"Não desejo mal a ninguém. Fazer o mal? Nem sei como isto se faz" Janusz Korczak.
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"Não desejo mal a ninguém. Fazer o
mal? Nem sei como isto se faz"
Janusz Korczak
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Janusz Korczak (pseudônimo tirado de um romance pouco conhecido de Kra Szewski. ) — cujo
nome verdadeiro era Henryk Goldszmit — era
um homem humilde e simples na sua mais profunda acepção.
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Pertencendo a uma família da elite cultural polonesa, teve a melhor
formação médica da época (1898-1904) em Berlim.
Nos seus 8 anos de prática profissional deu preferência à população pobre da qual não cobrava. Como pediatra tinha
conceitos avançados para a época e modernos para os nossos dias.
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Um pouco desgastado com a prática médica
(decepcionado com a comercialização da
medicina e as intrigas acadêmicas) reconciliou-se com ela através da pediatria
social: "os remédios são instrumentos auxiliares e
não substitutos da higiene e da ajuda social à família".
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Ele cresceu na solidão, preservado das influências do exterior, sem se dar conta
que era judeu, e sem saber o que isso significava.
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Com trinta e quatro anos
ele abandonou o exercício da
medicina para dedicar toda a
sua vida às crianças.
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A idéia fixa de consagrar sua vida às crianças parecia
possuí-lo. Ele não era um idealista ingênuo; o que o
caracterizava era uma compreensão extraordinária da criança e a convicção da necessidade de lutar pelos
seus direitos no mundo governado pelos adultos.
Como verdadeiro reformador, ele julgava que mesmo uma só pequena vela acesa valia
mais que lamentar-se da escuridão.
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Com o objetivo de criar um ambiente adequado para suas crianças e alunos, ele inaugurou, em abril
de 1912, o orfanato Lar das Crianças, na rua Krochmalna, em Varsóvia. Seu público-alvo eram as crianças judias carentes. A casa acolheu 200 delas
— e os fundos para o empreendimento foram conseguidos com os judeus mais proeminentes do
país.
"Sem uma infância serena e completa, toda vida posterior fica mutilada."
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Em 1942, os nazistas ordenaram a transferência do orfanato para uma casa pequena e suja, no gueto de
Varsóvia. Em 5 de agosto do mesmo ano, durante a liquidação do gueto
de Varsóvia, os hitleristas ordenaram o agrupamento das crianças do
orfanato de Korczak e o envio das mesmas ao campo de morte de
Treblinka. O ‘Velho Doutor’ reuniu duzentos pupilos, os fez colocar-se
sabiamente em fileiras e, à sua frente, partiu com eles para o
‘Umschlagplatz’, no cruzamento das ruas Stawki e Dzika, onde todos
foram colocados em vagões de carga e enviados para os fornos
crematórios.
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Entre os milhões de mortes anônimas, a de Korczak tem um grande significado. Nos campos e guetos, ele se tornou para muitos, uma inspiração,
pois o que mais o ajudava a sobreviver era a convicção obstinada e indestrutível que a
dignidade humana poderia vencer , embora tudo parecesse provar o contrário.
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Ele morreu com suas crianças na câmara de gás, em Treblinka. Mas apesar de mais de meio século ter se
passado desde sua morte, a história não deixa margens a dúvidas: existe o homem, dentro dele um cérebro,
junto com ele um coração e acima de todos seus sentidos uma faísca Divina: uma neshamá.
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Como o próprio Korczak acreditava:
"mesmo uma só pequena vela acesa vale mais que lamentar-se da escuridão", desejo que hoje
não seja apenas um dia de dor e lamento. Que possamos sentir e chorar pelos que se foram, mas que ao mesmo tempo possamos acender a chama de muito mais luzes, verdadeiras obras divinas
chamadas Filhos, Netos, Bisnetos daqueles que já não se
encontram entre nós… fisicamente.
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Conhecer profundamente a história de vida de Janusz
Korczak, nos faz acreditar que existem seres humanos
capazes de mudar o pensamento e o rumo desse
mundo seco e vazio de sentimentos e solidariedade.
Que a chama desse herói reacenda em nossos corações
e que surjam muitos Korczak no século XXI
Que assim seja...
Denise Wasserman