Revista 06 - SBOT-ES - jul/ago/set 2009

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Entrevista João Carlos Belloti O médico paulista fala sobre a Medicina Baseada em Evidência. 4 Matéria especial Osteoporose Silenciosa, ela já afeta mais de 200 milhões de pessoas no mundo. 10 2 3 12 13 14 Informativo 06 2009 jul / ago / set Carta do Presidente Artigo Dicas SBOT-ES Raio X Vida Leve

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Edição número 06 da revista da SBOT-ES

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Entrevista João Carlos Belloti

O médico paulista fala sobre a Medicina Baseada em Evidência.

4Matéria especial Osteoporose

Silenciosa, ela já afeta mais de 200 milhões de pessoas no mundo.

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Informativo

06 2009

jul / ago / set

Carta do Presidente

Artigo

Dicas SBOT-ES

Raio X

Vida Leve

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este editorial não poderíamos

deixar de falar daquele que é

o maior evento realizado pela

Sociedade durante o ano: o 2º Congresso

de Ortopedia e Traumatologia do Espírito

Santo.

Realizado entre os dias 30 de julho e 1º de

agosto, o evento, como o do ano passado,

representou uma grande oportunidade

de atualização e troca de experiência com

vistas a fomentar novos conhecimentos e,

consequentemente, proporcionar melhor

atendimento à saúde da população capi-

xaba. Para isso, convidamos renomados es-

pecialistas e pesquisadores capixabas e de

algumas das melhores instituições médicas

e acadêmicas do País para tratarem, du-

rante as 25 palestras realizadas, de temas

extremamente importantes para a nossa

realidade profissional. Capixabas e visitan-

tes apresentaram, durante os três dias, os

principais progressos médicos alcançados

no cenário estadual e nacional.

A SBOT-ES sabe o quanto a pesquisa é im-

portante para o progresso da ciência e da

área médica em nosso País. É graças a ela

Carta do Presidente

João Carlos de Medeiros TeixeiraPresidente da SBOT-ES

DiretoriaPresidente: Dr. João Carlos de Medeiros Teixeira

Primeiro Vice-Presidente: Dr. Alceuleir Cardoso de Souza

Segundo Vice-Presidente: Dr. Adelmo Rezende F. da Costa

Primeiro Secretário: Dr. Thanguy Gomes Friço

Segundo Secretário: Dr. Adelmo Rezende Ferreira da Costa

Primeiro Tesoureiro: Dr. Antônio Tamanini

Segundo Tesoureiro: Dr. Paulo Henrique Paladini

Conselho Fiscal Dr. Carlos Henrique O. de Carvalho Dr. Mássimo Nelson C. E Gurgel Dr. Flávio Vieira Somoes Dr. Ruy Rocha GusmanDr. Fábio Vassimon JorgeDr. Bianor Guasti Júnior

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Dr. João Carlos de M. TeixeiraDr. Alceuleir Cardoso de SouzaDr. Adelmo Rezende F. da Costa

Comissão de Campanhas Públicas e Ações SociaisDr. José Fernando DuarteDr. José Carlos Xavier do ValeDr. José Lorenzo SolinoDr. Rounilo Furlani CostaDr. Francisley Gomes Barradas

Comissão de PresidentesDr. Pedro Nelson PrettiDr. Roberto Casotti LoraDr. José Fernando DuarteDr. Eduardo Antônio B. UvoDr. Geraldo Lopes da SilveiraDr. Hélio Barroso dos ReisDr. Jorge Luiz KrigerDr. José Lorenzo SolinoDr. Akel Nicolau Akel JúniorDr. Clark M. YazakiDr. Anderson De Nadai

Comissão de Publicação, Divulgação e MarketingDr. Anderson De NadaiDr. Adelmo Rezende F. da CostaDr. José Lorenzo SolinoDr. Edmar Simões da Silva Júnior

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Editor Wallace Capucho

Repórter Marcos Alves

Diretor de Arte Felipe Gama

Diagramação e Arte Chayanne MartinsThiago Greggory de Oliveira

Revisão Marcos Alves

Produção GráficaChico Ribeiro

ColaboradoresTexto Thiago Moreira Mattos

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Uma publicação Balaio Comunicação e Designwww.balaiodesign.com.br

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Impressão e acabamento Grafitusa. Esta revista foi impressa em papel couchê fosco 150g/m² Tiragem 4000 exemplares Periodicidade Trimestral Distribuição CP Distribuição e Lo-gística

As matérias e anúncios publicitários, bem como todo o seu conteúdo de texto e imagens, são aqui publicadas sob direito de liberdade de expres-são, sendo total e exclusiva respon-sabilidade de seus autores/anun-ciantes. É expressamente proibida a reprodução integral ou parcial desta publicação ou de qualquer um de seus componentes (texto, imagens, etc.), sem a prévia e expressa autori-zação da SBOT-ES.

N que o Brasil tem avançado para alcançar

os padrões internacionais nos tratamentos

de traumas ortopédicos.

Neste contexto, a Medicina Baseada em

Evidência - conceito cada vez mais presen-

te na medicina atual - ganha destaque. Por

isso foi um dos temas discutidos durante o

congresso. Integrar a experiência clínica

com a capacidade de aplicar a informação

científica de maneira a melhorar a quali-

dade da assistência médica é o que propõe

a Medicina Baseada em Evidência (MBE).

Para entendermos um pouco mais sobre o

assunto - e também saber o que mais rolou

no Congresso -, a 6ª edição do Informativo

SBOT-ES traz uma entrevista exclusiva com

o médico e pesquisador paulista João Car-

los Belloti, que abordou brilhantemente o

conceito durante o evento. Nesta entrevis-

ta, o médico fala, entre outras coisas, sobre

a expectativa em relação ao assunto para

os próximos anos. Vale a pena conferir.

Boa leitura para todos.

O que foi e o que vem por aí

2 Informativo SBOT-ES | 3º trimestre 2009

Page 3: Revista 06 - SBOT-ES - jul/ago/set 2009

á pouco tempo não se imaginava que seria possível a rea-

lização de cirurgia artroscópica na articulação do quadril,

justamente por sua anatomia ser formada por articulação

profunda e não haver espaço para se trabalhar. Contudo, as técni-

cas artroscópicas foram aprimoradas juntamente com a utilização de

tração em mesa ortopédica, associada ao intensificador de imagem,

sendo possível criar espaço suficiente para abordagem articular sem

danos iatrogênicos às estruturas articulares.

É importante lembrar-se dos cuidados e proteção dos pés e do

períneo - com algodão e espuma (rolo de espuma) - o que diminui

as lesões ou queixas relacionadas à tração no pós-operatório imedia-

to. Muitas reclamações de dores, que anteriormente passariam sem

diagnóstico, nos últimos cinco anos começaram a ser valorizadas, in-

vestigadas e compreendidas; houve uma evolução conjunta da orto-

pedia e da radiologia. Diagnósticos como lesões do labrum acetabular

e impacto femuroacetabular se tornaram conhecidos e cada dia mais

frequentemente associados à dor em quadris com radiografias apa-

rentemente normais. A queixa destes pacientes é geralmente dor leve

a moderada, às vezes só na prática esportiva. Outros, quando assen-

tados por longos períodos, relatam falceio ou mesmo queimação, dor

em glúteo e virilha.

Como rotina estes pacientes são avaliados em exames físicos;

exames complementares; radiografias de quadril em posição Ap e

perfil (falso perfil), e bacia em posição de rã; ressonância nuclear

magnética; e em alguns casos artrorressonância, principalmente em

casos de radiografias sem alterações e nos quais há grande dúvida se

a dor é de causa intra-articular. Não solicitamos a artrorressonância

de rotina como antes, pois trata-se de procedimento invasivo e com

risco de infecção secundária. A definição se realmente a dor é de ori-

gem intra-articular poderá ser solucionada por um teste anestésico;

o paciente é levado ao centro cirúrgico, em condições de assepsia.

Outras causas de dor no quadril passaram a ser investigadas (do-

res periarticulares). Bursites e tendinite trocantérica, ressalto lateral

fascia lata, ressalto anterior do íleo psoas, tendinite do psoas, tendi-

nites e entesites da enpinha ilíaca anterior, síndrome do piriforme,

etc, são causas de dores periarticulares que devem ser investigadas.

Até mesmo a bursite trocantérica e a ruptura do glúteo médio

já são abordadas por artroscopia, similar à cirurgia do manguito ro-

tador no ombro. Portanto, está havendo uma mudança radical na

abordagem do quadril doloroso, similar ao que aconteceu no joelho,

ombro etc; sendo importante que todos profissionais (ortopedistas,

reumatologistas, fisioterapeutas) que avaliam pacientes com dor no

quadril acompanhem esta evolução, trazendo estes benefícios aos

pacientes.

Muitas destas cirurgias artroscópicas podem ser vistas em vídeos

e aulas expostas livremente na internet no www.youtube.com, bas-

tando digitar hip athroscopy na área de pesquisa.

Artigo

H Edmar Simões da Silva Jr.

Ortopedista membro titular da SBOT e SB

Artroscopia do quadril

3Informativo SBOT-ES | 3º trimestre 2009 3

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Entrevista

Agilidade, eficiência e economia. Conheça a MBE.

João Carlos Belloti4 Informativo SBOT-ES | 3º trimestre 2009

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onde mais se concentram essas publica-

ções?

Temos o Centro Cochrane do Brasil que é

um lugar de difusão desses conceitos, com

muitas publicações a respeito do assunto.

Trata-se da seção brasileira da Colaboração

Cochrane, uma organização não governa-

mental, sem fins lucrativos e sem fontes de

financiamento internacionais, que tem por

objetivo contribuir para o aprimoramen-

to da tomada de decisões em Saúde, com

base nas melhores informações disponíveis.

Quais são as áreas da ortopedia que mais

possuem literatura sobre MBE?

Acredito que sejam joelho e ombro, uma

vez que a prevalência de lesões talvez seja

um pouco maior.

No Brasil, o método da MBE é muito utilizado?

Pessoalmente, considero que a utilização

ainda não chegou ao nível ideal, embora

esteja melhorando sempre.

E qual seria o país (ou os países) no qual o

Brasil precisa se espelhar?

São três: Austrália, Inglaterra e Canadá. O

interessante é que são três países que têm

um sistema público de saúde. É público,

mas diferente de vários lugares, funciona

muito bem. Por quê? Porque todas as me-

didas lá (ou a maioria delas) são tomadas

baseadas em evidência. Ou seja, se você

gastar apenas com uma coisa que funciona

bem, você faz economia. O problema às ve-

zes nem é a falta de recurso, mas sim como

você administra esses recursos. E a MBE te

ajuda exatamente nesse ponto.

Algumas pessoas dizem que a MBE já dei-

xou de ser apenas uma alternativa para se

estabelecer de fato. Quais são as expecta-

tivas para os próximos anos em relação a

esse assunto?

No Brasil, pelo menos no meio acadêmico

e científico, isso já é uma coisa estabeleci-

da. Talvez seja necessária uma abrangência

maior. Por isso, o intuito de participar de

congressos desse tipo é justamente esse: de

vir, debater, pra que todos possam enten-

der que é uma coisa simples; simples, mas

muito boa. Acredito que tenha-

mos um aumento na utilização

da MBE numa progressão geo-

métrica.

Em 2008, você também esteve

aqui para participar do 1° Con-

gresso Capixaba de Ortopedia e

Traumatologia. Dessa vez o que

você trouxe foi um aprofunda-

mento do que foi discutido no

ano passado?

Sim. No ano passado, nós tivemos

uma conversa conceitual. Este

ano nós fizemos uma aplicação mais deta-

lhada dos tipos de estudo, das meta-análises

e fizemos também uma aplicação prática

dos casos clínicos pra todo mundo discutir

a melhor forma de tratamento baseada em

evidências. Daqui a pouco vocês nem vão

precisar mais de mim por aqui. (risos)

O que você destaca de diferença do evento

deste ano para o do ano passado?

Minhas palestras tiveram um tempo de

duração maior. Isso deixou a gente ter

uma conversa bem detalhada das coisas e

eu senti que teve uma participação muito

boa. O pessoal estava mais por dentro, e

pudemos ter uma conversa bem mais apro-

fundada.

Para finalizar, o que você tem a dizer de

nosso Estado?

Eu sou fã do Espírito Santo, principalmen-

te da moqueca capixaba. Eu até comentei

com os colegas que quero vir numa outra

oportunidade, mas de férias; pra pescar, fi-

car na praia, só curtindo (risos).

Embora esteja em constante melhoria, a

MBE ainda não chegou ao nível ideal.

Medicina Baseada em Evidên-

cias (MBE) não é o futuro; é o

presente”. As palavras são do

presidente da Sociedade Brasileira de Or-

topedia e Traumatologia, Regional Espíri-

to Santo (SBOT-ES) na ocasião do 2º Con-

gresso de Ortopedia e Traumatologia do

Espírito Santo, realizado nos dias 30 e 31

de julho e 1° de agosto. O evento, ocor-

rido no Hotel Radisson, em Vitória, teve

discussões sobre vários temas, um deles a

MBE. E para falar sobre o assunto, a SBOT-

ES convidou um paulista que já é

uma figura conhecida pelos orto-

pedistas capixabas. João Carlos

Belloti, que também esteve no

congresso do ano passado, foi

uma das atrações do evento e

ainda concedeu uma entrevista

ao informativo SBOT-ES. Bello-

ti atualmente é coordenador do

curso de metodologia da Unifesp

(instituição na qual se formou e

onde também concluiu seu mes-

trado e doutorado). Autor de

vários artigos publicados sobre

MBE e ortopedia, além de colaborador em

diversos livros, Belloti falou um pouco so-

bre sua contribuição do congresso, fez um

panorama da MBE e confessou que é fã do

Espírito Santo.

Qual a importância da MBE para a or-

topedia hoje?

Atualmente, a evolução das técnicas cirúr-

gicas e das opções de tratamento é muito

rápida, e a MBE te permite discernir o que

é efetivo do que não é. Ela te dá informa-

ção de qualidade muito boa, além de agili-

dade. Isso permite que o ortopedista esteja

sempre atualizado de forma rápida. Todos

esses fatores são importantes não apenas

para o médico, pois ganha também o pa-

ciente e o gestor de saúde pública, que

consegue descobrir de forma rápida o que

é mais eficiente e mais barato também.

Então, você deixa de gastar dinheiro com

coisas que não funcionam.

Existe muita literatura sobre MBE atu-

almente no Brasil? Quais são os centros

“A

5Informativo SBOT-ES | 3º trimestre 2009

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Capa

homens e a faixa etária mais recorrente foi

a de 15 a 59 anos. Mais de 83% das víti-

mas do sexo masculino e mais de 67% das

vítimas do sexo feminino se enquadravam

nessa idade.

Em terras capixabas essa realidade não

é muito diferente. Segundo o último Re-

latório Anual de Estatística de Trânsito do

Detran-ES, no ano de 2007 foram registra-

dos 38.189 acidentes no Estado, 33% deles

com vítimas e a maioria em vias municipais

e rodovias estaduais. Das 17.566 vítimas,

mais de 3% foram fatais.

Ao todo, foram 571 mortes (uma mé-

dia de 1,61 por dia), 109 delas registradas

na Região Metropolitana (Cariacica, Fun-

dão, Guarapari, Serra, Viana, Vila Velha

e Vitória). Esse total foi composto por 92

motociclistas, 11 ciclistas, 87 pedestres,

132 passageiros e 244 condutores.

Tudo isso sem falar dos danos causa-

dos nos acidentes sem vítimas fatais. Para

se ter uma ideia da dimensão desse qua-

dro, de janeiro a junho deste ano, só no

Hospital São Lucas foram registradas 3.070

internações por trauma provocadas por

acidentes de trânsito.

Duplicação da BR-101: possibilidades

No dia 10 de setembro deste ano, Vi-

tória recebeu representantes da Agência

Nacional de Transportes Terrestres (ANTT),

que apresentaram um estudo sobre a du-

plicação do trecho da BR-101 que corta o

Espírito Santo. A obra viria com a conces-

são da rodovia à iniciativa privada. Porém,

de acordo com o estudo apresentado pela

ANTT, a duplicação só seria concluída em

2030, tempo considerado longo demais

por empresários e representantes do go-

verno estadual que participaram da reu-

nião.

A proposta também foi criticada por

planejar a duplicação do trecho Sul somen-

te para 2025. Atualmente, o trecho é consi-

derado o mais crítico e perigoso de toda a

rodovia. No que foi planejado pela ANTT,

a duplicação dos primeiros 14 quilômetros

seria feita até 2015, entre Serra e Viana, até

o entroncamento com a BR-262.

Além disso, outro fator que chamou

a atenção na proposta foi a cobrança de

pedágio. De acordo com o estudo, a du-

plicação demoraria mais de uma década,

mas a cobrança da taxa começaria em seis

meses após a assinatura do contrato com a

empresa que vencesse a licitação. O valor

da tarifa proposta seria de R$ 5,00 a cada

100 quilômetros.

Diante dos impasses apresentados,

a reunião teve como resultado a apro-

vação para se criar um grupo de estudos

que apresente alternativas à proposta da

ANTT, que por sua vez prometeu recebe-

las e analisá-las.

Não foi a primeira vez que se cogitou

entregar o trecho em questão à iniciativa

privada. Em 2007, depois de pressão do

governo do Estado, essa parte da rodo-

via, que entraria na segunda rodada de

licitações feita pelo governo federal, foi

retirada do lote de concessões. Junto com

empresários que atuam na área de logís-

tica e transporte, o governo do Estado

argumentou que não havia a garantia de

duplicação de todo o trecho e o custo do

pedágio era muito elevado.

Duplicação da “Rodovia do Contor-

no”: polêmica

No mês de agosto deste ano as condi-

ções de algumas rodovias no Espírito Santo

e o número de acidentes ocorridos nesses

locais foram tema de diversas reporta-

gens nos principais veículos de imprensa

do Estado. As matérias chegaram a listar

os pontos mais perigosos das rodovias do

Estado, dando destaque principalmente

O difícil caminho das pedras Enquanto as condições de algumas rodovias no Estado atormentam a vida de motoristas, governos (estadual e federal) penam para achar soluções que contornem o problema.

m relatório da Organização

Mundial de Saúde (OMS) publi-

cado no mês de julho deste ano

mostra que todos os anos 1,27 milhões de

pessoas morrem e entre 20 e 50 milhões fi-

cam feridas em acidentes nas estradas. Na

lista dos países que registram mais mortes

causadas por esses acidentes, o Brasil é um

dos destaques ao lado de China, Estados

Unidos, Indonésia, Egito e Federação Russa.

O estudo concluiu que, sem medidas imedia-

tas, os acidentes rodoviários serão a quinta

maior causa de morte no planeta em 2030.

Assim como em nível mundial e nacio-

nal, o alerta em relação ao número de ví-

timas em acidentes rodoviários também é

válido para Espírito Santo. Prova disso são

as estatísticas do Departamento Estadual de

Trânsito (Detran-ES). Elas apontam que em

2007 os acidentes de trânsito tiraram a vida

de mais pessoas do que doenças infecciosas

e parasitárias.

Além das condutas inadequadas por

parte dos motoristas, como desrespeito à

sinalização, excesso de velocidade e falta de

atenção, uma das causas desses acidentes

são as condições das estradas. No Espírito

Santo, por exemplo, a falta de sinalização,

os buracos encontrados em determinados

trechos ou o estado de conservação geral de

algumas rodovias colocam em risco a vida

de milhares de pessoas diariamente. A situ-

ação chega ao ponto de discutirem se entre-

gar a responsabilidade de algumas rodovias

à iniciativa privada é a melhor solução para

reduzir os acidentes nas estradas.

Acidentes no Brasil e no Espírito Santo

De acordo com dados do Relatório da

Secretaria de Vigilância da Saúde, do Minis-

tério da Saúde, sobre o perfil da mortalida-

de do brasileiro, em 2007 foram registrados

36.465 óbitos no País causados por acidentes

de trânsito. Desse total, 29.903 (82%) eram

U

6 Informativo SBOT-ES | 3º trimestre 20096 Informativo SBOT-ES | 3º trimestre 2009

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para a Rodovia do Contorno, que liga os

municípios de Cariacica e Serra. Até o dia

19 de agosto, a rodovia, que está em fase

de duplicação, havia registrado uma média

de quase 50 acidentes por mês em 2009.

Na hora de determinar a responsabili-

dade por tais acidentes não houve consen-

so, como mostraram as reportagens. De um

lado, a Polícia Rodoviária Federal do Esta-

do argumentou que a causa de muitos aci-

dentes é a má sinalização em determinados

trechos, culpando assim o Departamento

Nacional de Infra-Estrutura de Transpor-

tes do Espírito Santo (DNIT-ES), responsá-

vel pela sinalização das rodovias federais,

como é o caso da Rodovia do Contorno. O

DNIT-ES por sua vez jogou a culpa nos mo-

toristas, explicando que os acidentes são

provocados por excesso de velocidade e

desrespeito à sinalização.

Questionado novamente pelo informa-

tivo SBOT-ES, o DNIT-ES (em nota enviada

pelo seu Núcleo de Comunicação Social)

argumentou que os problemas na rodovia

decorrem do fato de a obra estar sendo

realizada ao mesmo tempo em que 35 mil

veículos (dos quais 68% são de carga) tran-

sitam no local, onde a velocidade máxima

permitida é de 40km/h.

Além disso, o DNIT-ES informou que a

caracterização do local não permite muitas

alternativas. “Não é possível construir va-

riantes que permitam a obra num patamar

mais seguro. Os desvios têm que ser reali-

zados na própria rodovia, e isto é um in-

contornável ingrediente a intensificar as

dificuldades e perigos que já não eram

poucos antes e durante a duplicação”.

Privatizar é a solução?

Em época de discussão da proposta de

duplicação da BR-101 no Estado, o diário A

Gazeta publicou no último dia 27 de setem-

bro uma entrevista com o presidente da As-

sociação Brasileira de Concessionárias (ABCR)

Moacyr Duarte, que falou sobre modelo de

concessões, cobrança de pedágio, entre ou-

tros assuntos. Otimista, Duarte avalia que o

programa de concessão de rodovias é um

sucesso. “Todas as pesquisas indicam que as

melhores rodovias do País são as pedagiadas.

Nas rodovias que foram transferidas para as

concessionárias, estas cumpriram seu papel,

realizaram investimentos, estão operando

adequadamente”, lembra.

O presidente da ABCR também acredi-

ta que o modelo traz mais benefícios aos

condutores do que custos. “Os usuários ga-

nham porque, na relação custo-benefício,

o que eles pagam é menos do que eles re-

cebem de retorno. Além disso, as rodovias

estão em bom estado”, completa. Duarte

pondera que é comum o usuário reclamar

dos valores cobrados nos pedágios, já que

as concessões são relativamente novas, e

as pessoas ainda não se acostumaram com

isso. “É evidente que o usuário estranha e

não gosta. Mas é uma tendência mundial.

Os recursos orçamentários não são mais su-

ficientes para atender às demandas sociais,

aposentadoria, saúde, educação, seguran-

ça, e ao mesmo tempo a infraestrutura”,

explica.

Para finalizar, Moacyr considera que

o modelo de concessões brasileiro precisa

melhorar: “Os estudos de viabilidade têm

de ser mais bem feitos. Quando você elabo-

ra um estudo tenta projetar razoavelmente

o que vai acontecer, o que dá para fazer, o

que não dá para fazer e a tarifa de pedá-

gio. Acontece que alguns governos se pre-

ocupam muito com a tarifa baixa.”

É exatamente este último ponto que,

segundo Duarte, vai pesar na duplicação da

BR-101 no Espírito Santo. “O problema ali é a

discussão de tarifa, porque se você quer uma

tarifa baixa, o que você faz? Começa a jogar

o investimento pra frente. Aí você não tem

renda suficiente para fazer o investimento

que precisa. Esse realmente é o desafio para

o estudo de viabilidade”, finaliza.

NúmerosEm 2007, no Espírito Santo...

38.189 acidentes foram registrados

33% dos acidentes foram com vítimas

80% dos condutores envolvidos em acidentes com vítimas eram

do sexo masculino

17.566 vítimas foram contabilizadas nos acidentes

571 vítimas fatais foram registradas

109 vítimas fatais foram de acidentes ocorridos na Região Me-

tropolitana

60% dos acidentes com vítimas fatais foram em vias municipais e

rodovias estaduais

16,65 mortos foi o Índice de Fatalidade por 100 mil habitantes

1,61 foi a média de mortos por dia

Fonte: Relatório Anual de Estatística de Trânsito do Detran-ES do

ano de 2007

2007

1,61

571

33%

80%

109

17.566

7Informativo SBOT-ES | 3º trimestre 2009

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Social

Foram três dias de palestras, discussões e muita troca de experiência. Assim transcorreu o 2º Congresso de Ortopedia e Traumatologia do Espírito Santo, que aconteceu em Vitória, entre os dias de 30 de julho e 1º de agosto, reunindo especialistas capixabas, cariocas e paulistas, além de fisioterapeutas e acadêmicos das principais escolas médicas do Estado.As palestras versaram sobre os diversos tipos de fraturas e seus métodos de tratamento, temas diretamente relacionados ao dia-a-dia profissional nas clínicas e prontos-socorros. Para João Car-los de Medeiros Teixeira, presidente da SBOT-ES, o dever foi cumprido, pois o evento também serviu para incentivar pesquisas nessa área e mostrar que o Espírito Santo está acompanhando os avanços nacionais e internacionais com relação à estrutura, qualidade do atendimento e trata-mento de traumas.

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5 5

2

3

3

2º Congresso de Ortopedia e Traumatologia do Espírito Santo

José Hungria Neto e esposa, Nelson

Elias e João Carlos Teixeira.

Joao Carlos Belloti, João Carlos Teixei-

ra e Delvira Emilia Teixeira.

Adriano Souza junto com o casal

Alceuleir Souza e Denise Souza.

O evento também foi prestigiado por

residentes.

O público lotou o auditório do Hotel

Radisson.

Carlos Henrique Carvalho, Atyla Quin-

taes, Ronaldo Roncetti, Emídio Perim

Jr., João Carlos Belloti e João Carlos de

Teixeira.

4

5

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8 Informativo SBOT-ES | 3º trimestre 2009

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Amphilóphio, Rodrigo Resende, Ander-

son de Nadai, Nelson Elias, Kodi Koji-

ma, Adelmo Rezende, Jose Eduardo,

João Carlos Teixeira e Alceuleir Souza.

Amphilóphio Oliveira foi um dos or-

topedistas que representou o Espírito

Santo no Congresso.

José Sérgio Franco

José Sérgio Franco, professor do Departamento de Ortopedia da UFRJ, destacou

o nível de discussões do congresso, dizendo que a participação das pessoas foi

ótima. Segundo Franco, ficou confirmado que não existe mais aquela história das

pessoas não fazerem perguntas, como acontecia em alguns eventos no passado.

O médico, que é capixaba e atualmente vive no Rio de Janeiro, também elogiou

os temas debatidos, considerando-os bastante atuais. Para ele, o que foi mos-

trado é o que existe de mais moderno no mundo hoje. E se tiveram perguntas

sobre esses assuntos significa que os capixabas estão acompanhando o que está

acontecendo e estão por dentro das novidades da área, concluiu.

José Soares Hungria Neto

Profissional da Santa Casa de São Paulo, José Soares Hungria Neto citou o enfo-

que do congresso como ponto alto do evento, uma vez que foi voltado para o

politraumatizado e para fraturas. Hungria lembrou que hoje o trauma é respon-

sável por um número muito alto de demandas nos consultórios médicos. Por isso,

iniciativas que tratem desse tema são importantíssimas, explicou. Para Hungria a

própria diversidade do público mostrou que a escolha do tema foi muito feliz, já

que estavam presentes desde residentes até médicos experientes. Isso sem falar

no ambiente informal, que facilitou o contato e permitiu uma participação com

muitas perguntas boas e pertinentes, acrescentou o médico.

Kodi Kojima

Outro profissional da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, o médico Kodi

Edson Kojima, também esteve presente no evento promovido pela SBOT-ES. Ko-

jima, que atualmente é vice-presidente da SBOT-SP, ministrou cinco palestras e

ainda fez o lançamento do livro “Casos clínicos em Ortopedia e Traumatologia”.

A publicação é um guia prático para a formação e atualização em ortopedia e

traumatologia, em que Kojima e outros dois experientes especialistas brasileiros

compartilham seus conhecimentos e experiências na análise de casos do dia-a-dia

no atendimento ortopédico. “A ideia foi produzir um livro diferente dos modelos

atuais, um caminho novo que proporcionasse uma leitura agradável tomando

por base casos clínicos que vivenciamos no nosso cotidiano”, informou Kojima.

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O presidente da SBOT-ES, João Carlos

Teixeira, discursa na abertura do con-

gresso.

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9Informativo SBOT-ES | 3º trimestre 2009

Page 10: Revista 06 - SBOT-ES - jul/ago/set 2009

Especial

ocê precisa fazer as coisas deva-

gar e cuidadosamente devido ao

medo de uma fratura? Já imagi-

nou tendo dificuldade para caminhar e fa-

zer um simples exercício por causa de uma

deformidade e também de dores? Se você

não se encaixa neste perfil, saiba que para

muitas pessoas isso já é uma triste realida-

de. Ao contrário do que você imagina, sai-

ba também que esse problema pode não

estar tão distante de sua realidade. Trata-

se de um mal chamado osteoporose.

No mundo, essa doença cresce em pro-

porções epidêmicas. Já são 200 milhões de

portadores, segundo estimativas da Orga-

nização Mundial da Saúde (OMS). Somen-

te no Brasil cerca de 15 milhões de pessoas

têm osteoporose, porém apenas um terço

dos portadores possuem diagnóstico clíni-

co; o restante nem faz ideia de que corre

esse perigo. A situação é tão preocupante

que a OMS elegeu de 2000 a 2010 como a

década do osso e da articulação.

Doença silenciosa e progressiva que só

aparece na fase avançada - quando acon-

tecem as fraturas -, a osteoporose é uma

enfermidade esquelética sistêmica carac-

terizada pela diminuição da massa óssea

e deterioração da microarquitetura do te-

cido ósseo, com consequente aumento da

fragilidade e susceptibilidade à fraturas,

Enfermidade silenciosa e sem sintomas, a osteoporose, muitas vezes, só é descoberta quando aparecem as primeiras fraturas.

especialmente nas regiões do quadril, pu-

nho e vértebra. Embora seja mais comum

em mulheres pós-menopausa - quando o

nível hormonal cai sensivelmente - e em

idosos, a osteoporose pode aparecer em

crianças e jovens.

Os fatores de risco que colaboram para

o desenvolvimento da doença podem ser

divididos em modificáveis e não modificá-

veis. Entre os fatores modificáveis, pode-se

citar o sedentarismo e o hábito alimentar;

já entre os não modificáveis, destacam-se

o histórico familiar, a idade e o sexo. Para

o ortopedista e traumatologista Agosti-

nho Bruzzi de Figueiredo o sedentarismo

e a baixa ingestão de cálcio na alimenta-

ção são fatores de risco importantes que

podem ser facilmente modificáveis. “As

publicações mais recentes mostram que

as atividades físicas são altamente bené-

ficas, pois melhoram notadamente o pico

de massa óssea diminuindo a sua perda e

até mesmo mantendo um bom nível dessa

massa na senilidade.

Mas Agostinho Figueiredo faz um

alerta. “A prática de exercícios físicos não

reverte a perda óssea e nem modifica os

efeitos de alteração hormonal. A preven-

ção contra a osteoporose deve começar

desde a infância com a prática de ativi-

dades físicas e um dieta saudável, rica de

alimentos nutritivos”.

Conscientização – Preocupada com o

desconhecimento por parte da população

sobre os riscos da osteoporose, a SBOT lan-

çou na segunda quinzena de julho, no Rio

de Janeiro, uma espécie de projeto piloto

que futuramente será implementado em

outras regiões do País. Trata-se da cam-

panha “Sambar sem Quebrar”, uma pro-

moção realizada em conjunto com escolas

de samba carioca que orienta as passistas

- por meio de palestras - sobre a importân-

cia de realizar exames de densiometria ós-

sea, de uma alimentação que reponha os

nutrientes necessários aos ossos e também

do controle do nível hormonal.

Para Romeu Krause, presidente da

SBOT, é muito mais fácil e barato prevenir

a osteoporose do que tratá-la. “Infelizmen-

te muitas mulheres brasileiras só tomam

conhecimento da doença depois que so-

frem uma fratura”, lamentou durante a

apresentação da campanha. Contudo, um

dado ainda preocupa. Segundo a Socieda-

de Brasileira de Pacientes com Osteoporose

(Sobrapco), apenas 2% dos brasileiros têm

acesso ao tratamento da osteoporose, que

além do uso de medicamentos necessita de

uma dieta alimentar rica em cálcio e ativi-

dade física. Outro fator limitante é o preço

das drogas, já que a terapia e longa.

V

Sorrateira e ameaçadora fragilidade

10 Informativo SBOT-ES | 3º trimestre 2009

Page 11: Revista 06 - SBOT-ES - jul/ago/set 2009

O que é ?

Enfermidade que caracteriza-se pela diminuição de massa óssea,

tornando os ossos frágeis e suscetíveis a fraturas, especialmente

nas regiões do quadril, punho e vértebra.

É mais comum em mulheres pós-menopausa e em idosos, mas

também pode aparecer em crianças e jovens.

Diagnóstico

A forma mais antiga é o raio-X. Hoje, o exame de referência é a

densiometria óssea, que quantifica a perda de massa óssea, de-

termina os riscos de fratura nos ossos comprometidos e verifica

se o tratamento está sendo adequado.

Prevenção/Tratamento

Hábitos saudáveis: exercícios físicos regulares; correta exposição

ao sol; alimentação rica em vitamina D e cálcio (folhosos escuros,

peixes, leite e outros laticínios); reposição hormonal.

Evitar: fumo e bebidas alcoólicas.

Fatores de risco

Idade/Menopausa: baixo nível hormonal;

Hábitos alimentares: insuficiência de vitamina D e cálcio;

Comportamento: sedentarismo, alcoolismo e fumo;

Outros: uso de medicamentos (corticóides) e doenças crônicas.

Dados gerais da osteoporose (OMS, Socie-dade Brasileira de Reumatologia e Ministé-rio da Saúde)

Mundo: 200 milhões de portadores atualmente;

Brasil: 15 milhões de portadores atualmente;

Brasil: 1 milhão de fraturas anuais decorrentes da osteoporose;

Brasil: 250 mil fraturas de quadril anuais. Trata-se do tipo mais

grave de fratura pelo alto risco de incapacidade e de morte por

complicações;

Brasil: 40 mil óbitos anuais decorrentes de complicações da doença;

Brasil: R$ 80 milhões foram os gastos do SUS entre 2004 e 2005

com internação decorrente da doença.

OSTEOPOROSE

11Informativo SBOT-ES | 3º trimestre 2009

Page 12: Revista 06 - SBOT-ES - jul/ago/set 2009

esde pequenos, quando aprende-

mos a caminhar, entendemos a im-

portância que os pés terão para o

resto de nossas vidas. Seja para andar, correr,

brincar e praticar esportes, eles são uma das

partes do corpo mais exigidas. Contudo, eles

nem sempre recebem a merecida atenção.

A falta de informação e, principalmente, de

orientação médica é um fator de risco para

pés saudáveis.

Parece impossível, mas é verdade: quando

corremos, os pés sustentam cinco ou seis vezes

o peso do corpo, podendo chegar ao total de

uma tonelada dependendo de outros tipos de

esforços, segundo dados da Associação Ame-

ricana de Pedicuros. Uma pessoa que ao lon-

go da vida tenha atividade física normal, aos

50 anos terá andado cerca de 120 mil quilô-

metros, o que equivale a impressionantes dez

voltas em torno da Terra.

Dicas SBOT-ES

D

Atenção com os pés

Dicas

Tamanho esforço não poderia deixar de cau-

sar desgastes, dores e até doenças, pois esses

membros, com o passar do tempo, perdem

gradualmente sua proteção natural que ocor-

re pela degeneração do tecido gorduroso -

aquele que dá o formato almofadado dos pés

- , perdendo a função de amortecer impactos.

Além do desgaste, atenuantes como os calça-

dos utilizados, hereditariedade e higiene pes-

soal demandam mais cuidados e atenção.

Os calçados, ao mesmo tempo, são aliados e

vilões da saúde dos pés. O ortopedista Marce-

lo Nogueira explica que em atividades físicas,

os cuidados devem ser ainda maiores. “É nor-

mal a pessoa sentir dor e achar que em breve

irá passar ou, por pretender adquirir um de-

terminado calçado, relevar um evidente des-

conforto. Essas são situações que ocorrem com

frequência e que podem gerar danos muito

comuns”.

Em caso de traumas:

Interrompa as atividades imediatamente;

Use uma compressa de gelo no local lesionado;

Se possível, imobilize o local;

Erga o membro para aliviar a pressão;

Procure imediatamente um médico especialista.

Ao escolher e utilizar um calçado:

Evite sapatos apertados ou folgados demais;

Priorize o conforto;

Observe a anatomia dos pés;

Observe o peso do corpo para identificar a necessi-

dade de um calçado reforçado;

Para mulheres, no dia-a-dia é preferível usar san-

dálias rasteiras.

Ao praticar esportes e caminhada:

Comece com um ritmo mais leve e aumente a

carga aos poucos;

Não economize e adquira equipamentos ade-

quados;

Caso tenha problemas, procure acompanha-

mento médico especializado.

Segundo o ortopedista, as torções de tornoze-

lo, calos, joanetes e esporões são os problemas

que mais acometem os pés e as principais cau-

sas de procura por ajuda em seu consultório.

“O uso de calçados inadequados é um dos

erros mais frequentes e que causam tantos

estragos”, informa Nogueira.

Apesar de soluções simples e práticas que po-

dem ser adotadas no dia-a-dia, alguns proble-

mas podem demandar cuidados maiores. Um

exemplo é o Hálux Valgo. Popularmente co-

nhecido como Joanete, é uma protuberância

oriunda do crescimento ósseo do grande dedo

do pé - o dedão - e do espessamento dos teci-

dos moles que recobrem a região. Na maioria

das vezes, o Joanete é resultado do uso exces-

sivo de saltos altos e, em casos mais extremos,

é necessária cirurgia corretora.

Destinados a sustentar e a locomover nosso corpo, estes membros po-dem sofrer com diversos traumas e doenças. Confira como manter a boa saúde dos pés.

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Page 13: Revista 06 - SBOT-ES - jul/ago/set 2009

Raio X

13Informativo SBOT-ES | 3º trimestre 2009

Page 14: Revista 06 - SBOT-ES - jul/ago/set 2009

Vida Leve

Meu melhor amigo é um

CAmPEãODos dobermans aos american staffordshire terriers, saiba quem são os prodígios que enchem de orgulho o ortopedista José Eduardo Ribeiro Filho.

recisar ao certo quanto à origem

dos primeiros cães domésticos é

entrar numa disputa aquecida e

há muito travada nos principais meios aca-

dêmicos. Enquanto registros arqueológicos

apontam restos de cães domésticos com ida-

de máxima de 14 mil anos, análises genéti-

cas em lobos, coiotes, cães e outros canídeos

empurram essa data para 135 mil anos, ou

seja, um passado bem mais distante.

As teorias postulam que os cães atu-

ais surgiram da domesticação do lobo

cinzento asiático. Ao longo dos séculos, o

homem realizou uma seleção natural das

espécies por suas aptidões, características

físicas e, principalmente, comportamen-

to, que culminou em mais de 800 espécies

atualmente.

Mas mesmo sem poder precisar uma

data específica, uma coisa é fato: o cão é o

mais antigo animal domesticado pelo ser

humano. Há mais de dois mil anos eles aju-

dam o homem a caçar predadores de aves

e ovos, a proteger plantações e a proprie-

dade, controlar rebanhos, entre outros ser-

viços. Quando se fala que o cão é o melhor

amigo do homem, não é por acaso. Não há

conhecimento de uma amizade tão forte e

duradoura entre espécies distintas quanto

o ser humano e o cão.

Foi essa empatia pela espécie que le-

vou o ortopedista José Eduardo Ribeiro

Filho - na época apenas um adolescente

de 15 anos - a ser tornar não só um apai-

xonado por cães, mas também num exímio

conhecedor. E tudo começou com o apoio

de um primo de seu pai, um juiz de exposi-

ções de cães, que o orientou a adquirir um

cachorro de pedigree e também ensinou a

Eduardo algumas técnicas de adestramen-

to e de apresentação.

P

Foto

: Art

ur

Fran

co

14 Informativo SBOT-ES | 3º trimestre 2009

Page 15: Revista 06 - SBOT-ES - jul/ago/set 2009

A raça escolhida foi a de dobermans e

José Eduardo, até aos 23 anos, teve tempo

de sobra para treinar e participar de com-

petições, tanto é que fez de uma cadela e

filhote premiados campeões. Mas o curso

de medicina, a residência médica, um está-

gio no Canadá e um mestrado no Rio de

Janeiro exigiram mais tempo do que José

Eduardo dispunha, e o hobbie ficou de

lado, mas não esquecido.

A vez dos American Staffordshire Ter-

riers - Há três anos José Eduardo retomou

a sua antiga paixão. Agora, morando em

uma ampla casa e não mais em aparta-

mento, ele cria um macho (Golden Bullet,

de dois anos e meio) e uma fêmea (Kaylua

ou simplesmente Lua, de três anos e meio)

da raça American Staffordshire Terrier

que acabaram de ter filhotes (entre eles,

a pequena Mariah Carey, de apenas qua-

tro meses). Da mesma família dos temíveis

Pitbulls, os animais dessa raça ainda são

transformados em máquinas de briga pela

grande valentia. Mas se criados de forma

correta são dóceis, inteligentes e extrema-

mente devotados aos seus donos. “Desde

filhote já da pra saber como vai ser o com-

portamento do cão quando adulto. Por-

tanto, torna-se essencial saber controlar o

potencial do animal”, ensina José Eduardo.

“Outra característica do American Staffor-

dshire Terrier é a de ser um excelente guar-

dião. Sempre comento com minha esposa

que confio mais nos meus cães do que no

alarme da casa”, completa brincando.

Segundo o ortopedista, a escolha da

raça foi, principalmente, devido à índole do

animal. “Após várias pesquisas na internet

descobri que o American Staffordshire Ter-

rier possui um temperamento muito bom

com pessoas. Como tenho duas crianças pe-

quenas, não pensei duas vezes”, explica.

O retorno ao hobbie, contudo, não pôde

ser por completo. A vida atribulada entre

consultas e cirurgias não reserva tanto tem-

po para os treinamentos e as competições

como no passado. Mas quem pensa que o

prazer por criar um cachorro esteticamen-

te perfeito para participar de competições

acabou se engana. “Hoje não tenho tempo

suficiente para treinar, exercitar, enfim, co-

ordenar um programa de condicionamen-

to muscular completo. Assim, envio meus

animais para um treinador e apresentador

profissional que mora no Rio de Janeiro e

que se encarrega disso para mim”. Segundo

Eduardo, tem época que os cães ficam por

lá por um período de até quatro meses para

participar das exposições.

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Mas quando os cães estão com Eduar-

do, não é raro vê-lo exercitando-os por aí.

Um episódio que o deixou bastante chatea-

do aconteceu durante uma sessão de exer-

cícios. “Estava correndo com um dos meus

cães, de apenas um ano e meio, quando

inesperadamente ele infartou e morreu”.

Eduardo conta que ficou muito triste, mas

ao comunicar à pessoa que havia vendido o

animal para ele, acabou ganhando outro.

Qual é o segredo um animal campeão?

José Eduardo explica que um bom

planejamento de cruzamento é a base de

tudo. O objetivo é sempre obter um filhote

o mais próximo possível do padrão da raça

como focinho de cor preta, olhos escuros

e redondos, pálpebra pigmentada, tama-

nho e angulações de membros exatamente

como manda a Federação Internacional de

Cães. Porém, para ter um animal campeão

é necessário investir, principalmente, em

alimentação a base de rações especiais e

também em viagens para as competições.

Mas os custos tornam-se irrelevantes se

comparados ao prazer de uma conquista,

ainda mais quando ela é inesperada. “No

ano passado aconteceu uma coisa que eu

não esperava e que me deixou muito feliz.

Houve uma competição aqui em Vitória e

meu cachorro Golden Bullet faturou o título

concorrendo com um Fox Terrier que estava

em primeiro lugar no ranking da Confede-

ração Brasileira de Cinofilia”, relembra.

Na edição de agosto da revista de cir-

culação nacional Cães e Cia a estrela da

vez foi a cadela Lua. Ela participou de

uma reportagem especial, ao lado de ou-

tros três cães, sobre temperamento. José

Eduardo explica que embora o animal te-

nha um bom temperamento, ele sempre

necessitará de supervisão. “Jamais deixo

as crianças sozinhas com meus cães, por-

que eles nunca deixarão de ser animais,

uma característica que devemos sempre

lembrar e respeitar”.

José Eduardo com o casal Golden

Bullet e Lua.

A cadela Lua em uma de suas pre-

miações no ano de 2007.2

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Page 16: Revista 06 - SBOT-ES - jul/ago/set 2009