Monografia Final Capa Dura

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FACULDADE DE ENGENHARIA “CONSELHEIRO ALGACYR MUNHOZ MAEDER” ENGENHARIA AMBIENTAL DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE TRATAMENTO PARA RESÍDUO LÍQUIDO GERADO POR LATICÍNIO NA REGIÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE LUCAS DE CESARE MOLINA Presidente Prudente SP 2011

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FACULDADE DE ENGENHARIA “CONSELHEIRO ALGACYR

MUNHOZ MAEDER”

ENGENHARIA AMBIENTAL

DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE TRATAMENTO PARA RESÍDUO LÍQUIDO GERADO POR LATICÍNIO NA REGIÃO DE

PRESIDENTE PRUDENTE

LUCAS DE CESARE MOLINA

Presidente Prudente – SP 2011

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FACULDADE DE ENGENHARIA “CONSELHEIRO ALGACYR

MUNHOZ MAEDER”

ENGENHARIA AMBIENTAL

DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE TRATAMENTO PARA RESÍDUO LÍQUIDO GERADO POR LATICÍNIO NA REGIÃO DE

PRESIDENTE PRUDENTE

LUCAS DE CESARE MOLINA

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Faculdade de Engenharia de Presidente Prudente, Curso de Engenharia Ambiental, Universidade do Oeste Paulista, como quesito de conclusão.

Orientador: Alexandre Teixeira de Souza

Presidente Prudente – SP

2011

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LUCAS DE CESARE MOLINA

DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE TRATAMENTO PARA RESÍDUO LÍQUIDO GERADO POR LATICÍNIO NA REGIÃO DE

PRESIDENTE PRUDENTE

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Faculdade de Engenharia de Presidente Prudente, Curso de Engenharia Ambiental, Universidade do Oeste Paulista, como parte dos quesitos de conclusão.

Presidente Prudente, 20 de junho 2011.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________ Prof. Pós-Dr. Alexandre Teixeira De Souza ___________________________________ Prof. Msc. Alexandre Rodrigues Simões ___________________________________ Prof. Msc. Luciana Machado Guaberto

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todas as pessoas que contribuíram para

minha formação.

Aos meios pais e familiares, pois foi à base que precisava para

começar a construir o meu futuro.

A todos meus professores que me deram a base para todo

conhecimento durante o curso de Engenharia Ambiental.

Aos meus colegas o meu obrigado pela amizade e

companheirismo durante todo o curso.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus, pois sem “ele” nada seria

possível.

Aos meus avós que sempre contribuíram para a minha formação.

Aos meus pais que me incentivaram para que eu me tornasse um

Engenheiro Ambiental.

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“Tenha sempre em mente aonde você quer chegar. Não se desvie dos seus

objetivos. Viva intensamente o presente, mas criando bases solidas para o

futuro”.

Orlando Ferraz

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RESUMO

DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE TRATAMENTO PARA

RESÍDUO LÍQUIDO GERADO POR LATICÍNIO NA REGIÃO DE

PRESIDENTE PRUDENTE

No estado de São Paulo se encontra a segunda maior produção de produtos

lácteos, toda essa produção gera resíduos líquidos que precisam ser tratados e

diante deste fato o sistema de lagoas de estabilização será dimensionado para

que esses efluentes possam ser lançados ao corpo receptor sem causar

impacto ambiental. O sistema inicia com um tratamento preliminar, chama de

caixa de gordura e em seguida pelo tratamento secundário que é composto por

uma lagoa anaeróbia e outra facultativa, esse dois dispositivos juntos são

chamados de sistema australiano. Dos efluentes gerados pelos laticínios, um

tem chamado atenção pela alta concentração de DBO, o soro do leite. A

recuperação do soro diminui a concentração de DBO, favorecendo a

implantação de um sistema de tratamento biológico. As vantagens desse tipo

de tratamento são: baixo custo de manutenção, operação e a capacidade de

trabalhar com sobrecarga hidráulica e orgânica. E como desvantagem: a

necessidade de uma grande área para a implantação.

Palavras-chave: Lagoa de estabilização. DBO5. Laticínio.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - A qualidade do efluente com e sem recuperação do soro 6

TABELA 2 - Características dos modelos hidráulicos mais

frequentemente utilizados no dimensionamento e

avaliação de desempenho das lagoas de estabilização

14

TABELA 3 - Taxas de aplicação volumétrica admissíveis para projeto

de lagoas anaeróbias, em função da temperatura. 16

TABELA 4 - Eficiências de remoção de DBO5 em lagoas anaeróbias,

em função da temperatura. 18

TABELA 5 - Resultado da análise do efluente bruto 24

TABELA 6 - Qualidade do efluente com recuperação de soro e sem

recuperação 25

TABELA 7 - Característica do efluente Laticínio com recuperação de

soro 25

TABELA 8 - Parâmetros de dimensionamento da caixa de gordura 26

TABELA 9 - Dimensionamento do tratamento preliminar 27

TABELA 10 - Dados de projeto da lagoa anaeróbia 30

TABELA 11 - Dimensionamento da Lagoa Anaeróbia 30

TABELA 12 - Dados de projeto da lagoa facultativa

29

TABELA 13 - Dimensionamento da Lagoa Facultativa

29

TABELA 14 - Padrões de lançamento de efluentes - CETESB 32

TABELA 15 - Resultados de projeto da lagoa anaeróbia 32

TABELA 16 - Resultados de projeto da lagoa facultativa 29

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LISTA DE EQUAÇÕES

EQUAÇÃO 1 - Lagoa Anaeróbia - Taxa de aplicação Volumétrica 16

EQUAÇÃO 2 - Lagoa anaeróbia - Volume requerido

17

EQUAÇÃO 3 - Área da lagoa anaeróbia

17

EQUAÇÃO 4 - Carga de DBO5 Total - Lagoa anaeróbia

17

EQUAÇÃO 5 - Tempo de detenção hidráulica- Lagoa anaeróbia

17

EQUAÇÃO 6 - Eficiência de Remoção DBO - Lagoa anaeróbia

18

EQUAÇÃO 7 - Taxa de aplicação superficial - lagoa facultativa

19

EQUAÇÃO 8 - Taxa de aplicação superficial - lagoa facultativa 19

EQUAÇÃO 9 - Área requerida para lagoa facultativa 19

EQUAÇÃO 10 - Carga de DBO5 Total - Lagoa facultativa 19

EQUAÇÃO 11 - Volume da lagoa facultativa 19

EQUAÇÃO 12 - Tempo de detenção hidráulica- Lagoa facultativa 20

EQUAÇÃO 13 - Coeficiente de remoção de DBO - Arceivala 20

EQUAÇÃO 14 - Coeficiente de remoção de DBO - Vidal 20

EQUAÇÃO 15 - Numero de dispersão 20

EQUAÇÃO 16 - Concentração de DBO solúvel efluente 21

EQUAÇÃO 17 - Estimativa Eficiência 21

EQUAÇÃO 18 - Largura a meia profundidade - Geometria 22

EQUAÇÃO 19 - Comprimento a meia profundidade - Geometria 22

EQUAÇÃO 20 - Comprimento no fundo - Geometria 22

EQUAÇÃO 21 - Comprimento no Nível d´agua - Geometria 22

EQUAÇÃO 22 - Comprimento na crista do talude - Geometria 22

EQUAÇÃO 23 - Largura no fundo - Geometria 22

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EQUAÇÃO 24 - Largura no nível d´agua - Geometria 22

EQUAÇÃO 25 - Largura na crista do talude - Geometria 22

EQUAÇÃO 26 - Volume útil da caixa de gordura 15

EQUAÇÃO 27 - Área útil da caixa de gordura 15

EQUAÇÃO 28 - Largura e comprimento da caixa 15

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Esquema simplificado de uma lagoa facultativa 11

FIGURA 2 - Fluxograma de um sistema de lagoas de estabilização em série

13

FIGURA 3 - Fluxograma de um sistema de lagoas de estabilização em paralelo

13

FIGURA 4 - Eficiência de Remoção da DBO – Reator de Fluxo Disperso

21

FIGURA 5 - Exemplifica o comprimento – Geometria

23

FIGURA 6 - Exemplifica a largura – Geometria

23

FIGURA 7 - Dimensionamento da caixa de gordura 26

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LISTA DE SIGLAS

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

CONAMA Companhia Nacional do Meio Ambiente.

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento

Ambiental.

DBO5 Demanda Bioquímica de Oxigênio.

DQO Demanda Química de Oxigênio.

pH Potencial Hidrogeniônico.

FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente.

INMET Instituto Nacional de Meteorologia.

UNOESTE Universidade do Oeste Paulista.

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Sumario

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

2 OBJETIVO ............................................................................................................ 3

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 4

3.1. Laticinios ....................................................................................................... 4

3.2. Os Processos Geradores dos Principais Efluentes Líquidos ........................ 4

3.3. Vazão do Efluente......................................................................................... 7

3.4. Tratamento de Efluentes Liquidos ................................................................ 8

3.5. Parâmetros de Dimensionamento da Caixa de Gordura ........................... 15

3.6. Critério de Dimensionamento Anaeróbio .................................................. 16

3.7. Critérios de Dimensionamento da Lagoa Facultativa ................................ 18

3.8. Geometria ...................................................................................................................... 22

4 DESENVOLVIMENTO E RESULTADO .............................................................. 24

4.1. Caracterização do Efluente ....................................................................... 24

4.2. Dimensionamento do Sistema de Tratamento .......................................... 26

5 CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 31

6 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................... 32

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1

1. Introdução

Em 2010, o Brasil teve uma produção de 29 mil toneladas de leite

ficando como 7° país produtor, teve um aumento de 3,6% comparado com

2009, segundo informações da EMBRAPA, sendo responsável por cerca de

12% do total do valor produzido no ramo industrial de alimentos (IBGE).

Hoje a maior parte de produção de leite envasado e produtos

derivados de leite no Brasil concentram-se nas regiões sudeste (50%) e sul

(23%). O estado de São Paulo tem a segunda maior produção, cerca de 14%.

Sendo São Paulo o segundo estado com maior produção de leite

envazado e produção de seu derivado, surge à preocupação com o meio

ambiente, o lançamento inadequado pode gerar um efeito catastrófico no

ecossistema aquático pelo esgotamento da reserva de oxigênio, para garantir

que isso não venha acontecer, o efluente industrial deve ser lançado de

maneira adequada ao corpo receptor. À indústria devera ter um sistema de

tratamento que estabeleça as condições e padrões de lançamentos que

corresponda à legislação.

A legislação ambiental é muito complexa, cada estado tendo um

padrão de lançamento dos afluentes. O padrão de lançamento para o estado

de São Paulo é previsto pela legislação (Resolução no 357/05 do CONAMA e

Decreto Estadual no 8.468/76 da CETESB - Companhia Ambiental do Estado

de São Paulo) que dispõe a classificação dos corpos receptores e as diretrizes

para o seu enquadramento, condições e padrão de lançamento de efluente

industrial.

No estado de São Paulo o controle é realizado utilizando a DBO

(Demanda Bioquímica de Oxigênio) como parâmetro. É exigida a redução de

carga orgânica de 80% ou que a DBO apresente concentração máxima de

60mg O2/L.

Para que o efluente seja descartado com as tais exigências, é

necessário o seu tratamento, logo, será dimensionado as lagoas de

estabilização enquadrando o efluente nos padrões de lançamento previsto pela

legislação ambiental.

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2

Segundo Von Sperling (2002), Em caso de alta concentração de

contaminantes no efluente industrial, faz-se necessário o uso das lagoas de

estabilização em série, como o sistema Australiano.

O sistema australiano é composto de duas lagoas em série,

sendo a primeira anaeróbia e a segunda facultativa. Cada lagoa possui

derivações de formato e operação, em alguns casos o tratamento pode possuir

uma terceira lagoa. Essa terceira lagoa é chamada de maturação ou lagoa de

polimento, sua função é estabilizar o nível de organismos patogênicos através

da radiação solar.

A realização desse estudo teve a participação de um laticínio

localizado na Cidade de Presidente Prudente – SP, o qual contribuiu com

informações e materiais necessários para o dimensionamento das lagoas de

estabilização.

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3

2. OBJETIVO

Projetar o dimensionamento do sistema de tratamento da indústria

láctea proporcionando um efluente que não cause impacto ambiental ao corpo

receptor.

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4

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Laticínios

São indústrias que oferecem ao consumidor leite de qualidade e

produtos derivados de leite, como no leite pasteurizado, leite desnatado,

queijos, cremes de leite, manteiga, leite condensado, doce de leite, iogurte,

bebidas fermentadas e sorvetes, sendo altamente perecível, são mantidos sob

vigilância e analise durante todos os passos da cadeia de frio até sua chagada

ao consumidor (PRINCIPAIS INDICADORES LEITE E DERIVADOS).

Na elaboração desses produtos, o leite mais empregado é o de

vaca, embora também possa ser processado do leite de outros animais como:

cabra, ovelha, búfala dentre outros animais (PRINCIPAIS INDICADORES

LEITE E DERIVADOS).

3.2. Os processos geradores dos principais efluentes líquidos

Segundo José Raniere Mazile (2008), para que os laticínios

garantam ao consumidor a qualidade do produto final, os produtos devem ser

processados seguindo normas rigorosas de higienes, tanto das instalações

como das pessoas envolvidas e equipamentos utilizados.

A higienização do ambiente e dos equipamentos consiste em

duas etapas: limpeza e desinfecção.

A limpeza seria a remoção das sujeiras da superfície do ambiente

e equipamentos e a desinfecção seria a retirada de microrganismos das

superfícies e equipamentos com o auxilio de produto químico.

As etapas de limpeza e desinfecção estão subdivididas da

seguinte maneira:

Pré-lavagem – utilizando apenas água

Lavagem- utilizando detergentes para a retirada de

matérias que permaneceu aderido as superfícies.

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5

Enxague – retira os resíduos das sujidades e do

detergente.

desinfecção – essa etapa é realizada imediatamente antes

da utilização dos equipamentos. Abaixo se relacionam alguns dos agentes

sanificantes:

Agentes físicos: calor e luz ultravioleta

Agentes químicos: compostos clorados (hipoclorito de

sódio e cálcio) e compostos iodados (solução alcoólica a 10%)

As águas utilizadas nos processos de limpeza são as que mais

contribuem para o volume gerado de efluente, e mesmo com a separação do

soro, esse efluente é rico em gorduras, carboidratos, principalmente a lactose,

e proteínas, refletindo em um efluente com elevada Demanda Bioquímica de

Oxigênio (DBO), Demanda Química de Oxigênio (DQO), óleos e graxas,

nitrogênio, fósforo, etc (MENDES, 2003; MACHADO, 2006).

Outros procedimentos considerados críticos em termos

operacionais é a lavagem dos caminhões tanque, que geram uma grande

quantidade de águas residuárias. Até 90% - 94% da Demanda Bioquímica de

Oxigênio (DBO) do efluente estão relacionadas diretamente a perdas de leite,

que podem chegar a 2,0% do volume total do leite processado na indústria

(WASTEWATER, 1999; KIRSH e LOOBY, 1999).

Entretanto, WASTEWATER (1999) relata que com um bom

programa de gerenciamentos de resíduos, sua perda de leite fica próxima a

0,5%, reduzindo a quantidade de aguas residuárias no seu processo de

tratamento.

No processamento do leite de consumo pasteurizado as

operações geradoras de águas residuárias são a lavagem e desinfecção de

equipamentos como tanques de estocagem e recepção, pasteurizador,

centrífugas, homogeneizadores, tubulações, latões, embaladeiras, etc., além

de quebra de embalagens contendo leite, perda nas embaladeiras e

lubrificação dos transportadores.

No processo de pasteurização utiliza-se cerca de 3,25 litros de

água residuária para cada litro de leite processado (MATOS, 2005). Nesta

etapa de pasteurização são utilizadas soluções alcalinas e ácidas muito

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6

concentradas que acabam sendo encaminhadas para o sistema de tratamento

de efluentes (MACHADO 2006).

Segundo à CETESB, o pH dessas águas de descarte pode variar

de 1,0 a 13,0.

Em trabalho realizado por MACHADO (2002) foi encontrado um

consumo de agua que varia de 1,1 a 6,7L para cada litro de leite processado,

essa variação acontece por causa da diversificação da produção láctea que

abrange desde a produção de leite de consumo, pasteurizado ou esterilizado,

até queijos os mais simples aos mais elaborados, sorvetes, cremes, bebidas

lácteas, doces, etc.

Na fabricação de queijo é gerado um subproduto chamado soro, o

soro é um resíduo altamente poluente e com uma concentração de matéria

orgânica de cem a duzentas vezes maiores que o esgoto doméstico, ficando

inviável seu tratamento em lagoas.

Tabela 1: A Qualidade do Efluente com e sem Recuperação do

Soro.

Parâmetros Instalação com recuperação de soro

Instalação sem recuperação de soro

mg/L

DBO5 2397 5312

DQO 5312 20559

Fonte: Comissão Europeia – Prevenção e Controle integrado da Poluição

Este subproduto deve ser capitado e separado para que possam

ser aproveitado na fabricação de outros produtos láctea, como ricota fresca, ou

na fabricação de rações para cachorros e até mesmo na alimentação direta de

animais como os porcos.

Para cada litro de leite utilizado na fabricação de queijo são

gerados de 0,6 a 0,9 litros de soro e também gera de 3 a 4 litros de agua

residuária.

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O soro é um produto de composição variada, por ser originado de

diferentes tipos de queijo. O soro da produção de queijo mussarela é

constituído aproximadamente de 93% de agua, 5% de lactose, 0,9% de

proteína, 0,3% de gordura, 0,2% de acido lático e pequenas quantidades de

vitaminas (BEM-HASSAN e GHALY, 1994). Os aminoácidos presentes nas

proteínas do soro superam as doses recomendadas a crianças de dois a cinco

anos de idade e aos adultos (WIT, 1998).

As águas residuárias da queijaria possuem, além de soro,

coágulos, leite diluído cuja matéria orgânica contém compostos proteicos,

gordurosos e carboidratos, materiais sólidos flutuantes (principalmente graxas),

produtos químicos ácidos e alcalinos, detergentes e desinfetantes, e seu pH é

mais baixo do que no processamento do leite, devido à produção do ácido

lático pelos microrganismos. (BRAILE e CAVALCANTE, 1993).

3.3. Vazão dos Efluentes

Em uma indústria de laticínios a vazão dos efluentes líquidos varia

ao longo do dia e depende diretamente das operações de processamento ou

de limpeza que ocorre na empresa. Existem também as variações sazonais

devidas as modificações introduzidas no perfil qualitativo e, ou, quantitativo da

produção, nos horários de produção, nas operações de manutenção, entre

outras (MACHADO 2002).

De acordo com MACHADO (1999) a vazão e o volume dos

efluentes estão diretamente relacionados ao volume de água consumido pelo

laticínio. Em Planos de Controle Ambiental apresentado à Fundação Estadual

do Meio Ambiente (FEAM), o valor desse coeficiente varia entre 0,89 e 0,96.

Segundo MATOS (2005) a vazão de águas residuárias nos

laticínios pode ser determinada de duas maneiras:

No ponto de lançamento do afluente.

Estimando o consumo de água no processo de produção,

incluindo-se águas usadas na lavagem de pisos e

maquinário.

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3.4. Tratamento de efluentes líquidos

Os laticínios hoje representam um setor economicamente

importante da indústria de alimentos no Brasil, a fabricação de produtos lácteos

é amplamente desenvolvida, entretanto, muitos não possuem um sistema de

tratamento de efluente, o qual hoje se faz necessário para garantir e adequar

as aguas residuárias aos padrões previstos pela legislação (Resolução nº

357/05 e 397/08 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA -, que

trata dos limites das concentrações nos efluentes e nos corpos receptores em

função de sua classe). No estado de São Paulo, o decreto estadual no 8.468/76

da CETESB normatiza os lançamentos com dados mais específicos para a

região.

Para atender a legislação, existem vários sistemas de tratamento

final. Esses sistemas variam de empresa para empresa se adequando as

necessidades de cada uma. Nos laticínios por ser gerado um efluente com

elevada carga em matéria orgânica biodegradável, sua remoção poderá ser

feita biologicamente.

Os processos de tratamento biológico têm como princípio utilizar a

matéria orgânica dissolvida ou em suspensão como substrato para a biota –

como bactérias, fungos e protozoários - que a transformam em gases, água e

então se reproduzem.

Segundo Ghandi (2005), as principais tecnologias aplicadas em

sistemas de tratamento biológico e de reuso são lagoas de estabilização:

lagoas anaeróbias, lagoas aeróbias aeradas ou não aeradas, lagoas

facultativas aeradas ou não aeradas, lagoas de maturação; sistemas de lagoas;

filtros biológicos: anaeróbios e aeróbios aerados ou não aerados; lodos

ativados; nitrificação biológica; desnitrificação biológica; coagulação,

floculação, sedimentação; recarbonatação ou recarbonetação; filtração; arraste

de amônia com ar (amônia stripping); cloração ao breakpoint; ozonização;

adsorção em carvão ativado; troca iônica; separação por membranas: osmose

reversa, nanofiltração, ultrafiltração, microfiltração, permeação gasosa, difusão

gasosa, pervaporação; eletrodiálise. Outra hipótese para o tratamento,

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conforme Vedana (1999) e Tamanini (2006) são os processamentos químicos à

custa da adição de reagentes químicos.

As lagoas de estabilização dentre os outros tipos de sistema de

tratamento tem como vantagem: baixo custo de manutenção, operação e a

capacidade de trabalhar com sobre carga hidráulica e orgânica. E como

desvantagem: a necessidade de grande área para a implantação.

O sistema de tratamento para o laticínio será desenvolvida em

duas etapas que são: tratamento preliminar, tratamento secundário.

O tratamento preliminar será destinado para a separação de

líquidos, pastas e demais corpos não miscíveis com a água, e que têm peso

específico menor, tendendo a flutuar na superfície, esse dispositivo é

denominado caixa de gordura (EAE).

As gorduras originadas no laticínio e que seguem para a estação

de tratamento, se agrupam, mais para isso é necessário algum tempo de

detenção.

Será necessário a retirada desse material para evitar: Piora na

qualidade do efluente, acúmulo nas unidades de tratamento e principalmente

causando aspectos desagradáveis no corpo receptor.

Suas características físicas devem ser dimensionadas para as

seguintes condições:

Condições de regime hidráulico;

Entrada e saída projetadas para permitir escoamento do

efluente;

Condições de vedação para maus odores e contato com

insetos e roedores.

O tratamento secundário terá dois dispositivos que são: lagoa

anaeróbia e lagoa facultativa.

As lagoas anaeróbias são dimensionadas para receber cargas

orgânicas elevadas, que impedem a existência de oxigênio dissolvido no meio

liquido. Sua profundidade normalmente varia de 3,0m a 5,0m e o tempo de

detenção hidráulico nunca é inferior a 3 dias.

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Utilizam-se profundidades de 3,0 a 5,0 metros para que fatores

ambientais (reaeração pelo contato com a atmosfera, produção por

fotossíntese, entre outros) não interfiram nas condições estritas de anaerobiose

(Von Sperling).

A remoção de poluentes é obtida pela sedimentação e ação de

microrganismos anaeróbios, eliminando a necessidade de algas para a

produção de oxigênio no meio líquido. A biota desenvolve duas etapas

importantes, a liquefação e formação de ácidos (bactérias acidogênicas) e

após, a formação do metano (bactérias metanogênicas).

Na primeira fase não há remoção da DBO5, apenas a conversão

da matéria orgânica a outras formas (moléculas mais simples e posteriormente,

ácidas). É na segunda etapa que a DBO5 é removida, com a matéria orgânica

(ácidos produzidos na primeira etapa) convertida em metano, gás carbônico e

água. O carbono orgânico é removido do meio líquido pelo fato do metano

(CH4) escapar para a atmosfera (Von Sperling, 2002).

Após o efluente passar pelo dispositivo anaeróbio ele é

encaminhado para a lagoa facultativa.

Na lagoa facultativa o conhecimento disponível é ainda limitado

para se aperfeiçoar a profundidade da lagoa, de forma a obter o maior numero

de benefícios. A tendência atual tem sido a de se adotar lagoas não muito

rasas, com profundidade variando de 1,5 a 2,0.

Nesta lagoa uma serie de mecanismos contribui para a

purificação dos esgotos. Estes mecanismos dividem a lagoa em três zonas,

denominadas: zona anaeróbia, zona aeróbia e zona facultativa.

A matéria orgânica em suspenção tente a sedimentar, vindo a

constituir o lodo do fundo (zona Anaeróbia). Este lodo sofre de decomposição

por microrganismos anaeróbios, sendo convertido lentamente em gás

carbônico, agua, metanos e outros.

A matéria orgânica dissolvida, conjuntamente com a matéria

orgânica em suspensão de pequenas dimensões não sedimentada,

permanecendo dispersa na massa liquida. Na camada mais superficial tem-se

a zona aeróbia. Nesta zona, a matéria orgânica é oxidada por meio da

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11

respiração aeróbia. Há a necessidade da presença de oxigênio, o qual é

suprido ao meio pela fotossíntese realizada pelas algas. Tem-se, assim, um

perfeito equilíbrio entre o consumo e a produção de oxigênio e gás carbônico:

Bactérias Respiração:

Consumo de oxigênio

Produção de gás carbônico

Algas Fotossíntese:

Produção de oxigênio

Consumo de gás carbônico

Fotossíntese:

CO2 + H2O + Energia Matéria orgânica + O2

Respiração:

Matéria orgânica + O2 CO2 + H2O + Energia

Figura 1: Esquema Simplificado de uma Lagoa Facultativa

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12

Para a ocorrência da fotossíntese é necessário uma fonte de

energia luminosa, neste caso representado pelo sol. Por esta razão, locais com

elevada radiação solar e baixa nebulosidade são bastante propícios à

implantação de lagoas facultativas (Von Sperling).

A fotossíntese, por depender de energia solar, é mais elevada

próxima à superfície da lagoa. Na medida em que se aprofunda na lagoa, a

penetração da luz é menor o que ocasiona a predominância do consumo de

oxigênio (respiração) sobre a sua produção (fotossíntese), com a eventual

ausência de oxigênio dissolvido a partir de uma certa profundidade. Ademais, a

fotossíntese só ocorre durante o dia, fazendo com que durante a noite possa

prevalecer à ausência de oxigênio. Devido a estes fatos, é essencial que haja

diversos grupos de bactérias, responsáveis pela estabilização da matéria

orgânica, que possam sobreviver e proliferar, tanto na presença, quanto na

ausência de oxigênio, esta zona é denominada facultativa.

O processo da lagoa facultativa é essencialmente natural, não

necessitando de nenhum equipamento. Por essa razão, a estabilização da

matéria orgânica se processa em taxas mais lentas, implicando na necessidade

de um elevado período de detenção na lagoa (indicado no dimensionamento).

A ligação de um tratamento a outro, pode ser feita em paralelo

(figura 3) ou em serie (figura 2).

Ligação das células em serie: um sistema de lagoas em série,

com um determinado tempo de detenção total, possui maior

eficiência do que lagoa única, com o mesmo tempo de detenção

total. A implicação é que, para uma mesma qualidade do efluente,

obtém-se uma menor área ocupada com um sistema de lagoas

em série (MARCOS VON SPERLING, V3).

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Figura 2: Fluxograma de um Sistema de Lagoas de Estabilização

em Série. Fonte: Von Sperling

Ligação das células em paralelo: Um sistema de lagoas em

paralelo possui a mesma eficiência que uma lagoa única.

No entanto, o sistema possui uma maior flexibilidade e

garantia, no caso de se ter de interromper o fluxo para uma

lagoa, devido a algum problema ou eventual manutenção.

Desta forma, o funcionamento do sistema não será

interrompido (MARCOS VON SPERLING, V3).

FIGURA 3– Fluxograma de um Sistema de Lagoas de

Estabilização em Paralelo. Fonte: Von Sperling

A tabela a seguir exemplifica os quatro modelos hidráulicos

frequentemente utilizados. Para lagoas o regime de fluxo disperso é o mais

utilizado.

Afluente Efluente Lagoa

I

Lagoa

II

Afluente Efluente

Lagoa

II

Lagoa

I

Lagoa

IV

Lagoa

III

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14

Tabela 2: Características dos modelos hidráulicos mais frequentemente utilizados no dimensionamento e avaliação de desempenho das lagoas de estabilização.

Modelo Hidráulico Esquema do Reator Características

Fluxo em Pistão As partículas de fluido entram

continuamente em uma extremidade do

tanque e são descarregadas na outra

extremidade. O fluxo se processa como um

êmbolo, sem misturas longitudinais. Este

tipo de fluxo é reproduzido em tanques

longos, com uma elevada relação

comprimento por largura. Os reatores de

fluxo em pistão são reatores idealizados,

uma vez que é bastante difícil se obter na

prática a ausência total de dispersão

longitudinal.

Mistura Completa As partículas que entram no tanque são

imediatamente dispersas em todo o corpo

do reator. A mistura completa pode ser

obtida em tanques circulares ou quadrados

se o conteúdo do tanque for contínuo e

uniformemente distribuído. Os reatores de

mistura completa são reatores idealizados,

já que é difícil de obter na prática uma

dispersão total em todo o volume do

reator.

Reatores de mistura

completa em série

Os reatores de mistura completa em série

são usados para modelar o regime

hidráulico que existe entre os regimes

ideais de fluxo em pistão e mistura

completa. Se o sistema apresentar um

número infinito de reatores em série, o

fluxo em pistão é reproduzido. O fluxo de

entrada e saída é contínuo.

Fluxo disperso O fluxo disperso é obtido em um sistema

qualquer com um grau de mistura

intermediário entre os dois extremos de

fluxo em pistão e mistura completa. Na

realidade, a maior parte dos reatores

apresenta fluxo disperso. Devido à maior

dificuldade na sua modelagem, são

frequentemente feitas aproximações para

um dos modelos hidráulicos ideais. O fluxo

de entrada e saída é contínuo

Fonte: adaptado Von Sperling, 2002.

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15

A seguir será descrita os critérios e equações utilizadas para o

dimensionamento do sistema de tratamento do laticínio.

3.5. Parâmetros de Dimensionamento da Caixa de Gordura

Para gordura presente nas águas residuárias de laticínio, cuja

densidade é de aproximadamente 0,9 g/ml, será necessária uma detenção de 3

minutos para que se agrupem, tendo uma temperatura do líquido menor de

25°C. Pode ser observado em cilindros graduados, qual do tempo necessário

para formar uma camada de escuma na superfície do líquido.

As caixas podem ser circulares ou retangulares; deve haver uma

entrada afundada para evitar a turbulência e uma saída também afundada,

para arraste dos sólidos sedimentáveis.

Logo baixo segue as equações utilizadas no dimensionamento.

V = v . t (26)

Sendo, V = Volume útil (L)

v = vazão media do efluente (L/s)

t = tempo de detenção (s)

A = V/H (27)

Sendo, A = área útil da caixa (m²)

V = volume útil (m³)

H = profundidade (m)

L/B = 1 (28)

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3.6. Critério de Dimensionamento Anaeróbio

Os principais parâmetros de projeto das lagoas anaeróbias são:

Taxa de aplicação volumétrica

Tempo de detenção

A temperatura se apresenta como fator limitante na eficiência da

lagoa anaeróbia. Locais mais quentes permitem uma maior taxa de aplicação e

assim, menor volume. A variação do volume com a temperatura depende da

taxa de aplicação volumétrica, dada pela Tabela a seguir.

Tabela 3: Taxas de Aplicação Volumétrica Admissíveis para

Projeto de Lagoas Anaeróbias, em Função da Temperatura.

Temperatura média do

ar no mês mais frio

T(°C)

Taxa de aplicação volumétrica

admissível – Lv

(KgDBO5/m³d)

10 – 20

20 - 25

>25

Fonte: Von Sperling, 2002.

Segundo o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), no ano de

2010 foi registrada uma temperatura média do ar no mês mais frio de 17°C e

uma temperatura média de 22°C.

Portanto a taxa de aplicação volumétrica se calcula

Lv = 0,02 . T – 0,10 (1)

Onde, T = temperatura média do ar no mês mais frio.

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O volume requerido para a lagoa é dado por:

V = L/Lv (2)

Onde, V = volume da lagoa (m³)

Lv = taxa de aplicação volumétrica (KgDBO5/m³d)

L = carga de DBO5 total afluente (KgDBO5/d).

A área da lagoa é calculada por:

A = V/H (3)

Onde; A = área da lagoa (m²)

V = volume requerido para a lagoa (m³)

H = profundidade (m)

Calculando a carga de DBO5 total do afluente(L): (4)

L= Concentração DBO do afluente (kg/m3) x vazão (m3/d)

Onde,

mg/l = g/m3 g/m3 para kg/m3 (÷ por 1000)

O tempo de detenção hidráulica resultante é obtido por meio de:

t = V / Q (5)

Onde, t = tendo de detenção (dias)

V = volume da lagoa (m3)

Q = vazão média afluente (m3/d)

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18

A eficiência de remoção é uma variante da temperatura. A Tabela

abaixo mostra os valores adotados para duas faixas de temperatura.

Tabela 4: Eficiências de Remoção de DBO5 em Lagoas

Anaeróbias, em Função da Temperatura.

Temperatura do ar no mês mais frio (°C) Eficiência de remoção de DBO5 (%)

10 a 25

>25

Fonte: Mara (1997).

Eficiência de remoção de DBO = 2 x T + 20 (6)

Onde, T = temperatura média do ar no mês mais frio. 17 °C para T Fonte: INMET, 2010.

3.7. Critérios de Dimensionamento da Lagoa Facultativa

Os principais parâmetros de projeto das lagoas facultativas são:

Taxa de aplicação superficial

Tempo de detenção

O critério de taxa de aplicação superficial baseia-se na

necessidade de se ter uma determinada área de exposição à luz solar na

lagoa, para que o processo de fotossíntese ocorra. O objetivo de se garantir a

fotossíntese e, indiretamente, o crescimento de algas, é o de se ter uma

produção de oxigênio suficiente para suprir a demanda de oxigênio. Assim, o

critério de taxa de aplicação superficial é baseado na necessidade de oxigênio

para a estabilização da matéria orgânica. A taxa de aplicação superficial

relaciona-se, portanto, à atividade das algas.

A taxa a ser adotada varia com a temperatura local, latitude,

exposição solar, altitude e outro.

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Mara e Pearson (1995) e Mara (1996) apresentam as seguintes

relações entre taxa de aplicação superficial (Ls) e a temperatura (T):

Ls = 50 x 1,072T (Mara e Pearson)

Onde, T = Temperatura média do ar, °C (7)

Ls = 350 x (1,107 – 0,002 x T)(T- 25) (Mara)

Onde, T = temperatura media do líquido no mês mais frio, °C (8)

Como já foi citado o INMET, no ano de 2010 registrou uma

temperatura média do ar no mês mais frio de 17°C e uma temperatura média

de 22°C.

A área requerida para a lagoa é calculada por:

A=L/Ls (9)

Onde, A = área requerida para a lagoa (ha)

L = carga de DBO total afluente (KgDBO5/d)

Ls = taxa de aplicação superficial (KgDBO5/ha.d)

Para calculando a carga de DBO5 total do afluente(L): (10)

L= Concentração DBO do afluente (kg/m3) x vazão (m3/d)

Volume da lagoa pode ser encontrado através da equação:

V = A. H (11)

Onde, A = área requerida (m²)

H = profundidade (m)

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20

O critério do tempo de detenção diz respeito ao tempo necessário

para que os microrganismos procedam à estabilização da matéria orgânica na

lagoa. O tempo de detenção relaciona-se, portanto, à atividade das bactérias.

t = V/Q (12)

Onde, V = volume requerido para a lagoa (m3)

T = tempo de detenção (d)

Q = vazão media do afluente (m3/d)

Para encontrar a remoção de DBO segundo o regime hidráulico

de fluxo disperso é necessário dois parâmetros que são:

Coeficiente de remoção da DBO

Número de dispersão

O Coeficiente de remoção de DBO pode ser obtido através das

seguintes relações empíricas.

Arceivala (1981)

K = 0,132.logLs – 0,146 (13)

Vidal(1983)

K = 0,091 + 2,05x10-4.Ls (14)

O número de dispersão (d) no caso de um projeto de nova

instalação deve ser estimado. Logo abaixo segue uma relação empírica de Von

Sperling que podem ser utilizadas para esta estimativa preliminar:

d = 1/(L/B) (15)

Onde, d = número de dispersão

L = comprimento da lagoa (m)

B = largura da lagoa (m)

Page 34: Monografia Final Capa Dura

21

Para facilitar a utilização deste conceito, a eficiência pode ser

estimada pelas formulas a seguir ou até mesmo através da figura 4.

S = S0 e -k . t (16)

Onde, S = concentração de DBO solúvel efluente (mg/l)

S0 = concentração de DBO total do afluente (mg/l)

K = coeficiente de remoção de DBO (d-1)

t = Tempo de detenção (dias)

Estimativa Eficiência (17)

E = (S0 – S) . 100/ S0

Onde, E = eficiência

S0 = concentração de DBO total do afluente (mg/l)

S = concentração de DBO solúvel efluente (mg/l)

Figura 4: Eficiência de Remoção da DBO – Reator de Fluxo

Disperso. Fonte: Von Sperling.

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3.8. Geometria

As dimensões de comprimento e largura das lagoas determinadas

nos pré-dimensionamentos são a meia profundidade. As dimensões das lagoas

no fundo, ao nível d´água e na crista do talude dependem da inclinação no

talude interno.

Largura a meia profundidade = √

(18)

Comprimento a meia profundidade = Largura * Geometria (19)

Comprimento no fundo = comprimento a meia altura – d.(H/2) (20)

Comprimento no Nível d´agua = comprimento a meia altura + d.(H/2) (21)

Comprimento na crista do talude = comprimento no Nível d´agua + d.(borda livre) (22)

Largura no fundo = largura a meia altura – d.(H/2) (23)

Largura no nível d´agua = largura a meia altura + d.(H/2) (24)

Largura na crista do talude = largura no nível d´agua + d.(borda livre) (25)

Onde, 1:d (vertical/horizontal)

H = profundidade

A inclinação do talude interno depende muito do terreno, terrenos

argilosos precisando de uma inclinação superior a 1:2 (vertical/horizontal) e

terrenos arenosos a inclinação pode ser entre 1:3 a 1:6.

Na Figura 5 e 6, temos uma exemplificação dos locais

encontrados pelos cálculos acima.

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23

Figura 5: Exemplifica o Comprimento

Figura 6: Exemplifica a Largura

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4. DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS

O desenvolvimento esta dividido em duas partes para o melhor

entendimento dos resultados. A primeira etapa caracterizará o efluente gerado

pela industrial de laticínio. Após essa etapa será apresentado o

dimensionamento do sistema de tratamento e sua eficiência na remoção de

DBO.

4.1. Caracterização do Efluente

Para a realização dessa etapa, foram feitas duas parcerias, uma

com o laticínio, o qual disponibilizou o seu esgoto industrial bruto e alguns

informações sobre sua produção, a outra parceria foi junto a UNOESTE –

Divisão de Saneamento Básico que realizou a análise do efluente. Os

parâmetros analisados foram: Demanda Química de Oxigênio e Demanda

Bioquímica de oxigênio.

Os métodos utilizados nas análises:

DQO: método colorimétrico refluxo fechado – Standard Methods

21 edition 2005 (5220 – D pg. 5-18 à 5-19)

DBO5: método respirométrico simplificado – Oxitop Standard

Methods 21 edition 2005 (5210 – D pg. 5-10 à 5-13)

Os resultados obtidos encontram-se na tabela 5, logo a seguir.

Tabela 5: Resultado da Análise do Efluente Bruto

Características do efluente analisado

Unidades

DQO 9960,00 mgO2/L

DBO 4014,47 mgO2/L

Page 38: Monografia Final Capa Dura

25

Devido à alta carga de DBO e DQO, será proposto ao laticínio que

seja feito a recuperação do soro gerado durante a produção do queijo

mussarela, utilizando em outros produtos lácteos ou até mesmo vendendo esse

subproduto pra empresa que utilizem como matéria prima.

Segundo a Comissão Europeia – Prevenção e Controle integrado

da Poluição, o soro do leite contem uma elevada DBO piorando a qualidade do

efluente, sendo inviável seu tratamento em lagoas de estabilização.

A tabela 6 a seguir mostra como a recuperação de soro melhora a

qualidade do efluente.

Tabela 6: Qualidade do Efluente com Recuperação de Soro e

Sem Recuperação.

Parâmetros Instalação com recuperação de soro

Instalação sem recuperação de soro

mg/L

DBO5 2397 5312

DQO 5312 20559

Fonte: Comissão Europeia – Prevenção e Controle integrado da Poluição

Diante de uma melhora de qualidade superior a 50% da DBO,

será proposta a recuperação do soro no Laticínio e em seguida será

dimensionado as lagoas de estabilização com base no efluente sem soro.

A tabela 7 mostra a qualidade do efluente com recuperação de

soro e o dimensionamento será realizado com a DBO desta tabela

Tabela 7: Característica do Efluente Laticínio com Recuperação

de Soro.

Característica do efluente com recuperação do soro

Unidades

DBO 2000,00 mgO2/L

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4.2. Dimensionamento do Sistema de Tratamento

O sistema de tratamento começa do tratamento preliminar, a

caixa de gordura. Para o dimensionamento da caixa de gordura foi adotado o

funcionamento do laticínio de 9 horas por dia. Sabendo que a vazão média do

efluente é de 25000 litros/d, encontramos uma media de 0,7716 l/s, com uma

temperatura ambiente, precisando de 3 minutos para que a gordura se agrupe.

Tabela 8: Parâmetros de Dimensionamento da Caixa de Gordura.

Caixa Retangular

Densidade da gordura 0,94 g/ml

Detenção necessária 3 minutos 180 segundos

Volume necessário 138,9 L 0,138 m³

Vazão media do efluente 0,7716 L/s

Figura 12: Dimensionamento da Caixa de Gordura

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27

As equações utilizadas podem ser encontradas nas referencias da

tabela 9.

Tabela 9: Dimensionamento do Tratamento Preliminar

Após o efluente passar pelo tratamento preliminar, seguirá para o

tratamento secundário - lagoa anaeróbia onde terá um tempo de detenção de 8

dias. Na tabela 10, 15 e 11 logo abaixo mostrara dados, resultados e o

dimensionamento da lagoa.

As equações não citados abaixo na literatura serão representados

pela equação presente na coluna de referência!

Tabela 10: Dados de Projeto da Lagoa Anaeróbia

Referencia Dados de projeto da lagoa anaeróbia Unidade

Adotado Tipo Fluxo disperso (-)

Adotado Ligação da Célula em série (-)

Adotado Profundidade 4,5 m

Adotado Geometria da lagoa L/B = 2 (-)

Adotado DBO5 afluente 2000 mgO2/L

Adotado Inclinação do talude interno 1v/2h vert/horiz

Adotado Vazão do efluente 25 m³/d

Adotado Temperatura média do ar no mês mais frio

17 °C

Referencia Tratamento preliminar

Equação 26 Volume Útil 138,9 L

Equação 27 Área útil 0,276 m²

Equação 28 Comprimento 0,52 m

Equação 28 Largura 0,52 m

Adotada Altura 0,5 m

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28

Tabela 15: Resultados de Projeto da Lagoa Anaeróbia

Referencia Resultados de projeto da lagoa anaeróbia Unidade

Equação 3 Área requerida para a lagoa 46,22 m²

Equação 5 Tempo de detenção 8 dias

Equação 6 DBO efluente 920 mgO2/L

Equação 6 Eficiência 54 %

Equação 2 Volume da lagoa 208 m³

Equação 1 Taxa de aplicação volumétrica 0,24 KgDBO5/m³d

Equação 4 Carga de DBO5 total afluente 50 kgDBO5/dia

Tabela 11: Dimensionamento da Lagoa Anaeróbia

Referencia Dimensionamento da lagoa

Equação 17 Comprimento a meia altura 9,61 m

Equação 18 Comprimento no fundo 5,11 m

Equação 19 Comprimento na N.A. 14,11 m

Equação 20 Comprimento na crista do talude 15,11 m

Equação 16 Largura a meia altura 4,80 m

Equação 21 Largura no fundo 0,3 m

Equação 22 Largura na N.A. 9,3 m

Equação 23 Largura na crista do talude 10,3 m

Adotado Borda livre 0,5m

No tratamento secundário- lagoa facultativa, a DBO5 inicial será

de 54% a menos que o esgoto bruto gerado pelo laticínio e um tempo de

detenção de 72 dias. Seguem nas tabelas 12, 16 e 13 os dados, resultados e

geometria da lagoa facultativa.

As equações não citados na literatura serão representados pela

equação presente na coluna de referencia.

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29

Tabela 12: Dados de Projeto da Lagoa Facultativa

Referencia Dados de projeto da lagoa facultativa Unidade

Adotado Tipo Fluxo disperso (-)

Adotado Ligação da Célula em série (-)

Adotado Profundidade 1,8 m

Adotado Geometria da lagoa L/B = 3 (-)

Adotado DBO5 afluente 920 mgO2/L

Adotado Inclinação do talude interno 1v/2,5h vert/horiz

Adotado Vazão do efluente 25 m³/d

Adotado Temperatura média do ar no mês mais frio

17 °C

Adotado Temperatura média do ar 22 °C

Tabela 16: Resultados de Projeto da Lagoa Facultativa

Referencia Resultados de projeto da lagoa facultativa Unidade

Equação 9 Área requerida para a lagoa 1000 m²

Equação 12 Tempo de detenção 72 dias

Equação 17 DBO5 efluente 9,2 mgO2/L

Figura 9 Eficiência estimada 99 %

Equação 11 Volume da lagoa 1800 m³

Equação 7 Taxa de aplicação Superficial 230 KgDBO5/ha.d

Equação 10 Carga de DBO5 total afluente 23 kgDBO5/dia

Equação 13 Coeficiente remoção de DBO 0,1657 d-1

Equação 15 Número de dispersão 0,3 adimensional

Equação 16 Concentração DBO solúvel 0, 00606 mg/L

Tabela 13: Dimensionamento da Lagoa Facultativa

Referencia Dimensionamento da lagoa

Equação 17 Comprimento a meia altura 54,77m

Equação 18 Comprimento no fundo 52,07m

Equação 19 Comprimento na N.A. 57,47m

Equação 20 Comprimento na crista do talude 58,97m

Equação 16 Largura a meia altura 18,25m

Equação 21 Largura no fundo 15,55m

Equação 22 Largura na N.A. 20,95m

Equação 23 Largura na crista do talude 22,45m

Adotado Borda livre 0,5m

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Diante dos resultados obtidos, o sistema de tratamento biológico

teve uma eficiência total de 99% na remoção de DBO. Adequando conforme a

legislação para o lançamento em corpo receptor.

Tabela 14: Padrões de Lançamento de Efluentes - CETESB

Padrões de lançamento do efluente (Decreto n°. 8468/1976)

Parâmetro Valor Limite

pH entre 5 e 9

Temperatura inferior a 40°C

Materiais Sedimentáveis ≤ 1 mL/L

Óleo e Graxas ≤ 100 mg/L

Demanda Bioquímica de Oxigênio menor que 60 mgO2/L ou redução de

80%

Fonte: CETESB, 1976

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5. CONCLUSÃO

O sistema de tratamento se mostrou teoricamente eficaz na

remoção de DBO5 no efluente industrial do laticínio, atingindo uma redução de

carga orgânica menor que 60 mgO2/L.

Faz-se necessário o tratamento preliminar deste resíduo, evitando

acúmulo de gordura nas unidades de tratamento e principalmente aspectos

desagradáveis no corpo receptor.

Recuperação do soro é necessária para que o sistema tenha o

desempenho desejado.

Quanto melhor a qualidade do nosso efluente, menor será a área

requerida para a lagoa e menor o tempo de detenção.

Regiões com altas temperaturas favorecem no desempenho das

lagoas.

Page 45: Monografia Final Capa Dura

32

6. BIBLIOGRAFIA Sebastião Teixeira Gomes. Produção de Leite no Brasil. Daniela Rodrigues Alves. Industrialização e Comercialização do Leite de Consumo no Brasil. Cap. 4 Eng° Gandhi Giordano, D.Sc. Tratamento e Controle de Efluentes Industriais Ana Cristina Ferreira Moreira da Silva. Tratamento de resíduos líquidos de laticínios em reator anaeróbio compartimentado seguido de leitos cultivados. 2010. L.F.W. Brum, L.C.O. Santos Júnior, S. Benedetti. Reaproveitamento de Agua de Processo e Resíduos de Industria Láctea. 2009. Rosângela Moreira Gurgel Machado, Patrícia Cristina da Silva e Valdir Honório Freire. Controle Ambiental em Industrias de Laticínios. Brasil Alimentos – n° 7 Março/Abril de 2001. José Raniere Mazile Vidal Bezerra. Tecnologia de Fabricação de Derivados de Leite. Guarapuava, 2008. Devanir Donizeti Daniel. Avaliação de Processos Biológicos Utilizados no Tratamento de Efluentes de Laticínios. Ribeirão Preto, 2008 Prof. Antonio Teixeira de Matos. Tratamento de Resíduos Agroindustriais. Universidade Federal de Viçosa, maio de 2005. Glaudety Barbosa Saraiva. Potencial Poluidor de um Laticínio de Pequeno Porte: Um Estudo de Caso. Viçosa, 2008. Dayse de Oliveira Menezes, Guilherme Silvino, Absalão Carvalho de Neto. Orientações Básicas para Operação de Estações de Tratamento de Esgoto – ETEs, 2006. Larissa Paranhos Nirenberg, Osmar Mendes Ferreira. Tratamento de Águas Residuárias de Indústria de Laticínio: Eficiência e Análise de Modelos Matemáticos do Projeto da Nestle. Goiânia, 2005 Martha Faria Bérnils Maganha – Setor de Tecnologias de Produção Mais Limpa. Guia Tecnico Ambiental da Industria de Produtos Lacteos Serie P+L. 2008. Tsunao Matsumoto. Tecnologias de Tratamento de Efluentes. UNESP. Von Sperling, M. Princípios do Tratamento Biológico de Aguas Residuárias – Lagoas de Estabilização. 1998.

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