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Para citar esse documento:
HERCOLES, Rosa. Comitê Interfaces e Estados do Corpo: relatório ANDA/2016. Anais do IV Congresso Nacional de Pesquisadores em Dança. Goiânia: ANDA, 2016. p. 521-532.
www.portalanda.org.br
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COMITÊ INTERFACES E ESTADOS DO CORPO RELATÓRIO - ANDA/2016
Coordenação: Profa Dra Rosa Hercoles (PUCSP)*
EMENTA – O Comitê Temático Interfaces da Dança e Estados do Corpo se destina às pesquisas relacionadas com a Dança, suas Poéticas e com a multiplicidade dos corpos: os estudos da corporeidade, da motricidade, de educação somática, da educação do/pelo movimento, da terapia por meio da dança, dos processos de subjetivação, dos estados funcionais do corpo e suas relações com o meio.
Palavras-chave: ESTADOS DO CORPO. DIVERSIDADE. CORPO-AMBIENTE.
COMMITTEE INTERFACE AND BODY STATES REPORT - ANDA / 2016
SUMARY - The Thematic Committee Dance Interfaces and Body States is intended for research related to Dance, its Poetics and the multiplicity of bodies: the studies of embodiment, of motricity, of somatic education, of education from/by movement, of therapy through dance, of subjectivation processes, of the functional body states and their relationship with the environment.
Keywords: BODY STATES. DIVERSITY. BODY-ENVIRONMENT.
O IV Congresso da Associação Nacional de Pesquisadores em Dança –
ANDA, ocorreu entre os dias 16 e 18 de junho de 2016, em Goiânia, nas
dependências da Faculdade de Educação Física e Dança da Universidade Federal
de Goiás (UFG). Essa edição adotou como temática geral a Formação em Dança e
suas Estratégias de Emancipação. Além das atividades desenvolvidas pelos
Comitês Temáticos, o Congresso também promoveu conferências, minicurso e
mesas redondas (a programação completa pode ser consultada neste site).
O Comitê Interfaces e Estados do Corpo confirma sua tendência de receber
inscrições com interesses diversos, contudo, essa diversidade não se apresenta
como um problema, mas sim, evidencia o fato de que quando o assunto é o corpo
que dança, a multiplicidade de recortes epistemológicos é inevitável dada à vastidão
de possibilidades de estudo. Para melhor atender as demandas distintas e favorecer
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discussões mais aprofundadas, o Comitê reuniu as apresentações em momentos
específicos, agregando objetos de estudo similares.
Entre os assuntos abordados nas comunicações/discussões observou-se o
interesse por treinamentos corporais não modeladores (destacando-se as
educações somáticas e a busca por outras dramaturgias libertas de automatismos);
as interfaces entre corpo e espaço (incluindo-se ambientes variados); a aplicação da
dança em projetos de inclusão (corpos com restrições e faixa etária); propostas
ligadas à saúde e ao bem estar do bailarino (sobretudo, aqueles que se submetem à
dura rotina das companhias de dança); além de interfaces filosóficas e estéticas.
O Comitê recebeu um total de 16 (dezesseis) inscrições para Comunicação
Oral e 09 (nove) inscrições para apresentação de Painéis. A ANDA adota a política
de incluir a apresentação dos painéis nos seus comitês, de modo a incentivar a
ampla participação de jovens pesquisadores nas discussões que promove. Segue
abaixo a relação dos pesquisadores presentes e das comunicações orais (16) e dos
painéis (07), na ordem em que foram apresentados:
1) Expansão Corpórea: um amálgama entre corpo e espaço, por Anna Cecília
de Oliveira – UFPA;
2) Performance sem Título: estudos do corpo em territórios fronteiriços, por
Marcelo de Sousa Camargo – UFU e Maria Lucia Leal – UFU;
3) Caminhos da Dança na Rua: passeios do corpo pela cidade de Pelotas, por
Débora Souto Allemand – UFPel e Carmen Anita Hoffmann – UFPel;
4) Entre Corpos, Entre Diversos, Entre Dançantes, por Carla Vendramin –
UFRGS;
5) A Ideokinesis: caminho para a interface entre interpretação e criação em
dança no grupo Dançaberta, por Julia Ziviani Vitiello – UNICAMP;
6) Contribuições da Biomecânica ao Ballet: uma nova abordagem sobre uma
antiga arte, por Andreja Paley Picon – USP;
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7) A Medicina e Ciência da Dança no Brasil: possibilidades, desafios e
conflitos; por Adriano Bittar – UEG, Luciana Ribeiro – IFG e Valeria Figueiredo
– UFG;
8) Quasar Cia de Dança: prática docente despertando a pesquisa, por Claudia
Daronch – UFRGS;
9) (Painel) A Relação Cinesférica: cinestésica do encontro entre bailarino e
espectador, por Tarso Costa de Oliveira – UFRJ;
10) (Painel) Percursos do Corpo na Dança e da Dança no Corpo: modos de se
pensar na saúde e preparação do corpo hibrido para a dança, por Maria
Eugênia Ghizellini – UFV;
11) Dinâmicas de Comportamento: em relação às lesões no campo da dança,
por Lina Maria Montoya Acosta – UFBA;
12) (Painel) Perfil de Lesões no Bailarino Brasileiro: uma análise epidemiológica
por modalidades, por Flora Moreira Pitta – USP;
13) Influência da Sapatilha e do Gesto no pico da força de reação do solo
durante a execução do Arabesque; por Michele Ghilardi – USP;
14) (Painel) Implicações Nutricionais do Corpo Dançante: análise da alimentação
de bailarinos do projeto de extensão “Ballet da UFGRS”, por Pamely Munique
Donat – UFGRS;
15) Vozes de um Corpo em Dança: processos de consciência cenético-sonora,
por Kátia Milene dos Santos Maffi – UnB;
16) Contra-dispositivos Corporais: a técnica Klauss Vianna de dança como
profanação, por Camila Soares de Barros – UNIFESP;
17) Potencializando as Políticas dos Corpos: procedimento para composição
em dança em espaços de ensino-aprendizagem, por Raquel Purper –
UDESC;
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18) Arte como Modo de Existência: uma abordagem filosófica sobre
procedimentos em dança contemporânea, educação somática e o cuidado de
si, por Ricardo Alvarenga Ribeiro – UFBA;
19) (Painel) Das Partes do Todo: contemporaneidade e corpo sem órgãos; por
Cleiton Mariano da Silva – UFPE;
20) Corpohomólogo: reeducação pelo movimento nos estudos contemporâneos
em dança, por Jonas Karlos de Souza Feitoza – UFS;
21) (Painel) O Fazer Dança num Caps: reflexões sobre os corpos e a prática do
movimento num serviço de saúde mental, por Jefferson do Nascimento de
Oliveira – UFRJ;
22) (Painel) Técnicas Aéreas: análise da utilização do tecido acrobático, da
corda e do rapel no processo de criação do espetáculo Rito de passagem; por
Leonardo Henrique Scantbelruy Leite da Silva – UEA;
23) A Produção de Vídeos Didáticos numa abordagem criativa a partir dos
fundamentos da dança de Helena Sá Earp, por André Meyer Alves de Lima –
UFRJ.
O Comitê recebeu 14 (quatorze) submissões, entre artigos (relativos às
comunicações orais) e resumos expandidos (relativos á apresentação dos painéis).
Seguem abaixo os resumos das publicações, que podem ser acessadas na integra
neste site.
ARTIGOS:
CONTRIBUIÇÕES DA BIOMECÂNICA AO BALLET: UM NOVO OLHAR SOBRE
UMA ANTIGA ARTE.
Andreja Paley Picon (FMUSP). RESUMO: O ballet clássico estabeleceu-se como arte à parte da pesquisa em
atividade física. Este fato tornou breve a carreira de promissores bailarinos. Nesse
contexto, a investigação em Biomecânica contribui na preparação do bailarino por
meio do entendimento das trajetórias do movimento, dos padrões musculares, das
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interações corpo-espaço, das forças e pressões atuantes no aparelho locomotor e
das questões de controle motor. A proposta deste trabalho é reunir e discutir o uso
prático das principais contribuições da biomecânica ao ballet clássico nas últimas
duas décadas, dando aos profissionais do ballet clássico chances de promover
melhorias na técnica aplicando na sala de aula e em sua prática os princípios
abordados.
PALAVRAS-CHAVE: BIOMECÂNICA. BALLET. RENDIMENTO. APARELHO
LOCOMOTOR.
EXPANSÃO CORPÓREA: UM AMÁLGAMA ENTRE CORPO E ESPAÇO. Anna Cecília de Oliveira Silva (UFPA).
RESUMO: O estudo propõe uma relação unificadora entre corpo e a espacialidade
por ele produzida. Por conseguinte, o ambiente experienciado, pela via de uma
dança em ação, torna-se corpo, com ele imiscuindo-se, reflexivamente. As
referências a tal junção fundamentam-se nos ensinamentos preconizados pelo
eslovaco Rudolf Laban, averiguados pela brasileira Regina Miranda; e,
principalmente, nos conceitos de corpo, espaço e presença postulados pelo filósofo
moçambicano José Gil. Infere-se válido, assim, a partir de aportes e de experiências
ora em processo investigativo prático e teórico, o preceito relativo ao fato de que ao
interagir com o espaço, o bailarino explora-o ao ponto de conhecê-lo em
equivalência ao conhecimento de seu próprio corpo, criando um novo lugar dotado
de variadas texturas. Este novo espaço e, consequentemente, expansivo corpo,
resulta da imbricação de duas disposições corporais, tornando-se, continuamente,
um espaço amalgamado.
PALAVRAS CHAVE: CORPO. ESPAÇO. DANÇA.
CONTRA-DISPOSITIVOS CORPORAIS: A TÉCNICA KLAUSS VIANNA DE DANÇA
COMO PROFANAÇÃO.
Camila Soares de Barros (UNIFESP – EFLCH).
RESUMO: Trata-se de pesquisa analítico-prática que tem por objeto a Técnica
Klauss Vianna. Investigada sob o prisma do conceito de profanação cunhado por
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Giorgio Agamben em Elogio da Profanação (2007), a Técnica Klauss Vianna é
compreendida neste âmbito de pesquisa como um trabalho educativo somático
profanador por sugerir processos formativos emancipatórios, criativos e críticos.
Produz, assim, corpos libertados das finalidades usuais e das normalizações, as
quais possibilitam uma abertura a elaborações de subjetividades corporais
profanadoras. A profanação destes dispositivos de poder aparece como estratégia
política, educativa e artística. Em dança existem, tradicionalmente, algumas
condutas de ensino e prática artística que haviam sido sacralizadas – capturadas por
dispositivos de poder. Estudando a Técnica Klauss Vianna pretendemos averiguar
os princípios e tópicos deste trabalho educativo somático de modo que possamos
apontar possíveis contra-dispositivos dotados de potencial profanador, escolhidos no
âmbito de temas educacionais considerados estratégicos para adentrar a discussão.
PALAVRAS CHAVE: TÉCNICA KLAUSS VIANNA. PROFANAÇÃO. EDUCAÇÃO
SOMÁTICA. CONTRA-DISPOSITIVO.
QUASAR CIA DE DANÇA: PRÁTICA DOCENTE DESPERTANDO A PESQUISA. Claudia Daronch (Ufrgs).
RESUMO: Este resumo aborda uma síntese do trabalho corporal desenvolvido para
a Quasar Cia. de dança de 1999 a 2004 em parceria com o fisioterapeuta Adriano
Bittar. O trabalho será apresentado nos seguintes tópicos: preparação física e balé
adaptado. O resultado deste trabalho desenvolvido com a Quasar foi a melhora na
performance dos bailarinos com diminuição nos índices de lesões. Porém não houve
registro metodológico destes resultados por se tratar de uma experiência sem cunho
científico, mas que me despertou o interesse em pesquisar cientificamente as
adaptações neurais consequentes do aprendizado do balé, foco do meu mestrado.
Ao comparar os processamentos corticais de bailarinas e voleibolistas, através de
eletroencefalografia, concluiu-se que bailarinas se utilizam do sentido cinestésico
para a geração de movimentos.
PALAVRAS-CHAVE: BALÉ CLÁSSICO, LESÕES, SISTEMA
MUSCULOESQUELÉTICO.
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INFLUÊNCIA DA SAPATILHA E DO GESTO NO PICO DA FORCA DE REAÇÃO DO SOLO DURANTE A EXECUÇÃO DO ARABESQUE Michele Ghilardi (FMUSP), Ana Carolina Stervid (FMUSP), Isabel C.N. Sacco
(FMUSP), Andreja P. Picon (FMUSP).
RESUMO: Acredita-se existir relação entre sapatilhas de ponta e a ocorrência de
lesões em bailarinas clássicas. Muitas vezes, o empirismo nas aulas de ballet é
determinante no modo como o conhecimento é transmitido, o presente trabalho
questionou essa relação e testou diferentes sapatilhas e dinâmicas de execução do
arabesque. Dezesseis bailarinas experientes executaram movimentos selecionados
sobre plataforma de força, com frequência de 100hz. Os valores da força de reação
do solo são aqui discutidos de acordo com efeito das diferentes sapatilhas e das
tarefas. As variáveis da FRS calculadas estão relacionadas ao instante em que a
bailarina toca o solo, período de permanência na pose e instante que precede a
finalização da tarefa, eleitas por apresentarem significância para este estudo. Os
resultados revelam que o modo como o movimento é executado interfere na carga
gerada e distribuída no corpo da bailarina, e isso pouco se modifica com as
diferentes sapatilhas utilizadas.
PALAVRAS-CHAVE: FRS. BALLET. SAPATILHA. ARABESQUE.
POLÍTICA DO CORPO EM EXPRESSÃO: PROCEDIMENTOS PARA
COMPOSIÇÃO EM DANÇA EM ESPAÇOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM.
Raquel Purper (Udesc). RESUMO: Os processos de composição em dança são potencialmente políticos,
pois envolvem corpos atravessados por relações que o conectam ao meio e que,
assim, constituem seus processos de subjetivação. Compor a partir da expressão da
política dos corpos é fomentar a diferença no intuito de transformar o olhar para o
corpo dançante, tornando-o democrático, inclusivo. Os referenciais desta discussão
são a professora Isabel Marques, através da ideia de dança no contexto, mais
especificamente no que se refere à criação em dança a partir das realidades vividas,
percebidas e imaginadas pelos alunos e a coreógrafa alemã Pina Bausch, através
da proposta de trabalho baseada em perguntas e respostas, a qual era desenvolvida
por meio das informações pessoais, visões de mundo, questões emocionais, sociais,
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culturais, étnicas e de gênero dos bailarinos. Inspirada por estes dois modos de
pensar o ensino e a composição em dança, desenvolvi, neste primeiro semestre de
2016, oficinas distintas, que aconteceram de forma simultânea, direcionadas a dois
públicos – jovens e terceira idade. O artigo em questão tem como objetivo refletir
sobre os processos investigados nas oficinas a partir dos referenciais apresentados.
PALAVRAS-CHAVE: COMPOSIÇÃO. CORPO. POLÍTICA. SUBJETIVIDADE.
VOZES DE UM CORPO EM DANÇA: PROCESSOS DE CONSCIÊNCIA CINÉTICO-
SONORA.
Kátia Milene dos Santos Maffi (UnB).
RESUMO: O presente trabalho tece apontamentos sobre os processos de
produções cinético-sonoras na dança e nas artes cênicas em geral. Tem como base
a Técnica Klauss Vianna e os Parâmetros do Som, sob a perspectiva de César
Lignelli. A hipótese central trabalhada neste texto é que a Consciência do
Movimento, por meio de princípios da Técnica Klauss Vianna, tais como: os apoios,
as oposições e os vetores de força em relação aos Parâmetros do Som: intensidade,
frequência e timbre, contribuem e expandem as possibilidades de expressão sonora
do corpo em dança, do corpo em cena. Para tanto, expõe-se neste texto algumas
analises sobre experimentos práticos, realizados sob o olhar metodológico da auto-
etnografia, visto que esta perspectiva elucubrada por Sylvie Fortin tem ganhado
espaço nas pesquisas da área da dança.
PALAVRAS CHAVE: TÉCNICA KLAUSS VIANNA. PARÂMETROS DO SOM.
CONSCIÊNCIA DO MOVIMENTO. VOZ. RESPIRAÇÃO.
DINÂMICAS DE COMPORTAMENTO: EM RELAÇÃO ÀS LESÕES NO CAMPO DA
DANÇA.
Lina Maria Montoya Acosta (UFBA).
RESUMO: No campo da Dança, há uma cultura comum da dor e da omissão das
lesões, assim como, também, é considerado normal ter lesões e continuar dançando
apesar delas. Esse entendimento do fazer dança, ou esta pseudo-normalidade, tem
conduzido à invisibilidade de importantes questões acerca da saúde do dançarino.
Portanto, este artigo abre possibilidades de reflexão a respeito de qual é o
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entendimento do corpo que dança que nos leva a ter um comportamento de cultura
da dor, gerando padrões e hábitos reincidentes. Identifica-se uma lacuna, assim
como uma resistência entre o campo da dança e as pesquisas feitas nos últimos
anos no estudo das lesões em dançarinos, com relação às necessidades que esta
problemática revela e às ações realizadas por parte do mesmo.
PALAVRAS-CHAVE: DANÇA, SAÚDE, LESÕES, COMPORTAMENTO.
RESUMOS EXPANDIDOS:
DAS P-A-R-T-E-S DO TODO: CONTEMPORANEIDADE E CORPO SEM ÓRGÃOS.
Cleiton Mariano da Silva (UFPE), Simone Maria dos Santos (UFPE).
RESUMO: O trabalho coloca em questão a existência da liberdade, sugerida pela
contemporaneidade, de desestabilizar o corpo e as suas organizações. Interessa-
nos pensar um corpo de possibilidades, um corpo que cria, em si, potências.
Trazemos a discussão de que a contemporaneidade nos remete à performatividade
e que a performatividade em dança se baseia no fazer-dizer do corpo. O corpo cria
sua própria linguagem e tem a liberdade de falar de si mesmo pela própria
linguagem que cria. Relacionamos o fazer-dizer do corpo com uma necessidade
contemporânea de desierarquizar o corpo e tê-lo como um todo, desorganizado e
reconfigurado. Analisamos duas performances, uma brasileira e uma europeia, onde
os performers sugerem outras concepções de corpo, revestindo o corpo de
subjetividades e lhe sugerindo outras estruturas e outros significados. Abordamos,
brevemente, a teoria do corpo sem órgãos e a relacionamos com o corpo total.
Baseamos-nos na desestabilização.
PALAVRAS-CHAVE: CORPO SEM ÓRGÃOS. PERFORMATIVIDADE.
CONTEMPORANEIDADE. FAZER-DIZER.
CAMINHOS DA DANÇA NA RUA: PASSEIOS DO CORPO PELA CIDADE DE
PELOTAS.
Débora Souto Allemand (UFPel), Carmen Anita Hoffmann (UFPel). RESUMO: O presente texto refere-se ao projeto de extensão Caminhos da Dança
na Rua, do Curso de Dança-licenciatura da UFPel, que trata da trajetória dança-
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arquitetura-cidade. O objetivo central do trabalho é discutir a respeito da
impossibilidade de separação da preparação corporal e dos “produtos” poéticos
surgidos no decorrer do projeto. Como aportes teóricos foram utilizados os seguintes
autores: Cohen (2004), Freitas (2011), Jacques (2002 e 2008), Miranda (2008),
Rancière (2008) e Silva (2005). O projeto desenvolve-se em encontros em “espaços
seguros” (sala de aula) e “espaços de risco” (cidade), com experimentações de
técnicas de conscientização corporal, buscando a relação dos participantes entre si,
e com o espaço público, quanto à sua fisicalidade e características sociais, refletindo
em diferentes poéticas. A comunidade se envolve direta e indiretamente no processo
de experimentação na rua, papéis de espectador e artista se tornamborrados e os
participantes têm encontrado outras danças em si mesmos.
PALAVRAS-CHAVE: CIDADE. DANÇA. INTERVENÇÕES URBANAS.
IMPROVISAÇÃO. PREPARAÇÃO CORPORAL.
PERFIL DAS LESÕES NA DANÇA: Uma análise epidemiológica das modalidades.
Flora M. Pitta - Isabel C. N. Sacco - Andreja P. Picon (USP).
RESUMO: A dança é uma prática artística com elevada demanda física e
psicológica. Os corpos se diferem muito de acordo com a modalidade, coreógrafo e
escola onde o bailarino foi treinado. Uma padronização dos estudos sobre a etiologia
da lesão em dança se faz necessária para uniformizar as variáveis que influenciam
sua ocorrência. Este estudo traçou o perfil de lesões em 6 modalidades de dança,
relacionando esse perfil de lesões com a idade e o tecido lesionado. Foram
respondidos 799 questionários via web, contendo questões fechadas sobre a rotina
dos bailarinos. Os resultados desta análise mostraram que das modalidades
analisadas balé, dança do ventre, flamenco, dança de rua, contemporâneo e jazz, a
modalidade com o maior número de lesão foi o jazz com 95,87%. Dessas lesões, o
tecido articular foi o mais citado, principalmente o cartilaginoso com 50,53%. A faixa
etária mais acometida foi entre 20-24 anos.
PALAVRAS-CHAVE: DANÇA. LESÕES. EPIDEMIOLOGIA.
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IMPLICAÇÕES NUTRICIONAIS DO CORPO DANÇANTE: ANÁLISE DA
ALIMENTAÇÃO DE BAILARINOS DO PROJETO DE EXTENSÃO “BALLET DA
UFRGS”.
Pamely Munique Donat (UFRGS), Izabela Lucchese Gavioli (UFRGS).
RESUMO: Analisamos o consumo energético e a distribuição de macronutrientes
dos bailarinos do “Ballet da UFRGS”. A amostra foi composta por 6 bailarinas e dois
bailarinos (19 a 24 anos) e foi comparada a um grupo controle de 8 indivíduos
considerados sedentários. O instrumento de coleta utilizado foi o diário alimentar
com registros de 3 dias, 2 dias da semana e 1 do final de semana. Para a análise
dos dados foi utilizado o software Dietwin e a Tabela de Composição Química dos
Alimentos – UNIFESP. Verificou-se um IMC médio de 20,84±2,3 Kg/m² (eutrofia). A
ingestão nutricional foi 1882±529kcal/dia e 2263±89kcal/dia, para bailarinas e
bailarinos respectivamente. O consumo de proteínas foi 17±4% do valor calórico
total; 53±6% foi de carboidratos e 27±4% de gorduras. Não houve diferença
percentual entre os dois grupos no consumo nutricional, à exceção do consumo
energético total no gênero feminino e do álcool na média geral.
PALAVRAS-CHAVE: DANÇA. NUTRIÇÃO. ALIMENTAÇÃO. DIÁRIO ALIMENTAR.
TÉCNICAS AÉREAS: ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DO TECIDO ACROBÁTICO, DA
CORDA INDIANA E DO RAPEL NO PROCESSO DE CRIAÇÃO DO ESPETÁCULO
“RITO DE PASSAGEM”.
Leonardo Henrique Scantbelruy Leite da Silva (UEA).
RESUMO: A técnica aérea detém possibilidades híbridas capazes de contribuir com
o processo criativo de uma obra, podendo ela ser utilizada em diferentes linguagens
artísticas, permeando o circo, a dança, o teatro. As técnicas aéreas se mostram
potentes tanto na abordagem puramente técnica e virtuosa, como costuma ser no
circo tradicional, quanto no campo ressignificativo do próprio elemento cênico, onde
o tecido, corda indiana, rapel, entre outros, se converte em uma mola propulsora
para novas abordagens. No espetáculo “Rito de passagem” (Índios.com Cia de
Dança), o uso de técnicas aéreas detinha específicas finalidades simbólicas. O solo
executado por Yara Costa fo i concebido a partir de experiências em comunidades
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indígenas da etnia Baniwa, no estado do Amazonas. O presente material vem com o
intuito de analisar o uso dos suportes aéreos no referido espetáculo. Ostrower
(1977), Salles (1998) e Sugawara (2014) fundamentam essa pesquisa. PALAVRAS-CHAVE: TECIDO ACROBÁTICO. CORDA INDIANA. PROCESSO DE
CRIAÇÃO EM DANÇA.
PERCURSOS DO CORPO NA DANÇA E DA DANÇA NO CORPO: MODOS DE SE
PENSAR NA SAÚDE E PREPARAÇÃO DO CORPO HÍBRIDO PARA A DANÇA.
Maria Eugênia Ghizellini (UFV), Leonardo Civale (UFV), Isabel Sacco (USP), Andreja
Paley Picon (USP).
RESUMO: O corpo híbrido, na dança, se conforma, não mais por uma técnica
consagrada, mas por modos temporários de dançar – uma proposta emergente, tão
importante quanto as tradicionais formações técnicas. Compreendendo que o corpo
híbrido lida com um leque grande de possibilidades de mover, a atenção atribuída à
sua saúde, dentro da sua formação/atuação, necessita ser ponderada. Os
coreógrafos/diretores, geralmente, pensam o movimento esteticamente, deixando
uma lacuna no entendimento biológico do corpo. A Educação Somática entra,
mediando a relação performance/corpo/saúde. Entretanto, estudos na área da saúde
mostram a imprescindibilidade de um treinamento específico que promova
qualidades fisiológicas do bailarino. Na dança, a discussão dos aspectos artísticos
se aprofunda, ao passo que os aspectos biológicos inerentes ao movimento,
permanecem marginais. A intenção desta reflexão é indicar que, ignorar qualquer
um destes parâmetros é fazer uma discussão superficial do corpo dançante.
PALAVRAS CHAVE: CORPO. TÉCNICA. HÍBRIDO. SAÚDE.
[email protected] Rosa Hercoles – Atua como eutonista e dramaturgista da dança, com Mestrado (2000) e Doutorado (2005) em Comunicação e Semiótica (PUCSP). Professora do curso de Comunicação das Artes do Corpo/PUCSP, desde 2000; e, Chefe do Departamento de Linguagens do Corpo/PUCSP.