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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
PRÁTICAS AVALIATIVAS EM MATEMÁTICA NO ENSINO MEDIO
Autora: Eugenia Aparecida Heide1
Orientadora: Leônia Gabardo Negrelli2
Resumo: O presente artigo aborda instrumentos de avaliação empregados por professores de matemática em salas de aula do Ensino Médio, de modo especial busca discutir como avaliações escritas podem ser empregadas em proveito do aprendizado dos alunos. Uma proposta para a elaboração de tal tipo de avaliação foi elaborada, sendo ela composta por quatro momentos, sendo que em cada um deles pretende-se detectar: i) conhecimentos prévios dos alunos acerca de temas relacionados ao conteúdo trabalhado; ii) o conhecimento matemático institucionalizado, objeto de ensino nas escolas; iii) o uso de recursos tecnológicos como calculadoras, softwares e aplicativos para celulares; iv) a aplicabilidade e apropriação do caráter interdisciplinar da matemática, entendido como uma parceria natural entre diversas áreas de conhecimentos. A implementação do projeto, contendo a proposta elaborada, foi feita num Centro Estadual para Educação Básica para Jovens e Adultos, com alunos de Ensino Médio. O principal objetivo desse trabalho foi subsidiar professores de matemática no aprimoramento de suas práticas avaliativas e de suas estratégias de ensino, através desta estrutura proposta para avaliações escritas. Realizou-se uma fundamentação teórica em autores como Moretto (2009), Antunes (2007), Lopes e Muniz (2010), D'Ambrosio (2011), Luckesi (2011), dentre outros, que instigaram muitas das reflexões apresentadas nesse artigo. Palavras- chave: Ensino de matemática. Avaliação. Matemática.
1. Introdução
Discussões e dúvidas sobre como encaminhar adequadamente a avaliação
do aprendizado dos alunos no ensino de matemática atual estão presentes com
frequência em congressos, seminários, cursos de aperfeiçoamento, reuniões e
conversas do cotidiano das quais fazem parte professores da Educação Básica.
Delas resultam reflexões e práticas que têm contribuído para a compreensão de que
elaborar e empregar instrumentos de avaliação é um grande desafio, pois leva os
professores a questionar-se sobre suas práticas diárias em sala de aula, uma vez
1 Pós Graduada em Metodologia do Ensino e Avaliação (UNC - Mafra- SC) e Gestão Escolar
(Sociesc./Tupy), Licenciada em Ciências 1º Grau, com Habilitação em Matemática (UNC – Mafra- SC) e Pedagogia (UFPR). Professora do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos – Rio Negro-PR e Diretora de Escola Municipal nesse mesmo município. E- mail: [email protected]. 2 Professora do Departamento Acadêmico de Matemática da Universidade Tecnológica Federal
do Paraná, Câmpus Curitiba. E-mail: [email protected].
que os resultados das avaliações podem revelar o aprendizado (ou não) dos alunos,
mas também a eficácia (ou não) das estratégias de ensino adotadas professor.
Resultados obtidos por meio de avaliações devem ser utilizados para orienar as
práticas subsequentes do professor, que precisa planejar suas intervenções e propor
atividades avaliativas que levem os alunos a atingirem novos patamares de
conhecimentos. Essas intervenções podem exigir alterações de várias naturezas na
rotina diária da sala de aula. Avaliar exige que o professor “defina aonde se quer
chegar, que se estabeleçam os critérios para, em seguida, escolher os
procedimentos de avaliação” (SOEK, 2010, p. 72).
O projeto cujos resultados são apresentados nesse artigo surgiu do interesse
da autora em buscar entendimento acerca de questõse relacionadas à avaliação,
oriundas de uma reflexão sobre sua prática profissonal de mais de duas décadas
como professora na Educação Básica. Por se tratar de um tema amplo e complexo,
a produção aqui exposta deve ser recebida como um convite ao questionamento, à
autoavaliação e a dedicação ao estudo dos elementos compõem o contexto escolar
no qual se situam as práticas avaliativas. Espera-se que ela possa trazer coragem
ao professore leitor para ousar aperfeiçoar, corrigir ou até abandonar algumas
práticas avaliativas comumente empregadas, que têm se revelado causadoras de
desinteresse pela matemática escolar.
A seguir são apresentados norteadores teóricos da discussão aqui
apresentada, contribuições advindas do Grupo de Trabalho em Rede realizado
acerca do tema deste artigo, bem como um relato da vivência numa sala de aula da
proposta de elaboração de avaliações escritas contemplando quatro elementos
considerados essenciais no processo de ensino e aprendizagem de matemática, a
saber: os conhecimentos prévios dos alunos acerca de temas relacionados ao
conteúdo em questão; o conhecimento matemático institucionalizado, objeto de
ensino nas escolas; o uso de recursos tecnológicos como calculadoras, softwares e
aplicativos para celulares que podem ser empregados nas aulas de matemática com
propósitos didáticos; a interdisciplinaridade, entendida como uma parceria natural
entre diversas áreas de conhecimentos.
Na proposta apresentada, estes elementos precisam estar presentes nas
atividades de avaliação escritas, na forma de questões ou atividades a serem feitas
e registradas pelo aluno. Esses registros (escritas) permitirão ao professor realizar a
avaliação da aprendizagem do aluno e também realizar uma autoavaliação acerca
das estratégias de ensino adotadas. O fato do foco deste estudo estar em atividades
escritas não significa que outras práticas avaliativas são desnecessárias. Pelo
contrário, a observação, os debates, as experimentações e produções de outras
naturezas são igualmente consideradas pertinentes, cabendo ao professor distribuí-
las convenientemente no decorrer do planejamento e execução das aulas.
2. Avaliação e ensino
A avaliação quando bem conduzida no processo educativo motiva,
diagnostica, incentiva e cria o desejo para novas aprendizagens. Reduzir o processo
avaliativo a avaliações com propósitos de aprovar ou reprovar, pode desmotivar o
aluno. Como bem colocam Lopes e Muniz (2010, p. 145), “é urgente superar a
aplicação de instrumentos apenas para atribuição de notas ou conceitos e para
aprovação ou retenção dos estudantes.” Além disso, nenhum instrumento de
avaliação é bom ou ruim por si só, mas é o professor que escolhe e lança mão do
instrumento mais apropriado para seu objetivo. Por isso, a estrutura proposta de
avaliação para a realização da intervenção pedagógica estava embasada em uma
atividade avaliativa escrita tendo em mente os objetivos que o professor almeja
atingir.
Para Buriasco (2008), a avaliação tem um lugar natural na escola e fica
dificultado o processo de ensinar e aprender quando não é aplicada. A avaliação
quando bem conduzida no processo educativo motiva, diagnostica, incentiva e cria o
desejo para novas aprendizagens. A ação de avaliar exige que se defina aonde se
quer chegar, para traçar objetivos e atingi-los de maneira integral. O professor
precisa considerar experiências corriqueiras dos discentes, relacionando-as com
informações que abordará em suas aulas, para que o aluno através das práticas
construa seu conhecimento, superando a pedagogia de prova para uma pedagogia
de ensino e aprendizagem. A avaliação vai muito além da visão limitada de
verificação da assimilação do conteúdo ou do ato de atribuir e mensurar notas,
classificando e selecionando os alunos.
De acordo com Villas Boas (2005), promover a aprendizagem do aluno é um
dos propósitos da avaliação. Para esse autor, a avaliação existe para que se
conheça o que o aluno aprendeu e o que ele ainda não aprendeu, para que se
providenciem os meios de modo que ele aprenda o necessário para a continuidade
dos estudos.
A avaliação na escola não pode ser compreendida como algo isolado e
envolve um acompanhamento contínuo e sistemático do aluno; é um algo que
precisa ocorrer durante todo processo pedagógico. Assim sendo, o professor de
matemática para promover um ensino eficiente precisa conhecer e adotar
instrumentos diversificados de avaliação, que possibilitem identificar aprendizagens,
detectar lacunas, contribuir no desenvolvimento de habilidades e aquisição de
competências.
É possível avaliar por meio de vários instrumentos. Através da observação,
prova oral, prova de múltipla escolha, prova dissertativa, pesquisa bibliográfica;
representações através de desenhos ou teatros; através de dramatizações;
fechamento de leituras diversificadas; de pesquisa de campo; de folders; de
trabalhos em grupos; de portfólio; de fichas de acompanhamento; relatório de diários
de aula; conclusão de seminários; de mapas conceituais; de confecção de materiais;
através de jogos; através de recursos tecnológicos; através da resolução de
problemas, relatos de experiências e muitos outros instrumentos de avaliação que
podem ser criadas pelo professor. O objetivo e a meta da avaliação é a ação.
A observação é uma forma eficiente de verificar a aprendizagem do aluno,
pois permite a coleta de dados através de registros das observações do trabalho
cotidiano de sala de aula. O professor faz acompanhamento, passo a passo do
aluno, da sua caminhada na construção do conhecimento, faz anotações constantes
de questões delimitadas previamente para constatar um fato, comprovar ou
interpretar certo assunto podendo ser ocasional ou intencional. A finalidade dos
dados observados é passível de comprovação, pois o professor limita-se a fazer o
registro a fim de não se perder dados relevantes durante a observação podendo ser
modificada durante o processo. Esses dados servirão para mensuração.
A observação nesse processo de avaliar é um elemento essencial, pois
fornece informações referentes à área cognitiva dos alunos. No registro dos fatos
observados eliminam-se totalmente interpretações pessoais e reside na
possibilidade que tem o professor de acompanhar o desenvolvimento do aluno em
todos os momentos é um instrumento muito importante para o professor obter
informações sobre os alunos, às dificuldades e facilidades na assimilação dos
conteúdos que estão sendo trabalhado. É necessário realizar o registro de
observações com critérios mínimos de cientificidade, podendo-se tornar inútil tal
forma de avaliação se não tiver registro. Pode ficar livre a forma utilizada pelo
professor para registrar suas observações, sendo de fácil registro as fichas com um
roteiro estabelecido antecipadamente. Documentar esse tipo de avaliação, de
qualquer forma é necessário e permite ao professor constatar dados não apenas do
domínio cognitivo, mas também as dificuldades e as possibilidades de cada um em
relação à apropriação de conhecimentos. A observação é feita a todo o momento
pelo professor e deve ser somada a outros instrumentos avaliativos.
A autoavaliação é uma forma de reflexão sobre o próprio desempenho,
sendo um meio eficiente para aprender. É um ato de avaliar o desempenho
individual dos conteúdos, valendo-se do diálogo, de questionamentos que auxiliará o
professor no encaminhamento do ensino, pois fica evidente através dos relatos dos
alunos a necessidade de novas explicações para esclarecer as dúvidas sobre certos
conteúdos para aquisição do conhecimento. A importância do professor na
autoavaliação é de mediador, incentivando-os através de questionamentos sobre os
conteúdos.
O relatório é uma produção escrita pelo aluno, onde ele descreve uma
atividade proposta pelo professor. Neste instrumento de avaliação o aluno terá que
ter condições de registrar por escrito suas ideias, seu pensamento explicando o
tema e fazendo relações com seu entendimento, ao mesmo tempo analisando todo
o processo aplicado durante o processo até chegar a uma conclusão. O relatório
poderá ser de forma individual ou em grupo. A produção de relatórios desenvolve
capacidades de raciocínio e comunicação, o gosto pela pesquisa e principalmente à
responsabilidade. A finalidade do relatório como cita Sant’Anna (2013, p.119) é
“informar, relatar, fornecer resultados, dados, experiências que permitem à
autoridade competente constatar a realidade”.
De acordo com Depresbiteris e Tavares (2009, p. 38) “o valor da avaliação
não está no instrumento em si, mas no uso que se faz dele”. O professor de
matemática define os instrumentos que serão utilizados para acompanhar o
processo de aprendizado de seus alunos tendo em mente que não existe somente
um instrumento capaz de detectar se o aluno aprendeu o que lhe foi ensinado.
Diante das limitações impostação pela adoção de uma única forma de avaliar, a
prova objetiva, por exemplo, faz-se necessário pensar em diversos instrumentos
para auxiliar no processo ensino aprendizagem.
3. Atividades avaliativas escritas
A elaboração dos instrumentos avaliativos da aprendizagem não pode ser
feita de forma desvinculada das estratégias de ensino adotadas pelo professor. É
necessário que “a avaliação seja coerente com a metodologia utilizada pelo
educador, bem como, com os objetivos que se pretende alcançar” (PARANÁ, 2007,
p.93). Por isso, o professor precisa refletir acerca dos instrumentos de avaliação
utilizados em sua prática pedagógica para que sirvam para o planejamento e
replanejamento das ações pedagógicas, avaliando não somente a aprendizagem
dos alunos, mas também a ação docente.
Os instrumentos de avaliação fornecem subsídios ao professor acerca da
aprendizagem dos alunos que lhe servirão para a tomada de decisões relativas às
estratégias de ensino utilizadas na sala de aula. Tratando da variedade de possíveis
encaminhamentos do processo avaliativo na escola, Lopes e Muniz (2010) colocam-
nos que os instrumentos devem revelar o que os estudantes aprenderam.
Ao construir um instrumento de avaliação o professor deve focar nos
conceitos e habilidades trabalhados nas aulas e também levar em conta o nível de
desenvolvimento cognitivo. Uma vez que o professor dispõe de uma variedade de
instrumentos avaliativos, aquele que ele escolhe para determinado momento precisa
ser bem elaborado e estar adequado às suas finalidades. Diante da limitação e do
potencial que cada instrumento de avaliação possui, faz-se necessário investigar as
particularidades de cada um. Uma investigação com esse propósito, focando nas
atividades avaliativas escritas, frequentemente chamadas de provas, foi realizada
para a produção deste artigo. Esse é o instrumento de avaliação mais empregado no
ensino de matemática. Como bem nos coloca Moretto (2010, p. 96), “se tivermos
que elaborar provas, que sejam bem feitas, atingindo seu real objetivo, que é
verificar se houve aprendizagem significativa de conteúdos relevantes”.
Para a elaboração deste tipo de instrumento Luckesi (2011) nos traz
indicações relevantes. Segundo esse autor, ao elaborar questões para avaliações
escritas, temos que cuidar para que os conteúdos essenciais sejam contemplados e
para que os níveis de dificuldade das questões sejam diferenciados. Além disso, a
linguagem empregada deve ser clara e acessível de modo a contribuir para “ajudar o
educando a aprofundar seus conhecimentos e habilidades”. (LUCKESI, 2011, p.
364).
Em avaliação a prova é um instrumento que auxilia o professor verificar os
conhecimentos que seus alunos adquiriram durante o processo de aprendizagem.
Na elaboração das questões, conforme já colocamos, é importante que estejam de
acordo com os conteúdos trabalhados e desenvolvidos. Concordando com
Depresbiteres e Tavares (2009, p.76) “A prova escrita deve ser bem elaborada,
aplicada, analisada e interpretada em seus resultados”.
A prova dissertativa exige do aluno o conhecimento do tema proposto, pois
ele deverá escrever um texto com suas palavras, fará o seu texto explicando,
relacionando fatos e interpretando-os. Planejada a prova o professor deve zelar pela
qualidade dos itens na hora da elaboração. Com um trabalho de análise e síntese dá
ao instrumento maior validade para atingir os objetivos atendendo a todos os
conteúdos trabalhados.
A prova operatória é um instrumento de avaliação por meio do qual o
professor detecta nos alunos a capacidade adquirida dos conteúdos acadêmicos, explora conteúdos conceituais, atitudinais e procedimentais. Como afirmam
Depresbiteres e Tavares (2009, p. 93), “essa prova considera que o conteúdo não é
um fim em si mesmo, mas a ponte para pensar, ferramenta para operar”. Porque os
alunos demonstram sua capacidade de analisar, conceituar, levantar hipóteses entre
outras.
Nesse instrumento de avaliação o professor deve elaborar situações
problemas de forma direta com o conteúdo estudado para nortear o aluno passo a
passo, deixando perguntas bem claras nas questões propostas. As questões podem
ser proporcionadas por meio de um texto para analise e interpretação do aluno. O
enunciado das questões deve ser claro e com uma linguagem que o aluno
compreenda o que se pede, não é fácil nem difícil, é fundamentalmente inteligente.
As questões que são elaboradas na prova operatória devem ser aquelas que exigem
operações mentais e não apenas memorização, que provoquem argumentação dos
alunos por isso a necessidade de serem questões contextualizadas.
4. O Projeto e a intervenção
Refletindo acerca da complexidade que permeia o processo de avaliação no
ensino de matemática e considerando necessário e relevante investigar os
instrumentos de avaliação, buscou-se implementar o projeto de intervenção com
alunos da Educação de Jovens e Adultos do Ensino Médio na disciplina de
Matemática no Centro Estadual Educação Básica de Jovens e Adultos, Rio Negro,
Paraná. O desenvolvimento das aulas se deu com a participação de 17 alunos.
Esta pesquisa também foi realizada no âmbito bibliográfico e também
colaborativo. Convidando professores colaboradores de Matemática do Ensino
Médio para relatarem quais instrumentos avaliativos utilizam em suas práticas
diárias em suas aulas de matemática e dizendo qual o propósito dessas atividades,
obtendo assim informações sobre os instrumentos de avaliação. Na produção do
material pedagógico esses dados puderam ilustrar e completar os registros do
processo avaliativo. Nessa pesquisa junto aos professores de matemática foi
solicitado um exemplar do instrumento. De posse desses dados, foras explorados os
exemplares de instrumentos de avaliação fornecidos pelos professores
colaboradores.
Constatou-se que no instrumento de avaliação utilizado com mais frequência,
a prova escrita, prevalecem questões de verificação, que permitem identificar a
familiaridade que o aluno tem com estratégias e conceitos abordados nas aulas, ou
seja, com os próprios conteúdos. Raramente há questões que inter-relacionem
conteúdos estudados no momento com aqueles abordados em anos anteriores na
escola. Não há demanda nem permissão para o uso de tecnologias nem a exigência
de interpretações de situações problemas nas quais se pode detectar a presença do
conhecimento adquirido nas aulas.
Diante desse cenário, para contribuir com a prática de ensino de professores
de matemática que concebem a avaliação como um processo contínuo e não
apenas em momentos isolados na sala de aula, foi construído a partir do referencial
teórico acessado e das experiências vividas um esquema para a elaboração de
instrumentos avaliativos baseados nos quatro elementos essenciais elencados e
agora retomados.
Os conhecimentos prévios de matemática possibilitam aos alunos que
expressem seus conhecimentos sobre o conteúdo explorado nesse momento a partir
de experiências de seu meio social, servindo de âncora para o professor tomar
ciência dos conhecimentos prévios dos alunos servindo de base para seu
planejamento. O conhecimento de matemática institucionalizado é importante para
que os alunos compreendam os conteúdos matemáticos. A matemática acadêmica
faz parte da vida do cidadão, pois com ela é possível formular e resolver problemas
cotidianos. O conteúdo só adquire significado se trabalhado de forma
contextualizada, integrando o conhecimento teórico com o conhecimento prático,
vivenciando e trabalhando o processo de seleção e organização com o fazer
educativo. O uso de recursos tecnológicos é uma exigência adas sociedade atual e,
portanto, faz-se necessário no contexto escolar, cujo propósito é, também, a
formação do cidadão. No referido projeto de intervenção foi utilizada a calculadora
para os alunos resolverem os problemas com um melhor aproveitamento do tempo,
e também porque os alunos hoje dispõem dessa ferramenta tecnológica que é a
calculadora contida em seu próprio celular.
Os conteúdos básicos abordados no período de intervenção foram: medida de
área e volume; geometria plana, geometria espacial e matemática financeira. As
atividades de avaliação escritas traziam questões que contemplavam cada um dos
quatro elementos destacados. A seguir o exemplo de uma atividade com o propósito
de detectar os conhecimentos prévios dos alunos:
Com as figuras planas abaixo é possível construir o modelo de uma pirâmide? Justifique sua resposta.
Exemplo de questão para detectar se o que foi trabalhado nas aulas sofreu
apropriação por parte dos alunos:
A partir da planificação de um modelo (fornecido) do hexaedro regular, responda: a) Quais são as figuras que formam as faces da representação desse sólido? b) Quantas faces tem esse sólido? c) É possível relacionar o número de faces com o número de arestas? Justifique.
Exemplo de questão que demanda o uso de recursos tecnológicos como a
calculadora, podendo ser a do próprio celular.
Realizei um empréstimo pessoal de R$ 2.500,00 numa instituição bancária que cobra juros mensais de 6,8%, no regime de juros compostos e não pude fazer o pagamento das parcelas conforme deveria, pois assim que retirei o valor do empréstimo, fiquei desempregado. Hoje, sete meses depois consegui um emprego cujo salário mensal líquido é de R$ 1.300,00 e pretendo estimar 20% desse salário
para arrecadar o valor necessário para o pagamento do empréstimo. Será que conseguirei quitar a dívida em menos de um ano? Justifique.
Exemplo de questão que revela a necessidade de interação entre diferentes
áreas do conhecimento, envolvendo questões legais e políticas.
Uma apresentação de um show de música sertanejo universitário acontecerá no ginásio de esportes cujas medidas (dimensões) da quadra estão abaixo indicadas. Para segurança, a coordenação do evento limitou a concentração, no local a apenas quatro pessoas por metro quadrado de área disponível. Excluindo-se a área ocupada pelo palco que tem um diâmetro de 40m, conforme as dimensões apresentada no desenho, informe quantas pessoas, no máximo, poderão participar do show. 80m 110m
A estrutura das atividades de avaliação apresentadas permitiu observar e
mensurar a aprendizagem dos alunos em relação aos conteúdos trabalhados nas
aulas e forneceram indicadores para adequar as atividades de ensino planejadas
para os conteúdos subsequentes. Esse modo de olhar para a avaliação não se
limitou a mensurar a assimilação definições e técnicas; permitiu que a ação do aluno
estivesse num contexto de problematizações. Os dezessete alunos do EJA que
fizeram parte da implementação do projeto pedagógico revelaram comprometimento
com a atividade desenvolvida.
5. Partilhando vivências
A análise dessa vivência também foi enriquecida pela realização de um Grupo
de Trabalho em Rede/2013(GTR) - do Estado do Paraná que contou com a
participação de 17 professores da rede estadual de ensino dos quais 15 concluíram
sua participação. Nele os participantes fizeram observações acerca do Projeto de
Implementação Pedagógica desenvolvido no primeiro ano do PDE. As atividades
propostas pela autora desse artigo no referido GTR foram divididas em três
temáticas, sendo primeiramente analisada a pertinência da problemática levantada
na justificativa do projeto, a qual contempla a relevância dos objetivos elencados e
as possibilidades de articulação teórico-prática com o tema proposto, além da
contribuição deste estudo para a Educação Básica. Nesta etapa do projeto a
socialização com os colegas de trabalho foi de suma importância. Os professores
participantes fizeram suas colocações acerca de sua visão sobre avaliação e sobre
os instrumentos que utilizavam em sala de aula. Ficou evidente, pelas colocações
dos professores que a avaliação é um procedimento que faz parte do processo
ensino aprendizagem e deve ser vista como um recurso para aprender e ensinar
com mais qualidade. Se o processo for bem conduzido, as provas serão um reflexo
do trabalho desenvolvido em sala de aula.
Dessas primeiras discussões a concepção de avaliação em matemática dos
participantes revelou que ela precisa estar comprometida com a inclusão de todos
os alunos, indo muito além de apenas mensurar notas, superando a pedagogia de
prova para uma pedagogia de ensino e aprendizagem.
Através de uma boa avaliação verifica-se o que o aluno aprendeu e também o
professor pode reavaliar suas escolhas estão atingindo seus alunos de maneira
satisfatória. Foi consensual que a avaliação deverá ocorrer em vários momentos e
não apenas em um momento pontual ou com apenas um tipo de instrumento de
avaliação.
Na segunda temática foi apresentado o material didático elaborado - Caderno
Temático - e os professores puderam refletir sobre a avaliação desencadeando uma
reflexão sobre os instrumentos de avaliação bem como trocar informações.
Na terceira temática, os professores puderam acompanhar a realização de
atividades propostas. Também socializaram experiências de sua prática de sala de
aula e contribuíram com sugestões de instrumentos avaliativos. Este momento gerou
significativos avanços na compreensão do processo avaliativo por parte dos
participantes do GTR.
Com o término das atividades do GTR foi possível fazer uma avaliação
positiva sobre a tutoria do grupo de estudo, e pode-se reafirmar que a avaliação é
objeto de preocupação de muitos os professores Os objetivos propostos foram
alcançados, principalmente porque houve bastante reflexão e análise por alunos e
professores participantes do GTR em todas as atividades propostas.
6. Considerações Finais
Diante das colocações dos professores participantes do GTR e dos alunos da
escola na qual foi feita a intervenção ficou evidente que a avaliação é um processo
complexo e exige muita determinação e clareza dos objetivos que se deseja atingir.
Ocorreram dificuldades de aplicação do projeto na turma proposta porque ao
retornar do primeiro ano de afastamento PDE, a escola que atendia a EJA teve
diminuição no número de alunos e com isso a demanda caiu. Foi preciso buscar
outro estabelecimento de ensino como qual não havia a familiaridade anterior.
Assim, apesar da implementação ocorrer dentro dos 25% de afastamento, perdi o
contato diário com o grupo escolar e algumas intervenções de horários e
organizações ficaram prejudicadas. Principalmente porque não estava atuando
diariamente neste estabelecimento. Assim sendo, ao término desse trabalho, fica
claro que o professor de matemática precisa de um instrumental de avaliação que
possibilite identificar as mudanças no desenvolvimento do seu aluno.
Diante do projeto de implementação e troca de informações no Grupo de
Trabalho em Rede do Estado do Paraná/PDE 2013 pude confirmar de que o
professor precisa de um bom instrumental de avaliação que lhe possibilite uma
autoavaliação no que diz respeito às suas práticas de ensino. Essas práticas
precisam favorecer a aprendizagem do aluno tornando-o protagonista de seu
conhecimento permitindo que ele tome consciência do seu papel no processo de
aprendizagem e não adote uma atitude passiva.
É fundamental e urgente superar a aplicação de apenas um tipo de
instrumento de avaliação para dar uma nota ao aluno para servir de base para
aprovação ou retenção dos alunos. Precisamos aplicar instrumentos que nos sirvam
de base para revelar o que nossos alunos aprenderam do assunto e como as
estratégias de ensino contribuíram de fato para esse aprendizado. Por isso é um
grande desafio ampliar, diversificar e adequar às práticas avaliativas no ensino de
matemática em todos os níveis.
Referências
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