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    DI VULGAO AGRO 55 6

    Novembr o , 2007

    Ed io no m bi to do Pro j ecto PO AGRO DE& D N 556 Divers i f i cao da p rodu o f r u t co la com novas espciese tecno log ias que assegurem a qua l idade agro-a l im entar

    Coordenao:

    Pedro Brs de O li ve i ra ( I NRB / ex -EAN/ DPA)Com posio e Gra f ism o: Franc i sco Bar r e to ( I NRB / ex -EAN/ DPA)

    I m presso e Encadernao: I N RB / e x - EA N/ D PA

    T iragem - 50 exem p la res imp r essos100 exemp la res em fo rm a to d ig i ta l

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    SEQUNCI A CULTURALMORANGO/ FRAMBOESA

    Produo p recoce de mor ango

    Folhas de Divulgao AGRO 556N 9

    Autor: Pedro Brs de Oliveira (INRB / ex-EAN/DPA)

    Co-autores: Ana Rita Albuquerque (ISA / INRB) Jacinta Campo (INRB / ex-EAN/DPA) Cristina Moniz Oliveira (ISA)

    Responsvel pelos ensaios no campo: Anabela Reis Silva (INRB / HEF)

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    Produo p r ecoce de m orango

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    n d i c e

    pg .

    1 I n t r o d u o ........................................................................... 3

    2 Mate r i a l e M todos .............................................................. 5

    2.1 Localizao do ensaio .............................................................. 5

    2.2 Rega e fertilizao .................................................................. 5

    2.3 Proteco fitossanitria ............................................................ 6

    2.4 Caracterizao do material vegetal ............................................ 6

    2.5 Descrio das tcnicas culturais ................................................ 10

    2.5.1 Produo no solo .................................................................... 11

    2.5.2 Produo em substrato ............................................................ 11

    2.6 Preparao das plantas e plantao ........................................... 12

    2.7 Delineamento experimental ..................................................... 13

    3. Resultados e discusso ............................................................ 14

    3.1 Anlise de crescimento e desenvolvimento ................................. 14

    3.1.1 Coroas .................................................................................. 14

    3.1.2 Folhas ................................................................................... 16

    3.1.3 Inflorescncias e flores ............................................................ 18

    3.2. Anlise quantitativa da produo .............................................. 20

    3.2.1. Produo total ........................................................................ 20

    3.2.2. Produo comercial ................................................................. 23

    3.3. Anlise qualitativa da produo ................................................ 25

    3.3.1. Refugo .................................................................................. 25

    3.3.2. Tamanho comercial do fruto ..................................................... 28

    4 Concluses .......................................................................... 29

    5 Refernc ias b ib l iogr f i cas .................................................... 31

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    1 . I n t r o d u o

    A contnua reduo do valor pago aos produtores pelos diferentes

    produtos horto-frutcolas associada elevada especializao e

    intensificao da produo, tornam necessrio o desenvolvimento e a

    experimentao de novos sistemas produtivos. A intensificao cultural

    tem sido uma das formas utilizada na obteno de maiores

    produtividades, quer pelo aumento do nmero de plantas por unidade

    de rea ou, pela reduo do ciclo das culturas, factor que permite a

    sucesso de diferentes espcies num mesmo local de produo.No mbito do projecto AGRO 556 Diversificao da produo frutcola

    com novas espcies e tecnologias que assegurem a qualidade

    agroalimentar foi estabelecido um campo de experimentao e

    demonstrao com o objectivo de avaliar a intensificao da produo

    de duas espcies frutcolas de elevado valor comercial. Assim, foi

    estudada a sequncia cultural morango precoce / framboesa tardia em

    cultura protegida. O objectivo a atingir foi a maximizao do rendimento

    do produtor uma vez que estas so duas culturas bem valorizadas

    quando produzidas fora de poca.No sistema proposto a plantao do morangueiro realizada em Janeiro

    para um perodo de produo que decorre de Abril a Junho. As plantas

    de morangueiro so arrancadas na primeira quinzena de Junho, sendo

    de seguida colocadas no campo as plantas de framboesa que produzem

    durante os meses de Novembro e Dezembro. No final de Dezembro as

    plantas de framboesa so arrancadas para se dar incio nova plantao

    de morangueiros (Figura 1).

    Figura 1 Sequncia das operaes culturais e do encadeamento dos ciclos de produo

    de morango e framboesa[1].

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    Em cada fase do ciclo cultural necessrio obedecer de forma precisa ao

    calendrio das operaes culturais sendo este um dos factores crticos

    deste sistema produtivo. As condies de sanidade do solo so, tambm

    elas, um dos factores a ter em ateno dado que o morangueiro e a

    framboesa pertencem mesma famlia botnica. Assim tornou-se

    indispensvel avaliar a possibilidade e a viabilidade da produo num

    sistema sem solo. O ensaio decorreu durante dois anos tendo sido

    estudada a viabilidade desta sequncia na cultura em solo e substrato.

    No segundo ano de ensaio (2006) foram utilizadas plantas de

    morangueiro frescas, provenientes de viveiros de altitude enquanto que

    na plantao de framboesa se utilizaram razes congeladas durante um

    perodo de seis meses em cmara frigorfica a 2 C.

    Nesta folha de divulgao descrita a metodologia e os resultados

    obtidos na produo precoce de morango integrado na sequncia

    cultural morango / framboesa durante a campanha de 2006[2](Figura 2).

    Figura 2 Sequncia das operaes culturais e do encadeamento do ciclo de produo demorango.

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    2. Mater ia l e Mt odos

    2.1 . Loca l i zao do ensa io

    Os ensaios foram realizados na Herdade Experimental da Fataca (HEF),

    localizada no concelho de Odemira. Os solos da herdade pertencem a

    uma grande mancha de solos podzolizados no hidromrficos. A textura

    arenosa com reduzida capacidade de campo, so solos cidos (4,6 a

    5,5), com teores de matria orgnica muito baixos (0,4 a 1,0%) ereduzida capacidade de troca catinica[3].

    O clima desta regio, situada numa estreita faixa litoral, mesotrmico

    hmido, com estao seca no Vero, sendo este pouco quente mas

    extenso[4].

    2.2 . Rega e fer t i l i zao

    A gua que abastece a herdade proveniente da barragem de Santa

    Clara, atravs do sistema regado do Mira.

    A rega foi efectuada atravs de um sistema de gota-a-gota por T-tape

    com emissores de 1 l/h espaados 0,15 m. Para a cultura no solo foram

    utilizadas duas fitas dispostas paralelamente ao longo do camalho,

    antes da colocao do plstico de cobertura. No caso da produo em

    substrato foi utilizada uma fita colocando-a no interior das bolsas,

    depois destas estarem sobre a estrutura de suporte metlica e antes da

    plantao.

    O sistema de fertirrega foi comandado por um programador (AKBARverso 2C99). Foram programadas regas fixas e regas adicionais

    sempre que o sumatrio da radiao atingia um determinado valor. No

    entanto, o intervalo entre regas, a durao da rega e o nvel de radiao

    acumulada para o incio de rega, foram determinados em funo do

    sistema de produo. Desta forma pretendeu-se efectuar regas de maior

    durao, mas pouco frequentes, na produo no solo e no sistema de

    substrato regas mais frequentes de curta durao.

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    Para monitorizar a rega no solo foram utilizadas duas sondas(EnviroSCAN) a 0,20 e a 0,40 m de profundidade, introduzindo-se

    alteraes na rega sempre que se revelou necessrio.

    Os nveis de nutrientes injectados no sistema de rega e o nvel de

    condutividade elctrica foram ajustados no decorrer do ciclo de

    desenvolvimento da cultura. Os adubos estavam distribudos em quatro

    cubas, sendo injectados na gua de rega atravs de venturis de acordo

    com a frmula programada.

    2 .3 . P ro teco f i t ossan i t r i a

    O ensaio foi conduzido segundo as normas de Proteco Integrada.

    Foram efectuadas semanalmente observaes aleatrias de plantas

    registando a ocorrncia de pragas, doenas e auxiliares. Desta forma foi

    possvel averiguar da necessidade de efectuar uma interveno. Foram

    realizados tratamentos qumicos, com substncias de sntese e de

    origem natural, tratamentos biolgicos e largadas de auxiliares. Todas

    as intervenes esto descritas em folha de divulgao prpria[5].

    2 .4 . Carac te r i zao do m ate r i a l vege t a l

    Foram utilizadas quatro cultivares de morangueiro: Albion, Candonga,

    Galxia e Gariguette.

    Cul t i var A lb ion

    Obtentor: Universidade da Califrnia, USA.

    Caractersticas:

    Variedade indiferente ao fotoperodo. Planta ligeiramente compacta, mas erecta e vigorosa. Fruto de tamanho grande (aproximadamente 30 g) de forma cnica,boa qualidade e com bom sabor. Cor vermelha forte tanto na epiderme

    como na polpa. um fruto firme e com boa capacidade de conservao

    (Figura 3).

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    relativamente precoce, mas de produo pouco cclica. Apresentauma fraco reduzida de refugo. um fruto que est apto tanto ao

    consumo em fresco como indstria.

    Relativamente resistente a Verticillium dahliae, Phytophtoracactorum e Colletotrichum acutatum. Quando tratada correctamente

    tolerante a Tetranychus urticae, Xanthomonas fragariae e Ramularia

    tulasnei.

    Pode ser arrancada no viveiro de altitude mais tarde, porque umaplanta indiferente ao fotoperodo. Pode ser armazenada em cmara

    frigorfica (1 C) durante 10 a 20 dias, antes da plantao.

    Tem tendncia a maior desenvolvimento vegetativo, que se agravacom o excessivo perodo em cmara frigorfica.

    Tem um pico de produo na Primavera mas estabiliza no Vero. Aproduo mdia obtida em Watsonville, foi de 2 390 g/planta.

    Figura 3 Pormenor de um fruto da cultivar Albion e da planta em cultura

    em substrato.

    Cu l t i va r Gar i gue t te

    Obtentor: INRA, Frana.

    Caractersticas:

    Planta de dias curtos. Folhagem abundante de cor clara; fololos com reticulado profundo.Flores pentmeras com pednculo fino.

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    Fruto bicnico de calibre pequeno (13 a 15 g), de cor vermelho vivo,homogneo, muito brilhante, aqunios salientes, zona sem aqunios

    junto do clice, as spalas do clice ficam reviradas, no esto junto do

    fruto. Epiderme relativamente resistente, polpa firme de cor vermelho

    claro, homognea. Fruto de bom sabor, com acidez forte. Boa a mdia

    aptido para conservao, o clice frgil pode ser depreciativo do

    aspecto do fruto (Figura 4).

    Variedade precoce, com maturao agrupada. Rendimento mdio de400 a 700 g/planta. Colheita fcil.

    Medianamente sensvel a Phytophthora cactorum, antracnose dacoroa, odio (na folhagem). Folhagem sensvel ao vento e s

    manipulaes. No decorrer da conservao das plantas, pode surgir uma

    necrose acastanhada no rizoma, de origem no parasitria.

    Figura 4 Pormenor de um fruto da cultivar Gariguette e da planta emcultura em substrato.

    Cul t i var Candonga

    Obtentor: Plantas de Navarra, S.A., PLANASA, Espanha.

    Caractersticas:

    Planta de dias curtos. Planta vigorosa e compacta, de folhagem verde escura,especialmente na pgina superior. Bom sistema radicular, resistente a

    alguns patognios do solo.

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    As flores aparecem ao mesmo nvel da folhagem ou ligeiramenteacima desta, com pednculos unitrios nas primeiras floraes. Plen de

    boa qualidade.

    Frutos de forma cnica e cor vermelho brilhante. Aqunios situadosna superfcie da epiderme. Epiderme e polpa firmes o que permite uma

    boa conservao. Polpa vermelha e aromtica, com nveis elevados de

    acar. Sabor e aroma intensos, boa relao acar cido (Figura 5).

    No apresenta muitos problemas de deformaes devido a frio oufecundao deficiente. Calibre mdio a grande at ao fim da colheita.

    Variedade relativamente precoce. Com plantao recomendada apartir de meados de Outubro.

    uma variedade resistente a Botritis e a Odio.

    Figura 5 Pormenor de um fruto da cultivar Candonga e da planta emcultura em substrato.

    Cul t i var Galx ia

    Obtentor: California Giant, Inc., USA.

    Caractersticas:

    Planta de dias curtos. Os frutos desenvolvem-se no exterior da folhagem. Fruto de tamanho mdio (28 g), de cor vermelho mdio, firme(facilitando a sua conservao), bom para consumo em fresco e para

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    indstria. Com forma cnica e pontiaguda e epiderme ligeiramenterugosa (Figura 6).

    Produo uniforme e reduzida percentagem de refugo. Podendoatingir 1000 g/planta em termos de produo comercial.

    tolerante a Verticillium dahliae, Phytophthora spp., Rhizoctoniafragariae, Pyt hium spp., Sphaerotheca macularis, Mycosphaerella spp. e

    Tetr anychus sp.

    Figura 6 Pormenor de um fruto da cultivar Galxia e da planta em culturaem substrato.

    2.5 . Descr io das tcn icas cu l tu ra is

    Os tneis foram montados na HEF expressamente para os ensaios do

    projecto AGRO 556, sendo constitudos por quatro baterias de trs

    tneis, possuindo cada tnel uma rea de 130 m2. Os tneis foram

    cobertos com polietileno trmico de longa durao.

    Todas as operaes culturais foram realizadas de acordo com os

    procedimentos em curso na HEF. O arejamento dos tneis foi realizado

    manualmente, abrindo-se ao incio do dia e fechando-os ao fim da tarde.

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    2.5 .1 . Prod uo no so lo

    Nos tneis em que se efectuou a cultura no solo, foram recolhidas

    amostras de solo antes da instalao da cultura, tendo-se efectuado as

    correces recomendadas nos resultados das anlises de solo. Foi

    aplicado estrume de vaca curtido, superfosfato de potssio a 18 %,

    sulfato de potssio e sulfato de magnsio.

    No foi realizada nenhuma desinfeco do solo durante os dois anos de

    ensaio.

    Os camalhes foram armados manualmente de forma a ser atingidauma largura de 0,50 m e uma altura de aproximadamente 0,40 m.

    Foram preparados cinco camalhes de linha dupla em cada um dos

    tneis. As fitas de rega foram colocadas antes da cobertura dos

    camalhes com polietileno preto (Figura 7).

    Figura 7 Sistema de produo do morangueiro no solo, ensaiado na Herdade Experimental daFataca.

    2 .5 .2 . Produ o em subs t ra to

    Nos tneis em que a cultura se desenvolveu em substrato, as bolsas

    com a mistura foram colocadas sobre cavaletes metlicos espaados

    3,0m entre linhas e a uma altura do solo de 1,2m. A fita de rega gota-a-

    gota foi colocada no interior das bolsas, ao longo de cada linha. Em cada

    tnel foram instaladas cinco linhas. O solo foi coberto com tela branca

    (Figura 8).

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    Figura 8 Sistema de produo do morangueiro em substrato, ensaiado na HerdadeExperimental da Fataca.

    As bolsas de cultura utilizadas eram de polietileno negro com 150 m de

    espessura e 1 m de comprimento, contendo um total de 30 litros de

    substrato. O substrato utilizado foi uma mistura comercial (CH-M15)

    constituda por 50 % de fibra de coco 60/40 e 50 % de hmus de pinho

    compostado. As bolsas de substrato j tinham sido utilizadasanteriormente em duas campanhas de morango. No fim da campanha

    anterior o substrato tinha sido desinfectado com metame sdio.

    2.6 . Prepar ao das p lant as e p lant ao

    No segundo ano de ensaio as plantas das cultivares Candonga e Galxia

    foram disponibilizadas pelo viveirista em Novembro, antes da

    possibilidade de plantao no local definitivo (os abrigos estavam

    ocupados com as plantas de framboesa). Assim, os morangueiros foramplantados em substrato e mantidos no exterior do abrigo at ao incio do

    ensaio. Na preparao das plantas foi efectuada uma limpeza geral da

    planta, retirando algumas zonas de material vegetal j deteriorado. Foi

    efectuada uma ligeira poda de razes quando estas se apresentavam

    com grande desenvolvimento. Antes da plantao as plantas foram

    mergulhadas numa soluo de fosetil de alumnio a 80 %.

    Os compassos de plantao foram diferentes consoante o local de

    plantao. Na cultura no solo a plantao foi efectuada em linhas

    duplas, distribuindo-se as plantas de forma alternada, com compasso de

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    0,30 x 0,20 m. Nas bolsas de substrato o compasso foi de 0,15 x 0,15 mem linhas duplas. Assim, as densidades de plantao foram de 5

    plantas/m2 no solo (7 plantas/m), enquanto que em substrato se

    utilizaram 10 plantas/m2 (14 plantas/m). As datas de plantao em local

    definitivo ocorreram durante o ms de Janeiro (Quadro 1).

    Quadro 1

    Datas de plantao das cultivares de morangoutilizadas no ensaio

    Cul t i v ar So lo Subst ra t o

    Alb ion 19 Janeiro 25 Janeiro

    Candonga 12 Janeiro 13 Janeiro

    Galxia 12 Janeiro 12 Janeiro

    Gar igue t te 12 Janeiro 12 Janeiro

    2 . 7 . D el i n ea m e n t o e x p e r i m e n t a l

    O ensaio foi instalado em duas baterias de multitneis semelhantes,

    tendo sido utilizados dois tneis para a cultura no solo e dois para a

    cultura em substrato.

    Foram estabelecidas oito modalidades definidas por variedade e sistema

    de produo. Em cada modalidade foram marcadas quatro repeties

    onde foi monitorizada a colheita de frutos, deixando a restante rea

    para a colheita de amostras de plantas de forma aleatria. Em cada

    repetio foi utilizada como unidade base o metro linear de cultura, oque conduziu a 6 plantas/m de camalho no solo, enquanto em

    substrato foram marcadas 14 plantas/m. As diferenas do nmero

    plantas amostrado devem-se densidade populacional de cada sistema

    de plantao.

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    3. Resul t ados e d iscusso3 .1 . An l i se de c rescim en to e d esenvo l v im en to

    No ensaio de 2006 foi acompanhado o crescimento e desenvolvimento

    das plantas ao longo do ciclo cultural (Figura 9).

    Figura 9 Pormenor de uma planta demorangueiro preparada para anlise biomtrica.

    3.1 .1 . Coro as

    O nmero mdio de coroas por planta foi diferente entre variedades mas

    no entre sistemas de produo (Quadro 2). O valor mais elevado de

    coroas foi registado na cultivar Candonga, sucedendo-se a Albion, a

    Galxia e por fim a Gariguette. O maior nmero de coroas foi

    registado no solo com a cultivar Candonga com 6 coroas por planta.

    Quadro 2

    Valores mdios por planta obtidos por modalidade: nmero de coroas, nmero de folhas e reafoliar. Mdia de 8 repeties erro padro da mdia

    N . c o r oa s/ p l N . f o l h as / p l r e a f o l ia r / p l ( d m 2)

    Solo Subst ra t o Solo Subst ra t o Solo Subst ra t o

    Alb ion 3,4 0,4 2,8 0,4 22,9 1,9 22,5 2,9 41,0 4,0 36,7 5,3

    Candonga 5,8 0,5 4,9 0,4 42,6 4,8 34,8 2,9 39,2 4,8 32,6 3,0

    Galxia 2,8 0,4 2,6 0,5 22,1 2,7 17,5 3,0 9,1 1,0 7,8 1,3

    Gar igue t te 2,3 0,3 2,3 0,3 32,1 2,7 31,0 2,7 19,7 2,2 21,9 4,2

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    Ao longo do ensaio o nmero mdio de coroas foi aumentandosensivelmente da mesma forma nos dois sistemas de produo em

    todas as cultivares. Assim, verifica-se que no sistema de produo em

    substrato, apesar da maior densidade populacional, o nmero de coroas

    no difere dos valores registados no solo. O maior acrscimo do nmero

    mdio de coroas por planta, ocorreu na cultivar Candonga, as restantes

    cultivares apenas sofreram um aumento ligeiro (Figura 10).

    Figura 10 Evoluo do nmero mdio de coroas por planta, ao longo do ensaio, no solo e em substrato,das cultivares Albion, Candonga, Galxia e Gariguette. As barras em cada ponto representam oerro padro da mdia de 8 repeties.

    De acordo com Savini et al. (2005)[6], o maior nmero de coroas pode

    ser utilizado como indicador de maior potencial produtivo da planta.

    Assim, de considerar que a cultivar Candonga pode ter exibido um

    maior desenvolvimento vegetativo e vantagens produtivas relativamente

    Solo Substrato

    0

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    ai

    N.mdiodecoroas

    Galxia

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    Sequnc ia cu l tu ra l morango / f ram boesa

    Produo p r ecoce de m orango

    16

    s restantes cultivares, dado o maior nmero de coroas que apresentou plantao (Quadro 2).

    3.1 .2 . Fo lhas

    O nmero mdio de folhas foi diferente entre cultivares mas variou

    pouco entre cada sistema de produo (Figura 11). O maior nmero de

    folhas ocorreu na cultivar Candonga no solo com 43 folhas por planta,

    enquanto que a Galxia em substrato registou o menor valor de todo o

    ensaio (18 folhas/planta).

    Figura 11 Evoluo do nmero de folhas por planta ao longo do ensaio, no solo e em substrato, relativos cultivares Albion, Candonga, Galxia e Gariguette, com plantao em Janeiro. As barrasem cada ponto representam a mdia de 8 repeties erro padro da mdia.

    O nmero de folhas variou pouco com o sistema de produo, sendo as

    diferenas encontradas entre cultivares. O maior aumento foi registado

    Solo Substrato

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    14-Fev

    28-Fev

    14-Mar

    28-Mar

    11-Abr

    25-Abr

    9-M

    ai

    N.mdiodefolhas

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    14-Fev

    28-Fev

    14-Mar

    28-Mar

    11-Abr

    25-Abr

    9-Mai

    N.mdiodefolhas

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    14-Fev

    28-Fev

    14-Mar

    28-Mar

    11-Abr

    25-Abr

    9-M

    ai

    N.mdiodefolhas

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    14-Fev

    28-Fev

    14-Mar

    28-Mar

    11-Abr

    25-Abr 9-

    Mai

    N.mdiodefolhas

    Albion Candonga

    Galxia Gariguette

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    Produo p r ecoce de m orango

    17

    na Candonga uma vez que sofreu um acrscimo progressivo e sempremaior que as restantes cultivares, quer no solo quer em substrato. A

    menor evoluo do nmero de folhas verificou-se na cultivar Galxia. Na

    ltima data de amostragem (16 de Maio), a cultivar Gariguette,

    aumentou acentuadamente o nmero de folhas. Isto pode dever-se ao

    facto desta cultivar ter terminado o seu ciclo produtivo no final do ms

    de Abril promovendo desta forma o crescimento vegetativo da planta

    (Figura 12).

    Figura 12 Aspecto do vigor vegetativo das plantas de morangueiro, cultivar Albion,cultivadas no solo e em substrato.

    Os valores da primeira amostragem de plantas relativos ao nmero de

    coroas e de folhas por planta so maiores nas cultivares Candonga eGalxia. Estas diferenas devem-se ao facto destas cultivares terem sido

    plantadas em substrato no exterior do tnel, ou seja, no incio do ensaio

    estas plantas j tinham iniciado o crescimento dos seus rgos

    vegetativos (coroas e folhas) e sistema radicular, facto que se traduziu

    nos maiores valores da primeira amostragem.

    SOLO SUBSTRATO

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    Sequnc ia cu l tu ra l morango / f ram boesa

    Produo p r ecoce de m orango

    18

    3 .1 .3 . I n f l o rescnc ias e f l o res

    O nmero mdio de inflorescncias por planta foi diferente entre

    cultivares mas no variou entre sistemas de produo (Quadro 3). As

    cultivares Albion e Gariguette registaram valores de duas inflorescncias

    por planta, tendo o maior nmero de inflorescncias sido registado na

    cultivar Candonga no solo com 8,5 inflorescncias por planta. O menor

    nmero de inflorescncias por planta registou-se na Albion em

    substrato.

    Quadro 3

    Valores mdios por modalidade: nmero de inflorescncias por planta, nmero de flores porinflorescncia e matria seca total por planta. Mdia de 8 repeties erro padro da mdia

    N. i n f l o rescnc ias / p l N . f l o res / i n f l o r Ma t r i a seca / p l (g )

    Solo Subst r a to Solo Subst ra t o Solo Subst ra t o

    Alb ion 2,1 0,6 1,3 0,5 6,1 0,8 4,3 0,7 54,1 5,4 45,7 6,6

    Candonga 6,3 1,1 8,5 1,3 6,7 0,6 5,0 0,4 46,0 6,4 43,3 4,3

    Galxia 5,0 0,8 5,0 0,8 5,9 0,5 4,2 0,3 15,4 1,8 13,5 1,6

    Gar igue t te 1,5 0,4 2,0 0,3 4,4 0,5 4,1 0,8 22,5 2,3 24,7 2,5

    Na cultivar Candonga verificou-se um acentuado aumento do nmero de

    inflorescncias a partir de Maro, ligeiramente mais marcado em

    substrato do que no solo (Figura 13). O facto do nmero de

    inflorescncias, na Albion e Gariguette no ter aumentado parece

    indiciar que aps a plantao (Janeiro) no se verificou diferenciao

    floral. Assim, o nmero de inflorescncias desenvolvido pelas plantas foi

    apenas o diferenciado no viveiro. O maior nmero de inflorescncias na

    Candonga e Galxia pode dever-se ao facto destas plantas terem sidocolocadas em substrato no exterior do abrigo (15 de Dezembro) at ao

    incio do ensaio (plantao no interior dos abrigos). Durante este

    perodo as plantas estiveram sujeitas a condies de dias curtos e

    temperaturas baixas condies ambientais favorveis induo floral.

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    Produo p r ecoce de m orango

    19

    Figura 13 Evoluo do nmero de inflorescncias ao longo do ensaio de produo no solo e emsubstrato, relativo s cultivares Albion, Candonga, Galxia e Gariguette. As barras emcada ponto representam a mdia de 8 repeties erro padro da mdia.

    Na produo no solo o nmero de flores por inflorescncia foi maior nas

    cultivares Albion, Candonga e Galxia (Figura 14). A Candonga no solo

    foi a que apresentou o maior valor do ensaio com 6,7 flores porinflorescncia, enquanto que a Gariguette em substrato registou o

    menor valor com 4,1 flores por inflorescncia (Quadro 3).

    Solo Substrato

    0

    12

    3

    456

    7

    8

    910

    11

    14-Fe

    v

    28-Fe

    v

    14-M

    ar

    28-M

    ar

    1

    1-Ab

    r

    2

    5-Ab

    r

    9-M

    ai

    N.deiflorescncia

    01

    2345

    6789

    1011

    14-Fev

    28-Fev

    14-Mar

    28-Mar

    11-Abr

    25-Abr

    9-M

    ai

    N.deiflorescncias

    0

    1

    23

    4

    5

    6

    7

    89

    10

    11

    14-Fev

    28-Fev

    14-Mar

    28-Mar

    11-Abr

    25-Abr

    9-M

    ai

    N.

    deinflorescncia

    0

    12

    34

    56

    78

    910

    11

    14-Fev

    28-Fev

    14-Mar

    28-Mar

    11-Abr

    25-Abr

    9-M

    ai

    N.deinflorescncia

    Albion

    Galxia

    Candonga

    Gariguette

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    20

    Figura 14 Pormenor de uma inflorescnciade morangueiro, cultivar Candonga.

    Dado que no se verificaram diferenas no desenvolvimento vegetativo

    das plantas entre solo e substrato, a maior densidade populacional no

    substrato pode ter conduzido a um menor arejamento e a uma menor

    intensidade luminosa no interior da vegetao. Desta forma, no

    substrato, as condies de luminosidade favorveis diferenciao floral

    podem ter sido afectadas.

    De acordo com os resultados anteriores o maior potencial reprodutivo

    (nmero de flores por planta) verificou-se na cultivar Candonga em

    ambos os sistemas de produo.

    3 .2 . An l ise quan t i t a t i va da p rodu o

    3 .2 .1 . Produo t o ta l

    No que se refere produo total (g/planta) notam-se diferenas no

    comportamento das cultivares e uma tendncia para uma maiorproduo por planta no solo (Figura 15). Estes resultados esto de

    acordo com os verificados para o nmero de frutos vingados por planta.

    A maior produo verificou-se na Candonga produzida no solo com 380

    g/planta, enquanto que a Gariguette em substrato apenas atingiu 82

    g/planta.

    Relativamente produo por unidade de rea (kg/m2), verificou-se

    uma maior produo em substrato, para todas as cultivares (Figura 15).

    Assim, apesar da menor produo por planta em substrato, o facto de

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    Produo p r ecoce de m orango

    21

    se utilizar uma densidade populacional maior permitiu obter maior deproduo por unidade de rea.

    Figura 15 Produo total unitria (g/planta) e por unidade de rea (kg/m2), no solo e em substrato obtidanas cultivares Albion, Candonga, Galxia e Gariguette. As barras em cada coluna representam amdia de 4 repeties erro padro da mdia.

    Produ o m ensa l

    Ao longo do ensaio o comportamento entre cultivares foi muito

    diferente, sendo tambm evidente a menor produo registada em

    Maro no sistema de produo em substrato comparativamente ao solo

    (Figura 16). A cultivar Albion, no ms de Abril, registou o maior volume

    de produo em ambos os sistemas, com maior expresso em

    substrato.

    Solo Substrato

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    450

    A lbion Candonga Galx ia Gar iguette

    Prod

    uoTotal(g/planta)

    0,0

    0,5

    1,0

    1,5

    2,0

    2,5

    3,0

    3,5

    4,0

    A lbion Candonga Galx ia Gar iguette

    Pro

    duoTotal(kg/m2)

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    22

    Figura 16 Produo mensal (g/planta) no solo e em substrato, relativamente s cultivares Albion, Candonga,Galxia e Gariguette. As barras em cada coluna representam a mdia de 4 repeties erro padroda mdia.

    A cultivar Candonga apresentou uma evoluo positiva ao longo do

    ensaio alcanando maior produo por planta no ms de Maio, sendo

    esta maior no solo. A Galxia apresentou um comportamento crescenteno solo com a mxima produo no ms de Maio, enquanto em

    substrato a produo mxima foi atingida em Abril. A Gariguette

    apresentou uma produo concentrada no perodo de registo de Maro a

    Abril, com o mximo em Abril nos dois sistemas.

    Na Galxia verificou-se que as diferenas de produo entre solo e

    substrato ocorreram no ms de Maio. Esta diferena pode ser justificada

    pelo menor nmero de inflorescncias desenvolvidas no ms de Abril na

    plantao em substrato (Figura 13).

    Maro Abril Maio

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    Solo Substrato

    Produo(g)

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    Solo Substrato

    Produo(g)

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    Solo Substrato

    Produo(g/planta)

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    Solo Substrato

    Produo(g/planta)

    Albion Candonga

    Galxia Gariguette

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    23

    3 .2 .2 . P roduo comer c ia l

    No que se refere produo comercial, o comportamento das cultivares

    foi semelhante ao registado para a produo total. A produo comercial

    unitria (g/planta) foi significativamente afectada pelo sistema de

    produo, sendo maior no solo (Quadro 4).

    Quadro 4

    Produo comercial mdia e quantidade mdia de refugo registadas por planta (g/planta) e peso mdiodo fruto (g) no solo e em substrato, nas cultivares Albion, Candonga, Galxia e Gariguette.

    Produo comerc ia l ( g / p l an t a )

    Quan t i dade de re fugo ( g / p l an t a )

    Peso md io dof r u t o ( g )

    S is tema de produo

    Solo 223,7 a 20,8 16,6

    Subs t ra to 195,4 b 20,9 16,8

    Sig. * N.S. N.S.

    Cul t i var

    Alb ion 144,9 c 5,4 b 21,8 a

    Candonga 344,6 a 24,7 a 19,9 a

    Galxia 284,4 b 25,8 a 16,3 b

    Gar igue t te 64,2 d 28,2 a 8,7 c

    Sig. *** *** ***

    Sig. nvel de significncia; N.S. no significativo ao nvel de 0,05 pelo teste de F; * significativoao nvel de 0,05; *** significativo ao nvel de 0,001. Em cada coluna os valores seguidos da mesmaletra no diferem significativamente ao nvel de 0,05 pelo teste de Scheff.

    A produo comercial obtida neste ensaio para as cultivares Albion,Candonga e Galxia foram baixas quando comparadas com os

    resultados obitos por Aranda (2005)[7] num ensaio de plantao outonal

    no solo com abrigo (592, 847 e 889 g/planta respectivamente).

    Relativamente Gariguette, Risser e Navatel (1997)[8], indicam valores

    de potencial produtivo muito superiores aos registados (entre 400 e 700

    g/planta). Assim, pode concluir-se que as produes unitrias

    alcanadas no presente ensaio, foram menores do que as alcanadas

    num sistema de produo intensiva de plantao outonal no solo. Estas

    diferenas de produtividade podem ter origem no sistema de produo

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    24

    ensaiado, com material vegetal de raiz nua e plantao em Janeiro, umavez que as plantas so colocadas no tnel em condies pouco

    favorveis diferenciao dos rgos produtivos. Desta forma as

    maiores produtividades da Candonga e Galxia podem dever-se ao facto

    destas plantas terem sido plantadas em substrato aproximadamente um

    ms antes do ensaio, no exterior dos tneis.

    Figura 17 Produo comercial por unidade de rea (kg/m2), no solo eem substrato obtida nas cultivares Albion, Candonga, Galxiae Gariguette. As mesmas letras em cada coluna indicam asmdias que no so significativamente diferentes.

    Relativamente produo comercial por unidade de rea (kg/m2),

    verificou-se que havia interaco entre os sistemas de produo e as

    cultivares ensaiadas. A maior produo por unidade de rea foi obtida

    na Candonga e Galxia em substrato, enquanto que na Albion solo,Gariguette solo e Gariguette substrato se registaram os menores valores

    (Figura 17).

    Verificou-se tambm que a produo inicial por planta no substrato foi

    sempre menor em todas as cultivares. Assim, a maior quantidade colhida

    no solo pode dever-se a melhores condies de antecipao da maturao

    dos frutos neste sistema de plantao. Como a maturao do fruto est

    muito dependente da temperatura, a maior densidade populacional em

    substrato, associada ao maior desenvolvimento vegetativo das plantas,

    0,0

    0,5

    1,0

    1,5

    2,0

    2,5

    3,0

    3,5

    Albion Candonga Galxia Gariguette

    Produocomercial(kg/m

    2)

    Solo Substrato

    f h

    c d e f

    g hh

    a b c

    c d

    a b

    b c d e

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    pode ter conduzido a maiores condies de ensombramento dos frutos,retardando o seu amadurecimento (Figura 18).

    Figura 18 Pormenor da marcao de umainflorescncia de morangueiro para obtenodo nmero de dias entre os diferentes estadosde desenvolvimento.

    3 .3 . An l i se qua l i t a t i va d a p rod uo

    3.3 .1 . Refug o

    A quantidade de refugo por planta no apresentou diferenassignificativas entre sistemas de produo, no entanto, foi distinta entre

    cultivares (Figura 19).

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    Albion Candonga Galxia Gariguette

    Refugo

    Solo Substrato

    Figura 19 Proporo de refugo em relao produo total obtida nosolo e em substrato relativamente s cultivares Albion,

    Candonga, Galxia e Gariguette.

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    26

    No que se refere proporo de refugo, a Albion foi a que apresentoumenores perdas relativas no decorrer do ensaio. No caso das cultivares

    Candonga e Galxia, as perdas em substrato tambm foram superiores

    s perdas no solo diferindo aproximadamente trs pontos percentuais

    entre elas. Na Gariguette registaram-se as maiores propores de

    refugo do ensaio, sendo os valores registados no solo superior aos

    obtidos em substrato.

    Nas cultivares Albion, Candonga e Gariguette a produo no solo

    apresentou maiores propores de refugo devido a deformaes. No

    caso da Galxia, no solo, as maiores perdas registaram-se em termosde frutos com calibre reduzido (Figura 20).

    Figura 20 Causas relativas de refugo para as cultivares Albion, Candonga, Galxia e Gariguette, naproduo em solo e em substrato.

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    Solo Substrato

    R

    efugo

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    Solo Substrato

    R

    efugo

    Albion Candonga

    Galxia

    S ub -c ali bre D efo rma do s P od ri d es

    Gariguette

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    Solo Substrato

    Refug

    o

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    Solo Substrato

    Refug

    o

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    27

    No que se refere produo em substrato, a Albion e a Candongaregistaram maiores perdas devido ocorrncia de frutos deformados.

    A deformao do morango ocorre quando vrios vulos contguos no

    so fecundados o que inibe o engrossamento do receptculo nessa

    regio. Ou seja, est relacionada com problemas de polinizao que

    podem ter origem em vrias condicionantes como por exemplo, um

    reduzido nmero de insectos polinizadores, esterilidade das flores

    femininas ou plen insuficiente[8]. Neste ensaio a deformao dos frutos

    pode ter sido originada em flores que se desenvolveram no interior da

    canpia, ficando pouco expostas aos agentes polinizadores; ou pelaocorrncia de certas pragas (Afdeos) e doenas (Odio e Podrido

    cinzenta), que prejudicam o correcto desenvolvimento dos rgos

    florais; ou ainda, pelas temperaturas inferiores a 12 C durante o ms

    de Fevereiro, pouco propicias maturao do plen (Figura 21).

    Figura 21 Pormenor da deformao do fruto nacultivar Gariguette.

    Nas cultivares Albion, Candonga e Galxia verificaram-se perdas devido

    a podrides no solo menores do que em substrato (Figura 20). Este

    resultado refora os j apresentados relativos ao nmero de frutos e ao

    atraso da produo na cultura em substrato. Este sistema de plantao

    parece apresentar algumas deficincias de arejamento no interior da

    folhagem nas densidades utilizadas. Assim, as maiores perdas por

    deformaes no sistema de plantao em substrato podero estar

    relacionadas com o menor arejamento entre plantas consequncia da

    maior densidade populacional deste sistema.

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    Produo p r ecoce de m orango

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    Figura 22 Pormenor de um fruto de morangocom podrido.

    Na Gariguette os valores de podrides foram os mais baixos quer no

    solo quer em substrato. Isto pode dever-se ao facto de nesta cultivar as

    inflorescncias serem longas e, com o amadurecimento dos frutos, ficam

    suspensas em melhores condies de arejamento. Alm disso, esta

    cultivar terminou o ciclo produtivo antes das condies de temperatura e

    arejamento se tornarem crticas (Figura 22).

    3 .3 .2 . Tam anho com erc ia l do f ru t o

    O tamanho do fruto com aptido comercial no foi significativamente

    afectado pelo sistema de produo, sendo significativamente diferente

    entre cultivares. A Albion e a Candonga apresentaram frutos com peso

    aproximado de 20 g, a Galxia produziu frutos com cerca de 16 g, e a

    Gariguette produziu frutos de 9 g (Quadro 4).

    De acordo com os resultados obtidos em ensaios com plantao outonal

    sob abrigo, as cultivares Albion, Candonga e Galxia apresentam frutos

    com peso unitrio de aproximadamente 27 g[7]. Tambm na Candonga,

    em 2005 no ensaio do projecto AGRO 556 de produo em substrato

    com plantao outonal, o tamanho do fruto foi cerca de 25 g. A cultivar

    Gariguette tambm apresenta normalmente um peso mdio unitrio

    menor que o normal, 13 a 15 g[8]. Assim, os valores observados so

    ligeiramente inferiores aos observados por outros autores.

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    Sequnc ia cu l tu ra l morango / f ram boesa

    Produo p r ecoce de m orango

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    4 . Conc lu ses

    Com este ensaio, foi possvel demonstrar que possvel integrar a

    produo de morango na sequncia cultural morango/framboesa, uma

    vez que o ciclo cultural das diferentes cultivar termina a tempo de se dar

    incio ao ciclo das framboesas. No entanto, detectaram-se algumas

    limitaes na produtividade obtida em ambos os sistemas de produo

    ensaiados, no solo e em substrato.

    Relativamente produo comercial unitria, esta foi 12,6 % maior no

    solo comparativamente ao substrato devido ao maior nmero frutosvingados e menor proporo de refugo por planta no solo. Para

    aumentar a produo por planta, melhorar a precocidade e a qualidade

    dos frutos no sistema de produo em substrato seria vivel a reduo

    da densidade populacional para 10 a 12 plantas por metro.

    A maior densidade populacional em substrato no afectou o

    desenvolvimento vegetativo das plantas uma vez que, de uma forma

    geral, no se registaram diferenas entre o nmero de coroas, nmero

    de folhas e rea foliar registados por planta em cada sistema de

    produo, para cada cultivar.

    O maior nmero de inflorescncias registado na Candonga e Galxia

    conduziu a uma maior produo unitria. Este maior nmero de

    inflorescncias poder ter-se verificado devido s plantas destas

    cultivares terem sido antecipadamente colocadas a enraizar em

    substrato no exterior dos tneis. Assim, quando se procedeu

    plantao, estas plantas apresentavam um maior desenvolvimento

    vegetativo sendo capazes de responder s condies de temperaturas

    baixas, favorveis induo floral. Devido ao tipo de material vegetal

    utilizado (plantas de raiz nua, sem desenvolvimento vegetativo inicial)

    as cultivares Albion e a Gariguette obtiveram uma produo unitria

    muito reduzida. Assim, verificou-se que a utilizao de plantas de raiz

    nua com plantao em Janeiro foi limitativa da produo por planta.

    Torna-se importante a eleio, de entre as cultivares ensaiadas, daquela

    que melhor desempenho apresentou ao longo do ensaio. Tendo em

    conta os vrios resultados obtidos, podemos eleger a cultivar Candonga

    uma vez ter sido a mais produtiva e apresentar um fruto de boa

    dimenso.

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    Sequnc ia cu l tu ra l morango / f ram boesa

    Produo p r ecoce de m orango

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    O tamanho reduzido, associado ao aroma intenso, torna o fruto daGariguette muito apreciado pelo consumidor francs. No entanto, a sua

    reduzida firmeza tornam-na pouco apta ao transporte e conservao.

    Aps alguns estudos de avaliao de qualidade, integrados neste

    projecto[9], verificou-se que esta cultivar no apreciada pelo

    consumidor portugus devido sua elevada acidez. Todas estas

    condicionantes, aliadas reduzida produtividade, especialmente no

    perodo ensaiado, tornam a Gariguette uma cultivar pouco indicada

    para a produo em condies semelhantes s do ensaio.

    Verificou-se que o sistema em substrato no evidenciou maiorprecocidade relativamente ao solo. No entanto, os melhores resultados

    por unidade de rea no sistema de produo em substrato indicam que

    este dever ser o sistema a adoptar. Assim, apesar do maior

    investimento inicial em infra-estruturas e na aquisio de plantas, a

    amortizao dos custos pode ser mais rpida. Para alm disso as

    condies de trabalho so mais ergonmicas o que torna a realizao

    das operaes culturais mais eficiente, traduzindo-se em menores

    encargos com mo-de-obra. No entanto, para aferir da viabilidade

    econmica de cada sistema de produo ensaiado, ser necessrioefectuar um estudo mais aprofundado dos custos dos vrios de factores

    de produo, considerando ainda que este sistema de produo

    pressupe a realizao da sequncia cultural morango/framboesa, cujo

    objectivo precisamente optimizar a rentabilizao das infra-estruturas.

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    Sequnc ia cu l tu ra l morango / f ram boesa

    Produo p r ecoce de m orango

    5. Refernc ias B ib l iogr f icas

    1. Oliveira, P.B., Baptista, M.C., Lopes-da-Fonseca, L., Palha, M.G., Sousa, M.B.,

    Curado, T.C. e Campo, J.L. 2004. Produo intensiva de morangos e

    framboesas em cultura no solo e em substrato. II Colquio Nacional da

    Produo de Morangos e Outros Pequenos Frutos. Actas n. 2 da Associao

    Portuguesa de Horticultura. Oeiras, Portugal. pp. 209-212.

    2. Albuquerque, A.R.S. 2006. Comparao do desenvolvimento e produo do

    morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.) em cultura forada no solo e em

    substrato. Instituto Superior de Agronomia. 50pp.

    3. Pires, F.P. e Oliveira, A.V. 1989. Cartografia de pormenor de solos da Herdade

    da Fataca. Pedologia 24: 1-64.

    4. Reis, R.M.M e Gonalves, M.Z. 1987. O Clima de Portugal. Fascculo XXXIV.

    Caracterizao Climtica da Regio Agrcola do Alentejo. Instituto Nacional de

    Meteorologia e Geofsica, Lisboa. 226 pp.

    5. Campo, J. L. 2007. Ocorrncia de diversos inimigos das culturas de

    morangueiro e framboesa. Folha de Divulgao N 5. Projecto Agro 556,

    Oeiras. 32 pp.

    6. Savini, G., Neri, D., Zucconi, F. e Sugiyama, N. 2005. Strawberry Growth and

    Flowering an Architectural Model. International Journal of Fruit Science 5: 29-

    49.

    7. Aranda, J.M.L. 2005. Ensaios de variedades de fresa. Campaa 2005.

    R.A.E.A. Fresas. Consejera de Agricultura y Pesca, Junta de Andaluca,

    Espaa. 56 pp.

    8. Risser, G. e Navatel, J.C. 1997. Ie Partie La Fraise: Plant et Varits. Paris,

    France. Ctifl, Ciref. 2me ed. 103 pp.

    9. AGRO 556. 2006. Morango produtividade e qualidade em solo e substrato.

    4 Aco de demonstrao do projecto AGRO 556. Odemira e Grndola,

    Portugal. Folheto 5.