Monografia Adelaidechao Final Uff
-
Upload
adelaide-chao -
Category
Documents
-
view
47 -
download
2
Transcript of Monografia Adelaidechao Final Uff
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA
LANTE – Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino
Mídias de Comunicação em ambientes virtuais de aprendizagem: por uma nova
Educação na sociedade de informação.
ADELAIDE CRISTINA ROCHA DE LA TORRE CHAO
DUQUE DE CAXIAS / RIO DE JANEIRO
2013
ADELAIDE CRISTINA ROCHA DE LA TORRE CHAO
Mídias de Comunicação em ambientes virtuais de aprendizagem: por uma nova Educação
na sociedade de informação.
Trabalho de Final de Curso apresentado à
Coordenação do Curso de Pós-graduação
da Universidade Federal Fluminense, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Especialista Lato Sensu em Planejamento,
Implementação e Gestão da EAD.
Aprovada em Outubro de 2013.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________________________
Prof. Dr. Ricardo Cordeiro de Farias - Orientador
UFRJ
________________________________________________________________________
Prof. Dra. Andréa Paula Osório Duque
UERJ
________________________________________________________________________
Prof. Dra. Ana Lisa Nishio
UFRRJ
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus tutores e alunos que ao longo
deste curso me ensinaram que a arte e o dom de Educar
estão refletidos no olhar - do outro, pelo outro e para o outro.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo dom de minha vida e a meus avós (in
memoriam) Alvaro Zózimo e Noêmia Rocha, pelo exemplo e
dedicação à Educação ao longo de suas vida.
Agradeço a meus pais, Nilton e Sonia, meu esposo José Luís e meu filho Arthur, pelo
carinho, exemplo, atenção e paciência. Para vocês e por vocês com amor.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar como a explosão das novas mídias e
tecnologias na sociedade de informação do século XXI tem impactado nos processos e
novos modelos de aprendizagem. Descreve o cenário da aprendizagem na EAD e mostra
como seus profissionais precisam trabalhar para saberem lidar com um novo perfil de aluno
voltado a busca do conhecimento, através das ferramentas online. Através desta pesquisa,
observa-se que é possível atingir o discente, mesmo à distância e permitir que ele se torne
uma pessoa autodidata, criativa, disciplinada, responsável e gestora de sua própria
aprendizagem, à medida que interage e contribui com os demais, por meio das novas
formas de ensinar e aprender, disponibilizadas através das novas tecnologias da
informação e comunicação – NTIC´s.
Palavras–chave: educação à distância; ambientes virtuais; comunicação.
SUMÁRIO
Nº da página
1 – Introdução 06
1.1 – Justificativa 08
1.2 - Objetivos 08
1.3 – Metodologia 09
1.4 – Organização 10
2 – Pressupostos teóricos 10
3 – Resultados e discussões 19
4 – Conclusões ou considerações finais 23
5 – Referências 24
6
1. Introdução
O acesso à educação no ambiente virtual permitiu o desenvolvimento da
aprendizagem eliminando algumas barreiras como o uso da autonomia, o deslocamento
físico e o tempo. Agora por meio das novas tecnologias da informação e da comunicação é
possível ampliar seu conhecimento e contribuir com o outro a partir do momento em que o
indivíduo participa de um processo de interação em que acontecem trocas de experiências,
socialização, elaboração de produções textuais e a colaboração entre os pares.
Este trabalho acadêmico para a conclusão do curso de especialização em
Planejamento, Implementação e Gestão da Educação à Distância, foi parcialmente
desenvolvido em grupo por Adelaide Chao, Alessandra Martins e Ana Lucia Gomes, onde
as seções de Introdução, Metodologia, Pressupostos Teóricos e Conclusão são comuns ao
trabalhos individuais. No que se refere às pesquisas individuais, a autora Adelaide Chao
disserta sobre as mídias de comunicação na sociedade da informação, o novo
posicionamento docente para a área e cita o exemplo da aplicação de softwares em
ambiente virtual de aprendizagem aplicado no CAp UERJ1; a autora Alessandra Martins
disserta sobre a aplicação das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação no “fazer
pedagógico” de cursos na modalidade à distância e a autora Ana Lucia disserta sobre as
ferramentas utilizadas no AVA comentando sobre suas funcionalidades e
exemplificando-as.
O estudante da educação à distância passa a ser um aluno autônomo, pois precisa
se organizar sozinho para que possa cumprir as propostas de atividades do ambiente
on-line já que, com o uso das NTICs, ele não tem mais a presença física do professor e da
sala de aula. Toda esta relação faz parte de um momento e espaços virtuais.. Nesse novo
ambiente de estudo, o docente passa agora a ser o responsável por seu progresso
enquanto aluno, pois é dele a responsabilidade de se adequar àquela modalidade de
ensino em um tempo que permita o compromisso com seus afazeres educacionais. Se bem
utilizado, esse ambiente permitirá ao aluno um desenvolvimento considerável no que diz
respeito à questão do ensino aprendizagem. Para isso ele precisa saber como usar as
novas tecnologias da informação e da comunicação para seu benefício intelectual.
1 CAp UERJ – Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (colégio de aplicação da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro.
7
Nas palavras de Kenski (2001, p. 51),
"pessoas acompanham de seus lugares a mesma linha de
raciocínio, a emoção das descobertas, o suspense do
desvelamento das respostas, o vencer junto o desafio da ignorância
conjuntural, ultrapassar as barreiras do desconhecido, chegar no
limite da aventura, transformar, alcançar, superar e superar-se,
vencer, aprender."
ou seja, é possível à partir de um ambiente virtual, sentir as mesmas emoções do
presencial. E o melhor é que isso pode acontecer à distância e ao mesmo tempo próximos,
através da interação proporcionada via computador.
Para Soares (1996), a informação digital democratizada, trouxe uma relação estreita
entre os indivíduos, facilitando o acesso a dados, de forma planetária, provocando um
entrecruzamento de informações nas redes pessoais, estatais e comerciais, sendo
inevitável e permanente seu crescimento acelerado, pelo fácil acesso à internet e as novas
tecnologias, em tempo real, contribuindo para o desenvolvimento sócio cultural, político,
educacional e econômico.
Com o desenvolvimento descrito, o indivíduo necessita de conhecimento para
acompanhar o avanço da tecnologia. A educação a distância é uma forma de comunicação
tecnológica, disponibilizada para um grande número de pessoas, substituindo a influência
mútua entre professor e aluno na sala de aula, pela ação sistemática e conjunta de
soluções didáticas, e gestão de uma organização, diretoria e tutoria que propiciem a
aprendizagem autônoma do educando.
A partir de diversas leituras e exemplos sobre a aplicação de ferramentas digitais de
aprendizagem, mostramos neste trabalho a necessidade de haver um olhar mais atento,
não apenas para a importância, mas para a concretude dos efeitos que tais metodologias
de ensino causam no processo de aprendizagem, tanto do docente quanto do discente. As
mídias de comunicação já são uma realidade na troca e compartilhamento de informações
de maneira irreversível. Cabe a Educação saber desempenhar suas metodologias, de
forma criativa, cidadã e eficiente.
8
1.1 Justificativa
A expressão “explosão de novas mídias” refere-se ao surgimento acelerado de
novas mídias e tecnologias, tais como internet, redes sociais, telefonia móvel, audiovisual,
games, dentre outras que no século XXI causam transformações nas comunicações e nas
relações sociais, a exemplo do trabalho e da educação. Através dessas mídias,
informações circulam com velocidade espantosa, caracterizando este século como a
sociedade da informação.
Este estudo pretende analisar como as novas tecnologias de informação e mídias
de comunicação têm sido aplicadas nas práticas pedagógicas da contemporaneidade por
meio de avaliações, revisão de literatura, identificação de ferramentas virtuais e estudo de
caso. Considerando-se que os modelos tradicionais da Escola têm sido criticados por
muitos pesquisadores e pensadores da Educação como obsoletos, faz-se necessário
refletir sobre novos modelos pedagógicos que atentem para a dimensão criativa do
indivíduo. Neste sentido, torna-se relevante um trabalho que reflita sobre a utilização das
NTICs para o favorecimento da criatividade, do aprendizado e do desenvolvimento
educacional. Através dos ambientes virtuais e das mídias de comunicação é necessário
identificar quais representações são atribuídas aos principais agentes do aprendizado
(professores e alunos).
A relevância deste estudo é evidenciar tais ferramentas midiáticas no atual cenário
da Educação brasileira: seus efeitos, práticas e usos que possam nortear futuras
experiências educativas; a importância de investir em EAD, já que os ambientes virtuais e
as mídias de comunicação contribuem de forma singular para o desenvolvimento intelectual
do educando, uma vez que ele consegue se tornar autodidata, disciplinado e responsável à
medida que interage através das novas formas de ensinar e aprender, disponibilizadas
pelas NTICs.
1.2 Objetivos
Analisar como a explosão das novas mídias e tecnologias na sociedade de
informação do século XXI tem impactado nos processos e novos modelos de
aprendizagem.
Esse estudo tem o objetivo de investigar a aplicação das NTICs como práticas
pedagógicas para os alunos de EAD, apropriando-se da avaliação das mídias e sua
utilização no meio virtual visando ampliar o conhecimento do educando.
9
1.3 Metodologia
A Metodologia deste estudo está concentrada na revisão de literatura que abordará os
temas sobre de mídias de comunicação, metodologias de ensino com utilização destes
recursos, ambientes virtuais de aprendizagens e suas ferramentas, além do novo papel do
professor diante deste cenário. Para exemplificar os conceitos teóricos abordados na
vivência pedagógica de uma escola, haverá uma análise acerca das práticas de ensino com
a utilização de recursos virtuais aplicados. As informações da segunda etapa serão obtidas
através de pesquisa bibliográfica sobre metodologias de ensino para alunos do Ensino
Médio do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp UERJ – Colégio de
Aplicação).
Quanto à revisão de literatura será avaliada a explosão das mídias na sociedade da
informação investigando os pontos positivos e negativos na aplicação das NTICs em EAD.
Serão analisados dados que contemplem os estudos através das mídias de comunicação
com base no avanço da tecnologia e as transformações do mercado de trabalho, já que
surge uma “novo perfil” de aluno que precisa adequar trabalho e tempo para se qualificar e
também um caminho para se ascender profissionalmente, principalmente para aqueles
desprovidos de tempo e espaço, surge a EAD (Educação a Distância), modalidade criada
para o aluno autônomo, que deve ter motivação e disciplina, deve saber administrar bem
seu tempo, expor suas ideias de forma clara e ter conhecimento básico de informática.
Nesse ambiente, a tecnologia possibilita interação e comunicação entre os alunos e sua
melhora de desempenho nas avaliações desde que seu material didático ofereça
interatividade, sequência de ideias e conteúdos, relação teoria e prática, auto avaliação,
linguagem clara e concisa, glossário, exemplificações cotidianas e/ou científicas, resumos e
animações.
Esse trabalho tratará com especificidade dos ambientes virtuais e das mídias de
comunicação voltados ao fazer pedagógico e abordará sua importância para a
aprendizagem em EAD. O uso de tecnologias tornou-se uma necessidade no mundo no
qual vivemos e ao ser inserido no cotidiano escolar tornam-se um elemento facilitador do
ensino-aprendizagem bem como na relação interpessoal favorecendo a troca de
experiências, culturas e ainda se adequando a nova metodologia de ensino à distância.
A importância do tema consiste em incentivar o uso de ferramentas tecnológicas na
educação à distância tomando como base os processos de aprendizagem colaborativa no
10
ambiente virtual de aprendizagem – AVA, por meio de modernos modelos de ensino, cada
vez mais necessários, acompanhando o desenvolvimento tecnológico e formando um novo
perfil de educadores para a EAD.
Por meio de consultas bibliográficas, serão identificadas as ferramentas atualmente
disponíveis para utilização nos ambientes virtuais de aprendizagem na EAD, com
informações sobre suas funcionalidades, exemplificações para melhor compreensão,
relacionando seus pontos positivos e negativos, avaliando uma ferramenta de maior
aceitabilidade pelos educandos utilizando uma enquete disponível no período de uma
semana. Através de entrevistas e análise de currículos será feita uma avaliação das
aspirações e qualificações do profissional e mediador na EAD com o uso do correio
eletrônico e visualização do perfil.
1.4. Organização do Trabalho
O trabalho se propõe a fazer uma revisão literária discorrendo a respeito das
mídias de comunicação e metodologias de ensino através da utilização destes recursos,
com foco no novo papel do professor diante deste cenário. Realiza uma análise literária
acerca da explosão das mídias na sociedade da informação, investigando os pontos
positivos e negativos na aplicação das NTICs2 em EAD3, identificando as ferramentas
utilizadas no AVA4 comentando sobre suas funcionalidades e exemplificando-as.
2. Pressupostos teóricos
Para refletir sobre a tal “explosão das mídias na Sociedade da Informação” é
importante analisar cada termo desta expressão para evidenciar um atual modo de
reinventar a educação, os usos de práticas pedagógicas e comunicacionais comentadas
por diversos autores, tanto na Educação como na Comunicação. No cotidiano acadêmico,
percebe-se o uso natural e “onipresente” destas ferramentas, compartilhando
conhecimento através da interdisciplinaridade de conteúdos (Assmann, 2000).
Para um entendimento mais direto do conceito de Informação, Muniz Sodré (2002),
recobre uma variedade de formas (filmes, imagens, notícias, sons, etc.) definidas como
2 NTIC´s é a abreviação utilizada para o termo Novas Tecnologias de Informação e Comunicação.
3 EAD é a abreviação utilizada para o termo Educação à Distância.
4 AVA é a abreviação utilizada para o termo Ambientes Virtuais de Aprendizagem.
11
“fonte de dados”, tecnicamente chamado de BIT e mercadologicamente chamado de
PRODUTO. Para o autor, a “Sociedade da Informação” vem a ser uma onda “planetarista”
da Globalização, preocupada apenas com a velocidade com que ocorrem as trocas
informacionais (processos distributivos de capitais e mensagens).
Comparando a “Revolução da Informação” com a Revolução Industrial do séc. XIX –
é possível perceber que enquanto na modernidade o avanço das tecnologias se refletiam
no domínio do ESPAÇO - ferrovias – levavam pelas estradas de ferro a modernização e
avanços sociais, econômicos, culturais como marco do crescimento; na
contemporaneidade, este avanço se reflete no domínio do VIRTUAL - as infovias5 – vias de
informação que levam através das “estradas midiáticas”, o conhecimento, a
democratização e expansão do capitalismo, etc. Nesta metáfora, a comunicação deixa de
ser linear (como nas ferrovias) e passa a ser em rede (como na Internet, por exemplo). Para
Sodré (2002), o avanço não é da ordem da técnica nos processos sociais, e sim, das
relações intensificadoras destas novas tecnologias com o fluxo temporal. A partir do
computador, surge uma nova forma de vida midiática – a tecnocultura – uma cultura da
simulação ou do fluxo, mediada por novas técnicas. A convergência digital reduz as
barreiras materiais, ampliando o mercado comunicacional através da unificação e novos
usos de várias mídias (televisão, rádio, jornal, internet, telefonia móvel, etc.). Estes reflexos
se dão nas esferas de relações sociais e de consumo nos seus mais variados aspectos,
inclusive na Educação.
Para compreender melhor os conceitos de Comunicação e Informação é necessário
não confundir com a ideia de transmissão, de “difusão cultural” para a expansão das
tecnologias da informação e da comunicação, ou seja, a combinação do processamento de
dados com a eletrônica e as telecomunicações. A Comunicação configura-se como forma
de vida social ou um ecossistema tecnológico com valores humanos pautados pela
realização eletrônica (tablets, smartphones, celulares, tv interativa, etc.) (Sodré, 2002). O
conceito de Comunicação ainda está associado ao conjunto de meios de transmissão e
codificação de sinais (principalmente pelos meios de comunicação de massa), mas é
importante ressaltar os conceitos de Cooley (1909, p.63), sociólogo e psicólogo social que
definia a Comunicação como o mecanismo de existência e desenvolvimento das relações
5 Sodré refere-se ao conceito de Infovias (vias informacionais) citado por Manuel Castells em “A
Sociedade em Rede: A Era da Informação: Economia, sociedade e cultura”. Volume 1, Editora Paz e Terra. São Paulo, 1999.
12
humanas, incluindo o tempo, espaço, corpo, sentimentos – todo tipo de vinculação humana.
A partir do conceito de “Comunicação Midiatizada” defendida por Miège em meados do
século XX, é que a Informação ganha novos meios de difusão e interação através da
articulação com os meios de comunicação..
Explicando estes conceitos, Sodré assinala o equívoco acadêmico da distinção
entre “sociedade da comunicação” e “sociedade da informação” como se fossem etapas
diferentes de um processo evolutivo. É preciso preservar o sentido original de Informação,
que “é dar estrutura ou forma à matéria, enquanto Comunicação diz respeito à constituição
do comum humano.” A informação pode ser armazenada e a comunicação não.
A interação entre informação e meios para comunicá-la é que constitui a Sociedade
da Informação. O acesso já não tem mais fronteiras. Para Sodré (2002), a Sociedade da
Informação constitui novas formas de comunicação – interação entre tecnologia e mercado.
Em consonância a este pensamento, Assman (2000) aponta para a necessidade da
“sociedade da informação precisar tornar-se uma sociedade aprendente” através das
experiências de aprendizagem complexas e cooperativas e projetos transdisciplinares de
pesquisa. Existe a “onipresença” destas novas tecnologias no cotidiano das diferentes
sociedades que buscam, em comum, mais conhecimento, interação, informação, ainda que
existam riscos de discriminação e desumanização, já que nem todos têm as mesmas
possibilidades e acessos (cultural, social, econômico, políticos e educativos) a novos
conhecimentos. Para o autor, a sociedade da informação está disposta a “intensificar o
pensamento complexo, interativo e transversal criando novas formas de conhecimento
através de trocas de sensibilidade solidária”.
Para definir Sociedade da Informação, o autor analisa os conceitos de dados,
informação e conhecimento para então entrelaçá-los a produção de conhecimento
compartilhado, principalmente a baixo custo. Assmann elucida que no futuro possa haver
modelos diferentes de sociedade de informação, a exemplo dos modelos de sociedade
industrializadas. Mas enfatiza que o mais importante é o desencadeamento de um vasto e
contínuo processo de aprendizagem – planejada, monitorada, reforçando seu caráter
democrático.
As novas tecnologias ampliam o potencial cognitivo do indivíduo, que não significa
estar exposto à “avalanche” de informações, mas preparar-se para decodificá-las (como um
13
filtro de interesses) – a mistura da tecnologia e da lógica, resultando na inteligência coletiva6
(LEVY, 1999), gerando a inclusão social e digital, modificando, inclusive, as formas criativas
das atividades intelectuais.
É irreversível - a Educação faz parte desta “Sociedade da Informação”. As novas
tecnologias de informação e comunicação estão afixadas no cotidiano da sociedade, nas
trocas comunicacionais e, principalmente, nos processos educacionais na
contemporaneidade. Um aspecto social positivo é que estas tecnologias incluem, agregam
conhecimento e pessoas. Bernini et al. (2009) refletem sobre uma nova postura de
professores e alunos para questões como responsabilidade de conteúdo, trocas e
credibilidade nos ambientes de aprendizagem. As NTICS estão muito além de “aulas-show”
na transmissão de conteúdos. É uma mudança de paradigma, principalmente na
ambientação para explorar os recursos disponíveis (o interesse e a capacitação do “fazer
diferente”). A velocidade e a diversidade exacerbada de informação, oriunda das mídias de
massa e das NTIC´s devem despertar uma análise crítica de conteúdo e ideologias. Deve
haver um filtro consciente para o aprender e para o ensinar.
A (re) significação do que seja ENSINAR diante destas novas ferramentas exige o
comprometimento com as etapas de planejamento, avaliação, discussões programadas,
etc. sempre instigando o aluno ao conhecimento, a curiosidade e a pesquisa – mas sem
haver uma banalização do aprendizado, já que não há garantias de trocas completas na
construção do conhecimento e nos desafios da Educação.
Ainda que as ferramentas de monitoramento e controle nos ambientes virtuais
sejam aprimoradas e eficientes, o desafio do docente será permanente. E este desafio está
na reinvenção da docência e do aprendizado, reinterpretar os modos de fazer a Educação.
Muniz Sodré, em sua obra Reinventando a Educação (2012), condena a atual forma escolar
(estrutura física e pedagógica). Há uma nova ordem educacional na Sociedade da
Informação. A escolarização se dá em qualquer lugar, independe do espaço físico,
principalmente no campo virtual. A escola transcende as paredes, lousas, giz de cera,
papel, etc.
Sodré (2012) e Assmann (2000) concordam que há uma “nova condição humana”
6 Inteligência Coletiva é um termo usado por Pierre Levy , em muitas de suas obras, para explicar o
compartilhamento de funções cognitivas como a memória, a percepção e o aprendizado para gerar conhecimento através da internet.
14
em comunicar-se e aprender. Esta urgência de mudança reflete no papel do professor
diante de uma dinâmica cognitiva de sensibilidade É necessário reinventar a figura do
professor com uma nova função “iniciática” conduzindo o aluno aos princípios da ética,
saberes, consciência mais madura do agir e pensar.
A Educação está para o professor, assim como paternalizar está para pai e/ou mãe;
o desafio da tecnologia estar no pensar no termo logia, na lógica da técnica, numa outra
ordem (Sodré, 2012). É ter a sensibilidade para acolher uma demanda qualquer do outro,
ainda que através de recursos tecnológicos. É necessário pensar a partir do afetual,
mostrando que o sensível tem uma lógica própria que aparece junto ao equipamento. Para
Muniz Sodré, educar para o sensível é educar para a diversidade, através da ecologia dos
saberes. Eis o desafio maior da Educação: refletir a transdisciplinaridade dos saberes
diversos, exigidas nos currículos, conteúdos e no professor (aquele que inicia, apresenta e
desperta os saberes).
A educação à distância é processo e não mero adestramento, transmissão de
valores estabelecidos. Contempla a possibilidade de outros modos de produzir e pensar
para que possa emergir o novo. É uma preparação permanente de si mesmo para a
construção de uma transformação coerente da ordem social. Educar-se significa
preparar-se para a cidadania plena.
Assmann (2000) alerta que o novo professor envolvido neste universo
tecnomidiático deverá sair da “zona de conforto” - de um transmissor de conteúdo para um
intermediador de conhecimento, “mentores e instigadores ativos de uma nova dinâmica de
pesquisa/aprendizagem”.
A EAD está abrindo portas cada vez mais próximas dos alunos que antes não
tinham acesso a uma universidade por diversos motivos e um deles, talvez o mais comum
entre as pessoas, é a falta de tempo para se dedicar a um curso presencial.
Visto que o acesso à aprendizagem mudou com o uso das NTICs (novas
tecnologias da informação e comunicação), é importante tratar dos mecanismos que
contribuem para o avanço da modalidade "Educação a Distância". É imprescindível
organizar as formas de planejamento, implementação e gestão da EAD para saber com
clareza como desenvolver, pensar, propor, criar, organizar, gerenciar e estabelecer
metodologias de ensino que alcancem o aluno além da sala de aula presencial.
15
Segundo Moran (1995), cada inovação bem sucedida modifica os padrões
anteriores e muda o patamar de exigência do indivíduo. Essa ideia realmente é visível
através do ensino disponibilizado via EAD, pois o papel do profissional da educação muda
já que ele deixa de ser um mero transmissor de saberes prontos, passando a ser o mentor
e instigador de uma nova dinâmica de aprendizagem. Para que consiga atingir seu aluno
com eficácia é necessário o gerenciamento do conteúdo, a gestão dos usuários, a
infraestrutura de comunicação e distribuição e a produção de conteúdos didáticos,
interativos e virtuais; mecanismos esses de suma importância para levar o aluno a ser o
gestor de sua própria aprendizagem.
Os professores de EAD precisam então, repensar seus papéis já que as NTICs
estão fazendo com que os ambientes virtuais de aprendizagem se desenvolvam e
assumam características e modelos diferentes, o que faz com que os profissionais dessa
modalidade tenham que se capacitarem a cada dia para poderem fazer uso das
ferramentas tecnológicas que permeiam o aprendizado em EAD de forma a atingir
qualificação profissional com qualidade e mostrar o verdadeiro impacto que ela proporciona
à educação.
Os alunos de hoje já fazem uso constante da tecnologia, então o que o professor
precisa fazer é trabalhar com as mídias de comunicação a seu favor utilizando desse meio
para expandir o conhecimento de seu aluno.
Um dos objetivos desse trabalho é investigar a aplicação das NTICs no fazer
pedagógico de cursos a distância, para isso tem-se a intenção de construir o saber do
educando por meio do pensamento, da interação e da discussão a partir do uso de
mecanismos tais como ferramentas on-line, por exemplo, onde se possa disponibilizar
materiais de pesquisa e atividades instigadoras com as quais os alunos se interajam em
busca do conhecimento que se deseja atingir.
A maneira mais eficaz de trabalhar bem se apoiando na tecnologia é tentar se
comunicar perfeitamente com o aluno por meio dela, e isso é possível quando ele pode
entender, com clareza, a atividade proposta, então o professor precisa dominar os
equipamentos que possui e fazer com que eles sejam eficazes na construção do saber, por
exemplo: um chat só será útil se os alunos conseguirem utilizá-lo, um fórum por sua vez só
atingirá a proposta se tiver um professor instigador e que dê um feedback aos alunos e
assim por diante.
16
Segundo Moran (2000), o importante é cada professor encontrar na tecnologia o
que lhe auxilie a comunicar-se bem para os alunos terem um aprendizado completo. Logo o
domínio das NTICs é fundamental quando se quer expandir o conhecimento através das
mídias de comunicação.
Para que utilizar ferramentas que não dominamos? É inviável tentar passar um
conhecimento a partir de um equipamento do qual não temos um devido controle. Assim,
por exemplo, não conseguiremos atingir um aluno de EAD se não conseguirmos utilizar as
NTICs com eficácia.
É extremamente importante nessa modalidade dominar os mecanismos que a
compõe tais como: plataformas, correio eletrônico, mensagens instantâneas, fóruns, salas
de bate-papo e etc., pois o aluno estará diretamente ligado a eles e sua permanência ou
não em um curso a distância se dará devido à maneira como será conduzido por seu
professor que por sua vez deverá ter um domínio e entender a modalidade na qual está
trabalhando para que seja capaz de prender a atenção daquele educando de modo a
fazê-lo ser um gestor de seu próprio conhecimento.
Moran (2000) diz que "de nada irá adiantar o uso de equipamentos de última
geração se o professor não encontra formas eficazes e eficientes de utilizá-las”. Então, só é
possível atingir o esperado em EAD se soubermos realmente onde queremos chegar e
como chegaremos lá e para isso o uso correto das mídias de comunicação é fundamental.
Às vezes um aluno da educação a distância desiste do seu objetivo por não
conseguir acompanhar o progresso das atividades, por não entender o que foi proposto, por
achar que os outros colegas sabem mais do que ele, por não dominar as ferramentas
necessárias à aquisição daquele saber e etc., neste momento é que entra a atuação do
professor que será fundamental para a correção do problema em tempo hábil. Se para o
docente é complicado entender as ferramentas que utiliza, fica impossível tirar as dúvidas
dos alunos e até mesmo ajudá-los a se desenvolverem sozinhos.
O professor de EAD deve estar familiarizado com o ambiente em que irá atuar
porque entrará em contato com os mais variados meios de comunicação e os novos
instrumentos tecnológicos que o ajudarão a mudar por completo sua maneira de transferir
conhecimento visto que ele passa de palestrante e oráculo para consultor, orientador e
provedor de recursos; se torna um questionador eficiente em vez de um provedor de
17
respostas; propõe experiências de aprendizagem em vez de somente apresentar
conteúdos; apresenta apenas a estrutura inicial do trabalho do aluno, encorajando-o ao
auto direcionamento crescente; apresenta múltiplas perspectivas sobre cada tópico,
enfatizando aspectos salientes; de solitário ele passa a ser membro de uma equipe de
aprendizagem; deixa de ter total autonomia para utilizar atividades que podem ser
amplamente avaliadas e por fim, em vez de total controle do ambiente de ensino, ele passa
a compartilhá-lo com o aluno como um (co)aprendiz.
Então para se atingir os objetivos esperados em EAD é preciso que o professor
desenvolva habilidades inerentes a essa modalidade como: conhecimento, agilidade,
interesse, companheirismo, acessibilidade, disponibilidade e prontidão, todas fundamentais
para ajudar no desenvolvimento do conhecimento de um aluno da educação a distância.
A proposta é trazer em discussão o ambiente virtual de aprendizagem e as funções
do profissional que deverá estar capacitado para utilizá-lo, sendo assim o domínio das
ferramentas torna-se cada vez mais necessário para o desenvolvimento de novos modelos
de ensino-aprendizagem.
Segundo Soares (2000), a circulação de informações facilita a comunicação em
redes sociais impactando em diversos setores. A cada dia as pessoas vêm vencendo
barreiras, deixando de ficar à margem dessas tecnologias.
Atualmente, é através da internet que ocorre o acesso a informações abrindo novas
perspectivas à sociedade, pois se trata de um dos recursos mais utilizados em nosso
cotidiano, onde o indivíduo ao acessá-lo amplia seus conhecimentos mantendo-se
atualizado o que é primordial na “era da comunicação”, conclui-se que “as modificações
provocadas pelas novas TIC´s, na sala de aula e no processo de troca de informações
podem abrir caminho para um profissional de educomunicação”.
(...) “não se pode deixar de refletir sobre o papel do
educomunicador nesse novo cenário. O que parece ser claro é que
o fluxo de informações nessa nova era tende a ser bem maior do
que a capacidade humana de processá-las. Assim sendo, parece
necessário o surgimento de um profissional especificamente
qualificado para selecionar essas informações em todas as áreas
do conhecimento. Nas áreas de Comunicação e Educação, tudo
indica que esse profissional será o educomunicador”. (SOARES,
2000, p.01)
18
As instituições de ensino a distância devem constantemente avaliar os profissionais
propondo atualizações nas diversas áreas de conhecimento, procurando assim,
qualificá-los de acordo com os interesses intelectuais e profissionais preparando-os para o
mercado de trabalho.
A EAD não é continuidade natural da educação presencial, mas é
uma ruptura, pois precisa romper com a ideia de que só
aprendemos com um professor falando para nós lá na frente de
uma sala de aula e se estivermos nessa sala no mesmo horário,
todos juntos. Essa ruptura foi possível porque “aconteceu” a
globalização, a exigência de um trabalhador de perfil diferenciado, a
demanda social por educação, o surgimento do
receptor/usuário/navegador, a pressão das corporações por
formação superior e o desenvolvimento digital das
telecomunicações das NTIC´s com suas possibilidades interativas.
(SARTORI, 2005 p.7)
Devido à quebra de paradigmas educacionais, o educando vem buscando
informação, aperfeiçoamento, moldando-se aos novos designs instrucionais através da
EAD, pela necessidade de formação acadêmica e profissional, tornando-se cada vez mais
crítico e exigente com os recursos tecnológicos e seus mediadores.
A educação a distância pode ocorrer pelo uso de correspondência postal ou
eletrônica, rádio, televisão, telefone, fax, computador, internet, etc., técnicas que
possibilitem a comunicação e ensino – aprendizagem.
A educação on-line realizada via internet pode ocorrer de formas síncronas (tempo
real ex: videoconferência, web-conferência, chat) ou assíncrona (temporariamente diferida
ex: correio eletrônico, fórum), utilizando a rede de internet para expandir a informação de
forma mais rápida com uso de softwares interativos como e-mails, fóruns, construção
colaborativa de um site (blog, home Page), grupos sociais, tendo como programas mais
conhecidos ICQ7 e o MSN8.
7 ICQ é um programa de comunicação instantânea pioneiro na Internet que pertence à companhia Mail.ru
Group. A sigla "ICQ" é um acrónimo feito com base na pronúncia das letras em inglês (I Seek You), em português, "Eu procuro você", porém é popularmente conhecido no Brasil como "i-cê-quê". 8 MSN, originalmente The Microsoft Network é um portal e uma rede de serviços oferecidos pela Microsoft
em suas estratégias envolvendo tecnologias de Internet para comunicação via mensagens instantâneas on-line.
19
3. Resultados e Discussões
Para exemplificar os conceitos anteriormente abordados por Assmann (2000) e
Sodré (2012), no que se refere a novas formas de Educação em tempos de cibercultura,
comentaremos sobre novas estratégias didáticas no ensino de química para alunos do
ensino médio do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, mais conhecido
como CAp UERJ (colégio de aplicação da referida universidade), no Rio de Janeiro.
O CAp UERJ – referência de ensino público de qualidade - é considerado um dos
melhores colégios do país, classificado em 15º lugar no ranking nacional e entre os 05
melhores colégios do Rio de Janeiro.9 Destaca-se pela qualidade de ensino, pesquisa e
extensão de seu corpo discente, aliado às atividades pedagógicas e científicas de toda a
universidade. A inovação é um fator determinante para o bom desempenho dos alunos e da
instituição. Vencer desafios é premissa básica para que os docentes, servidores e técnicos
sintam-se motivados pela busca da excelência de ensino e aprendizagem.
O ensino de química tem se tornado tarefa complexa e considerada por muitos
alunos da educação básica como “desnecessária”. Isto porque estes alunos não se sentem
motivados pela curiosidade a buscar o conhecimento. A carência de novas metodologias de
ensino e professores capacitados a instigar novas formas de aprendizado prejudica o
interesse pelo conteúdo e aplicabilidade da disciplina. A maioria das escolas ainda utilizam
uma metodologia tradicional de transmissão-recepção de regras, termos, fórmulas e
resultados, muitas vezes sem o experimento prático. Desta forma, muitos alunos
questionam a real necessidade do aprendizado da química e sua aplicabilidade no dia-a-dia
da sociedade, porque não conseguem compreender a prática (Merçon et. al., 2012).
Preocupados com a inserção da química no cotidiano e na formação cidadã de seus
alunos, os professores de química do CAp UERJ reuniram-se com o interesse de criar
novas metodologias de ensino da disciplina, com a intensão de aplicar o conhecimento
através da prática de novos recursos didáticos. Dentre as diversas metodologias
apresentadas, os autores ressaltam a aplicação do uso de softwares educacionais e
atividades experimentais (Merçon et. al., 2012). Surgiu neste momento o software Titulando
2004 – CAp UERJ.
9 Classificação ranking desempenho escolas ENEM 2011/2010, disponível em
http://saber.folha.com.br/2010/enem/ranking?estado=RJ&cidade=RIO+DE+JANEIRO e em http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/11/22/rio-de-janeiro-tem-2-escolas-publicas-entre-as-20-melhores-do-enem-2011-veja-lista.htm Acessos em 09/09/2013.
20
Santos et al. (2012, p.03) nos lembra a importância dos Ambientes Virtuais de
Aprendizagem nas metodologias de ensino e nos seus reflexos de aprendizagem na
sociedade contemporânea:
Os AVAs foram desenvolvidos para serem utilizados
pedagogicamente na educação on line. Dotados de interfaces
comunicacionais (síncronas e assíncronas) e de conteúdo, estes se
configuram espaços de convivência e compartilhamento de
saberes, potencializando a autoria, a autonomia, a interatividade
(SILVA, 2010) e a remixagem de informação (LEMOS, 2008).
O CAp UERJ iniciou em 1999 o projeto de aulas práticas de química, após a
mudança para a sede atual e inauguração do laboratório de química e, em 2003, do
laboratório de informática, onde os alunos do ensino médio e do nono ano passaram a ter
aulas neste espaço.
Segundo Merçon et al. (2012) as aulas experimentais no CAp priorizaram a
utilização de materiais caseiros e de baixo custo porque o uso de reagentes e
equipamentos específicos encareceriam o projeto e inviabilizariam sua continuidade.
Utilizando a criatividade e inovação nos fazeres educacionais, Maldonatto e Dell´Orco
(2010) ressaltam que a inovação é uma capacidade de a mente inferir significados
inusitados a partir de informações aparentemente banais, produzindo respostas
divergentes e criativas através de cenários e soluções diferentes de maneira quase casual.
A partir de 2003, com a implantação do laboratório de informática, professores de
química optaram por iniciar o projeto com o uso de softwares livres disponíveis na internet,
direcionando para o ensino da disciplina. Merçon (2012) relata o aumento do interesse e da
participação dos alunos nas aulas práticas incluindo o uso de softwares, o que contribuiu
para a socialização das atividades, através de atividades colaborativas em pequenos
grupos, ressaltando o espírito do trabalho em equipe.
Uma pesquisa foi realizada com o objetivo de identificar o interesse, a permanência
em sala de aula e uso do software Titulando 2004 no processo de ensino-aprendizagem. De
acordo com a avaliação, 95% dos alunos aprovaram as atividades realizadas no laboratório
de informática e identificaram o software como recurso motivador do aprendizado, já que a
experimentação contribuiu para a compreensão e utilidade do procedimento visto
anteriormente na literatura científica e na sala de aula; além disso, 92% dos alunos
21
consideraram a simulação da realização do experimento através do software, mas
criticaram a necessidade de melhorias visuais e gráficas, como o uso de imagens em
terceira dimensão, conforme gráficos abaixo, apresentados na pesquisa realizada pelos
autores:
Figura 1 – Avaliação dos alunos sobre a eficiência da simulação da titulação (MERÇON et al, 2012)
22
Figura 2 – Resultados da comparação entre três aulas de titulação: Laboratório de Química x
Simulação x Sala de Aula (MERÇON et al, 2012)
Segundo os autores, idealizadores da pesquisa, as aulas práticas e de informática
com uso de softwares são eficazes como recurso didático importante para o ensino de
química, proporcionando a construção do conhecimento de maneira investigativa,
elaborada, criativa e colaborativa. Nas palavras dos autores,
A aplicação de softwares educativos, em turmas de química da
educação básica, demonstrou que sua inserção na prática
pedagógica, inclusive em conjunto com as aulas experimentais,
favorece a motivação dos alunos, torna as aulas mais dinâmicas e
agradáveis e contribui para o processo de construção do
conhecimento. (MERÇON et al., 2012, p.76)
O exemplo de prática metodológica com o uso de recursos virtuais do CAp UERJ
vem nos confirmar que a docência on line também está inserida em ambientes virtuais que
podem oferecer novas e múltiplas interfaces educacionais que atuam como objetos
mediadores na construção do conhecimento (SANTOS, 2012).
23
4. Conclusões ou considerações finais
Para os autores (Santos et.al. 2012), o essencial neste momento é discutir a
docência na cibercultura mediada pela mobilidade e ubiquidade da comunicação, através
das redes sociais, dispositivos móveis e ambientes virtuais de aprendizagem,
articulando-os à construção do conhecimento. As autoras ainda ressaltam que as
possibilidades de recursos educacionais abertos (REA) efetivam a hibridização de espaços
geográficos e virtuais associados propiciados pelas tecnologias sociais e em rede. Ou seja,
há uma quebra de fronteiras entre cidades, espaços físicos, redes sociais e ciberespaço em
tempos de cibercultura e as interfaces web 2.0 cumprem esta função através de softwares
livres, softwares sociais, dispositivos móveis (a exemplo de tablets, notebooks,
smartphones), wikis, podcasts, internet de alta velocidade (3G e 4G). Segundo as autoras,
vale ressaltar que
(...) a integração contínua do corpo físico ao espaço virtual é uma
realidade da sociedade da informação. Assim, a delimitação
existente entre o mundo físico e o ciberespaço é rompida, não
sendo possível distinguir onde começa e onde termina cada um.
(SANTOS et. al, 2012)
A reflexão de Santaella (2007, apud Santos et al., 2012) está em sintonia com o
pensamento de Sodré (2012) sobre o fato de a cibercultura fazer parte da cultura
contemporânea, exercendo um papel mediador e inevitável. As relações sociais, e
incluímos aqui as relações de aprendizagem, ultrapassam a esfera do ciberespaço e
estruturam as relações sociais entre cidades, escolas, universidades, empresas, grupos,
enfim, o cotidiano (Santos et. al, 2012).
Neste contexto, onde o espaço físico sugere uma menor relevância para a educação
on line, as autoras reforçam a necessidade e a urgência da formação continuada para
professores que atuam na cibercultura educacional. A mediação docente deve ser
provocadora, como sugerem Santos (2012) e Sodré (2002), através uma nova héxis10
educativa. Retomando autores antigos como Aristóteles, Sodré postula que “Educar implica
10
O termo héxis, vem do latim e significa “habilidade”. Para Muniz Sodré, a hexis educativa afirma-se o sentido de uma prática sem automatismo, uma ação que exprime mudança, transformação. O sujeito se apropria dos costumes herdados e tradicionalmente reproduzidos com a firme decisão de produzir atos justos, equilibrados e propriamente éticos (ações voltadas para o bem comum) (Sodré, 2002, p.85).
24
ir além da repetição contingente de um costume pela aceitação dos impulsos de liberdade
que transformam ethos 11 em hexis.” (2002, p.85).
Tais habilidades, atreladas às mudanças socioculturais provocadas pelas novas
tecnologias da informação e comunicação (NTIC´s), propõe aos docentes a ampliação do
conhecimento em novos espaços de interação e de aprendizagem. As autoras sugerem
que o docente “precisa pesquisar práticas colaborativas que tragam fundamentos e outras
metodologias nos diversos espaçostempos de aprendizagem.” (SANTOS et. al, 2012:
p.03). Relembrando os conceitos de Castells (1999, apud SANTOS et.al, 2012, p.4), “a
formação docente para uma prática colaborativa exige o reconhecimento das mudanças
trazidas pela sociedade em rede.” E na Educação não é diferente, estando dentro e fora dos
espaços das instituições de ensino, sem restrições.
A diversidade sociocultural e econômica brasileira não permite que se estabeleça
um padrão de utilização, permitindo a criatividade nas metodologias e uso de vários
recursos educacionais, a exemplo dos softwares livres (a exemplo do Titulando 2004) e
outros REA, que são qualquer tipo de material educacional que está disponível para (re)
uso, (re) criação, (re) significação na rede globalizada. (SANTOS, 2012, p.5).
Assim, a docência on line está inserida neste cenário criativo, múltiplo, diverso e
mediador na construção do conhecimento. Cenário da Sociedade da Informação,
midiatizada e múltipla para alunos e professores.
5. Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Educação à distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem. Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 29, n. 2, Jul. Dez, 2003.
ASSMANN, Hugo. A metamorfose do aprender na sociedade de informação. Ci. Inf., Brasília, v. 29, n. 2, p. 7-15, maio/ago. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v29n2/a02v29n2.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2013.
BERNINI, Denise Simões Dupont; BOLSONI, Evandro Paulo; SOUZA, Carlos Henrique M. de; SILVA, Marcos Antônio da. Nova abordagem nas práticas pedagógicas com o uso das NTICs na Educação Superior. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO - SBIE - UFJF, 2009. Florianópolis. Anais... Florianópolis: UFSC, 2009. Disponível em: <http://wwwexe.inf.ufsc.br/~sbie2009/anais/wmodelos.html>. Acesso em: 20 mar. 2013.
11
O termo ethos é de origem grega e significa “caráter”, “o modo de ser de”.
25
CAp UERJ – site do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira – Cap UERJ. Portal da instituição de ensino. Disponível em <http://www.cap.uerj.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=848&Itemid=239> acesso em 09/09/2013
CARDOSO, Isa. Andragogia em ambientes virtuais de aprendizagem. Belo Horizonte, 2006. 158 p. Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Educação.
CARVALHO, Jaciara de SÁ. Indicadores de formação de comunidades virtuais de aprendizagem. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO - SBIE - UFJF, 20. 2009. Florianópolis. Anais... Florianópolis: UFSC, 2009. Disponível em: <http://redeantiga.unifreire.org/jsa/xxsbie-jaciara-carvalho.pdf> Acesso em: 23 mar. 2013.
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede: A Era da Informação: Economia, sociedade e cultura. São Paulo: Volume 1, Editora Paz e Terra, 1999.
COOLEY, Charles. Social Organization: a Study of the Larger Mind, New York: Charles Scribner's Sons, 1909.
JENKINS, Henry. A cultura da convergência: a colisão entre os velhos e novos meios de comunicação. São Paulo: Editora Aleph, 2009.
KENSKI, Vani Moreira. Do ensino interativo às comunidades de aprendizagem. Em direção a uma nova sociabilidade em Educação. Revista de Educação e Informática - Acesso, São Paulo, v. 15, p. 49-59, 2001.
LEVI, Pierre. Cibercultura . São Paulo: Editora Trinta e Quatro, 1999
MACIEL, Ira Maria. Educação a Distância. Ambiente Virtual: Construindo Significados. Disponível em: <http://www.senac.br/BTS/283/boltec283e.htm> Acesso em 10 mar. 2013.
MAIO, Ana Zeferina Ferreira; PEREIRA, Alice Cybis. O ambiente, o virtual e a aprendizagem no núcleo de percepção visual do AVA-AD. Departamento de Expressão Gráfica/ UFSC. Liinc em Revista, v.2, n.1, março de 2006, p.103 – 124. Disponível em: <http://revista.ibict.br/liinc/index.php/liinc/article/viewFile/206/121> Acesso em 11 mar. 2013.
MALDONATO, Mauro; DELL’ORCO, Silvia. Criatividade, pesquisa e inovação: o caminho surpreendente da descoberta. B. Téc. Senac: a R. Educ. Prof., Rio de Janeiro, v. 36, n.1, jan./abr. 2010. Disponível em: <http://www.senac.br/BTS/361/artigo1.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2013.
MERÇON, Fábio.; SOUZA, Marcelo; (et. al.). CAp-UERJ. Estratégias didáticas no Ensino de Química. In: E-mosaicos – Revista Multidisciplinar de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-UERJ). Ano 1 – V.1 – n.1 – junho 2012 – ISSN: 2316-9303. Disponível em <http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/e-mosaicos/article/view/4386>, acesso em 18/07/2013.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Ranking ENEM 2011 de escolas públicas e privadas do estado do Rio de Janeiro. Disponível em <http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/11/22/rio-de-janeiro-tem-2-escolas-publicas-entr
26
e-as-20-melhores-do-enem-2011-veja-lista.htm> Acesso em 09/09/2013.
OGLIARI, Celso Luiz; SOUZA, Márcio Vieira de. A educação à distância e as novas tecnologias: web rádio e educação em rede. Araranguá – SC – Abril de 2012. Campus Araranguá - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Disponível em < http://www.abed.org.br/congresso2012/lista_tcs18ciaed.pdf> Acesso em 12 mar. 2013.
PAZ, Carolina Rodrigues. Aprendizagem de Adultos em Ambientes virtuais on-line. Disponível em: <ftp://ftp.cefetes.br/Cursos/EnsinoMedio/InformaticaBasica/Helaine/PROEJA%20-%20EAD/UAB/artigo_CarolinaPaz.pdf> Acesso em: 09 mar. 2013.
PAZ, Helena Rodrigues. Aprendizagem de Adultos em Ambientes virtuais on-line. Disponível em: <http://www.idilica.com.br/pdfs/F_EJA2001.PDF> Acesso em: 09 mar. 2013.
PELLANDA, Eduardo Campos. Convergência de mídias potencializada pela mobilidade e um novo processo de pensamento. (2003). Trabalho apresentado no Núcleo de Tecnologias da Informação e da Comunicação, XXVI Congresso Anual em Ciência da Comunicação, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003. Disponível em < http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/129419528759418333834670887469995119541.pdf> Acesso em 12 mar. 2013.
SANTOS, E.; WEBER, A.; Santos,R. & ROSSINI, T.(2012). Docência na cibercultura: possibilidades de usos de REA. In: Okada, A. (Ed.) (2012) Open Educational Resources and Social Networks: Co-Learning and Professional Development. London: Scholio Educational Research & Publishing. Disponível em <http://oer.kmi.open.ac.uk/wpcontent/uploads/cap12_gpdoc.pdf> acesso em 08/09/2013.
SANTOS. Edméa Oliveira. Ambientes virtuais de aprendizagem: por autorias livres, plurais e gratuitas. In: Revista FAEBA, v.12, no. 18.2003 (no prelo).
SARTORI, Ademilde e ROESLER, Jucimara. Imagens digitais, cibercultura e design em EAD. Disponível em: <http://www.pigead.lanteuff.org> Acesso em 28 out. 2005.
SARTORI, Ademilde Silveira. A interlocução entre o desenho pedagógico e as TIC´s na modalidade educacional à distância. (2005) - Pesquisa que resultou na tese de doutorado intitulada Gestão da Comunicação na Educação Superior a Distância, orientada pelo Dr. Adilson Citelli, defendida na ECA/USP, maio de 2005. Disponível em < http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/149068649018782956470519144696321131194.pdf> Acesso em 12 mar. 2013.
SCHWARZELMÜLLER, Anna Friedericka. Tv escola e internet: integração de mídias e disseminação de informação. (2004) Universidade Federal da Bahia, Instituto de Ciência da Informação. Mestrado em Ciência da Informação – Salvador, 2004. Disponível em < http://homes.dcc.ufba.br/~frieda/dissertacao.pdf> Acesso em 23 mar. 2013.
SOARES, Ismar. Educomunicação: um campo de mediações. Comunicação & Educação, São Paulo: Universidade de São Paulo(19): 12 a 24, set./dez. 2000. Disponível em:<http://200.144.189.42/ojs/index.php/comeduc/article/viewFile/4147/3888> Acesso em: 04 mar. 2012.
SODRÉ, Muniz. Antropológica do Espelho: uma teoria da comunicação linear e em rede.
27
Petrópolis: Vozes, 2002.
SODRÉ, Muniz. Reinventando a educação – diversidade, descolonização e redes. Petrópolis: Vozes, 2012.
TAVARES, Valéria Ribeiro de Carvalho. O ambiente inovador da EAD: agente de mudanças e transformações das práticas pedagógicas. Disponível em: <http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?materia=12902>. Acesso em 02 abr. 2013.
XIMENES, A. C. Ambientes Virtuais de Aprendizagem e a relação professor e aluno. Laboratório de Aprendizagem e Ensino - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade. São Paulo: EdUSP, 2008.
***********