PARA A REVISÃO DO AO

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OPINIÃO um contributo 111111 PARA A REVISAO DO NOVO ; ACORDO ORTOGRAFICO A aplicação do ac ordo assina do há 22 anos cont inua envolta em p olémica. Ana Salgad o, l exicó gr afa do D epartamento de D ici o nários da Porto Editora, avança com su ges tõe s de unif ormizaç ão da ort ografia. O Acordo O rtográfico, assinado em 1990, não es tabelece uma ort ografia única e in equívoca, deixando vári as possibilidades de interpret ação em muit os casos, o que tem provocado alguma instabilidade ortográfica. As declarações do se- cretário de Estado da Cultura português, Francisco José Vi egas, sobre a necessidade de aperf eiçoamento e de revisão do novo Acordo Ortográfi co levaram- nos a elaborar este contributo, avan çando al gumas sugestões de unif ormização da ortografia da língua portuguesa. O Acordo Ort ográfico apresenta muitas regras com exceções. Se, só por si, as mudanças o rtográficas desencadeiam natu- ralmente reações de r esis tência, por vezes arrebatadas, os casos que fogem às regras ge rais desanimam imenso quem escreve em português, pelo que se propõe uma redução das exceções . Seguindo uma das novas disposições do Acordo Ort ográfico, as l ocuções de qualquer ti po devem ser escritas sem hífen (Base XV, 6. 0 ), salvo as exceções ditas consagradas pelo uso, como é o caso de água-de-co lónia, arco-da-'Uelha, cor-de-rosa, mais-que-per- feito, pé-de- meia, ao deus-dará, à queima-roupa. Como aferir o que esou não consagrado pelo uso e como responder a al gumas ou- tras quest ões, nomeadamente: como explicar que pé-de-meia deve ser escrito com hífenes, em virtude da consagração pelo uso, mas de atleta não? Ou por que razão cor - de- rosa mantém os hife- nes, mas cor de laranja se escreve sem os mesmos? O u então por que motivo arco-da-'IJI!Iha mantém os híf enes, mas o mesmo não acont ece em arco da aliança, arco da chu·va ou arco de Deus, quan- do todas estas l ocuções significam o mesmo? ão seria desejável que as palavras que apresentam o mes mo tipo de constituintes segui ssem a mesma norma? O critério da consagração pelo uso, ainda mais num acordo assinado em 1990, não par ece constituir um principi o ri goroso para justificar as exceções às regras ge r ais. Acrescent e-se ai nda que a dificuld ade que a dispo nibilização de uma listagem de «t odas» as exceções podia ter oferecido aquan- do da redação do texto ofi cial, hoje é facilment e superada pelos novos meios inf ormáticos ao dispor dos lexicógrafos e uma tal listagem, ainda por pub licar, poderia ser a solução para estes 78 Po r ANA SAL GADO casos. Send o este um ponto controverso da reforma ortográfica, os vocabulários oficializados até ao momento apresentam um di - fere nte en tendimento da matéria: a eqtüpa brasil eira conserva os hífenes nas exceções consagradas pelo uso r eferid as no Acordo, enquanto a equipa portuguesa opta pela faculta ti vidade, assu- mi ndo também como aceitáv eis variantes sem hífen. Esta elimi- nação geral do hifen em locuções pode ser encarada co mo um fa tor van tajoso, no senti do de uma mais pida assimilação e me- morização da regra, pelo que se poderá propor a eliminação das e:xceções acima referidas {salvo em deliS-dará, queima-roupa por serem estruturas obviamente di fe rentes das restantes). Uma outra possibilidade poderia ser segu ir o critério semãntico, mais ao gosto dos linguistas, mas não tão prático, dada a dificuldade muitas vezes sentida em avaliar o grau de transparência de estru- turas: umas, em que o emprego do hífen pode ser justificado quando o sen tido do conj unto se altera relati vamente ao signifi- cado dos componentes {sentido figurado), como em -de- meia, e outras que dispensam o hífen, uma vez q ue a l ei tura é literal {sentido real), como em fim de semana ou sala de jantar. Ainda no quadro das exceções , podemos referir os co mpos t os nos quais o primeiro eleme nt o é uma fo rma verbal e cm que a tradição gráfica dita o uso do hífen, co mo em conta-gotas ou guar- da-chttva {Base XV, 1. 0 ). Nalguns compostos deste género, os r es- peti vos constituintes fo ram-se agl uti nando ao longo do tempo: é o caso de, por exempl o, girassol, madressilva e pontapé. Segundo as novas normas, mandachuva, paraqu edas e paraquedista também passaram a comportar-se desta fo rma, devendo ser escritos aglu- tinadamente. Contudo, o texto oficial não dita a eliminação do hífen noutros compostos com os antepositivos manda- e para - (a grafia nova não ace ntua pára), como manda-tudo, para-brisas, para-choqu es, para-mios, o que é incoerente com as grafias novas mandachuva, paraquedas, paraque dista, paraquedismo. Como ex- plicar que guarda - chuva tem hifen e mandachuva não, quando ambas as fo rmas são unidades co mpostas por um verbo e um nome? Surge a dúvida sobre se as palavras cuj os constituintes são idênticos deverão também ser agluti nadas . Propõe-se repor o lúfen em todos estes vocábul os (manda-chuva, para- quedas, junho 2012 para-quedista, para-quedismo), o que garantir ia um tratamento uniformizado a todos os compostos com manda- c para-. Relativamente a topónimos compostos, as novas regras de- terminam o uso do hífen quando iniciados pelos adjetivos gnl, grão ou por forma verbal ou quando os seus elementos estão li- gados por artigo, como em Grã-Bretanha,Abre-Campo, 'l/ rir-os- -Montes. os outros casos, os topónimos compostos escrevem- - se com os elementos separados, sem hífen,Amérira do Sul, Cabo Verde, Castelo Branco, sendo Guiné-Bissau uma exccção consa- grada pelo uso (Base XV, 2. 0 ). Por que razão se mantém o lúfcn em Guiné-Bissau e Guiné Equatorial ou Timor Leste, por exem- plo, são grafados sem hífen? Seria desejável a publicação de uma Li sta extensi va de topónimos em que se justifica a manutenção do hífen pela sua frequência ou consagração de uso. U m dos pontos do Acordo Ortográfico referidos como mais problemático é o facto de um mesmo vocábulo apresentar mais de wna grafia correta (grafias duplas) e a proliferação da no- ção de facultatividade na ortografia. A facultatividade não é uma novidade na língua, mas este principio vai contra o próprio con- ce ito de unificação da ortografia. As grafias duplas são a repi'e- sentação gráfica de pronúncias diferent es, quer entre diferentes países, quer dentro do próprio território nacional. ão há dúvi- das de que um português diz amnistia e tónico e um brasileiro anistia e tónico e que qualquer um dos dois irá grafar estas pa- l avras de acordo com a sua pronúncia. Qyando na ora Expli- cativa se : <<Os dicionários da língua portuguesa, que passarão a registar as duas formas em todos os casos de dupla grafia, esclarecerão, tanto quanto possível, sobre o alcance geográfico e social des ta oscilação de pronúncia>> deixa- se a resolução do pro- blema para outros decisores, nomeadamente os lexicógrafos de Portugal e do Brasil. Ora, no <<Plano de Ação de Brasília para a P romoção, a Difusão e a Projeção da Língua Portuguesa>> lê-se o seguin t e: «Nos pontos em que o Acordo admite grafias faculta - tivas, é recomendável que a opção por uma delas, a ser feita pel os órgãos nacionais competentes, siga a tradição ortográfica vigente em cada Estado Membro, a qual deve ser reconhecida e considerada váli da em todos os contextos de utilização da língua, em particular nos sistemas educativoS. >> Esta declaração do Con- selho de Ministros da CPLP vem confirmar a e:<.istência de vá- rias grafias nos diferentes países e atribtür essa responsabilidade às entidades oficiais. A fac ul tatividade também está presente nos casos de dupla acentuação em palavras esdrúxulas (Base XI, 3. 0 ) e algumas gra- ves, geralmente terminadas em n, r, sou x com e e o nicos, se- guidos das consoantes nasais m ou n, com as quais não formam sílaba (Base IX, 2. 0 , Obs.), servindo de exemplo os vocábulos gé- meo ou gêmeo, t ónico ou tónico, ténis ou ténis, pónei ou pônei. Em Portugal e nos países africanos, escrevem-se com acento agudo porq ue o seu timbre é aberto, mas no Brasil escrevem- se com acento circunflexo porque o timb re é fechado. Como o timbre da vogal também é fecl1ado em alguns casos na norma europeia, sente-se a necessidade de explicitar palavras como estômago, fêmea ou mola. H á ainda muitos outros vocábulos que apre- sentavam grafias diferentes nas duas normas oficiais assumidas até ago ra, co mo cupão ou cupom, edredão ou edredom, ião ou íon , mação ou maçom, protão ou protón, entre outros, e que seria útil estudar e tratar de maneira uniforme. Apesm· de o objetivo da reforma ser a unificação das duéL'> ortot,mlfias oficiais da língua portugue- sa, as instituições, c concretamente as equipas responsáveis pelos vocabulários oficializados, têm vindo pontual ment e, e sem maiores explicações, a tomar decisões que não são con- vergentes no que respeita às opções gráficas de diversas palavras c cm que poderia ser útil acordarem uma uniform ização. O critério norteador das novas normas na demanda de um padrão ortognílleo único é designado pelos redatores do Acordo Ortográfico como <<Critério l (> nético (ou da pronúnciana Nota Explicativa, 3. 0 . Este principio 1(>- nét ico, mu itas vezes criticado como um critério de fraco valor cientifico, pode simplificar a ortografia e reduzir o número de divergências eno·e as práticas ortográficas portuguesa c brasi lei- ra. o entanto, o mesmo principio é sustentado pela <<pronúnci a culta» que, além de ser dificil de definir, levanta outro tipo de problemas, uma vez que um mesmo vocábulo pode ser pronun- ciado de modo diferente, dependendo do contexto sociolinguis- tico, e não cabe à ortografia representar pronúncias regionais, socioletais ou individuais. Surgem imensas dificuldades no que concerne ao léxico técnico e cientifico por se tratar, na maioria dos casos, de palavras pouco correntes, cuja informação leJàcal (transcrição fonética ou ortoépica) é muito escassa, como, por exemplo,floctaftnina, laparonifrectomia. Não se poderia manter a forma conservadora (com as consoantes etimológicas) como a grafia de uso universal, dado tratar-se de vocabulário pouco corrente e raramente usado pela maior parte das pessoas? E que dizer dos casos em que este critério fonético gera f01mas gráficas diferentes nas duas normas, quando anteriormente só havia uma grafia, como em ecepção, agora receção na norma europeia e recepção na brasileira? também mudanças que conduzem ao aumento de situa- ções de homografia, palavras com grafias iguais, pronúncias iguais ou diferentes, mas significados diferentes, e que interferem com a velocidade do processamento da infonnação no ato de leitura. É o caso da eliminação do acento diferencial em paroxítonos que possuem uma homógrafa sem acentuação próplia: para (anterior- mente pára), flexão de parar, e para, preposição; pela (anteriormen- te péla), nome e flexão de pelar, e pela, combinação de per e la; pelo (anteriormente pélo), flexão de pelar , e pelo, nome ou combinação de per e lo; polo (anteriormente pólo), nome, e polo, combinação an- tiga e popular de pore lo (Base IX, 9. 0 ). A eliminação do acento agudo na 3.a pessoa do singular do verbo parar (para) cria um par homógrafo no português (homónimo no português do Brasil), dificultando o reconhecimento e a leitura. Esta opção acaba por se revelar inconsistente quando confrontada com a nova regra {Base VII,3. 0 ) em que se mantém a distinção entrepõr { verbo) e por (preposição), um par semelhante ao anterior, e também entre pôde (pretérito perfeito) e pode (presente). Continua na página 91 i9

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Por Ana Santana (Porto Editora). Revista LER, Junho de 2012. -- IMPORTE O DOCUMENTO, PARA MAIOR FACILIDADE DE LEITURA.

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OPINIÃO

um contributo 111111

PARA A REVISAO DO NOVO ;

ACORDO ORTOGRAFICO A aplicação do acordo assinado há 22 anos continua envolta em polémica. Ana Salgado, lexicógrafa do Departamento de D icionários da Porto Editora, avança com sugestões de uniformização da ortografia.

O Acordo O rtográfico, assinado em 1990, não estabelece uma ortografia única e inequívoca, deixando várias possibilidades de interpretação

em muitos casos, o que tem provocado alguma instabilidade ortográfica. As declarações do se-

cretário de Estado da Cultura português, Francisco José Viegas,

sobre a necessidade de aperfeiçoamento e de revisão do novo

Acordo Ortográfico levaram-nos a elaborar este contributo,

avançando algumas sugestões de uniformização da ortografia

da língua portuguesa. O Acordo Ortográfico apresenta muitas regras com exceções.

Se, só por si, as mudanças ortográficas desencadeiam natu­

ralmente reações de resistência, por vezes arrebatadas, os casos

que fogem às regras gerais desanimam imenso quem escreve

em português, pelo que se propõe uma redução das exceções.

Seguindo uma das novas disposições do Acordo Ortográfico, as locuções de qualquer tipo devem ser escritas sem hífen (Base

XV, 6.0 ), salvo as exceções ditas consagradas pelo uso, como é o

caso de água-de-colónia, arco-da-'Uelha, cor-de-rosa, mais-que-per­

feito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa. Como aferir o que

está ou não consagrado pelo uso e como responder a algumas ou­

tras questões, nomeadamente: como explicar que pé-de-meia deve

ser escrito com hífenes, em virtude da consagração pelo uso, mas

pé de atleta não? Ou por que razão cor-de-rosa mantém os hife­

nes, mas cor de laranja se escreve sem os mesmos? O u então por

que motivo arco-da-'IJI!Iha mantém os hífenes, mas o mesmo não

acontece em arco da aliança, arco da chu·va ou arco de Deus, quan­

do todas estas locuções significam o mesmo? ão seria desejável

que as palavras que apresentam o mesmo tipo de constituintes

seguissem a mesma norma? O critério da consagração pelo uso, ainda mais num acordo assinado em 1990, não parece constituir

um principio rigoroso para justificar as exceções às regras gerais.

Acrescente-se ainda que a dificuldade que a disponibilização de uma listagem de «todas» as exceções podia ter oferecido aquan­

do da redação do texto oficial, hoje é facilmente superada pelos

novos meios informáticos ao dispor dos lexicógrafos e uma tal

listagem, ainda por publicar, poderia ser a solução para estes

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Por ANA SALGADO

casos. Sendo este um ponto controverso da reforma ortográfica, os vocabulários oficializados até ao momento apresentam um di­

ferente entendimento da matéria: a eqtüpa brasileira conserva os

hífenes nas exceções consagradas pelo uso referidas no Acordo,

enquanto a equipa portuguesa opta pela facultatividade, assu­

mindo também como aceitáveis variantes sem hífen. Esta elimi­

nação geral do hifen em locuções pode ser encarada como um

fato r vantajoso, no sentido de uma mais rápida assimilação e me­

morização da regra, pelo que se poderá propor a eliminação das

e:xceções acima referidas {salvo em deliS-dará, queima-roupa por

serem estruturas obviamente diferentes das restantes). Uma

outra possibilidade poderia ser seguir o critério semãntico, mais

ao gosto dos linguistas, mas não tão prático, dada a dificuldade

muitas vezes sentida em avaliar o grau de transparência de estru­

turas: umas, em que o emprego do hífen pode ser justificado quando o sentido do conjunto se altera relativamente ao signifi­

cado dos componentes {sentido figurado), como em pé-de-meia,

e outras que dispensam o hífen, uma vez que a leitura é literal

{sentido real), como em fim de semana ou sala de jantar.

Ainda no quadro das exceções, podemos referir os compostos

nos quais o primeiro elemento é uma forma verbal e cm que a

tradição gráfica dita o uso do hífen, como em conta-gotas ou guar­

da-chttva {Base XV, 1.0 ) . Nalguns compostos deste género, os res­

petivos constituintes foram-se aglutinando ao longo do tempo:

é o caso de, por exemplo, girassol, madressilva e pontapé. Segundo

as novas normas, mandachuva, paraquedas e paraquedista também

passaram a comportar-se desta forma, devendo ser escritos aglu­

tinadamente. Contudo, o texto oficial não dita a eliminação do

hífen noutros compostos com os antepositivos manda- e para­

( a grafia nova não acentua pára), como manda-tudo, para-brisas,

para-choques, para-mios, o que é incoerente com as grafias novas

mandachuva, paraquedas, paraquedista, paraquedismo. Como ex­

plicar que guarda-chuva tem hifen e mandachuva não, quando

ambas as formas são unidades compostas por um verbo e um

nome? Surge a dúvida sobre se as palavras cujos constituintes

são idênticos deverão também ser aglutinadas. Propõe-se repor

o lúfen em todos estes vocábulos (manda-chuva, para-quedas,

junho 2012

para-quedista, para-quedismo), o que garantiria um tratamento

uniformizado a todos os compostos com manda- c para-.

Relativamente a topónimos compostos, as novas regras de­

terminam o uso do hífen quando iniciados pelos adjetivos gnl,

grão ou por forma verbal ou quando os seus elementos estão li­

gados por artigo, como em Grã-Bretanha,Abre-Campo, 'l/rir-os­

-Montes. os outros casos, os topónimos compostos escrevem-

-se com os elementos separados, sem hífen,Amérira do Sul, Cabo

Verde, Castelo Branco, sendo Guiné-Bissau uma exccção consa­

grada pelo uso (Base XV, 2.0 ) . Por que razão se mantém o lúfcn

em Guiné-Bissau e Guiné Equatorial ou Timor Leste, por exem­

plo, são grafados sem hífen? Seria desejável a publicação de uma

Lista extensiva de topónimos em que se justifica a manutenção

do hífen pela sua frequência ou consagração de uso.

Um dos pontos do Acordo Ortográfico referidos como mais problemático é o facto de um mesmo vocábulo apresentar

mais de wna grafia correta (grafias duplas) e a proliferação da no­

ção de facultatividade na ortografia. A facultatividade não é uma

novidade na língua, mas este principio vai contra o próprio con­

ceito de unificação da ortografia. As grafias duplas são a repi'e­

sentação gráfica de pronúncias diferentes, quer entre diferentes

países, quer dentro do próprio território nacional. ão há dúvi­

das de que um português diz amnistia e tónico e um brasileiro

anistia e tónico e que qualquer um dos dois irá grafar estas pa­

lavras de acordo com a sua pronúncia. Qyando na ora Expli­

cativa se lê: <<Os dicionários da língua portuguesa, que passarão

a registar as duas formas em todos os casos de dupla grafia,

esclarecerão, tanto quanto possível, sobre o alcance geográfico e

social desta oscilação de pronúncia>> deixa-se a resolução do pro­

blema para outros decisores, nomeadamente os lexicógrafos de

Portugal e do Brasil. Ora, no <<Plano de Ação de Brasília para

a Promoção, a Difusão e a Projeção da Língua Portuguesa>> lê-se

o seguinte: «Nos pontos em que o Acordo admite grafias faculta­

tivas, é recomendável que a opção por uma delas, a ser feita

pelos órgãos nacionais competentes, siga a tradição ortográfica vigente em cada Estado Membro, a qual deve ser reconhecida e

considerada válida em todos os contextos de utilização da língua,

em particular nos sistemas educativoS.>> Esta declaração do Con­

selho de Ministros da CPLP vem confirmar a e:<.istência de vá­

rias grafias nos diferentes países e atribtür essa responsabilidade às entidades oficiais.

A facultatividade também está presente nos casos de dupla

acentuação em palavras esdrúxulas (Base XI, 3.0 ) e algumas gra­

ves, geralmente terminadas em n, r, sou x com e e o tónicos, se­

guidos das consoantes nasais m ou n, com as quais não formam

sílaba (Base IX, 2.0, Obs.), servindo de exemplo os vocábulos gé­

meo ou gêmeo, tónico ou tónico, ténis ou ténis, pónei ou pônei. Em

Portugal e nos países africanos, escrevem-se com acento agudo

porque o seu timbre é aberto, mas no Brasil escrevem-se com acento circunflexo porque o timbre é fechado. Como o timbre

da vogal também é fecl1ado em alguns casos na norma europeia,

sente-se a necessidade de explicitar palavras como estômago,

fêmea ou sê mola. H á ainda muitos outros vocábulos que apre­

sentavam grafias diferentes nas duas normas oficiais assumidas

até agora, como cupão ou cupom, edredão ou edredom, ião ou íon,

mação ou maçom, protão ou protón, entre outros, e que seria útil estudar e tratar de maneira uniforme.

Apesm· de o objetivo da reforma ser a unificação das duéL'> ortot,mlfias oficiais da língua portugue­sa, as instituições, c concretamente as equipas responsáveis pelos vocabulários oficializados, têm vindo pontualmente, e sem maiores explicações, a tomar decisões que não são con­vergentes no que respeita às opções gráficas de diversas palavras c cm que poderia ser útil acordarem uma uniformização.

Ocritério norteador das novas normas orwgr:ífka~ na demanda de um padrão ortognílleo único é designado

pelos redatores do Acordo Ortográfico como <<Critério l(>nético

(ou da pronúncia)» na Nota Explicativa, 3.0 . Este principio 1(>­nético, muitas vezes criticado como um critério de fraco valor

cientifico, pode simplificar a ortografia e reduzir o número de

divergências eno·e as práticas ortográficas portuguesa c brasilei­

ra. o entanto, o mesmo principio é sustentado pela <<pronúncia

culta» que, além de ser dificil de definir, levanta outro tipo de

problemas, uma vez que um mesmo vocábulo pode ser pronun­

ciado de modo diferente, dependendo do contexto sociolinguis­

tico, e não cabe à ortografia representar pronúncias regionais,

socioletais ou individuais. Surgem imensas dificuldades no que

concerne ao léxico técnico e cientifico por se tratar, na maioria

dos casos, de palavras pouco correntes, cuja informação leJàcal

(transcrição fonética ou ortoépica) é muito escassa, como, por

exemplo,floctaftnina, laparonifrectomia. Não se poderia manter

a forma conservadora (com as consoantes etimológicas) como

a grafia de uso universal, dado tratar-se de vocabulário pouco

corrente e raramente usado pela maior parte das pessoas? E que

dizer dos casos em que este critério fonético gera f01mas gráficas diferentes nas duas normas, quando anteriormente só havia

uma grafia, como em ,·ecepção, agora receção na norma europeia e recepção na brasileira?

Há também mudanças que conduzem ao aumento de situa­

ções de homografia, palavras com grafias iguais, pronúncias iguais

ou diferentes, mas significados diferentes, e que interferem com

a velocidade do processamento da infonnação no ato de leitura.

É o caso da eliminação do acento diferencial em paroxítonos que

possuem uma homógrafa sem acentuação próplia: para (anterior­

mente pára), flexão de parar, e para, preposição; pela (anteriormen­

te péla), nome e flexão de pelar, e pela, combinação de per e la; pelo

(anteriormente pélo), flexão de pelar, e pelo, nome ou combinação

de per e lo; polo (anteriormente pólo), nome, e polo, combinação an­

tiga e popular de pore lo (Base IX, 9.0) . A eliminação do acento

agudo na 3.a pessoa do singular do verbo parar (para) cria um par

homógrafo no português (homónimo no português do Brasil),

dificultando o reconhecimento e a leitura. Esta opção acaba por

se revelar inconsistente quando confrontada com a nova regra

{Base VII,3.0) em que se mantém a distinção entrepõr{verbo) e

por (preposição), um par semelhante ao anterior, e também entre

pôde (pretérito perfeito) e pode (presente). Continua na página 91

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Page 2: PARA A REVISÃO DO AO

de pretensiosismo -uma atitude de mili­

tante sanidade, mas sempre no limite do

filistinismo ou da misantropia. Ao túvel mais elementar, A Sorte dejim

é um típico primeiro romance, cuja traje­

tória é definida por um protagonista que

aprende a denunciar, combater e final­

mente transcender as imposturas e hipo­

crisias que o limitam, até encontrar a sua

voz e a rapariga certa. Nlas a outro nível

é um romance muito mais invulgar, na

medida em que tenta resolver os di.lemas

de um certo tipo de romance e protago­

nista moderno (ou mesmo modernista),

com meios ferozmente idiossincráticos.

Em vez de uma deriva interior ou de

uma epifania ambígua, a narrativa ofere­

ce a Dixon um sucessão de prendinhas.

A sua alienação é transcendida quando

ele aprende a aceitar essas prendinhas

sem a bagagem da culpa ou da piedade.

Algumas circunstâncias são melhores do

que outras, algumas raparigas são mais

giras do que outras e <<todas as deduções

que pudessem ser feitas a partir desse f.'lc­

to deveriam sê-lo: eram inúmeras as ma­

neiras de as coisas agradáveis serem mais

agradáveis do que as desagradáveiS>>.

Creio que não se diminui o prazer de

nenhum leitor vi rgem ao revelar que

as coisas agradáveis, quando chegam,

chegam em força. O clímax do romance

é como uma versão colorida d 'O Proces­so de Kafka, em que Josef K. consegue

não apenas ser liminarmente ilibado de

quaisquer acusações, como ainda esbofe­

tear os polícias, seduzir a filha do juiz e

ganhar a lotaria de Praga. Não é preciso

efetuar grandes piruetas exegéticas para

categorizar A Sorte dejim: trata-se de um

supremo conto de fadas, em que vivem

felizes para sempre, e sem qualquer su­

gestão de ressaca.

CRÍTICA DA PÁG. 66

O ÚLTIMO IMPERADOR

Depois do esperado retrocesso medie­

val (quando as soluções mais populares

eram sangue de sapo, excremento de ca­

bra e água benta), a opção pela remoção

cirúrgica voltou em força no século XIX,

graças aos esforços de William Halsted,

o cocainómano pioneiro da mastectomia

radical, e fervoroso adepto da doutrina se-

90

gundo a qual se a remoção é a CW'a, então

mais remoção é uma cura ainda melhor:

além da C-'l.tração da mama, Halsted deci­

diu aplicar a técnica da retroescavadora,

retirando clavículas, músculos peitorais,

nódulos linfáticos, ombros, qualquer coi­

sa que estivesse no caminho e represen­

tasse uma potencial ameaça. (Embora o

termo <<mastectomia radical» fosse usado

no sentido etimológico clássico de ir à

<<raiz» do problema, ao ler as tenebrosas

descrições desse Granel Guignol clínico,

é mais fácil pensar nos outros sentidos co­

loquiais da palavra: extremismo- e fim­

damentalismo.)

As sucessivas revoluções científicas

pós-1945 (a descoberta dos antibióticos,

as consideráveis melhorias na higiene

pública, o desenvolvimento de novas téc­

nicas cirúrgicas) aumentaram drastica­

mente as esperanças de longevidade das

populações em países desenvolvidos, mas

o cancro permaneceu uma incómoda e'<­

ceção- recusando-se a <<acertar o passo

com a marcha do progresso>>. O número

de casos crescera exponencialmente des­

de os seus raros e misteriosos primórdios,

enquanto as possibilidades de cura per­

maneciam no mesmo patamar. Parte do

problema é que o cancro é a doença civi­

lizacional por excelência: <<torna-seco­

mum depois de termos erradicado todas

as outras doenças>>. O aumento da espe­

rança média de vida dos seres humanos

não causou o cancro, mas permitiu que ele

se tornasse mais comum.

E ste facto trouxe consigo problemas

culturais. Ao contrário de outras doenças,

o cancro não teve tempo para se tornar

banal. Mukherjee recupera com inte­

ligência o célebre argumento de Susan

Sontag (expostO em 11/ness as j'vfetaphor) sobre os modos específicos como as

doenças paradigmáticas das suas épocas

são personificadas e metaforizadas. Se a

tuberculose- a doença-padrão do século

XIX- alcançou uma aura ele romantis­

mo, o cancro era a praga secreta, a doen­

ça obscena, impossível de esteticizar. Mais

do que a morte, era definida pela longa c

desvitalizante agonia que a precede, uma

agonia que as pressões sociais empurra­

vam para a privacidade. J á na década de

50, quando uma sobrevivente do cancro

da mama tentou publicar no New York Times um anúncio pago a um grupo de

apoio a mulheres com o mesmo proble­

ma, o editor explicou-U1e educada mente

que o venerável livro de estilo não permi­

tia os vocábulos <<Cancro>> nem <<mama>>.

Os primeiros esforços políticos para

instintcionalizar as respostas à doença fo­

ram comicamente grotescos: um senador

de W est Virgínia exigiu durante uma

sessão do Congresso que se oferecesse

uma recompensa em dinheiro a qualquer

pessoa possuidora de informação <<que

pudesse conduzir à prisão do cancro»

(esse delinquente do faroeste). Cultural­

mente, as coisas só se alteraram com o

encontro fortuito entre Sidney Farber

(o inventor da quimioterapia) e Mary

L asker, uma socialite de Chicago à pro­

cura de uma causa ftlantrópica, um en­

contro que Mukherjee descreve como

o de dois viajantes, <<cada um com uma

metade do mapa>>. Foram os seus esforços

combinados -legitimidade cientifica e a

arte para a manobra política e angariação

de fundos- que levaram à célebre decla­

ração <<Guerra contra o Cancro» feita por

ixon, um vago mas gigantesco projeto

instintcional que basicamente significou

um dilúvio de fundos governamentais

no ataque à doença. Tal como muitas das

guerras abstratas que os Estados U nidos

declararam (às drogas, ao terrorismo), os

resultados práticos foram desiguais, mas

os efeitos culturais, pelo menos desta vez,

foram mais positivos do que negativos.

Embora os últimos capítulos do livro

deixem uma nota de esperança, revelan­

do os notáveis resultados conseguidos

por <<drogas milagrosas» como o Gleevec ou o Herceptin, sugerindo uma nova ge­

ração de medicamentos «inteligentes»

que ataquem a mutação genética na sua

origem pré-celular, Mukherjee perma­

nece cético sobre a possibilidade de uma

cura total, no sentido em que habitual­

mente entendemos a expressão. Tranfor­

mar vários tipos de cancro em doenças

crónicas, como a diabetes, é a máxima

utopia que Mukhetjee se permite suge­

rir. Numa doença desvendada pela lon­

gevidade, e cujos processos são réplicas

dos nossos processos vitais- de reprodu­

ção, de regeneração - talvez o cancro

represente «O limite intrínseco da nossa

sobrevivência». Se o cancro é, para todos

os efeitos, um derradeiro despotismo

clínico por derrotar, talvez a melhores­

perança seja essa: uma espécie de lenta

transição democrática, transformando o

último imperador num soberano vitalí­

cio, mas privado do seu poder absoluto.

junho 2012

ARTIGO DA PÁG. 78

ACORDO ORTOGRÁFICO

O texto oficial estabelece ainda como

opcional o acento em formas verbais

como amámos, passámos (pretérito petfei­

to do indicativo), em dêmos (l.• pessoa

do plural do presente do conjuntivo) e

em forma (nome)- Base IX, 4.0 c 6.0 , b).

Tendo em conta o exposto, propõe-se,

em primeiro lugar, a reposição do acento

diferencial em pára, pé/a, pêlo c pólo. Em

segundo lugar, propõe-se uma nova re­

dação que recomende explicitamente as

formas acentuadas do passado termi­

nadas em -ámos na variedade europeia

da língua, para as distinguir das corres­

pondentes formas não accnntadas do

presente do indicativo, bem como a for­

ma dêmos para se distinguir de demos, correspondente forma do pretérito per­

feito do indicativo, e forma, que enquan­

to nome será graf.1da sem acento na nor­

ma de variedade europeia c com acento

circunflexo na norma brasileira.

No que diz respeito à hifcnização, uma

das novas reg ras estabelece o emprego

do lúfen nas palavras compostas que de­

signam espécies botânicas c zoológicas

(Base XV, 3.0 ). Este critério de uso obri­

gatório do hífen em compostos perten­

centes à botânica e à zoologia, nomeada­

mente a espécies, poderia ser alargado

a outras áreas de especialidade, como

a química, citando como exemplos os vo­

cábulos azul-da-pníssia, azul-de-cobalto ou azul-de-metileno, que se manteriam

hifenizados, por serem termos técnicos.

Ai nda dentro deste tópico, vale a pena

f.'lzer referência a um aditamento da res­

ponsabilidade da Comissão de L exico­

logia e L exicografia da Academia Bra­

sileira de Letras, seguido pela equipa

pormguesa responsável pelo vocabulário

oficializado, que esclarece o não empre­

go do hífen quando palavras que desig­

nam espécies botânicas e zoológicas têm

outros sentidos que não são técnicos.

Assim, há compostos que surgem des­

dobrados como, por exemplo, pé-de-gali­nha (planta) e pé de galinha (ruga).

Apesar ele ser um critério coeso, sur­

gem algumas dúvidas: será que devemos

hifenizar vocábulos como griio-de-bico? Enquanto espécie, não há dúvidas, mas

Revista UB

enquanto semente leva hílc:n? E f>inhn ro-de-riga? Sendo uma espérit', 1<' 111 l11

fenes. E a madeira designada de f> inho -de-riga terá hífcncs? Propomos qur

o lúfen seja alargado, por isso, a todas a'

áreas de especialidade, c não apenas a

espécies da botânica e da zoologia. I l:í outro problema que se pode levantar re­

lativamente a este tipo de compostos.

No caso de esse vocábulo ser uma desig­

nação popular de uma espécie botânica

ou zoológica, o hífen será obrigatório,

como em bicho-da-madeim? Não pare­

ce com preensível hifenizar as designa­

ções populares, pelo que as equipas dos

vários países subscritores poderiam ten­

tar chegar a um entendimento sobre

estes casos.

Apesar de o objetivo da reforma ser a

unificação das duas ortografias oficiais

da língua portuguesa, as instituições,

e concretamente as equipas responsáveis

pelos vocabulários oficializados, têm vin­

do ponn1almente, c sem maiores expli­

cações, a tomar decisões que não são

convergentes no que respeita às opções

g ráficas de diversas palavras c cm que

poderia ser útil acordarem uma unifor­

mização.

No caso de locuções de uso geral, ovo­cabulário oficial em Portugal , além de

aceitar variantes ortográficas para as ex­

ceções consagradas pelo uso, indicia que

a nova norma apenas se aplica às sequên­

cias constintídas por um nome seguido

por preposição e por outro nome (por

exemplo, dia a dia,fim de semana, sem lú­

fen, mas azul-e-branco, leva-e-traz, com

hífen). Refira-se ainda que o facto de este

vocabulário apenas atestar as locuções re­

gistadas no Vocabulário da Língua Portu­guesa ele Rebelo Gonçalves é algo redu­

tor, pois embora ainda seja uma grande

obra de referência em língua portuguesa,

é um vocabulário datado de 1966 e que

não regista, por isso, mLútas outras estru­

nlfas usadas anta! e correntemente como,

por exemplo, sobe-e-desce e todo-o-terreno. É também o caso de e-xpressões com va­

lor de substantivo: será faz de conta, sem

hífcnes, ou faz-de-conta, com hífencs?

( )u ll :1, dúvidas surgem se nos referirmos

h lo1111as onom:ísticas que entram na

, <>IIIJ'I " i'.u ' <k palavras do vocabulário

<OIIHIIII: III'' ' ''' ca~os,os nomes próprios

g1.tfa111 ' r rom inirialmaiúscula ou mi-

1\la-tul.. ~ s\'1.1 l'akanhur dt• uquilt•s ou cal­fllnhm t/,·;/r;ui/, ·,, 11/tl ftl de / Ir/ao ou maçii t!t· atino, tiniu tlu l'hina ou tiniu da China? Por l'tltimo, o~ rompo~ lOs com elemen­

tos repetidos sao hi l\:nizados, sq~;undo

critério ditado pela Comissao de l .cxico

logia e Lexicografia da Academia lhas i

!eira de L etras, enquanto cm Portu~al se

segue a tradição gráfica c esse tipo de vo­

cábulos se escreve como uma só palavra.

Teremos, assim, tique-taque a par ele ti­quetaque ou zum-zum a par de zunzmn. Uma ve-.t mais, diferentes leituras do tex­

to oficial f.12em proliferar grafias duplas.

Uma ortografia simplificada tem sido a

linha seguida desde a primeira grande re­

fo rma ortográfica portuguesa (1911) e

é seguindo essa mesma linha que se pre­

tende reduzir ao máximo as divergências

entre as duas normas ortográficas exis­

tentes, garantindo assim uma maior

uniformização de critérios, sem esquecer

de descrever linguisticamentc as varie­

dades africanas, asiáticas e galega do por­

tuguês. É conveniente e vantajoso de­

fmir uma política linguística que seja

um instrumento de conservação do vas­

to património que representa a língua

portuguesa, reconhecendo a pluralidade

e diversidade do nosso idioma. D eve­

mos prosseguir na <<demanda>• de um sis­

tema ortográfico que se adeque a todos

os territórios em que se fala e escreve em

português.

O tema não se esgota aqui e muito

mais haveria a acrescentar. Este contri­

buto deve ser encarado tão-somente

como ponto de partida para uma refle.'<ão

conjunta de estudiosos e investigado­

res, numa perspetiva de lusofonia que

o Acordo exige. Sirva o presente artigo

para animar todos os interessados na ela­

boração de uma proposta de revisão que

vise apeifeiçoar o novo A cordo Ortográ­

fico e estabelecer novos critérios orienta­

dores mais uniformes, quanto antes.

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