses moços

Eu me lembro

Eu me lembro

130 edição n#1 • 2008

Foto

s/D

ivul

gaçã

o

Page 131: Revista Zé - 01
Page 132: Revista Zé - 01

A cineasta e VJ da MTV Marina Person foca o drama dessa “seleção natural”. “Os filmes com um selo de uma grande produtora têm muito mais chances de chegar às telas do que um filme de baixo orçamento”, diz Marina, que dirigiu Person, cine-biografia de seu pai, o cineasta cult Luís Sérgio Person (de São Paulo S/A., 1965). “Além disso, tem também a questão dos ‘blockbusters’ e enlatados que povoam as nossas salas”.

E dá para resolver o impasse? Cláudio Assis sugere um protecio-nismo assumido: “Uma lei séria, com reserva de cotas de tela para garantir que os filmes brasileiros fossem vistos, seria muito melhor”. Conhe-cido pelo seu estilo visceral, o cineasta pernambucano chama de “imperialismo” a “invasão” de filmes estran-geiros nos cinemas do Brasil. Só talento, profissionalismo e criatividade, diz ele, não bastam.

De acordo com o portal Filme B (www.filmeb.com.br), especializado no mer-cado de cinema no Brasil, das dez maiores bilheterias de filmes nacionais deste ano, oito le-vam, de alguma forma, a marca Globo Filmes, e apenas um deles, Ó paí, ó!, de Monique Gardenberg, foi realizado no Nordeste. O filme é o sétimo em arrecadação, com público de quase 400 mil pessoas e cem cópias para distribuição, no total. Baixios das bes-tas, com dez cópias, fez um público de perto de 50 mil pessoas. Já Esses moços (2008), do cineasta baiano José Araripe Jr, ficou abaixo dos três mil pagantes nas sua seis cópias distri-buídas pela Pandora Filmes.

Contrariando os números, o

mercado de cinema no Nordeste resiste e cresce. Tanto em produções, quanto em pro-fissionais de cinema. No entanto, o que mais chama atenção nesse boom é “a profissiona-lização do mercado nos últimos anos”, como aposta Walter Lima Jr. Para ele, é necessário afirmar o Nordeste enquanto “rota” de pro-dução e discussão sobre o audiovisual.

Outro ponto favorável ao crescimento do cinema na região é a descentralização das verbas, a partir de políticas públicas - criadas pelo Ministério da Cultura - e de empresas privadas que querem associar suas marcas a projetos bacanas. Fazer cinema no Nordeste é ainda caminho agreste, mas vontade e talento não faltam. Basta um pouco mais de combustível, quer dizer, dinheiro.

Baixio das Bestas

a zé indiCalongas

1- Árido movie,

de Lírio Ferreira/PE

2- Baixio das bestas,

de Cláudio Assis/PE

3- Cidade Baixa,

de Sergio Machado/BA

4- Cinema aspirinas e

urubus,

de Marcelo Gomes/PE

5- Eu me lembro,

de Edgard Navarro/BA

6- Esses moços,

de José Araripe Jr./BA

7- O grão,

de Petrus Cariry/CE

8- Patativa do Assaré -

Ave Poesia,

de Rosemberg Cariry/CE

Curtas

1- A história da

eternidade,

de Camilo Cavalcante/PE

2- Câmara viajante,

de Joe Pimentel/CE

3- Dos restos e

das solidões,

de Petrus Cariry/CE

4- E aí, irmão?,

de Pedro Léo/BA

5- Noite de sexta,

manhã de sábado,

de Kleber Mendonça Filho/PE

6- Noite de marionetes,

de Haroldo Borges/BA

7- O meio do mundo,

de Marcus Vilar/PB

8- Transubstancial,

de Torquato Joel/PB

9- Vida Maria,

de Márcio Ramos/CE

10- 10 centavos, de

Cesar Fernando Oliveira/BA

AT u A l I D A D E S

132 edição n#1 • 2008

Page 133: Revista Zé - 01
Page 134: Revista Zé - 01

T u R I S m O

134 edição n#1 • 2008

lagoa de Jijoca

Foto

s -

Set

ur (C

E) /

Hot

el M

osqu

ito B

lue

Page 135: Revista Zé - 01

135

Jericoacoara

Encravada em meio

às dunas do litoral

cearense, está a praia

de Jericoacoara con-

siderada uma das dez

praias mais lindas do

mundo por diversas

publicações interna-

cionais, dentre elas o

jornal The New York

Times.

edição n#1 • 2008

Page 136: Revista Zé - 01

Alguns afirmam que o nome, de origem tupi-gua-rani, significa “buraco das tartarugas”, já outros dizem que é “jacaré tomando sol”, por causa do seu formato. Mas o que importa? Qualquer que seja a versão, a rea-lidade não muda: o lugar é um convite à tranqüilidade e a um contato inesquecível com a natureza. Lá, pode-se ver cartões postais irretocáveis: dunas móveis, lagoas de águas cristalinas, manguezais, coqueirais, praias de enseada, mar calmo e formações rochosas esculpidas majestosamente, a exemplo da Pedra Furada, resul-tado da erosão provocada pelas ondas, pelo tempo e o vento. Jeri, como é mais conhecida, fica a 300km de Fortaleza, tem em torno de 15 mil habitantes e foi descoberta pelos turistas estrangeiros nos anos 70, do século passado.

Área de Proteção ambiental (aPa) – O Parque Nacio-nal de Jericoacoara, criado em 2002, está situado nos municípios de Cruz, Jijoca de Jericoacoara e Camo-cim. Entre as maravilhas do parque está o campo de dunas, conhecidas como “barcanas”, em formato de meia lua, que exibe um visual raro. As formações, de areia fininha, podem chegar a 40m de altura e acom-panham quase toda extensão da área. Os manguezais, que margeiam o Rio Guriu, completam a paisagem.

A fama internacional não corresponde apenas aos atributos naturais. Em Jeri, a natureza preservada convive harmoniosamente com a beleza da arquitetura local da vila de pescadores e com a perfeita infra-

praia de Jijoca Vista noturna do hotel riacho

lagoa de Jijoca

136 edição n#1 • 2008

Page 137: Revista Zé - 01

suíte

entrada do hotel Mosquito Blue

nova piscina do hotel

sinuca com detalhe da piscina 137edição n#1 • 2008

Page 138: Revista Zé - 01

T u R I S m O

estrutura fornecida pelos hotéis e pousadas. Um bom exemplo é o hotel Mosquito Blue Jeri, localiza-do bem na beira do mar, ao pé da famosa Duna do Pôr do Sol. O hotel pertence a uma rede italiana, cuja ar-quitetura alia sofisticação e baixo im-pacto ambiental, garantindo conforto e bem-estar sem agredir a natureza. O restaurante Oceano, especializa-do em cozinha internacional, é um atrativo a mais para os amantes da boa mesa. E mais: todos os quartos têm vista para o mar, pátio e jardim; há um serviços de SPA; uma piscina ampla; bares e boutique; além de acesso às principais praias e lagoas de água doce.

happy hour – Ver o pôr-do-sol em Jeri, das dunas ou do farol, é a última pedida antes de conhecer a noite do lugar. A Vila oferece várias opções gastronômicas. São quaren-ta restaurantes com especialidades diversas, desde a cozinha regional, à italiana e até a refinada culinária fran-cesa. Em relação aos embalos da noite as opções são variadas: tem reggae, forró e techno ou quem sabe até um violão na beira do mar.

Kitesurf em Jeri

Div

ulga

ção

/ S

ec. d

e Tu

rism

o do

Cea

138 edição n#1 • 2008

u O melhor período para visitar a

região é entre julho e janeiro, por-

que a partir de fevereiro começam

as chuvas, que não são intensas,

mas podem atrapalhar os passeios.

u É bom lembrar que lá não exis-

tem agências bancárias ou caixas

eletrônicos. Por isso, é importante

levar dinheiro em espécie, pois nem

todos os lugares aceitam cartões

de crédito ou mesmo o tradicional

cheque.

u Se você for na alta temporada é

preciso agendar os passeios com

antecedência.

u Anualmente são realizados

eventos nacionais e internacionais,

pois as praias permitem a prática

de vários esportes aquáticos como

surf, kitesurf, windsurf e sandboard.

u Obtenha maiores informações

através do site da Secretaria de

Turismo do Ceará

(www.setur.ce.gov.br

Page 139: Revista Zé - 01

duna do funil

139edição n#1 • 2008

Page 140: Revista Zé - 01

140 edição n#1 • 2008

C O m P O R TA m E N T O

Page 141: Revista Zé - 01

: Aline Queiroz e Mel Adún : Dadá Jaques

edição n#1 • 2008 141

Primeira dama

Page 142: Revista Zé - 01

C O m P O R TA m E N T O

O mar que repousa logo atrás das estreitas vielas assiste diariamente a um vaivém incansável de homens, mulheres, cestos, animais, sentimentos, curiosidades, saberes e falares múltiplos. Em uma de suas entradas Iemanjá estende os braços na pintura do alto de uma parede sem reboco. Do seu lado direito seu vizinho é um rei, afinal, o Palácio é de Oxóssi. Se para entrar a opção for esta, é bom lembrar-se desses detalhes: na Bahia, pela porta que se entra, se sai, ou alguém vai se arriscar em deixar seu anjo da guarda desorientado por aí?

Com a licença da Mãe das Águas e do Caçador, lembrados no início, fomos atrás de outro guia. Um olhar

que transmitisse a natureza dos caminhos encruzados, dos sons indefinidos, mistérios ancestrais. E nessa procura o que não faltou foi Zé. De todo tipo, grande, pequeno, novo, velho, para todos os gostos. E foi no passo de seu Zé do Balaio que desbravamos esse mundo antes chamado Feira Sete, Água de Meninos e hoje São Joaquim. Uma rotina previsível para quem olha de fora, porque de dentro sabe-se apenas o que se procura, mas nunca o que de fato vai se encontrar.

Passa Zé do Balaio correndo e gritando com voz de mercador, “Ô da frente! Olha o balaio”, e a moça com o mocó atravessado, quase perde o rebolado, mas reclama baixinho, pra ela mesma, sobre o vaivém

todas os tipos de fé encontram espaço em são Joaquim

142 edição n#1 • 2008

Page 143: Revista Zé - 01

da feira em qualquer dia da semana. Como fadaram os nossos colonizadores portugueses, todo o dia é dia de feira. Segunda-feira, terça-feira, quarta-feira e por aí vai. Zé do Balaio não pára nem pra dar entrevista. Na feira como era em Wall Street, tempo é dinheiro e em horário de serviço, não há quem pare para descansar.

Com quase 50 anos, a feira é um cartão postal de Salvador. Com suas travessas e ruas estreitas é um labirinto para os marinheiros de primeira viagem. Cada metro quadrado revela as mais agradáveis e inusitadas surpresas. Nas barracas meio improvisadas encontra-se de tudo: raízes e sementes raras, cachaça de

levantar defunto, santos de todas as religiões e homens dormindo em sacas de feijão - branco, preto, mulati-nho, tropeiro e de corda - milho de galinha, branco, de pipoca e farinha pra todos os gostos.

A população de qualquer metrópole, quando pensa em feira ou mercado popular, pensa em interior. Vêm logo à memória as visitas aos familiares, as fazendas, os sítios e os pequenos vilarejos espalhados por todo o Brasil. A famosa feira do sábado para comprar frutas, carnes, verduras ou artesanato para levar como lem-brança para alguém da cidade.

A Feira de São Joaquim é para os soteropolitanos

zé do Balaio equilibra seu “ganha pão” pelas vielas da feira

143edição n#1 • 2008

Page 144: Revista Zé - 01

C O m P O R TA m E N T O

e turistas esse pedaço do interior plantado na capital. Panelas, galos, tomates, pimentas de todas as cores (roxa, vermelha, amarela, verde, rosa), conquéns, fios de miçangas, cigarros de palha, fumo, cachaça, paçocas, camisas, medalhas, banhos contra o famoso mal olhado. Tudo isso e muito mais é visto ao dar os dez primeiros passos na feira. Cheiros e cores dos mais variados invadem os sentidos e, se não tomarmos cuidado, nos perdemos em meio a um mundo quase infinito de sensações.

É por causa de todos esses sentimentos que res-taurantes finos da capital baiana buscam na feira sua inspiração. Beto Pimentel, cozinheiro e dono do Para-

íso Tropical – Beto não admite ser chamado de chefe, apesar de ser aplaudido e reconhecido em todo o mundo por suas reinvenções gastronômicas – diz que sua relação com as feiras populares começou ainda na infância. Mas, seu carinho especial sempre foi pela antiga Água de Meninos; gostava de ver os porcos amarrados brincando, a variedade de frutas e de cores. “Aquilo tudo continua zoando na minha cabeça de menino”. Os pratos de Beto são fiéis a essa memória.

Um pedaço das feiras populares tem como en-dereço o bairro mais boêmio e nobre de Salvador, o Rio Vermelho. O restaurante Dona Mariquita. Do lado de fora cortinas de rechilier já emprestam um charme

Moqueca criada pelo “cozinheiro” Beto pimentel com frutas variadas e no lugar do óleo de dendê o próprio fruto

144 edição n#1 • 2008

“EU ADORO FARTURA E A FEIRA PRA MIM REPRESENTA FARTURA” (Leila Souto Carreiro-chef)

Page 145: Revista Zé - 01

todo especial ao lugar. Lá dentro a surpresa, cerâmicas típicas das feiras, lustres de chitas e casas de taipa. A proprietária e chef Leila Souto Carreiro conheceu a feira meio a contragosto pelas mãos da mãe. Ia quase toda semana fazer compras e aproveitava para almoçar por lá. Apesar de achar o lugar todo muito diferente, não resistia ao sabor das comidas. E foi essa sua idéia. Reproduzir aquelas guloseimas: “um restaurante de comida baiana que fugisse da moqueca, um lugar que servisse comida de feira mesmo, mocofato, sarapatel, rabada. Tudo isso com conforto e segurança”.

Um outro olhar pode fazer de uma feira popular o lugar perfeito para encontrar objetos de decoração e design e ver entre centenas de itens a peça perfeita para ornamentar os mais elegantes dos ambientes. O renomado arquiteto Sidney Quintela é um dos donos desse olhar atento. Segundo ele, seu trabalho parte da observação das novas tendências numa socieda-de metropolitana. “Daí surge a necessidade de rever conceitos, adaptá-los aos novos tempos, sem perder de vista a influência do local, a interferência do entorno e a natureza como componente dominante do projeto.” São Joaquim também já inspirou o designer Paulo Henrique Souza. “Tudo que vem do universo popular é fonte de inspiração sempre, seja pra moda, música ou arquitetura.” Ele afirma ainda que a moda do nordeste encanta mais quem vem de fora: “aqui as pessoas já estão acostumadas com os elementos e a conseqüên-cia do cotidiano é banalizar”.

o santo – São Joaquim, homem pio, segundo algumas histórias cristãs, foi casado com Sant’Ana – mulher idosa e estéril - que engravidou graças às orações do marido e deu a luz a Maria Santíssima, mãe de Deus. É o protetor dos avós, das costureiras e dos caseiros. É para ele e Sant Ana também que muitos casais rezam para poder ter filhos. Mas como ele virou nome de feira? Zé do Balaio, na hora do almoço, disse que deve ter sido algum devoto, com grande fé no santo, mas que ele se agarra mesmo a Santo Antônio que, apesar de ser normalmente lembrado quando se procura um casamento, é oficialmente o protetor dos feirantes.

detalhes de artesantos em cerâmica do restaurante dona Mariquita

Muitos artesantos da feira podem ser utilizados como objetos de decoração

145

“TUDO QUE VEM DO UNIVERSO POPULAR é FONTE DE INSPIRAçãO SEMPRE, SEJA PRA MODA, MúSICA OU ARQUITETURA”

edição n#1 • 2008

Page 146: Revista Zé - 01
Page 147: Revista Zé - 01

147edição n#1 • 2008

BEm vINDoS Ao DELÍCIA! AquI NESSE ESPAço A zé

PASSEARá PELoS EvENtoS mAIS BADALADoS DAS

PRINCIPAIS CAPItAIS NoRDEStINAS. E, PARA INAu-

GuRAR NoSSA CoBERtuRA, o delícia tRAz A fES-

tA DE LANçAmENto DA NExtEL Em SALvADoR. umA

NoItE REChEADA DE GRANDES EStRELAS. vANESSA

DA mAtA, CARLINhoS BRowN, mARINA LImA, mARGA-

REth mENEzES E ALINE RoSA SuBIRAm Ao PALCo

E fIzERAm DA NoItE um vERDADEIRo ACoNtECI-

mENto. tAmBém fomoS Ao BAhIA GouRmEt, quE

REuNIu ALGuNS DoS cHefs, gOurMets E gOur-

Mands mAIS REquISItADoS Do PAÍS. AComPANhA-

moS AS INAuGuRAçõES DAS BELAS LojAS LE LIS

BLANC, No SALvADoR ShoPPING, E vILLA PARADo-

xuS, No mAIS Novo ENDEREço DA CIDADE, o PASEo

ItAIGARA. AINDA NA CAPItAL SotERoPoLItANA, A

ABERtuRA Do ESCRItóRIo Do tALENtoSo ARquItE-

to SIDNEy quINtELA REuNIu GRANDES NomES DA

ARquItEtuRA, ENGENhARIA E REPRESENtANtES Do

mERCADo ImoBILIáRIo Do PAÍS. tuDo ISSo uNIDo à

SImPAtIA E ALEGRIA CoNtAGIANtE Do ANfItRIão.

DE foRtALEzA, o delícia tRAz A CoBERtuRA Do

CEARá SummER fAShIoN, RECoNhECIDAmENtE um

DoS mAIS DEStACADoS EvENtoS DE moDA Do PAÍS,

quE REuNIu GLoBAIS, A SoCIEDADE E toDoS oS

fAShIoNIStAS CEARENSES. Em RECIfE, o BRAS-

tEmP hoSt CLuB movImENtou oS PERNAmBuCANoS

Em umA LINDA fEStA BLACk-tIE, oRGANIzADA PELo

ARquItEto mARIo BAô. quEm NoS CoNtA tuDo é o

CoLuNIStA ANDRé wANDERLEy, quE SEmPRE EStA-

Rá PoR AquI NoS DEIxANDo INfoRmADoS SoBRE o

quE ACoNtECE DE mELhoR NA tERRA Do fREvo. A

CoLuNIStA E BADALADÍSSImA thAïS BEzERRA, quE

RECENtEmENtE ComPLEtou 30 ANoS DE joRNALIS-

mo, tRAz DA mINhA AmADA ARACAju A CoBERtuRA

Do LANçAmENto Do LoNGA Orquestra dOs Meni-

nOs, RoDADo Em SERGIPE E PRotAGoNIzADo PELoS

AtoRES muRILo RoSA, PRISCILA fANtIN E othoN

BAStoS.

E ISSo é Só o ComEço. A CADA EDIção AmPLIARE-

moS AINDA mAIS o foCo DE NoSSA CoBERtuRA.

DELICIEm-SE!

LICIA fABIo

Dad

á Ja

ques

Page 148: Revista Zé - 01

148 edição n#1 • 2008

1

5 6 7

8 9 10

2 3 4

Page 149: Revista Zé - 01

NExtEL BAhIAD E L Í C I A - B A h I A

A ExPANSão DA NExtEL PARA o NoRDEStE, quE vAI ALCANçAR, Em PRINCÍPIo, AS tRêS mAIoRES CAPItAIS, ComEçou PoR SAL-

vADoR. o PRESIDENtE DA EmPRESA, SéRGIo ChAIA, RECEBEu um SELEto GRuPo DE CoNvIDADoS No REStAuRANtE AmADo, ENtRE

EmPRESáRIoS, ExECutIvoS, PoLÍtICoS, foRmADoRES DE oPINIão E ImPRENSA. DEPoIS DE um BREvE DISCuRSo, CoNvIDANDoA A

ComuNIDADE BAIANA A fAzER PARtE Do CLuBE NExtEL, ChAIA ANuNCIou AS EStRELAS DA NoItE: vANESSA DA mAtA, CARLINhoS

BRowN, mARINA LImA, mARGAREth mENEzES, ALINE RoSA E Dj zé PEDRo – quE ANImou A PIStA DE DANçA Até ALtAS hoRAS.

1 mARINA LImA, mARGAREth mENEzES, ALINE E CARLINhoS BRowN 2 Dj zé PEDRo 3 LARISSA BICALho E PAuLA ALmENDRA

4 mARCELA BAhIA E BowNIE BoNILhA 5 SéRGIo ChAIA 6 ANDRéIA E ARtuR mAIA 7 oLIvIA LIBóRIo E EStEvão tERCEIRo

8 mAuRÍCIo mAGALhãES, toNI E mIRELA mAChADo 9 jEL E kARINE quEIRoz 10 fABIo toLEDo E máRIo CARottI 11 CARLoS

RoDEIRo 12 hEItoR REIS 13 NADjA vALENtE 14 ANDRé E ANA CRIStINA PEREIRA 15 mICAELLE fERNANDES 16 tAtI moRENo E LuIz

mIRANDA 17 ANA vALéRIA 18 ANA mARquES

149

6

8

Foto

s de

Dad

á Ja

ques

edição n#1 • 2008

11 12 13 14 15

16 17 18

Page 150: Revista Zé - 01

1 2

3

4

5

150 edição n#1 • 2008

Page 151: Revista Zé - 01

BAhIA GouRmEtD E L Í C I A - B A h I A

PâtISSERIE Com umA PItADA DE DENDê? A ComBINAção, quE A PRINCÍPIo PoDE CAuSAR CERto EStRANhAmENto, tRADuzIu BEm

o tom Do BAhIA GouRmEt, EvENto GAStRoNômICo quE movImENtou A CAPItAL BAIANA. cHefs RENomADoS E um PúBLICo AmAN-

tE DA BoA mESA CoNfERIRAm, NoS quAtRo DIAS DE PRoGRAmAção, o mELhoR DA GAStRoNomIA NACIoNAL E INtERNACIoNAL,

APRESENtADo Em AuLAS, DEBAtES, DEGuStAçõES, ALém DE umA ExPoSIção vARIADA DE PRoDutoS E mARCAS DEStACADAS.

A CuRADoRIA fICou PoR CoNtA Do cHef E restaurateur EDINho ENGEL, Com REALIzAção DA LICIA fABIo PRoDuçõES E DA

ICoNtENtI, EmPRESA DA REDE BAhIA DE ComuNICAção.

1 BEL BoRBA E EDINho ENGEL 2 A ChEf CARLA PERNAmBuCo 3 oS ChEfS CARoLINA BRANDão E CARLoS SIffERt 4 tERE PERIN,

EDINho ENGEL E A joRNALIStA LINDA BEzERRA Do CoRREIo 5 ANA mARquES E A PRImEIRA DAmA fátImA mENDoNçA 6 BEL E

ANA mARquES Com mIChELE mARIE E ANtoNIo vIEIRA 7 joSImAR mELo E EDINho ENGEL 8 wILtoN oLIvEIRA, joSé hENRIquE,

GILSoN SANtoS E ALExANDRE LuéRCIo 9 o ChEf LuCIANo BoSSEGIA, DIEGo BADARó E PAuLo hENRIquE SouzA

6 7

8 9

Foto

s de

Dad

á Ja

ques

e K

alia

ne B

arbo

sa

edição n#1 • 2008 151

Page 152: Revista Zé - 01

1

2 3

4 5

152 edição n#1 • 2008

Page 153: Revista Zé - 01

BAhIA GouRmEt ChEfSD E L Í C I A - B A h I A

A CozINhA Do BAhIA GouRmEt RECEBEu GRANDES NomES DA GAStRoNomIA NACIoNAL.

1 BEto PImENtEL E mARIA vICtoRIA 2 SéRGIo ARNo 3 vIko tANGoDA 4 CIçA Roxo

5 vItoR CASSINI 6 fABRICE LENuD 7 mARIA vICtoRIA E CIçA Roxo 8 CéSAR

SANtoS 9 mARC LE DANtEC E BEto PImENtEL 10 EmANoEL BASSoLEIL 11 fLávIo

mIyAmuRA 12 fLávIo fEDERICo

6 7 8 9

10 11 12

Foto

s de

Dad

á Ja

ques

e K

alia

ne B

arbo

sa

153edição n#1 • 2008

Page 154: Revista Zé - 01

154 edição n#1 • 2008

1 2

3

4

56

Page 155: Revista Zé - 01

PARADoxuSD E L Í C I A - B A h I A

REGINA E ALINE wECkERLE INAuGuRARAm Em GRANDE EStILo A vILLA PARADoxuS, No PASEo ItAIGARA, o mAIS

RECENtE pOint DE ComPRAS DA CIDADE. A fEStA REuNIu AS fIDELÍSSImAS CLIENtES DA LojA, DENtRE AS quAIS A

EmPRESáRIA ANA mARquES, ESPoSA DE BEL mARquES, E A muSA DE RICARDo ChAvES, A BELA PAtRÍCIA ChAvES. o

PRojEto foI ASSINADo PELo ARquItEto DAvID BAStoS. AS NovIDADES DA LojA São o CAfé BIStRô – CAfé DIvINo

PECADo - E umA joALhERIA ComANDADA PELA DESIGNER ELIANE ottoNI.

1 DéBoRA fISChER, BEth NovAES E BuBA wECkERLE 2 CARoLINA vILELA E ANA mARquES 3 ANDERSoN E ELIANE

ottoNI 4 SINIzIA CoRREIA, ANA LúCIA E LIA fRANk 5 GERALDo SouzA, CoNCEIção quEIRoz, REGINA E LISE wECkER-

LE 6 REGINA, INGRID E ALINE wECkERLE 7 REGINA wECkERLE E DAvID BAStoS 8 kAtIA LISBoA 9 PAtRICIA ChAvES

10 mIChELE mARIE E kARLA BoRGES 11 mARCELA Do RIo E ANANDA DARzé 12 SANy 13 RoDRIGo ANDRADE, mARCoS

mELLo, mARCo fILho E ANDRé

155

8 9 10

12 13

7

11

Foto

s de

Dad

á Ja

ques

edição n#1 • 2008

Page 156: Revista Zé - 01

156 edição n#1 • 2008

1 2

3

4

5

6

Page 157: Revista Zé - 01

SIDNEy quINtELAD E L Í C I A - B A h I A

A ALEGRIA Do ARquItEto SIDNEy quINtELA ERA CoNtAGIANtE NA NoItE DE INAuGuRAção DA NovA SEDE Do SEu

ESCRItóRIo. umA fEStA PARA mAIS DE 400 CoNvIDADoS quE REuNIu ImPRENSA, CLIENtES, PARCEIRoS E AmIGoS. A

PIStA DE DANçA “BomBou” Até AS 5h SoB o ComANDo Do Dj NIkImA.

1 tAISE ARAujo, RAfAEL LARANjEIRAS, SAmARA oIDA, RAquEAL mAGNAvItA, LuISA vASCoNCELoS 2 RAfAEL fER-

NANDEz E SARAh vIAN 3 SIDNEy quINtELA E SuA ESPoSA fLávIA SANtANA 4 CARLoS E CIDA BARRAL E LAuRo

mENEzES 5 ANA fERRER E NADjA SEttE 6 PAuLo E RoBERtA CoELho 7 GuIDo RAmoS 8 mAGALI SANtANA 9 joSIAS

mARquES 10 SIDNEy quINtELA, ANtoNIo vIEIRA E mIChELE mARIE 11 mARLENE foCkINk E SIDNEy quINtELA 12 NIL

PEREIRA E joSé CARLoS GomES 13 CLEmILtoN REzENDE E jAIRo ALmEIDA

157

7 8 9 10

11 12 13

Foto

s de

Luí

s M

arce

lo L

ord

edição n#1 • 2008

Page 158: Revista Zé - 01

1 2

3 4

5 6

158 edição n#1 • 2008

Page 159: Revista Zé - 01

LE LIS BLANCD E L Í C I A - B A h I A

AS toPS DANIELA CICARELLI E GIANNI ALBERtoNI foRAm AS CoNvIDADAS ESPECIAIS PARA A INAuGuRAção DA NovA LojA

DA LE LIS BLANC No SALvADoR ShoPPING. AS ANfItRIãS fABIANA GAmA, mARIANA oRDINI E CRIS DELL’AmoRE APRE-

SENtARAm o AmBIENtE, ASSINADo PELo ARquItEto SIG BERGAmIN, E umA NovIDADE PARA oS SotERoPoLItANoS: A LE

LIS BLANC CASA. oS tEmAS Do ALto vERão DA mARCA São A ÍNDIA E oS rainBOws DoS ANoS 70. AS CoRES vIBRANtES

foRAm INSPIRADAS NAS PINtuRAS DE fRIDA kALo.

1 máRCIA SALLES E REGINA LEItão 2 CRIStINA mAtSuokA, mELISSA GoNDIm, DANIELA DE moRAES, CARLA SAmPAIo E

mELCA ELoy 3 DANIELA CICARELLI, mARIANA oRDINI E GIANNI ALBERtoNI 4 mARCELo CoStA E RoGéRIo mENEzES 5 ELIANE

CAvALCANtI E máRCIA SALLES 6 joRGE ANtuNES, LAuREANE CAvALCANtI, fERNANDo RoChA E IvâNIA NuNES 7 LuzIA

SANthANA 8 juLIEtA ISENSéÈ 9 fABIANA GAmA E CRIS DELL’AmoRE 10 Dj máRCIo SANtoS 11 LojA

Foto

s de

Kal

iane

Bar

bosa

7 8 9

10 11

159edição n#1 • 2008

Page 160: Revista Zé - 01

160 edição n#1 • 2008

1 2 3

4

5

6

Page 161: Revista Zé - 01

CEARÁ SUMMER FASHIOND E L Í C I A - C E A R á

Em foRtALEzA, A 24º EDIção Do CEARá SummER fAShIoN moStRou, mAIS umA vEz, A PujANçA Do SEtoR No

NoRDEStE. EStRELAS GLoBAIS E toPS Do mAIS ALto NÍvEL DESfILARAm AS CRIAçõES DE EStILIStAS E mARCAS

RENomADAS, tRANSfoRmANDo o mARAPoNGA mARt moDA No LuGAR mAIS BADALADo DA CIDADE, NoS quAtRo DIAS

DE EvENto.

1 tIAGo RoDRIGuES 2 DESfILE CoLméIA 3 mALvINo SALvADoR 4 PAoLA oLIvEIRA 5 moDELoS/hANDARA 6 moDELoS/

hANDARA 7 DESfILE CoLméIA 8 CARoL CAStRo 9 DESfILE oNILEv 10 DESfILE DIuNCoRPo 11 BACk StAGE 12 DESfILE

CoLméIA 13 BACk StAGE

Foto

s de

Nic

olas

Gon

dim

, Alin

e Va

lver

de e

Jar

bas

Oliv

eira

edição n#1 • 2008 161

7 8 9 10

11 12 13

Page 162: Revista Zé - 01

162 edição n#1 • 2008

1 2

3

Page 163: Revista Zé - 01

BRASTEMP HOST CLUBD E L Í C I A - P E R N A m B u C o

“esse eventO surgiu dO cOnvite da BrasteMp para 16 pernaMBucanOs se tOrnareM Os anfitriões dO prOjetO

BrasteMp HOst cluB, Onde cada uM preparOu uMa festa de acOrdO cOM sua preferência. escOlHi fazer uMa

festa Black-tie siMplesMente pelO fatO de nunca ter participadO de nenHuMa na cidade. Há anOs recife nãO via

uMa festa cOM traje de gala. escOlHi O salãO panOrâMicO dO HOtel dOrisOl pOr acHar O lOcal Mais adequadO

para O luxO e glaMOur que a festa exigia. a decOraçãO taMBéM seguiu Os MOldes dOs tradiciOnais Bailes Black-

ties, assiM cOMO Menu e seleçãO Musical, BeM inspirada nOs anOs 70 e 80 pela dj ana clara MarinHO”

tuDo ISto tRANSfoRmou A fEStA Num mARCo NA CIDADE NEStA tEmPoRADA.

máRIo BAô é ARquItEto E fEStEIRo DE CARtEIRINhA, DESIGNER DE EvENtoS E Com umA vAStA LIStA DE AmIGoS quE SEmPRE

ESPERAm DELE INovAçõES E SuRPRESAS. umA LIStA SELEtA E ANImADA DE CoNvIDADoS oNDE váRIAS tRIBoS SE ENCoNtRA-

RAm E CoNfIRmARAm quE A GRANDE SACADA, o GRANDE SEGREDo, DE umA ANImADA fEStA São oS CoNvIDADoS. ou SEjA,

umA vERDADEIRA fEStA Com tuDo quE tEm DIREIto ALém Do INuSItADo E A ELEGâNCIA quE o tRAjE ExIGE.

1 ANA CECILIA E GEoRGE LEAL 2 AS GêmEAS CLAuDIA E CRIStINA SouzA 3 mARIo BAô E A joRNALIStA DALIANA mARtINS

4 ISABEL DIAS 5 RENAtA LAvAREDA E mILu mEGALE 6 SABRINA BARBoSA E EDuARDo DuARtE 7 vERA ARAujo E GuILhERmE

EuStáquIo 8 DALIANA mARtINS NoS BRAçoS DE xu oLIvEIRA, DuDu vASCoNCELoS, RoSSANo ARAujo, mARIo BAô, wILtoN

vIEIRA E ARmANDINho PuGLIESI 9 vIStA GERAL 10 ANImAção Do EvENto

PoR mARIô BAô

Div

ulga

ção

edição n#1 • 2008 163

108 9

4 5 76

Page 164: Revista Zé - 01

164 edição n#1 • 2008

1 2

3

4

5

6

Page 165: Revista Zé - 01

ORQUESTRA DOS MENINOSD E L Í C I A - S E R G I P E

NoItE DE muItA ALEGRIA E REALIzAção NA PRé-EStRéIA Do fILmE Orquestra dOs MeninOs Em ARACAju. o LoNGA foI

INtEIRAmENtE RoDADo Em SERGIPE. o GovERNADoR mARCELo DéDA E A PRImEIRA-DAmA ELIANE AquINo ComPARECERAm Ao

EvENto E, LoGo DEPoIS, ofERECERAm um jANtAR No PALáCIo DE vERANEIo A toDA EquIPE Do fILmE. o ELENCo CoNtou

Com oS AtoRES othoN BAStoS, muRILo RoSA E PRISCILA fANtIN, ALém DE PRoDutoRES E AtoRES SERGIPANoS A ExEmPLo

Do vEtERANo oRLANDo vIEIRA.

1 muRILo RoSA E PRISCILA fANtIN 2 muRILo RoSA, mozARt - o mAEStRo PERNAmBuCANo, othoN BAStoS E PRISCILA

3 muRILo Com o GovERNADoR DE SERGIPE mARCELo DéDA, o PRESIDENtE Do BANESE joão ANDRADE E A SECREtáRIA DE

ComuNICAção hELoÍSA GALDINo 4 mARCELo DéDA E o AtoR SERGIPANo LuIS CARLoS REIS 5 mARCELo DéDA, o PRESIDENtE

DA BR DIStRIBuIDoRA joSé EDuARDo DutRA, PRISCILA E o DIREtoR Do fILmE PAuLo thIAGo 6 muRILo RoSA Com oS

AtoRES SERGIPANoS 7 joão ANDRADE E PRISCILA 8 DéDA E o AtoR oRLANDo vIEIRA 9 DéDA E PRISCILA 10 muRILo RoSA

E fãS 11 GAuCIA CAmARGo E othoN BAStoS

Foto

s de

Már

cio

Dan

tas

edição n#1 • 2008 165

7 8 9

10 11

Page 166: Revista Zé - 01
Page 167: Revista Zé - 01

O pernambucano Lenine está viajando pelo Brasil com seu novo cd intitulado Labiata. O nome sugestivo revela o amor do artista pelas orquídeas, e em especial, a espécie Labiata. O álbum reúne 11 faixas inéditas, sendo duas composições próprias e outras nove

criadas em conjunto com Arnaldo Antunes, Dudu Falcão, Paulo César Pinheiro e Bráulio Tavares. Destaque para a parceria em Samba e Leveza, com o também pernambu-cano Chico Science, ex-vocalista da banda Nação Zumbi, morto em 1997.

1

lenine lança “laBiata”

Div

ulga

ção/

Nan

a M

orae

s

edição n#1 • 2008 167

Page 168: Revista Zé - 01

O evento de golfe Faldo Series Grand Final, foi re-alizado na Bahia, na Costa do Sauípe. Foi a primeira vez que aconteceu fora da Inglaterra. Com a participação de Nick Faldo, grande nome do golfe internacional,

mais de 80 jovens de todo o mun-do puderam disputar algumas parti-das com os campeões no esporte. A Faldo Series Grand Final é a única competição no mundo que oferece esta oportunidade como prêmio para atletas juvenis.

É o nome do novo livro que o paraibano Ariano Suassuna apresenta ao público. É uma compilação de textos de sua autoria sobre arte, religião, filosofia e política. São ensaios escritos ao lon-go de mais de 60 anos de produção e mostram um conjunto do pensa-mento desse escritor, dramaturgo e poeta. A seleção, organização e o prafácio são de Carlos Newton Jú-nior e foi editado pela José Olympio. O Armorial, do título, remete ao mo-vimento criado por Suassuna, que defende uma arte erudita, baseada na cultura popular, com a idéia de combater o processo de vulgariza-ção e descaracterização da cultura brasileira.

salVador e o golFe aleMão

Div

ulga

ção/

Zeca

Res

ende

s

Div

ulga

ção/

Edi

tora

Jos

é O

lym

pio

2

168 edição n#1 • 2008

Page 169: Revista Zé - 01

A Bienal foi realizada en-tre os dias 12 e 21 de no-vembro e teve como tema “A aventura cultural da mestiçagem”. Uma home-nagem especial foi pres-tada a Chico Anysio. Nada mais justo: este cearense é humorista, ator, compositor e ar-tista plástico, mas tem um talento todo especial como dramaturgo e roteirista, com 22 livros escritos. Após a homenagem, ele autogra-fou o seu mais recente livro Três casos de polícia, que lançou pela

Escrituras Editora. São três histó-rias diferentes que misturam ficção e realidade.A Bienal ocupou uma área superior a 3.000m2, no Centro de Conven-ções do Ceará, recebeu cerca de 70 convidados estrangeiros – e mais de cem participantes do Brasil – que participaram de debates, pa-lestras, encontros e lançamentos. O evento foi promovido pelo Go-verno do Ceará, em parceria com o Sindicato do Comércio Varejista de Livros do Estado do Ceará (Sindili-vros), e patrocínio da Petrobras.

troFéu sereia de ouro 2008

No seu 38º ano o troféu Sereia de Ouro homenageou a escritora Ana Miranda – autora do romance Boca do inferno, que uma recriação do Brasil Colonial e tem como principais personagens o poeta Gregório de Matos e o padre Antonio Vieira; o deputado federal, hoje ministro da Previdência Social, José Barroso Pimentel; o pesquisador José Osvaldo Beserra Carioca – que tem destaque em trabalhos que buscam o desenvolvimento de energias limpas; e o ministro do Tribunal de Contas da União, Ubiratan Diniz de Aguiar – que também é poeta bissexto. O troféu é entregue pelo Sistema Verdes Mares, que pertence ao Grupo do empresário Edson Queiroz, o idealizador da comenda. O evento aconteceu no final de setembro. A entrega realiza-se anualmente e homenageia personalidades que se destacaram em sua atividade profissional, ajudando a projetar o estado do Ceará.

edição n#1 • 2008 169

A primeira-dama do Esta-do, Eliane Aquino, recebeu o famoso estilista paulista Fause Haten para um almo-ço no Palácio de Veraneio.Ele veio conhecer de perto o trabalho de rendeiras e bordadeiras sergipanas

- que integram a qualificada equipe de artesanato do Sebrae/SE - para firmar uma parceria de trabalho com o seu ateliê. Em breve as elegantes do Sul do país vão usar modelos de Fause Haten desenvolvidos pelas mãos ta-lentosas dessas nordestinas.

Div

ulga

ção

A primeira dama Eliane Aquino, Fause Haten e Thais Bezerra

5

Page 170: Revista Zé - 01

170 edição n#1 • 2008

9

gruPo carreFour eM aracaju

rota daseMoções

A criação da Agência de Desenvolvimento Regional Sustentável (ADRS) foi um passo importante para o desenvolvimento do turismo nos estados do Ceará, Piauí e Maranhão, roteiro conheci-do como CEPIMA. A instituição é a responsável pela operacionalização da Rota das Emoções, primeiro consórcio turístico brasileiro representado pelos governos dos respectivos estados e que tem como principais metas a promoção, divulgação, qualificação profissional e melhoria de infra-estrutura na região que compreende os Lençóis Maranhen-ses, Baixo do Parnaíba – maranhense e piauiense – litoral do Piauí, Serra da Ibiapaba, litoral de Camocim e Acaraú. No Ceará, as mudanças já começaram com a obra, em andamento, da rodovia Granja/Viçosa, que ligará a Serra de Ibiapaba à Camocim criando mais um atrativo turístico

A Rede Atacadão foi incor-porada ao Grupo Carrefour em 2007. Nesse ano, abriu sua primeira loja em Aracaju (SE), ocupan-do uma área construída de cerca de 20 mil metros quadrados e tem mais de oito mil itens à disposição dos clientes. O Atacadão, que é líder no ramo de atacado no país, possui 44 lojas em 11 estados e no DF, empregando mais de 15 mil pessoas.

O consagrado estilista Ro-naldo Fraga, mineiro de nascimento, foi o destaque da primeira edição do Pla-za Moda, que apartir dessse ano passa a ser parte do ca-lendário anual de eventos do Plaza Shopping, em Recife. O encontro fashion aconteceu entre os dias 14 e 26 de outubro. Ronaldo mos-trou peças da sua exposição “Memó-rias para Vestir” – que tem modelos de várias coleções do estilista já mostra-das em cidades como Londres, Tóquio e São Paulo. O Plaza Moda também promoveu debates, abertos ao públi-

co, que pode interargir, sobre a relação entre a moda e os seguintes temas: comportamento, gastronomia, cultura e arquitetura. Ronaldo Fraga seguiu depois para o Japão afim de participar da exposição “When Lives Become Form”, que tem como tema a criatividade brasileira e vai ficar no Museu de Arte Contempo-rânea de Toquio até janeiro de 2009. Ronaldo vai apresentar uma instalação com o vídeo da música Insensatez que é cantada por Fernanda Takai (do Pato Fu), enquanto ele participa rabiscando e desenhando vestidos de papel usa-dos por ela.

Div

ulga

ção/

Fran

cice

Ram

os

Page 171: Revista Zé - 01
Page 172: Revista Zé - 01

jorge aMado no cineMa

A história de Pedro Bala e seus amigos, escrita em 1936 e lançada em livro em 1938, já ganhou versão ci-nematográfica e televisa em 1971 e 1989, respectiva-mente. As gravações já fo-ram iniciadas e as primeiras cenas foram feitas em Cote-gipe, município de Simões Filho (BA). A idéia de Cecí-lia é utilizar uma linguagem mais moderna para atrair o público jovem. Para come-çar, o compositor Carlinhos Brown assina a música do filme.

Div

ulga

ção

/ G

uy G

onça

lves

Wiill

iam

Fog

tman

/ D

ivul

gaçã

o

paulo, robrio, ana e Jean - os protagonistas.

ceclia amado172 edição n#1 • 2008

Page 173: Revista Zé - 01
Page 174: Revista Zé - 01

174 edição n#1 • 2008

12

13

MiaMi coM Bahia

Os baianos e seus visitantes não pre-cisam mais sair do estado para che-gar aos Estados Unidos. A terra do tio Sam e a de todos os Santos agora estão ligadas por um vôo diário da American Airlines. O vôo inaugural aconteceu no início de novembro e contou com a presença do gover-nador da Bahia Jaques Wagner e da primeira dama Fátima Mendonça. Em menos de dez horas o Boeing 767-300, de 223 lugares, faz o trajeto entre as duas cidades. A aeronave decola da Flórida as 21h10 e, sem escala, chega às 07h20 em Salvador. Na volta, o vôo sai às 10h30, faz uma escala em Recife (PE) e pousa as 17h45 do mesmo dia em solo americano.

A arte da gastronomia brasileira ensaiou sabo-res e segredos no Bahia Gourmet, evento com curadoria de Edinho En-gel e organização da Lí-cia Fábio Produções e da empresa iContent. Um encontro que reuniu chefs na-cionais e internacionais e apresentou uma ampla exposição de vinhos, bebidas, produtos e insumos, que o Nordeste jamais viu. Dos mais sim-ples aos mais sofisticados. O mega evento uniu a gastronomia e a cultu-ra regional ao que há de mais mo-derno e sofisticado e promete fixar-se como uma marca no cenário das atividades gastronômicas e culturais da Bahia e do Brasil.

de aracaju serÁ reForMado

O aeroporto Santa Ma-ria, em Aracaju, será to-talmente reformado. O convênio assinado entre o Governo de Sergipe e o Governo Federal, repre-sentados pelo governador Marcelo Déda e o presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) Sérgio Gaudenzi, permitirá que o aeroporto da capital enqua-dre-se nos padrões observados em outros equipamentos já reformados, inclusive para vôos internacionais. Caberá a Infraero investir na obras que se relacionem diretamente à infra-estrutura do aeroporto: pista de pouso, pátio das aeronaves e o novo terminal de passageiros. Ao Governo do Estado ficou a respon-sabilidade de financiar todas as obras necessárias para a melhoria do entorno da estação aeroviária. O investimento será de R$250 milhões.

Kal

iane

Bar

bosa

Page 175: Revista Zé - 01
Page 176: Revista Zé - 01

176 edição n#1 • 2008

A Casa Cor foi adquirida, neste ano, pelo Grupo Abril S/A e o Grupo Doria Asso-ciados. Desde Fundada em 1987, a Casa Cor possui hoje, além de São Paulo, 12 franquias no Brasil e três no exterior. Sinônimo de bom gosto, no Nor-deste ela é realizada nas cidades de Salvador, Recife e Fortaleza. Em Salvador, a Casa Cor Bahia está no seu décimo quarto ano e. em 2008, realizou-se no Hotel da Bahia, empreendimento da déca-da de 1950, símbolo de requinte e glamour da época. O evento teve a supervisão do arquiteto Rogério Menezes e homenageou a Bossa Nova - relembrando o sofisticado simples do movimento musical.

No Ceará, a responsabilidade am-biental foi a palavra de ordem. Sus-tentabilidade e acessibilidade nor-tearam os projetos apresentados na mostra, que completou 10 anos. A Casa Cor Ceará fez uma home-nagem, in memorian, ao presidente do grupo de comunicação O Povo, Demócrito Dummar, com um espa-ço de noventa metros quadrados, em tons rústicos e aconchegantes, denominado“Varanda”.Na capital Pernambucana a idéia foi mostrar ambientes variados para uma casa completa. Também na sua décima edição, o evento ho-menageou a arquiteta Janete Costa e mergulhou no regionalismo pas-sando pela história política e social do Estado.

noVos resorts eM alagoasO Salinas Maceió Beach Resort é o mais novo re-sort da capital alagoana.

Ele fica na praia de Ipioca, que tem águas mornas e calmas, areias brancas, formações de corais e muitos coqueiros. O empreendi-mento tem 180 apartamentos, di-vididos em três blocos e vivendas com piscina. Tem uma completa infra-estrutura para atender aos visitantes com diversas opções de lazer e área para eventos. O inves-timento foi de 13 milhões de reais da e gerou 130 empregos diretos. Outro empreendimento, que será inaugurado até o final do ano, fica no litoral sul do estado, na Barra de São Miguel: é o Kenoa Exclusi-ve Beach Spa & Resort. Terá ape-nas 22 apartamentos numa área de cinco mil metros quadrados, que inclui um campo de golfe e uma re-serva ambiental. O restaurante virá com o cardápio assinado pelo chef Cesar Santos, do Oficina do Sabor, de Olinda.

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção14

F

Page 177: Revista Zé - 01
Page 178: Revista Zé - 01

178 edição n#1 • 2008

Receber os amigos com uma boa conversa, cardápio re-quintado e um bom vinho foi o conceito utilizado pelo desig-ner Paulo Henrique Souza ao conceber a sua “Cozinha Experimen-tal”, exposta durante a Casa Cor Bahia.

Aproveitando a idéia, o chef Barthô, do restaurante Soho, resolveu preparar um jantar especial para o colega Edinho Engel, do Amado. Resultado: recebeu amigos, com um cardápio requintado e bebida da melhor qualidade, exatamente como pedia o ambiente.

17D

ivul

gaçã

oCurtas metragens nordes-tinos destacaram-se no 41º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Os pernambucanos Renata Pinheiro e Marcelo Lordello foram os selecio-nados para competir com Super-barroco e N27, respectivamente. Na Bahia, a vaga ficou com Cães, de Adler Paz e Moacyr Gramacho.

16Giacomo Mancini, Barthô, Wagner perin e edinho engel

paulo henrique souza recebe eliane e Marcelo aguiar

Foto

s/D

adá

Jaqu

es

Page 179: Revista Zé - 01
Page 180: Revista Zé - 01

180 edição n#1 • 2008

E para quem está de via-gem marcada para o Rio Grande do Norte o cami-nho para um bom des-canso é o charmoso Hotel Kilombo Villas & Spa , lo-calizado numa região ro-deada de falésias e dunas costeiras. Com cinco vilas independentes e exclusivas, situadas na Praia de Si-baúma , a 7km da Praia do Pipa. O visitante pode desfrutar de um Spa exclusivo, cozinha gourmet, mordo-mo, praia particular, academia priva-da, entre outros pequenos luxos. A água de todo o complexo é 100% mineral obtida de um lençol freático a 100m de profundidade. E se você pensa que acaba aí, está enganado! A praia é protegida pelo Ministério do Meio Ambiente para cuidar e fa-vorecer a desova das tartarugas e contribuir para um relax completo.

O maior evento da área de design, arquitetura e paisagismo de Sergipe, a Mostra Aracaju, reuniu 53 profissio-nais que apresentaram seus trabalhos em mais de 30 espaços, sempre com projetos ecologicamente corretos. Esta é a sexta edição da mostra, que durou mais de um mês, encerrando-se no final de novembro. O com-promisso com a preservação do meio ambiente –

o lema da Mostra foi “Repense, Reduza, Recicle e Reuse” - levou os organizadores a lançar o selo Ecomostra 2008, que premiou profissionais, empre-sas e fornecedores que utilizam materiais renová-veis, recicláveis e com duração prolongada. Outra novidade, dentro da mesma ótica, foi a criação do espaço Estar Eco Mostra para divulgar os projetos e tecnologias alternativas desenvolvidas por empre-sas, públicas e privadas, e instituições de ensino.

Para Viajare descansar

Mostra aracaju 2008

18

19D

ivul

gaçã

o

Page 181: Revista Zé - 01
Page 182: Revista Zé - 01

O publicitário Washington Olivetto, depois de percorrer algumas capitais pelo país, desembarcou em Natal e em Salvador, para lançar o seu novo livro publicado pela edi-tora Planeta. Dedicado a sua filha Antonia, de quatro anos,

O primeiro a gente nunca es-quece, titulo da obra, traz o registro da repercussão do comercial conhecido como “o primeiro sutiã”, um clássico da televisão nacional classificado entre os cem melhores comerciais do mundo. Além de uma espécie de making off da peça publicitária o livro traz textos e cita-

ções de celebridades como Mario Prata, Antonio Fagundes, Pelé, Ayrton Senna, Elio Gaspari falando em que circunstân-cias já usaram o jargão. João Ubaldo Ribeiro, por exemplo, relata que “a pri-meira agarrada a gente nunca esquece”. O volume tem quase 400 páginas e um posfácio assinado por José Bonifácio de

Div

ulga

ção

edição n#1 • 2008182

Div

ulga

ção

Oliveira Sobrinho (Boni), ex-vice-presi-dente da rede Globo.

Page 183: Revista Zé - 01
Page 184: Revista Zé - 01