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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE QUICK MASSAGE Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação

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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação

CURSO DE

QUICK MASSAGE

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

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CURSO DE

QUICK MASSAGE

MÓDULO I

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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SUMÁRIO

MÓDULO I

1 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO

1.1 INTRODUÇÃO À ANATOMIA

1.1.1 Posição Anatômica

1.1.2 Planos de Ação

1.1.3 Principais Estruturas Anatômicas da Cabeça e Pescoço

1.1.4 Principais Estruturas Anatômicas da Coluna

1.2 TECIDO MUSCULAR

1.3 TECIDO ÓSSEO

2 ARTICULAÇÕES SINOVIAIS

3 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR

3.1 NEUROMUSCULAR

3.2 BIOQUÍMICA

3.3 BIOMECÂNICA

MÓDULO II

4 TRIGGER POINT (PONTO GATILHO – PG)

4.1 LOCALIZAÇÃO DOS PGs

4.2 DOR

4.2.1 Dor Referida

4.3 ESTRESSE

5 SÍNDROME DOLOROSA MIOFASCIAL (SDM)

5.1 TRATAMENTO

6 TENDER POINT (PONTO FRACO – PF)

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7 PRINCIPAIS PATOLOGIAS MUSCULOESQUELÉTICAS QUE ACOMETEM

A COLUNA VERTEBRAL

7.1 FIBROMIALGIA

7.2 DEGENERAÇÃO DA COLUNA VERTEBRAL

7.2.1 Osteocondrose Intervertebral

7.2.2 Espondilose Deformante ou Hiperostose

7.2.3 Osteoartrose

MÓDULO III

8 PRINCÍPIOS BÁSICOS

8.1 EFEITO ANALGÉSICO

8.2 MERIDIANOS

8.3 SHIATSU

8.4 CARACTERÍSTICAS DA CADEIRA

8.5 POSIÇÃO DO CLIENTE E CUIDADOS COM A CADEIRA

9 BREVE ANAMNESE

10 CONTRAINDICAÇÕES

11 PROCEDIMENTOS

12 ORIENTAÇÕES

13 CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MÓDULO I

1 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO

1.1 INTRODUÇÃO À ANATOMIA

A compreensão dos procedimentos relacionados à Quick Massage

exige um conhecimento prévio dos conceitos básicos de anatomia humana.

Para isso, foi feita uma breve introdução ao estudo da matéria, para melhor

aproveitamento do curso.

Para padronização dos termos anatômicos utilizados foi criada uma

terminologia específica para a localização dessas estruturas. Serão abordadas

aqui brevemente essas terminologias, para facilitar o estudo:

- Lateral e medial: as estruturas mais próximas do plano sagital mediano são

denominadas mediais, enquanto aquelas que se localizam distantes a ele são

chamadas de laterais. (DANGELO; FATTINI, 2011), como visto na figura 1:

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FIGURA 1 – CONCEITO ANATÔMICO DE LATERAL E MEDIAL

FONTE: Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com>. Acesso em: 20 out. 2012.

- Proximal e distal: são chamadas de proximais as estruturas anatômicas que

se localizam próximas à raiz do membro. Distais são aquelas que estão

distantes dessa raiz. (DANGELO; FATTINI, 2011) (Figura 2).

FIGURA 2 – CONCEITO ANATÔMICO DE PROXIMAL E DISTAL

FONTE: Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com>. Acesso em: 20 out. 2012.

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1.1.1 Posição Anatômica

Trata-se de uma posição de referência, utilizada para descrever as

regiões corporais. No módulo III, na definição dos procedimentos para a

realização da Quick Massage, alguns termos serão mencionados com base na

posição anatômica. (DANGELO; FATTINI, 2011).

A descrição da posição anatômica é a seguinte: corpo em pé, postura

ereta, com os membros superiores estendidos ao longo do corpo, com as

palmas das mãos voltadas para frente, com a cabeça e os pés também

volvidos para frente, o olhar direcionado para o horizonte. (DANGELO;

FATTINI, 2011), como pode ser visto na figura 3:

FIGURA 3 – POSIÇÃO ANATÔMICA

FONTE: Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com>. Acesso em: 20 out. 2012.

1.1.2 Planos de Ação

Segundo Dangelo e Fattini (2011), planos de ação se referem às linhas

fixas e imaginárias, que servem de referência para o estudo dos movimentos

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do corpo humano. São três: plano frontal, plano transverso e plano sagital

(figura 4).

– Plano frontal ou coronal: divide o corpo em duas partes, uma anterior e outra

posterior.

– Plano transversal ou horizontal: divide o corpo em duas partes, uma superior

e outra inferior.

– Plano sagital: divide o corpo em duas partes, uma direita e outra esquerda.

FIGURA 4 – PLANOS DE AÇÃO: À ESQUERDA, PLANO SAGITAL; NO

CENTRO, PLANO FRONTAL; À DIREITA, PLANO TRANSVERSAL

FONTE: Adaptado de Dangelo e Fattini, 2011.

1.1.3 Principais Estruturas Anatômicas da Cabeça e Pescoço

Essa região apresenta grande quantidade de nervos e vasos

sanguíneos importantes. O conhecimento destas estruturas é importante para

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evitar lesões durante a massagem, sejam elas temporárias ou permanentes.

(DANGELO; FATTINI, 2011).

No plano frontal não são observadas curvaturas na coluna vertebral. A

presença de curvaturas nesse plano demonstram alterações posturais

denominadas escolioses. No plano sagital observa-se que os segmentos

cervical e lombar apresentam lordoses (curvaturas secundárias), enquanto os

segmentos torácico e sacrococcígeo apresentam cifoses (curvaturas

primárias). (KNOPLICH, 2003) (Figura 5).

FIGURA 5 – CURVATURAS DA COLUNA VERTEBRAL

FONTE: Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br>. Acesso em: 20 out. 2012.

Para a realização da massagem é importante que o profissional saiba

localizar as estruturas musculoesqueléticas da coluna e, para isso, o

conhecimento de alguns pontos de referência pode ser bastante útil.

Na cabeça, proeminências ósseas fornecem uma referência para a

localização de importantes estruturas. O processo mastoide é um processo

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ósseo proeminente do osso temporal e está localizado posteriormente à orelha.

É o ponto de inserção do músculo esternocleidomastoideo. (KNOPLICH, 2003).

Outra região que merece destaque é a protuberância occipital externa,

encontrada no osso occipital. Este se estende caudalmente a partir da

protuberância occipital externa e da borda posterior do forame magno. O

ligamento nucal, próximo a esta região, se amplia desde a protuberância

occipital externa e segue pelos processos espinhosos das vértebras cervicais.

Este ligamento ajuda a fornecer um local para fixações musculares.

(KNOPLICH, 2003).

Dentre as vértebras cervicais destaca-se uma estrutura significativa,

que é o processo transverso da segunda vértebra cervical (C2). Este ponto é

identificado pela localização do ângulo da mandíbula. O processo transverso

de C2 é encontrado entre o ângulo da mandíbula e o processo mastóideo.

(KNOPLICH, 2003).

Dentre os músculos da região anterior do pescoço, o

esternocleidomastoideo é uma importante referência. Ele se origina no

manúbrio do esterno e na clavícula e se insere no processo mastóideo do osso

temporal e na linha nucal superior do osso occipital. Posteriormente, o músculo

trapézio assume especial importância.

Quando os ombros são elevados, este é facilmente visível. Ele se

estende desde o crânio e ligamento nucal, passando pelos processos

espinhosos das vértebras cervicais e torácicas, para se inserir na clavícula,

assim como na espinha da escápula e acrômio. Também é preciso citar os

músculos escalenos (anterior, médio e posterior), envolvidos na respiração e

que servem como importantes pontos de referência para a localização das

raízes do plexobraquial. Estes se originam nos processos transversos da

quarta a sexta vértebras cervicais.

Os escalenos anterior e médio se fixam ao primeiro arco costal,

enquanto o escaleno posterior se fixa ao segundo arco costal. É possível

palpar os três escalenos nos seus pontos de origem, como uma massa

muscular. As raízes do plexo braquial estão localizadas no pescoço, entre os

escalenos anterior e médio. (KNOPLICH, 2003).

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A massagem na região dos membros superiores envolve os grupos

musculares mais superficiais (figuras 6, 7 e 8). Os principais nervos e vasos

sanguíneos dessa região estão localizados abaixo dos compartimentos

musculares. A massagem nos membros superiores é especialmente importante

para indivíduos que sofreram lesões por esforços repetitivos (LER/DORT),

atletas e pacientes que tiveram câncer de mama. É importante ressaltar que

uma boa anamnese deve ser realizada antes de iniciar qualquer tipo de

massagem. (KNOPLICH, 2003; FRITZ, 2002).

No ombro, a escápula e a clavícula são os mais relevantes pontos de

referência ósseos. A clavícula pode ser localizada na região anterior e superior

do tórax. A escápula é um osso proeminente na região posterior do ombro,

entre a segunda e a sétima costela. Ela se articula com a clavícula

anteriormente e com o úmero, lateralmente. A borda medial da escápula pode

ser deslocada para fora, juntamente com a borda inferior.

A face anterior da escápula é mais bem palpada pela axila. A região

posterior mais proeminente é a espinha da escápula, aproximadamente em T3,

que serve como ponto de referência de superfície para dividir a face posterior

da escápula nas porções supraespinhal e infraespinhal. A região lateral da

espinha da escápula se alarga para formar o acrômio. (KNOPLICH, 2003;

FRITZ, 2002).

FIGURA 6 – MÚSCULOS DA REGIÃO ANTERIOR E LATERAL DO PESCOÇO

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FONTE: Netter, 2000.

FIGURA 7 – MÚSCULOS DA REGIÃO ANTERIOR DO PESCOÇO

FONTE: Disponível em: <http://www.sogab.com.br/anatomia/pescocolateral.jpg>.Acesso em:18

de Fevereiro de 2013.

FIGURA 8 – MÚSCULOS DA REGIÃO DORSAL

FONTE: Netter, 2000.

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1.1.4 Principais Estruturas Anatômicas da Coluna

É de extrema importância que o profissional que realiza a massagem

tenha um vasto conhecimento sobre os pontos de referência e dos grupos

musculares da região da coluna, uma vez que essa área é a que mais

necessita de massagem. A figura 9 mostra as partes de uma vértebra. Nota-se

que o processo espinhoso das vértebras torácicas são mais pontiagudos que

os da região lombar.

Os corpos vertebrais também são de diâmetros diferentes, sendo mais

largos na região lombar. Se uma vértebra apresentar-se rodada,

consequentemente é provocada maior tensão nos tecidos adjacentes e em

alguns casos pode-se observar perda do contato das facetas articulares, o que

poderá diminuir a amplitude de movimento da coluna vertebral. (KNOPLICH,

2003; FRITZ, 2002).

FIGURA 9 – COLUNA VERTEBRAL

FONTE: Netter, 2000.

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Quando o indivíduo se senta e mantém a coluna flexionada é possível

visualizar os processos espinhosos de praticamente todas as vértebras,

mostrados na figura 9. A sétima vértebra cervical (C7) é a que mais se destaca.

Com a flexão do pescoço, esta é facilmente vista e palpada na região da linha

média. Quando o indivíduo está com a cabeça em posição neutra e roda de um

lado para o outro, a C7 move-se lentamente, enquanto o processo espinhoso

de T1 não se move. A partir daí, então, é possível localizar as 12 vértebras

torácicas abaixo, assim como as seis vértebras cervicais acima.

Outro importante ponto de referência é o ângulo superior da escápula,

que está a aproximadamente um dedo de distância do processo espinhoso de

T1. (KNOPLICH, 2003; FRITZ, 2002). O processo espinhoso de T3 está na

altura da porção medial da espinha escapular. O processo espinhoso de T7

está a cerca de um dedo de distância abaixo do ângulo inferior da escápula.

Logo abaixo de T12, as cinco vértebras lombares são visualizadas. Ao

posicionar as mãos na crista ilíaca, com os polegares apontando em direção à

coluna, os mesmos estarão no espaço discal L4/L5. (KNOPLICH, 2003; FRITZ,

2002).

1.2 TECIDO MUSCULAR

O tecido muscular é responsável pelos movimentos corporais. Existem

três tipos de músculos no corpo humano: músculo estriado esquelético,

músculo estriado cardíaco e músculo liso. (JUNQUEIRA, CARNEIRO, 1999). O

músculo estriado esquelético é responsável pelos movimentos voluntários, tem

contração forte e rápida. Exemplos desse tipo de músculo é o bíceps braquial,

no braço, e o trapézio, localizado na região da coluna.

O músculo estriado cardíaco está presente no coração e tem contração

contínua e involuntária para realizar o bombeamento do sangue. O músculo

liso não apresenta estrias e caracteriza-se por contrações lentas e

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involuntárias, sujeitas à ação do sistema nervoso autônomo. (JUNQUEIRA,

CARNEIRO, 1999) (Figura 10).

Para focalizar o estudo para a Quick Massage, será enfatizado o

músculo estriado esquelético.

FIGURA 10 – TIPOS DE FIBRA MUSCULAR

FONTE: Junqueira e Carneiro, 1999.

Os músculos estriados esqueléticos representam cerca de 40 a 50% do

peso corporal total. É formado por feixes de células cilíndricas longas e

multinucleadas, com estriações transversais. Sua contração é rápida, vigorosa

e está sujeita ao controle voluntário. Trata-se de estruturas individualizadas que

cruzam uma ou mais articulações e pela sua contração são capazes de

transmitir-lhes movimento. Os músculos transformam energia química em

energia mecânica. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999).

Os músculos estriados esqueléticos apresentam as seguintes

estruturas:

a) Ventre muscular: porção contrátil do músculo. É formado por fibras

musculares e constituem o corpo do músculo (figura 11).

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b) Tendão: formado por tecido conjuntivo, com grande quantidade de fibras

colágenas. Tem a função de fixar o ventre muscular em ossos, no tecido

subcutâneo e em cápsulas articulares (figura 11).

c) Aponeurose: assim como o tendão, é formada por tecido conjuntivo. Envolve

grupos musculares e apresenta-se como leques ou lâminas.

d) Bainha tendínea: tem a função de conter o tendão, além de facilitar o seu

deslizamento durante a contração muscular. Formam túneis entre as

superfícies ósseas.

e) Bolsa sinovial: estão localizadas entre os músculos, ou entre um músculo e

um osso. Trata-se de pequenas bolsas revestidas por membrana serosa e

possibilitam o deslizamento muscular. (DANGELO; FATTINI, 2011).

FIGURA 11 – PARTES DO MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO: A:

VENTRE MUSCULAR; B: TENDÃO

FONTE: Disponível em: <www.sobiologia.com.br>. Acesso em: 10 out. 2012.

Os músculos são constituídos de fibras musculares envoltas por

camadas de tecido conjuntivo: endomísio, perimísio e epimísio. A contração

normal das fibras musculares é comandada por nervos motores que se

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ramificam no tecido conjuntivo do perimísio, onde cada nervo origina

numerosas terminações. No local de inervação, o nervo perde sua bainha de

mielina e forma uma dilatação que se coloca dentro de uma depressão da

superfície da fibra muscular. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999).

Uma fibra nervosa pode inervar uma única fibra muscular ou se

ramificar e inervar até mais de 100 fibras musculares. A fibra nervosa e as

fibras musculares por ela inervadas formam uma unidade motora. A fibra

muscular não é capaz de graduar sua contração. Uma determinada fibra ou

não se contrai ou se contrai com toda intensidade. As variações na força de

contração do músculo são devidas às variações no número de fibras que se

contraem em determinado momento. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). A

organização das fibras pode ser visualizada na figura 12.

A coloração vermelha do músculo está associada à existência de

pigmentos e de grande quantidade de sangue nas fibras musculares.

(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999).

FIGURA 12 – ORGANIZAÇÃO DA FIBRA MUSCULAR

FONTE: Disponível em: <http://eusouenfermeiro.blogspot.com.br/2012/05/fisiologia-contracao-

muscular.html>. Acesso em: 15 de fevereiro de 2013.

Dentre as funções dos músculos esqueléticos podemos destacar as

seguintes:

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a. Produção de movimentos corporais: por intermédio da contração muscular,

seja ela isométrica, concêntrica ou excêntrica, são produzidos diversos

movimentos corporais, como por exemplo: abertura e fechamento da boca,

flexão e extensão dos membros superiores e inferiores, movimentos da coluna,

etc.

b. Estabilização das posições corporais: as articulações são estabilizadas por

diversas estruturas, como ligamentos e cápsula articular, mas os músculos

exercem função imprescindível na estabilização, possibilitando a

movimentação adequada, dentro da amplitude de movimento esperada.

c. Produção de calor: a contração muscular resulta em produção de calor, que

é liberado pelo músculo e usado para a manutenção da temperatura corporal.

(Junqueira; Carneiro, 1999).

A célula muscular produz trabalho mecânico intenso e descontínuo, e

para isso requer depósitos de compostos ricos em energia química. A energia

que pode ser mobilizada com mais facilidade é acumulada em ATP (adenosina

trifosfato) e fosfocreatina, compostos ricos em energia de ligações de fosfato e

armazenados na célula muscular. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999).

Segundo Junqueira e Carneiro (1999), as fibras musculares

esqueléticas podem ser classificadas de acordo com sua estrutura e

composição bioquímica:

a) fibras lentas ou tipo I: ricas em sarcoplasma, contendo mioglobina e com cor

vermelho-escura, adaptadas para contrações continuadas. Sua energia é

obtida principalmente da fosforilação oxidativa de ácidos graxos.

b) fibras rápidas ou tipo II: adaptadas para contrações rápidas e descontínuas.

Tem pouca mioglobina, o que garante uma coloração vermelho-clara. As fibras

do tipo II podem ser divididas em tipos A, B e C, de acordo com suas

características funcionais e bioquímicas, principalmente a estabilidade da

actomiosina-ATPase que elas contêm. As fibras do tipo IIB são as mais rápidas

e dependem principalmente da glicólise como fonte de energia. Esta

classificação das fibras musculares é importante para a caracterização de

algumas doenças musculares ou miopatias.

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Em relação à regeneração, o músculo esquelético tem uma pequena

capacidade de reconstituição. As células satélites são responsáveis por esse

processo. São mononucleadas, fusiformes, dispostas paralelamente às fibras

musculares e dentro da lâmina basal que envolve as fibras. Após sofrerem uma

lesão, essas células são ativadas, proliferam-se e se fundem umas às outras

para formar novas fibras musculares esqueléticas.

Em situação de exercício de alta intensidade, as células satélites

também entram em mitose, fundindo-se com as fibras musculares

preexistentes, o que contribui para a hipertrofia muscular. (JUNQUEIRA;

CARNEIRO, 1999).

Existem várias classificações quanto aos músculos esqueléticos. Eles

podem ser divididos em nove grupos, denominados: cabeça, pescoço, tórax,

abdome, região posterior do tronco, membros superiores, membros inferiores,

períneo e órgãos dos sentidos. (DANGELO; FATTINI, 2011).

1.3 TECIDO ÓSSEO

Segundo Junqueira e Carneiro (1999), o tecido ósseo (figura 13) é o

constituinte principal do esqueleto e apresenta diversas funções, dentre as

quais podemos destacar:

- suporte para as partes moles;

- proteção de órgãos vitais;

- aloja e protege a medula óssea;

- garante apoio aos músculos esqueléticos;

- sistema de alavancas que aumentam as forças produzidas na contração

muscular.

- depósito de minerais (cálcio, fosfato, etc.), armazenando-os ou liberando-os

conforme a necessidade do organismo.

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FIGURA 13 – COMPONENTES DO TECIDO ÓSSEO

FONTE: Disponível em: <www.sobiologia.com.br>. Acesso em: 10 out. 2012.

Todos os ossos são cobertos em suas superfícies externas e internas

por membranas conjuntivas que são o periósteo e o endósteo,

respectivamente. O tecido ósseo é formado por células, denominadas

osteócitos, osteoblastos e osteoclastos. A atividade dos osteoblastos e

osteoclastos permite a remodelação dos ossos. (JUNQUEIRA; CARNEIRO,

1999).

Osteócitos: células achatadas, essenciais para a manutenção da

matriz óssea. A morte dessas células é seguida pela reabsorção da matriz.

Apresentam pequena quantidade de retículo endoplasmático rugoso, aparelho

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de Golgi pequeno e núcleo com cromatina condensada. (JUNQUEIRA;

CARNEIRO, 1999).

Osteoblastos: são responsáveis por produzir a parte orgânica da

matriz óssea (colágeno, proteoglicanas e glicoproteínas adesivas). Concentram

fosfato de cálcio e participam da mineralização da matriz. Quando aprisionado

pela matriz recém-sintetizada, essa célula passa a ser denominada osteócito.

(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999).

Osteoclastos: células maiores, bastante ramificadas, com regiões

dilatadas que exibem mais de 50 núcleos. Apresentam citoplasma granuloso e

originam de precursores mononucleados provenientes da medula óssea que,

ao contato com o tecido ósseo, se unem para formar os osteoclastos

multinucleados. Atuam na reabsorção óssea. (JUNQUEIRA; CARNEIRO,

1999).

Segundo Junqueira e Carneiro (1999), o tecido ósseo é dividido em:

parte orgânica e inorgânica, que são descritas logo abaixo:

- Parte orgânica: formada por fibras colágenas (tipo I) e por pequena

quantidade de proteoglicanas e glicoproteínas adesivas. A dureza e a

resistência do tecido ósseo estão associadas à associação de hidroxiapatita

com as fibras colágenas.

- Parte inorgânica: apresenta íons como o fosfato e o cálcio, além de

bicarbonato, magnésio, potássio, sódio e pequena proporção de citrato. O

cálcio e o fosfato formam cristais. A mineralização consiste na deposição de

íons inorgânicos, principalmente fosfato de cálcio. O cálcio dos ossos está em

constante troca com o cálcio dos líquidos extracelulares.

Durante o crescimento, o osso é sensível a diversos fatores

nutricionais: deficiências em proteínas, cálcio, vitaminas D e C, além de

estímulos hormonais (testosterona e estrógenos), que influenciam no

aparecimento e o desenvolvimento dos centros de ossificação. (JUNQUEIRA;

CARNEIRO, 1999). Na coluna vertebral (figura 14), a mineralização adequada

do tecido ósseo irá garantir proteção à medula espinhal e às demais estruturas

musculoesqueléticas conectadas às vértebras.

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FIGURA 14 – PARTES DE UMA VÉRTEBRA

FONTE: Fritz, 2002.

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2 ARTICULAÇÕES SINOVIAIS

As articulações sinoviais realizam a comunicação entre uma

extremidade óssea e outra, garantindo-lhe movimento, e são compostas de

cartilagem que reveste as extremidades ósseas, os ligamentos, o líquido

sinovial e a cápsula articular. (DANGELO; FATTINI, 2011).

O tecido cartilaginoso é constituído por um material intercelular rico em

fibras colágenas e condrina, uma substância mucopolissacarídica. Esses

componentes são produzidos por células chamadas condroblastos (condro:

cartilagem; blastos: células jovens). (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999).

A cartilagem é desprovida de vasos sanguíneos. Os nutrientes

difundem-se pela substância intercelular a partir de vasos sanguíneos

localizados no tecido conjuntivo que envolve a cartilagem, chamado pericôndrio

(peri: ao redor; condro: cartilagem). No pericôndrio também existem

fibroblastos que podem dar origem em condroblastos, permitindo assim o

crescimento e, eventualmente, a regeneração do tecido cartilaginoso.

(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999).

Segundo Knoplich (2003) e Dangelo e Fattini (2011), na coluna

vertebral, existem dois tipos de articulações: as diartroses e as anfiartroses,

que são brevemente descritas abaixo:

Diartroses: são as articulações verdadeiras; apresentam superfície revestida

de cartilagem, com líquido sinovial e cápsula articular.

Anfiartroses: são as articulações “falsas”; recebem essa denominação pelo

fato de não apresentarem as características essenciais de uma articulação

sinovial. No entanto, permitem a produção de movimento. São responsáveis

pelos movimentos da coluna. Apresentam pequenos movimentos.

Knoplich (2002) ressalva que algumas articulações da coluna

apresentam características especiais. São estas:

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Articulação occipitoatlóidea – apresenta grande quantidade de ligamentos,

que realizam a manutenção e a proteção dessa articulação.

Articulação atlantoaxóidea – tem a estabilidade garantida, graças à presença

dos ligamentos transverso e cruciforme, além do ligamento nucal, que protege

contra uma excessiva flexão da cabeça.

Articulação sacroilíaca - apresenta pouquíssima mobilidade; suas superfícies

articulares são revestidas por cartilagens. Os ligamentos sacroilíacos

aumentam a sua estabilidade.

Articulações sacrococcígeas - apresenta diversos ligamentos, o que garante

bastante estabilidade a essa região, como pode ser visto na figura 15.

Sínfise púbica - também conta com muitos ligamentos, é uma articulação do

tipo anfiartrose.

FIGURA 15 – ARTICULAÇÃO SACROCOCCÍGEA

FONTE: Netter, 2000.

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3 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR

O estudo da contração do músculo estriado esquelético pode ser

estudado em três etapas: neuromuscular, bioquímica e biomecânica. Será feita

uma abordagem breve de cada uma dessas etapas.

3.1 NEUROMUSCULAR

Os neurônios motores, originários dos cornos anteriores da medula,

dão origem a uma quantidade de fibras nervosas (axônios motores), que por

sua vez se ramificam e vão inervar as fibras musculares, o que constituirá na

unidade motora. (KNOPLICH, 2003).

Na junção neuromuscular, o impulso proveniente do axônio sofre um

bloqueio enquanto ocorre uma alteração na membrana muscular, o sarcolema,

que se torna, então, permeável à entrada de íons positivos (sódio) e à saída de

íons negativos (cloro). Esse processo resulta numa carga positiva na região

externa da membrana, e negativa no seu interior, tornando-a despolarizada.

Essa troca de íons gera uma diferença de potencial, que de -70mV pode

chegar a +30mV. (KNOPLICH, 2003).

3.2 BIOQUÍMICA

Quando ocorre a despolarização do sarcolema, dois eventos podem

ser observados, gerando a contração muscular (figura 16). O primeiro é a

liberação do conteúdo das vesículas sinápticas (acetilcolina) na placa motora. A

acetilcolina está apta para entrar no sarcoplasma quando encontra a

membrana despolarizada, o que dá origem a um novo potencial de ação. A

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enzima acetilcolinesterase é responsável por destruir (hidrolisar) a acetilcolina,

num segundo momento. Dessa forma, a membrana é protegida para que cada

impulso nervoso produza um estímulo muscular.

Em indivíduos com grande tensão muscular, a administração de

medicamento miorrelaxante age nessa junção neuromuscular e produz

bloqueio da ação da acetilcolina, resultando em relaxamento muscular.

(KNOPLICH, 2003). Dois fatores são determinantes para a quantidade de

acetilcolina que será liberada: a amplitude do potencial de ação e a presença

do íon cálcio. A despolarização da membrana aumenta a permeabilidade ao

cálcio que, consequentemente, permite a liberação de mais vesículas de

acetilcolina. (KNOPLICH, 2003).

FIGURA 16 – ALTERAÇÕES NA FIBRA MUSCULAR NAS CONDIÇÕES

ESTIRADO E CONTRAÍDO

FONTE: Disponível em: <www.sobiologia.com.br>. Acesso em: 10 out. 2012.

A região da membrana de junção neuromuscular apresenta

características diferentes em relação à membrana do restante da fibra

muscular, pois apresenta uma capacidade de despolarização com maior

sensibilidade à ação da acetilcolina. (KNOPLICH, 2003).

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Nota-se um intervalo de aproximadamente 30 milissegundos entre o

início da passagem da onda de excitação nervosa e o instante em que o

músculo é capaz de responder pela contração. Após esse período, inicia-se a

contração muscular. (KNOPLICH, 2003). A contração muscular pode ser

entendida, do ponto de vista bioquímico, como a reação química entre os

filamentos da banda I (contendo actina) e os filamentos da banda A (contendo

miosina) (figura 17). Essas duas proteínas (actina e miosina) estão combinadas

e sofrem influência da concentração de cálcio, que estimula a enzima ATPase,

que permite a liberação de energia necessária para a contração ocorrer.

Com a presença do ATP (trifosfato de adenosina) encurta-se o

complexo actomiosina, que produz a contração muscular. Para isso, a principal

fonte energética muscular é o glicogênio. Essa energia está armazenada e é

liberada conforme ocorrem alterações químicas dessa substância. (KNOPLICH,

2003).

Com a liberação de cálcio, ocorre a ativação da enzima ATPase. Assim,

o ATP se transforma em ADP (difosfato de adenosina), com a liberação de

fósforo e energia química, que é convertida em energia mecânica. A fibra

muscular, então, se contrai com o deslocamento dos filamentos em sentido

paralelo. (KNOPLICH, 2003).

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FIGURA 17 –

ORGANIZAÇÃO DA FIBRA MUSCULAR

FONTE: Disponível em:<www.sobiologia.com.br>. Acesso em: 10 out. 2012.

O glicogênio pode ser degradado em duas condições distintas: na

presença ou na ausência de oxigênio (aerobiose e anaerobiose,

respectivamente). Quando o oxigênio está presente existe a formação de ácido

pirúvico, que por sua vez participa de uma cadeia de reações químicas (ciclo

de Krebs), que gera 20 vezes mais ATP que na condição anaeróbica, com a

presença de água e gás carbônico como produtos finais. Na segunda situação

libera-se uma menor quantidade de ATP (três moléculas apenas), com a

formação do ácido lático, que atinge o fígado e participa do processo de

ressíntese de glicogênio, chamado neoglicogênese. (KNOPLICH, 2003).

O músculo também pode utilizar o fosfato de creatina como fonte de

energia. Nesse caso, a liberação de fósforo é usada quando há produção

pequena de ATP. Quando o músculo está relaxado, actina e miosina

encontram-se dissociadas, com a baixa concentração de cálcio. Nessa

situação há uma importante recuperação das fontes energéticas no tecido. O

ácido lático é metabolizado e os depósitos de glicogênio no fígado e no

músculo são repostos.

Se ocorrer algum estímulo, aumenta-se a concentração de cálcio, que

por sua vez estimula a atividade enzimática da miosina. A miosina, então,

transforma ATP em ADP e libera energia para que ocorra a contração muscular.

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(KNOPLICH, 2003). São identificadas três fases relacionadas à estimulação

nervosa do músculo. São elas: período de latência; período de contração;

período de relaxamento. Da segunda para a terceira fase, ocorre produção de

calor no tecido muscular, que é resultado das reações químicas ocorridas.

(KNOPLICH, 2003).

3.3 BIOMECÂNICA

Do ponto de vista biomecânico existem dois tipos de contração

muscular: isotônica ou isométrica. A primeira se caracteriza por apresentar

encurtamento da fibra muscular e produzir um movimento. Na contração

isométrica, não há alteração do tamanho da fibra e não há produção de

movimento. Para a manutenção da postura ereta, os músculos realizam esse

tipo de contração. (KNOPLICH, 2003).

Com a aplicação de dois estímulos sucessivos na fibra muscular

obtém-se somação ou tetania. Na somação, como o nome sugere, somam-se

os estímulos, em função do aumento das unidades motoras que se contraem

ao mesmo tempo. Na tetania ocorre fusão dos estímulos e o músculo

apresenta-se contraído, com a posterior fadiga. Esta surge geralmente como

consequência de contrações de grande intensidade e de duração prolongada, e

pode ser entendida como a ausência de resposta a um estímulo.

A fadiga está associada à maior concentração de ácido lático e

diminuição da oferta de oxigênio. Pode também ocasionar contratura e a

diminuição da concentração de nutrientes no tecido, que dificultam o seu

relaxamento. São conhecidos diversos tipos de fadiga, dentre os quais se

destacam a do sistema nervoso central (fadiga central), a do sistema nervoso

periférico (fadiga periférica) e a própria fadiga emocional. (KNOPLICH, 2003).

Apesar de parecer que as contrações musculares ocorram em um só

momento em toda a massa, essa informação não é verdadeira. Elas estão

sincronizadas e ocorrem em uma sequência proveniente de um grupo de

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neurônios motores. As fibras musculares se contraem por aproximadamente

um milissegundo, seguidas de um período de relaxamento total.

Toda a unidade se contrai por um período de até oito milissegundos,

que corresponde às várias contrações de cada uma das fibras que fazem parte

dessa unidade. (KNOPLICH, 2003; FRITZ, 2002).

FIM DO MÓDULO I