Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores...
-
Upload
dinhnguyet -
Category
Documents
-
view
215 -
download
0
Transcript of Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores...
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Resumo Oestabelecimentodeatitudesdisciplinaresefetivas,no sistema educativo, é fundamental para assegurar osucessoacadémicoeprovidenciarumclimadeaprendizagemseguro,comomeiodepossibilitarfinsmaisnobres,comoaautoformação,autoestimaeaauto-confiança.Oobjetivodestetrabalhofoiodeanalisar,paraumaamostraconstituídapor777alunosdeEducaçãoFísica(EF),ainfluênciadosfatoresmotivacionais, antecedentes pessoais, socias e contextuaissobre as atitudes disciplinares dos estudantes do EnsinoBásicoeSecundárioPúblicoemPortugal.Atravésdaanálisedomodeloderelaçõescausais,osresultadosmostraramque,independentementedacompetênciapercebida,asconceçõesincrementaisdaaptidãoatléticaeaorientaçãoparaatarefamediadospeloclimamotivacionalpercebidoparaatarefasãofatorespreditoresfavoráveismaisimportantesnaexplicaçãodo surgimento das atitudes disciplinares. Por outro lado,conformehipotetizado,oclimamotivacionalpercebidoparaatarefadesfavoreceosurgimentodacondutaindisciplinardo aluno. Por fim, a consistência dos resultados, similaresa outros estudosproduzidos, evidenciama importância dacriaçãodeumclimamotivacionalorientadoparaatarefa,nasaulasdeEducaçãoFísica,demodoaqueesteproporcioneumaaprendizagemótimadaEducaçãoFísicaescolar.
Palavras-chave:Conceçõesdeaptidãoatlética;Orientaçõesparaobjetivosderealização;Climamotivacional;Atitudesdisciplinares/indisciplinares
136
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
Motivation in Physical Education: Factors influencing the School Discipline
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Abstract Theestablishmentofeffectivedisciplinaryactions,theeducationsystemiskeytoensuringtheacademicsuccessandprovideasafelearningenvironment as ameans of enablingmore noble purpose, such as self-education,self-esteemandself-confidence.Thepurposeofthisstudywastoanalyzeforasampleof777PhysicalEducationstudents,theinfluenceof motivational factors, personal, social and disciplinary context on theattitudes of students in Public Elementary and high school Education inPortugal.Byanalyzingthemodelofcausalrelationships,theresultsshowedthat,regardlessofperceivedcompetence,athleticabilitybeliefsandtaskorientationmediatedbytaskperceivedclimatearemorefavorablepredictivefactors important in explaining the emergence of disciplinary actions. Inaddition,thetaskperceivedclimatediscouragestheemergenceoftheunrulyattitudes.Finally,theconsistencyofresultssimilartootherstudiesproducedevidenceof the importanceof creatinga task-orientedclimate inphysicaleducationclasses,sothisprovidesanoptimallearningofPhysicalEducation.
Keywords:Conceptionsofathleticabilitybeliefs;Goalorientations;Perceivedclimate;Disciplinary/indisciplinaryattitudes
137
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
Motivación en la Educaión Fisica: Factores influyentes de la escuela disciplina
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Resumen Elestablecimientodeactitudesdedisciplinaefectivasenelsistemaeducativo,esfundamentalparaasegurareléxitoacadémicoyfavorecerunclimadeaprendizajeseguro,posibilitandolaadquisicióndevalorescomolaautoformación,autoestimayautoconfianza.Elobjetivodeestetrabajofueanalizar,enunamuestraconstituidapor777alumnosdeEducaciónFísica,laimportanciadelosfactoresmotivacionales,losantecedentespersonales,socialesycontextualessobrelasactitudesdedisciplinaenlosestudiantesdeEnseñanzasBásicasySecundariasenPortugal.Atravésdelanálisisdelosmodelosderelacionescausales,losresultadosmuestraque,independientementedelacompetenciapercibida,elconceptoincrementaldecapacidaddeportivay laorientacióna latarea,mediadospor el clima tarea, son los factores predictores más importantes en laexplicacióndelasactitudesdediscriplina.Además,elclimatareapredicenegativamentecomportamientosdeindisciplina.Porúltimo,señalarlaconsistenciadeestosresultadosconotrosestudiosdesarrollados, destacando la imporancia de la creación de un clima queimpliquealatarea,enlasclasesdeEducaciónFísica,quemodoqueesteproporcioneunaprendizajedeestamateria.
Palabras claves:Conceptodehabilidaddeportiva;Orientacionesdemeta;Climamotivacional;Actitudesdedisciplina/indisciplina
138
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
Introdução Etimologicamenteotermo“disciplina”provémdosverboslatinosdiscere(aprender),docére(ensinar),assimcomodeoutrosvocábulos,comodidática(artedeensinar),sendoaplicadoaváriosconceitos,p.ex.,umaunidadecurricular(conjuntodeconhecimentosespecíficosqueseensinam em cada cadeira de um estabelecimento escolar), conjuntoderegrasouordensqueregemocomportamentodeumapessoaoucoletividade, obediência; capacidade de controlar um determinadocomportamentode formaa respeitar regrasou conseguir resultados,conjunto de normas que regulam a convivência na sala de aula eque permitem a manutenção da ordem coletiva para a organizaçãodas tarefas da aprendizagem (DelVillar, 2001). Porém, émais usualassociar a palavra ao autodomínio em todas as situações da vida,particularmente,nafamiliareescolar(Barros,2009).Associadoaestetermo,encontramoscomfrequênciaadesignação“atitudedisciplinar”.Asatitudessãoconsideradaspredisposiçõesinternashumanas(dopróprioorganismo),estáveiseduradouras,paraqueaspessoassecomportemoureajamdedeterminadaformaemrelaçãoaoutraspessoas,objetosousituaçõesespecíficas.Agrandemaioriadosestudiososacreditamqueasorigensdasatitudessãoculturais(tendemosaassumirasatitudesqueprevalecemnaculturaemquenascemosecrescemos),sãofamiliares(partedasnossasatitudessãoadquiridasdentrodaestruturafamiliarepassamdegeraçãoemgeração)esãopessoais(porquetambémsãoresultantesdanossaprópriaexperiência)etêmorigem,principalmente,nasrelaçõesfamiliares.
Oestabelecimentodeatitudesdisciplinaresefetivas,nosistemaeducativo, é fundamental para assegurar o sucesso académico eprovidenciarumclimadeaprendizagemseguro,comomeiodepossibilitarfinsmaisnobres,comoaautoformação,autoestimaeaauto-confiança.
Osproblemasdedisciplina,noEnsinoPúblicoemPortugal,comoasatitudesdisruptivasnasaladeaula,vandalismo,bullyingeviolência,são comuns em todas as áreas do conhecimento que constituem ocurrículo da educação, chegando a produzir sérias consequências noprocessoensino-aprendizagem,aolimitarotempodeaprendizagemdoaluno (Fernández-Balboa, 1991; Ishee, 2004). De acordo com Ishee(2004), umamaior compreensão da perceção dos professores e dosalunosdasatitudesdisciplinaresqueocorremnaaula conduzirão,noambienteeducativo,acaminhosmaisefetivosdecontroloeemdefinitivomaiorrendimentoescolar.Noentanto,aindasãopoucososestudosqueinvestigaram,noterrenodaEducaçãoFísica,osurgimentodasatitudesdisciplinares e, inversamente, das indisciplinares nas aulas (Lewis,2001).Estassãoexplicadaspelosfatorespessoais,sociais,contextuaisesituacionais,dadoqueaobtençãodascondutaspró-sociaisnascriançasejovenséumdosobjetivosquedevesercumpridonomeioeducativo(Anderson,Avery,Pederson,Smith&Sullivan,1997),deformaaaplicarregrasquepossibilitemadiminuiçãodasatitudesindisciplinares.
Dentro do paradigma sócio-cognitivo são poucos os estudospublicados que relacionam os construtos da perspetiva dos objetivosde realização com os comportamentos disciplinares dos discentes.Váriaslinhasdeinvestigaçãosugeremqueutilizandoasconceçõesdos
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
139
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
objetivosderealizaçãoimplicadasparaatarefa,aumentaacompetênciapercebida,assimcomoasatitudesdisciplinares(Roberts,Treasure,&Conroy, 2007). Em contextos da aprendizagem, uma das diferençasfundamentaisentreaspessoasorientadasparaorendimentoeparaatarefa,residenomodocomoosmesmosdefinemeavaliamacompetência(Nicholls,1989).DeacordocomNicholls,seapessoaestivermotivadaparaatarefa,oconceitodaaptidãoéindiferenciadaeacompetênciapercebidatorna-semenosrelevante,umavezqueoindivíduoprocurademonstraroudesenvolverodomíniodatarefa,emvezdedemonstrarcapacidade normativa. Os indivíduos nestas condições, tendem ainterpretar a competência baseadas em critérios auto-referenciais damelhoria e do esforço pessoal e estão, principalmente, preocupadoscomodomíniodatarefa(Elliott&Dweck,1988),sendomuitoprovávelque, perante o fracasso persistirão mais, mostrarão mais esforço,selecionarão tarefasdesafiadoras,e interessar-se-ãomaispela tarefa(Dweck, 1986; Nicholls, 1989; Roberts, 2001; Roberts et al., 2007),independentementedograudaperceçãodecompetênciae,ofracassoé percebido como um elemento de aprendizagem para melhorar. Asinvestigaçõesdesenvolvidas,têmevidenciado,claramente,queoestadomotivacionalparaatarefaconduzaconsequênciascognitivas,afetivase comportamentais adaptativas, i.e., está normalmente associada apadrõescomportamentaisderealizaçãoqueaumentamaprobabilidadederealizarcomsucessoumatarefa,maiorpersistênciaefetivafaceaoerrocometidoemaioresatitudesdisciplinares.
Emcontraste,seoindivíduoestivermotivadoparaorendimento,oconceitodaaptidãoédiferenciadaeacompetênciapercebidatorna-seumfatordeavaliação importante.Comefeito,em funçãodograudesta avaliação, o produto do estadomotivacional, origina dois tiposde comportamentos de realização. Se o indivíduo motivado para orendimento consegue demonstrar alta capacidade normativa emcomparação favorável aos seus adversários diretos, evidencia umaperceção da competência alta e, estará inclinado a dispender maiorquantidade de esforço para realizar o objetivo de ação, mantendo-ae,hipoteticamente,exibirãocomportamentosderealizaçãoadaptativos(Nicholls, 1992; Roberts et al., 2007). Estes são os indivíduosque buscam ambientes competitivos, porque desejam demonstrarsuperioridade.Poroutrolado,seoindivíduomotivadoparaorendimentoperceber que a sua capacidade, em comparação aos pares diretos,não é favorável (perceção de competência baixa), tem dificuldadeemmanter o sentimento de competência na atividade e, é provávelque semanifestem comportamentos de realização pouco adaptativos(Nicholls,1989).Estetipodecondutas,secaracterizampeloevitamentodosdesafios,dastarefase,pelareduçãodoesforçofaceàdificuldade,inclusivamente,oabandonodaatividade(Roberts,2001),bemcomo,osurgimentodemaioresatitudesindisciplinares.Estassãoaspessoasqueevitamcontextoscompetitivos,umavezqueéprovávelqueafaltadealtacapacidadenormativasejaexposta.Emboraoparticipantepossaver estes comportamentos de evitação como adaptativos, visto quedisfarçamafaltadaaptidão,estessãoconsideradosdesadaptativosemtermosdocomportamentoderealização.
140
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
Um dos autores que, mais trabalhos tem produzido, com osconstrutos“atitudesdisciplinares”emcontextoeducativo,éPapaioannou.Em1998,esteautor,comumaamostracompostapor674estudantesgregosdeEducaçãoFísica, com idades compreendidasentreos10eos15anos,desenvolveuumestudode investigaçãocujos resultadoscomprovaramqueumestadomotivacionalparaa tarefaseassociavapositivamente a razões intrínsecas (p.ex., a responsabilidade) paraser disciplinado. Pelo contrário, a orientação para o rendimento nãoapresentou evidência estatística de associação com as condutas queconduzemàsatitudesdisciplinares,enquantoqueumclimapercebidopara o rendimento se associou de forma positiva às estratégias dodocente,quepromovemumfocodecausalidadeexternonasaladeaulae, por consequência, maiores atitudes indisciplinares. Neste sentido,seguindoamesmalinhadeinvestigaçãoenomesmocontexto(nafaixaetáriados12aos16anos),outrosautores(Cervelló,Jiménez,DeVillar,Ramos & Santos-Rosa, 2004; Cervelló, Jiménez, Fenoll, Ramos, DelVillar&Santos-Rosa,2002;Moreno,Alonso,MarinezGalindo&Cervelló,2005; Spray, 2002 e Spray & Wang, 2001), também, encontraramresultadosquesustentamopressupostodeque,aorientaçãoparaatarefaeapercepçãodeumclimamotivacionalparaatarefaserelacionampositivamentecomasatitudesdisciplinaresdosdiscentes,sendoestasmaispredominantesnosexofeminino.Poroutrolado,aorientaçãoparaorendimentoeapercepçãodeumclimamotivacionalparaorendimentoseassociamdiretamentecomasatitudes indisciplinares, sendoestaspredominantesnosexomasculino.
Paraalémdisso,osresultadosencontrados,noestudoconduzidoem2001,porSprayeWang,revelaramqueosdiscentesmaisdisciplinadosforamaquelesquemostraramumaaltaorientaçãoparaatarefaeparao rendimento, percebem maiores sentimentos de autonomia e decompetência,aopassoqueosalunosinseridosnosegundogrupo,maisindisciplinados, apresentaram pontuaçõesmais baixas nestas variáveis.Estesautoresconcluemque,aconduçãodeumclimamotivacionalparaa tarefa promovido pelo docente reforça a orientação para a tarefa dodiscente,bemcomoousodeestratégiasqueaumentemossentimentosdecompetência,favorecemoscomportamentosdisciplinaresnasaladeaula.
De acordo com os resultados encontrados em trabalhos deinvestigaçãosimilares(Cervellóet al.,2002;Papaioannou,1998;Spray,2002;Spray&Wang,2001),acreditamosqueexisteumarelaçãocausalsignificativaeexplicativadasatitudesdisciplinares/indisciplinares, i.e.,asconceçõesacercadanaturezadaaptidãoatléticacomoresultadodaaprendizagemedoaperfeiçoamento,osobjetivosdisposicionaisdeaçãoecontextualmentedirigidosparaatarefaexplicarãopositivamenteasatitudesdisciplinares,edemodonegativoasindisciplinares.Poroutrolado,asconceçõesdeentidadedaaptidãoatlética,aorientaçãoparaorendimento,apercepçãodeumclimamotivacionalparaorendimentoassociar-se-ãodiretaelinearmentecomasatitudesindisciplinaresedeformanegativacomasatitudesdisciplinaresdosestudantes.Paraalémdisso,combaseemtrabalhosanteriores,acreditamosquetantooestadomotivacionalparaatarefacomoparaorendimento,estãofortemente
141
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
associadasàcompetênciapercebida,sendoesta,dependendodaforçadoestadomotivante,umfatordeterminantenaexplicaçãodasatitudesdisciplinares/indisciplinares.
Método PROCEDIMENTOEPARTICIPANTES
Paraarealizaçãodopresenteestudorecorremosaumaamostradeconveniência,compostapor777estudantescomidadescompreendidasentreos12eos19anos(Média=14.93,SD=1.79)deambosossexos(362rapazese415raparigas),doEnsinoBásicoeSecundáriopúblicodacomunidadeeducativadodistritodeSetúbal.
Paracumprirosobjetivosdanossainvestigação,entramosemcontato com os Presidentes dos concelhos Executivos e professoresdos departamentos de EF das escolas participantes, explicando-lhesos objetivos da investigação e solicitando a autorização para que osseus alunos participassem no preenchimento dos questionários.Seguidamente, e de forma semelhante, apresentamos os objetivosdoestudoesolicitamosaautorizaçãoaosEncarregadosdeEducaçãopara que os seus educandos participassem no preenchimento dosinstrumentosdeavaliação.
Osalunosforamtambémsolicitadosadaroseuassentimentoemparticipareesclarecidos sobreamecânicadepreenchimentodosquestionários, apresentando-lhes os objetivos gerais do estudo, comafinalidadedeassegurarmaior interesseeempenhonaparticipação.Clarificaram-sealgunstermosquepoderiamsuscitardúvidas,pedindo-lhesquerespondessemdaformamaissincerapossível,garantindo-lhesqueasrespostaseramconfidenciaisequesomenteoresponsáveldainvestigaçãoteriaacessoàinformaçãorecolhida.
Os instrumentos de avaliação, CNAAQ-2vp, POSQvp,LAPOPECQvpeICDIEFvpforamaplicadosa31turmasdo7ºanoao12ºanodeescolaridade,noâmbitodoestudo“EstudodaMotivaçãoesuasConsequências Comportamentais em jovens Estudantes de EducaçãoFísicaemPortugal”.
Assim,antesdoiníciodaauladeEF,cadaalunoteve15a20minutospararealizaropreenchimentocompletodosquestionários,demaneira individual, num clima que lhes permitisse concentrarem-sesemdistrações.Nãoforamdetetadasdificuldadesnainterpretaçãodosignificadodositensounomododepreenchimento.
INSTRUMENTOSDEMEDIDA
Questionário acerca da perceção da aptidão atlética – 2vp.Paraavaliar as conceções acerca da natureza da capacidade atlética dosestudantesnasaulasdeEF,utilizou-seatraduçãoparaPortuguês,comadaptaçãoaocontextoeducativo,daversãoinglesadoConceptions of the Nature of Athletic Ability Questionnaire – 2(CNAAQ-2)deBiddle,Wang,Chatzisarantis, eSpray (2003). Este instrumentodeavaliaçãoincluiduasescalasdimensionais,denominadasConceçõesIncrementaise de Entidade da Aptidão atlética. O primeiro construto, Conceções
142
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
Incrementais, abrange duas sub-escalas correspondentes a duasdimensões factoriais de primeira ordem: a “Aprendizagem” (3 itens,p.ex.,“…para obter sucesso no desporto preciso de aprender técnicas e habilidades, e depois treiná-as regularmente”)ea“Melhoria”(3itens,p.ex.,“…para ser bom no desporto, melhorarei sempre se trabalhar e me esforçar para isso”).Asegundadimensão,ConceçõesdeEntidade,inclui duas sub-escalas de primeira ordem: “Estável” (3 itens, p.ex.,“…sinto que é difícil alterar a minha convição em como sou bom no desporto”)e“Inato”(3itens,p.ex.,“…para ser bom no desporto, preciso ser naturalmente talentoso”). Relativamente a cada uma, o inquiridoindicaograudasconviçõespessoaisdecadaaluno,atravésdorecursoaumaescaladeLikertde5pontos,de1(totalmenteemdesacordo)a5(totalmentedeacordo).
Dois estudos anteriores sobre as propriedades psicométricasdo CNAAQ-2 (Biddle et al., 2003; Wang & Biddle, 2001), revelaramcoeficientes de fiabilidade satisfatórios: αCronbach = .75 e .73 para asConceções Incrementais e αCronbach = .70 e .71 para as Conceções deEntidade.Nonosso estudo, os resultadosdas respostas aos itensdoquestionárioCNAAQ-2vpmostraramíndicesdefiabilidadedeαCronbach = .64e.76,respetivamenteparaasConceçõesdeEntidadeeIncrementaisdaAptidão,revelandoumaconsistênciainternarazoável.
Relativamente às propriedades das escalas, verificou-se queas Conceções de Entidade e Incrementais da Aptidão apresentaram,respetivamentescoresmédiosde2.51(DP=.82)e3.79(DP=.69).
Questionário sobre a Perceção de Sucesso nas aulas de EF:Paraavaliar as orientações disposicionais para objetivos de realização dosestudantesnasaulasdeEF,utilizou-seaversãotraduzidaevalidadaparaalínguaPortuguesa(Fonseca&Brito,2001),comadaptaçãoaocontextoeducativo,daversãoInglesaPerception of Success Questionnaire(POSQ)deRoberts,TreasureeBalagué,(1998).Estequestionárioéconstituídopela descrição de 12 situações passíveis de ocorrer em contextoseducativos/desportivos, das quais 6 avaliam a dimensão Orientação para a Tarefa(e.g.“…demonstro clara melhoria no meu rendimento”ou“…alcanço um objetivo”)easoutrasseissereferemàOrientação para o Rendimento(e.g.“…sou o melhor”ou“…derroto os meus colegas”).Deformaanálogaaoquestionárioanterior,asquestõesestãoformuladasnumaescalatipoLikert,emquecadaitemtemumagamaderespostade1(totalmenteemdesacordo)a5(totalmentedeacordo)deacordocomograuemquealunoconsideraquesesentiriabemsucedidoseelaocorresseefetivamente.
Afiabilidadedoquestionário temdemonstrado,emdiferentesestudosdesenvolvidos,coeficientesdeconsistênciainternasatisfatórios,tantonoâmbitodesportivo(Fonseca&Brito,2001:Rendimento=.84eTarefa=.78)comonaEducaçãoFísica(Roberts,Treasure&Hall,1994:Rendimento=.82,Tarefa=.85).Nesteestudo,obtiveram-sevaloresdeαCronbach = .87e.83alphade,.87e.83,respetivamenteOrientaçãoparaoRendimentoeOrientaçãoparaaTarefa.Noquedizrespeito,àspropriedadesdescritivasdasescalas,verificou-sequeaaOrientaçãopara
143
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
oRendimentoeOrientaçãoparaaTarefa,apresentaram,respetivamentescoresmédiosde2.96(DP=.88)e4,20(DP=.60).
Questionário sobre as perceções das orientações para a aprendizagem e para o rendimento nas aulas de Educação Física.ParaavaliaraperceçãodosestudantessobreoclimamotivacionalnasaulasdeEducaçãoFísica,utilizou-seatraduçãoparaportuguêsdaversãoinglesadequestõesdesenhadaporPapaioannou(1994),especificamente,paraocontextodaEducaçãoFísica(LAPOPECQ:Learning and Performance Orientations in Physical Education Classes Questionnaire). Esteautor,apartirdetrabalhosdeAmeseArcher(1988)sobreosprocessosdemotivaçãoeestratégiasdeaprendizagemqueosalunoscriamatravésdosobjetivosparaarealizaçãoemcontextodesaladeaula,construiuumaestruturadeavaliação com27 itenspara contextodeEducaçãoFísicasobreaperceçãodasorientaçõesderealizaçãoecujaextraçãofatorialcorrespondeaduasescalasdimensionais,denominadasClimamotivacionalorientadoparaatarefaeClimamotivacionalorientadoparaoRendimento.Oprimeiroconstruto,climamotivacionalpercebidoparaaaprendizagem(e.g.“Na aula, sinto-me muito satisfeito quando aprendo algo de novo”),abrangeduassub-escalascom13itenscorrespondentesa duas dimensões fatoriais de primeira ordem: 1) orientação para aaprendizagemdoprofessor,2)orientaçãoparaaaprendizagemdoaluno.Osegundoconstruto, climamotivacionalpercebidoparao rendimento(p.ex.,“Na aula, alguns alunos tentam conseguir recompensas para se sobressaírem sobre os outros colegas”), constamde 14motivos quemedemtrêssub-escalascorrespondentesatrêsdimensõesdeprimeiraordem:3)orientaçãoparaorendimentodoaluno,4)preocupaçõesdosestudantespeloserroscometidose5)orientaçãoparaoresultadosemesforçododiscente,3,4e5.Vistoqueasconceçõesdosdiferentesautoressobre cada um destes dois objetivos de realização são semelhantes,adoptaremospormotivosdeorganização,aterminologiamaisutilizadaporDuda, (2001a,b);DudaeHall, (2001)eRoberts, (2001), istoé:“Clima motivacional percebido para a Tarefa” e “Clima motivacional percebido para o Rendimento”,respetivamente.
De forma análoga aos questionários anteriores, as questõesestãoformuladasnumaescalatipo Likert5-pontos,emquecadamotivosobreaperceçãodoclimamotivacionalparaobjetivosderealizaçãotemumagamaderespostade1(fortemente em desacordo)a5(fortemente de acordo),deacordocomasconceçõesdecadaestudante.
Estequestionáriotemdemosntradoumaestruturafatorialcomíndices de fiabilidade aceitáveis. Por exemplo, Papaioannou (1995),encontrounumaamostradeestudantesgregos,coeficientesalphadeCronbachmaioresque.75emtodasassub-escalas,comprovandoumavalidadeeconsistência internaaceitávelparaaplicaçãoemestruturasparaestetipodeconstrutomotivacional.AversãoinglesautilizadanasinvestigaçõesempíricaslevadasacaboporGoudas,eBiddle,(1994)eSpray,(2002)mostrouíndicesalpha de Cronbachdefiabilidadede.87e.73paraasduassub-escalasdesegundaordem,“ClimaorientadoparaaTarefa”e“Climaorientadoparaorendimento”,respetivamente.AversãoamericanarealizadaporFerrer-Caja,eWeiss,(2000),comestudantes
144
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
pertencentes a diversos países, apresentou também uma estruturafatorial adequada.No nosso estudo, os resultados das respostas aositensdoquestionáriomostraramíndicesdefiabilidadedeαCronbach de.83e.78,respetivamenteparaoClimaparaoRendimentoeClimaparaaTarefa,revelandoumaconsistênciainternarazoável.Relativamente,àsEstatísticasDescritivasdasescalas,observou-sescoresmédiosde3.04(DP=.60)e3.84(DP=.63),respetivamente,paraoClimaRendimentoeClimaTarefa.
Questionário sobre os aspetos da Motivação Intrínseca nas aulas de Educação Física (IMI: Intrinsic Motivation Inventory). Para avaliaraperceçãodecompetêncianasaulasdeEducaçãoFísica,utilizou-seoconstructodesenhadoporMcAuley,Duncan,eTammen,(1989)(IMI:Intrinsic Motivation Inventory), traduzido para português e adaptadoparaocontextoeducativo.Estequestionárioéformadopor18motivosquecadaestudanteapresentaemmenoroumaiorgrau.Estesmotivos,conformam4dimensõesdeprimeiraordem:Tensão/Ansiedade/Pressãocompostopor4motivos(e.g.“…Sinto-me tenso quando estou a realizar as atividades propostas”); Divertimento/Interesse formado por 5motivos(e.g.“…Divirto-me imenso”);Competênciapercebidaexpressaem5motivos(e.g.“…Estou satisfeito com o meu nível da capacidade nas atividades que realizo”);eEsforço/Importânciacom4motivos(e.g.“…É muito importante para mim realizar bem as atividades que são propostas”).OsitensestãoformuladosnumaescalatipoLikertemquecadaitemtemumagamaderespostade1(fortemente em desacordo)a5(fortemente de acordo)deacordocomaextensãodasconceçõesemotivospessoaisdecadaaluno.
Em 1998, Vallerand e Fortier sublinharam que o IMI é umaferramentaflexível quepode sermodificadoparapraticamente todosostiposdaatividadefísica.Assim,váriasinvestigaçõesmostraramumaestruturafactorialboaeaceitáveiscoeficientesdeconsistênciainternana sub-escala, competência percebida (p.ex., Duda, Chi, Newton,Walling,&Catley,1995;Lintunen,Valkonen,Leskinen,&Biddle,1999)enassub-escalas,divertimentoeesforçoparaaversãogrega(Digelidis&Papaioannou,1999).Nonossoestudo,os resultadosdas respostasaos itensdoquestionáriomostrouumíndicedefiabilidadedeαCronbachde.78,paraacompetênciapercebidaeumapontuaçãomédiade3.20(DP=.75).
Inventário das condutas Disciplinares e Indisciplinares nas aulas de Educação Física.Paraavaliarasatitudesdisciplinares-indisciplinaresdosalunosemcontextoeducativo,nomeadamente,nasaulasdeEducaçãoFísica, utilizou-sea versão traduzidaparaportuguês, doquestionáriodesenhadoporCervellóetal.(2002)(ICDIEF:Inventário de Conductas de Disciplina-Indisciplina en Educación Física). Este instrumento foiconstruídocombasenasconceçõesdevalorsócio-cognitivo,conduzidaspor19motivospessoaisderealizaçãocomportamental,denominando-se especificamente pelos fatoresDisciplina e Indisciplina. A primeiraescaladeavaliação,Disciplinaagrega9motivos(e.g.“…te esforças para facilitar um bom ambiente”).Asegundadimensão,Indisciplinaagrupa10itens(e.g.“...interrompes o professor/a nas suas explicações”).Os
145
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
motivosdacondutaestãoformuladosnumaescalatipoLikertcomumagamaderespostade1(fortemente em desacordo)a5(fortemente de acordo),deacordocomaformulaçãodafrase.
Em Espanha, este questionário tem mostrado uma estruturafatorialadequadaparaEducaçãoFísica, tantonoEnsinoBásicocomonoEnsinoSecundário.NestePaís,avalidezdesteconstruto temsidodemonstradaemváriostrabalhosdesenvolvidosnoterrenodaEducaçãoFísica (Cervelló, Jiménez, Del Villar, Ramos, & Santos-Rosa, 2004;Moreno, Alonso, Martinez Galindo, & Cervelló, 2005). Estes estudoscomrecursoaamostrasdeestudantesespanhóisdeEducaçãoFísica,obtiveramcoeficientesdefiabilidadealpha Cronbachde.76a.83ede.77e.81,paraasdimensõesDisciplinaeIndisciplina,respetivamente.Nonossoestudo,osresultadosdasrespostasaositensdoquestionáriomostraramíndicesdefiabilidadedeαCronbach de.88e.81,respetivamenteparaaIndisciplinaeDisciplina,revelandoumaboaconsistênciainternaNoqueconcerneaosscoresmédios,aIndisciplinaapresentou2.15(DP=.80)eaIndisciplina3.84(DP=.61).
ANáLISEDEDADOS
Osprocedimentosderelaçõescausais(modelaçãoporequaçõesestruturais), foramrealizadoscomrecursoaosoftwareAMOS,versão16. Diversas condições foram respeitadas para a realização da AFC,sendoapresentadas somenteasmais relevantes:númeromínimodecinco observaçõespor itemdoquestionário, e três itens por variávellatente(Maroco,2003).Utilizou-seométododeestimaçãodeMáximaVerosimilhança(Mueller,1996).
Paraconheceraassociação(relaçãobivariada)entreasdiferentesvariáveis em estudo utilizamos o coeficiente de correlação produtomomento deBravais-Pearson (r) que expressa de formaquantitativaa relação entre as variáveis,medindo a intensidade e a direcção deassociaçãodo tipo linear entre as diferentes variáveis contínuas comdistribuição normal bivariada. Uma correlação linear direta (positiva)ou inversa(negativa)considera-sefiávelesignificativaquandoexisteevidênciaestatísticaparaníveisdesignificância,p-value<.05(*)oup-value<.01(**).Nãoobstante,aquelecoeficienteestarfortementeafetadopelotamanhodaamostraerespetivaestimativadeprobalidadedadistribuiçãodosdados,contudo,trataremososvaloresobtidoscomparcimóniaparaumníveldereferênciade.30.Acimadeste,consideramosarelaçãoforteeabaixodomesmoumaassociaçãofraca.
A evidência estatística de todos os procedimentos estatísticosefectuados,forammantidosparaumerrodeprobabilidadeinferiora5%(níveisdesignificância*p<0,05;**p<0,01e***p<0,001).
Resultados MODELOESTRUTURALDERELAçõESCAUSAIS
Omodelodeequaçõesestrutural teóricopropostoemestudo,centrou-senadefiniçãodasrelaçõesquesepodemestabelecer,entreos diversos determinantes motivacionais integrados no conjunto dos
146
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
postuladosdaTeoriadosObjectivosdeRealização(Nicholls,1989).Paraisso,testamosempiricamente,asrelaçõescausaisdeexplicaçãodiretaeindiretaentreosfatorespessoais,contextuaiseosfatoresconsequentesanívelcomportamental,designadasatitudesdisciplinares/ndisciplinares.
Após a concetualização e desenvolvimento da estrutura derelações causais, submetemos a testes de ajustamento aos dadosempíricos,omodelopropostodaFigura1.
Figura1–Modeloestruturalteóricoproposto.
Concepções deEntidade
2 itens
e2
2 itens
e1
ConcepçõesIncrementais
3 itens
e4
2 itens
e3
Clima para oRendimento
3 itens
e11
13 itens
e12
3 itens
e13
Clima para aTarefa
4 itens
e15
5 itens
e14
e16
e17
Orientaçãopara a tarefa
3 itens
e8
3 itens
e7
Orientação parao Rendimento
3 itens
e5
3 itens
e6
e9
e10
Disciplina
4 itens
e24
4 itens
e25
Indisciplina
5 itens
e23
5 itens
e22
e27
e26
Competência
Percebida
1 item
e18
1 item
e19
1 item
e20
e21
Aanálisederesultados,aostestesdeajustamentodomodeloestrutural teórico proposto inicialmente definido, revelou algunsproblemas de ajustamento, nomeadamente um índiceNFI baixo (NFI = .888), pesos padronizados de regressão não significativos para oscaminhos,competênciapercebida–disciplinaeclimapercebidoparaorendimento-disciplina,nãoobstanteumvalorelevadoeestatisticamentesignificativo do x2 = (x2155 = 675.882; p<.001) e índice RMSEA= .66,porémumquociente x2
df superiora4.
Para corrigir os problemas de ajustamento encontrados e deacordocomasorientaçõesteóricas,otimizou-seaestimaçãodomodeloestruturalfinal.Atendendoàssugestõesconsideradaspelosíndicesdemodificação(ModificationIndexes),verificou-sequeoajustamentodomodelodemedidamelhoravasubstancialmentequando,seeliminasseoscaminhosquenãodenotarampesosderegressãoestatisticamente
147
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
significativos,daperceçãodecompetênciaedoclimaparaorendimentopara a dimensão exógena, atitudes disciplinares dos discentes e seacrescentasse a relação direta das orientações disposicionais para acompetênciapercebidadosparticipantese,sepermitiaqueoserrosdasvariáveis5-7e9-10secorrelacionassem(vd.Figura2).
Figura2-Modeloestruturalfinalajustado,sobreasrelaçõesentreosfatorespessoaisdisposicionais,contextuaiseasatitudesdisciplinares/indisciplinares.Todosospesosderegressãosãosignificativosparaumníveldesignificânciade5%(p-valor<.05).
Verificamos, ainda assim, um valor de x2 estatisticamentesignificativo, x2154 = 598.328, p<.001. No entanto, o quociente x2
df apresentouumvalornuméricoinferiora4(3,89).valorqueégeralmenteconsideradoaceitável(Hu&Bentler,1999).Paraalémdisso,osíndicesCFI,TLI,eRMSEArevelaramvaloresde,respetivamente.92,.90e.061,queindicamqueabondadedeajustamentodomodeloglobaldemedidaaos dados empíricos é satisfatória. Sobre estas relações é adequadosublinarqueassuascovariânciasmostraramvaloresdetsuperioresa1.96(valordereferênciaassociadoacadapeso:Hatcher,1994),comníveisdesignificânciap<.001.
Daanálisedaestruturaestimada,verificámosqueasconceçõesacercadanaturezadaaptidãoatlética(incrementaledeentidade),surgemcomovariáveisexógenas(quenãosãoexplicadaspornenhumavariável),ao passo que os coeficientes da relação causal das outras variáveisdomodelo, atuam comovariáveis exógenas e endógenas (preditoras
148
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
e resposta-critério deoutras variáveis). Assim, omodelo,mostra, osclimasmotivacionaiscontextuaispercebidoscomoexplicadorasdiretasdasatitudesdisciplinareseindisciplinaresdosparticipantes,nasaulasdeEducaçãoFísica.
Na sequência da análise do modelo estrutural obtido,contemplámos a existência de relações significativas de influênciadiretaedeformapositiva,dasconceções incrementaisedeentidadeda aptidão atlética face às orientações disposicionais para a tarefa epara o rendimento, e estas face aos climasmotivacionais orientadospara a tarefa e para o rendimento, respetivamente. Por outro lado,verificou-sequeasconceçõesacercadanaturezadacapacidadeatlética,influenciam directamente os climas contextuais percepcionados, damesmaformaqueospostuladosdaTeoriadosObjectivosdeRealização.Ainda da análise da estrutura, observou-se também, que o climadirigidoparaatarefaéumavariávelderesposta-critériopositivaquefavoreceosurgimentodasatitudesdisciplinares,ediminuiasatitudesindisciplinares.Poroutrolado,oclimapercecionadoparaorendimentoreforçapostivamenteaindisciplinadosdiscentes.Poroutraspalavras,enquantoque,oclimaparaatarefafavoreceosurgimentodasatitudesdisciplinares e desfavorece as atitudes indisciplinares, o climapara orendimentoéumfatorpotenciadordestasatitudes.
Verificaram-se, ainda que, tanto as orientações disposicionaiscomo os climas percebidos focados na comparação normativa, eclimaspercebidosfocadosnoprogressoauto-referencialdosdiscentes,explicam,positivamenteacompetênciapercebida,sendoestaumafortepreditoradasatitudesindisciplinaresdosdiscentes.
Discussão Oprincipalobjetivodesteartigofoiinvestigarainfluênciadosfatores pessoais, sociais e contextuais na explicação das atitudesdisciplinares/indisciplinares dos discentes, no contexto educativo,atravésdoestudodeanálisesde relações causaisdeconstrutonumaamostradeestudantesdeEF,emPortugal.Deacordocomosresultadosencontradosemtrabalhosdeinvestigaçãosimilares(Cervellóet al.,2002;Papaioannou,1998;Spray,2002;Spray&Wang,2001),acreditávamosqueexistiamrelaçõescausaissignificativaseexplicativasdasatitudesdisciplinares/indisciplinares, i.e., as conceções acerca da natureza daaptidãoatléticacomoresultadodaaprendizagemedoaperfeiçoamento,osobjectivosdisposicionaisdeacçãoecontextualmentedirigidosparaatarefaexplicariam,positivamenteasatitudesdisciplinares,edemodonegativo as indisciplinares. Por outro lado, as conceções de entidadeda aptidão, a orientação para o rendimento, a perceção de um climamotivacionalparaorendimentoassociar-se-ãodiretaelinearmentecomasatitudesindisciplinaresedeformanegativacomasatitudesdisciplinaresdos estudantes. Para além disso, com base em trabalhos anteriores,acreditávamosquetantooestadomotivacionalparaatarefacomooparaorendimentoestariam,fortementeassociadosàcompetênciapercebida,sendo esta, dependendo da força do estado de motivação, um fatordeterminantenaexplicaçãodasatitudesdisciplinares/indisciplinares.
149
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
Relativamente, às relações causais de explicação dos fatoresconceçõesincrementaisdaaptidãoatléticaeaorientaçãoparaatarefa,omesmosucedendoentreasvariáveisconceçõesdeentidadedaaptidãoatléticaeaorientaçãoparaorendimentoe,deacordocomospostuladosdaTeoriadosObjectivosdeRealização(Dweck,1999;Nicholls,1989),verificámosqueocenáriodaEducaçãoFísicaparaumapopulaçãodeestudantesentreos12eos19anosdeidade,revelaqueasconceçõesacerca da natureza da aptidão atlética são precursores diretos dasorientaçõesparaobjetivosderealização.Emconsequência,verificámosqueosdadosdopresenteestudorevelamsimilitudesinequívocascomos trabalhosproduzidosporBiddleet al. (2003,estudo2)eWang&Biddle (2003), que comprovam a validez externa dos construtos dopresenteestudo.Comefeito,asconceçõesincrementaisexplicamdiretaefortementeasorientaçõesparaatarefaeasconceçõesdeentidadefavorecemasorientaçõesparaorendimento,porémcomumpesoderegressãomaisfraco.Poroutraspalavras,asconceçõesquereflectema capacidade atlética como sendo possíveis de serem desenvolvidasemelhoradasao longodo tempo (conceções incrementais),explicamdiretamenteaorientaçãoderealizaçãoparaatarefa(auto-referencial),enquanto que as conceções que reflectemaquela capacidade atléticacomosendo,relativamenteestáveisnãosujeitaaalteraçõesedevidoafatoresgenéticoscomoumtalentonatural(conceçõesdeentidade),explicamaorientaçãoparaorendimento(comparaçãonormativa).
Noquedizrespeito,àsrelaçõesentreasconceçõesacercadanaturezadaaptidãoatléticaeosclimasmotivacionaispercebidosemambientedeEducaçãoFísica,encontramosestudosque,revelaramumpadrãoconsistente,que,comprovamavalidadedopresentepostulado(Curyet al.,2002;Ommundsen,2004).Assim,osdadosobtidosnasrelaçõescausaisdopresentemodelodeequaçõesestruturais,mostramque,asconceçõesincrementaisdaaptidãoexplicamdiretamenteecomcaráterforte,oclimamotivacionalpercebidoparaatarefae,poroutrolado,asconceçõesdeentidadedaaptidão,explicamdiretaefortemente,oclimamotivacionalparaorendimento.Paraalémdisso,oestudo(Curyet al.,2002),comprovaasrelaçõesdiretaseexplicativasencontradas,i.e., entre a orientação para o rendimento e o clima percebido parao rendimento a níveis altos de competência percebida nas aulas deEducaçãoFísica.
Relativamente, às relações diretas de explicação dos climasmotivacionais percebidospelas orientaçõesde realizaçãodopresentemodelo de equações estruturais, constatou-se a validade empíricae inequívoca dos dados obtidos por outros investigadores (Jiménez,Cervelló, García Calvo, Santos-Rosa, & del Villar, 2006). Com efeito,asorientaçõesmotivacionaisderealizaçãodosestudantes,são fortesimpulsionadoras dos climas motivacionais percebidos, uma vez quetantoaorientaçãoparaorendimentocomoaorientaçãoparaatarefaexplicamdiretamenteedeformapositivaosclimasparaorendimentoeparaatarefa,respetivamente.
Para alémdisso, no seguimento da análise aos resultados dopresenteestudocomoproduzidoporWangeBiddle(2003),semostra,
150
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
claramenteque,aorientaçãoparaoRendimentoderealização,afeta,diretamenteacompetênciapercebida.Estesdadosestãodeacordocomos resultadosobtidosnopresentemodelodeequaçõesestruturais, aorientação para o Rendimento mediada pela competência percebidae clima motivacional para o rendimento, favorece o surgimento dasatitudesindisciplinares,aopassoque,oclimamotivacionalparaatarefadesfavorece este tipo de conduta. Em nossa opinião, esta situaçãosurge porquemuitos dos alunos destemeio estão ou são jogadoresemformaçãonasescolinhasdeFutebol,oquerevelacomportamentospoucoadaptativos.
Noqueconcerneàexplicaçãodasatitudesdisciplinares,verificámosqueatravésdaavaliaçãodomodeloestrutural,asconceçõesincrementaisdaaptidão,aorientaçãoparaatarefamediadospeloclimapercebidoparaatarefasãofatorespreditoresfavoráveismaisimportantesnaexplicaçãodosurgimentodestascondutas.Váriossãoosestudosquecomprovamosdadosdopresenteestudo(Cervellóet al.,2002,2004;Moreno,et. al,2005,2006;Papaioannou,1998b;Spray,2002;Spray&Wang,2001).Porexemplo,notrabalhodeMoreno,et al.(2005)emrelaçãoàvariávelsatisfaçãopelas aulasdeEducaçãoFísica, descobriu-sequeos alunosque não gostam da disciplina curricular, apresentammaiores atitudesindisciplinaresepercebemmaisumclimamotivacionalparaorendimento.Emcontraste,osalunosquegostamdadisciplinadeEducaçãoFísicaequetirammaissatisfação,apresentam,independentementedaperceçãodecompetência,maioresatitudesdisciplinares,percebemmaisumclimamotivacionalparaatarefa,encontram-semaisorientadosparaatarefa.Deacordocomesteautor,ossentimentosdeansiedadegeramnosalunosumamaiormotivaçãoextrínsecaparaparticipar, relacionando-seestesmotivos,segundoaTeoriadosObjectivosdeRealização(Nicholls,1989),comumamaiorperceçãodeumclimamotivacionalparaorendimento,eesta,porseulado,commaioresatitudesindisciplinaresnasaladeaula(Cervelló,et al.,2002,2004;Papaiannou,1998b;Spray,2002;Spray&Wang,2001).Pelo contrário, os sentimentosde satisfaçãopositivosexperimentados com a prática desportiva, segundo a perspetiva dosobjectivosderealização,provocamnosalunosmaioresmotivosintrínsecosparaparticipareaprender,relacionando-seestesmotivoscomumalunomaisorientadoparaatarefaecomaperceçãodeumclimamotivacionalmaisimplicadoparaatarefa.
OsresultadossugeremqueasatitudesdisciplinaresnasaulasdeEFpodemseraumentadasporintervençõesquefocalizemasconceçõesauto-referenciais e o auto-melhoramento da capacidade. O principalpostulado teórico da perspetiva dos objectivos de realização assumeque,noscontextosderealização(p.ex.,saladeaula,aeducaçãofísica,otrabalhoeoutros),oobjetivoglobaldeaçãodaspessoasresidenodesejodedesenvolverededemonstrarcompetênciaeevitaramanifestaçãodaincompetênciaouacarenciadeaptidão.Maisumavez,éimportantemostrar que as conceções acerca da natureza da aptidão atlética eas orientações motivacionais de realização dos jovens estudantesdesempenhamumpapelcentralnosresultadoscognitivos,afectivosecomportamentais(consequências),noscontextosderealização.
151
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
Umavezque, odesenvolvimentodas conceções implícitas dacapacidadeseproduzemidadesmuitojovens,estesresultadosfornecemaevidência claradequeparece fundamental criaredesenvolvernosestudantesobjetivosorientadosparaa tarefaea conceçãodequeaaptidãopodesermelhoradaatravésdoempenho,daaprendizagem,dapráticaedoesforçoparaassimobterem-sepadrõesdeaprendizagemadapatativos.
Estes dados, indicam que nas aulas de Educação Física, oscomportamentosdisciplinaressãoreveladoresdealunosqueestãomaisorientados para a tarefa, centram a sua atenção na aprendizagemenoprogresso,seesforçamparaaprendereseempenhamemcriarumambientedetrabalhoordenado,pacíficoedecooperaçãocomospares,bemcomodesfrutamdesentimentosafetivospositivos(Cervelló,et al.,2004;Duda,Chi,Newton,Walling&Catley,1995;Goudas,Biddle&Fox,1994;Nicholls, 1989;Papaioannou,1998b;Parish&Treasure,2003;Sarrazin,Vallerand,Guillet,Pelletier&Cury,2002;Standage&Treasure,2002;Wang&Biddle,2001).Comefeito,osdadosdopresenteestudoparecemrevelarqueaorientaçãoparaatarefa,aperceçãodeumclimamotivacionalparaatarefa,independentemente,doníveldecompetênciapercebida,favoreceavalorizaçãodasatitudesdisciplinares.
Para finalizar, referir que, a demonstração dos presentesresultados com os obtidos por outros investigadores, proporciona aevidênciaempíricainequívocaeconsistentenosentidodasustentaçãodeque,aparticipaçãoeadisciplinadoalunonasaulasdeEducaçãoFísica,podesermaximizadaseoprofessorpromoverumclimamotivacionalparaatarefa,demodoque,odiscentealcanceumaaprendizagemótimadaEducaçãoFísicaescolar.
Referências Ames,C.,&Archer,J.(1988).Achievementgoalsintheclassroom:Student’s learning strategies amotivation processes. Journal of Educational Psychology,80,260-267.
Anderson,C.,Avery,P.G.,Pederson,P.V.,Smith,E.S.,&Sullivan,J.L.(1997).Divergentperspectivesoncitizenshipeducation:AQ-methodstudyandsurveyofsocialstudiesteachers.American Educational Research Journal, 34,333-364.
Barros,J.H.(2009).Psicologia da Educação: 3. Temas Complementares.LegisEditora.
Biddle,S.J.H.,Wang,C.K.J.,Chatzisarantis,N.L.D.,&Spray,C.M.(2003).Motivationforphysicalactivityinyoungpeople:entityandincrementalbeliefsaboutathleticability.Journal of Sports Sciences, 21,973-989.
Cervelló,E.,Jiménez,R.,DelVillar,F.,Ramos,L.,&Santos-Rosa,F.J.(2004).Goal orientations, motivational climate, equality, and discipline of spanishphysicaleducationstudents.Perceptual and Motor Skills, 99,271-283.
Cervelló,E.,Jiménez,R.,Fenoll,A.,Ramos,L.,DelVillar,F.,&Santos-Rosa,F.J.(2002).Asocial-cognitiveappproachtothestudyofcoeducationanddisciplinein Physical Education Classes. SOCIOTAM,Revista Internacional de Ciencias Sociales y Humanidades, 11,43-64.
152
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
Cury, F., Da Fonseca, D., Rufo, M. & Sarrazin, P. (2002). Perceptions ofcompetence,implicittheoryofability,perceptionofmotivationalclimate,andachievementgoals:atestofthetrichotomousconceptualizationofendorsementofachievementmotivationinphysicaleducationsetting.Perceptual and Motor Skills, 95,233-244.
Del Villar, F. (2001). La interacción en la Educación Física. Em B. Vázquez(coord.),Bases educativas de la actividad física y el deporte (pp.199-225).EditorialSíntesis.Madrid.
Digelidis,N.,Della,V.,&Papaioannou,A.(2005).Students´ExerciseFrequency,PerceivedAthleticAbility,PerceivedPhysicalAttractiveness,GoalOrientationsandPerceivedMotivationalClimateinPhysicalEducationClasses.Italian Journal of Sport Sciences, 12,155-159.
Duda,J.L.(2001a).Achievementgoalresearchinsport:Pushingtheboundariesand clarifying somemisunderstandings. EmG.C. Roberts (Ed),Advances in motivation in sport and exercise(pp.129-181),Champaign,IL:HumanKinetics.
Duda,J.L.(2001b).Goalperspectivesandtheirimplicationsforhealth-relatedoutcomes in the physical domain. Em F. Cury, Sarrazin, P., & Famose, F.P.(Eds.),Advances in motivation theories in the sport domain. Paris: PressesUniversitariesdeFrance.
Duda, J. L. (2005). Motivation in Sport: The relevance of competence andachievementgoals.EmA.J.Elliot&C.S.Dweck(Eds.),Handbook of Competence and Motivation(pp.273-308).NovaIorque:GuilfordPublications.
Duda, J. L., & Hall, H. (2001). Achievement Goal Theory in Sport: RecentExtensionsandFutureDirections.EmR.N.Singer,H.A.Hausenblas&C.M.Janelle(Eds.),Handbook of Sport Psychology(2nded.,pp.417-43).NewYork:JohnWiley.
Duda,J.L.,Chi,L.,Newton,M.L.,Walling,M.D.,&Catley,D.(1995).TaskandEgoorientationandintrinsicmotivationinsport.International Journal of Sport Psychology,26,40-63.
Dweck, C. S. (1986). Motivational processes affecting learning. American Psychologist,41,1040-1048.
Dweck,C.S.(1996).ImplicitTheoriesasorganizersofgoalsandbehavior.EmP.Gollwitzer&J.Bargh(Eds.),The Psychology of Action,pp.69-90.NewYork:GuilfordPress.
Dweck,C.S.(1999).Self-Theories:Their Role in Motivation, Personality, and Development.Philadelphia,PA:Taylor&Francis.
Elliot, E. S., &Dweck, C. S. (1988).Goals: An approach tomotivation andachievement.Journal of Personality and Social Psychology, 54,5-12.
Fernández-Balboa, J.M. (1991). Beliefs, interactive thoughts, and actions ifphysicaleducationstudent teachersregardingpupilmisbehaviors.Journal of Teaching in Physical Education, 11,59-78.
Ferrer-Caja,E.,&Weiss,M.R.(2000).Predictorsofintrinsicmotivationamong
153
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
adolescentstudentsinphysicaleducation.Research Quartely for Exercise and Sport, 3,267-279.
Fonseca, A. M. & Brito, A. P. (2001). Estudo exploratório e confirmatório àestruturafactorialdaversãoportuguesadoPerceptionofSuccessQuestionnaire(POSQ).Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, vol. 1,3,61-69.
Goudas,M.,&Biddle,S.(1994).Perceivedmotivationalclimateandintrinsicmotivationinschoolphysicaleducationclasses.European Journal of Psychology of Education, 9,241-250.
Goudas,M.,Biddle,S.,&Fox,K.R.(1994).Achievementgoalorientationsandintrinsicmotivationinphysicalfitnesstestingwithchildren.Pediatric Exercise Science, 6,159-167.
Hatcher, L. (1994). A step-by-step approach to using the SAS system for factor analysis and structural equation modelling.Cary,CarolinadoNorte:SASInstitute.
Hu, L. & Bentler, P. M. (1999). Cutoff criteria for fit indexes in covariancestructure analysis: Conventional criteria versus new alternatives. Structural Equation Modeling, 6,1-55.
Ishee, J. H. (2004). Perceptions of misbehavior im middle school physicaleducation.Journal of Physical Education, Rereation and Dance, 75,9.
Jiménez,R.,Cervelló,E.M.,GarcíaCalvo,T.,Santos-Rosa,F.J.,&delVillar,F.(2006).Relacionesentrelasmetasdelogro,lapercepcióndelclimamotivacional,la valoración de la educación física, la práctica deportiva extraescolar y elconsumodedrogasenestudiantesdeEducaciónFísica.Revista Mexicana de Psicologia, 23(2),253-265.
Lewis,R.(2001).Classroomdisciplineandstudentresponsability:thestudent’view.Teaching and Teacher Education, 17,307-319.
Lintunen,T.,Valkonen,A., Leskinen,E.&Biddle,S. J.H. (1999). Predictingphysicalactivityintentionsusingagoalperspectivesapproach:astudyofFinnishyouth.Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports, 9,344-352.
Maroco,J.(2003).Análise Estatística com utilização do SPSS.Lisboa:EdiçõesSílabo.
McAuley,E.,Duncan,T.,&Tammen,V.V.(1989).Psychometricpropertiesoftheintrinsicmotivationinventoryinacompetitivesportsetting:Aconfirmatoryfactoranalysis.Research Quarterly for Exercise and Sport, 60,48–58.
Moreno,J.A.,Alonso,N.,MartinezGalindo,C.,&Cervelló,E.(2005).Motivación,disciplina,coeducaciónyestadodefloweneducaciónfísica:diferenciassegúnlasatisfacción.Laprácticadeportivaylafrecuenciadepráctica.Cuadernos de Psicología del Deporte, 5(1-2),231-243.
Mueller, R.O. (1996).Basic principles of structural equation modeling. NewYork:Springer-Verlag.
Nicholls, J. G. (1989). The competitive ethos and democratic education.Cambridge,MASS:HarvardUniversityPress.
154
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
Nicholls, J.G. (1992). Thegeneral and the specific in thedevelopmentandexpressionof achievementmotivation. EmG.C.Roberts (Ed.),Motivation in sport and exercise(pp.31-91).Champaign,IL:HumanKinetics.
Ommundsen, Y. (2004). Students´Implicit Theories of Ability in PhysicalEducation Classes. The Influence of Motivational Aspects of the LearningEnvironment.Learning Environments Research,139-158.
Papaioannou, A. (1994). Development of a questionnaire to measureachievementgoalsinphysicaleducation.Research Quarterly for Exercise and Sport, 65,11-20.
Papaioannou, A. (1995). Differential perceptual and motivational patternswhendifferentgoalsareadopted.Journal of Sport and Exercise Psychology, 17,18-34.
Papaioannou,A.(1998).Goalperspectives,reasonsforbeingdisciplined,andself-reported discipline in physical education lessons. Journal of Teaching in Physical Education, 17,421-441.
Parish,L.E.&Treasure,D.C.(2003).Physicalactivityandsituationalmotivationinphysicaleducation:influenceofthemotivationalclimateandperceivedability.Research Quarterly for Exercise and Sport, 74,173-180.
Roberts,G.C.(2001).UnderstandingtheDynamicsofMotivationinPhysicalActivity:TheinfluenceofAchievementGoalsonMotivationalProcesses.inG.C. Roberts (Ed.),Advances in Motivation in Sport and Exercise (pp. 1-50).Champaign,IL:HumanKinetics.
Roberts, G. C., Treasure, D. C. & Conroy, D. E. (2007). Understanding theDynamicsofMotivation inSportandPhysicalActivity:AnAchievementGoalInterpretation.EmG.Tenenbaum&R.C.Eklund (Eds.),Handbook of sport Psychology(3ªed.,pp.3-30).NewYork:Wiley.
Roberts,G.C.,Treasure,D.C.,&Balagué,G.(1998).Achievementgoalsinsport:Thedevelopmentandvalidationof thePerceptionofSuccessQuestionnaire.Journal of Sport Sciences, 16,337-347.
Roberts,G.C.,Treasure,D.C.,&Hall,H.(1994).Parentalgoalorientationsandbeliefsaboutthecompetitivesportexperienceoftheirchild.Journal of Applied Social Psychology, 24,631-645.
Sarrazin,P.,Vallerand,R.,Guillet,E.,Pelletier,L.,&Cury,F.(2002).Motivationanddropout infemalehandballers:A21-monthprospectivestudy.EuropeanJournal of Social Psychology, 32(3),395-418.
Spray,C.M.(2002).Motivationalclimateandperceivedstrategiestosustainpupils’ discipline inphysical education.European Physical Education Review, 8(1),5-20.
Spray,C.M.,&Wang,C.K.J.(2001).Goalorientations,self-determinationandpupils´disciplineinphysicaleducation.Journal of Sports Sciences, 19,903-913.
Standage,M.,&Treasure,D.C.(2002).RelationshipAmongAchievementGoalOrientationsandMultidimensionalSituationalMotivationinPhysicalEducation.British Journal of Educational Psychology, 72,87-103.
155
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, São Paulo, v.3, nº- 2, julho/dezembro 2010
Vallerand, R. J., & Fortier, M. S. (1998). Measures of intrinsic and extrinsicmotivationinsportandphysicalactivity:Areviewandcritique.EmJ.L.Duda(Ed.),Advances in sport and exercise psychology measurement(pp.81–101).Morgantown,WV:FitnessInformationTechnology.
Wang,C.K.J.,&Biddle,S.J.H.(2001).Youngpeople’smotivationalprofilesinphysicalactivity:Aclusteranalysis.Journal of Sport and Exercise Psychology, 23(1),1-22.
Wang, C. K., & Biddle, S. S. (2003). Intrinsic Motivation towards Sports inSingaporean Students: The Role of Sport Ability Beliefs. Journal of Health Psychology, Vol. 8, nº 5,515-523.
Sobre o Luís Manuel Oliveira Durão autor UniversidadedoPorto(Portugal)
Tomás Garcia CalvoUniversidadedaExtremadura(Espanha)
António Manuel FonsecaUniversidadedoPorto(Portugal)
Eduardo Cervelló GimenoUniversityMiguelHernándezofElche(Espanha)
Katia RubioUniversidadedeSãoPaulo(Brasil)
Contato ENDEREçOPARACORRESPONDêNCIA
LuísManueldeOliveiraDurãoEscolaSecundária3ºCEBdePinhalNovo,RuaOrlandoRibeiro,
2955-211,PinhalNovo,Palmela,Portugal
TELEFONES
LuísManueldeOliveiraDurão+351938380645
Sobre o TrabalhoderivadodaTesedeDoutoramentodoautor. trabalho
156
Motivação na Educação Física: Fatores influenciadores da Disciplina Escolar – 136/156
Luís Manuel Oliveira Durão; Tomás Garcia Calvo; António Manuel Fonseca; Eduardo Cervelló Gimeno; Katia Rubio