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A Transferência: Introdução
• Foi um processo meticuloso;
• Como muitos imaginam, D. João VI não
era medroso ou despreparado;
• Foi uma estratégia, pois imaginava o
futuro de Napoleão.
Viagem da Família Real
Portuguesa para o Brasil
• A Europa passava por mudanças políticas e econômicas bastante sensíveis;
• O século XIX ficou conhecido como “Era das Revoluções” (Rev. Industrial, Francesa, Socialismo...);
• Tais mudanças refletiram também nas colônias dirigidas pelas metrópoles européias;
• O capitalismo desejava destruir o sistema colonial.
• Em 1806, com a declaração do Bloqueio
Continental por Napoleão Bonaparte,
Portugal se viu diante de um dilema
insolúvel;
• O decreto exigia que as nações européias
deixassem de comercializar com a
Inglaterra, fechando seus portos aos
navios ingleses;
• Com isso Napoleão pretendia quebrar o
poderio econômico de seu principal
inimigo e exercer total domínio sobre a
Europa.
• Napoleão representava os interesses da
burguesia, tendo como objetivo o domínio
econômico sobre a Europa e
enriquecimento da França;
• Portugal era praticamente dependente
tanto da Inglaterra quanto da França, mas
ainda possuía um frágil Mercantilismo
(possuía o Brasil...).
A Corte Vai a Colônia
• A posição de Portugal perante a briga entre Inglaterra e França era bem delicada;
• Portugal não queria confusão com o exército francês, o mais poderoso da época;
• Mas também não poderia aderir ao Bloqueio, pois prejudicaria suas relações com a Inglaterra.
• Portugal seguiu comercializando com a
Inglaterra, sendo o porto de Lisboa um
dos mais ativos da época;
• Para Napoleão tal fato era uma afronta,
objetivando fechar os portos lusitanos
imediatamente;
• Portugal se vê cada dia mais cercado,
quando a Espanha é dominada pela
França;
• O problema: de qual lado ficar?
• Durante quase dois anos, a diplomacia portuguesa
procurou ganhar tempo;
• Foi ao extremo de fingir uma guerra contra os
ingleses para enganar a França (não surtindo
efeito);
• Em agosto de 1807, com a paciência esgotada,
Napoleão ordenou a invasão de Portugal;
• Comandadas pelo general Junot, as tropas
invasoras chegaram às portas de Lisboa em
novembro de 1807;
• No dia 29 desse mês, Dom João e sua corte
bateram em retirada, embarcando para a colônia
portuguesa na América.
• Tal decisão ocorreu em virtude de não obedecer
a França e não desiludir a Inglaterra;
• Portugal não estava preparado para a invasão;
• Com isso Lord Strangford, enviado inglês em
Portugal, idealizou a fuga;
• D. Pedro I veio antes;
• O restante veio mais tarde;
• Eram, ao todo, de 12 a 15 mil pessoas,
embarcadas em 14 navios escoltados por vasos
de guerra com bandeira inglesa e carregados de
móveis, jóias, pratarias, roupas luxuosas e obras
de arte.
• A princesa Carlota Joaquina nunca gostou
da idéia e relutou terminantemente contra
o embarque até o último minuto. Queria
ficar e enfrentar Napoleão.
• Em um acordo assinado no dia
22/10/1807 decidiu que a Inglaterra
escoltaria as naus ao Brasil;
• Em troca ficaria com a Ilha da Madeira;
• Havia também uma cláusula que afirmava
o não reconhecimento do príncipe à frente
de Portugal se o pacto entre as nações
fosse quebrado;
• Um acordo comercial entre eles deveria
ser fundamentado logo que D. João VI
chegasse ao Brasil.
A Viagem
• Os membros da Família Real saíram de Lisboa praticamente em fuga na madrugada do dia 27 de novembro de 1807;
• Já na madrugada do dia 29 de novembro um vento favorável permitiu que a esquadra rumasse ao Brasil;
• O General Junot entrou em Lisboa às 9 horas da manhã do dia 30 de novembro, liderando um exército de cerca 26 mil homens e tendo a sua frente um destacamento da cavalaria portuguesa que se rendeu e se pôs às suas ordens.
• O desembarque ocorreu em Salvador no dia 18 de janeiro de 1808 e no dia 22 os habitantes da Cidade de Salvador já puderam observar os primeiros navios da esquadra;
• Às quatro horas da tarde do dia 22, depois de todos os navios da esquadra estarem fundeados, o Conde da Ponte (governador da Bahia na época) foi a bordo do navio Príncipe Real.
A Chegada
• A comitiva real só desembarcou na Bahia
às cinco horas da tarde do dia 24, com
uma imensa solenidade;
• Então embarcaram rumo a cidade de Rio
de Janeiro, aonde chegaram no dia 8 de
março, no cais do Largo do Paço, na atual
Praça XV em Rio de Janeiro.
• Com D. João VI vieram 60 mil livros,
documentos, obras de arte, pratarias,
entre outros;
• O que mais impressionou foi a vinda da
metade do dinheiro em circulação de
Portugal da época.
• No Brasil haviam apenas 17 capitanias e
uma população de 3,5 milhões de
habitantes;
• A sociedade era rural com cidades
modestas e sem infra-estrutura;
• A cidade do Rio de Janeiro não tinha mais
de 70 mil habitantes, agravando ainda
mais os problemas daquela cidade;
• Lá não haviam moradias nem
abastecimento de água...
Primeiros Problemas
• No Rio de Janeiro não haviam casas para
todos – onde abrigar tanta gente?
• O Palácio do Vice-Rei Marcos de Noronha
e Brito, a Câmara Municipal e a cadeia se
tornaram moradia real;
• Casas de quaisquer pessoas eram
imediatamente confiscadas, indo estas
morar nos morros ou manguezais.
O Fim do Pacto Colonial • As mudanças trazidas pela corte foram imensas;
• Ruas cheias de cores, expulsão de vadios, castigos a perturbadores da tranqüilidade, urbanização do Rio de Janeiro...
• Dom João governava Portugal como príncipe regente, depois de sua mãe, dona Maria I, ter sido afastada do trono por problemas mentais;
• Ao sair de Lisboa, ele estava acompanhado de toda a corte, que incluía, além da família real e de diversos funcionários graduados, muitos membros da nobreza com seus familiares e criados.
Primeiras Medidas da Coroa no
Brasil
• Elevou o Brasil à categoria de Reino (Reino do Brasil, Portugal e Algarves), decretou a Abertura dos Portos às Nações Amigas – Carta Régia de 1808 - (“Amigas”) ; revogou o alvará de 1785 que proibia a fabricação de manufaturas no Brasil, aumentou os impostos, criaram-se vários títulos de nobreza (em trocas de favores) e novas repartições públicas.
• Tomada em caráter provisório, a medida
estabelecia uma tarifa alfandegária de 24%
sobre os produtos importados e de 16%
sobre as mercadorias de origem
portuguesa;
• Depois, seguiram-se os tratados de aliança
e comércio com a Inglaterra, firmados em
1810;
• Por esses acordos, o governo português
concedeu aos produtos ingleses tarifa
preferencial de 15%, abaixo da taxa que
incidia sobre os próprios artigos
provenientes de Portugal.
• Na prática, essa política abolia o pacto
colonial e introduzia a liberdade de
comércio no que restava do antigo império
lusitano;
• Sua conseqüência imediata foi o
crescimento do comércio exterior
brasileiro e, no momento seguinte, do
comércio interno da colônia, estimulado
pela presença de comerciantes de várias
nacionalidades.
• Sociologicamente a Abertura dos Portos
trouxe muitos estrangeiros, aumentando a
diversificação étnica brasileira;
• Novos comportamentos nasceram: ir ao
teatro, música, namoro em praças,
eventos sociais, filas para “beijar a mão”
do rei, entre outros;
• Para guardar tantos bens foi-se
necessário abrir um banco: o Banco do
Brasil.
Revogação do Alvará da Proibição
de Manufaturas
• A medida permitiu a instalação, em 1811,
de duas fábricas de ferro, em São Paulo e
em Minas Gerais;
• Mas o sopro de desenvolvimento parou
por aí, pois a presença de artigos ingleses
bem elaborados e a preços relativamente
acessíveis bloqueava a produção de
similares em território brasileiro.
Curiosidade
• D. João VI ordenou a perseguição a festas
religiosas “barulhentas” e prisão de
“batuqueiros” de festas negras e
procissões;
• As festas deveriam ser “silenciosas e
católicas”, pois misturas étnicas eram um
“entrave ao progresso”, dizia.
Política e Economia no Período
Joanino
• Os Tratados de Aliança e Amizade e do
Comércio e Navegação (nome oficial do acordo
Inglaterra – Portugal) dava poder econômico à
Inglaterra e devolvia as Ilhas perdidas a Portugal;
• A Inglaterra também exigiu a libertação gradual
dos escravos no Brasil, pois isso prejudica o
capitalismo;
• Outro acordo foi o benefício de criminosos
ingleses em territórios portugueses serem
julgados por lei inglesa.
• A Igreja Católica se indignou com as normas estabelecidas pelo governo português a favor dos ingleses (mas é necessário notar que a inquisição já estava “em baixa” a muito tempo);
• No aspecto econômico a Inglaterra sobressaiu-se, pois obteve vantagens econômicas e obteve livremente o porto de Santa Catarina.
A Abertura de Mercado
• Com os produtos ingleses chegando os aluguéis subiram e o porto do Rio de Janeiro ficou extremamente movimentado;
• Eram ferragens, pregos, peixe salgado, queijos...
• Vieram também patins para gelo e caixões!
• Tudo para consolidar o comércio inglês no Brasil.
• Com a hegemonia inglesa a Igreja, a elite
portuguesa, os comerciantes e os
escravocratas sentiram-se prejudicados;
• Para amenizar os problemas D. João VI
deu privilégios fiscais e títulos honorários;
• D. João VI criou a figura do “funcionário
público” (inchaço da máquina burocrática,
nepotismo);
• Com a queda de Napoleão em 1815 D.
João VI votou positivamente com a Santa
Aliança, mesmo estando no Brasil.
Cultura Joanina
• D. João VI criou Faculdades de Medicina
no RJ e BA, a Imprensa Régia, os
primeiros órgãos de imprensa do Brasil
(Correio Brasiliense e a Gazeta do Rio de
Janeiro), a Biblioteca Real, o Jardim
Botânico do RJ, o Teatro São João,
Museu Real e trouxe um grupo de
cientistas e artistas plásticos para o Brasil.
• Os artistas que vieram para cá ficaram conhecidos como “Missão Artística Francesa”;
• O maior destaque foi Jean-Baptiste Debret;
• Debret foi um grande crítico social na área das artes plásticas, onde pintava temáticas urbanas;
• Se não fosse ele, desconheceríamos a vida social brasileira do século XIX;
• Ele percorreu calçadas e praças, ruas e fazendas, favelas e palácios e tudo se tornava temas para sua arte.
Política Externa
• O Brasil invadiu a Guiana Francesa em 1808, só devolvendo à França em 1817 em um acordo comercial;
• Entre 1808 e 1816 o Brasil invade a Província Cisplatina (Uruguai), representado pelo General Lecór, que chegou a Montevidéu;
• A região foi anexada definitivamente em 1821, tomada da Espanha.
Uruguai
• A Província continuou lutando sem o
auxílio da Espanha até 1828, quando
conquistou sua independência.
Revolução Pernambucana de 1817
• Também conhecida como Revolução dos Padres, ocorreu em virtude da falta de benefícios para a aristocracia pernambucana em virtude da vinda da família real para o Brasil;
• Com a campanha brasileira na Cisplatina os impostos aumentaram;
• Pernambuco teve a iniciativa da revolta, com apoio de Alagoas, Rio Grande do Norte e Paraíba.
• Os principais problemas levantados pelo movimento eram o permanente esquecimento do Nordeste brasileiro e o desenvolvimento concentrado nas regiões Sul-Sudeste;
• Outro problema eram os privilégios de portugueses e ingleses no comércio;
• Os latifundiários queriam a separação do nordeste e instauração da República.
• Era um movimento nativista antilusitano;
• Foram quase três meses de batalhas,
onde surge um governo provisório na
cidade do Recife;
• O movimento não resistiu às tropas
oficiais do Príncipe Regente.
O Retorno da Família Real
• Com a prisão de Napoleão Portugal se livra da França;
• Movimentos liberais se espalham por toda a Europa, e a família real ainda permanece no Brasil;
• Neste período a Inglaterra com o General Beresford governava Portugal;
• Era um governo corrupto, fraco, manipulador, decadente comercial...
• Com a difusão de idéias liberais e burguesas em 1820 Portugal desencadeia a Revolução Liberal do Porto;
• Unidos a camponeses, artesãos, funcionários públicos e militares, a burguesia derruba o governo inglês de Beresford;
• Foram convocadas as Cortes Gerais Extraordinárias Constituintes da Nação Portuguesa;
• Com isso expulsaram Beresford e exigiram o retorno de D. João VI.
• D. João VI sabia que a situação em Portugal não estava das melhores e adiou ao máximo seu retorno;
• Através de um decreto D. João VI anunciou seu retorno e deixou D. Pedro I como regente do Brasil;
• A essa altura, D. João VI já havia se aclamado rei de Portugal, Brasil e Algarves em virtude da morte de Maria I.
• D. João VI, assim como fez com Portugal, esvaziou o Banco do Brasil e levou todo o ouro que pôde;
• Ao saber do fato um amplo grupo de pessoas se dirigiu ao porto do Rio de Janeiro para impedir sua saída;
• Foram dispersados com violência;
• A partida definitiva foi em 26/04/1821;
• D. João VI deixa o Brasil para D. Pedro I afirmando: “Antes que o Brasil fique para ti do que para esses aventureiros”.
• D. João VI já previa que o Brasil em breve
seria perdido;
• A tripulação real chegou à cidade do Porto
em 04/07/1821;
• Observe: se D. João VI não retornasse,
Portugal proclamaria a República!
Como Ficou o Brasil
• Como regente ficou Pedro de Alcântara,
com 23 anos de idade (futuro D. Pedro I);
• A situação financeira do Brasil era
péssima, pois D. João VI esvaziou os
cofres do governo e levou toda riqueza
nacional;
• Ao príncipe restou enfrentar problemas
políticos e uma economia debilitada.
• Com o retorno de D. João VI a Portugal havia necessidade lusitana de recolonizar o Brasil, ou seja, rebaixá-lo à categoria de Colônia;
• No Brasil a opinião pública dividiu-se: comerciantes e militares portugueses manifestaram-se à favor de medidas recolonizadoras;
• Grandes fazendeiros ligados anteriormente ao rei perderiam privilégios, portanto posicionaram-se contra a idéia de recolonização.
• Fazendeiros médios e comerciantes (camadas médias urbanas) desejavam a proclamação da República em virtude dos ideais da Revolução Francesa, Inconfidência Mineira e Pernambucana;
• O pobres eram analfabetos políticos (na menoridade como diria Kant);
• Com D. Pedro no Brasil as condições de recolonização ficaram difíceis para Portugal.
Pretextos
• D. João VI cria um pretexto para que D.
Pedro deixe o Brasil para terminar os
estudos na Europa;
• Ocorre que D. Pedro era jovem,
ambicioso, influenciável, e poderia
proclamar a Independência do Brasil;
• Este era o receio de D. João VI, então seu
pai e rei.
O Dia do Fico
• Com medo da recolonização, comerciantes e representantes da classe média forjaram um abaixo-assinado pedindo que D. Pedro ficasse;
• D. Pedro ficou emocionado com “tamanho amor que o país tinha por ele”, e revolveu ficar (09/jan/1822);
• “Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação eu digo que fico!”
A Reação • A decisão de D. Pedro desagradou
portugueses no Brasil fazendo o morro do Castelo, no Rio de Janeiro, ser dominado por forças militares lusas;
• A reação de populares foi imediata, expulsando os militares portugueses, assim como ministros, funcionários públicos de confiança do ex-governo português no Brasil;
• Com isso, José Bonifácio, líder político burguês decretou a criação do poder executivo nas províncias.
Célebre Decisão
• Se D. Pedro tivesse voltado para Portugal e o poder executivo (Conselhos de Província) não fossem formados em 1822 o Brasil cairia em uma grande guerra civil e hoje não existiria;
• Seríamos 5 ou 6 países separados, fragmentados;
• Neste mesmo ano D. Pedro assinou o decreto do “cumpracumpra--sese”, ou seja, decisões de D. João VI só teriam validade no Brasil com o carimbo de D. Pedro.
1822: Ano Rebelde
• D. Pedro recebe o título de “Defensor
Perpétuo do Brasil”;
• Forma-se a Assembléia Nacional
Constituinte;
• Em agosto José Bonifácio assina o
“Manifesto das Nações Amigas”, que
separava definitivamente o comércio
Portugal-Brasil;
• D. João VI dá ultimato a D. Pedro dizendo
que deserdaria o trono português.
Processo de Independência
• Aceitando a recomendação de José
Bonifácio, D. Pedro proclama a
Independência do Brasil em 07/09/1822;
• D. Pedro foi aclamado imperador do
Brasil, autonomeando-se D. Pedro I.