Os brinquedos e o brincar na primeira infância - Formação de educadores ecobrinquedistas

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Renato M. Barboza OS BRINQUEDOS E O BRINCAR NA PRIMEIRA INFÂNCIA FORMAÇÃO DE EDUCADORES ECOBRINQUEDISTAS Campinas julho 2016

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Renato M. Barboza

OS BRINQUEDOS E O BRINCARNA PRIMEIRA INFÂNCIA

FORMAÇÃO DE EDUCADORES ECOBRINQUEDISTAS

Campinas

julho 2016

Esse material pode ser reproduzido total ou parcialmente,

desde que sem fim comercial e que seja citada a fonte.

VERSÃO PRELIMINAR

Recado aos leitores

Você que olha esta apostila, observe-a com cuidado,porque ela é para quem gosta de imaginar... brinquedos,jeitos de brincar, coisas para brincar, coisas que não sãopara brincar mas poderiam ser. Feita para quem gosta decriar porque brinca e brinca enquanto cria!

Aqui você encontrará uma proposta de formação paraeducadores da primeira infância. Porém, não espere umareceita pronta, muito além disto, você encontrará umconjunto de materiais, objetos e ideias que lhe auxiliarãona incrível jornada que é a constante composição erecomposição de espaços para o brincar.

Perceberá que o desafio proposto é instigá-lo a pensar:o que é ou pode ser brinquedo? Uma provocação que nosconduz a uma sensibilização do olhar, que propõe umaampliação do repertório sobre o que é possível utilizarmospara potencializar o brincar.

Para o autor os adultos que convivem com crianças etem a oportunidade de oferecer-lhes espaço, tempo epossibilidades para o brincar devem se considerarbrincantes também. Chamo de oportunidade pois é nestaconvivência que este adulto pode experimentar se expressarcompondo espaços para brincar que sejam atraentes paraeles e para as crianças.

Quanto mais o adulto cria, explora, inventa, carregade significados sua relação com os objetos/materiais queele dispõe em um espaço para brincar, maior apossibilidade de que assim também seja com aqueles que seapropriam dele. Tendo claro que este foi apenas um jeito

de fazê-lo, pois as apropriações podem ser muito diferentesdo pensado e esta é a riqueza de um ambiente queestimula a curiosidade e a descoberta.

Por fim, é um convite a trazermos estes processos dereflexão para o dia a dia, nos tornando atentos e receptivosao que nos rodeia, pois é do inusitado que surgem ideiasinteressantes.

Sandra Aparecida de Siqueira1

1 Formada em Educação Física e Mestre em Educação. Educadora do Espaço de BrincarSesc Campinas.

APRESENTAÇÃO

“O tipo mais eficiente de educação é aquele no quala criança brinca com coisas encantadoras”

Platão

O brincar é a atividade principal da criança!Denomino “brincar” toda ação lúdica surgida como umaação livre, iniciada e conduzida pela criança, onde estaaprende a se relacionar com o mundo, consigo mesma ecom outras pessoas, desenvolvendo sua capacidade detomar decisões e expressar sentimentos e valores.

O brincar é a ferramenta com a qual a criança seexpressa, aprende e se desenvolve. Mesmo sendo uma açãoinerente a criança, seu repertório de brincadeiras é umprocesso construído através da vivência e por meio dasinterações com outras crianças, com adultos, com oambiente e com os objetos e brinquedos. É manuseando eexplorando que a criança reconhece as diferentes formas,cores, sons, materiais, cheiros, sabores, texturas e

temperaturas que compõem o mundo sensorial que arodeia.

Sensibilizar o(a) educador(a) para essa perspectiva é odesafio que busco através dessa proposta de formação.Muito mais do que mostrar brinquedos interessantes, épreciso transpor barreiras internas que dificultam aos(as)educadores(as) vivenciar livremente o brincar “como sefosse uma criança”. Não de modo infantilizado, mas emtoda a sua potência criativa, o brincar que flui de dentro,que transborda, mediado pelos materiais e pela presençados outros participantes.

Essa tarefa exige que o encantamento gerado sejagenuíno, que os materiais e as dinâmicas resgatem noeducador a criança que esta foi um dia e que talvez estejaa muito esquecida. Assim, a partir desse resgate é que oeducador se potencializa, tornando-se capaz de pensar,elaborar e construir propostas lúdicas que desafiem eenvolvam as crianças, gerando assim espaços de infânciamais encantadores.

Renato M. Barboza

COORDENADOR

Renato Matos de Lopes Torres Barboza

Carioca graduado em arquitetura e urbanismo pelaUFRuralRj e com mestrado em engenharia urbana pelaUFSCar. Após formar-se, repensou toda sua formaçãoacadêmica e se reinventou tornando-se ecobrinquedista earte educador. Capacitou-se e encontrou assim sua arte,buscando nos brinquedos sua arquitetura e nos materiaisreutilizáveis sua matéria-prima.

Desde 2008 desenvolve diferentes linhas de atuaçãorelacionadas com a reflexão sobre as potencialidades dosmateriais reutilizáveis como recurso para o brincar e nabusca da autonomia na construção de brinquedos.

Encantou-se pela cultura da infância e hoje promovea irradiação do que aprende, multiplicando e formandomultiplicadores das riquezas produzidas pela infância.

Realiza formações com grandes grupos de educadores,colocando-os para brincar, vivenciar e refletir sobre aimportância dos materiais na construção do lúdico. Alémdisso, já realizou exposições, intervenções lúdicas e

ministrou diversas oficinas com crianças, adultos efamílias em diferentes unidades do SESC-SP, e em espaçoscomo CRAS, comunidades religiosas, áreas de preservação,shoppings e clubes.

É um estudioso do que faz e repensa suas ações,renovando constantemente suas metodologias e ampliandoseu repertório de materiais, brinquedos e brincadeiras.

Telefone: (19) 9.93132777 (Whatsapp)E-mail: [email protected]: www.renatombarboza.blogspot.com.br

SUMÁRIOIntrodução 11Ferramentas 13Materiais 15A formação 18Mandala de Brinquedos 19

Jogos 20Formas & Cores 23Sensorial 25Empilhar & Encaixar 28Equilíbrio 31Pesos & Texturas 34Som 36Bolas 40Fantasias & Acessórios 43

Dinâmicas e brincadeiras 45Para saber mais 49

INTRODUÇÃO

Lúdico, palavra que representa a ação realizada deforma livre e espontânea, que visa mais ao divertimento doque a qualquer outro objetivo. Tem o brinquedo comoparte de sua materialidade e a brincadeira como uma desuas principais manifestações. Mas será que todobrinquedo é lúdico? Será que toda brincadeira é lúdica?Não! Por isso é tão importante refletirmos sobre quebrincar e brinquedo estamos falando.

Por ser a Atividade principal da criança, é essencialque o brinquedo e a brincadeira potencializem suasexperiências e deem o suporte necessário para seu plenodesenvolvimento, que ocorre através da amplaexperimentação de seu corpo e da fantasia livre e criativa.

A perspectiva aqui apresentada se baseia em umavisão ecossistêmica, que reconhece os brinquedos ebrincadeiras como parte importante do conjunto desuportes culturais transmitidos entre as gerações, e quebusca compreender e intensificar as relações entre obrincar e o ambiente onde o ser humano está inserido,reconhecendo todas as estruturas e instituições como fontesde matéria-prima e de espaços para promoção destebrincar.

O papel do adulto é determinante nas oportunidadesde espaço, tempo e materiais que são oferecidos à criança.Os adultos, que podem ser mães, pais, familiares,cuidadores, pedagogos, etc., tem o papel essencial defacilitar esse processo, ofertando espaços seguros, tempos

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adequados e materiais estimulantes, garantindo assim aestrutura necessária para o brincar se desenrolar.

Mas para isso é preciso adultos potentes, que de formaativa e dinâmica modelem suas práticas educativas nocontato com as crianças e com os brinquedos. Surge oimportante desafio de compreender que os espaços físicos eos objetos educam, influenciando diretamente o repertóriolúdico e cultural das crianças.

Mas isso não é uma tarefa fácil, exige uma constantebusca de apreender diferentes referências e compreender aspotencialidades presentes no mundo que nos cerca,sintetizando esta abundância em conjuntos de objetos queconvidem ao lúdico e promovam a reflexão sobre o ciclodesses materiais.

Essa formação é também um convite ao desafio dedesvendar os ‘materiais reutilizáveis’ como brinquedos quepotencializem o brincar. Dá-se início a uma incrívelaventura que possibilita uma constante renovação daspráticas educativas junto com as crianças.

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FERRAMENTAS

Ferramentas são parte essencial do processo deconstrução e manutenção dos brinquedos, sendo algunscuidados muito importantes.

• Ferramentas devem ser sempre de boa qualidade eadequadas ao uso a que serão destinadas,

• Ferramentas devem sempre ser mantidas fora doalcance das crianças pequenas, de preferência embancadas ou gavetas e nunca deixadas espalhadas.

• As crianças podem desenvolver a capacidade deutilizar as ferramentas de forma segura, mas isso exigea atenção do educador com relação ao tipo deferramenta e às formas de apresentação e organizaçãoque sejam adequadas a cada faixa etária. Criançasdevem sempre utilizar equipamentos de proteçãoquando utilizarem ferramentas elétricas.

• Ferramentas com lâminas, como estilete e tesoura,nunca devem ser soltas abertas, devendo permanecerfechadas fora do período de uso.

• Ferramentas podem ser perigosas, tanto para criançascomo para adultos, se utilizadas de formainadequada. Atenção à forma de utilização dasferramentas é essencial, por isso, leia sempre omanual e as instruções de segurança da embalagem.

• Utilize equipamentos de proteção como óculos e luvasempre que necessário, principalmente se estiverutilizando ferramentas elétricas.

• Ferramentas elétricas devem sempre estar desligadas

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da tomada durante a troca de acessórios (brocas, etc.),e enquanto não estiverem em uso.

Abaixo apresento Algumas ferramentas básicas:

Tesoura Estilete Lixa

Furadores Agulhas Alicates

Isqueiro Removedores decolas

Serras de Arco

Furadeira elétrica Serracopo(Acessório)

Microrretífica

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MATERIAIS

Existem inúmeros materiais que podem serutilizados para construção de brinquedos. Estes podem sercomprados (material de papelaria, artesanato ouconstrução) ou reaproveitados (sucatas e materiais danatureza).

Na construção de brinquedos, os materiaisreaproveitados e os naturais devem ser priorizados devidoa redução dos custos (permitindo a constante renovação dobrinquedo e a fácil aquisição de novas peças no caso denecessidade de reparos) e a grande diversidade existente decores, texturas, cheiros, formas, tamanhos, etc.

Alguns cuidados devem ser tomados no processo deseleção dos materiais que serão utilizados:

• Embalagens e outros materiais que entraram emcontato com produtos tóxicos (agrotóxicos, metaispesados, produtos de limpeza pesada, etc.) devem serevitados por apresentarem risco a saúde.

• Em brinquedos para crianças pequenas, películasplásticas (sacos, sacolas, etc.) nunca devem estarexpostas, por apresentarem risco de asfixia. Cuidadotambém com peças pequenas, que podem ser engolidas.

• Cordões e elásticos devem ter comprimento máximo de22 cm quando tensionados pois apresentam perigo deestrangulamento (segundo orientação de normas desegurança do brinquedo para crianças até 3 anos).Brinquedos com conexão que apresentem cordas eelásticos devem ser oferecidos sempre sob supervisão de

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um adulto.• O teste de qualidade do brinquedo artesanal deve ser

feito pelo adulto impondo ao brinquedo esforçosmoderados, simulando assim a exploração intensa queserá feita pela criança. Durante o período de testes écomum o brinquedo se mostrar inadequado ao usodevido a fragilidade ou presença de aparas cortantes,exigindo soluções criativas e melhor acabamento.Lembre-se que acabamento é uma qualidade que seaprimora com o tempo, a repetição e a execuçãoatenta, qualidade é mais importante do quequantidade, não se esqueça disso!

Abaixo apresento alguns materiais básicos:

Papel contact Barbante coloridoFio de malha

(trapilho)

Elástico roliço Fita de Cetim Tecido

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Garrafas PETEmbalagens

plásticasGalões de Água

Fita Crepe Fita adesiva Miolos de FitaAdesiva

Tubos de Papelão Baldes de PapelãoBobina de nota

fiscal

Conexões PVC Tubos PVCSoldáveis

Retalhos deMadeira

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A FORMAÇÃO

A formação é realizada de forma teórico-prática, com4 horas de duração, e grupos de 40 a 80 participantes.Têm como objetivo sensibilizar e capacitar educadoras(es)enquanto agentes ativas(os) e críticas(os) na elaboração etransformação de seus ambientes educativos. A proposta éoferecer um espaço de vivência e reflexão propondodinâmicas em diferentes linguagens com o objetivo deestimular a autonomia de construção de brinquedos e aelaboração de propostas lúdicas inovadoras. Esta dividaem três etapas e é permeada por brincadeiras da culturada infância.

1° Etapa: Vivência lúdica de diferentes brinquedosestruturados e não estruturados, organizados e oferecidosem uma “mandala de brinquedos”, que são explorados deforma livre e espontânea pelos participantes.

2° etapa: Dinâmica e diálogo reflexivo sobre asexperiências vivenciadas na 1° etapa e suas impressõesresultantes. O objetivo é sensibilizar os participantes comrelação a importância de seu papel como mediador dosespaços e materiais disponibilizados para o brincar.

3° Etapa: Construção de pelo menos um dosbrinquedos vivenciados pelos participantes durante a 1°etapa. Esta proposta prática tem como objetivo oferecer aoportunidade de experimentação de um processo criativocom aplicação imediata. Os brinquedos construídos sãolevados pelos participantes ou ficam para o acervo lúdicoda instituição.

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MANDALA DE BRINQUEDOS

A mandala de brinquedos é um espaço demarcadosobre o piso, composto por conjuntos de brinquedosestruturados e não estruturados, organizados por temas evivenciados pelos participantes de forma rotativa durantea 1° etapa da formação.

O conjunto de brinquedos é composto por diferentesobjetos que apresentam grande variedade de cores, texturas,formas, desafios corporais, tipos de materiais, etc. Eles estãoorganizados nos seguintes conjuntos temáticos: jogos; formas& cores; empilhar & encaixar; sensorial; equilíbrio; pesos& texturas; som; bolas e fantasias & acessórios.

A seguir apresento os conjuntos e detalho os objetos queos compõem. O objetivo não é definir uma propostadefinitiva mas apresentar uma das muitas forma deorganização desta abundância de materiais existentes eque podem ser utilizados como objetos lúdicos.

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JOGOS

Alguns jogos são capazes de buscar lá no fundo deuma pessoa seu grito de criança, perdido entre os diasatarefados. Um dado lançado, um susto e uma explosão degargalhas... Corpos que jogam com o equilíbrio entre atensão e a atenção.

• PEGA RATO

Participantes: 3 a 6 Componentes: 50 (cinquenta) fichas queijo, um tampãogato, um tabuleiro queijo, 6 (seis) ratos e 2 (dois) dadosPreparativos: Cada jogador recebe de 8 a 10 pedaços dequeijo, coloca seu ratinho sobre o tabuleiro queijo e oseguram pela ponta do rabinho. Um dos participantes deveser escolhido para ser o gato.Início do jogo: O gato joga os 2 dados e se a soma resultarem “7” ou “11” ele ataca. O rato que for pego deve pagarao gato 1 pedaço de queijo. Por sua vez o gato pagará 1queijo a cada rato que escapar. Se a soma não for 7 ou 11o gato pode fingir que vai atacar, e os ratos que caírem notruque pagam 1 queijo ao gato. Os ratos também podem

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tentar enganar o gato e outros ratos. Se o gato atacarquando não deve ele paga 1 queijo para cada rato que nãosaiu do tabuleiro. Mas se o gato errar e o rato fugiu desusto, houve empate e ninguém pega queijo. A cada trêsjogadas de dados troca o gato: o participante com o gatodeve entregá-lo ao jogador à sua esquerda, trocando pelorato deste.Fim de jogo: O jogo termina quando acabarem os pedaçosde queijo de um dos participantes, ganha quem tiver maispedaços de queijo.Variação: Outros tipos de dado podem ser utilizados: umdado de “6” (tendo como referência os números 3 ou 6),dado de cores (primária e secundárias), dado de sinaismatemáticos, dado de gato (duas faces gato e quatro faces“X”) ou apenas a fala, em voz alta, ideal para jogar comcrianças pequenas (contagem 1, 2, 3!).

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• DEDO CORES

Participantes: 3 ou maisComponentes: conjunto de elásticos de cabelos de diferentescores (cerca de 60 elásticos). O jogo pode conter um moldede mão em madeira, acrílico ou mdf (opcional).Preparativos: todos os elásticos devem ser espalhados pelochão em meio a uma roda com todos os participantes. Umdos participantes deve ser selecionado como “mão da vez”.Início do jogo: O participante “mão da vez” deve separarum elástico de cada cor e de forma reservada montar naprópria mão (ou no molde de mão) um gabarito. Apósfinalizado o gabarito, este deve mostrar aos outrosparticipantes, que devem repetir o gabarito em qualqueruma de suas mãos. Fim de jogo: Quem conseguir montar o gabarito e anunciarprimeiro ganha a partida e torna-se o “mão da vez” darodada seguinte.

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FORMAS & CORES

Compor, encaixar, organizar de modo a se encantarenquanto compõe com as formas e cores. A profundidadeda experimentação refletida na seriedade com que sedispõem e organizam os objetos. Cada ser humano tem suamaneira de ver, pensar e criar. Quem sabe criar alvos paramirar, ordenar e desordenar... são muitas as formas deinventar e dar sentidos aos objetos.Componentes:

Palitos de sorvete plásticos coloridos

Tubos de papelão encapados com barbante

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Argolas plásticas coloridas

Argolas de madeira de diferentes tons

Miolos de fita adesiva encapados com barbante colorido

Tampas plásticas coloridas

Cones esportivos

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EMPILHAR & ENCAIXAR

O desafio de conquistar alturas, equilibrar comcuidado e atenção as formas até que a gravidade ganheespaço e tudo volte ao nível do solo. Objetos que conversam,que propõe composições e encaixes, libertam sonsdesconhecidos e nos convidam a experimentar semresultados previamente esperados, um criar que se constróide forma livre e potente, um fim em si mesmo.Componentes:

Carretéis plásticos de alta resistência

Carreteis plásticos simples

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Tubos de papelão

Piso táctil direcional

Sifão plástico sanfonado

Tubos em PVC

Conexões em PVC

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Caixa plástica de DVD

Cones plásticos de linha

Tubos plásticos de bobina

Brinquedo de sucata

Mola de suspensão veicular

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SENSORIAL

O que será isso? O que isso faz? Será que conhecemosde tudo um pouco ou ainda haverá sempre algo aconhecer? Explorar é uma das maneiras mais profundasde vivenciar o mundo material, suas formas e sentidos.Para que serve isso? Não sei! Mas o que será que eu consigofazer com isso? Temos então uma proposta mais profunda,que dá liberdade para brincar com os signos eressignificá-los. Componentes:

Massageadores manuais madeira

Massageadores manuais plástico

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Objetos em madeira e bambu

Objetos plásticos

Objetos utilitários

Objetos em tecido

Buchas e escovas

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Balde de galão com tampa

Bolsa de tecido

Desafios lógicos

Cavalo de pau

Cesto de palha

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EQUILÍBRIO

Desafiar-se buscando o equilíbrio que nos coloca noeixo. Subir, gira, rolar! No início o suporte da mão quedá confiança, mas que aos poucos se solta e permite que omedo seja vencido. No final a conquista! Ou então umaqueda, que nos convida a tentar novamente, o desejo desuperar nossas limitações e ultrapassar nossos limites. Odespertar do corpo em reconhecimento de suas capacidades.Componentes:

Escada multifuncional

Tapete antiderrapante texturizado

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Pranchas de propriocepção

Tubo de papelão grosso

Mandala de pneu (filtro dos sonhos)

Tecido elástico

Balanço(corda e tubo de papelão)

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Pé de madeira

Bambolê

Corda de pular

Pneu de moto

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PESOS & TEXTURAS

Organizar, equilibrar, compor, sobrepor, explorarcom a mão e o corpo, sentir o peso, a textura, o cheiro,desfrutar um conjunto de sensações que se formam durantea análise do desconhecido até que este se torne familiar.Surge uma hipótese, um palpite, uma tentativa de desvelaro que não pode ser visto mas pode ser sentido. Faz-se apergunta só para ter certeza: - Ah! Eu sabia.Componentes:

Blocos de madeira

Saquinhos de tecido com temperos e sementes

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Castanhas, sementes e cascas

Galhos (em anéis)

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SOM

A alegria do encontro com o outro, com a música,com os sons que se formam da experimentação dosinstrumentos. Explorar a liberdade de expressão sonora deforma a preencher todos os ouvidos com a deliciosaalgazarra que surge desse tocar. A busca do ritmo, docompasso, que se forma e se transforma no coletivo,fazendo transbordar um sorriso, leve como o som que ecoapelo ar. Componentes:

Agogô de castanha

Apitos (pássaros e esportivos)

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Brinquedos sonoros

Castanholas

Caxixi e cabaças

Chocalhos

Conguê de Coco

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Maracas

Flautas

Gaita e afinadores

Claves ou pauzinhos

Reco-reco

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Tamborim

Triângulo

xequerê

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BOLAS

JQuicar, saltar, pular, convidar o corpo ao movimento

e a experimentação. Quando rola provoca o encontro, como leve ou pesado, sólido ou oco, duro ou macio, quetambém desmonta, faz barulho ou muda de formato.Envolve num toque, os pés, as mãos, o corpo inteiro, comonuma dança, solitária ou coletiva, que acolhe e desafia.

Componentes:

Bolas plásticas

Bolas de sucata

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Bolas para propriocepção

Bolas artesanais diversas

Bolas de crochê (bolas amigurumi)

Novelos

Bolas de madeira

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Bolas esportivas

Embalagens circulares e esféricas

Galão 20 litros com aberturas circulares

Rampa

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TECIDOS & ACESSÓRIOS

Um tecido, uma pulseira, uma coroa, um detalheque transforma e potencializa a imaginação. Uma buscainterna - Quantos eu sou? Quem eu posso ser? É necessáriodespir-se de si para ser outros, na busca dos muitos outrosque existem dentro de nós e que completam o que já somos.A aventura de descobrir novas formas de ser, se reinventar,permitir-se libertar o corpo e mergulhar na fantasia.

Componentes:

pulseiras

Colares (diferentes cores, materiais, acabamentos, texturas, comprimentos, etc.)

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Cesto de Vime

Cabeleiras

Coroas

Braceletes

Retalhos de tecido

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DINÂMICAS E BRINCADEIRAS

• MUSICA DE SENSIBILIZAÇÃOÁlbum: Cantavento - Esticador de horizontes

Esticador de horizontes (brincadeiras com poemas deManoel de barros)“Isso tudo porque a gente foi criado em um lugar onde nãotinha brinquedo fabricado, e não tendo brinquedofabricado, era a gente que tinha que inventar os nossospróprios brinquedos. E eram boizinhos de osso, automóveisde lata, bolas de meia. A gente via um sapo e imagina queele era um boi de cela. A gente olhava para ele e viajava.Outra coisa que a gente fazia era ouvir nas conchar ossegredos do universo. Eu acho que o quintal onde a gentebrincou quando era criança é muito maior do que acidade, a gente só descobre isso depois de grande. A gentedescobre que o tamanho das coisas há que ser medido pelaintimidade que a gente tem com elas!”

Bagunça (João Mendes Rio)Nós somos a nova criançasQueremos ar, mar e terraQueremos amar a terraAndamos voando voadoPelo pátio da cibernéticaSe peixe quer mar ave voar criança bagunçar

Nós somos a nova criançasQueremos ar, mar e terraQueremos amar a terraAndamos voando voadoPelo pátio do planeta terraSe peixe quer mar ave voar criança bagunçar

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• ABRE A RODA TIN DÔ LÊ LÊ

Abre a roda, tin dô lê lê

Abre a roda, tin dô lá lá

Abre a roda, tin dô lê lê êtin dô lê lê ê

Tin dô lá láE vai andando...Bate palma...me dê sua mão...requebradinha...de trenzinho...de marcha a ré...bem baixinho...

etc.

Como se brinca: Uma roda cantando e fazendo os gestos que o texto sugere,expressando os comandos que vão surgindoespontaneamente.

Onde aprendi:Com Lydia hortélio, no Cd Abre a roda tin dô lê lê,brincadeira registrada em Terra nova-BA.

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• TOPÊ TOPADA

Topê...Topada...Lagartixa...Baleada...Quando eu vejo...a lagartixa...só me lembro...da topada...

Topê, topada, lagartixa baleada, quando eu vejo a lagartixa só me lembro da topada

Como se brinca: A cada verso, palma da mão direita para cima e a daesquerda para baixo; palmas com a outra em frente;consigo mesma (3x). Na última frase “da topada...” bate-seapenas uma vez consigo mesma, em seguida fala-se todo otexto sem intervalos fazendo a seguinte sequência: costas damão com a outra em frente; palmas com a outra em frente;consigo mesma, nessa etapa acelera-se o ritmo até quealguém erre!

Onde aprendi:Evento quintal do casarão (Centro cultural casarão emCampinas-SP), com Priscila Candeloro, brincadeiraregistrada em Japaratuba-SE

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• ANA MARIA

Ana Maria ficou de catapora por vinte e quatro horasvige!

Como se brinca: As crianças formam uma roda e começam a pular sem sairdo lugar, no ritmo da parlenda, os pés bem próximos.Quando dizem “vige!”, dão um pulinho maior e caem comos pés um pouco afastados. Retomam a parlenda um poucomais rápido, e quando dizem novamente “vige!”, caemcom os pés ainda mais separados. Assim vão acelerando eaumentando o afastamento dos pés, até que chegam cadauma no seu limite, vão caindo e saindo da roda. É ovencedor aquele que conseguir ficar mais tempo.

Onde aprendi:Com Lydia hortélio, no Cd Abre a roda tin dô lê lê,brincadeira registrada em Belo Horizonte-MG

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PARA SABER MAIS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de EducaçãoBásica. Brinquedos e brincadeiras de creche: manual deorientação pedagógica – Brasília: MEC/SEB, 2012.

BROUGÈRE, Gilles. Brinquedo e cultura; trad. GiselaWajskop. - 8°ed. - São Paulo: Cortez, 2010. (Coleçãoquestões da nossa época; v.20)

CLOUDER Christopher. Brincadeiras criativas para o seufilho: uma forma lúdica de aumentar a concentração emelhorar o desenvolvimento das crianças / christopherclouder e janni nicol; [tradução Áurea Akemi Arata]. -São Paulo: Publifolha, 2009.

DIEM, liselott. Os primeiros anos são decisivos / traduçãode Maria Madalena Würth Teixeira – Rio de janeiro, RJ:Editora tecnoprint S.A., 1980.

FMCSV. Primeiríssima infância da gestação aos três anos:percepções e práticas da sociedade brasileira sobre a faseinicial da vida. Org: Eduardo Marino & Gabriela A.Pluciennik. São Paulo: Fundação Maria Cecilia SoutoVidigal, 2013.

GOEBEL, Wolfgang & GLÖCKLER, Michaela. Brinquedoscondizentes com a idade In: Consultório Pediátrico – umconselheiro médico-pedagógico. Trad. Sonia Setzer, SãoPaulo: Editora Antroposófica, 2002 (p. 250-252)

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HORTÉLIO, Lydia. Abre a roda tin dô lê lê [encarte e cd-rom]

LÉVY, Janine. O despertar para o mundo: os três primeirosanos da vida. Tradução: Luiz Cláudio de Castro e Costa.São Paulo: Martins Fontes, 1985.

MAJEM, tere. descobrir brincando / tere majem e pepaòdena; traução de suely Amaral Mello e Maria CarmenSilveira Barbosa – Campinas, SP: Autores Associados,2010. (Formação de professores. Série educação infantil emmovimento)

SIAULYS, Mara O. de Campos. Brincar para todos -Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de EducaçãoEspecial, 2005.

SILVA, Lucilene. Eu vi as três meninas: música tradicionalna infância na aldeia de carapicuíba [texto, cd-rom edvd] 1° ed. - carapicuíba, SP: zerinho ou um, 2014.

WEISS, Luise. Brinquedos & engenhocas: atividades lúdicascom sucata. São Paulo: Scipione, 1997. (Coleçãopensamento e ação no magistério)

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“Muito mais do que mostrar brinquedos interessantes, épreciso transpor barreiras internas que dificultamaos(as) educadores(as) vivenciar livremente o brincar'como se fosse uma criança'. Não de modoinfantilizado, mas em toda a sua potência criativa, obrincar que flui de dentro, que transborda, mediadopelos materiais e pela presença dos outrosparticipantes.”