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RELATÓRIO PARCIAL (Terceiro relatório)
Projeto Agrisus No: 1915/16
Título da Pesquisa: Atributos físicos, químicos e microbiológicos do solo em áreas de sistema de integração lavoura-pecuária na região do Vale do Araguaia - MT
Interessado (Coordenador do Projeto): Silvio Yoshiharu Ushiwata
Instituição: Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Campus Nova Xavantina.
Av. Prof. Dr. Renato Figueiro Varella, Caixa Postal 08, CEP 78690-000, Nova Xavantina
MT. Telefone: (66) 3438-1224. E-mail: [email protected]
Local da Pesquisa: Fazenda São Luiz (Grupo Carpa Serrana), município de Barra do Garças - MT
Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$22.875,00
Vigência do Projeto: 03/10/2016 a 01/10/2018
1. INTRODUÇÃO
O estado de Mato Grosso apresenta o maior rebanho bovino do Brasil com cerca de
28,5 milhões de cabeças (IBGE, 2014). A região do Vale do Araguaia - MT contribui
fortemente para o desempenho pecuário do estado. Porém, a região apresenta vastas áreas
com pastagens degradadas, reduzindo o potencial produtivo da atividade.
A recuperação de áreas com pastagens degradadas é de grande importância, pois se
estima que entre 60 a 70% dessas pastagens encontram-se sobre solos agriculturáveis
(MARCHÃO, 2007). Neste contexto, o sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP)
surge com opção para recuperar essas áreas e consequentemente torna-las mais
sustentáveis (FIGUEIREDO & OLIVEIRA, 2015). E para o desenvolvimento de sistemas
de produção agrícola mais sustentável, a melhoria das propriedades físicas, químicas e
biológicas do solo é uma questão chave (VILELA et al., 2008).
Áreas com sistema ILP têm aumentado no estado de Mato Grosso nos últimos anos,
porém faltam pesquisas e informações, principalmente na região do Vale do Araguaia,
para ampliar e consolidar o uso do sistema na região. O objetivo geral desse projeto de
pesquisa é avaliar por dois anos os atributos físicos, químicos e microbiológicos do solo
em áreas sob diferentes tempos do sistema de integração lavoura-pecuária (ILP).
2. MATERIAIS & MÉTODOS
A área de pesquisa do presente projeto está localizada na Fazenda São Luiz (Grupo
Carpa Serrana), situada no município de Barra do Garças, região do Vale do Araguaia -
MT. Para avaliação e estudo foram selecionadas cinco áreas distintas, com
aproximadamente 100 hectares cada, sendo: 1) área com histórico de dois anos de
integração; 2) área com histórico de três anos de integração; 3) área com histórico de
quatro anos de integração; 4) área de pastagem degradada e 5) área de mata (área de
referência). Houve a inclusão da área de três anos de integração lavoura-pecuária na
proposta original, passando de quatro para cinco a área de estudo.
A integração consiste na sucessão soja/pastagem para recria. Com o intuito de se obter
dados mais representativos, as áreas foram subdivididas em cinco subáreas
(pseudorepetições), totalizando 25 amostras por profundidade. Cada pseudorepetições foi
preparada a partir de oito amostras simples. O solo foi coletado nos dias 28, 29 e 30 de
abril de 2017 em quatro profundidades de 0,0 a 5,0, 5,0 a 10,0, 10 a 20 e 20 a 40 cm com
o auxílio de trado holandês. Para o ano de 2018, o solo foi coletado nos dias 27, 29 e 31
de março.
Todas as quatro profundidades estão sendo analisadas para a análise química,
totalizando 100 amostras para o primeiro ano (2017) e 100 amostras para o segundo ano
(2018). Já para a análise microbiológica, inicialmente estavam previstas avaliações para
as profundidades de 0 a 10 e 10 a 20 cm, entretanto, optou-se por uma avaliação mais
detalhada nos 10 primeiros centímetros profundidade de 0 a 5 e 5 a 10 cm - pois é nessa
região superficial que ocorre maior atividade dos microrganismos do solo.
A análise química do solo compreenderá as análises de rotina: pH em H2O, pH em
CaCl2, Carbono orgânico, P disponível, K, Ca, Mg e Al trocável e H + Al conforme a
metodologia da Embrapa (DONAGEMA, 2011.
Como atributos microbiológicos serão determinados biomassa microbiana, respiração
do solo, enzimas do solo (fosfatase ácida e beta-glucosidase) e taxa de mineralização de
nitrogênio. Os solos coletados serão peneirados e previamente pré-incubados por uma
semana a 30oC e 60% da capacidade de campo.
A biomassa microbiana será determinada pelo método de irradiação, utilizando
micro-ondas (FERREIRA, 1999). A respiração do solo será determinada pelo método de
captura de CO2 em NaOH e posterior titulação com HCl (ANDERSON, 1982). Já as
enzimas fostatase ácida e beta-glucosidase serão mensuradas pelo método colorimétrico
nos comprimentos de 410 e 420 nm, de acordo com Tabatabai e Bremer (1969) e Eivazi
e Tabatabai (1988), respectivamente. Para a taxa de mineralização de nitrogênio, o solo
será incubado em condições aeróbicas durante 28 dias e mantidas a 30oC e 60% da
capacidade de campo. A taxa de mineralização de N será calculada da seguinte forma:
nitrogênio mineral (NO3- + NH4
+) após a incubação menos o nitrogênio mineral (NO3- +
NH4+) do início da incubação. O nitrato (NO3
-) e amônio (NH4+) do solo serão extraídos
com 0,5 M de sulfato de potássio (K2SO4). Posteriormente, o nitrato e amônio serão
determinados pelo método colorimétrico descrito por Anderson & Ingram (1993) e
Hayashi et al. (1997), respectivamente.
Visando o estudo da qualidade física do solo, serão avaliados os seguintes parâmetros:
porosidade (macroporosidade, microporosidade e porosidade total), densidade e
resistência do solo à penetração de raízes.
A porosidade total do solo, macroporosidade e microporosidade, serão mensuradas
pelo método da mesa de tensão (KIEHL, 1979), onde com o auxílio de um amostrador
específico contendo cilindros de aço serão coletadas aleatoriamente amostras
indeformadas em 25 pontos em cada área. Em cada ponto serão coletadas amostras no
centro da camada de 0,00 a 0,10 m e 0,10 a 0,20 m de profundidade. Obtendo-se assim
50 amostras em cada uma das áreas, totalizando 200 amostras para o primeiro ano e 200
amostras para o segundo ano.
As mesmas amostras dos cilindros coletados para determinar a porosidade do solo
também serão utilizados para a mensuração da densidade do solo, que se fundamenta em
dois dados principais: volume do cilindro que contêm a amostra de solo e massa do solo
seco, que foi obtida colocando as amostras na estufa a uma temperatura de ± 105oC
(DONAGEMA, 2011).
Para determinar a resistência do solo à penetração, serão coletados dados de índice
de cone em um ponto disposto a aproximadamente 0,50 m do local onde serão amostrados
os cilindros. Serão coletados 25 pontos de amostragem de resistência do solo à penetração
em cada área, com intervalos de 0,10 m em 0,10 m até a profundidade de 0,60 m,
utilizando um penetrômetro com anel dinamométrico conforme descrito em Tormena e
Roloff (1996).
A comparação entre os tratamentos para as variáveis será feita por meio do uso de
intervalo de confiança à 95% (p < 0,05), com auxílio de uma planilha eletrônica. Todas
as análises serão executadas usando o software SISVAR.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Atributos físicos
Resistência do solo à penetração e umidade do solo
A resistência do solo à penetração na profundidade de 0 a 10 cm foi muito superior
na área de pastagem degradada (7,9 M Pa) (Figura 1). Valor este muito acima de 2,0 M
Pa, índice de referência comumente utilizado como limitante ao crescimento de plantas.
Para as outras áreas, os valores variaram de 1,8 em ILP 2 anos a 2,7 em área de mata.
Na profundidade de 10 a 20 cm, a resistência à penetração reduziu na área de
pastagem degradada, porém os valores continuaram muito elevados (5,7 M Pa). Já as
outras áreas apresentam valores muito próximos que variaram de 2,6 M Pa em área de
ILP 2 anos a 3,2 M Pa em área de ILP 4 anos. Quando comparados à profundidade anterior,
foram observados um aumento da resistência à penetração nas áreas de ILP.
Para a profundidade de 20 a 30 cm, os valores de resistência à penetração variaram
de 2,2 M Pa em área de mata a 3,7 M Pa em área de pastagem. Nas áreas de ILP, a área
de 2 anos apresentou valores menores do que as áreas de 3 e 4 anos. Os valores de
resistência encontrados nessa profundidade para as áreas de mata, ILP 2 anos e pastagem
degradada se mantiveram com pouca alteração até as profundidades de 60 cm. Para as
áreas de ILP 3 e 4 anos, os valores tiveram uma redução até a profundidade de 60 cm.
A resistência do solo à penetração foi determinada em um período já com pouca
frequência de chuvas na região e consequentemente umidade abaixo da capacidade de
campo. Essa menor umidade pode ter aumentado a resistência do solo à penetração de
modo geral. Apesar disso, é possível fazer diversas inferências e observações por meio
dos dados obtidos.
A baixa umidade gravimétrica em pastagem até a camada de 0 a 40 cm (Figura 2)
pode ter aumentado à resistência do solo no momento da sua determinação, mas fica
evidente a degradação física e química dessa área. A compactação desse solo pela redução
da cobertura vegetal e pelo pisoteio animal reduziu a porosidade do solo, principalmente
e possivelmente, os macroporos. Essa condição aumentou a resistência à penetração e
reduziu a infiltração da água no solo.
As áreas de ILP eram áreas de pastagens degradadas que foram recuperadas por
meio do preparo mecânico e químico do solo. Valores menores em todas as áreas de ILP
em relação à mata na profundidade de 0 a 10 cm se devem provavelmente pela
descompactação superficial do solo pelas plantadeiras da soja e o bom manejo animal e
das pastagens que evitou a compactação pelo pisoteio, mesmo após 4 anos de ILP. Já para
as profundidades de 10 a 20 e 20 a 30 cm, valores mais altos em ILP em relação à área
de mata se deve ao tráfego de máquinas agrícolas na área.
Figura 1. Valores médios da resistência do solo à penetração em solos sob pastagem degradada, mata e diferentes tempos de integração lavoura-pecuária (2, 3 e 4 anos) nas profundidades de 0 a 10, 10 a 20, 20 a 30, 30 a 40, 40 a 50 e 50 a 60.
0
10
20
30
40
50
60
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Prof
undi
dade
(cm
)
Resistência a penetração (M Pa)
Pastagem
ILP2
ILP3
ILP4
Mata
Figura 2. Valores médios da umidade gravimétrica de solos sob pastagem degradada, mata e diferentes tempos de integração lavoura-pecuária (2, 3 e 4 anos) nas profundidades de 0 a 10, 10 a 20, 20 a 40 cm.
3.2.Atributos químicos do solo
Matéria Orgânica do Solo
Na profundidade de 0 a 5 cm, a maior concentração de matéria orgânica do solo
foi observada na área de mata (32,8 g cm-3) (Figura 3). Nas outras áreas, a concentração
variou de 13,8 (pastagem degradada) a 16,2 g cm-3 (ILP 2 anos), não diferindo entre elas.
Para a profundidade de 5 a 10 cm, maior valor foi encontrado na área de mata (26,4 g cm-
3). Nas demais áreas, os valores não diferiram e variam e 12,8 a 14,6 g cm-3 (ILP 2 anos).
Na profundidade de 10 a 20 cm, valor superior foi encontrado novamente na mata (18,8
g cm-3). Já valores inferiores foram encontrados nas demais áreas, variando de 9,2 (ILP 4
anos) a 12,6 g cm-3 (pastagem degradada). Para a profunidade de 20 a 40 cm, os valores
foram menores em pastagem degradada e ILP 3 e 4 anos quando comparadas a área de
mata. Não houve diferença entre a área de pastagem degradada e outras áreas de ILP. Isso
mostra que mesmo não revolvendo o solo as áreas de ILP não conseguiram elevar os
teores de matéria orgânica do solo até o momento.
0 0,05 0,1 0,15 0,2
0 a 10
10 a 20
20 a 40
Umidade gravimétrica (g.g-1 de solo seco)Pr
ofun
dida
de, c
m
Pastagem
ILP (2 anos)
ILP (3 anos)
ILP (4 anos)
Mata
Figura 3. Matéria orgânica do solo (MOS) sob pastagem degradada, mata e diferentes tempos de integração lavoura-pecuária (2, 3 e 4 anos) nas profundidades de 0 a 5, 5 a 10, 10 a 20 e 20 a 40 cm. As barras referem-se ao intervalo de confiança da média e a sobreposição dessas para a mesma profundidade, indica ausência de diferenças entre as médias das áreas.
Potencial hidrogeniônico (pH do solo)
Em todas as profundidades os menores valores de pH em água foram encontrados
na área de mata, variando de 4,27 (0 a 5 cm) a 4,34 (5 a 10 cm) (Figura 4). A pastagem
teve o segundo menor pH para todas as profundidades, variando de 4,61 (10 a 20 cm) a
4,73 (5 a 10 cm). Maiores valores de pH para todas as profundidades foram nas áreas de
ILP.
Dentre as áreas de ILP, a área de ILP 3 anos apresentou maiores valores para todas
as profundidades, variando de 5,3 (10 a 20 cm) a 5,69 (0 a 5 cm). A área de 4 anos teve o
segundo maior pH na profundidade de 0 a 5 cm, abaixo dessa camada os valores foram
menores entre as áreas de ILP, chegando a um pH de 4,9 na profundidade de 10 a 20 cm.
Os maiores valores de pH na área de ILP se deve a aplicação de corretivos no momento
do início do sistema para a recuperação das áreas que estavam com pastagens degradadas.
05
1015202530354045
0-5 5-10 10-20 20-40
MO
S, g
dm
-3
Profundidade, cm
Pastagem ILP (2 anos) ILP (3 anos) ILP (4 anos) Mata
Figura 4. Potencial hidrogeniônico do solo sob pastagem degradada, mata e diferentes tempos de integração lavoura-pecuária (2, 3 e 4 anos) nas profundidades de 0 a 5, 5 a 10, 10 a 20 e 20 a 40 cm. As barras referem-se ao intervalo de confiança da média e a sobreposição dessas para a mesma profundidade, indica ausência de diferenças entre as médias das áreas.
Saturação por bases
Em todas as profundidades a saturação por bases foram superiores em áreas de
ILP quando comparados à mata e pastagem degradada (Figura 5). Isso se deve à aplicação
de corretivos das áreas de pastagens degradadas que foram convertidas em áreas de ILP.
Quando se observa as áreas de ILP em relação à profundidade, verifica-se
saturação por bases superiores nas camadas superficiais. Na profundidade de 0 a 5 cm os
valores variam de 59,6 (ILP 2 anos) a 69,5% (ILP 3 anos). Para a profundidade de 5 a 10
cm o percentual variou de 57,9 (ILP 4 anos) a e 66,8 % (ILP 3 anos). A saturação por
bases sofre um decréscimo na profunidade de 10 a 20 cm, variando de 41,8 (ILP 4 anos)
a 57,3% (ILP 3 anos). Já na profundidade de 20 a 40 cm, os valores são ainda menores,
variando de 32,0 (ILP 2 anos) a 36,2 % (ILP 3 anos).
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
0-5 5-10 10-20 20-40
pH
Profundidade (cm)
Pastagem ILP (2 anos) ILP (3 anos) ILP (4 anos) Mata
Figura 5. Saturação por bases de solos sob pastagem degradada, mata e diferentes tempos de integração lavoura-pecuária (2, 3 e 4 anos) nas profundidades de 0 a 5, 5 a 10, 10 a 20 e 20 a 40 cm. As barras referem-se ao intervalo de confiança da média e a sobreposição dessas para a mesma profundidade, indica ausência de diferenças entre as médias das áreas.
Saturação por alumínio
Na profundidade de 0 a 5 cm, os valores saturação por alumínio foram menores
nas áreas de ILP, 0,8 (ILP 3 anos) a 3,7% (ILP 2 anos), quando comparadas às áreas de
pastagem degradada (43,4%) e mata (39,6%) (Figura 6). Para a profundidade de 5 a 10
cm, os valores nas área de ILP continuaram inferiores, variando de 0,8 (ILP 2 anos) a
12,9% (ILP 4 anos), quando comparadas as áreas de pastagem degradada e mata. Já para
a profundidade de 10 a 20 cm, a área de ILP 4 anos apresentou 31,2% e não diferiu da
área de mata (50,2%). Para a profundidade de 20 a 40 cm, todas as áreas de ILP tiveram
valores superiores a 20%. Os valores nas áreas de ILP 2, 3 e 4 anos foram respectivamente
de 34,5, 25,8 e 44,0% de saturação por alumínio.
0102030405060708090
0-5 5-10 10-20 20-40
Satu
raçã
o po
r bas
es, %
Prof., cm
Pastagem ILP (2 anos) ILP (3 anos) ILP (4 anos) Mata
Figura 6. Saturação por alumínio de solos sob pastagem degradada, mata e diferentes tempos de integração lavoura-pecuária (2, 3 e 4 anos) nas profundidades de 0 a 5, 5 a 10, 10 a 20 e 20 a 40 cm. As barras referem-se ao intervalo de confiança da média e a sobreposição dessas para a mesma profundidade, indica ausência de diferenças entre as médias das áreas.
3.3.Atributos microbiológicos
Na profundidade de 0 a 5 cm os valores de atividade de fosfatase ácida variaram de
265 a 588 mg de p-nitrofenol.kg de solo h-1 (Figura 7). Os valores obtidos mostraram
que as áreas sob ILP, em especial a ILP 4 e ILP 2 anos, apresentaram valores mais
próximos da área de mata. Por outro lado, a área sob pastagem degradada apresentou os
menores valores.
Já na profundidade de 5 a 10 cm os valores variaram de 28 a 108 mg de p-nitrofenol.kg
de solo.h-1 (Figura 8). Valores estes muito inferiores quando comparados aos valores de
0 a 5 cm. Valor notavelmente maior foi encontrados na área de mata, seguido pelas áreas
de ILP 3 e ILP 2. Menores valores foram obtidos em ILP 4 anos e na área de pastagem
degradada.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0-5 5-10 10-20 20-40
Satu
raçã
o po
r alu
min
io (m
%)
Prof., cm
Pastagem ILP (2 anos) ILP (3 anos) ILP (4 anos) Mata
Beta Glicosidase
A atividade de beta glucosidase variou de 42 a 209 mg de p-nitrofenol.kg de solo h-1
na profundidade de 0 a 5 cm. Já na profundidade de 5 a 10 cm, os valores variaram de 37
a 212 mg de p-nitrofenol.kg (Figura 9). Portanto, os valores foram muito similares nas
duas profundidades. A área de mata teve valor superior às demais áreas em ambas as
profundidades. Para as demais áreas, os valores foram semelhantes.
Figura 7. Valores de atividade de fosfatase ácida em amostras de solo sob pastagem degradada, mata e diferentes tempos de integração lavoura-pecuária (2, 3 e 4 anos) na profundidade de 0 a 5 cm. Barras verticais indicam desvio padrão.
Figura 8. Atividade de fosfatase ácida em amostras de solo sob pastagem degradada, mata e diferentes tempos de integraçã lavoura-pecuária (2, 3 e 4 anos) na profundidade de 5 a 10 cm. Barras verticais indicam desvio padrão.
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Pastagem ILP (2 anos) ILP (3 anos) ILP (4 anos) Mata
p-ni
trof
enol
.kg
de s
olo.
h-1
0
20
40
60
80
100
120
Pastagem ILP (2 anos) ILP (3 anos) ILP (4 anos) Mata
p-ni
trof
enol
.kg
de s
olo.
h-1
Estes resultados preliminares parecem indicar que a fosfatase ácida se mostrou mais
sensível ao manejo do solo do que a beta glicosidase. Para uma discussão mais
aprofundada serão necessárias mais informações de outros atributos microbiológicos.
Figura 9. Atividade de beta-glicosidase em amostras de solo sob pastagem degradada, mata e diferentes tempos de integração lavoura-pecuária (2, 3 e 4 anos) na profundidade de 0 a5 e 5 a 10 cm.
Os resultados preliminares mostram que a correção do solo para introdução do
sistema ILP contribuiu para correção da acidez do solo, elevando o pH e a saturação por
bases. A matéria orgânica do solo não se elevou mesmo nas áreas com histórico mais
longo de ILP (4 anos), mostrando a necessidade de um prazo maior para o seu incremento.
Na área objeto de estudo, a saturação por alumínio na profundidade de 20 a 40 cm pode
restringir o crescimento e desenvolvimento de certas culturas, como a soja. Quanto ao
aspecto físico, o sistema ILP contribuiu para redução da compactação do solo,
principalmente, na camada superficial de 0 a 10 cm. Entretanto, o trafégo de máquinas
durante os anos parece estar compactando as camadas entre 10 a 30 cm de profundidade.
Quanto aos atributos microbiológicos, a maior atividade da enzima fosfatase ácida nas
áreas de ILP mostra maior tendência à atividade microbiana nessas áreas.
Para o próximo relatório, espera-se concluir todos os dados restantes de 2017 e
apresentar todos os dados referente ao ano de 2018.
4. DESCRIÇÃO DAS DIFICULDADES E MEDIDAS CORRETIVAS
0
50
100
150
200
250
0 a 5 cm 5 a 10 cm
p-ni
trof
enol
.kg
de s
olo.
h-1
Pastagem
ILP (2 anos)
ILP (3 anos)
ILP (4 anos)
Mata
As análises de macro e microporos e porosidade total do solo estão sendo
realizadas pela primeira vez no laboratório. Algumas dificuldades foram encontradas
incialmente para ajustar a mesa tensão, mas esse problema já foi sanado.
Outra dificuldade foi realizar as determinações desdes parâmetros. Esperava-se
que a drenagem de água dos macroporos se estabilizariam após aproximadamente 48
horas (dois dias) como relatado por um dos professores colaboradores desse projeto.
Entretanto, a estabilidade da drenagem de água ocorriam somente após cinco ou seis dias.
Não se sabe exatamente o motivo dessa demora. Foi levantado duas hipóteses: a)
o armazemento dos anéis na geladeira de forma empilhada poderia estar ocasinando uma
certa compactação de solo nos cilíndros ou b) drenagem muita lenta da água pelo pouco
espaço entre o cilíndro/solo e o vidro da mesa de tensão, pois foi utilizado apenas um
mata borrão.
Diante disso, foi realizado alguns testes para melhorar a eficiência da análise.
Assim, foi coletado amosta inderfomada de solo de duas áreas, mata nativa e área agrícola.
Os anéis foram rapidamente saturados e posteriormente levado à mesa de tensão não
sendo armazenado. Além disos, foi utilizado dois papéis borrões ao invés de apenas um.
O resultado foi uma estabilidade de drenagem em torno de 48 horas e os dados obtidos
foram consistentes, com maiores percentuais de macroporos e porosidade total em área
de mata nativa.
Quanto às análises microbiológicas, estão sendo encontradas dificuldades nas
determinações de alguns atributos. Para isso, testes estão sendo realizados para obtenção
de resultados mais consistentes.
5. RESUMO DO RELATÓRIO PARCIAL ANTERIOR
Os resultados preliminares do primeiro ano de coleta, no ano de 2017, mostraram
que o sistema de ILP reduziu a resistência à penetração na profundidade de 0 a 10 cm.
Entretanto, houve uma maior resistência nas profundidades entre 10 a 30 cm, sugerindo
compactação por tráfego de máquinas. O pH mais elevado nas áreas de ILP ocorreu
devido à correção do solo no momento de abertura/recuperação das pastagens degradadas.
Quanto aos atributos microbiológicos, os resultados mostraram que no sistema de ILP
houve uma maior atividade de fosfatase ácida nas profundidades de 0 a 5 e 5 a 10 cm
quando comparadas à área de pastagem degradada. Já para a enzima beta glicosidase não
houve diferença significativa.
6. REFERENCIAS
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ANDERSON, J.P.E. Soil respiration. In. PAGE, A.L.(ed). Methods of soil analysis. Part 2. Chemical and Microbiological Methods. American Society of Agronomy, pp. 837-871, 1982.
ARAÚJO, A. S. F; MONTEIRO. Indicadores biológicos do solo. Biosci. J., Uberlândia, v. 23, n. 3, p. 66-75, 2007 COSTA, N. R. et al. Atributos do Solo e Acúmulo de Carbono na Integração Lavoura-Pecuária em Sistema Plantio Direto. Revista Brasileira de Ciências do Solo, 39:852-863, 2015
DE-POLLI, H. ; GUERRA, J. G. M. Determinação do carbono da biomassa microbiana do solo: método da fumigação-extração. Seropédica: Embrapa-CNPAB, 1997. 10 p. (Embrapa-CNPAB. Documentos, 37). Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/624236/1/doc037.pdf>. Acesso em: 24 de setembro de 2017
DONAGEMA, G. K. et al. Manual de métodos de análise de solos. Embrapa Solos, 2011. 230 p. DONAGEMA, G. K.; CAMPOS, D. V. B.; CALDERANO, S. B.; TEIXEIRA, S. B.; VIANA, J. H. M. Manual de métodos de análise de solos. Embrapa Solos, 2011. 230 p
EIVAZI, F.; TABATABAI, M.A. Glucosidases and galactosidases in soils. Soil Biology and Biochemistry, 20: 601-606, 1988
FERREIRA, A.S.; CAMARGO, F.A.O; VIDOR, C. Utilização de microondas na avaliação da biomassa microbiana do solo. Revista Brasileira de Ciências do Solo, 23:991-996, 1999.
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01/04/2018 Coordenador do projeto: Silvio Yoshiharu Ushiwata
Anexo
1. Vista geral da área de ILP, Fazenda São Luiz, Barra do Garças – MT (31 de março de 2018)
2. Amostragem de solo de área de mata para análise química e microbiológica (31 de março de 2018)
3. Amostragem de solo de área de ILP para análise química e microbiológica (31 de março de 2018)
4. Determinação da resistência do solo à penetração de área de pastagem degradada
(31 de março de 2018)
5. Amostragem de solo em área de ILP para análise quimica do solo (31 de março de
2018)
6. Amostragem inderfomada de solo em área de pastagem degradada (31 de março
de 2018)