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R$ 2,00 leia mais no portalfera.com.br QUE SOM é ESSE? PLURALIDADE E INOVAÇÃO. SÃO ESTAS AS CARACTERÍSTICAS QUE TORNAM ARTISTAS DE PERNAMBUCO CONHECIDOS NACIONAL E INTERNACIONALMENTE. PORÉM, SER MÚSICO NÃO É TAREFA NADA FÁCIL ANO 03 Nº 11 – ABR/MAI 2011 TALENTO | O pianista Vitor Araújo solta a voz e fala um pouco da sua carreira de músico

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Pluralidade e inovação. São eStaS aS caracteríSticaS que tornam artiStaS de Pernambuco conhecidoS nacional e internacionalmente. Porém, Ser múSico não é tarefa nada fácil

ano 03 nº 11 – abr/mai 2011

TALENTO | O pianista Vitor Araújo solta a voz e fala um

pouco da sua carreira de músico

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Como é bom saber que existem pessoas dispostas a ajudar quem precisa. De uns tempos para cá, a Revista Fera! resolveu exaltar, além dos jovens de sucesso, os projetos sociais que mudam a vida dos pernambucanos para melhor. Por isso, fomos na Casa de Passa-gem, saber um pouco mais do Programa Passagem para a Vida e o Projeto Ninho da Cidadania.

Fizemos ainda a cobertura do II Congresso Pernambucano de Empreendedorismo Jovem e Empreendedores - Cpeje, realizado no teatro da Universidade Federal de Pernambuco-UFPE durante os dias 16 e 17 de abril. O evento mostrou que os estudantes continuam em busca de novos desafios e interessados em crescer profissionalmente.

Mudando de assunto, você tem tatuagens? Se a resposta for sim, a matéria feita pela equipe Fera!, falando das pinturas corporais, está imperdível. Se a resposta for não e você quiser ficar por dentro do tema – muitas vezes considerado polêmico –, o conteúdo pode ser de grande utilidade. Portanto, não deixe de conferir.

Ah, não podemos deixar de comentar a seção de diversão. Agora mais recheada e repleta de novidades do cinema e de tudo o que rola de mais animado no Recife, ela ganhou espaço extra na Revista. É a prova de que nós sabemos falar de coisas sérias sem deixar o entretenimento de lado. Afinal, os feras merecem sim alguns momentos de folga.

A parte de indicações continua firme e forte e vem com mudan-ças. A primeira delas é que, desde a edição de número 10, publicada no último mês de março, os leitores também podem dar sugestões

de livros e filmes. A segunda é que agora os artistas regionais falam sobre as bandas e cantores que estão bombando no cenário musical de Pernambuco. Eles ainda dizem quais são os CDs que vale a pena você ouvir.

Falando nisso, vamos conversar sobre o curso abordado na capa da nossa Revista: Música. Ele foi bastante comentado no início do ano, já que os candidatos dessa área conseguiram ocupar a maioria das primeiras colocações do Vestibular 2011 da UFPE.

Após o resultado inédito, algumas críticas (mal levantadas, diga-se de passagem) começaram a vir à tona. Foi dito que as provas realizadas nas etapas classificatórias para o ingresso em Música se-riam mais fáceis se comparadas às outras, beneficiando os estudantes deste segmento. Isso, de fato, tem fundamento? Para nós, da Revista Fera!, não.

Todas as graduações, sem exceção, devem ser respeitadas. Afinal, que graça teria se não houvesse a pluralidade, o novo e, por que não, o inesperado?

Bem, se restam dúvidas ligadas à discussão aqui proposta, bas-ta olhar o texto que produzimos. Nele, são expostos pontos importan-tes como o que é preciso fazer para ser aceito na faculdade de Música, quais são os tipos de curso deste âmbito oferecidos em Pernambuco e, é claro, quem são os jovens decididos a driblar as dificuldades e se deixarem levar entre ritmos, notas e partituras.

Boa leitura!

Diretoria Executiva – Ira Oliveira e Sandra PaivaEditor de Artes – Ira Oliveira / [email protected] Comercial – Sandra Paiva / [email protected]órteres – Mateus Lima / [email protected] Lima – [email protected]ção – Ira Oliveira e Bruno Borges (estagiário) Ilustrador: Eduardo SouzaRevisão – Dolores [email protected] Depto. Administrativo – Fernanda Ester / [email protected] – Fotos: Fabíola Melo. Colunas: Dolores Orange, Ana Sofia Monteiro, Marina Motta, Silvana Marpoara e Luciana Rodrigues.Artigo: Wilson Barreto Analista de mídias sociais do Portal Fera! – Luciana Rodrigues / [email protected] da capa: Beto FigueirôaPara anunciar – Rede3 Mídia81 3031.0968Sandra Paiva - 81 9219.9411e-mail: [email protected] – Exemplares

Publicada pela Rede3 Mídia - Rua Passandú, 567 - Boa Vista - Recife/PE - CEP: 52010.000

Os textos publicados na Revista Fera! não expressam necessariamente a nossa opinião.

expediente

editorial

Índice

Caldeirão da Fera!

Mateus Lima

08 – coluna na aula10 – tatuagem15 – coluna de InteRcÂmBIo16 – músIca22 – jovens talentos26 – II cpeje 28 – aRtIgo: WIlson BaRReto30 – Rumo à cIdadanIa34 – eventos / senac35 – coluna sétIma aRte36 – dIveRsão38 – coluna Rodapé

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rápidas

SenaC I Faculdade lança programa de capacitação para a Copa O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) lançou, no dia 29 de março, o Programa Senac na Copa. Ao todo, um milhão de brasileiros serão capacitados até 2014. Somente em Pernambuco, 50 mil pessoas passarão por cursos nas áreas de hotelaria, turismo, gastronomia, idiomas, entre outros. Durante o lançamento, o presidente do Sistema Fecomércio/ Sesc/ Senac, Josias de Albuquerque, comandou uma mesa redonda sobre os desafios de capacitar para o mundial. O evento foi marcado também por uma teleconferência, transmitida do Rio do Janeiro, para as demais unidades do Senac no país. A transmissão contou com a presença do Ministro do Turismo, Pedro Novais. Para saber mais sobre os cursos oferecidos para a Copa de 2014, basta acessar: http://www.pe.senac.br/ascom/copa.

Colégio úniCo I Sem estresse O Único reuniu pais e responsáveis, na última semana de março, para debater os sintomas do estresse entre alunos do 3º ano do ensino médio. Quem comandou o momento foi a psicóloga do colégio, Carmem Lira. Na palestra, foram debatidos, entre outros assuntos, os efeitos e a capacidade da resiliência, que pode ser definida como a disposição do indivíduo para superar obstáculos. Além disso, a psicóloga apresentou os resultados de um levantamento desenvolvido pela equipe da instituição a fim de expor as dificuldades de cada aluno e orientar os pais a lidar com cada especificidade.

eSuda I Debate discute o novo Conselho de Arquitetura e Urbanismo No último dia 31 de março, a Faculdade Esuda, na Boa Vista, foi palco do primeiro debate sobre o novo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (Cau-PE). O debate, promovido pelo Departamento de Arquitetura da Esuda focou na migração dos profissionais do sistema Crea/Confea para o Cau-PE, suas implicações e vantagens. Estiveram presentes estudantes, professores e representantes da categoria, como o presidente do Sindicato dos Arquitetos de Pernambuco, Francisco Buarque, e a diretora regional da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas, Vânia Lúcia Torres de Miranda. “Estamos vivendo um momento de transição entre um conselho e outro e por isso várias dúvidas têm surgido. O objetivo do debate é tirar dúvidas e ampliar o entendimento sobre o Cau”, diz a coordenadora do curso de Arquitetura da Esuda, Mariana Gusmão.

FPS I Fórum de PsicologiaO curso de psicologia da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) promoveu, no último dia 11 de abril, o I Fórum de Psicologia Organizacional e do Trabalho, com o tema “Trabalho e Qualidade de Vida nas Organizações”. O encontro foi realizado no auditório Professor Fernando Figueira, onde se discutiu as pesquisas de clima e como o trabalho repercute na promoção da saúde do trabalhador.

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O VelhO e O MAr“Aconselhar um livro não é uma tarefa fácil. Tenho muito cuidado porque nem sempre aquele livro que li e gostei será, neces-sariamente, a sugestão ideal para alguém. Alguns apreciam poesia, outros preferem obras de autoajuda e por aí vai. Como estou me dirigindo a jovens leitores, ou feras, resolvi sugerir um texto leve, bem escrito e que consegue prender a nossa atenção. O personagem principal nos transmite coragem, segurança, e um grande sentimento de confiança em si próprio. Eu indico ‘O Velho e o Mar’, de Ernest Hemingway.” Tarcísio Pereira é um famoso livreiro pernambucano e editor da Editora Livro Rápido.

BAnDA MAMelUngOS

“A banda Mamelungos tem uma sono-ridade ímpar e bem peculiar, que pode vir tanto do violão como da guitarra ou do cavaquinho. Com letras bem escritas, que transitam entre o bom humor e a complexidade das relações pessoais, consegue atrair um grande público. Particularmente, eu percebo nos arranjos uma atmosfera tropicalista e cheia de contrapontos. Posso estar enganado, mas até na presença dos metais (orga-nizados pelo excelente músico Nilsinho Amarante) esse clima tropicalista fica bem evidente.” Silvério Pessoa é peda-gogo, compositor e músico.

AOS Treze“É um filme que mostra os problemas que costumam surgir quando ainda se é jovem. Aborda, por exemplo, o uso precoce de drogas ilícitas e também do álcool. Além disso, trata de outros assuntos como tatuagens, piercings e relacionamentos. Na ver-dade, ‘Aos Treze’ reflete e retrata fatos que ocorrem durante períodos com-plicados de uma adolescência marca-da pela rebeldia.” Camila Rocha, 18, é aluna do 3º ano do Colégio BJ.

indicaÇÕes

Acho que a Revista Fera! deveria falar um pouco mais sobre assuntos ligados à preservação do meio ambiente e à natureza, em geral. Sou aluno do curso de Biologia e sempre leio os conteúdos produzidos pela equipe Fera!. A minha dica também vale para o Portal que, apesar de me deixar bastante informado, poderia abrir mais espaços às graduações na área de saúde. Hoje em dia, noto que a população não está cuidando do meio ambiente como deveria. A minha preocupação precisa ser, na verdade, a preocupação de todos. Só assim, podemos pensar em ter um mundo melhor. Newton Banks, 22, aluno do 8º período de Ciências Biológicas da Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE.

Muito boa a matéria de capa da edição de número 10 da Revista Fera! (Procuram-se Engenheiros). Realmente, acho que o setor da Engenharia é bastante promissor, ainda mais em Pernambuco, que, como nós já sabemos, vive um período de crescimento econômico. Quero ressaltar também que adorei o novo projeto gráfico da Revista. Ela ficou mais leve e, ao mesmo tempo, dinâmica. Estou ansioso para começar a ler o próximo exemplar. Um abraço a toda equipe Fera!. Daniel Oliveira,22, estudante de Administração da Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco-Fcap.

cartas

É uma fonte de informação extremamente necessária, principalmente para mim, que sou estudante, e, daqui a pouco tempo, estarei fazendo as provas do vestibular para tentar ingressar em uma boa faculdade. E quem diria: conheci a Revista Fera! por acaso, através de amigos, e hoje a considero fundamental para que eu consiga, de fato, ficar por dentro do mundo Fera!. Anderson dos Santos, 16, estudante do 3º ano do Colégio Americano Batista.

O Portal fera é uma importante ferramenta pra nós, estudantes. Nesse tempo de muitas informações dispersas, ter um espaço onde encontramos atividades de diversas instituições nos faz economizar tempo e potencializa as oportunidades com divulgação de palestras e demais eventos. Lindley Tavares, 21, estudante de administração.

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leia mais noportalfera.com.br

na aula | ana Sofia monteiro

Aluna do Colégio Marista São Luís, autora de três livros, fala quatro idiomas e cursou Ciências Políticas e Liderança, nos Estados Unidos

educação = Desenvolvimento

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o desenvolvimento do sistema educacional de um país certamente acompanhará a sua evolução política e socioeconômica. Com o país no qual

as aves com mais vigor gorjeiam, não tem sido diferente; investimentos de curto prazo, que não se comprometem com o verdadeiro progresso da sociedade, têm desconfi-gurado o panorama educacional do Brasil e, como retorno, influenciado na qualidade dos produtos e serviços nacio-nais pela falta de mão de obra qualificada.

Para bem descrever a pluralidade desta problemática da educação brasileira, deve-se pontuá-la em três pontos especificos: o financiamento público centrado no nível su-perior, o desvio vocacional estudantil e o sistema de pas-sagem do ensino médio para a esfera universitária. Juntos, esses três focos compõem uma teia sistemática, a qual en-volve alunos, escolas e professores no fenômeno da crise na qualificação de nossos futuros profissionais.

Primeiramente, deve-se reconhecer a manutenção das universidades federais como sendo um “tiro no pró-prio pé”, isto é, fator que vem estimulando a vazão de estudantes para o exterior, a também conhecida “fuga de cérebros”. O sistema educacional brasileiro poderia se ins-pirar nos brilhantes sistemas das nações desenvolvidas, que promovem o financiamento do nível fundamental e médio a fim de estimular as famílias a pouparem dinheiro para custear o ensino superior.

Em segundo lugar, o baixo incentivo ao direciona-mento vocacional, seguido pela pouca especialização dos alunos nas matérias mais pertinentes aos seus cursos su-periores escolhidos, provoca a clássica desistência de estu-dantes no meio de suas graduações e, consequentemente, uma gama de jovens semiformados e, simultaneamente, desempregados.

Por último, o tão temido vestibular, utilizado exclu-sivamente no Brasil como um pré-requisito à entrada em instituições de nível superior. O perfil dessas provas alie-na os alunos à absorção mecânica do conhecimento e os desvincula de sua utilização prática. Outros países, até la-tinoamericanos, têm utilizado o sistema de aplicação nos últimos anos, no qual não é apenas uma prova que conta, e sim o conjunto entre a bagagem extracurricular e a social trazida pelo aluno e o parecer dos professores que o acom-panharam em toda a trilha do ensino médio.

Não há dúvidas de que a educação é um investimen-to de longo prazo, o qual demanda tempo para se produzir bons efeitos, portanto, pouco se deve esperar entre uma noite e um dia. Devemos investir na reversão da crise edu-cacional não somente visando a subida do país no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano, mas principal-mente precisamos estar direcionados a construir um país digno e estável que deixaremos como primeira herança às futuras gerações. F!

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numa manhã nublada, no Recife, pessoas atravessavam correndo os cruzamentos da Avenida Conde da

Boa Vista em meio a buzinadas e ônibus ve-lozes. Um pouco mais ao alto, na mesma avenida, o que se tinha era aparente calma-ria, mas que escondia um certo nervosismo. Ricardo Tavares, 23 anos, estava prestes a fa-zer a sua primeira tatuagem. O jovem estava acompanhado da namorada Daniele Alves, 25, que, há cerca de um ano, esteve na mes-ma situação. Daniele tinha vontade de se tatuar há tempos, mas tinha medo da dor e insegurança por ser uma marca praticamen-te eterna. O namorado, mesmo sem nunca ter se tatuado, deu apoio, e a jovem, mesmo contra a família, fez o desenho de uma flor nos pés. No fim, todos se acostumaram e ela não se arrepende. Pensa em fazer outra, mas não por enquanto, e lembra a supers-tição: “Tatuagem tem que ser em número ímpar”.

Ricardo foi muito ousado para a primeira vez. Seu desenho era um grande dragão que preenchia metade das costas e ia até os ombros. Um dragão que simboliza proteção e que seria feito durante seis sessões. Recém-formado em engenharia, precaveu-se antes de marcar o corpo: falou com o chefe sobre sua pretensão e recebeu apoio: “Hoje em dia, não se mede competência com isso”. No entanto, contou que mesmo que a tatuagem não vá ficar à mostra durante o horário de serviço, resolveu conversar com o superior, pois já par-ticipou de processos seletivos onde os candidatos tiveram que ficar apenas com a roupa íntima. Se o chefe não achasse bom, Ricardo acha que não faria, mas não teve que pensar nessa opção. Para ele foi tudo tão tranquilo que, inclusive, estava no estúdio no horário em que deveria estar trabalhando: pegou uma liberação.

A sessão se iniciou com os ajustes a respeito do desenho. Ricardo pretendia fazê-lo

Antigamente associadas à

marginalidade, as tatuagens hoje fazem parte da estética e da

vida de muitos jovens. A visão da sociedade

está mudando, mas existe preconceito. No

entanto, com todos que conversamos, a

resposta foi unânime: não se arrependem. E

você? Tem coragem? | AlAnA lIMA

PrePArATIVOS | O tatuador Bruno de

Sousa retoca o desenho do dragão que, em breve,

estará para sempre na pele de Ricardo Tavares

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para o lado esquerdo, mas o tatuador Bruno Leonardo de Sousa aconselhou para o lado direito. Encaixou o papel com o decalque nas costas e a sugestão foi aprovada. A experiência foi trazendo confiança e um olhar apurado ao profissional: “Três anos atrás, eu ia muito pelo o que a pessoa queria que eu desenhasse. Hoje em dia, se vejo que vai ficar ruim, não faço. A pessoa pode se arrepen-der”. Bruno Leonardo já encontrou muita gente arrependida. Um cliente o procurou para consertar um dragão e o tatuador teve até pena. A experiência havia sido tão traumática que, antes que ele começasse, de fato, o trabalho, percebeu a insegurança do rapaz.

Ricardo continuava confiante e os preparativos começavam com álcool nas costas, luvas, óculos de proteção e coordenadas: “Não faça força e respire direitinho. Se não respirar, vai faltar oxi-

gênio no cérebro”. Enquanto isso, Bruno Leonardo ia contando casos que presenciou durante as sessões, como uma menina que desmaiou. No primeiro contato da máquina com as costas de Ricardo, começaram as manifestações de dor. A namorada ria, en-quanto ajudava: “Vem cá, amor. Dá a mão”. O tatuador também ria e explicava: “Quando a pessoa vem esperando muita dor, é mais tranquilo”. Com o decorrer da sessão, Ricardo ia intercalan-do momentos de mais e menos dor, dependendo do lugar onde estava sendo tatuado.

A manhã no estúdio de tatuagem foi bastante movimentada. Na sala ao lado, uma jovem tatuava um nome na nuca e, na espe-ra, chegavam mais dois querendo informações a respeito de orça-mento. Murilo Moura, de 20 anos, acompanhava o amigo que es-

PArCeIrOS | Murilo Moura e Daniele Alves exibem suas tatuagens

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colhia sua tatuagem. Com um computador ligado, mostrava as sugestões que acabariam sendo finalizadas pelo tatuador Bruno. Bruno Leonardo só trabalha com desenhos exclusivos, não quer que seu trabalho seja como um adesivo. Por isso, muitos le-vam suas ideias que acabam sendo adaptadas pelo profissional. O jovem estudante de engenharia que acompanhava o amigo também tinha a sua marca. Uma escritura árabe nas costas que dizia: “Senhor Jesus, filho de Deus, tem piedade de mim, peca-dor”. A curiosidade em relação aos dizeres foi que Murilo os tra-duziu pela internet, mas, sem muita confiança, esperou até que o irmão que se encontrava nos Estados Unidos conhecesse um libanês que confirmou que os traços estavam corretos. O amigo, por enquanto, estava pensando em tatuar uma fênix.

Enquanto isso, Bruno continuava trabalhando no dragão do Ricardo. As sessões não possuem um tempo fixo, dependem muito do quanto a pessoa e sua pele aguentam. O tatuador ex-plica que uma pele inchada acaba não absorvendo a tinta, então eu preciso respeitar o tempo de cada pele. Tiago Mendes entra na sala e admira o desenho e a coragem de Ricardo. O jovem professor tem a matemática no corpo: um “pi” e um “infinito”. Suas tatuagens só lhe causaram problema uma vez, quando jo-gava futebol no colégio depois do expediente e um pai de aluno

as viu e achou que era um mau exemplo. No dia seguinte, o aluno cujo pai havia entrado em conflito com o professor pediu desculpas pelo pai que, segundo ele, se sentiu envergonhado quando soube que o professor das tatuagens era o mesmo que o filho tanto elogiava em casa. “Conheço advogados, médicos e enfermeiros tatuados. Hoje em dia, as pessoas veem mais a arte. Você pode observar como era antes e como era agora. An-tes era uma coisa feia, verde, sem cuidado”.

Albino Dantas é professor de Filosofia, Sociologia e His-tória no colégio BJ e, quando se fala em tatuagem, os alunos lembram logo dele. O primeiro desenho foi feito aos 18 anos - um mar, para simbolizar que estamos sempre mudando. Es-sas várias mudanças podem ser um ponto negativo na hora de fazer tatuagem. É preciso pensar bem se a marca escolhida vai continuar te representando no futuro. “Fazer tatuagem quando se é muito jovem é meio perigoso. É uma marca e, quando se faz pelos motivos errados, é difícil mudar. Tem que ter história, motivo. Fazer só pela estética é um erro”. Quando fez, morava sozinho e não comentou com os pais que, quando souberam, desaprovaram a atitude, já que aliavam a tatuagem à marginali-dade. Com os anos, e depois que seu irmão também fez, os pais mudaram um pouco a cabeça. “Tatuagem hoje virou parte de

lIBerDADe | Albino Dantas não tem problemas com suas tatuagenseSCOlhA | No livro de tatuagens, há várias opções para os indecisos

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leMBrAnÇA | Camila Rocha tem um desenho em homenagem ao irmão FAMílIA | Caio Costa tatuou o nome dos pais

uma montagem estética, não é mais ligada a grupos específicos”, lembra Albino.

Bruno Leonardo, que hoje sustenta a família com o traba-lho de tatuador, também já teve problema com a mãe por conta de preconceito. Quando a família descobriu o seu talento para desenhar, jamais pensaram que Bruno fosse fazer desenhos em peles, mas já desde pequeno era encantado por tatuagens. “É arte viva, que respira, que soa. Sempre achei bonito a pessoa levar um desenho pro resto da vida. Não é um papel que rasga, joga fora. Quando eu desenhava, o lápis hidrocor que secava mais rápido era sempre o verde – as tatuagens antigamente eram esverdea-das”. O garoto montou um pequeno estúdio em cima do restau-rante do pai e a mãe só soube por acaso quando, incrivelmente, admirou uma tatuagem de uma cliente que almoçava. “Foi seu filho quem fez”. Bruno fala com certo orgulho que a mãe tinha muito preconceito e que hoje possui cinco tatuagens, todas feitas pelo filho. “Para ela, mulher tatuada era prostituta.”

Grande parte da sociedade de hoje tem uma visão menos ro-tuladora desse tipo de expressão. Muitos pais, inclusive, apoiam os filhos que decidem fazer e os acompanham. Foi assim com Caio Costa, 17 anos que, aos 16, resolveu homenagear o pai e a mãe tatuando o nome de cada um no braço. Seu pai o acompa-nhou ao estúdio que havia sido indicado por uma amiga. Já a mãe não sabia, era surpresa. Quando soube, gostou. “Você é doido, ficou lindo!”. O jovem pensa em se tatuar novamente, mas ainda não sabe o quê. Camila Rocha, 18, também aluna do BJ, é outra que marcou o corpo para fazer uma homenagem. No tornozelo, encontra-se um anjo para lembrar o irmão falecido. Foi acompa-nhada pelo pai ao mesmo estúdio onde ele havia feito a dele. Mi-layne Gomes, 19, possui um infinito no tornozelo. A jovem que havia saído de casa com a mãe para colocar um piercing sentiu medo da dor na hora e acabou optando pela tatuagem. É comum observar que quase todos que vão se tatuar vão ao estúdio acom-panhados de pessoas nas quais confiam. É importante conhecer o local antes, e se você possuir indicação de alguém que já fez, me-lhor ainda. Outra dica é procurar pelo selo da vigilância sanitária.

Apesar da visão mais aberta da sociedade, muitos jovens continuam se preocupando e se precavendo. Camila e Milayne

escolheram um lugar discreto. Caio acha que não terá problemas e o professor Albino nunca teve. Bruno Leonardo tenta aconselhar seus clientes. “Muita gente chega aqui querendo fazer tatuagem no pulso achando que é um lugar discreto, mas não é. Quando você vai a uma entrevista de emprego, por exemplo, a primeira coisa que você faz é dar um aperto de mão e a tatuagem pode aparecer já aí”. Cuidados e preconceitos à parte, todos os tatu-ados da matéria pensam em fazer outra. Milayne e Camila já sa-bem, inclusive, o quê: um elefante e uma tartaruga, respectiva-mente. Albino foi o único que titubeou: “Não sei. Às vezes sim, mas quando lembro a dor, passa”. Já Bruno, tem tantas que não consegue mais contá-las: vão se juntando e se transformam em uma só. Ele mesmo tatua seu próprio braço e carrega sua arte pra onde quer que vá.

Serviço: BJ Colégio e Curso – Rua Benfica, 197, Madalena - Recife. Telefo-ne: (81) 3225.6800 Bruno Tattoo – Avenida Conde da Boa Vista, Edifício Pirapama, sala: 23. Telefone: (81) 3222.7248

PArA SeMPre | Milayne Gomes e seu símbolo de “infinito”

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estude em uma top 10. Currículo mais competitivo com diploma nota 10!

intercÂMBio | marina motta

Segundo último ranking da Universidade de Xangai, a Uni-versidade de Harvard em Boston, EUA, segue no topo das melhores universidades do mundo.Veja abaixo lista incluin-

do ainda algumas instituições brasileiras. Entre as TOP 500 do planeta:

TOP 10 – MUNDO1 Harvard (EUA)2 Berkerley (EUA)3 Stanford (EUA)4 Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA)5 Universidade de Cambridge (UK)6 Instituto de Tecnologia dea Califórnia (EUA)7 Princeton (EUA)8 Universidade de Columbia (EUA)9 Universidade de Chicago (EUA)10 Universidade de Oxford (UK)

Brasil no TOP 500 Mundo143 USP (BRA)235 Unicamp (BRA)312 UFMG (BRA)313 UFRJ (BRA)340 Universidade Estadual de São Paulo (BRA)417 UFRS (BRA)

Tenho algumas amigas que fizeram um extension pro-gram na Universidade de Berkerley e amaram! Com duração de apenas 4 meses, a UCB oferece os programas de Business administration (BA), Global Business Management, Marke-ting (MKT), Project Management (PM) e Finance. Além dos programas, existe a possibilidade de se fazer um estágio não remunerado por mais 4 meses em uma empresa americana para ter experiência no mercado.

O processo para entrar em universidades americanas ou inglesas do padrão de Berkerley, Harvard ou Cambridge (ou seja, entre as TOP 10 no mundo) costuma ser relativamente burocrá-tico mas nada que você não consiga correr atrás:

Comprovar a nível de inglês via uma boa pontuação no teste TOEFL;

Escrever uma carta de intenções relatando os motivos da escolha do programa/universidade e sua experiência

Internacionalista, Administradora de Empresas e Gerente de Intercâmbio do STB (Student Travel Bureau) em Recife. Com a bagagem de 11 Intercâmbios realizados na Inglaterra, EUA, Austrália, França, Canadá e Alemanha, Marina é autora do livro: Intercâmbio de A a Z (www.intercambioaz.com.br)

profissionais;Apresentar Histórico da faculdade cursada e diploma tra-

duzidos por um tradutor juramentado;Fazer um bom Currículo em Inglês;Providenciar uma carta financeira de um banco brasileiro,

atestando que você ou seu patrocinador (pai, mãe ou respon-sável) possue renda suficiente para se manter nos EUA sem trabalhar.

O investimento é alto (a partir de USD 12.000 para, por exemplo, apenas o curso com duração de 4 meses em Berker-ley), mas quem fez garante que vale muito a pena!

Se, de repente, você não consiguir estudar em uma destas universidades, seja pelo nível de inglês requerido ou pelo valor do investimento, você deseja (ao menos) respirar o mesmo ar acadêmico cheio de idéias revolucionárias destes ícones do ensino mundial? Então, neste caso, que tal pensar em um curso de idiomas ou um curso de idiomas focado em algum interesse específico em alguma destas cidades mais do que inspiradoras para você estudar, badalar e fazer um bom networking de amizades interessantes?!

Você pode, por exemplo, estudar inglês geral ou fazer um preparatório para um teste como o TOEFL ou o Cambridge na escola NESE, escola renomada que fica em frente à Universida-de de Harvard em Boston.

Estudar inglês para negócios nas excelentes ELS, em Chi-cago ou NY, ou fazer um curso na cidade de Cambridge, nas escolas BELL ou Eurocentres, ou ainda em Oxford, nas escolas Embassy Ces ou Kaplan.

Lembrando que os tipos de acomodação podem ser tanto em casa de família como também dentro do campus da uni-versidade ou escola. Se você preferir, pode sempre alugar um apartamento com outros colegas.

Ah, e tanto os cursos na Universidade de Berkerley quanto os das escolas ELS, BELL, Kaplan, Eurocentres ou Embassy Ces podem ser contratados ainda no Brasil via agências autoriza-das, assim você já viaja com tudo pago e se preocupa apenas com o dinheiro para levar!

Antes de “fechar” os seus gastos totais, não deixe de con-siderar também seu custo de manutenção no país, a passa-gem aérea de ida e volta (não deixe de checar as tarifas com desconto para estudantes), a assistência médica internacional e a solicitação de vistos específicos para o propósito de estudo.

Bom, é isso gente!

Bjs e até a próxima viagem! F!

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difícil encontrar alguém que não goste de música. Pop, sertanejo, samba, forró, clássico e, é claro, o bom e velho rock’roll. Cada qual tem o seu estilo

e escuta o som que lhe agrada mais. Mesmo sem per-cebermos, facilmente nos deixamos levar pelos variados ritmos existentes.

É como se as notas se encaixassem harmoniosa-mente em nossos ouvidos e, em pouco tempo, invadis-sem nossas almas. Realmente, a música exerce uma ma-gia inexplicável, mas muito boa de sentir.

No carro, em casa, no trabalho, na rua, nas baladas e até dentro de nossas mentes. Não há dúvidas: ela está em todo lugar. Porém, nem todo mundo encara esse ele-mento tão importante apenas como diversão ou entreteni-mento. Para considerável quantidade de pessoas, música é coisa bem séria. Tanto que os cursos superiores dessa área atraem cada vez mais adeptos todos os anos.

Inclusive, no Vestibular 2011 da Universidade Fede-ral de Pernambuco-UFPE, até ocorreu o inespera-do: oito dos dez primeiros colocados pertenciam a qual graduação? Qual? Se você disse ou pensou

Música, acertou em cheio. Para quem não lembra, o primeiro lugar geral ficou com o estudante Davi Barbosa,

21, com pontuação final de 8.59 nas provas.Com esse “boom” repentino, não se pode negar que

o curso ganhou visibilidade e passou a ser visto de manei-ra diferente. Enfim, agora ele é respeitado, pelo menos, pela maioria da população. Isso porque, infelizmente, al-guns indivíduos ainda não enxergam esse setor com bons olhos, e o preconceito, apesar de menor hoje em dia, per-siste em rodeá-lo.

Um dos motivos da discriminação é o fato de os testes para quem pretende ingressar na graduação de Música, seja de bacharelado ou licenciatura, serem distin-tos dos outros campos acadêmicos. E onde estão essas distinções? Bem, na primeira fase do vestibular, todos os candidatos têm o tipo padrão de exame. O chamado “pe-neirão”.

As peculiaridades surgem a partir das etapas seguin-tes. Os alunos que querem entrar na faculdade de Música precisam realizar avaliações específicas do âmbito musi-cal. Primeiro, é necessário fazer o solfejo – exercício no qual os nomes das notas musicais são lidos ou entoados pelos estudantes.

Quem pretende se matricular nos cursos de Bacha-relado em Instrumento ou Bacharelado em Canto executa

Está enganado quem pensa que fazer um curso superior de Música é moleza. A área exige dos estudantes constante treinamento. Até alcançar o reconhecimento profissional, é preciso ralar bastante e inovar. | MATeUS lIMA

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Ritmo,PArTiTurAs E DEDicAção

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PreSIDenTe | Armando Cavalcanti, da Covest/Copset

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também peças musicais diante de uma banca examinadora. Além de tudo isso, a parte de Teoria Musical nas provas passou, desde o ano passado, a ter peso mais significativo no resultado dos candi-datos. Estes procedimentos dão garantia de que os aprovados nas graduações de Música têm noção daquilo que irão ver durante os próximos anos de faculdade. Ao contrário do que muitos insistem em pensar, não é nada simples.

Segundo o presidente da Comissão de Processos Seletivos e Treinamentos (Covest/Copset), Armando Cavalcanti, o formato dos testes foi discutido e a hipótese de que ele poderia beneficiar os universitários de Música por ser fácil não deveria ser levada a sé-rio. “Esse assunto foi colocado em pauta antes de o manual do ves-tibular ser divulgado. Não existe facilidade para ninguém. Quem se destacou nos exames o fez porque se esforçou para isso”.

Já sabemos sobre o funcionamento das provas dos alunos de Música. Então, é hora de responder a outras questões em relação a essa área. Por exemplo, o que é mais adequado para você: bachare-lado ou licenciatura? O que destoa nos cursos de Bacharelado em Instrumento e Bacharelado em Canto?

o BachareladoOs cursos de Música têm o objetivo de formar músicos. Isso

não é novidade. Mas apesar de o resultado final ser o mesmo, eles são divididos em dois tipos: bacharelado e licenciatura.

Então, vamos a eles, começando pelo bacharelado. Quem faz essa opção, precisa escolher se quer se especializar em algum instrumento em específico ou em canto. A graduação surgiu em 1957, na Universidade do Recife (hoje, Universidade Federal de

VAlOrIzAÇãO | Para Artur, a demanda do campo da arte é pequena

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Pernambuco-UFPE), e passou a funcionar, de fato, em 1960.Atualmente, na UFPE, são oferecidas diversas alternativas de

instrumento que, por sua vez, são divididas em categorias. São elas: cordas friccionadas, madeiras, metais, percussão e cordas dedilhadas.

O leque de atuação dos concluintes é um pouco restrito. Eles podem tocar em orquestras e/ou bandas, ou podem atuar individual-mente na realização de concertos como solistas.

A concorrência nos vestibulares não costuma ser acirrada, a não ser em épocas em que o curso ganha novas áreas de especialização e são implementados outros instrumentos na grade curricular.

Já a graduação de bacharelado em canto tem o intuito básico de educar cantores líricos para exercerem carreira de solistas em concer-tos. O professor e coordenador dos cursos de Bacharelado em Instru-mento e Bacharelado em Canto da Universidade Federal de Pernam-buco-UFPE, Artur Ortenblad, revela que, nos últimos anos, o número de estudantes à procura dos dois setores tem aumentado bastante. A tendência é continuar conquistando espaço. “Temos a intenção de expandir o campus – localizado no Centro de Artes e Comunicação (CAC)– e melhorar a nossa infraestrutura.”

O professor afirma que o perfil dos alunos é bem heterogêneo e agrega tanto aqueles que acabaram de sair do ensino médio como pessoas maduras: “Grande parcela é de adolescentes. Mas há os já habilitados em outros campos, que re-solvem tentar algo diferente. Muitos se redescobrem”.

Luciano Émerson, 32, é estu-dante do 3º período de Bacharelado em Clarineta. Mais experiente do que considerável parte de seus cole-gas, acha o certificado de ensino supe-rior importante e necessário. “Para ser músico, não é exigido diploma. Ainda assim, o considero um ponto a favor. Além disso, ele se torna uma conquista pessoal, já que não é mo-leza consegui-lo.”

O coordenador Artur comenta sobre o mercado de trabalho para quem é músico. “Há sim oportunidades. Não é tão amplo porque a sociedade não valoriza a arte como deveria. Para mim, a demanda deste setor poderia ser um pouco maior.”

Luciano concorda e acrescenta: “O preconceito é visível. Porém, se eu tentar sempre superar a discriminação, vou obter sucesso em minha vida profissional. Nunca me deixo abater ”.

Para Luciano, o amor pelo que faz é maior do que qualquer outra coisa. “Penso em música todos os dias e o dia todo. Com isso, já me sinto feliz, realizado e disposto a encarar os desafios.”

a licenciaturaO curso de Licenciatura em Música foca a formação de professo-

res. A área atrai a maioria dos interessados em estudar os elementos musicais, possuindo um mercado de trabalho mais extenso e forne-cendo maior número de oportunidades.

A quantidade de estudantes dessa graduação aumentou con-sideravelmente depois que, em 2008, foi aprovada a lei de número

11.769, obrigando escolas públicas e particulares a oferecerem aos alunos aulas de música durante

o período de educação básica. A lei entra em vigor ainda em 2011 e, assim, serão gerados empregos para os profissionais da área.

A professora e coordenadora do curso de Licenciatura em Música da Universida-de Federal de Pernambuco-UFPE, Cristia-ne Galdino, lembra que, para lecionar, é obrigatório o porte do diploma. Ela com-

plementa: “É importante frisar um ponto desconhecido por algumas pessoas. Para in-gressar na graduação de Licenciatura, é fun-damental o candidato ter noções musicais, a exemplo do bacharelado. Não é possível aprender tudo na faculdade”.

Quando questionada sobre as diferen-

PerSISTênCIA | Luciano sonha com o sucesso na carreira de músico lICenCIATUrA | A professora e coordenadora do curso, Cristiane Galdino

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cursos de bacharelado em instrumento oferecidos na ufPe cordas friccionadasViolino, viola, violoncelo e contrabaixo. madeiras Flauta doce, flauta transversa, oboé, clarineta, fagote e saxofone.

metais Trompa e trombone. Percussão

teclaPiano e cravo. cordas dedilhadasViolão Fonte: www.ufpe.br

inforMaÇÕes

TrADIÇãO | Pablo Romeu é de uma família de artistas

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ças entre as metodologias utilizadas em conservatórios e universida-des, Cristiane explica: “No conservatório, ensinamentos iniciais são passados para os aprendizes. Ele é visto como o pontapé inicial. Na instituição de ensino superior, não há tempo para isso. Os conteúdos são aprofundados”.

Ao falar a respeito do cenário fonográfico em Pernambuco, a professora deixa escapar críticas e elogios. “O Estado produz bastante material de qualidade. Talentos surgem cotidianamente. O problema é a mídia impor quem é ‘bom’ e ‘ruim’. A visibilidade nos meios de comunicação de massa é essencial para artistas tornarem-se realmente conhecidos.”

Ela completa: “No Nordeste, criamos o há-bito de não valorizar o que é da terra. Só quan-do determinada banda ou cantor faz sucesso no resto do Brasil ou no exterior, se transforma em celebridade em seu local de origem”.

O jovem Pablo Romeu, 20, do 3º período de Licenciatura em Música da UFPE, espera que a fama não demore tanto a chegar. “Toco num grupo de sertanejo uni-versitário chamado Pablo e Manoel. Já dá para ganhar dinheiro se apre-sentando em boates e festas, mas queremos continuar evoluindo.”

O estudante esclarece questionamentos em relação às discipli-nas do curso: “Como busca formar educadores, as pessoas imaginam que a parte teórica é mais puxada. Se engana quem tem essa visão. Teoria e prática são igualmente relevantes”.

Geralmente, os pais não apoiam os filhos diante da decisão de se especializar em Música. Pablo não sofreu com esse problema. “Minha família tem vários músicos. Fui incentivado a seguir o mesmo cami-nho, ao contrário do que costuma acontecer.”

Milla Bigio, 18, também é da graduação de Licenciatura em Música na UFPE. Apreciadora da área desde pequena, opina sobre o ambiente

acadêmico: “Antes, eu achava o centro de artes meio desorganizado. Hoje, percebo que não é assim.”

A garota dá aulas de música para crianças e adolescentes carentes do bairro de Santo Amaro, no Recife, e se sente satisfeita com a escolha feita no vestibular. “Meus pais não gostaram da ideia. Eu, por outro lado, não tenho por que reclamar.”

Ao falar dos sonhos para o futuro, Milla, após refletir por alguns instantes, revela: “Se eu puder me expressar através da música, para mim está ótimo. Nela, eu me identifico”. Então, que o desejo se con-cretize. O público agradece.

Serviço: Comissão de Processos Seletivos e Treinamentos – Covest/Copset – R. Amaury de Medeiros, 206, Derby, Recife-PE. Fone: (81)3412-0800www.covest.com.br Universidade Federal de Pernambuco – Av. Professor Moraes Rego, 1235, Cidade Universitária, Recife-PE. Fone: (81) 2126-8000www.ufpe.br

”quem Se deStacou noveStibular Se eSforçou Para iSSo.” armando cavalcanti

dados sobre o curso de licenciatura em música A graduação de Licenciatura em Música foi criada em 1972.

Atualmente, há 330 alunos matriculados no curso, tendo a maioria conseguido o ingresso através do vestibular.

Na graduação, são oferecidas 60 vagas anuais (sendo 30 na primeira entrada – diurna – e 30 na segunda entrada – noturna).

A carga horária total é de 2.430 horas, podendo durar, no mínimo, 8 semestres e, no máximo, 14 semestres.

Fonte: www.ufpe.br

curiosidades

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exeMPlO | A jovem Milla Bigio ensina música a crianças e adolescentes carentes

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“aS PeSSoaS eStão canSadaS de ver e ouvir aS meSmaS coiSaS.” vitor araújo.

“A paixão pelo piano foi bem por acaso. Quando eu era criança, me depa-rava com aquela coisa enorme e a queria para mim.” Assim o pianista recifense Vitor Araújo, de 21 anos, descreve o início da relação com a música.

Apesar de ainda pouco experiente, Vitor ganhou destaque no cenário cul-tural de Pernambuco há alguns anos. O talento e a forma inusitada de se apre-sentar fizeram isso acontecer naturalmente. Desde cedo, era possível perceber: o jovem não seria só mais um no meio de tantos outros.

Segundo ele, a produção do primeiro álbum (Toc) foi inocente e se deu de maneira espontânea, sem maiores pretensões comerciais. “Na época, eu não pensava em como seriam os resultados. No palco, por exemplo, eu não tinha esquemas certos de iluminação e nem ao menos seguia roteiros planejados. Eu simplesmente tocava.”

Em cima dos palcos o garoto parece realmente à vontade. As surpresas já vinham antes de os shows começarem. A junção de clássico e erudito deixava a todos atordoados e, ao mesmo tempo, maravilhados com o que estavam vendo e ouvindo. O convencional ali não existia. Tudo era inesperado.

Em geral, os pianistas costumam exibir posturas sérias e comportadas, evitando chamar atenção demais. Vitor não. E quem disse que fazer música com os pés, sentado sobre o instrumento e pedindo a participação do público é sinônimo de falta de seriedade. Talvez, “inovador” fosse o termo mais apro-priado para ele.

O artista aprendeu a tocar no conservatório e explica como foi esse pro-cesso: “Lá, eu passei cerca de dez anos. Fiquei bastante satisfeito com o re-sultado. Na verdade, o conservatório serve como curso técnico, diferente da graduação na faculdade, que dá aos concluintes o diploma de curso superior”.

Ao comentar a respeito do modo como a música clássica é tratada no Brasil, o prodígio opina: “Para mim, esta modalidade é sim divulgada no país. O problema é a escolha feita pela maioria dos organizadores. Muitas vezes,

sucEsso EM ToM

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artistas internacionais não atraem um bom público, até porque são desconhecidos. Concertistas locais poderiam ter mais espaço por aqui. Para as apresentações oferecidas em comunidades carentes esse raciocínio vale ainda mais. A população de baixa renda que, aí sim, tem pouco ou nenhum acesso ao estilo clássico, se sente mais interessada pelo que é genuinamente brasileiro”.

No momento, o segundo trabalho está sendo criado. O jo-vem revela estar passando por uma fase de mudanças e diz: “Estou com projetos novos. Não gosto de me apegar a nenhum tipo de estilo em específico. Desta vez, tenho a pretensão de produzir um disco certinho. Também vai haver algumas mudanças no meu es-petáculo. A questão da organização será claramente notada, princi-palmente se compararmos os meus dois CDs”.

Vitor completa: “É extremamente difícil para o artista ter to-tal autoconhecimento de tudo o que envolve o seu trabalho. Não tenho apenas que ir ao palco. Há um esquema administrativo por trás disso. Até chegar ao ponto de fazer um show é preciso, pri-meiro, divulgar o nome, ter uma agenda bem programada, entre outras coisas”.

Tendo que conciliar o seu tempo entre a carreira solo e a banda Seu Chico, que faz releituras do famoso cantor e compositor Chico Buarque, Vitor vive num mundo de agitação e “evolução” profissional.

As transformações não ocorrem apenas na profissão. Agora o garoto não mora no Recife e está realizando grande parte de suas atividades no sudeste. “Hoje, vivo no Rio de Janeiro. Para mim, foi necessário conquistar espaços, até então, desconhecidos. O mer-cado de música no eixo Rio-São Paulo é amplo e essa abertura é importante para quem atua no campo da arte.”

eSPOnTAneIDADe |Em cima dos palcos, Vitor Araújo se liberta e interage com o seu instrumento

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Para terminar, Vitor dá um recado a todos os que preten-dem alcançar o sucesso através da música: “As pessoas estão cansadas de ver e ouvir as mesmas coisas. Tente surpreender. Crie”.

Afinal, não é o que ele próprio faz?

a vez do BregaEra uma vez seis amigos que estudavam juntos no Colégio

de Aplicação do Recife, localizado na Cidade Universitária. Álvaro Alves, 25 (baterista); Emmanuel Ferreira, 24 (percussionista); Pe-dro Mascarenhas, 24 (baixista); Francisco Carvalho, 26 (tecladis-ta); Marcelo Araújo, 24 (guitarrista e vocalista); e Filipe Calegário, 24 (vocalista). Além da amizade, todos tinham uma coisa em comum: o amor pela música.

Em 2003, surge a ideia de montar uma banda. Mas aí veio também a primeira dúvida. Qual seria o estilo de música adota-do? Afinal, cada qual tinha o seu gosto e seria difícil agradar a “gregos e troianos”. Para resolver o problema, foi combinado: haveria de ser um ritmo animado, da moda e divertido. Não tive-ram dúvidas. “Vamos tocar brega.” Estava resolvido.

Porém, os questionamentos insistiam em aparecer. Ago-ra era a hora de definir como o grupo seria chamado. Ah, essa não foi tão fácil de responder. Então, que lugar poderia ser mais inspirador do que a aula de Biologia? Nela, nasceu a Faringes da Paixão.

Em 2008, a coisa começou a engrenar e as propostas co-merciais chegavam sem parar. A brincadeira tinha ficado bem séria. Em 2009, a ficha dos caras caiu. Após realizarem um show no bar Quintal do Lima, localizado no bairro de Santo Amaro, no Recife, em que as pessoas não tinham nem onde ficar por causa de tanta gente e agitação, os integrantes perceberam: era hora de aproveitar o sucesso. Através do brega, eles conquistaram o Recife.

Os fãs passaram a ser de todas as tribos. Marcelo Araú-jo ressalta o fato: “Antes, o pessoal que ia conferir as nossas apresentações era, quase sempre, representado pela galera al-ternativa. Gradativamente, isso foi mudando e hoje temos um público super heterogêneo, onde a média de faixa etária é de 18 a 30 anos.”.

Marcelo afirma que o projeto atual da banda consiste

na expansão territorial. “Queremos ir para outros estados. Já marcamos shows no Rio Grande do Norte, na Paraíba e em Maceió. O Nordeste vai ser a porta de entrada para o resto do país.”

O jovem chama a atenção para um ponto importante: “Em Pernambuco, se produz muito conteúdo artístico. É ne-cessário ter foco, traçar objetivos e ter atitude”.

Ao finalizar a conversa, enfim é revelado o segredo do sucesso: “A gente é irreverente. Somos felizes com o que faze-mos”. A irreverência é facilmente notada. A Faringes da Paixão não é só brega. É contagiante. É, acima de tudo, a valorização do popular, do espontâneo e do criativo.

Mas calma porque, como o próprio grupo canta em numa de suas canções, “tem paixão pra todo mundo”.

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BregA | através do modo irreverente de tocar, a

Faringes da Paixão conquista uma legião de fãs

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reAlIzAÇãO | Rodrigo Solano, vice-campeão do programa “Aprendiz Universitário” pede para a plateia participar de sua foto

jovens | emPreendedoreS

o alagoano Wesley Barbosa foi um dos palestrantes. De ori-gem humilde, criado na cidade de Maceió, Wesley tem hoje 24 anos, mora na China e já é executivo global da Ha-

ppy Elements, empresa chinesa que desenvolve jogos para mídias sociais como o famoso “Colheita Feliz”, sucesso no Orkut. Sem muitas dicas de estudo, Barbosa contou como foi conquistando as oportunidades. “Os livros mudam as vidas, mas quem muda muito mais é você”. O jovem, que trata sua carreira como uma empresa, reconhece o valor da parceria e aconselha a se unir com amigos profissionais, mas as pessoas certas, aquelas que acres-centam. “Coloco a responsabilidade do que acontece em mim e em todos que estão ao meu lado”.

Enquanto tirava o tênis e sentava à beira do palco, incitou auto-questionamentos em cada um: “Quem você quer ser? Quem as pes-soas acham que você é? Quem você verdadeiramente é? Você é o que você quer ser?”. E aconselhou: “Invistam mais tempo no autoconhe-cimento”. As frases, que pareciam ter saído de um livro de autoajuda, proferidas por Wesley tinham uma força. Tinha a legitimidade daquele que contou que seus amigos de infância morriam com 15 anos, vítimas

das drogas, da violência e agora ele estava ali falando, para uma plateia lotada, como tinha conseguido não reproduzir isso em sua vida. “As pessoas agem de forma diferente do que elas querem ser (...). Parem de viver o sonho dos outros. Passem a viver o sonho de vocês. (...) Levem a vida de um jeito coerente. Quanto mais se muda, mais se é o mesmo”.

Como estratégia de divulgação do novo jogo da empresa onde trabalha, causou alvoroço ao tentar distribuir “peixes-pandas” de pelú-cia. Foram tantos os gritos e os que se levantaram de suas poltronas para conseguir um dos animaizinhos, que Wesley, se desculpando pela bagunça que estava causando, preferiu deixar a tarefa com os organiza-dores do evento. Despediu-se agradecendo à mãe que passava fome, fez um concurso público e “empreendeu as nossas vidas”. Agradeceu por tanto amor e dedicação. Coerente com o que havia dito anterior-mente, finalizou aconselhando à plateia a não esquecer que você não faz nada sozinho e ainda desejou que todos pudessem olhar para si mesmo e dizer: “eu sou quem eu quero ser”.

O recifense Rodrigo Solano é conhecido nacionalmente. Em 2010, foi vice-campeão do Aprendiz Universitário, programa televisivo onde

JoVenScoM MATuriDADEDE GENTE GrANDE

Nos dias 16 e 17 de abril, aconteceu, no Teatro da universidade Federal de Pernambuco (uFPE), a segunda edição do congresso Pernambucano de Empreendedorismo Jovens & Empreendedores (cpeje). | AlAnA lIMA

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te”. Muitos aconselharam que tivesse cuidado com os concorrentes, que estavam todos atrás de um mesmo objetivo. “Nem todo mundo gosta de pessoas, mas meu pai disse: ‘Faça muitos amigos’. Isso é o mais importante”. Competição leal.

Assim como Wesley, Rodrigo falou muito de sua família. Logo no início, assim que puxou a cadeira do lugar original e sentou “no braço” do móvel, falou da emoção que sentia por estar palestrando pela primeira vez em sua cidade e por seus pais o estarem assistindo. No fim, a “receita” de sucesso dada pelo jovem de 24 anos, que é executivo na China, e pelo de 20, que já é Gerente Comercial do Grupo Ser Educacional, foi a seguinte: seja você mesmo e seja grato à sua família. “Dica” que nenhum livro de empreendedorismo pode dar, uma daquelas coisas que a gente vai aprendendo enquanto a vida passa e nós passamos por ela.

Serviço:twitter: @cpeje, @Wesleybs e @digaosolano

dezesseis estudantes concorreram à premiação de um milhão de reais, além de uma vaga de emprego no Grupo Doria Associados, através da realização, em grupo, de tarefas profissionais geralmente ligadas a es-tratégias de marketing. Apesar de um perfil pouco associado ao mundo empresarial, ao contrário dos palpites de muitos amigos, Solano foi um dos selecionados para participar do programa e foi muito longe. O jovem estudante de jornalismo contou que sempre foi “largado”: só andava de tênis, usava brinco, tinha uma banda. Quando contava aos conhecidos que estava participando do processo seletivo para o programa Aprendiz Universitário, muitos aconselhavam: “Não vá para O Aprendiz, vá para o Ídolos, Joga 10...”.

O jovem se inscreveu no programa como quem acorda pela ma-nhã e vai escovar os dentes. No dia após a final da edição seis do pro-grama, viu um recado que deixara para si mesmo em seu celular: “Me inscrever no Aprendiz” e a cumpriu. Sempre muito preso à família, teve que ser um “desbravador” e a viagem para a seleção do programa foi o primeiro passo. Na entrevista, enquanto todos estavam formalmente vestidos, Rodrigo chegou de tênis e brinco. Sua mãe, como que pre-vendo, liga: “Rodriguinho, tira o brinco”. Esqueceu. A fala inteira do jovem foi marcada por essa sensação de inadaptação. No decorrer do programa, conta que, enquanto os colegas passavam horas lendo os cadernos de política nos jornais, ele lia o de esporte e ia jogar videoga-me. Tudo isso era para dizer que “existe espaço para todos os jeitos”, “meta a cara”. Lembrando bastante o que Wesley Barbosa havia dito momentos antes sobre a importância de ser quem você, de fato, é.

Na etapa de entrevistas, conta que aquelas perguntas clássicas sobre qualidades e defeitos foram feitas e ao contrário dos muitos que responderam que gerenciavam crises e criavam projetos, Rodrigo Sola-no disse: “Tento me dar bem com todo mundo, acho que é importan-

PArTICIPAÇãO | Pessoas de todas as idades foram conferir

as atrações do Congresso

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POSe PArA FOTO | O grupo de jovens empreendedores foi um sucesso no II Cpeje

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muitas vezes, assistimos a pessoas idosas comen-tarem mitos e chavões com tal segurança que somos capazes de esconder a verdade do nosso

conhecimento sábio em prol das “assertivas” quase que impostas por essas pessoas mais vividas. Isso acontece porque, geralmente, nunca foi pesquisada ou estudada a origem dessas quimeras quase mágicas. Alguns mitos, como o possível mal advindo do comer manga ou banana com leite, já foram dizimados, pois hoje se sabe que essa ideia foi imposta por fazendeiros para evitar o consumo do leite de suas vacas pelos peões. Como era muito comum o desjejum com frutas como mangas ou bananas, por se-rem muito mais acessíveis, a elite apostava nesse suposto malefício físico a fim de impedir que os seus empregados consumissem o leite. Hoje muitos mitos ainda não foram esclarecidos. Chás diversos para eliminar pedras nos rins e unguentos com folha de pimenteira ou pele de tomate em-bebida com azeite aquecido como solução para espinhas e furúnculos ainda são utilizados sem o conhecimento de suas verdades. Ingerir sal para pressão arterial baixa, não tomar bebidas alcoólicas enquanto estiver usando antibi-óticos para não cortar o efeito do medicamento, e outros conselhos de nenhum cunho científico são adotados como verdadeiros.

Só para esclarecer a verdade das citações do último parágrafo, adiantamos: a água do chá é que dilui a pedra que se aloja nos rins; o calor é o que ativa a circulação; o sal retém líquido, faz mal aos hipertensos e não dar resul-

tado para os hipotensos; o álcool aumenta a diurese que elimina o antibiótico mais rapidamente. Na verdade, essas mentiras são formas de convencimento mais eficazes que evitam males maiores. E aí, são válidos esses mitos como tantos outros? Acho que não. Quando não conhecemos a verdade que nos impulsiona para uma tomada de posição, agimos no escuro sobre nós mesmos e transmitimos uma informação mentirosa para os nossos descendentes.

Hoje esses engodos não são justificados, pois a internet e outras formas de procurar a informação ver-dadeira estão muito perto de todos, e qualquer mentira pode ser facilmente desmascarada. A intenção deste tex-to é chamar a atenção do público para acreditar apenas em conceitos de bases verdadeiras. Buscar a verdade requer pedir a quem quer lhe impor um conhecimento que dê uma explicação coerente acerca do processo que emerge com a solução pouco esclarecedora. Dizer sim-plesmente “sei que é assim” não é suficiente! Não só na área da saúde, mas também em outros segmentos, acontecem recados que só têm validade em determina-das circunstâncias. “Quem não deve não cresce”, por exemplo, é aceitável quando seu negócio dá uma lucra-tividade suficiente para pagar os custos e ainda desen-volve-se no mercado. Assim é bom sempre lembrar que “cada caso é um caso”, como se diz popularmente, e a partir daí verificar se o adágio popular é aplicável a você ou não. Sempre buscando o porquê de aquele conselho ter se tornado um adágio popular.

artigo | wilSon barreto

Engenheiro, professor de Acústica Arquitetônica da Faculdade de Ciências Humanas - ESUDA. Blog: quimera-wilsonmar.blogspot.com

avaliando os adágios populares

leia mais noportalfera.com.br

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social | reabilitação

quando nos deparamos com os problemas relacionados à miséria enfrentados pela sociedade, é comum pensar-mos: “E se fosse diferente? E se os pobres pudessem ter

a chance de mudar de condição, partir para uma melhor?”. Alguns, porém, resolvem deixar de ficar apenas refletindo e colocam os ide-ais em prática.

A Casa de Passagem é cheia de pessoas com a intenção de dar auxílio ao próximo sem medir esforços. A organização não-go-vernamental (ONG), situada no Recife, funciona desde a década de 80, e o início das benfeitorias se deu em paralelo ao processo de construção do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), já que na época – precisamente em 1988 - a atual Constituição do Brasil sofria grande reformulação, incluindo a elaboração de novas leis que assegurariam os direitos dos cidadãos.

O estabelecimento foi fundado por quatro mulheres: a advo-gada Ana Vasconcelos, a psicóloga Cristina Mendonça, a pediatra Graça Pires e a doutora em química Ângela Vasconcelos. A Casa de Passagem só atendia meninas em situação de risco. Logo, ampliou o leque de atuação, passando a agregar indivíduos provenientes de

locais carentes.Lá, várias ações em prol do bem-estar do ser humano são

exercidas através de atividades desenhadas de acordo com as ne-cessidades principais de cada grupo assistido. Uma das atividades foi denominada de Programa Passagem para a Vida (PPV). O nome não poderia ser mais apropriado, pois, por meio dele, garotas an-tes sem rumo ou sem ninguém capaz de guiá-las pelos caminhos certos aprendem a enxergar suas existências de modo mais bonito.

Os intuitos do Programa são reestruturar a identidade das jo-vens e inseri-las nos contextos familiar, escolar e comunitário. Em 2010, os responsáveis e colaboradores do PPV receberam uma óti-ma notícia.

Mas, primeiro, vamos aos fatos. No final de 2010, a empresa multinacional Petrobras, forte atuante no cenário mundial de ener-gia, tecnologia e pesquisas, lançou uma seleção nacional. Nesta seleção, seriam escolhidos 113 dos 5.183 planejamentos de caráter beneficente inscritos – os contemplados compartilhariam, propor-cionalmente ao tamanho do projeto, um investimento de cerca de R$ 110 milhões. Ao saberem disso, membros da Casa de Passagem

No final de 2010, a casa de Passagem – organização não-governamental (oNG) – teve sua proposta de ação beneficente aceita na seleção promovida pela Petrobras. Eis que surge o Ninho da cidadania, projeto que visa a formação de verdadeiras cidadãs.| maTeUS lima

Rumoà ciDADANiA

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trataram de enviar para a disputa um candidato de peso: o Projeto Ninho da Cidadania.

Lembra da ótima notícia citada há pouco? Pois é, o Projeto Ninho da Cidadania foi o único do Nordeste a ser aprovado pela Petrobras. Além disso, foi integrado ao PPV, a fim de fortalecer o projeto e aumentar o nú-mero de ajudados ou, no caso, ajudadas pelo Programa..

O Ninho da Cidadania tem duração de 24 meses e desenvolve papel educativo e pedagógico. Nele, 260 crianças e adolescentes do sexo femini-no, com idade entre 7 e 17 anos e em posição vulnerável na sociedade, têm acesso a oficinas de vídeo, aulas de gestão ambiental, cursos de inclusão digital, ginástica rítmica, dança popular e pintura, além de horários reser-vados à alimentação e ao lazer.

Tudo acontece de segunda a sexta-feira, durante o turno da manhã – a maioria das meninas estuda à tarde -, contabilizando 20 horas semanais.

Como o Projeto será realizado em 24 meses, a cada 12 meses, 130 garotas serão acolhidas. Ao fim do Projeto, elas não ficam desamparadas, pois podem ser encaminhadas para as demais ações desenvolvidas na Casa de Passagem ou até enviadas a outros pontos de acompanhamento social.

A coordenadora do Programa Passagem para a Vida, Maria Auxi-liadora (apelidada de Dôra), trabalha na Casa de Passagem há 21 anos. Segundo ela, a participação dos pais das jovens é fundamental para o resultado obtido ser satisfatório. “Nós chamamos as mães ou os tuto-res aqui ao menos uma vez na semana. Promovemos terapias familiares, onde são expostas as dificuldades, e buscamos achar soluções.”

A coordenadora explica que a origem das crianças e das adolescen-tes é variada, mesmo que as histórias de dor e sofrimento se assemelhem: “As queixas das meninas são bem semelhantes, porém o modo de aces-so ao PPV nem sempre é igual. Geralmente, elas são encaminhadas por

hISTórIA | Maria Auxiliadora atua na Casa de Passagem há 21 anos reTOrnO | Anderson Henry ensina e aprende com as suas alunas

gInáSTICA | Através do esporte, as meninas se mantêm saudáveis

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conselhos tutelares, pela Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente - GPCA, pelos Centros de Referência de Assistência Social - CRAS ou por indicação de líderes comunitários e amigos”.

Por fim, Dôra revela: “Se não contásse-mos com o apoio considerável da Petrobras, da OAK Foundation – instituição de perfil filantrópico e com sedes em diversos países – e da Prefeitura do Recife, seria complica-do continuar o nosso sonho de salvar quem precisa”.

Maria auxiliadora é só uma dos tantos engajados na missão de transformar o mun-do num lugar justo. O professor de ginásti-ca rítmica e dança popular, Anderson Henry, faz questão de contribuir e ensinar tudo o que sabe para as garotas. Para ele, o esporte e a dança são indispensáveis para a reabilita-ção de alguém. “Sem estes dois elementos, é quase inviável colher bons frutos. O espor-te e a dança as tornam confiantes e saudá-veis. Estimulam a convivência em grupo e mostram a importância de se ter disciplina.”

Ao ser questionado sobre os maiores desafios enfrentados no dia a dia, Anderson responde: “A imposição de regras tem de ser feita com cuidado. Muitas não impõem os próprios limites. Se transmitirmos os va-lores da maneira errada, corremos o risco de criar sérios problemas de relacionamento”.

Qualquer um envolvido em projetos deste tipo sempre tem bastante a aprender. No caso do professor, isso também ocorre: “Conhecê-las a fundo me enriquece de forma inexplicável. As vivências individuais costu-mam chamar a minha atenção”.

E que vivências! A.K., de 15 anos, é um exemplo claro. Há cerca de dois anos e meio na Casa de Passagem, a jovem diz que se não estivesse incluída no PPV, não teria noção de como seria o futuro. “Aqui, eu me dis-

traio e permaneço distante das coisas ruins.”A.K. pretende se dedicar aos livros para

se tornar médica e ter a chance de cuidar de outras pessoas. “Espero concretizar o meu sonho”, conclui. Por sua vez, a adolescente G.C., de 15 anos, fala que, antes de frequentar e fazer parte do Projeto Ninho da Cidadania, era estressada e desinteressada. “Eu não me concentrava em nada, era dispersa. Agora, me sinto calma. É bom estar assim.” Sobre a carreira profissional, G.C. não tem dúvidas: “Vou ser advogada”.

Se as meninas irão ou não conseguir alcançar os seus objetivos, não sabemos. No entanto, o simples fato de elas terem es-peranças de que é realmente possível já nos deixa tranquilos e, por que não, esperanço-sos como elas.

Obs: a pedido da coordenadora do Programa Passagem para a Vida, Maria Auxiliadora, as duas meninas entrevistadas durante a produção da matéria não foram identificadas no texto a fim de preservá-las. Por isso, foram usadas apenas as iniciais de seus nomes.

Serviço:Casa de Passagem – R. Capitão Lima, 310, Santo Amaro, Recife-PE. Fone: (81) 3222-7014 – www.casadepassagem.org.br

InClUSãO | Jovens da Casa de Passagem recebem aulas de informártica SOnhO | A.K. pretende ser médica

CerTezA | G.C. não tem dúvidas: “Vou ser advogada”

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social | reabilitação

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reSUlTADO | Peças artesanais produzidas

pelas meninas atendidas pelo PPV

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especial | Senac

refinaria Abreu e Lima, Estaleiro Atlântico Sul, fábrica da Fiat, Arena da Copa do Mundo de 2014. Ninguém duvida de que os novos in-vestimentos em Pernambuco aquecem a economia local e geram

uma expansão no número de vagas de trabalho. Mas o que muita gente não percebe é que esses empregos não estão localizados apenas nas áreas específicas em que os investimentos estão sendo realizados: ocupações que não têm uma ligação direta com as áreas como construção civil e engenharia naval também estão com uma demanda em alta. Um exemplo disso é a ampliação do mercado de trabalho para os profissionais de eventos. Com o aquecimento da economia, cresce o número de festas particulares, de lan-çamentos, congressos, seminários, shows de grande porte e muitos outros eventos.

Quem quer investir nessa profissão, portanto, deve estar atento e co-meçar a sua preparação desde agora. A Faculdade Senac de Pernambuco é uma das instituições de ensino superior que aposta no segmento, com a formação superior em Tecnologia em Eventos e a pós-graduação em Produção e Gerenciamento de Eventos.

O primeiro curso, com duração de cinco semestres (dois anos e meio), ensina como conceber, planejar, organizar, executar, gerir e avaliar os processos de produção de empreendimentos na área. O perfil curri-cular de Tecnologia em Eventos também tem um espaço reservado para aulas práticas: ao longo do curso, os alunos já planejam e realizam even-tos e participam de visitas técnicas, na própria instituição e nas empre-sas organizadoras. A Faculdade também convida profissionais que estão atuando no mercado para fazer palestras e mostrar um pouco do que é o trabalho na prática.

As disciplinas do curso têm conteúdos constantemente atualizados, sempre de olho nas novas demandas que o mercado de trabalho impõe. Uma preocupação, por exemplo, é a preparação dos alunos para o mun-dial de futebol de 2014, um evento internacional que terá uma de suas arenas no Estado. De acordo com a coordenadora do curso, Fabiana Ban-deira, este será um importante incentivador da geração de empregos no segmento. “O profissional de eventos não será necessário apenas durante a Copa do Mundo. Ele também é fundamental em todas as etapas da preparação para a competição, organizando seminários de apresentação de projetos, lançamentos de empreendimentos, reuniões, etc.”, explica.

Fúlvio Beltrão, aluno do curso, concorda que o grande foco, nos próximos anos, será o mundial. “Durante a Copa, haverá eventos para a população assistir aos jogos, porque nem todo mundo vai para o está-dio. Os próprios turistas que Pernambuco irá receber vão exigir eventos paralelos”, diz. Para ele, hoje em dia não basta mais ter só experiência de mercado, porque as empresas estão buscando profissionais capacitados. “Quem tiver tanto experiência quanto um certificado comprovando que está apto a exercer a profissão, nos próximos anos, terá mais facilidade em conseguir uma vaga”, avalia.

A Faculdade Senac prepara cerca de 40 profissionais por ano. Quem se forma na área, geralmente, opta entre duas possibilidades de atuação no mercado: como profissional autônomo ou como contratado de empre-

DeMAnDA | Para Fúlvio

Beltrão os próprios turístas de Pernambuco

vão exigir eventos paralelos

OPOrTUnIDADe | Para Fabiana Bandeira, não vão faltar chances na Copa

profissionaisde eventos

com a proximidade da copa 2014, a preparação desses profissionais se faz necessária | ASCOM SenAC

sas organizadoras de eventos. Os empregadores costumam buscar um perfil específico, segundo a coordenadora: “Tem que ter iniciativa, gostar de trabalhar com o público e aprender a lidar com a pressão. Sem contar as competências técnicas, como ser organizado e ter noções de cerimo-nial e planejamento, por exemplo”. A faixa salarial, para quem está inician-do no mercado, varia de 800 a 1000 reais.

Para quem quer se especializar, a Faculdade também oferece o cur-so de pós-graduação em Produção e Gerenciamento de Eventos, em que são ensinados comunicação empresarial, planejamento e organização, assessoria de imprensa, marketing, gestão de eventos culturais, sociais e corporativos, entre outros assuntos. A carga horária total é de 360 horas, divididas em 15 meses, e o curso acontece aos sábados.

ServiçoFaculdade Senac – Avenida Visconde de Suassuna, nº 500, Santo Amaro, Recife – PE – Fone: 81 3413.6655 / 0800 081 1688 www.faculdadesenacpe.edu.br

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sétiMa arte | Silvana marPoara

nos últimos tempos, ficção e realidade estão cada vez mais próximos. Tanto que lemos as manchetes dos jornais acreditando tratar-se de enredos cinemato-

gráficos e assistimos aos filmes como se estivéssemos vendo as imagens da vida real. Isso nos faz pensar que o cinema e o jornalismo bebem de uma mesma fonte: os dramas huma-nos. A relação dessas duas profissões será o assunto discuti-do nesta edição. Afinal, quais as semelhanças entre cineastas e jornalistas?

Desde as primeiras imagens do cinema, a preocupa-ção com os fatos, como o trem chegando à estação ou os trabalhadores saindo da fábrica – considerados os primeiros registros dos irmãos Lumiere – está sempre em evidência. Só acreditamos que o homem esteve na lua, por exemplo, porque alguém registrou esse momento através de uma câmera, e es-sas imagens continuam sendo vistas até hoje. E tantos outros momentos da história ficaram eternizados graças à produção cinematográfica. Assim, o cinema que muitos conhecem ape-nas pela característica do entretenimento, da diversão e da fic-ção ganha outra função com o formato documentário.

Já o jornalismo, considerado o quarto poder, tem como característica retratar os dados factuais, as notícias e a divul-gação de informações de interesse público. Mas, em alguns momentos, tem se utilizado de recursos típicos do cinema, como recriação de imagens e até a manipulação de informa-ções, que alteram completamente o sentido da notícia e da história. Como não lembrar, por exemplo, do clássico exemplo da história da comunicação criado por Orson Welles, a transmissão radiofônica intitulada “A Guerra dos Mundos”? A história contava sobre um exército que ninguém via, mas que, de acordo com a dramatização radiofónica em tom jornalístico, acabara de desembarcar no nosso planeta – e com isso provocou pânico nos ouvintes, que imaginavam estar enfrentando uma invasão de extraterrestres.

Essa convergência entre veículos de comu-nicação e o audiovisual é o que faz de profis-sionais do cinema e da imprensa compa-nheiros de um mesmo universo midiático. Vale lembrar que a formação de ci-

Jornalista, produtora cultural, professora universitária, mestra e aluna do doutorado em educação da UFPE. [email protected]

tv, cinema, ficção, realidade e muitas definições...

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neastas é algo recente, visto que os cursos na área existem há pouco mais de uma década. Assim, muitos dos diretores e roteiristas acabaram surgindo nas escolas de comunicação como o americano Sidney Lumet (que faleceu recentemente) e um dos mais importantes realizadores do cinema brasileiro, Glauber Rocha. E mesmo hoje, com diversos cursos técnicos e de graduação voltados para a arte cinematográfica, há uma geração de jornalistas que faz cinema. No Recife, por exemplo, nomes como Lírio ferreira (O Baile Perfumado) e Marcelo Pe-droso (KFZ) são exemplos desses jornalistas cineastas bem sucedidos.

Então pergunto: até que ponto arte-notícia e ficção-reali-dade se fundem e formam as imagens que nós espectadores assistimos na telona do cinema ou na telinha da tv? Que ima-gens e histórias são essas? Essa parece ser uma discussão sem fim e que ainda nos renderá uma série de filmes e notí-cias por aí. Enquanto isso... Segue uma breve lista de filmes ambientados no universo jornalístico para que você crie a sua própria opinião: CIDADÃO KANE, TODOS OS HOMENS DO PRESIDENTE, REDE DE INTRIGAS, O SHOW DE TRUMAN, SUPERMEN e tantos outros... bons filmes e boas notícias para todos nós!

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Piratas do Caribe 4: Navegando em Águas Misteriosas – 20 de Maio – Nesta nova aventura Jack Sparrow (Johnny Depp) está em busca da Fonte da Juventude e reencontra com uma mulher de seu passado (Penélope Cruz). Ela o obrigará a embarcar no navio do temido Barba Negra e ele fica sem saber de quem ter medo dela ou do pirata. Estreia em 2D e 3D | Comédia | 12 anos

Se Beber, Não Case 2 – 27 de Maio – Os amigos Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms), Alan (Zach Galifianakis) e Doug (Justin Bartha) viajarão para Bangcoc, desta vez para o casa-mento de Stu, que resol-ve fazer só um café-da--manhã pré-casamento e novamente nada sairá como planejado. Estreia em 2D | Comédia | 14 anos X-Men: Primeira Classe – 03 de Junho – A história será passada nos anos 1960 e contará a história do encontro de Charles Xavier (Ja-mes McAvoy) com Erik Lehnsherr (Michael Fassbender), o futuro Magneto. O elenco contará ainda com os vilões Fera, Destrutor, Mística, Angel entre outros. Estreia em 2D | Aventura | 12 Anos.

ciNEMA

Luciana Rodrigues é webdesigner, fotógrafa, editora do jornalespalhafato.com e analista de mídias sociais do Portal Fera!.

Kung Fu Panda 2 – 10 de Junho – O nosso querido Po esta vivendo seu so-nho como Guerreiro Dragão, protegen-do o Vale da Paz com seus amigos mestres do Kung Fu. Porém ele terá um grande desafio com a chegada de um novo vilão que possui uma arma secreta e ameaça destruir a China e o Kung Fu. Estreia em 2D e 3D | Animação | Livre.

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espalha fato | luciana rodrigueS

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Aniversário do Maluco Beleza – 21 de Maio – O Maluco Beleza está completando 20 anos no próximo dia 21 de maio e quem ganha a festança é você! A comemoração será no Cabanga Iate Club ao som de Asa de Águia, Cheiro de Amor e Sambô. Serviço: Av. Engenheiro José Estelita, s/n, Pina|PE. Ingressos: R$ 50,00 (Pista) R$ 100,00 (Fronts-tage). Pré-venda de ingressos no site Ingresso na Hora. Informações (81) 3207.5454

Isabela Tavianni – 22 de Maio – A carioca Isabella Taviani, volta ao Reci-fe no dia 22 de maio, com seu novo show chamado “Meu Coração Não Quer Viver Batendo Devagar”. A partir das 21h no Teatro Guararapes. Serviço: Complexo de Salgadinho, s/n, Olinda|PE. Ingressos: R$ 70,00 (inteira) e R$ 35,00 (estudante), a venda na bilheteria do Teatro e nas lojas Vagamundo dos Shoppings Plaza, Tacaruna e Guararapes. Infor-mações: 3427.8000

Sandy – 03 de Maio – A can-tora Sandy chega ao Recife com seu novo show do ál-bum “Manuscrito”, no pró-ximo dia 03 de junho. No repertório estarão sucessos como “Pés Cansados” e “Quem Sou Eu”. Serviço: Av. Agamenon Magalhães, Complexo de Salgadinho, s/n, Olinda|PE. O valor dos ingressos ainda não foram informados. Informações (81) 3427.7500

São João da Capitá – 10 e 11 de Junho – A programação do São João da Capitá deste ano está recheada. A festa que acontece nos dias 10 e 11 de junho terá a participação das bandas Magníficos,Cavaleiros do Forró, Aviões do Forró, Zezé di Camargo & Luciano, Calypso, Forró do Muído, entre outras. Serviço: Av. Agamenon Magalhães, Complexo de Salgadinho, s/n, Olinda|PE. Ingressos: Pista: R$ 60,00 (Inteira) R$ 30,00 (Estudante) R$ 45,00 (Casadinha) Ca-marotes: R$ 60,00 (Inteira) R$ 30,00 (Estudante) e R$ 100,00 (Casadinha). Ingressos a venda na bilheteria do Chevrolet Hall e Casa Pio. Informações (81) 3427.7500

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TEATroGaiola das Loucas – 20 e 21 de Maio – A peça “Gaiola das Loucas” chega ao Recife nos dias 20 e 21 de maio e traz em seu elenco Miguel Falabella e Diogo Vilela. A peça conta a história de um casal gay que toma conta de um cabaré igualmente gay e que tudo vai bem até que o filho de um deles aparece para dizer que vai se casar. A família da noiva, muito conservadora, não poderá saber da homossexualidade de seus pais e tudo vira uma grande bagunça. Serviço: Av. Reitores, Campus da UFPE, Cidade Universitária - Horário: 21 horas Ingressos: R$ 120,00 (Platéia) R$ 60,00 (Balcão) a venda na Livraria Saraiva e bilheteria do Teatro. Informações (81) 3207.5757

sériEs DE TVMad Love – 31 de Maio – Estrelado pelo ator Jason Biggs (Ame-rican Pie) contará a história de quatro amigos, onde dois estão a procura de um amor e os outros dois tentam evitá-lo. Henry (Biggs) é um advogado que se torna herói ao evitar um suicídio. Larry é o melhor amigo de Henry e também é advogado, ele por sua vez não quer se apaixonar. Henry, apesar de se declarar para sua namorada, acaba se apaixonando por Kate, prima de Connie que ele conhece quando salvou a suicida. A série estreia dia 31 de maio as 21:30h no Canal Liv.

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Revisora de textos da Revista Fera!e-mail: [email protected]

Se eu fosse escritora ficcional, escreveria um romance am-bientado dentro da escola do futuro. Aí seria fácil descrever as paredes gélidas de tão brancas, os corredores largos e

frios, as portas automáticas, a luz excessiva – os alunos entrariam na sala de aula depois de terem os olhos escaneados por um mo-derno sistema de identificação e os professores desconheceriam papel e caneta, artigos então pertencentes aos arquivos de mu-seus. Durante a aula, os alunos teriam à disposição modernos equipamentos e o processo de ensino-aprendizagem se resumi-ria a transferências de informações do computador do professor para os computadores dos alunos. As discussões versariam so-bre as inovações tecnológicas, a quantidade de informações que precisam ser apreendidas, os roteiros de sucesso para o futuro profissional e algumas medidas de segurança contra eventuais cataclismos ambientais. E eu chamaria esses alunos de “educan-dos-esponja”: um grande disco-rígido que absorve informações as mais variadas sem o compromisso de processá-las e de conec-tá-las umas às outras.

Se eu desconsiderasse os aparatos ultramodernos próprios a uma ficção científica, talvez eu pudesse escrever esse livro so-bre o mundo de hoje, já que, há muito tempo, o nosso mode-lo de educação considera o aluno como um tentáculo receptor de lições educativas e de informações. Grande parte das atuais instituições de ensino não se compromete com a aprendizagem compreendida como prática preocupada com o desenvolvimen-to de todo o potencial humano de cada estudante. Privilegia-se, antes, o treinamento do conhecimento do aluno para responder

provas e a transferência me-cânica de habilidades profis-

sionais. Seduzidos pelas trans-formações tecnológicas e pelo

progresso econômico, nós todos vivemos uma espécie de servidão vo-

luntária ao Deus mercado de trabalho. E, assim, é fácil perceber que todo mun-

do mantém o mesmo discurso: “não tenho tempo para ler,

não tenho tempo para ver meus amigos, não tenho tempo de me preocupar com os problemas do mundo e de pensar em saídas para os conflitos atuais, porque preciso estudar/trabalhar”.

Se preocupar com o mundo, exercitar a sensibilidade do espírito e se dispor à dura tarefa de encontrar uma alternativa para as profundas desigualdades da sociedade são atitudes humanas despertadas nas pessoas por processos educativos, formais e não-formais. Sem dúvida, todos nós percebemos, de alguma maneira, que há algo errado e, inclusive, apontamos as falhas da nossa educação! Mas vocês já perceberam que as soluções, quando apresentadas, são sempre as mesmas? “É preciso inves-tir na educação dos jovens, pois estes precisam se preparar para o mercado de trabalho, precisam se profissionalizar. A educação necessita de avanços, entre eles, a valorização do professor e a melhoria da infraestrutura escolar.” Todo mundo sabe de cor o que é preciso melhorar, e não nego a verdade dessas afirmações. O engraçado, no entanto, desse discurso em prol do progresso educacional é que ninguém se lembra de que a educação é uma ação que contempla questões extracurriculares e questões exter-nas ao mercado de trabalho.

A verdadeira educação é revolucionária, não fica congelada no mundo profissional e concentra forças na quebra de qualquer obstáculo que se interponha entre o homem e o pleno desenvol-vimento da sua condição humana. As instituições educacionais devem tratar a educação como uma ação que vai além do treino de habilidades profissionais. Educar é processo ativo e não pas-sivo, pois o aluno não é um depósito de informações e fórmu-las. Educar é constantemente lançar ao aluno um desafio, fazê--lo desdobrar-se em questionamentos, despertar a curiosidade por novas descobertas. Eis aí o verdadeiro papel da escola e dos educadores: transformarem-se em faíscas do conhecimento. Os professores lançam a chama enquanto cabe ao aluno dividir com todo o mundo o trabalho de mantê-la acessa, pois, afinal de con-tas, a educação é um processo que leva a vida inteira. Compete à escola e aos alunos decidirem se nós formaremos uma sociedade de profissionais ou de seres humanos, um mundo preocupado com cifras ou com pessoas.

alunos-esponja e a escola nem tão do futuro

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