Os Lusíadas
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Os Lusíadas, de Luís de Camões
Camões, n’Os Lusíadas canta Portugal e a sua história, realçando a expansão
marítima e o alargamento da fé;
Celebra o apogeu e pressente a decadência do Império;
Esta epopeia celebra a acção grandiosa e heróica dos Portugueses que deram
início ao grande império que se estendeu pelos diversos continentes;~
Camões relata a viagem à Índia, entrecortando-a com episódios do passado e
profecias do futuro, mostra a história do povo que teve a ousadia da aventura
marítima “dando novos mundo ao mundo”.
Camões dá-nos conta do heroísmo que permitiu a construção do império
português;
Em Os Lusíadas, Camões conseguiu fazer a síntese entre o mundo pagão e o
mundo cristão;
Os Lusíadas, publicados em 1572, são a principal obra épica da Renascença;
Luís de Camões, influenciado pelo mundo antigo, pelas epopeias clássicas que
Homero (Ilíada e Odisseia) e de Virgílio (Eneida), canta o povo intrépido, historia a
viagem de Vasco da Gama e as descobertas, exaltando o espírito do império
português que foi capaz da formação de Portugal e da expansão imperial;
Camões, tomando o povo como herói colectivo, reelabora a história, celebra o
apogeu e pressente a decadência do império.
- Visão global:
Os Lusíadas surgem como a epopeia das façanhas dos portugueses nos mares que
os levaram à Índia.
Há uma verdadeira alegoria do direito à imortalidade dos nautas portugueses
pelos seus feitos históricos;
Esta obra conta por fragmentos a história grandiosa de Portugal e os
acontecimentos futuros, cuja visão os deuses são capazes e antecipar;
Recorrendo à estrutura do poema, como a Ilíada de Homero, ou Eneida de Virgílio,
constitui uma narrativa capaz de traduzir as façanhas e o espírito do povo
português, que foi capaz de trazer ao conhecimento da Europa e da Humanidade
povos desconhecidos, lugares ignorados e inóspitos e os caminhos marítimos para
ligar os cinco continentes da terra.
Na sua estrutura interna, Os Lusíadas seguem a organização da epopeia clássica,
ao dividir-se em 4 partes:
- Proposição (apresentação do assunto): aqui, Camões propõe-se a cantar as
navegações e conquistas no Oriente nos reinados de D. Manuel a D. João III; as
vitórias em África de D. João I a D. Manuel; e a organização do país durante a 1ª
dinastia.
- Invocação (súplica da inspiração para escrever o poema): há várias invocações
tais como as súplicas às ninfas do Tejo para que o ajudem na organização do
poema; a súplica a Calíope, porque estão em causa os mais importantes feitos
lusíadas; súplica às ninfas do Tejo e do Mondego, queixando-se dos seus
infortúnios; e ainda uma nova invocação a Calíope.
- Dedicatória (oferecimento da obra a D. Sebastião): na dedicatória o poeta
oferece o poema a D. Sebastião; (reflecte a esperança do povo português no
novo monarca e, sobretudo, na possibilidade de retomar a expansão no Norte
de África).
- Narração (desenvolvimento do assunto, já a meio da acção – in media res): a
narração começa in media res, ou seja, quando a frota de encontra no Canal de
Moçambique em rota para Melinde. Os acontecimentos anteriores surgem em
analepse no discurso do Gama ao rei de Melinde.
Na sua estrutura externa, o poema é uma narrativa, em dez cantos, organizados
em oitavas, com versos decassilábicos, e rimas com esquema abababcc (rima
cruzada nos primeiros seis versos e emparelhada nos dois últimos).
São quatro os planos em que Os Lusíadas se desenvolvem:
- Plano da Viagem (plano central): a narração dos acontecimentos ocorridos
durante a viagem realizada entre Lisboa e Calecut – partida, peripécias da
viagem, paragem em Melinde, chegada a Calecute (Índia); regresso e chegada a
Lisboa.
- Plano da História de Portugal (plano encaixado): relato dos factos marcantes
da História de Portugal (em Melinde, Vasco da Gama narra ao rei os
acontecimentos de toda a nossa história, desde Viriato ao reinado de D.
Manuel I; em Calecut, Paulo Gama apresenta ao Catual episódios e
personagens representados nas bandeiras; em prolepse, através de profecias, é
narrada a história posterior à Viagem do Gama)
- Plano da Mitologia (plano paralelo): a mitologia permite e favorece a evolução
da acção (os deuses assumem-se, uns como ajudantes, outros como oponentes
dos portugueses) e constitui, por isso, a intriga da obra. Os deuses apoiam os
portugueses: Consílio dos Deuses no Olimpo; Consílio dos Deuses Marinhos; A
ilha dos Amores; etc.
- Plano do Poeta (plano ocasional): considerações e opiniões do auto expressas,
nomeadamente, no início e no fim dos cantos.
Na tradição épica, Camões mantém a presença de um narrador principal que introduz o
narrador Vasco da Gama (o herói individual) que representa o povo português (o herói
colectivo).
O herói individual narra a História de Portugal e a viagem desde Lisboa até Moçambique.
Ao narrador principal cabe o relato da viagem de regresso de Vasco da Gama desde
Moçambique até à Índia e toda a viagem de regresso. É ele que passa a função aos outros
narradores secundários (Paulo da Gama, Fernão Veloso, Júpiter, Adamastor, Ninfa Sirena
e a Thetis).
Os Lusíadas não cantam apenas a viagem marítima e história portuguesa, mas revelam,
também, o espírito do homem da Renascença que acredita na experiencia e na razão. A
Ilha dos Amores, é bem o símbolo da capacidade dos portugueses na exploração dos
mares, graças às experiências marítimas e ao seu espírito de aventura e à sua vontade
indómita de conhecerem e assim estabelecerem a harmonia no planeta, aproximando o
Oriente e o Ocidente.
- Mitificação do herói:
Os Lusíadas, relatam a viagem à Índia e, entrecortando-a com episódios do passado e
profecias do futuro, mostram a realidade do povo que teve a ousadia da aventura
marítima.
A intenção de exaltar os heróis que construíram e alargaram o Império levou Camões a
torná-los verdadeiros símbolos da capacidade de ultrapassar a “força humana” e de
merecerem um lugar entre os seres imortais.
Os navegantes, em especial o comandante das naus, Vasco da Gama, ultrapassam a sua
individualidade ou a particularização do herói colectivo, que é o povo português. São o
símbolo do heroísmo lusíada, do seu espírito de aventura e da capacidade de vivencia
cosmopolita.
A viagem exprime a passagem do desconhecido para o conhecimento, da realidade do
Velho Continente e dos seus mitos indefinidos ou sem explicação para novas realidades
de um planeta a descobrir.
Nos vários episódios e no recurso à mitologia, há elementos simbólicos importantes que
podem ajudar na interpretação dessa mensagem humanista e de exaltação lusíada que
Camões nos deixou.
Luís de Camões não escolheu um herói individual que motivasse o título da obra, mas
procurou que a sua epopeia anunciasse a história de todo o povo da “geração de Luso”,
“invicto e forte (…)/a quem nenhum trabalho pesa e agrava”.
Os navegantes, que chegaram à Índia, e todos os heróis lusíadas merecem realmente
mitificação. Os deuses não são mais do que seres da fábula ou da lenda, criados pelos
homens para justificarem o que lhes parecia de difícil explicação.
- Reflexões do Poeta:
O poeta faz diversas considerações, criticando e aconselhando os portugueses.
Por um lado, refere os “grandes e gravíssimos perigos”, a tormenta e o dano no mar, a
guerra e o engano em terra; por outro lado, faz a apologia da expansão territorial para
divulgar a fé cristã, manifesta o seu patriotismo e exorta D. Sebastião a dar continuidade à
obra grandiosa do povo português.
Nas suas reflexões há louvores e diversas queixas aos comportamentos. Se realça o valor
das honras e da glória alcançadas por mérito próprio, lamenta, por exemplo, que os
portugueses nem sempre saibam aliar a força e a coragem ao saber e à eloquência,
destacando a importância das letras.
Se critica os povos que não seguem o exemplo do povo português que, com atrevimento,
chegou a todos os cantos do mundo, não deixa de queixar-se de todos aqueles que
pretendem atingir a imortalidade, dizendo-lhes que a cobiça, a ambição e a tirania são
honras vãs que não dão verdadeiro valor ao homem.
Daí também lamentar a importância atribuída ao dinheiro, fonte de corrupções e traições.
Lembrando o seu “honesto estudo”, “longa experiência” e “engenho”, “cousas que juntas
se acham raramente”, confessa estar cansado de “cantar a gente surda e endurecida” que
não reconhecia nem incentivava as suas qualidades artísticas.
- Síntese:
Os Lusíadas são uma narrativa épica, que faz uma leitura mítica da história de Portugal.
Em estilo elevado, canta uma acção heróica passada e analisa os acontecimentos futuros,
cuja visão os deuses são capazes de antecipar.
Camões n’Os Lusíadas, propõe o povo português como sujeito da acção heróica.
Camões inicia Os Lusíadas com “As armas e os varões assinalados”, mostrando que os
nautas foram escolhidos para alargarem “a Fé e o Império”.
Camões procura perpetuar a memória de todos os heróis que construíram o Império
Português.
Os nautas, incluindo Vasco da Gama, são o símbolo do heroísmo lusíada, do seu espírito
de aventura e da capacidade de vivência cosmopolita.
Em Os Lusíadas, Camões conseguiu fazer a síntese entre o mundo pagão e o mundo
cristão.