Metodologia do Estudo

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Livro para referencia para elaboração de projetos e textos cientificos.

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Introdução à Pesquisa

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Introdução à Pesquisa

1. Introdução

Ao tomar conhecimento do conteúdo desta unidade você vai perceber que o

desenvolvimento da ciência é resultado da atividade humana; o homem cria as suas

necessidades e, para resolvê-las, produz um conhecimento; vai perceber também

os modos de aquisição do saber, em especial, o conhecimento do senso comum e o

conhecimento científico.

Você vai perceber, ainda, que a história da ciência demonstra que as coisas não são

exatamente o que os sentidos nos revelam. Assim, podemos considerar a ciência

como um método de pesquisa baseado na faculdade racional do ser humano e na

comprovação experimental do fato pesquisado.

Por outro lado, a humanidade há muitos séculos, indaga:

• Como se sabe que uma nova informação, uma nova teoria ou conhecimentos é

correto?

• É possível utilizar algum critério para distinguir o que é correto do que não é?

A questão do método científico está interligada à necessidade de o homem ter

procedimentos e caminhos seguros para alcançar ou produzir um conhecimento

verdadeiro e de ter critérios que garantam a possibilidade de distinguir entre o

conhecimento verdadeiro e o falso.

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Assim, vamos abordar os seguintes tópicos:

• O homem e o conhecimento.

• A evolução da ciência.

• O método científico.

Ao final da unidade, esperamos que você seja capaz de:

• elaborar um conceito sobre ciência e destacar alguns aspectos importantes da

natureza do saber científico comparando-os com o conhecimento proveniente da

intuição ou da tradição;

• construir uma linha do tempo identificando a evolução da ciência e o como se situa

o conhecimento científico em cada época;

• identificar as etapas que fazem parte do método científico bem como, identificar os

tipos de métodos.

2. O Homem e o Conhecimento

Ao longo dos tempos, o homem, num processo lento, vem reunindo extensas

informações que foram denominadas conhecimento. A necessidade levou o homem

primitivo a observar as coisas que estavam próximas de si: as plantas, os animais, os

fenômenos da natureza etc; passou a criar objetos simples, a praticar a cura. E, por

meio da imaginação e interpretação, criou mitos que explicavam certos acontecimentos.

A partir de experiências cotidianas, criou cultos mágicos para se comunicar com os

espíritos que, segundo suas concepções, controlavam as forças do mundo.

Dica

O conhecimento constitui o entendimento,

a averiguação e a interpretação sobre a

realidade, é o que nos guia como ferra-

menta central para nela intervir, portanto,

é resultado de um processo e este não está

isento de equívocos; é relativo à história e

à sociedade, ele não é neutro.

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Foram produzidos conhecimentos de astrologia, astronomia, numerologia etc;

o homem, por intermédio da observação e da experimentação, aos poucos foi

desvendando os fenômenos que estavam ao alcance de sua inteligência.

Os métodos foram aperfeiçoados e o conhecimento dos povos antigos foi aprimorado

até chegar ao conhecimento contemporâneo. Os cientistas modernos provocaram um

grande avanço nos métodos de pesquisa, nas técnicas, na ordenação formal da coleta

de dados, produzindo novos conhecimentos em todas as áreas do saber.

Em um curto espaço de tempo, os conhecimentos foram completamente alterados,

portanto, o conhecimento não nasce pronto, ele é histórico; nada se apresenta como

definitivamente pronto, sem que antes tenha sido “germinado no tempo”.

Assim, o desenvolvimento da ciência, de maneira geral, é resultado da atividade

humana; o homem cria as suas necessidades e, para resolvê-las, produz um

conhecimento. A esta sequência permanente de acréscimos de conhecimentos racionais

e verificáveis da realidade, denominamos ciência.

A ciência, analisando sua evolução histórica, demonstra ser uma busca, uma

investigação contínua e incessante de soluções e explicações para os problemas

propostos. Como busca sistemática, ela revisa as teorias fundamentais em evidências

do passado, reformuladas pela análise de sua coerência interna, submetendo-as com

outras teorias, formulando novas hipóteses e propondo condições com o máximo de

segurança para sua testabilidade. O resultado crítico do confronto empírico dirá se há

ou não um novo conhecimento, que terá uma aceitação provisória.

Por relacionar-se com o mundo de várias formas, o homem utiliza-se de diversas formas

de conhecimentos, por intermédio dos quais evolui e faz evoluir o meio em que vive.

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O conhecimento, dependendo de como é representado, pode ser, de modo geral,

classificado nos seguintes tipos: mítico, artístico, filosófico, teológico, senso comum,

científico, dentre outros.

3. O conhecimento do senso comum

Também é chamado de conhecimento ordinário, comum ou empírico, o conhecimento

do senso comum é a forma mais simples que homem utiliza para interpretar a si mesmo,

o seu mundo e o universo como um todo, está fundamentado apenas em experiências

vivenciadas ou transmitidas de pessoas para pessoas, podendo também ter origem em

experiências casuais, por meio de erros e acertos, sem a fundamentação metodológica.

O conhecimento do senso comum tem as seguintes características:

O senso comum surge em consequência da necessidade do homem em resolver

problemas com os quais defronta em seu cotidiano pelo contato direto com os fatos

e fenômenos que são percebidos principalmente através da percepção sensorial. Ele

é, quase sempre, ligado à vivência, portanto, é elaborado de maneira espontânea e

instintiva, sem seguir uma metodologia, permanecendo num nível superficial sem um

aprofundamento crítico e racionalista. É utilizado sem a preocupação da explicação dos

fundamentos teóricos que demonstram sua correção ou confiabilidade transformando-se

assim, em convicções e crenças que são incorporadas a uma determinada cultura.

Espontaneidade1

Dica

Empírico: baseado na experiência; é,

muitas vezes, um movimento pré-lógico do

pensamento, da ordem da intuição.

Dica

A produção do fogo, a invenção da roda,

a construção de instrumentos mais eficazes

de caça e tantos outros...

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O conhecimento do senso comum, por estar ligado à vivência, à ação e à percepção

orientadas pelo imediatismo e pelas crenças pessoais, é subjetivo e limitado,

estabelecendo relações vagas e superficiais com a realidade, não existindo sobre

ele, uma crítica sistemática. As interpretações são definidas pelos interesses, crenças

convicções pessoais e expectativas presentes no sujeito que as elabora, fazendo

com que as explicações e informações produzidas tenham um forte vínculo subjetivo

estabelecendo relações vagas e superficiais com a realidade.

A linguagem usada no conhecimento do senso comum contém termos e conceitos vagos,

que não delimitam a classe de coisas, ideias ou eventos designados. O significado

dos conceitos é resultado do uso individual, subjetivo e espontâneo que se enriquece

e se modifica paulatinamente em função da convivência num determinado grupo. As

palavras adquirem sentidos diferenciados de acordo com as pessoas e grupos que as

utilizam, os termos têm significado dependendo do momento e do contexto no qual são

utilizados e ainda da intenção de quem os utiliza.

Quase sempre as técnicas e informações são utilizadas desconhecendo-se as razões

que justificam as suas corretas aplicação ou aceitação. O senso comum é útil, eficaz

e correto quando as informações acumuladas aplicam-se ao mesmo tipo de fatos que

se repetem e se transformam em rotina e quando as condições e fatores determinantes

destes fatos forem constantes. Porém, quando as circunstâncias ou condições são

alteradas, fica-se sem saber explicar as causas do insucesso.

Subjetividade2

Linguagem vaga3

Validade4

Dica

É muito comum a mãe de um recém-nascido

retirar um fiapo de sua manta, molhar na

saliva e colocar em sua testa para que a

criança pare de soluçar.

Dica

Quando afirmamos que a água está fria ou

quente, estamos utilizando uma linguagem

vaga.

Dica

O boldo, por exemplo, é utilizado para aliviar

os males do fígado, no entanto, poucas

pessoas sabem quais as suas propriedades

ou componentes químicos estão presentes e

como eles atuam no organismo.

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Podemos, então, dizer que o senso comum orienta o cotidiano; constata a continuidade

ou similaridade entre eventos e objetos, de onde se conclui as relações sem qualquer

atividade intermediária que amplie o grau de certeza. Assim, ele é ametódico,

assistemático, oral, subjetivo e heterogêneo, caracterizando-se também como

um conjunto desagregado de ideias e opiniões difusas e dispersas, não refletindo

criticamente sobre a totalidade, uma vez que ele é construído de modo imediato, a

partir de experiências, vivências, crenças, valores; por isso, de tendência conservadora,

conformista e ideológica.

Contudo, é um conhecimento histórico e ajudou a criar a cultura, mas sem uma relação

causal segura constituindo-se no ponto de partida para o conhecimento científico.

4. O conhecimento científico

O homem verificou que o saber fundamentado na intuição, no senso comum ou na

tradição era muito frágil o que o levou a construir um conhecimento mais confiável, que

fosse metodicamente elaborado: o conhecimento científico.

Todo conhecimento representa uma relação entre o sujeito e o objeto conhecido.

Assim, o conhecimento pode significar tanto o processo de conhecer como o produto

deste processo.O conhecimento científico é um produto resultante da investigação

científica; surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para problemas de

ordem prática da vida cotidiana - senso comum, mas também do desejo de fornecer

explicações sistemáticas que possam ser testadas e criticadas através de provas. Exige

demonstrações, submete-se à comprovação, ao teste; consiste no conhecimento causal e

metódico dos fatos, dos acontecimentos e dos fenômenos; estabelece a relação sujeito-

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conhecimento, colocando uns em relação aos outros de modo que é possível descobrir a

uniformidade das suas causas e de seus efeitos.

Portanto, o conhecimento científico se caracteriza pela presença do acolhimento

metódico e sistemático dos fatos da realidade. Por meio da classificação, comparação,

da aplicação dos métodos, da análise e síntese, o pesquisador extrai do contexto social,

ou do universo, princípios e leis que estruturam um conhecimento rigorosamente válido

e universal.

Podemos citar as seguintes características para o conhecimento científico:

- corresponde à sistematização coerente do conhecimento presente em todas as

suas leis e teorias, expressa através dos enunciados que confrontados entre si. Tais

enunciados devem apresentar um elevado nível de consistência lógica entre suas

afirmações que proporcione a sua aceitação ou rejeição por parte da comunidade

científica.

- fundamenta em dois fatores, a possibilidade de um enunciado, construído

mediante hipóteses fundamentadas em teorias, ser testado através de provas factuais e

a possibilidade desta testagem e seus resultados poderem passar pela avaliação crítica.

Portanto, a objetividade garante que uma teoria seja verdadeira, evidente, impessoal

e aceita pela comunidade científica como provada em sua veracidade. Ao contrário

do senso comum, o conhecimento científico não aceita a opinião ou o sentimento de

convicção como fundamento para justificar a aceitação de uma afirmação.

Racionalidade1

Objetividade2

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Ao contrário do senso comum, a linguagem do conhecimento científico utiliza

enunciados e conceitos com significados bem específicos e determinados. Os conceitos

são definidos à luz das teorias que servem de marcos teórico da investigação,

proporcionando-lhes, desta forma, um sentido único, universal e consensual.

O conhecimento científico é produzido a partir de uma metodologia rigorosamente

articulada que permite que se chegue às mesmas conclusões quando reproduzido nas

mesmas condições se orienta na direção da localização e eliminação do erro, através

da discussão objetiva de suas explicações, dos seus enunciados e de suas teorias. É

construído através de procedimentos que demonstram atitude científica e que, por

proporcionar condições de experimentação de suas hipóteses de forma sistemática,

controlada e objetiva e ser exposta à crítica, oferece maior segurança e confiabilidade

nos seus resultados e maior consciência dos limites de validade de suas teorias.

Linguagem específica3

Validade4

5. A Evolução da Ciência

A história da ciência demonstra que as coisas não são exatamente o que os sentidos

nos revelam. Assim, podemos considerar a ciência como um método de pesquisa

baseado na faculdade racional do ser humano e na comprovação experimental do fato

pesquisado.

Embora não seja unânime entre os pesquisadores, na evolução da ciência podemos

identificar três períodos: a Ciência Antiga (ou Grega), a Ciência Moderna e a Ciência

Contemporânea.

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A ciência grega

O período da ciência grega se estende do século VIII aC até o final do século XVI,

também conhecida como Ciência Antiga, tinha como única preocupação a busca do

saber, a compreensão da natureza das coisas e do homem. Não havia distinção entre

ciência e filosofia; o conhecimento científico era desenvolvido pela filosofia.

Os dois grandes filósofos deste período são Aristóteles e Platão. Embora Aristóteles

tenha sido bastante influenciado por Platão, havia uma enorme diferença entre eles:

Aristóteles era obcecado pela natureza e por seu estudo, enquanto que, Platão era

obcecado com as formas eternas, ou “ideias” e mal prestava atenção nas mudanças da

natureza. Aristóteles, ao contrário, interessava-se justamente pelas mudanças - ou o que,

atualmente, chamamos de processos naturais. Enquanto Platão usava apenas a razão,

Aristóteles usava também o sentido.

Na época de Aristóteles, a filosofia ainda era essencialmente uma atividade oral.

A importância de Aristóteles na cultura europeia está também no fato de ele ter criado

boa parte da terminologia que os cientistas empregam até hoje. Ele foi o grande

organizador que fundou e classificou as diversas ciências.

Aristóteles achava que a ideia não constituía realidade separada; a realidade para ele é

de indivíduos concretos e só neles existe a ideia, a quem chama de forma; criou a lógica

com seu silogismo.

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Podemos dizer que a ciência ocidental efetivamente teve início com Aristóteles. Para

Platão o mundo das ideias seria um mundo transcendente, de existência autônoma, que

está por trás do mundo sensível. As ideias são formas puras, modelos perfeitos eternos

imutáveis, paradigmas. O que pertence ao mundo dos sentidos se corrói e se desintegra

com a ação do tempo. Mas tudo que percebemos, todos os itens são formados a partir

de ideias.

Ele reconhece que qualquer especulação sobre o vir-a-ser do mundo não pode

ser considerada verdadeira, mas isto por uma questão de princípio e não por

falta de evidência. Os problemas da física não podem ser resolvidos por métodos

observacionais: tal atividade não passaria de mera “recreação”.

Platão deu um passo a mais no atomismo antigo ao introduzir uma descrição

geométrica precisa dos átomos e ao descrever as mudanças por meio de fórmulas

matemáticas.

Na ciência grega não se dá destaque ao processo de descoberta, toda racionalidade

da ciência estava sustentada na ideia de que o mundo era dotado de uma ordem e

estrutura natural que governava o cosmos e que regia os acontecimentos, na qual todo

o ser adquiria sentido.

O conhecimento científico era demonstrado como certo e necessário através dos

argumentos lógicos, especialmente da distinção entre sujeito e objeto: de um lado,

o sujeito que procura conhecer, e, de outro, o objeto a ser conhecido, bem como as

relações entre ambos. O valor de uma explicação estava no seu poder argumentativo

que justificava sua aceitação. Não havia o tratamento do problema que levasse à

investigação. Com base nestes fundamentos é que nasceram e se desenvolveram a

física, a biologia, a matemática, a medicina, a política dentre outras ciências.

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A ciência moderna

A Ciência Moderna abrange o período que vai do século XVII até o início do século

XX. Inicia-se com o Renascimento, que correspondeu à revolução científica moderna,

quando foi introduzida a experimentação científica, modificando totalmente

a compreensão e a concepção teórica de mundo, de ciência, de verdade, de

conhecimento e de método.

Opondo-se à ciência grega e ao dogmatismo religioso que imperava na época, os

renascentistas, principalmente Galileu e Bacon, rejeitaram o modelo aristotélico.

Foi a partir do século XIII, por influência do uso da matemática, da observação e da

experimentação na tecnologia que nascia na Idade Média, que a exigência de métodos

precisos de investigação e explicação no campo das ciências naturais conduziu ao uso

de métodos matemáticos experimentais, provocando a mudança da teoria da ciência e,

consequentemente, a revolução científica.

Bacon dá início ao empirismo que corresponde à preocupação em se proceder à

observação empírica do real antes de interpretá-la pela mente, depois, eventualmente,

de submetê-la à experimentação, recorrendo-se às ciências matemáticas para

fundamentar suas observações e explicações.

Assim, no século XVII, o pensamento científico moderno começa a se objetivar; um saber

racional, em que se pensa cada vez mais, constrói-se a partir da observação da realidade

(empirismo) e coloca esta explicação à prova (experimentação). O raciocínio indutivo

conjuga-se então com o raciocínio dedutivo, unido por esta articulação que é a hipótese:

é o raciocínio hipotético-dedutivo.

Dica

Dogmatismo: doutrina que afirma a

existência de verdades certas; adesão

irrestrita a princípios aceitos como

indiscutíveis; atitude sistemática de afirmação

ou de negação.

Dica

Indução: é a forma de raciocínio

em que se tira uma proposição geral

do relacionamento de dados particulares.

Dedução: é a forma de raciocínio que parte

de uma proposição geral para verificar

seu valor por meio de dados particulares.

Especulação: é a criação do saber apenas

pelo exercício do pensamento, geralmente

sem qualquer outro objetivo que o próprio

conhecimento.

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A partir de então, o saber não repousa mais somente na especulação, ou seja, no

simples exercício do pensamento. Baseia-se igualmente na observação, experimentação

e mensuração, fundamentos do método científico em sua forma experimental.

Galileu foi o responsável pela revolução científica moderna ao introduzir a matemática

e a geometria como linguagens da ciência e o teste quantitativo-experimental das

suposições teóricas como o mecanismo necessário para avaliar a veracidade das

hipóteses e estipular a verdade científica.

O grande desenvolvimento da ciência moderna ocorreu a partir de Galileu que

questiona e rejeita as principais verdades defendidas pela concepção aristotélica de

ciência, principalmente as da física e as da cosmologia.

Para Galileu, os fenômenos da natureza se comportavam segundo princípios que

estabeleciam relações quantitativas entre eles. Os movimentos dos corpos eram

determinados por relações quantitativas numericamente determinadas. A visão de

universo era de um mundo aberto, mecânico, unificado, determinista, geométrico e

quantitativo, contrário à concepção aristotélica de cosmos, impregnada das crenças

míticas e religiosas.

Assim, as concepções de Galileu iniciaram um novo paradigma que culminaria com o

sucesso da física newtoniana.

Durante o século XVIII, chamado de Século das Luzes, os princípios da ciência

experimental desenvolveram-se através das descobertas, principalmente no campo

dos conhecimentos de natureza física, o pensamento científico moderno começa a

se instalar. É o saber racional, no quel se pensa cada vez mais; constrói-se a partir da

observação da realidade, o empirismo, submete-se esta explicação à experimentação.

Dica

Século das Luzes: nome da corrente de

pensamento, Iluminismo, elaborada e

difundida pelos filósofos, no qual os saberes

construídos pela razão deveriam nos liber-

tar daqueles transmitidos pelas religiões ou

dos que não são construídos através de um

procedimento racional.

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A partir de então, o saber não se sustenta apenas na especulação, mas na observação,

experimentação e mensuração, fundamentos do método científico em sua forma

experimental. Assim, nasce o método científico apoiado na especulação e no empirismo.

No século XIX, a ciência triunfa; no domínio das ciências da natureza, o ritmo e o número

das descobertas são enormes, saindo dos laboratórios para terem aplicações práticas:

ciência e tecnologia encontram-se. A pesquisa fundamental, cujo objetivo é conhecer

pelo próprio conhecimento, é acompanhada pela pesquisa aplicada, a qual visa a

resolver problemas concretos.

Assim, neste século, a ciência tem o seu grande avanço com as ciências da natureza

com as quais quase todos os domínios da atividade humana são atingidos.

Assim, o método experimental ou científico, apoiado nos postulados do positivismo,

assumiu o mesmo método das ciências da natureza, tido como exemplares na construção

de conhecimentos rigorosamente verificados e cientificamente comprovados. Este

método consiste em submeter um fato à experimentação em condições de controle

e apreciá-lo coerentemente, com critérios de rigor, mensurando a constância das

incidências e suas exceções a admitindo como científicos somente os conhecimentos

passíveis de apreensão em condições de controle, legitimados pela experimentação e

comprovados pela mensuração.

Desta forma, o homem começa a produzir o conhecimento, tendo como modelo de

acesso à realidade o procedimento do experimento científico, que estipula critérios para

julgar quando esse acesso é realmente alcançado e quando não: o positivismo, cujas

características principais são apresentadas a seguir.

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• Empirismo: o conhecimento positivo parte da realidade como os sentidos a

percebem e ajusta-se a ela. Qualquer conhecimento com origem em crenças,

valores ou que resulte de ideias inatas, parece suspeito.

• Objetividade: o conhecimento positivo deve respeitar integralmente o objeto do

qual trata o estudo, devendo reconhecê-lo tal como é. O pesquisador não deve,

de modo algum, influenciar este objeto; deve intervir o menos possível e dotar-se

de procedimentos que eliminem ou reduzam, os efeitos não controlados destas

intervenções.

• Experimentação: o conhecimento positivo repousa na experimentação. A

observação de um fenômeno leva o pesquisador a supor algo: a hipótese. Somente

o teste dos fatos, a experimentação, pode demonstrar sua precisão.

• Validade: a experimentação é rigorosamente controlada para afastar os elementos

que poderiam nela interferir e seus resultados são mensurados com precisão,

permitindo que se chegue às mesmas medidas reproduzindo-se a experiência nas

mesmas condições.

• Determinismo: as leis e previsões estão inscritas na natureza, portanto, os seres

humanos estão, inevitavelmente, submetidos a elas. O conhecimento destas leis

permite prever os comportamentos sociais e geri-los cientificamente.

No domínio do saber sobre o homem e a sociedade desejava-se que conhecimentos tão

confiáveis e práticos quanto os desenvolvidos para se conhecer a natureza física fossem

aplicados com sucesso ao ser humano. Desta forma, o positivismo também é adotado

nas ciências humanas que se desenvolve a partir da segunda metade do século XIX.

A pesquisa de espírito positivista aprecia números; pretende tomar a medida exata dos

fenômenos humanos e do que os explica. É, para ela, uma das principais chaves da

objetividade e da validade dos saberes construídos. Consequentemente, deve escolher com

precisão o que será medido e apenas conservar o que é mensurável de modo preciso.

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A ciência contemporânea

A Ciência Contemporânea surge no início do século XX e se estende até os dias atuais.

Os postulados do espírito positivo: a investigação da constância, da estabilidade, da

ordem e das relações causais explicativas dos fenômenos orientava as pesquisas em

todos os domínios das ciências da natureza. A procura da estrutura permanente e das

leis invariáveis dos eventos naturais, assim como as conclusões previsíveis dos fatos

observados, imprimiu uma orientação que aparece como marco da ciência moderna.

O determinismo mecanicista e o mecanicismo da física de Newton, que inspiraram o

espírito positivo, fizeram supor que, conhecendo os impulsos e as posições dos corpos e

das partículas, poder-se-ia, pelo cálculo, estabelecer predições infalíveis ou extrair as leis

mecânicas da evolução anterior e futura.

Entretanto, o desenvolvimento da física atômica, as teorias da relatividade, da

termodinâmica e da cosmologia revelaram a complexidade imprevisível dos fenômenos,

a mutabilidade, a fluência e a instabilidade dos eventos naturais. A matemática

moderna, especialmente a geometria não-euclidiana e a teoria dos conjuntos

demonstraram que certezas deduzidas de postulados evidentes e inquestionáveis

decorriam da estrutura axiomática dos sistemas matemáticos.

Tanto o desenvolvimento da física quanto o da matemática puseram em crise o conjunto

de certezas seguras do cientificismo, questionaram a infalibilidade das ciências,

demonstraram a inviabilidade de previsões absolutas e recuperaram a validade da

interpretação dos fenômenos.

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Einstein, em 1905, inicia a ciência contemporânea, com suas teorias da relatividade,

quebrando o mito da objetividade pura, isenta de influência das ideias pessoais dos

pesquisadores, demonstrando que, mais do que uma simples descrição da realidade, a

ciência é a proposta de uma interpretação.

Na visão contemporânea, por maior que seja o número de provas acumuladas em

favor de uma teoria, ela jamais poderá ser aceita como definitivamente confirmada.

Os esquemas explicativos mais sólidos podem ser substituídos por outros melhores. O

progresso científico deixa de ser acumulativo para ser revolucionário.

Assim, o critério até então adotado para distinguir a ciência da não-ciência, o da

confirmação pelo uso do método experimental indutivo, é superado.

6. O Método Científico

Antes de definirmos o que é método científico, vamos definir o que é método.

Método, entre outras coisas, significa caminho para chegar a um fim ou pelo qual se

atinge um objetivo.

Não devemos confundir método com metodologia; a metodologia são os procedimentos

e regras utilizadas por determinado método.

É importante salientar que métodos e técnicas se relacionam, mas não são distintos.

O método é um plano de ação, formado por um conjunto de etapas ordenadamente

dispostas, destinadas a realizar e antecipar uma atividade na busca de uma realidade,

enquanto a técnica está ligada ao modo de realizar a atividade de forma mais

hábil, mais perfeita.

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O método está, portanto, relacionado à estratégia e a técnica, à tática; o método refere-

se ao atendimento de um objetivo, enquanto a técnica operacionaliza o método.

O método é, portanto, uma forma de pensar para se chegar à natureza de um

determinado problema, quer seja para estudá-lo, quer seja para explicá-lo.

Que dizer então do método científico? Poderia dizer que é o caminho trilhado pelo

cientista quando em busca de “verdades” científicas.

Quando Galileu se recusou a aceitar a observação pura e as conclusões filosóficas

arbitrárias propondo a necessidade de elaborar hipóteses e submetê-las a provas

experimentais, deu os primeiros passos na direção do método científico

moderno.

A partir daí, o homem começa a trabalhar tendo como modelo de acesso à realidade o

procedimento da experimentação científica, que estabelece critérios para julgar quando

este acesso é realmente atingido ou não. Isto é, descrever com exatidão como é que

a realidade funciona e como ela se relaciona. Este procedimento passou a se chamar

método científico e teve várias interpretações no decorrer dos tempos.

A história da ciência nos mostra que não há critérios estabelecidos como normas ou

preceitos e sim critérios utilizados e adotados na prática da pesquisa pela

comunidade científica como uma espécie de código prático consensual que pode ser

alterado.

Os critérios têm uma dimensão histórica e cultural, influenciam a prática da

pesquisa e também são influenciados por ela, sem, contudo, servirem de preceitos ou

bloqueadores do caráter crítico, inventivo e inovador, próprio da ciência.

Dica

O raciocínio é algo ordenado, coerente e

lógico, podendo ser dedutivo ou indutivo.

Portanto a indução e a dedução são, antes

de mais nada, formas de raciocínio ou de

argumentação.

Page 20: Metodologia do Estudo

O método científico implica a forma adequada do proceder quanto à reflexão, à

indagação, à interpretação e à explicação. Daí dizer que se deve levar em consideração

o conjunto de atividades sistemáticas e racionais de que fazem parte, em linhas gerais,

todas as pesquisas, como sendo o procedimento que, ao longo da trajetória, envolva a

pesquisa de cunho científico.

O método serve de guia para o desenvolvimento do procedimento com a finalidade de

obter novas descobertas. É indiscutível que, para chegarmos ao acontecimento de uma

comprovação científica, desde os primórdios da civilização, notamos o emprego dos

métodos, ainda que rudimentar.

Percebe-se que a evolução do método científico foi a precursora do enriquecimento da

ciência em todos os campos da atividade humana.

Na pesquisa, podemos utilizar dos seguintes métodos:

Método indutivo

Indução é um processo mental pelo qual, partindo de dados ou observações particulares

constatadas, podemos chegar a proposições gerais ou universais, não contidas nas

partes examinadas. Assim, o objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões

cujo conteúdo é muito mais abrangente do que o das premissas iniciais nas quais

se fundamentam. Isto é, a indução é entendida como o argumento que passa do

particular para o geral, ou do singular para o universal, ou ainda, do conhecido para o

desconhecido.

O raciocínio indutivo tem sua origem com Aristóteles e está muito presente em nosso

cotidiano.

Dica

Por exemplo, eu observei que o cachorro de

meu vizinho tem quatro patas, observei que

outros cachorros existentes em meu prédio

também têm quatro patas, observei, ainda,

que todos os cachorros que eu já vi têm

quatro patas. Assim, pela lógica indutiva,

posso afirmar que todos os cachorros têm

quatro patas.

Page 21: Metodologia do Estudo

A indução se realiza em três etapas: na primeira, observamos os fatos ou fenômenos e

os analisamos com o objetivo de descobrir as causas de sua manifestação. Em seguida

procuramos, por intermédio da comparação, aproximar os fatos ou fenômenos, com

a finalidade de descobrir a relação existente entre eles. Finalmente, generalizamos a

relação encontrada entre os fenômenos e fatos semelhantes.

Percebe-se que a indução trabalha com a regularidade, isto é, nas mesmas

circunstâncias, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos, ou o que é verdade de

muitas partes suficientemente enumeradas de um fenômeno, é verdade para todo este

fenômeno.

Portanto, a indução, toma como pressuposto a validade do empirismo, pois acredita no

valor da observação e na fidedignidade do testemunho dos sentidos, quando rigorosa

e ordenada. Esta crença postula que a ciência deve utilizá-la de forma metódica para

produzir a descrição e a classificação dos fatos. A explicação científica, suas teorias ou

leis seriam decorrentes dos julgamentos fundamentados nesta classificação.

A contestação feita à indução se refere ao fato de não se poderem observar todos os

fenômenos ou coisas, para deles fazer surgir uma explicação, uma vez que os fatos não

explicam por si só o problema que é objeto da investigação científica, pois há muitas

formas de observá-los e classificá-los que dependem de critérios de ordem subjetiva ou

do tipo de referencial teórico que é utilizado.

Método dedutivo

Dedução é a forma de raciocínio que parte de uma proposição geral para verificar seu

valor por meio de dados particulares.

Page 22: Metodologia do Estudo

Veja um exemplo de um argumento dedutivo:

Todo mamífero tem um coração.

Ora, todos os gatos são mamíferos.

Logo, todos os gatos têm um coração.

No raciocínio dedutivo, se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão deve ser

verdadeira. Assim, no exemplo apresentado, para que a conclusão “todos os gatos têm

um coração” fosse falsa, uma das ou as duas premissas teriam de ser falsas, isto é, ou

nem todos os gatos são mamíferos ou nem todos os mamíferos têm um coração.

Por outro lado, no raciocínio dedutivo, toda informação ou conteúdo factual da

conclusão já estava, pelo menos implicitamente, nas premissas. Veja no exemplo:

quando a conclusão afirma que todos os gatos têm um coração, está dizendo alguma

coisa que, na verdade, já tinha sido dita nas premissas. Portanto, todo argumento

dedutivo, reformula ou enuncia de modo explícito a informação já contida nas

premissas; desta forma, se a conclusão não diz mais que as premissas, ela tem de ser

verdadeira se as premissas o forem.

Os argumentos dedutivos também podem ser formulados de outras maneiras:

A média mínima para aprovação é 6,0.

A média de Alberto foi superior a 6,0.

Alberto será aprovado.

Ou, ainda:

Se a água atingir a temperatura de 100ºC, então ela ferve.

A água não ferveu.

Então, á água não atingiu a temperatura de 100ºC.

Page 23: Metodologia do Estudo

Método hipotético-dedutivo

O método científico indutivo via o processo do conhecimento como consequência do

simples registro das impressões sensoriais que, com auxílio da lógica, dava origem às

leis e teorias. Identificava fatos a serem investigados e não problemas, colocando a

observação do fato ou fenômeno como ponto de partida para a investigação e para o

surgimento das hipóteses que seriam posteriormente testadas e generalizadas.

As ciências contemporâneas, percebendo que o conhecimento era teoricamente

inconsistente, incompatível com outras teorias, ou mesmo, inadequado para explicar

os fatos, apresenta-se o processo do conhecer como resultado de um questionamento

elaborado pelo sujeito.

Assim, a investigação científica se desenvolve em função da necessidade de construir e

testar uma possível resposta ou solução para um problema, decorrente de algum fato ou

de algum conjunto de conhecimentos teóricos, surgindo o método hipotético-dedutivo.

Podemos sintetizar as etapas do método hipotético-dedutivo, da seguinte forma:

Problema: toda investigação tem origem em algum problema teórico/prático percebido,

que dirá o que é relevante ou não para ser observado, determinando os dados que

devem ser selecionados. A seleção dos dados exige uma hipótese, conjectura e/ou

suposição, que servirá de conduta ao pesquisador.

Hipóteses: também chamadas de conjecturas, são soluções propostas em forma de

proposição passível de teste, direto ou indireto, sempre dedutivamente no formato: “se...

então...”.

Page 24: Metodologia do Estudo

A hipótese é lançada para explicar ou prever aquilo que despertou a curiosidade

intelectual ou dificuldade teórica-prática.

Teste das hipóteses: planejamento e realização das operações para por à prova as

predições, a partir tanto das observações, medições, experimentações quanto das

demais operações instrumentais.

Conclusões: correspondem à adição ou introdução novos elementos às teorias existentes,

é o contraste dos resultados da prova com as consequências deduzidas do modelo

teórico.

Portanto, a pesquisa científica com abordagem hipotético-dedutiva inicia-se com o

descobrimento de um problema e com sua descrição clara e precisa, a fim de facilitar

a obtenção de um modelo simplificado e a identificação de outros conhecimentos e

instrumentos, relevantes ao problema, que auxiliarão o pesquisador em seu trabalho.

Após este estudo preparatório, o pesquisador passa para a fase da observação. Na

verdade, esta é a fase de teste do modelo simplificado. É uma fase meticulosa em que é

observado um determinado aspecto do universo, objeto da pesquisa. A fase seguinte é a

formulação de hipóteses, ou descrições-tentativas, consistentes com o que foi observado.

Estas hipóteses são utilizadas para fazer prognósticos, os quais serão comprovados ou

não por meio de testes, experimentos ou observações mais detalhadas. Em função dos

resultados deste testes, as hipóteses podem ser modificadas, dando início a um novo

ciclo, até que não haja discrepância entre a teoria e os experimentos e/ou observações.

O método hipotético-dedutivo é um dos mais utilizados atualmente, principalmente nas

ciências naturais, nas quais sua utilização normalmente aparece ligada à experimentação.

Page 25: Metodologia do Estudo

Método dialético

Parte da premissa de que, na natureza, tudo se relaciona se transforma e há sempre

uma contradição inerente a cada fenômeno. Neste tipo de método, para conhecer

determinado fenômeno ou objeto, o pesquisador precisa estudá-lo em todos os seus

aspectos, relações e conexões, sem tratar o conhecimento como algo rígido, já que tudo

no mundo está sempre em constante mudança.

A dialética, enquanto metodologia tem várias interpretações, entretanto, identificam-se

nela alguns princípios:

• Princípio da unidade e luta dos contrários: que afirma que todos os objetos e

fenômenos apresentam aspectos contraditórios, que são organicamente unidos e

constituem a indissolúvel unidade dos opostos.

• Princípio da transformação das mudanças quantitativas em qualitativas: afirma

que qualidade e quantidade são características inerentes a todos os objetos e

fenômenos, e estão inter-relacionadas.

• Princípio da negação da negação: o desenvolvimento de um fato ou fenômeno

ocorre em espiral, isto é, as suas fases repetem-se, mas em nível superior.

A dialética é contrária a todo conhecimento rígido, acabado, tudo é visto em constantes

mudanças; sempre há algo que nasce e se desenvolve e algo que se desagrega e se

transforma. Portanto, para conhecer realmente um objeto, na perspectiva dialética, é

preciso estudá-lo em todos os seus aspectos, em todas as suas relações e todas as suas

conexões.

Page 26: Metodologia do Estudo

Síntese

Nesta unidade vimos que o conhecimento científico distingue-se do senso comum,

pelo rigor metodológico, teórico e livre de preconceitos, condições necessárias para se

captar mais adequadamente a realidade. Isto não quer dizer que a realidade possa ser

conhecida assim como ela é, no sentido total e absoluto, pela ciência ou por qualquer

outra forma de discurso (filosófico, comum, religioso, mítico, simbólico, etc.), mas que

a realidade, que sempre se apresenta diante do observador por meio de obstáculos,

por isso é que ela é inesgotável, pode ser descoberta, compreendida e interpretada na

medida em que a observação, a pesquisa, o conhecimento ou a ciência avança em direção

ao aperfeiçoamento dos instrumentos, dos métodos e da própria linguagem.

Bibliografia

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987.

KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 1997.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos e metodologia

científica. São Paulo: Atlas, 1996.

LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber. Porto Alegre: Artes Médicas,

Belo Horizonte: UFMG, 1999.

RICHARDSON, Roberto Jarry e Colaboradores. Pesquisa social: métodos e técnicas. São

Paulo: Atlas, 1999.

Page 27: Metodologia do Estudo

Definindo a Pesquisa

Page 28: Metodologia do Estudo

Definindo a Pesquisa

1. Introdução

Para que desenvolver uma pesquisa?

Quais os passos a serem dados para se desenvolver uma pesquisa?

Por onde começar uma pesquisa?

Nesta unidade, você terá algumas respostas para estas questões; vamos iniciar a

construção de um projeto de pesquisa para posteriormente desenvolvê-la.

O conteúdo será desenvolvido a partir dos seguintes tópicos:

• A pesquisa científica

• O processo de uma pesquisa

• A definição da pesquisa

Esperamos que, ao final da unidade, você tenha clareza dos procedimentos que

caracterizam uma pesquisa científica e seja capaz de elaborar a definição de uma

pesquisa, isto é, definir uma temática, problematizá-la, elaborar as justificativas e os

objetivos da pesquisa.

Page 29: Metodologia do Estudo

2. A Pesquisa Científica

O termo pesquisa faz parte de nosso cotidiano e se tornou tão popular que chega, por

vezes, a comprometer seu verdadeiro sentido.

De um modo geral, pesquisa é realizada para perceber um problema teórico ou prático

a ser resolvido, formular hipóteses, testá-las e tirar conclusões. Portanto, o pesquisador é

alguém que, identificando um problema em seu meio, pensa que a situação poderia

ser melhor compreendida ou resolvida se fossem encontradas explicações ou soluções

para ela. Quase sempre já se tem algumas ideias a respeito das possíveis explicações,

traduzidas pelas hipóteses, resta verificar se elas são válidas, tirar as conclusões

apropriadas a partir das observações.

Dessa maneira, a pesquisa científica distingue-se pelo método, pelas técnicas, por estar

voltada para a realidade empírica e pela forma de comunicar os resultados obtidos.

Como forma de adquirir conhecimento, a pesquisa pode ter os seguintes objetivos:

• Resolver problemas específicos;

• Gerar novas teorias;

• Avaliar ou testar as teorias já existentes.

Pesquisa para resolver problemas: este tipo de pesquisa geralmente tem como objetivo

resolver problemas práticos interessa ao pesquisador apenas descobrir a resposta para

um problema específico ou descrever um fenômeno da melhor forma possível.

Page 30: Metodologia do Estudo

Pesquisa para formular teorias: é a pesquisa exploratória, na qual o pesquisador tenta

descobrir as relações entre fenômenos, quando os pressupostos teóricos não estão claros

ou são difíceis de encontrar.

Pesquisa para testar teorias: é a pesquisa que proporciona a formulação clara de teorias

confirmadas repetidas vezes e fornece informações empíricas consistentes a respeito do

fenômeno.

Podemos dizer que são exigências de uma ciência e pré-requisitos para a sua

constituição:

• Delimitar ou definir os fatos a investigar, separando-os de outros semelhantes ou

diferentes;

• Estabelecer os procedimentos metodológicos para observação, experimentação e

verificação dos fatos;

• Construir instrumentos técnicos e condições de laboratório específicas para a

pesquisa;

• Elaborar um conjunto sistemático de conceitos que formem a teoria geral dos

fenômenos estudados, que controlem e guiem o andamento da pesquisa, além de

ampliá-la com novas investigações; permitem, ainda, a previsão de fatos novos a partir

dos já conhecidos.

Assim, a ciência distingue-se do senso comum porque este é uma opinião baseada em

hábitos, preconceitos, tradições, crenças, enquanto a ciência baseia-se em pesquisa,

investigações metódicas e sistemáticas e na exigência de que as teorias sejam coerentes

e retratem a verdade sobre a realidade. A ciência é conhecimento que resulta de um

trabalho racional.

Page 31: Metodologia do Estudo

O pesquisador em sua atividade de pesquisa deve agir criticamente, com senso de

realidade, buscando conhecer a realidade como ela é e despojando-se, para tanto, de

preconceitos, tabus e imposições de qualquer ordem.

Orientar-se pelo espírito crítico significa analisar rigorosamente as circunstâncias e

fenômenos, buscando observar se as conclusões ou afirmações feitas são consistentes,

isto é, se resistem a um confronto com os dados.

Para agir criticamente, o pesquisador, deve buscar o sentido da prova que o conduzirá

a um conhecimento fidedigno, fazendo com que se enxergue a realidade como ela é e

não como se quer vê-la ou como os interesses a impõem.

Para tanto, o pesquisador deve se opor ao dogmatismo, deve desenvolver a capacidade

de ver e interpretar a realidade diferentemente da indicada pelos esquemas, interesses,

valores e conveniências pessoais.

O senso de realidade consiste no esforço do indivíduo no sentido de manter

constante e perene a sua abertura ao real e, por conseguinte, não impor seus esquemas

à realidade, deve ser também, uma preocupação do pesquisador. É esta abertura que o

tornará capaz de não somente superar seus próprios esquemas, preconceitos

e interesses, como também de constatar se suas verdades possuem ou não um

fundamento real.

Nenhum conhecimento é definitivo, bem como, nenhum resultado é exaustivo, por esta

razão é que dizemos que o conhecimento é histórico. Para produzirmos a compreensão

de um impasse que se nos apresenta hoje, utilizamos múltiplas contribuições do passado,

mesmo que se manifestem como entendimentos de partes isoladas do nosso presente

objeto de discussão.

Dica

Fenômeno: é tudo o que é percebido pelos

sentidos ou pela consciência. É um fato de

natureza moral ou social. Tudo o que é ob-

jeto de experiência possível, que pode se

manifestar no tempo e no espaço com

características próprias, segundo as leis do

entendimento.

Dica

De um modo geral, o dogmatismo é uma

espécie de fundamentalismo intelectual. Os

dogmas expressam verdades certas,

indubitáveis e não sujeitas a qualquer tipo

de revisão ou crítica. Dogmatismo é uma

atitude natural e espontânea que temos

desde muito crianças. É nossa crença de

que o mundo existe exatamente da

forma como o percebemos.

Page 32: Metodologia do Estudo

Na verdade, todo e qualquer conhecimento obtido nos revela apenas uma faceta

e um aspecto da realidade estudada. O conhecimento nos mostra que, em nossa busca,

chegamos a um enfoque, a um ponto de vista, a uma determinada interpretação da

realidade.

Todo e qualquer conhecimento é realizado dentro de determinados tempos e espaços; é

efetuado por sujeitos determinados e com objetivos determinados. Por esta razão, todo e

qualquer conhecimento é relativo e, deste modo, insuficiente e imperfeito.

É o questionamento criativo que provoca as dinâmicas do conhecimento: a retomada de

questões para o aprofundamento e modificação da realidade.

3. O Processo de uma Pesquisa

Toda pesquisa é desenvolvida a partir de um conjunto de operações sucessivas e

distintas, mas interdependentes, ligadas de maneira lógica, sequencial e dinâmica, a fim

de coletar sistematicamente informações válidas sobre um fenômeno observável para

explicá-lo ou compreendê-lo.

Este processo impõe uma organização sistemática de trabalho, uma aplicação metódica

à pesquisa e o domínio de algumas técnicas de trabalho científico.

Por outro lado, o desenvolvimento de uma pesquisa não é um procedimento linear,

estanque e mecânico, é um processo que exige observações, análises, relações

e sínteses.

Page 33: Metodologia do Estudo

Para efeitos de organização, uma pesquisa, pode se dividida em fases e etapas:

Definição da pesquisa:

• Seleção do assunto, tema ou área;

• Elaboração das justificativas de pesquisa;

• Formulação, determinação ou constatação de um problema de pesquisa;

• Definição dos objetivos da pesquisa;

• Reunião e seleção da bibliografia;

• Elaboração da fundamentação teórica.

Organização da pesquisa:

• Estabelecimento das questões de pesquisa e/ou formulação das hipóteses;

• Definição das estratégias;

• Estabelecimento das necessidades de dados e definição das variáveis e de seus

indicadores;

• Determinação das fontes de dados;

• Determinação da população e da amostra;

• Determinação do processo de amostragem;

• Determinação de métodos e técnicas de coleta de dados;

• Construção dos instrumentos de coleta de dados.

Execução da pesquisa:

• Construção, pré-teste e reformulação dos instrumentos de coleta de dados;

• Impressão dos instrumentos;

• Formação da equipe de campo;

• Distribuição do trabalho de campo;

• Coleta de dados;

Page 34: Metodologia do Estudo

• Conferência, verificação e correção dos dados;

• Tabulação e análise dos dados;

• Apresentação dos dados.

Elaboração do relatório de pesquisa:

• Elaboração das conclusões e/ou considerações;

• Elaboração do relatório de pesquisa;

• Apresentação da pesquisa.

4. A Definição da Pesquisa

As justificativas da pesquisa

As justificativas devem responder à pergunta: por que se deseja fazer a pesquisa? É

a parte do projeto onde são explicitados os motivos de ordem teórica e prática que

justificam a pesquisa, como foi escolhido o tema e como surgiu o problema levantado

para o estudo. É onde são apresentadas as razões da escolha do tema e do problema;

é a defesa do projeto, onde são enumeradas as possíveis contribuições do estudo para o

conhecimento humano e para a solução do problema em questão.

Nas justificativas, também se faz referências aos autores e publicações relacionados

ao tema e ao problema proposto, além de considerações sobre a escolha do local que será

pesquisado.

Page 35: Metodologia do Estudo

Assim, as justificativas da pesquisa devem conter:

• Os motivos que levaram à escolha do tema ou assunto;

• Especificação do nível de abrangência da pesquisa;

• Definição clara do que será abordado e que aspectos serão considerados;

• Explicação sobre a viabilidade da execução da pesquisa;

• Indicação dos aspectos originais e inovadores da pesquisa;

• Importância e contribuições da pesquisa.

O problema de pesquisa

Um problema é algo que mobiliza a mente humana na busca de um maior

entendimento de questões postas pela realidade, ele reflete a busca de soluções para

problemas nela existente, com o propósito de provocar modificações para melhor.

Um problema de pesquisa é um problema que se pode resolver com conhecimentos e

dados já disponíveis ou com aqueles passíveis de serem produzidos, portanto, algo cuja

compreensão forneça novos conhecimentos para o entendimento ou tratamento de

questões a ele relacionadas.

Um problema de pesquisa impõe que outras informações podem ser obtidas a fim de

delimitá-lo, compreendê-lo, resolvê-lo ou contribuir para a sua solução. Portanto, é algo

que pode ser testado cientificamente, que envolve variáveis que podem ser observadas

ou manipuladas.

É claro que nem todas as indagações podem ser consideradas problemas de pesquisa.

Assim, não é um problema de pesquisa algo que se pode resolver pela intuição, pela

tradição, pelo senso comum ou pela simples especulação.

Dica

Variável: elemento, grandeza ou fator que

entra em jogo em uma pesquisa e pode

ter mais de um valor, interpretação ou se

encontrar em mais de um estado. A

variável pode ser independente quando

está relacionada à causa e cujas variações

influenciam os valores de uma outra

variável ligada ao feito, chamada de

variável dependente.

Dica

Intuição: tipo de saber espontâneo é uma

forma de conhecimento imediato que não

recorre ao raciocínio.

Page 36: Metodologia do Estudo

A escolha de um problema de pesquisa nunca se dá de maneira aleatória, ela é

sempre influenciada por fatores internos do pesquisador: conhecimentos de diversas

ordens, curiosidade, ceticismo, imaginação, experiência, filosofia, consciência de seus

limites, entre outros, etc. e por fatores externos à realidade próxima ou, ainda, à instituição

à qual o pesquisador está ligado.

O problema de pesquisa está sempre inscrito em um assunto ou tema e um dos

primeiros passos da pesquisa é exatamente a delimitação e formulação do problema de

pesquisa.

De um modo geral podemos dizer que um problema de pesquisa pode ser definido de

duas maneiras:

• O problema é definido a priori pelo pesquisador, com pouco ou nenhum contato

com a realidade na qual ele se apresenta.

• O problema é determinado pelo pesquisador em conjunto com as pessoas

envolvidas no estudo em diferentes níveis de participação.

A delimitação do problema define os limites da dúvida, deixa claro quais as variáveis

envolvidas na investigação e como elas se relacionam; corresponde a uma pergunta que

contenha as possíveis relações de uma possível resposta.

Assim, para determinação de um problema, devemos observar:

• O problema deve ser concreto e estar formulado de maneira clara, objetiva,

compreensiva e operacional.

• Como o problema reflete a dificuldade com a qual defrontamos e queremos

resolver, deve ser formulado de maneira interrogativa.

• Um problema de pesquisa não pode estabelecer juízos de valor.

Page 37: Metodologia do Estudo

• O problema deve referir-se a fenômenos observáveis, passíveis de verificação

empírica.

• O problema deve ser representativo e passível de ser generalizado; não deve

referir-se a casos únicos ou isolados.

• O problema deve apresentar certa originalidade.

Os objetivos da pesquisa

Os objetivos de uma pesquisa refletem as intenções do pesquisador, definem, de

modo mais claro e direto, que aspecto da problemática constitui o interesse central da

pesquisa, o que o pesquisador quer atingir com a realização do trabalho de pesquisa.

São determinados de maneira a trazer as informações que solucionam o problema; são

amplos, quando gerais ou restritos, quando específicos.

A especificação dos objetivos de uma pesquisa responde às questões: para quê? e para

quem?.

Os objetivos podem também abranger as questões do estudo, que correspondem à

questões gerais os específicas relativas ao assunto investigado.

Page 38: Metodologia do Estudo

Síntese

Vimos que o que difere fundamentalmente uma pesquisa científica de uma simples

especulação são os procedimentos adotados na investigação aos quais denominamos:

métodos.

Você deve ter percebido que para se desenvolver uma pesquisa passamos por vários

momentos, distintos, dinâmicos e alguns interdependentes.

Bibliografia

CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1991.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987.

RICHARDSON, Roberto Jarry e Colaboradores. Pesquisa social: métodos e técnicas. São

Paulo, Atlas, 1999.

Page 39: Metodologia do Estudo

O Jovem e o Consumo

1. Introdução

Veja a seguir um exemplo:

(Pesquisa realizada pelo Instituto Akatu e pela Indicator Opinião Pública. Texto adaptado pelo Prof. Carlos Honório Pinheiro para as aulas de Metodologia na Universidade Anhembi Morumbi.)

A presente pesquisa aborda o jovem e o consumo; foi desenvolvida com o intuito de

conhecer melhor os hábitos de consumo e a visão de mundo dos jovens, segmento

decisivo para garantir que o consumo seja exercido de forma sustentável nos

próximos anos. Afinal, para investir no futuro do planeta é imprescindível a cooperação

daqueles que irão desfrutá-lo.

Sem a pretensão de traçar um perfil exaustivo do jovem consumidor, a pesquisa busca

estabelecer um primeiro contato com essa geração, despertando sua sensibilidade e

consciência da finitude dos recursos naturais e de sua responsabilidade com relação ao

futuro da saúde do planeta.

O interesse em desenvolver tal investigação leva em consideração que a juventude

marca presença expressiva no mercado consumidor, seja no papel de compradores

diretos ou influenciando as decisões de compras dos adultos. O mundo dos adultos

raramente percebe os jovens como compradores e usuários de bens e serviços e, menos

ainda, os reconhece como consumidores conscientes das implicações e repercussões de

suas atitudes.

Justificativas

Apresentação tema

Interesse pelo tema

Page 40: Metodologia do Estudo

Nos tempos que correm, as sociedades passam por transformações quase instantâneas.

O clima de permanente mudança é parte da vivência de um mundo frenético, onde o

mercado competitivo – e, em grande medida, excludente – impacta a ação e o

comportamento de milhões de jovens.

A juventude dá sinais de que sabe o que quer. Mesmo sob a influência de uma mídia

capaz de construir ou impulsionar estilos de vida, hábitos e costumes – o comportamento

juvenil costuma revelar a busca do protagonismo e da afirmação de sua personalidade.

É possível detectar, em qualquer quadrante do planeta, o crescimento entre os jovens

de uma consciência ecológica, ligada à preservação da vida e das condições de

coexistência da humanidade e a natureza.

Entretanto, só o conhecimento aprofundado de cada situação concreta vivida pelos

jovens pode permitir entender como essa consciência se traduz em suas ações,

especialmente no âmbito do consumo. É certo que grande parte deles não consegue se

desvencilhar da chamada ditadura das grifes e do sonho de possuir os símbolos

dos avanços tecnológicos (aparelhos de som, computadores, videogames, entre outros.).

A exacerbação destes sentimentos, por vezes, faz do consumismo um verdadeiro vício.

O mundo do mercado e da propaganda que impulsiona o consumo, acentua também

as diferenças sociais. Ao mesmo tempo em que define um estilo de vida que propõe a

satisfação de todas as necessidades, pode transformar-se em germe da violência para

grande parcela da juventude ao estimular seu desejo sem possibilitar condições de

acesso ao consumo. A frustração daí decorrente pode tornar-se mais um fator a

empurrar o jovem para a criminalidade.

Por já constituírem um importante segmento do mercado consumidor, os jovens são o

público-alvo de boa parte das ações de publicidade. É uma parcela da população que,

Situando o tema

Page 41: Metodologia do Estudo

nos últimos anos, tem aumentado significativamente o peso relativo de suas compras,

movimentando bilhões de dólares e tornando-se importante fonte de negócios. Além das

roupas e calçados de marcas globais, os carros esportivos, aparelhos de som, telefones

celulares, DVDs, lap tops, entre outros, fazem parte dos sonhos de consumo de muitos

jovens. E, para o mundo dos negócios, os jovens valem não só pelo que podem realizar,

agora uma vez que nessa fase consolidam comportamentos de consumo que vão manter

por toda a vida.

As publicações que relacionam o jovem e o consumo são raras; existe uma pesquisa

desenvolvida pelo Instituto Akatu e pela Indicator Opinião Pública, em 2001, que trata

deste tema.

A pesquisa tem como problema: Quais os hábitos e a visão de mundo dos jovens em

relação ao consumo?

A pesquisa tem como objetivos:

• Conhecer melhor os hábitos e consumo dos jovens.

• Conhecer a visão de mundo dos jovens em relação ao consumo.

• Verificar como a propaganda interfere nos hábitos de consumo do jovem

• Traçar um primeiro esboço das percepções dos jovens sobre o consumo sustentável.

• Investigar os aspectos como as implicações e o impacto sócioambiental que

suas ações provocam em sua vida e no mundo, e os grandes desafios para a

humanidade nos próximos anos.

Importância do trabalho econtribuições da pesquisa

Publicações

Problema da pesquisa

Objetivos da pesquisa

Page 42: Metodologia do Estudo

Bibliografia

ANDRÉ, Maristela Guimarães. Consumo e identidade. São Paulo: DVS, 2007.

CHIAVENATO, Julio José. Ética globalizada e sociedade de consumo. São Paulo: Moderna,

2004.

CORTEZ, Ana Tereza Cáceres. Consumo sustentável: conflitos entre necessidade e

desperdício. São Paulo: UNESP, 2007.

VOLPI, Alexandre. A história do consumo no Brasil. Rio de Janeiro: Campus: 2007.

Bibliografia inicial

Page 43: Metodologia do Estudo

Fundamentando a Pesquisa

Page 44: Metodologia do Estudo

Fundamentando a Pesquisa

1. Introdução

Toda pesquisa deve conter o esquema conceitual, isto é, os pressupostos teóricos sobre

os quais o pesquisador fundamentará sua interpretação, considerando que nenhuma

pesquisa parte da estaca zero e que o conhecimento sempre é construído a partir de

conhecimentos já existentes.

Nesta unidade, vamos tratar exatamente da Fundamentação Teórica da Pesquisa; como

desenvolver; como fazer a referência de uma fonte de informação em um trabalho

científico e, também, como fazer citações de outros autores em meu trabalho. Vamos

abordar os seguintes tópicos:·

• A fundamentação teórica • Referenciação • Citações

Ao final da unidade, você deverá estar apto a:

• elaborar a Fundamentação Teórica do trabalho, ou seja: fazer o levantamento

bibliográfico das obras que tratam do assunto e a sua seleção e, em seguida,

elaborar o texto da fundamentação;

• fazer corretamente a referenciação de fontes de informações conforme estabelecem

as normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas;

• fazer corretamente citações de outros autores em trabalhos científicos;· identificar e

elaborar trabalhos científicos.

Page 45: Metodologia do Estudo

2. A Fundamentação Teórica

A pesquisa científica não tem como única finalidade um relatório final ou a descrição de

fatos relevantes do cotidiano, mas sim o desenvolvimento de um caráter interpretativo,

no que se refere aos dados obtidos. Para tal, é fundamental relacionar a pesquisa a

um referencial teórico que servirá de embasamento à interpretação do significado dos

dados e fatos colhidos ou levantados.

Todo projeto de pesquisa deve conter o esquema conceitual, isto é, as premissas ou

pressupostos teóricos sobre os quais o pesquisador fundamentará sua interpretação,

o que muitas vezes é chamado de Revisão da Literatura ou Quadro Teórico ou ainda,

Fundamentação Teórica. Este quadro referencial clarifica a lógica de construção

do objeto da pesquisa, orienta a definição de categorias e dá suporte às relações

antecipadas nas hipóteses, além de constituir o principal instrumento para a

interpretação dos resultados da pesquisa.

Na pesquisa qualitativa, onde se desenvolve um estudo teórico-crítico, os pesquisadores

usam a literatura para discutir conceitos e justificar categorias de análise, enquanto

os estudos experimentais ou quantitativo buscam formular indutivamente suas teorias

com base na análise dos dados.

Assim, a Fundamentação Teórica é uma simples transcrição de pequenos textos, mas

uma discussão sobre as ideias, fundamentos, problemas, sugestões dos vários autores

pertinentes e selecionados.

T

p

o

F

d

a

N

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A

u

p

Page 46: Metodologia do Estudo

Alguns autores indicam que o quadro teórico seja apresentado em um capítulo

separado, enquanto outros consideram isto desnecessário, indicando que a

discussão teórica seja feita ao longo da análise dos dados.

Nos Cursos de Graduação, é mais usual nos trabalhos de pesquisa, considerar a

Fundamentação Teórica como um capítulo à parte.

Para desenvolver a Fundamentação Teórica, o pesquisador deverá proceder ao

levantamento das várias fontes documentais disponíveis e a partir daí, à medida que se

realiza a leitura os elementos importantes vão surgindo, vai se construindo a

fundamentação.

Portanto, a documentação refere-se ao registro dos apontamentos feitos durante a

leitura das obras selecionadas. Tais apontamentos correspondem ao primeiro estágio

da fundamentação.

Na elaboração da Fundamentação Teórica do trabalho, não basta enumerar vários

itens, é necessário que haja subtítulos que contenham sentido. Em trabalhos científicos,

todos os títulos de capítulos, ou de outros itens, devem ser temáticos e expressivos, isto é,

devem dar a ideia exata do conteúdo.

Em trabalhos científicos é necessário utilizar um estilo sóbrio, preciso e claro de modo

que o leitor entenda o raciocínio e as ideias do autor. Assim, para desenvolver a

Fundamentação Teórica de um trabalho de pesquisa, você deve seguir os seguintes

passos:

• Fazer o levantamento das fontes de informações sobre o tema escolhido;

• Fazer a seleção das fontes identificadas;

Dica

Documentação é toda informação

sistemática, comunicada de forma oral,

escrita, visual ou gestual, fixada em

um suporte material, como fonte de

comunicação.

Page 47: Metodologia do Estudo

• Definir, a partir das fontes de informações selecionadas, os tópicos que irão

compor a Fundamentação Teórica do trabalho;

• Definir o conteúdo de cada tópico;

• Desenvolver cada um dos tópicos.

Veja um exemplo:

• No trabalho de pesquisa:

CERETTA, Paulo Sérgio; LIMA, Sidarta Ruthes de e LIMA, Michael Ruthes de.

Controle de incidentes através da tecnologia da informação. Disponível em:

http://www.ead.fea.usp.br/semead/7semead/paginas/artigos%20recebidos/mqi/

MQI04_-_Controle_de_incidentes_TI.PDF

Acesso em 23/01/2008, os autores elaboraram sua fundamentação teórica a

partir dos seguintes tópicos:

1. Introdução

2. Tecnologia da informação: aspectos gerais

3. O prevencionismo e a engenharia de segurança de sistemas.

4. O papel do sistema de informações no relato de incidentes.

3. Referenciação

As informações sobre o tema ou problema investigado podem provir de observações,

de reflexões pessoais, de especialistas na área ou ainda do acervo de conhecimentos

reunidos em bibliotecas, centros de documentação bibliográfica ou de qualquer registro

que contenha dados.

Dica

Documento é qualquer informação sob

a forma de textos, imagens, sons, sinais

entre outros, contida em um suporte

material (papel, madeira, tecido, fita

magnética, disco, entre outros), fixados

por técnicas especiais como impressão,

pintura, incrustação, gravação, etc.

Page 48: Metodologia do Estudo

A busca de informações documentadas acompanha o desenvolvimento de toda a

pesquisa e visa responder às necessidades objetivas da investigação mostrando

situação atual do tema tratado na pesquisa em relação:

• ao que já foi bem investigado,

• ao que falta investigar,

• aos problemas ainda controvertidos, obscuros, inadequadamente estudados ou

que ainda persistem.

Os documentos são armazenados em centros de documentação, bibliotecas, museus,

bancos de dados, arquivos etc, que se especializam na sua conservação e classificação.

Todo documento utilizado na pesquisa: livros, revistas, jornais, gravações sonoras,

audiovisuais e aquelas provenientes da Internet devem ser referenciados no relatório de

pesquisa.

A referenciação bibliográfica é feita com base em normas que definem os elementos

que permitem a perfeita identificação de um documento, no todo ou em partes. Como

padrão, utilizamos a norma NBR 6023 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

É importante ressaltar que existem várias outras normas de referenciação e que os livros

de Metodologia Científica, muitas vezes, estão desatualizados, visto que elas são revistos

periodicamente.

Em uma referência bibliográfica temos:

• Elementos essenciais: são aqueles indispensáveis para a identificação de

qualquer documento, são eles: autor, título, local de publicação, editora e data.

Dica

NBR 6023: especifica os elementos a serem

incluídos em referências. Fixa a ordem

dos elementos da referência e estabelece

convenções para transcrição e apresentação

da informação originada do documento e/ou

outras fontes de informação.

Destina-se a orientar a preparação e

compilação de referência de material utilizado

para a produção de documentos e para

inclusão em bibliografias, resumos, resenhas,

recensões e outros.

Aplica-se às descrições usadas em bibliotecas e

não as substitui. ABNT – Associação Brasileira

de Normas Técnicas – fundada em 1940, é o

órgão responsável pela normalização técnica

no país.

Para tomar conhecimento da norma NBR 6023,

você pode consultar o site:http://www.abnt.org.

br

Page 49: Metodologia do Estudo

• Elementos complementares: são aqueles que fornecem informações

complementares a respeito do documento que, acrescentados aos essenciais,

podem melhorar a caracterização do documento. Os elementos complementares

podem ser omitidos; os principais são: tradutor, ilustrador, organizador, ISBN,

descrição física, série ou coleção número da edição etc.

Alguns elementos complementares podem se tornar essenciais é o caso do número de

edição, quando uma determinada edição é diferente da anterior, neste caso é necessário

especificar.

3.1 - Exemplos de Referenciação

LIDERANÇA BASEADA EM PRINCÍPIOS Autor: COVEY, STEPHEN R.

Editora: CAMPUS

Assunto: ADMINISTRAÇAO-LIDERANÇA

ISBN : 8535211314

ISBN-13: 9788535211313

Livro em Brochura

- 16 x 23 cm 3ª Edição - 2002 - 370 pág.

Livro com um autor:COVEY, Stephen R. Liderança baseada em princípios. Rio de Janeiro: Campus, 2002.

COVEY, Stephen R. Liderança baseada em princípios. Rio de Janeiro: Campus, 2002.

Edição atualizada com novo prefácio do autor.

Page 50: Metodologia do Estudo

CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL 3 RESUMO TEORICO, EXERCICIOS RESOLVIDOS E PROPOSTOS Autor: LORETO, ANA CELIA DA COSTA

Autor: LORETO JUNIOR, ARMANDO PEREIRA

Autor: PAGLIARDE, JOSE EMILIO

Editora: LCTE

Assunto: CIENCIAS EXATAS-MATEMATICA

ISBN : 8598257311

ISBN-13: 9798598257319

Livro em Brochura

1ª Edição - 2006 - 160 pág.

Livro com até três autores:LORETO, Ana Célia da Costa; LORETO JÚNIOR, Armando Pereira; PAGLIARDE, José

Emilio. Cálculo diferencial e integral 3. São Paulo: LCTE, 2006.

LORETO, Ana Célia da Costa; LORETO JÚNIOR, Armando Pereira; PAGLIARDE, José

Emilio. Cálculo diferencial e integral 3.Resumo teórico, exercícios resolvidos e propostos.

1.ed. São Paulo: LCTE, 2006. 160 pág.

Page 51: Metodologia do Estudo

FORMAÇAO CONTINUADA E GESTAO DA EDUCAÇAO Autor: FERREIRA, NAURA SYRIA CARAPETO

Editora: CORTEZ

Assunto: PEDAGOGIA

1ª Edição - 2003 - 318 pág.

Livro com mais de três autores:FERREIRA, Naura S. Carapeto et al. Formação continuada e gestão da educação. São

Paulo: Cortez, 2003.

VALORES E COMPORTAMENTO NAS

ORGANIZAÇOES

Autor: TAMAYO, ALVARO

Editora: VOZES

Assunto: ADMINISTRAÇAO-RECURSOS

HUMANOS

Livro em Brochura

1ª Edição - 2005

Livro com responsabilidade destacada: Organizador – Org.; Coordenador – Coord.

TAMAYO, Álvaro e PORTO, Juliana Barreiros (Orgs.). Valores e comportamento nas

organizações. Petrópolis: Vozes, 2005.

SCHWARTZ, Shalom H. Valores humanos básicos: seu contexto e estrutura intercultural.

In: TAMAYO, Álvaro e PORTO, Juliana Barreiros (Orgs.). Valores e comportamento nas

organizações. Petrópolis: Vozes, 2005. 21-55.

bilid d d

Page 52: Metodologia do Estudo

Teses, Dissertações, Monografias:

PORTILHO, Evelise Maria Labatut. A psicopedagogia na universidade: possibilidades de

reflexão e atuação – proposta de institucionalização. 1995. Dissertação (Mestrado em

Educação)- Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 1995.

FILHO, Armando. A maquiagem teatral ou a máscara no rosto nos últimos 15 anos na

produção teatral de São Paulo. 2007. Monografia (Pós-Graduação em Arte Integrativa)-

Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2007.

Artigo em revista:

KÜCHLER, Adriana e FIORATTI, Gustavo. Chove chuva.

Revista da Folha. São Paulo, 20/01/2008. p.21-25.

KÜCHLER, Adriana e FIORATTI, Gustavo. Chove chuva.

Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/revista/

rf2001200808.htm Acesso em 23/01/2008.

Page 53: Metodologia do Estudo

Artigo em jornal:

PINHO, Ângela. Mortalidade de crianças no Brasil caiu 65% desde 1990. Jornal Folha

de São Paulo. São Paulo, p.C-1, 23 de Janeiro de 2008. Caderno Cotidiano.

PINHO, Ângela. Mortalidade de crianças no Brasil caiu 65% desde 1990. Disponível

em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2301200801.htm Acesso em:

23/01/2008.

Publicação institucional:

DIRETRIZES E NORMAS PARA APRESENTAÇAO DE TRABALHOS

ACADEMICOS, DISSERTAÇOES E TESES - NBR14724/2002

Autor: ANHEMBI MORUMBI

Editora: ANHEMBI MORUMBI

Assunto: METODOLOGIA DE PESQUISA

ISBN : 8587370421

Livro em Brochura

1ª Edição - 2007 - 90 pág.

UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI. Diretrizes e normas para apresentação de

trabalhos acadêmicos, dissertações e teses. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2007.

Page 54: Metodologia do Estudo

Documentos eletrônicos disponíveis em CD, DVD, Vídeo, Disquete

O SEGREDO. TS Production LLC. Dolby Digital. 2006. DVD. (91 min), NTSC, Colorido,

em Português.

Obs. sempre que necessário à identificação

da obra, podem ser incluídas notas com

informações complementares, ao final da

referência.

4. Citações

Em um trabalho científico devemos ter sempre a preocupação de fazer referências

precisas às idéias, frases ou conclusões de outros autores, isto é, citar a fonte (livro,

revista e todo tipo de material produzido gráfica ou eletronicamente) de onde são

extraídos esses dados.

As citações podem ser:·

• diretas, quando se referem à transcrição literal de uma parte do texto de um

autor, conservado-se a grafia, pontuação, idioma etc, devem ser registradas no

texto entre aspas;

• indiretas, quando são redigidas pelo(s) autor(es) do trabalho a partir das

idéias e contribuições de outro autor, portanto, consistem na reprodução do

conteúdo e/ou idéia do documento original; devem ser indicadas no texto com a

expressão: conforme ... (sobrenome do autor).

Page 55: Metodologia do Estudo

As citações fundamentam e melhoram a qualidade científica do trabalho, portanto, elas

têm a função de oferecer ao leitor condições de comprovar a fonte das quais foram

extraídas as idéias, frases ou conclusões, possibilitando-lhe ainda aprofundar o tema/

assunto em discussão.

Têm ainda como função, acrescentar indicações bibliográficas de reforço ao texto.

As fontes podem ser:

• primárias: quando é a obra do próprio autor que é objeto de estudo ou

pesquisa;·

• secundária: quando trata-se da obra de alguém que estuda o pensamento de

outro autor ou faz referência a ele.Conforme a ABNT (NBR 6023), as citações

podem ser registradas tanto em notas de rodapé chamadas de

Sistema Numérico, como no corpo do texto, chamado de Sistema Alfabético.

É mais comum fazer o registro de citações pelo Sistema Alfabético, que coloca,

imediatamente após as aspas finais do trecho citado, os elementos entre parênteses no

corpo do texto, pois a leitura torna-se mais confortável.

Os elementos são:

• sobrenome do autor em letras maiúsculas;

• data da publicação do texto citado;

• página(s) referenciada(s)

Page 56: Metodologia do Estudo

Citações diretas

Curtas: são aquelas com até 3 linhas; deverão ser apresentadas no texto entre aspas e

ao final da transcrição, faz-se a citação.

Exemplo 1: para indicação do autor fora do texto, usa-se caixa alta

É neste cenário, que “[...] a AIDS nos mostra a extensão que uma doença pode tomar

no espaço público. Ela coloca em evidência de maneira brilhante a articulação do

biológico, do político, e do social.” (HERZLICH e PIERRET, 1992, p.7).

Exemplo 2: para indicação do autor no texto, usa-se caixa baixa

Segundo Paulo Freire (1994, p. 161), “[...] transformar ciência em conhecimento usado

apresenta implicações epistemológicas porque permite meios mais ricos de pensar sobre

o conhecimento [...]”.

Exemplo 3: Nóvoa (1992, p.16) se refere à identidade profissional da seguinte forma:

“A identidade é um lugar de lutas e conflitos, é um espaço de construção de maneiras de

ser e de estar na profissão.”

Exemplo 4:

O papel do pesquisador é o de servir como ‘’veículo inteligente e ativo’’ (LÜDKE e

ANDRÉ, 1986, p.11) entre esse conhecimento acumulado na área e as novas evidências

que serão estabelecidas a partir da pesquisa.

Page 57: Metodologia do Estudo

Longas: são aquelas com mais de 3 linhas; deverão ser apresentadas separadas do

texto por um espaço. O trecho transcrito é feito em espaço simples de entrelinhas, fonte

tamanho 10, com recuo de 4 cm da margem esquerda. Ao final da transcrição, faz-se a

citação.

Exemplo 1:

O objetivo da pesquisa era esclarecer os caminhos e as etapas por meio dos quais

esta realidade se construiu. Dentre os diversos aspectos sublinhados pelas autoras, vale

ressaltar que:

para compreender o desencadeamento da abundante retórica que

fez com que a AIDS se construísse como ‘fenômeno social’, tem-

se frequentemente atribuído o principal papel à própria natureza

dos grupos mais atingidos e aos mecanismos de transmissão. Foi

construído então o discurso doravante estereotipado, sobre o sexo,

o sangue e a morte. (HERZLICH e PIERRET, 1992, p.30).

Exemplo 2:

A escolha do enfoque qualitativo se deu porque concebemos a pesquisa qualitativa na

linha exposta por Franco (1986, p.36), como sendo aquela que

assentada num modelo dialético de análise, procura identificar as

múltiplas facetas de um objeto de pesquisa (seja a avaliação de

um curso, a organização de uma escola, a repetência, a evasão,

a profissionalização na adolescência, etc.) contrapondo os dados

obtidos aos parâmetros mais amplos da sociedade abrangente e

analisando-os à luz dos fatores sociais, econômicos, psicológicos,

pedagógicos etc.

Page 58: Metodologia do Estudo

Citações indiretas:Reproduz-se a ideia do autor consultado sem, contudo, transcrevê-la literalmente.

Neste caso, as aspas ou o itálico não são necessários, todavia, citar a fonte é

indispensável.

Exemplo 1:

De acordo com Freitas (1989), a cultura organizacional pode ser identificada e

aprendida através de seus elementos básicos tais como: valores, crenças, rituais,

estórias e mitos, tabus e normas.

Exemplo 2:

A cultura organizacional pode ser identificada e aprendida através de seus elementos

básicos tais como: valores, crenças, rituais, estórias e mitos, tabus e normas. Existem

diferentes visões e compreensões com relação à cultura organizacional. O mesmo

se dá em função das diferentes construções teóricas serem resultantes de opções de

diferentes pesquisadores, opções estas que recortam a realidade, detendo-se em

aspectos específicos (FREITAS, 1989).

Exemplo 3:

É na indústria têxtil de São Paulo que temos o melhor exemplo da participação da

família na divisão do trabalho. A mulher, neste setor, tem uma participação mais

ativa na gestão dos negócios e os filhos um envolvimento precoce com a operação

da empresa da família. (DURAND apud BERHOEFTB, 1996, p. 35). A expressão

latina apud que significa: citado por, conforme, segundo é utilizada quando se faz

referência a uma fonte secundária.

Page 59: Metodologia do Estudo

5. Trabalhos Científicos

Os trabalhos científicos se caracterizam por:

• serem elaborados de acordo com normas preestabelecidas;

• serem originais,

• contribuírem para a ampliação do conhecimento e compreensão de certos

problemas,

• servirem de modelo ou oferecer subsídios para outros trabalhos.

Assim, os trabalhos científicos consistem em:

• Observações ou descrições de fenômenos naturais, novas espécies, estruturas e

funções, mutações e variações, dados ecológicos etc.

• Trabalhos experimentais abrangendo os mais diversos campos.

• Trabalhos teóricos de análise ou síntese de conhecimentos, proporcionando a

produção de novos conceitos.

Os trabalhos científicos mais comuns são:

• Informe Científico:

Consiste na divulgação de resultados de uma pesquisa através de um relato

escrito. É o mais sucinto dos trabalhos científicos se restringindo à descrição

de resultados obtidos através da pesquisa de campo, de laboratório ou

documentais.O informe científico deve ser redigido de maneira que a

comprovação dos procedimentos, técnicas e resultados obtidos, possam ser

repetidos por outros que se interessem pela investigação.

Exemplo:

Krymchantowski AV, Tavares C, Penteado Jd Jde C, Adriano M. Enxaqueca. Disponível em: http://www.cartaosaudeagora.com.br/htm/materia.

asp?materia=472#Acesso em: 21/01/2008

Page 60: Metodologia do Estudo

• Artigo Científico: Um artigo científico consiste em pequenos estudos, porém completos, que tratam

de uma questão científica no qual são apresentados os resultados de estudos ou

pesquisas, distinguindo-se dos demais trabalhos científicos pela sua reduzida

dimensão e conteúdo.Os artigos científicos normalmente são publicados em

revistas ou periódicos especializados, permitindo ao leitor repetir a experiência

descrita.

O conteúdo de um artigo científico pode abranger os mais variados aspectos,

apresentando temas ou abordagens novas, atuais e diferentes e está dividido em:

• Apresentação: título, autor e suas credenciais.

• Resumo: a síntese do artigo.

• Corpo do artigo: que compreende a apresentação do assunto, metodologia,

exposição, explicação, demonstração do material e avaliação dos resultados e

referências a outras publicações.

• Parte referencial: bibliografia, anexos, agradecimentos.

Exemplo 1:

BORGUINI, Renata Galhardo e TORRES, Elizabeth A. Ferraz da Silva. Alimentos

orgânicos: qualidade nutritiva e segurança do alimento. Disponível em:http://

www.unicamp.br/nepa/arquivo_san/Alimentos_organicos.pdf

Acesso em: 21/01/2008

Exemplo 2:

LIMA, Maria Cristina Vidigal de e DEBS, Mounir Khalil. Análise da instabilidade

lateral de duas vigas pré-moldadas protendidas. Disponível em:http://www.set.

eesc.usp.br/cadernos/nova_versao/pdf/cee37_71.pdf

Acesso em: 21/01/2008.

Dica

Visite o site da CAPES e veja outros

exemplos de revistas eletrônicas e

artigos científicos (requer acesso à

internet).http://periodicos.capes.gov.

br/portugues/index.jsp

Page 61: Metodologia do Estudo

Resenha: É a apresentação do conteúdo de uma obra com o objetivo de informar o leitor

sobre o assunto tratado através de uma síntese das ideias fundamentais da obra.

A resenha pode ser feita de duas maneiras:

Resenha Informativa: Também chamada de fichamento é, praticamente, um resumo do texto.

Entretanto, ela não é somente um resumo, é o conteúdo do texto, resumido e

classificado conforme a necessidade do pesquisador.

Ela contém todas as informações relevantes do texto organizadas através de suas

categorias.

Para se elaborar uma resenha informativa é necessário:

• a leitura integral do texto, para conhecimento do assunto, identificando as

ideias importantes e os detalhes relevantes;

• elaborar um esquema para a redação a partir das principais partes do texto;

• redigir o texto da resenha.

Resenha Crítica: Consiste na avaliação crítica de uma obra abrangendo o seu resumo, a crítica

propriamente dita e a formulação de um conceito. É claro que para se fazer um

resenha crítica é necessário ter o conhecimento completo da obra e competência

na área para fazer a análise crítica.

Page 62: Metodologia do Estudo

A Resenha Crítica é composta das seguintes partes:

• referência bibliográfica,

• credenciais do autor,

• conclusões da autoria, digesto (descrição sintetizada do conteúdo dos

capítulos);

• metodologia da autoria;

• quadro de referência da autoria;

• quadro de referência do resenhista;

• crítica do resenhista; e

• indicação do resenhista (a quem se destina a obra).

Exemplo:

MARICATO, Ermínia. Um mundo dominado pelas favelas. Disponível em: http://

www.vitruvius.com.br/resenhas/textos/resenha163.asp

Acesso em: 21/01/2008. Resenha da obra: DAVIS, Mike. Planeta Favela.

Tradução de Beatriz Medina. São Paulo, Boitempo, 2006.

Monografia: Segundo a ABNT, Monografia é o “documento que apresenta a descrição

exaustiva de determinada matéria, abordando aspectos científicos, históricos,

técnicos, econômicos, artísticos etc.”

Portanto, Monografia significa a abordagem de um único (mono) assunto,

ou problema, de maneira sistemática e completa, que resulte de investigação

científica.

Page 63: Metodologia do Estudo

Tem como características:

• é um trabalho escrito, sistemático e completo;

• o tema é específico ou particular de uma ciência ou parte dela;

• consiste em um estudo pormenorizado e exaustivo, abordando vários aspectos

e ângulos de um fenômeno;

• dá um tratamento extenso em profundidade, mas é limitado;

• utiliza de metodologia específica;

• apresenta uma contribuição importante, original e pessoal para a ciência.

Como todo trabalho científico, a Monografia tem a seguinte estrutura:

• Introdução: formulação clara e simples do tema da investigação; é a

apresentação sintética da questão, importância da metodologia e referência a

trabalhos anteriores;·

• Desenvolvimento: é a fundamentação do trabalho de pesquisa, cuja

finalidade é expor e demonstrar;

• Conclusão: é o resumo completo, mais sintetizado, da argumentação dos

dados e dos exemplos constantes das duas primeiras partes do trabalho.

Constam também, as relações existentes entre as diferentes partes da

argumentação e a união da ideias bem como o fechamento da introdução e a

síntese de toda reflexão.

Exemplo:

FERREIRA, Kátia Gomes. Teste de usabilidade. 2002 Monografia (Especialização

em Informática)- Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte: 2002.

Disponível em: http://homepages.dcc.ufmg.br/~clarindo/arquivos/disciplinas/

eu/material/referencias/monografia-avaliacao-usabilidade.pdf Acesso em

21/01/2008.

Page 64: Metodologia do Estudo

6. Síntese

Nessa unidade vimos que todo trabalho científico está fundamentado em uma

Teoria de Base que é elaborada a partir das fontes de informações que tratam do

fenômeno objeto da investigação.

Vimos também que tais fontes devem ser reunidas, selecionadas e referenciadas

no trabalho conforme normas estabelecidas pela ABNT e/ou pela Instituição. Você

viu também que na Fundamentação Teórica do trabalho usamos de citações, que

correspondem às menções feitas a outros autores com o propósito de reafirmar ou

contrapor as ideias defendidas.

Todas as citações devem ser cuidadosamente elaboradas para permitir ao leitor

identificar os autores e obras citadas. Deve ter ficado claro também para você

que em todos os trabalhos científicos, dos mais simples, como o informe científico,

ao mais complexo, as teses, iremos encontrar: a fundamentação teórica, as

referências e citações.

Page 65: Metodologia do Estudo

Bibliografia

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informação e documentação –

referências – elaboração: NBR 6023. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informação e documentação –

apresentação de citações em documentos: NBR 10520. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de

metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1991.

LAVILLE, Christian e DIONNE, Jean. A construção do saber. Porto Alegre: Artes

Médicas; Belo Horizonte: UFMG, 1999.

UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI. Diretrizes e normas para apresentação de

trabalhos acadêmicos, dissertações e teses. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2007.

Page 66: Metodologia do Estudo

Organizando a Pesquisa

Page 67: Metodologia do Estudo

Organizando a Pesquisa

1. Introdução

No primeiro momento, a história da ciência pode parecer como uma descrição

resultante do desenvolvimento dos conhecimentos científicos, anteriores e atuais.

De tal modo que o último conhecimento aparece como o mais evoluído e,

consequentemente, o mais perfeito.Isso nos faz pensar a história da ciência como uma

história que se caracteriza por uma continuidade e evolução, o que não é verdade; a

história da ciência não segue uma linha linear, acumulativa, mas dá-se por meio de

cortes que muitas vezes rompem com os conhecimentos anteriores, principalmente os

conhecimentos do senso comum.

Um conhecimento obtido permanece até ser contestado por outras interpretações

dos fatos. Reforça-se, pelo contrário, se os saberes obtidos por novas manipulações

o confirmam. A busca da compreensão e de explicações universais cada vez mais

abrangentes a respeito da realidade, conduzida por um processo de investigação

científica, pode levar à formulação de leis e teorias.

Com a presente unidade, iniciamos a segunda etapa da pesquisa: sua organização.

Vamos analisar a natureza das leis e teorias, como surgem, quais seus objetivos, suas

características e funções na ciência e qual o papel das hipóteses e variáveis em sua

construção.

Page 68: Metodologia do Estudo

Vamos tratar também das estratégias da pesquisa, ou seja, como a investigação será

conduzida, seu nível de aprofundamento e abordagem.

No projeto de pesquisa, as estratégias são definidas quando se descreve a metodologia.

Assim, vamos abordar os seguintes tópicos:

• As hipóteses e variáveis

• As estratégias de pesquisa.

Esperamos, ao final da unidade, que você seja capaz de

• identificar as características de uma lei, de uma teoria e de uma hipótese e de

como elas estão relacionadas.

• elaborar as hipóteses para uma pesquisa;

• definir as estratégias para uma pesquisa.

2. As hipóteses e variáveis

Leis e Teorias

De modo simples, pode dizer-se que as leis são hipóteses gerais que foram testadas e

receberam apoio experimental e que pretendem descrever as relações ou regularidades

encontradas em certos grupos de fenômenos.

Por exemplo, as Leis de Kepler, referentes às trajetórias dos planetas em torno do sol,

indicam que estas se apresentam em forma de elipse, pois os planetas estão sujeitos à

atração gravitacional do sol. As leis surgem da necessidade que se tem de encontrar

explicações para fenômenos ou fatos da realidade.

Dica

De uma forma geral, além do seu uso específico como termo de filosofia, Fenômeno é a definição de qualquer evento observável. Existem fenômenos em praticamente qualquer campo de pesquisa. Por exemplo, a agressividade, resistência, analfabetismo, violência...

Page 69: Metodologia do Estudo

Os fatos ou fenômenos são apreendidos por meio de suas manifestações e o seu

estudo visa conduzir à descoberta de aspectos invariáveis, comuns aos diferentes

fenômenos, por meio da classificação e da generalização.

As leis têm duas funções específicas:

• Resumir grande quantidade de fatos.

• Permitir e prever novos fatos, pois se fenômeno ou fato se enquadrar em uma lei, ele

se comportará conforme o estabelecido por ela.

Uma lei científica que descreve uma regularidade de coexistência, isto é, um padrão

de coisas, geralmente é formulada da seguinte forma: sempre que tiver a propriedade

x, então terá a propriedade y. Por exemplo, a água ferve, quando aquecida a 100º, em

recipientes abertos, no nível do mar.

Uma lei que descreve uma regularidade de sucessão, ou seja, um padrão nos eventos,

afirma que sempre que uma coisa, tendo x, se encontra em determinada relação com

outra coisa de certa espécie, esta última tem y. Por exemplo, sempre que uma pedra é

jogada na água, produzirá na superfície da mesma uma série de ondas concêntricas que se

expandem de igual forma do centro à periferia.

A partir de certo estágio, no desenvolvimento de uma ciência, as leis deixam de estar

isoladas e passam a fazer parte de teorias.

Uma teoria é formada por uma reunião de leis, hipóteses, conceitos e definições

interligadas e coerentes. As teorias têm um caráter explicativo ainda mais geral que

as leis. Por exemplo, a Teoria da Evolução, explica a adaptação individual, a formação de

novas espécies, a sequência de fósseis, a semelhança entre espécies aparentadas e vale

para todos os seres vivos do planeta.

Dicas

FATO:

Refere-se à realidade, ocorrência,

acontecimento. Por exemplo, minha

idade é um fato; também é um fato o

grau de escolaridade.

LEI DE MURPHYVocê já deve ter ouvido falar da Lei de Murphy que: se há duas ou mais formas de fazer alguma coisa e uma das formas resultar em catástrofe, então alguém a fará.

Page 70: Metodologia do Estudo

Portanto, uma teoria é um meio para interpretar, criticar e unificar leis estabelecidas,

modificando-as para se adequarem a dados não previstos quando de sua formulação e

para orientar em a tarefa de descobrir generalizações novas e mais amplas.

As teorias caracterizam-se pela possibilidade de estruturar as uniformidades e

regularidades, explicadas e confirmadas pelas leis, em um sistema cada vez mais amplo

e coerente, relacionando-as, concentrando-as e sistematizando-as, com a vantagem de

corrigi-las e de aperfeiçoá-las.

Por outro lado, à medida que as teorias se ampliam, passam a explicar, no universo

dos fenômenos, cada vez mais uniformidades e regularidades, mostrando a

interdependência existente entre elas. Por exemplo, a Teoria da Gravitação Universal de

Newton é muito mais ampla e abrangente do que as leis de Kepler, pois estas,

referindo-se especificamente às trajetórias dos planetas, indicaram que são

determinadas não apenas pela influência gravitacional do Sol, mas também de outros

planetas; a teoria de Newton explica também a Lei de Galileu, ao postular uma força

gravitacional, que especifica um modo de funcionamento.

Uma teoria nos fornece dois aspectos relacionados com os fenômenos: de um lado, um

sistema de descrição e, de outro, um sistema de explicações gerais. Portanto, a teoria

não é mera descrição da realidade, mas uma abstração, ela fornece significado aos

fatos, dando direção à busca de fatos.Tanto as leis como as teorias devem cumprir os

seguintes requisitos:

• Devem ser gerais, não devem explicar apenas casos particulares de um

fenômeno.

• Devem ser comprovadas, estar alavancadas (avalizadas, corroboradas ou

assentadas) pela experimentação;

• Devem, quando possível, expressar-se mediante funções matemáticas.

Page 71: Metodologia do Estudo

As teorias científicas têm validade até que sejam incapazes de explicar determinados

fatos ou fenômenos, ou até que algum descobrimento novo comprovado se oponha a

elas.

A partir de então, os cientistas começam a elaborar outra teoria que possa explicar

estes novos descobrimentos, o que faz da Ciência um conhecimento evolutivo e não

estacionário.

HipótesesUma hipótese expõe o que procuramos em uma pesquisa.

Os vários fatos em uma teoria podem ser logicamente analisados e outras relações

podem ser deduzidas além daquelas estabelecidas na teoria. Neste ponto não se sabe

se essas deduções são corretas; a formulação da dedução, contudo, constitui uma

hipótese, que se verificada, torna-se parte de uma construção teórica futura.

Assim, uma teoria expõe uma relação entre fatos; se esta relação existe, outras

proposições que deveriam ser verdadeiras podem ser deduzidas desta teoria.

Tais proposições deduzidas são as hipóteses. A hipótese é uma proposição que pode

ser colocada à prova para determinar sua validade; pode parecer contrária, ou de

acordo com o senso comum, pode ainda ser correta ou errada. Em qualquer caso, uma

hipótese conduz a uma verificação empírica, independentemente do resultado, ela é uma

questão proposta de tal maneira que uma resposta de algum tipo pode estar próxima a

aparecer.

Portanto, obedecendo a um raciocínio lógico, a hipótese consiste na passagem dos fatos

particulares para um esquema geral, ou seja, são supostas respostas para o problema

em questão.Como outras formas de conhecimento, a hipótese é o reflexo do mundo

Proposição é uma afirmação

suscetível de ser verdadeira ou

falsa, é algo que vai ser discutido ou

defendido.

Page 72: Metodologia do Estudo

material na consciência do homem, isto é, uma imagem subjetiva do mundo objetivo.

Na pesquisa, a hipótese passa por dois processos importantes: a sua correta formulação

e o seu teste. Com o intuito de encontrar soluções para o estudo em questão, as

hipóteses poderão ser comprovadas ou refutadas. Contudo, mesmo refutada é uma fonte de conhecimentos sobre o problema estudado.mesmo as mais bem estabelecidas, são para predizer e explicar os fenômenos.

O que as tornaria científicas é sua falseabilidade, ou seja, o poderem, em princípio, ser refutadas pela experiência. É claro que as teorias de fato aceitas num dado momento não podem já ter sido refutadas. Mas é importante que sejam refutáveis, pois caso contrário, não teriam pontos de contato com a realidade.

O progresso da ciência seria, assim, o resultado de um processo constante de conjeturas e refutações, de substituição de hipóteses falseadas por hipóteses melhores e não falseadas, porém sempre falseáveis. Embora essa visão da ciência aparentemente rompa de forma radical com a noção original, há aí um elemento importante o realismo.

Essa posição filosófica é, em termos simples, a de que, embora falíveis, as teorias científicas devem ser entendidas como tentativas sérias, e cada vez melhores, de descrever uma realidade objetiva, ainda quando transcenda o nível dos fenômenos, ou seja, aquilo que é diretamente perceptível aos sentidos.

A construção científica do conhecimento continua, nessa perspectiva realista, dando vazão, da melhor forma possível, ao nosso arraigado desejo de compreender o mundo real, de descobrir como e por que funciona.

Para saber mais sobre Popper, você

poderá consultar:

http://afilosofia.no.sapo.

pt/10popper.htm

http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/

popper5.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_

Popper

Conjetura ou conjectura é um

juízo ou opinião sem fundamento

preciso, é uma suposição ou hipótese.

O Realismo é um movimento artístico surgido na França, cuja influência se estendeu a numerosos países europeus. Esta corrente aparece no momento em que ocorrem as primeiras lutas sociais, sendo também objeto de ação contra o capitalismo progressivamente mais dominador. O engajamento ideológico faz com que muitas vezes a forma e as situações descritas sejam exageradas para reforçar a denúncia social.

Segundo Popper, as leis e teorias científicas,sempre hipóteses, inventadas livremente para

Page 73: Metodologia do Estudo

Características das Hipóteses:A hipótese deve ser clara: a clareza se refere ao modo como foi enunciada, isto é,

constituída por termos que ajudam realmente a entender o que se pretende afirmar e

indiquem de modo compreensível os fenômenos a que se referem.

• A hipótese deve ser verificável pelos processos científicos: não deve conter

julgamentos morais, embora possa estudar julgamentos de valor.

• A hipótese deve ser específica: o enunciado deve ser especificado, dando as

características para identificar o que deve ser observado e incluindo uma referência

aos indícios que serão usados.

• A hipótese deve ser plausível: isto é, deve indicar uma situação possível de ser

admitida, de ser aceita.

• A hipótese deve ser consistente: a consistência indica que o enunciado não está em

contradição nem com a teoria e nem com o conhecimento científico mais amplo,

bem como que não existe contradição dentro do próprio enunciado.

Uma hipótese não é enunciada em forma interrogativa e nem em forma condicional,

mas é uma afirmação, provisória, que se faz, em forma de sentença declarativa.

A formulação da hipótese está relacionada com o problema da pesquisa e

correlacionada com as variáveis, estabelecendo uma união entre teoria e realidade

com o sistema referencial e a investigação. Tal condição exige que seja elaborada com

evidências e sem ambiguidades.

Enquanto o problema é uma questão a investigar e o objetivo é um resultado a alcançar,

as hipóteses são as respostas antecipadas ao problema.

Exemplo 1

Em uma pesquisa que se propunha

estudar a viabilidade e as condições

de execução de cursos à distância, via

Internet, foram formuladas as seguintes

hipóteses:

• A infraestrutura da Internet no

Brasil possibilita o desenvolvimento

de cursos à distância.

• Existe demanda por cursos

a distância via Internet para

profissionais da área de

Comunicação.

• As ferramentas da Internet

possibilitam a realização de cursos

à distância interativos.

Page 74: Metodologia do Estudo

Exemplo 2Em uma pesquisa com o título “Modas e modismos em gestão: pesquisa exploratória sobre a adoção e implementação de ERP”, disponível em http://www.anpad.org.br/enanpad/1999/dwn/enanpad1999-ols-02.pdf foram formuladas as seguintes hipóteses:·

• O contexto e os mecanismos que permeiam as decisões sobre a adoção e a estratégia de implementação de sistemas integrados de gestão correspondem àqueles relacionadas à adoção de modas e modismos gerenciais.

• Os critérios para adoção de sistemas integrados de gestão estão mais ligados a mimetismo que a análises do tipo “custo-benefício”. O processo decisório correspondente é inconsistente.

• A forma de implantação de sistemas integrados de gestão não considera fatores-chaves relacionados à transformação organizacional e gestão da mudança. A estratégia de implantação correspondente é inadequada.

• Os resultados obtidos com a implantação de sistemas integrados de gestão são decepcionantes e ficam abaixo das expectativas das empresas. Tais resultados são consequência de decisões erradas quanto à adoção e quanto à forma de implantação.

Variáveis

As variáveis são aspectos, propriedades, características individuais ou fatores,

observáveis ou mensuráveis de um fenômeno. Alguns exemplos de variáveis são:

• na física: massa, peso, velocidade, energia, força, impulso, atrito etc.

• nas ciências sociais: inteligência, classe social, sexo, salário, idade, ansiedade,

preconceito, motivação, agressão, frustração e muitas outras

• na economia: custo, tempo, qualidade, produtividade, eficiência, desempenho etc.

Segundo a relação que expressa, uma variável pode ser classificada em:

• Variável independente: é aquela que é fator determinante para que ocorra um

determinado resultado; é a condição ou causa para um determinado efeito ou

consequência; é o estímulo que condiciona uma resposta.

• Variável dependente: é aquele fator ou propriedade que é efeito, resultado,

consequência ou resposta de algo que foi estimulado; não é manipulada, mas é o

efeito observado como resultado da manipulação da variável independente.

• Variável de controle: é aquele fator ou propriedade que poderia afetar a variável

dependente, mas que é neutralizado ou anulado, através de sua manipulação

deliberada, para não interferir na relação entre a variável independente e a

dependente.

• Variável interveniente: é aquele fator ou propriedade que teoricamente afeta o

fenômeno observado. Este fator, no entanto, ao contrário das outras variáveis, não

pode ser manipulado ou medido.

Page 75: Metodologia do Estudo

Como as variáveis se referem aos aspectos observáveis ou mensuráveis, elas podem ser

classificadas, segundo o tipo:

• Variáveis qualitativas: são caracterizadas pelos seus atributos ou aspectos

qualitativos e relacionam aspectos não somente mensuráveis, mas também definidos

descritivamente. Os elementos do conjunto original são agrupados em classes ou

categorias (classificação) distintas, obedecendo a determinado critério classificatório.

Nas variáveis qualitativas não existem ordem, hierarquia ou proporção.

Por exemplo: sexo, estado civil, raça, nacionalidade, histeria, psicose etc.·

• Variáveis quantitativas: são determinadas em relação aos dados ou proporção

numérica; são os atributos ou aspectos que podem ser quantificados. As variáveis

quantitativas são sempre resultados de um processo de contagem ou mensuração. Por

exemplo: peso, altura, idade, temperatura, volume, massa, renda familiar etc.

As variáveis são propriedades que podem variar entre indivíduos, objetos ou coisas e

outros.

Veja o exemplo abaixo: na pesquisa que se propunha estudar a viabilidade e as

condições de execução de cursos a distância, via Internet, foram identificadas as

seguintes variáveis:

• Existência de infraestrutura de rede adequada para atendimento das necessidades do

curso à distância.

• Demanda por cursos a distância por parte dos profissionais de Comunicação.

• Capacidade das ferramentas Internet produzirem um ambiente interativo que assegure

o aproveitamento do curso pelos participantes.

Veja um exemplo de variável qualitativa:

As crianças que foram bloqueadas

em suas ações mostram-se mais

agressivas do que aquelas que não

o foram.

• Variável independente: ter ou não

ter o bloqueio;

• Variável dependente: grau de

agressividade;

• Variável interveniente: a

frustração (o bloqueio

conduz à frustração e esta à

agressividade).

Page 76: Metodologia do Estudo

Na pesquisa científica, a variável correlaciona-se em dois níveis: o conceitual e o

empírico. No primeiro caso, enumeram-se as propriedades de interesse imediato para o

estudo e estabelecem-se as relações entre elas.

No segundo, a análise estabelece as associações existentes entre as variáveis, tal como

ocorreu nos dados ou fatos observados, e deve-se verificar se estas relações se ajustam

ao modelo conceitual.

Os níveis de pesquisa

Como forma de adquirir conhecimento, a pesquisa científica pode ser desenvolvida de

acordo com seus objetivos. Assim, é possível distinguir três níveis de pesquisas:

• Pesquisas Exploratórias: Têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e

modificar conceitos e ideias, com vistas na formulação de problemas mais precisos

ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. De todos os tipos de pesquisa,

estas são as que apresentam menor rigidez no planejamento. São desenvolvidas

com o objetivo de proporcionar visão geral acerca de determinado fato e

constituem a primeira etapa de uma investigação mais ampla.

• Pesquisas Descritivas: Têm como objetivo a descrição das características de

determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre

variáveis a partir da observação, descrição e classificação dos fenômenos

3. As estratégias de Pesquisa

Para saber mais sobre a pesquisa exploratória e verificar um exemplo, você pode consultar:PIOVESAN, Armando e TEMPORINI, Edméa Rita. Pesquisa exploratória: procedimento metodológico para o estudo de fatores humanos no campo da saúde pública.

Disponível em:http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89101995000400010Acesso em: 22/01/2008.

Veja um exemplo de pesquisa descritiva: ROSÁRIO, Nísia Martins do. A estética da tevê e a (des)configuração da informação.

Disponível em: http://reposcom.portcom.intercom.org.br/dspace/bitstream/1904/18170/1/R0206-1.pdf Acesso em: 23/01/2008.

Page 77: Metodologia do Estudo

observados. Dentre as pesquisas descritivas, estão aquelas que têm por objetivo

estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo,

procedência, nível de escolaridade, estado de saúde etc. Algumas pesquisas

descritivas vão além da simples identificação da existência de relações entre

variáveis, pretendendo determinar a natureza dessa relação. Neste caso, tem-

se uma pesquisa descritiva que se aproxima da explicativa. Por outro lado, há

pesquisas que, embora definidas como descritivas, a partir de seus objetivos

acabam servindo mais para proporcionar uma nova visão do problema, o que as

aproximam das pesquisas exploratórias.

• Pesquisas Explicativas: são aquelas que têm como preocupação central

identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos

fenômenos. Este é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da

realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas.

As abordagens de pesquisa

Uma pesquisa pode ser realizada com dados criados ou com dados existentes.

No primeiro caso, os dados são coletados após uma intervenção com o objetivo de

provocar uma mudança e no segundo, os dados estão presentes na situação em estudo

e que o pesquisador, através das técnicas de pesquisa, faz aparecer sem a intenção de

modificá-los através de uma intervenção.

Os especialistas usam diferentes nomenclaturas para as metodologias empregadas

na realização de pesquisas, porém não diferem basicamente em seu conteúdo. Tais

metodologias se distinguem de acordo com as fontes de dados utilizadas, a amplitude

Veja exemplos de pesquisas

explicativas:SILVA, Leopoldina

Inocêncio A. Lopes da. União

estável: qual a estabilidade

dessa união? 2006. Monografia

(Graduação em Direito)- Centro

Universitário de João Pessoa. João

Pessoa, 2006.

Disponível em: http://www.

correioforense.com.br/anexos/

publicacoes/f1176988426882.doc

Acesso em: 23/01/2008.

GONÇALVES, Elizabeth Moraes

e GUIMARÃES, André Sathler.

Jornalismo econômico: uma

análise do discurso. Disponível

em: http://www.jornalismo.

ufsc.br/redealcar/cd3/jornal/

elizabethmoraesgoncalves.doc

Acesso em: 23/01/2008.

Page 78: Metodologia do Estudo

do estudo conforme os objetivos, o tipo de análise que pretendem fazer e ainda de

acordo com o controle das variáveis em estudo. Em qualquer projeto de pesquisa

é necessário definir as estratégias de pesquisa que melhor permita ao pesquisador

responder suas questões ou verificar a validade de suas hipóteses.

Não existe uma estratégia que seja sempre a melhor para responder a uma pesquisa de

um determinado fenômeno, o que existem são estratégias que otimizam a qualidade da

pesquisa em relação a certos contextos.

A escolha de uma estratégia de pesquisa tem que ser feita considerando, entre outros

elementos, a natureza da questão da pesquisa, o contexto no qual a pesquisa se

realizará, a formação e a experiência do pesquisador.

Os especialistas classificam as estratégias de pesquisa de várias formas, em nosso curso

vamos considerar que a definição das estratégias ocorre em dois momentos:

• na escolha da abordagem de pesquisa;

• na escolha de um modelo de pesquisa.

Na Pesquisa Experimental ou Quantitativa, o pesquisador parte de um fenômeno

delimitado a priori sobre o qual formula hipóteses passíveis de serem verificadas,

determinando os métodos de verificação a ser utilizado, através do qual procurará

controlar as condições do experimento; submete o fenômeno à experimentação em

condições de controle, tendo a preocupação com a validade interna das hipóteses a

fim de extrair leis, fazer generalizações e elaborar teorias que expliquem o fenômeno

observado.

Na pesquisa experimental podemos distinguir dois modelos: a pesquisa provocada e a

pesquisa invocada.

Experimentação: forma de

aquisição de conhecimento em

que o pesquisador fixa, manipula

e introduz variáveis no objeto do

estudo.

Page 79: Metodologia do Estudo

Pesquisa Experimental Provocada: é aquela na qual o pesquisador tem um controle

muito grande sobre a variável independente; quando o pesquisador decide qual a

intervenção a ser aplicada, as modalidades de sua aplicação, o momento da aplicação

e também escolhe quem recebe a intervenção. Aqui estão as pesquisas que envolvem,

necessariamente, experimentação ou testes.

Pesquisa Experimental Invocada: o pesquisador não pode manipular a variável

independente, assim ele utiliza variações naturais ou acidentais desta variável para

medir os efeitos sobre uma ou mais variáveis dependentes.

A Pesquisa Qualitativa é uma abordagem que valoriza os aspectos qualitativos

dos fenômenos, abrigando diferentes correntes, cujos pressupostos são contrários

à abordagem quantitativa e os métodos e técnicas de pesquisa são diferentes dos

adotados nos modelos experimentais.

Parte do princípio de que não existe um padrão único de pesquisa para todas as ciências

e que há uma relação dinâmica entre a realidade e o sujeito. Isso significa que, à medida

que o pesquisador aprofunda ou alarga seus conhecimentos sobre a realidade, ele se

modifica, assim como modifica a própria realidade.

Os modelos mais comuns de pesquisa qualitativa são: Estudo de Caso, Pesquisa-Ação,

Pesquisa Participante e História de Vida.

Estudos de Caso: referem-se, evidentemente, ao estudo de um caso, seja ele simples e

específico ou complexo e abstrato; consiste na observação detalhada de um contexto,

um indivíduo, uma única fonte de documento ou um acontecimento específico, portanto,

ele pode focar um local específico, um grupo específico ou qualquer atividade.

Variável Independente: a

característica principal de uma

variável independente é sua

autonomia em relação a outra

variável com a qual mantenha

relação.

É como se, em relação à outra

variável, tivesse um comportamento

próprio, que não dependesse

dela, dessa forma, a variável

independente comanda o

comportamento da variável

dependente.

Numa relação de causa e efeito,

a variável independente é sempre

parte da causa, quando não

é a própria causa e a variável

dependente é sempre o efeito.

Page 80: Metodologia do Estudo

Os estudos de caso têm como características:

• visam à descoberta através da busca constante de novas respostas e novas

indagações;

• enfatizam a interpretação em contexto do fenômeno estudado para uma apreensão

mais completa;

• buscam retratar a realidade de forma completa e profunda procurando revelar a

multiplicidade de dimensões presentes numa determinada situação ou problema;

• usam uma variedade de fontes de informação, o pesquisador recorre a uma

variedade de dados coletados em diferentes momentos, em situações variadas e

com uma variedade de tipos de informantes;

• permitem generalizações naturalísticas de experiências vividas por outros, o

pesquisador procura relatar as suas experiências durante o estudo de modo que o

leitor ou usuário possa fazer as suas generalizações;

• procuram representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista, isto é, a

realidade pode ser vista sob diferentes perspectivas, não havendo uma única que

seja a mais verdadeira;

• utilizam uma linguagem e uma forma mais acessível, podendo-se utilizar

dramatizações, desenhos, fotografias, colagens, slides, discussões, mesas redondas,

entre outros e os relatos escritos apresentam um estilo informal, narrativo, ilustrado

por figuras de linguagem, citações, exemplos e descrições.

No desenvolvimento do estudo de caso são evidenciadas três fases que se superpõem

em diversos momentos:

• Exploratória: especificar as questões ou pontos críticos; estabelecer os contatos

iniciais; localizar os informantes e as fontes de dados; definir de maneira mais

precisa o objeto de estudo;

Page 81: Metodologia do Estudo

• Delimitação do estudo: coletar sistematicamente as informações; determinar os

focos da investigação; estabelecer os contornos do estudo;

• Análise sistemática: reunir as informações coletas; transcrever as entrevistas;

elaborar os relatórios com a análise de fatos; elaborar os registros de observações.

Pesquisa-Ação: é um tipo de pesquisa social com base empírica, concebida e realizada

em estrita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo.

Com a pesquisa-ação, o pesquisador pretende desempenhar um papel ativo na própria

realidade dos fatos observados, a participação das pessoas implicadas nos problemas

investigados é absolutamente necessária.

Na pesquisa-ação, o pesquisador desempenha um papel ativo no equacionamento

dos problemas, no acompanhamento e na avaliação das ações desencadeadas com

ampla e explícita interação com os envolvidos, não se limitando a uma forma de ação,

mas também com o objetivo de aumentar o conhecimento e a consciência dos atores.

Evidentemente que a pesquisa-ação exige métodos e técnicas de grupo para lidar com a

dimensão coletiva e interativa da investigação.

Pesquisa Participante: visa estabelecer uma participação adequada dos observadores

dentro dos grupos observados de modo a reduzir as barreiras entre pesquisador e

pesquisados, sem se voltar para o agir.

Neste sentido, a participação se concentra, sobretudo, no pesquisador cuja preocupação

maior é a captação de informações e os grupos investigados permanecem nas suas

atividades rotineiras. Assim, a pesquisa participante é uma modalidade de pesquisa

qualitativa através da qual o pesquisador é levado a compartilhar, pelo menos de

maneira superficial, os papéis e os hábitos dos grupos pesquisados, sem que estes

Page 82: Metodologia do Estudo

grupos sejam mobilizados em torno dos objetivos da pesquisa, mas deixados em suas

atividades normais. Portanto, a pesquisa participante se presta ao entendimento crítico

da realidade para a sua transformação, à valorização do saber popular, à investigação

da percepção que os grupos têm de sua situação existencial.

O método de investigação participante se compõe de estratégias e técnicas diversas,

entre elas a observação, e apresenta as seguintes fases:

• investigação para recolhimento de informações iniciais que permita a apreensão

do conjunto de contradições que caracterizam a realidade;

• codificação, que, partindo do conjunto de contradições que representa a realidade,

escolherá aquela que vai servir à investigação;

• decodificação, que procura desvendar o fenômeno observado.

História de Vida: uma estratégia criada por volta de 1920, mas que somente a partir

da década de 60 é que se desenvolve; pode ser definida como a narração, por uma

pessoa, de sua experiência vivida, é a autobiografia.

Pode ter a forma literária biográfica tradicional como memórias e crônicas. Ao

pesquisador cabe registrar a narrativa e em seguida, proceder a sua análise.

4 . Síntese

Vimos que a teoria é que fundamenta a direção da pesquisa, estabelecendo um elo en-

tre o que é conhecido e o desconhecido, ou da própria teoria tiram-se deduções lógicas

que representam outros tantos problemas e hipóteses.

Por outro lado, as teorias nunca atingem a totalidade de aspectos dos fenômenos da

realidade. Estabelecem relações entre aspectos não diretamente observáveis, geralmente

Page 83: Metodologia do Estudo

expressas por vários enunciados sistematizados. É a finalidade da ciência descobrir umarelação sistemática dos fenômenos e somente seus aspectos comuns e invariáveis sãolevados em consideração, estabelecendo-se com eles os elos da estrutura existente.

As propriedades individuais e próprias de cada fenômeno, isoladamente, são desconsid-

eradas pelas teorias. À medida que as teorias se ampliam, mais uniformidades e regu-

laridades explicam o universo dos fenômenos, mostrando a interdependência que há

entre eles.

A teoria se manifesta como uma eterna hipótese que mantém viva a necessidade da

indagação, da investigação, fazendo da ciência um edifício em permanente construção,

é aí que reside a importância das hipóteses na pesquisa.

Nesta unidade, abordamos também as estratégias de uma pesquisa, que consistem na

integração e articulação do conjunto das decisões a serem tomadas, para apreender

de maneira coerente a realidade empírica, a fim de testar de maneira as hipótese ou

questões da pesquisa. Enfatizamos que um mesmo problema de pesquisa pode permitir

questionamentos diferentes que, por sua vez, levam a hipóteses diferentes.

Por conseguinte, a verificação dessas hipóteses exige que a coleta de dados seja feita de

forma diferenciada, para o caso de dados que já existem e para aqueles cujo apareci-

mento deve ser provocado.

No Relatório de Pesquisa, as estratégias fazem parte do capítulo Metodologia, no qual

são definidos os procedimentos metodológicos da pesquisa. Tal capítulo inicia-se com a

definição das estratégias.

Page 84: Metodologia do Estudo

Bibliografia

CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1991.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987.

LAVILLE, Christian e DIONNE, Jean. A construção do saber. Porto Alegre: Artes Médicas;

Belo Horizonte: UFMG, 1999.RICHARDSON, Roberto Jarry e Colaboradores. Pesquisa

social: métodos e técnicas. São Paulo, Atlas, 1999.

Page 85: Metodologia do Estudo

Pesquisa de Campo

Page 86: Metodologia do Estudo

Pesquisa de Campo

1. Introdução

Os dados de uma pesquisa nada mais são que informações a respeito do fenômeno

investigado.

Necessitamos de tais dados para que possamos confrontar as teorias relativas ao

fenômeno estudado e como ele se evidencia na realidade. Por esta razão é que uma

pesquisa sempre envolve a coleta de dados. Para que possamos desenvolver tal processo,

necessitamos definir um universo e muitas vezes, coletar os dados apenas com parte

deste universo.

Outra questão que surge na coleta de dados é como escolher os elementos de um

universo para a coleta de dados? Por outro lado, para coletar as informações a respeito

do fenômeno investigado, o pesquisador pode consultar documentos, observar o próprio

fenômeno, ou ainda interrogar pessoas.

A seleção do instrumental metodológico está diretamente relacionada com o problema

a ser pesquisado; a escolha dependerá dos vários fatores relacionados com a pesquisa,

isto é, a natureza do fenômeno, o objetivo da pesquisa, os recursos humanos e

financeiros disponíveis, o tempo disponível e outros elementos que possam surgir no

campo da investigação.

Nas pesquisas, de um modo geral, nunca se utiliza apenas um método e uma técnica e

nem somente uma fonte de dados; na maioria das vezes, há uma combinação de dois

ou mais deles.

Page 87: Metodologia do Estudo

Então, nessa unidade vamos desenvolver os conteúdos que dizem respeito: com quem

e com quais instrumentos a pesquisa será desenvolvida. Assim, na presente unidade,

vamos apresentar os conceitos relacionados com:

•Ateoriadasamostragens

•Astécnicasdepesquisa.

Com isto, esperamos que ao final da unidade você seja capaz de:

•definircomprecisãoapopulação,amostraeamostragemdeumapesquisa.

•elaborarcomclarezaosinstrumentosdecoletadedadosparaumapesquisa.

2. A Teoria das Amostragens

O termo população, na linguagem popular, refere-se ao número de habitantes de uma

determinada região. Assim, falamos a população da cidade de Campinas.

Na Estatística, define-se ou , como sendo o conjunto dos elementos

que têm características comuns que pode ser contada, pesada, medida, ordenada de

alguma forma e que sirva de base para as propriedades que se quer investigar.

Podemos, então, falar na população:

•formadapelosalunosmatriculadosnaUniversidadeAnhembiMorumbi,no1º

semestre de 2008,

•constituídadospregosfabricadosporumaindústrianomêsdeJaneiro/08,·

constituída dos leitores da Revista

•constituídapelosusuáriosdotransportepúbliconaCidadedeSãoPauloetc.

Saiba Mais

População Finita: é aquela na qual se pode enumerar ou identificar todos os seus elementos.

População Infinita: é aquela quepossui um número indeterminado de elementos (por exemplo, as jogadas com um dado) ou um número tão grande que admitimos como infinita (o número de peixes existentes no mar).

população universo

Veja,

Page 88: Metodologia do Estudo

A amostra é um subconjunto, representativo da população, isto é, a parte do todo que

servirá de base para o seu estudo, portanto, que apresenta as mesmas características da

população da qual foi extraída.

Exemplo:

A Credicard fez uma pesquisa que publicou com o título “O profissional do futuro”.

Definiu para tal pesquisa:

•Problema:os jovensestãosepreparandoesendoestimuladospara

desenvolver as competências solicitadas pelo mercado de trabalho?

•Objetivo:identificaro existenteentreoensinoformaleasreais

necessidades da Empresa.

•População:UniversitáriosdeSãoPaulo

•Amostra:Alunosnafaixaetáriaentre19a26anos,dasUniversidades

Mackenzie,FGV,PUC,FAAP,FEA,POLIeESPM.

Quando todos os elementos de uma população são considerados na pesquisa,

diz-se que foi realizado um censo; quando a análise é realizada com uma parte desta

população (amostra), diz-se que a pesquisa foi realizada por amostragem (ou por

amostras).

Realizamos censo:

•quandoapopulaçãoforrelativamentepequenaeconcentrada;

•quandoosdadosarespeitodapopulaçãopuderemserobtidoscomfacilidade;

•seosrequisitosdofenômenoimpõemaobtençãodedadosespecíficosdecada

elemento da população;

•quandosenecessitadainformaçãocompletaeprecisa.

gap

Page 89: Metodologia do Estudo

Por outro lado, usamos amostras:

•porque existem populações infinitas;

•quandoapopulaçãoétãograndeque,parafinspráticospodemosadmitircomo

infinitas;

•poreconomia;

•paramaiorprecisão;

•quandooestudoresultaemdestruiçãooucontaminaçãodoselementospesquisados.

Amostragem se refere aos procedimentos utilizados para a escolha ou seleção de

amostras em uma população. Tal procedimento pode considerar a probabilidade de um

elemento qualquer da população ser incluído na amostra ou privilegiar a inclusão na

amostra de apenas alguns elementos.

A escolha do tipo de amostragem a ser utilizado vai depender muito do problema de

pesquisa e de seus objetivos.

3. Tipos de Amostragens

A Teoria das Amostragens constitui-se, hoje, por um campo bastante desenvolvido e amplo

da Estatística com vários elos, como por exemplo: a Teoria das Probabilidades e a

InferênciaEstatística.

Em nosso estudo vamos nos deter a uma visão mais ampla e simplificada da Teoria das

Amostragens.

Podemos distinguir dois tipos amostragem: a probabilística e a não probabilística.

Podemos dizer que probabilidade

é a possibilidade de ocorrência de

um determinado fenômeno.

Page 90: Metodologia do Estudo

Amostragem Probabilística é aquela em que todos os elementos da população

têm probabilidade conhecida, diferente de zero, de ser incluídos na amostra, portanto,

garante a representatividade da amostra em relação à população.

Pode ser: aleatória, sistemática, estratificada e por conglomerado.

Amostragem aleatória: também chamada aleatória simples, é aquela na qual todos os

elementos da população têm a mesma probabilidade de ser escolhido como elemento

da amostra. Neste caso, os elementos da amostra são escolhidos por qualquer tipo

sorteio. É claro que, para que o sorteio possa ser realizado, é necessário que os

elementos da população estejam identificados.

Amostragem sistemática: os elementos que constituirão a amostra são escolhidos

segundoumfatorderepetição(umintervalofixo).Suaaplicaçãorequerquea

população esteja ordenada segundo um critério qualquer, de modo que cada um de

seus elementos possa ser unicamente identificado pela posição (uma lista que englobe

todos os seus elementos, uma fila de pessoas etc). O fator de repetição é determinado

dividindo-se o tamanho da população (N) pelo tamanho da amostra (n). O primeiro

elemento é escolhido por sorteio dentre os elementos da população que ocupam

aposiçãoigualouinferioraN/n(fatorderepetição),emseguida,seleciona-seos

elementosacadaintervaloN/n.

Veja um exemplo:

Suponhaquetenhamosaseguintesituação:

•Tamanhodapopulação:N=3.200elementos

•Tamanhodaamostra:n=100elementos

•Fatorderepetição:N/n=3200/100=32

Page 91: Metodologia do Estudo

Istosignificaqueoselementosserãoescolhidosde32em32.

Oprimeiroelementoéescolhidoporsorteioentreos32primeiros.

Amostragem estratificada: quando a população está dividida em estratos, a amostra

também será estratificada, de tal modo que o tamanho dos estratos na amostra seja

proporcional ao tamanho dos estratos correspondentes na população.

Veja o exemplo abaixo:

EmumaUniversidade,osalunossãoagrupadosporÁreaAcadêmicacomomostraa

tabela abaixo. Deseja-se fazer uma investigação por amostragem, para traçar o perfil

dosalunos,tomando-seumaamostrade100alunos.

Estratos: são subdivisões da

população em agrupamentos

homogêneos, por exemplo, sexo,

raça, idade, escolaridade, leitores

e não leitores de uma revista,

osalunosdeumaUniversidade

separados por curso etc.

DadosFictícios

Page 92: Metodologia do Estudo

Observe que, neste caso, o tamanho da amostra em cada estrato é proporcional ao

tamanho do respectivo estrato na população.

Amostragem por conglomerado: consiste em subdividir a população que se vai

investigar em grupos fisicamente próximos, independente de eles serem homogêneos ou

não. Em tais conglomerados, são agregados os elementos populacionais com estreito

contato físico (como casas, quarteirões, bairros, cidades, regiões etc).

Por exemplo:

Em um levantamento da população de uma cidade pode-se dispor de um mapa

indicando cada um dos quarteirões de um bairro. Assim é possível colher uma

amostra de quarteirões e fazer a contagem de todas as pessoas que residem naqueles

quarteirões e a partir dessa contagem, selecionar os elementos que comporão a

amostra.

Pesquisas eleitorais e muitas pesquisas de opinião pública são feitas por conglomerado.

Amostragem não Probabilística a escolha dos elementos da amostra é feita de forma não-aleatória, justificadamente ou não, a escolha é intencional ou por conveniência, considerando as características particulares do grupo em estudo ou ainda em função do conhecimento que o pesquisador tem daquilo que está investigando.

Porexemplo,aofazerumapesquisajuntoaosprofessoresdaUniversidadeAnhembi

Morumbi,umalunooptouporentrevistar50professoresescolhidosporconveniência.

Na amostragem não probabilística também é possível utilizar quotas, iguais ou

diferentes.ConsidereoexemplodosalunosdeumaUniversidadequeestãoagrupados

Page 93: Metodologia do Estudo

por área acadêmica (caso anterior) e veja a seguir como poderia ser uma amostragem por quotas.

Dados Fictícios

Observe agora que todos os estratos têm o mesmo tamanho na amostra.

O tamanho da amostraA teoria estatística estabelece o uso de fórmulas bastante so�sticadas para o cálculo do tamanho da amostra em uma pesquisa, que não vamos entrar em detalhes em nossa disciplina. Mas é fundamental que você saiba que para que uma amostra represente

tamanho adequado.

O tamanho da amostra depende dos seguintes fatores:• Tamanho da população: Os universos de pesquisa são classi�cados em:

• Finitos – quanto têm até 100.000 elementos • In�nitos – quando têm mais 100.000 elementos

com �dedignidade as características da população da qual será retirada, deverá ter um

Page 94: Metodologia do Estudo

•Nível de confiança: a teoria das probabilidades indica que, as distribuições

das informações colhidas a partir de amostras, geralmente, seguem a curva

deGauss(curvanormal),queapresentavalorescentraiselevadosevalores

extremos reduzidos.

• Erro máximo tolerado: os resultados obtidos em uma pesquisa por amostras

sempre apresentam erros em relação à população de onde foram extraídas.

Este erro é inversamente proporcional ao tamanho da amostra, isto é, quanto

maior for o erro admitido, menor será o tamanho da amostra.

• Percentagem com que o fenômeno ocorre: é a estimativa com que o

fenômeno investigado ocorre na população; tal erro interfere diretamente no

tamanho da amostra.

• Percentagem complementar: é a estimativa da não-ocorrência do fenômeno

na Mas,comodeterminarotamanhodaamostra?Existemoutros

procedimentos que não sejam os fundamentados em cálculos estatísticos?

Sim,alguns autores afirmam que podemos utilizar de outros procedimentos para se

determinar o tamanho da amostra, tudo depende do grau de precisão com o qual se

deseja desenvolver a pesquisa. Assim, podemos utilizar:

•ocritériodosensocomum:umvalorrazoávelsitua-seentre30e110elementose

um bom valor, acima deste patamar, considerando que quanto maior o tamanho

da amostra melhor.

•ocritérioempírico:baseia-senaexperiênciadeoutrosestudossimilaresounas

recomendações consensuais de outros autores que, praticamente, estabelecem o

mesmolimiteacima(30a115elementos)

CurvadeGauss

Saiba Mais

Veja por exemplo:

APPOLINÁRIO,Fabio.Metodologia

da ciência.SãoPaulo:Thomson,

2006.

HILL,ManuelaMagalhãese

HILL,Andrew.Investigação por

questionário.Lisboa:Silabo,2002.

COZBY, Paul C. Métodos

de pesquisa em ciências do

comportamento.SãoPaulo:Atlas,

2003.

população.

Page 95: Metodologia do Estudo

3. Ferramentas Específicas do Mercado

3. 1 - ObservaçãoA observação é o ato de apreender coisas e acontecimentos, comportamentos e

atributos pessoais e concretas inter-relações. É mais do que ver e ouvir: é seguir

atentamente o fenômeno, selecionando o que o torna mais importante e significativo, a

partir de intenções específicas.

Na observação, procura-se avaliar o que ocorre e como ocorre de maneira sistemática

e objetiva. É um elemento básico em qualquer processo de pesquisa científica, podendo

serempregadadeformaindependentee/ouexclusivaouconjugadaaoutrastécnicas.

A observação apresenta características variadas em decorrência de sua flexibilidade,

determinadas pelo objeto de estudo e pelo objetivo da pesquisa. Entretanto, para que a

informação obtida através da observação seja válida, é necessário que sua busca seja

organizada com rigor e ser criteriosamente orientada pelos objetivos definidos para a pes-

quisa.

Planejar a observação significa estabelecer:

• Onde: em que local e situação a observação será realizada;

• Quando: em que momento ela será realizada;

• Quem: quais serão os sujeitos a serem observados;

• O que: que comportamentos e circunstâncias ambientais devem ser observados;

• Como: qual a técnica de observação e registro a ser utilizada.

A objetividade na observação significa ater-se aos fatos efetivamente observados.

Istoé,fatosquepodemserpercebidospelossentidos,deixandodeladotodasas

impressões e interpretações pessoais.

Page 96: Metodologia do Estudo

Podemos classificar a observação, segundo o quadro abaixo:

Page 97: Metodologia do Estudo

Vantagens e desvantagens da observação:

A observação permite ao pesquisador obter a informação relativa ao fenômeno

investigado no momento em que ocorre o fato, possibilitando verificar detalhes da

situação que, após algum tempo, poderão não mais existir.

Por outro lado, temos que considerar que existem fatos que nem sempre possibilitam

a presença do observador e aqueles que, a presença do observador tende a criar

impressões favoráveis ou desfavoráveis por parte do observado.

Como já dissemos, a observação constitui o elemento básico de qualquer processo

de pesquisa constituindo-se de meios diretos e satisfatórios para estudar uma ampla

variedade de fenômenos, permitindo a coleta de dados sobre um conjunto de atitudes

comportamentais. Entretanto, a ocorrência espontânea não pode ser prevista fazendo

com que fatores imprevistos interfiram na tarefa do pesquisador.

A observação exige menos do sujeito observado, objeto de estudo, dependendo menos

de sua introspecção ou reflexão. Considerando que a duração dos acontecimentos é

variável e que os fatos podem acontecer ao mesmo tempo, a observação torna-se difícil.

Exemplo: na pesquisa abaixo, as autoras definiram a observação da seguinte forma:

KAMADA,IvoneeROCHA,SemíramisMMelo.Assistênciadeenfermagememunidade

de internação neonatal: medidas para prevenção de infecções hospitalares. Disponível

em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010411691997000100005&script=sci_

arttext&tlng=ptAcessoem:24/01/08.

Page 98: Metodologia do Estudo

“UmProtocolodeObservaçãofoielaboradocontendonaprimeiracolunauma

descrição dos procedimentos prescritos na literatura e na segunda um espaço em

aberto para anotação dos mesmos procedimentos observados na coleta de dados,

contendo os seguintes itens: planta física e distribuição dos berços, cuidados relativos

ao ambiente, métodos de higienização, cuidados relativos ao pessoal contactante,

métodos de limpeza e cuidados relativos ao recém-nascido.”

3. 2 - QuestionárioO questionário constitui uma das mais importantes e usuais técnicas para a obtenção de

dados em uma pesquisa; geralmente são utilizados com o objetivo de obter informações

sobre opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas, ou

ainda, para descrever as características e medir determinadas variáveis.

Assim, podemos utilizar o questionário para obter as características de um indivíduo ou

grupo, como por exemplo: sexo, idade, estado civil, nível de escolaridade, estilo de vida

etc. Podemos também utilizar questionários para medir diversos fenômenos atitudinais,

tais como religiosidade, autoritarismo, alienação etc.

O questionário é a técnica de investigação composta por um conjunto ordenado

de questões apresentadas e respondidas por escrito pelo pesquisado. Os questionários

são classificados em função do tipo de pergunta formulada, a classificação mais usada é:

• Questionário de perguntas abertas: perguntas abertas são aquelas que admitem

respostas diferentes dos pesquisados, isto é, cada pesquisado poderá responder

livremente à pergunta. Este tipo de pergunta normalmente é utilizado para obter

opiniões, sentimentos, crenças e atitudes por parte do pesquisado.

Page 99: Metodologia do Estudo

Por exemplo:

Qual sua opinião sobre as invasões de terras feitas pelo MST?

Quais foram as dificuldades que você teve no curso de Metodologia da Pesquisa

Científica on-line?

As perguntas abertas também podem investigar comportamento (presente ou passado).

Por exemplo:

Como você se atualiza para atuar no mercado de trabalho?

•Questionário de questões fechadas:

Perguntas fechadas são aquelas para as quais o pesquisador fixa as alternativas que

podem ser apontadas pelo pesquisado, que deve assinalar a(s) alternativa(s) que mais

se ajusta(m) às suas características, ideias ou sentimentos.

As perguntas fechadas podem ser:

•Dicotômicas:aquelascujasrespostasseopõem.

Vocêéfumante?()Sim()Não

Emrelaçãoàreduçãodaidadepenal,vocêé:()afavor()contra·

•Demúltiplaescolha:sãoapresentadasváriasalternativaseopesquisadopode

assinalar apenas uma (resposta simples) ou mais de uma (respostas múltiplas).

Qual a sua idade?

( ) até 20 anos

()de21a25anos

()de26a30anos

()de31a35anos

()maisde35anos

Page 100: Metodologia do Estudo

Para você quais são as principais características do bom professor?

( ) Expressa com clareza o conteúdo que desenvolve

( ) Desenvolve as aulas integrando teoria e prática

( ) Relaciona os conteúdos da disciplina à realidade

( ) Promove atividades de pesquisa com os alunos

()Utilizarecursosdidáticosparafavoreceraaprendizagem

( ) Promove aulas dinâmicas e produtivas, com bom aproveitamento do

tempo

( ) Estimula a criatividade e a produção individual

( ) Estimula o questionamento e a crítica sobre os temas propostos

( ) Valoriza a participação do aluno nas aulas

( ) Promove clima favorável às atividades acadêmicas

( ) Cumpre rigorosamente o plano de curso

( ) Relaciona sua disciplina com as demais do curso

( ) Elabora as avaliações com objetividade, clareza e equilíbrio.

()Utilizatrabalhoscomplementaresparanota

( ) Demonstra coerência entre o que diz e o que faz em classe

( ) Respeita o aluno como pessoa

( ) Cumpre seus horários de aula com pontualidade

( ) Estabelece acordos de trabalho com a turma e cumpre o estabelecido

( ) É rigoroso e intransigente

• Em escala: quando as alternativas são apresentadas em escala.

Como você avalia o seu curso?

( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) péssimo

Page 101: Metodologia do Estudo

• Em escala de Likert: as alternativas têm uma escala definida.

VocêconsideraoJornalaFolhadeSãoPaulo,umjornal

independente?(Indiqueoníveldeconcordânciaassinalandoonúmero

quemelhorexprimesuaopiniãode1a5,sendo

(1)demaiordiscordânciae(5)maiorconcordância).

1-discordototalmente

2 - discordo parcialmente

3-indiferente

4-concordoparcialmente

5-concordototalmente

Na elaboração dos questionários podem ser combinadas perguntas abertas e fechadas.

O primeiro passo a ser dado na elaboração do questionário é ter clareza do problema

a ser investigado, considerando que ele vai depender da forma como será aplicado,

do tema em estudo, da amostra a ser atingida, do tipo de análise e interpretação

pretendida.

Na sua elaboração, estabelecem-se categorias para o tema e para cada uma delas

elaboram-se as perguntas, limitando-se sua extensão e objetivos.

Por exemplo, em uma pesquisa para traçar o perfil dos alunos de um determinado

curso, foram considerados os seguintes aspectos: estilo de vida, informações

acadêmicas, informações profissionais e situação econômica.

Page 102: Metodologia do Estudo

Vantagens e limitações do questionário:

O questionário possibilita obter informações de um grande número de pessoas, mesmo

que estejam dispersas numa área geográfica extensa, implicando em menores gastos

com pessoal, uma vez que pode ser enviado pelo correio e não exige treinamento dos

pesquisadores.

Por outro lado, pode-se não atingir toda a amostra, afetando a representatividade dos

resultados. oanonimatodospesquisados,fazendocomqueaspessoasse

sintam mais à vontade para expressar suas opiniões. No entanto, nem sempre é possível

ter certeza de que a informação corresponde à realidade.

Permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente,

não se expondo à influência das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado. É claro

que este aspecto impede o auxílio do pesquisador para o entendimento das questões.

3. 3 - Entrevista

É a técnica de coleta de dados na qual as perguntas são formuladas e respondidas

oralmente, trata-se de uma conversação metódica que proporciona ao entrevistador as

informações solicitadas.

Enquanto técnica de pesquisa, a entrevista é utilizada para a obtenção de informações

a respeito do que as pessoas sabem, creem, esperam, sentem ou desejam, pretendem

fazer, fazem ou fizeram e também acerca das suas explicações ou razões a respeito de

coisas anteriores.

Garante

Page 103: Metodologia do Estudo

Em decorrência de sua flexibilidade, a entrevista é adotada como técnica principal de

investigação nos mais diversos campos das ciências sociais ou de outros setores de

atividades.

As entrevistas são classificadas levando-se em consideração o seu grau de flexibilidade.

• Entrevista estruturada: também chamada padronizada, o entrevistador segue um

roteiro de perguntas previamente estabelecido que não deve ser alterado ou adaptado.

Como no questionário, a entrevista estruturada poderá conter perguntas abertas e

fechadas.

Por exemplo: em uma pesquisa sobre a avaliação da aprendizagem no curso superior, o

pesquisador utilizou-se da seguinte entrevista estruturada para investigar os alunos:

1. vocêéavaliadopeloseuprofessor?

2. Quando o professor faz a avaliação?

3.Oqueéavaliadopeloprofessor?

4.Oquesignifica,paravocê,seravaliado?

5.Oqueoprofessorcostumaavaliar?

6.Paraqueservemasavaliaçõesdosprofessores?

7.Qualéopapeldoprofessornaavaliação?

8. Qual é o papel do aluno na avaliação?

9.Oqueacontecequandovocêtiranotasbaixas?

10.Equandotiranotasaltas?

11. que vocêachaquetiranotasbaixas?

• Entrevista não estruturada: é chamada também de não padronizada, corresponde

ao modelo mais flexível de entrevista, caracterizada pela liberdade que o

Como

Por

Page 104: Metodologia do Estudo

entrevistador tem para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere

adequada.Geralmente,nestetipodeentrevista,asperguntassãoabertasesão

respondidas no âmbito de uma conversação.

Este tipodeentrevistaapresentatrêsmodalidades:·

• Por pautas: o entrevistador se guia por uma relação de pontos de interesse

(pauta) que vai explorando no decorrer da entrevista; tem a liberdade explorá-los

fazendo as perguntas que julgar necessárias, na ordem e profundidade que quiser.

As entrevistas por pautas são utilizadas quando os pesquisados não se sentem à

vontade para responder a perguntas formuladas com maior rigidez. Por exemplo:

EmumaentrevistajuntoaoprofessordematemáticadoEnsinoFundamental,

o entrevistador utilizou-se das perguntas abaixo para conhecer a opinião do

professor sobre a matemática e seu ensino:

O que é matemática para você?

Como você “vê” ou percebe a matemática?

Para você o que é ensinar matemática?

Qual sua opinião sobre o ensino da matemática hoje?

Noexemploacima, outrasperguntaspoderiamtersidofeitaspeloentrevistador.

• Focalizada: há um roteiro de tópicos relativos ao problema que se vai estudar e

o entrevistado fala livremente à medida que se refere a eles. Ao entrevistador cabe

conduzir a entrevista não deixando que o entrevistado se desvie do assunto. Por

exemplo: Em uma entrevista na qual o pesquisador queria investigar a opinião das

mulheres sobre o aborto, foram utilizados os focos:

O aborto como direito da mulher.

O aborto e o direito à vida.

Page 105: Metodologia do Estudo

• Não Dirigida: o entrevistado fala livremente a respeito do tema, expressando

suas opiniões e sentimentos; o entrevistador tem a função de incentivar a entrevista,

levando o informante a falar sobre o assunto, sem, entretanto, fazer-lhe perguntas.

Este tipo de entrevista é o menos estruturado possível e é utilizada nos estudos

exploratórios, que visam abordar realidades pouco conhecidas pelo pesquisador.

Porexemplo:os alunosdeArquiteturadeumaUniversidade,nodesenvolvimento

de uma pesquisa que tinha como objetivo identificar os diferenciais de vários

bairrosresidenciaisdeSãoPaulo,dopontodevistadomorador,utilizarama

seguinte entrevista não dirigida:

Dê sua opinião sobre o bairro onde você mora.

O registro da entrevista deve ser feito no momento em que ela acontece, mediante

anotações por parte do entrevistador ou com auxílio da gravação.

Na entrevista, não cabe ao entrevistador concordar ou discordar das opiniões emitidas

pelo entrevistado ele deve apenas ouvir procurando guiá-lo, levando-o a precisar,

desenvolver e aprofundar os pontos abordados, mantendo-se interessado em sua fala.

Da mesma forma que o questionário, a entrevista apresenta limitações e uma das

principais é a possibilidade do entrevistado ser influenciado, de maneira consciente ou

não, pelo entrevistador.

Outra limitação é o tempo necessário para se desenvolver uma entrevista, comprada

com o questionário, o que implica em um custo maior.

Page 106: Metodologia do Estudo

4 - Síntese

Vimos na presente unidade que uma pesquisa sempre diz respeito a um universo, à

população, e que nem sempre podemos ou queremos desenvolver a pesquisa com todos

os elementos desta população, podemos então desenvolver a pesquisa utilizando-se de

amostras.

Ao desenvolver a pesquisa por amostras, temos que definir como iremos selecionar a

amostra, ou quais serão os procedimentos de amostragem. A escolha do melhor método

de amostragem passa pela correta interpretação do problema em questão e pela forma

como as informações serão extraídas dos elementos selecionados. Assim, podemos

utilizar de procedimentos estatísticos ou empíricos.

Abordamos também nesta unidade as técnicas de pesquisa e nos referimos à

observação, ao questionário e à entrevista como instrumentos de coleta de dados em

umapesquisa. ditoqueaopçãoporumaououtratécnicadependebasicamentedo

problema a ser investigado, dos objetivos e condições da pesquisa e que elas poderão

ser utilizadas isoladamente ou em conjunto. As técnicas de pesquisa são descritas e

justificadasnocapítulodaMetodologia.

Foi

Page 107: Metodologia do Estudo

Bibliografia

GIL,AntonioCarlos.Métodos e técnicas de pesquisa social. SãoPaulo:Atlas,1987.

KÖCHE,JoséCarlos.Fundamentos de metodologia científica.Petrópolis:Vozes,1997.

LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos e metodologia científica.SãoPaulo:Atlas,1996.

LAVILLE,ChristianeDIONNE,Jean.A construção do saber. Porto Alegre: Artes Médicas;

Belo Horizonte: UFMG, 1999.RICHARDSON, Roberto Jarry e Colaboradores. Pesquisa

social:métodosetécnicas.SãoPaulo,Atlas,1999.

RICHARDSON,RobertoJarryeColaboradores.Pesquisa social: métodos e técnicas.São

Paulo:Atlas,1999.

Page 108: Metodologia do Estudo

Desenvolvendo a Pesquisa de Campo

Page 109: Metodologia do Estudo

Pesquisa de Campo

1. Introdução

Com essa unidade, iniciamos mais uma etapa da pesquisa: a execução da pesquisa.

Na unidade anterior, você viu com que instrumentos se podem coletar os dados de uma pesquisa e como elaborá-los. Já com os instrumentos definidos e elaborados, o próximo passo é desenvolver o trabalho de campo, isto é, aplicar na população e amostra definidas tais instrumentos e em seguida, analisar os dados obtidos.

A análise corresponde à interpretação das informações coletadas de modo a dar um sentido aos dados fazendo a ligação entre eles e o conhecimento existente.

O conteúdo dessa unidade é exatamente este:

• A coleta dos dados• A tabulação e análise dos dados

Portanto, após o desenvolvimento dos conteúdos da presente unidade, espera-se que você seja capaz de

• desenvolver corretamente uma pesquisa de campo;• fazer a tabulação e análise dos dados de uma pesquisa.

2 . A coleta de dados

A coleta dos dados inicia-se com a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas estabelecidas na etapa anterior. Portanto, nesta etapa da pesquisa, já se tem os instrumentos de coleta de dados elaborados, a população e amostras definidas.

Page 110: Metodologia do Estudo

Na investigação, de maneira geral, os dados são coletados pela observação ou pelas respostas e declarações de pessoas capazes de fornecer informações que sejam úteis aos propósitos da pesquisa. As técnicas utilizadas para a coleta de dados garantem o registro das informações, o controle e a análise dos dados coletados.

A coleta de dados constitui uma etapa muito importante da pesquisa de campo, mas não deve ser confundida com a pesquisa propriamente dita. Assim, todas as etapas devem ser esquematizadas, a fim de facilitar o desenvolvimento da pesquisa, bem como assegurar uma ordem lógica na execução das atividades. Os dados coletados serão posteriormente elaborados, analisados, interpretados e representados graficamente.

Posteriormente, será feita a discussão dos resultados da pesquisa, com base na análise e interpretação dos dados.

Já dissemos anteriormente que uma pesquisa pode ser caracterizada pelo tipo de dados coletados e pela análise que se fará de tais dados. Assim, temos a pesquisa:

• quantitativa: que prevê a mensuração de varáveis preestabelecidas, procurando veri-ficar e explicar sua influência sobre outras variáveis mediante a análise da frequên-cia de incidência e de correlações estatísticas. Neste tipo de pesquisa, o pesquisador descreve, explica e prediz;

• qualitativa: fundamenta-se em dados coletados nas interações interpessoais, nacoparticipação das situações dos informantes, analisadas a partir da significação que estes informantes dão aos seus atos. Neste tipo de pesquisa, o pesquisador participa, compreende e interpreta.

Após a coleta, antes da análise e interpretação, os dados são elaborados e classificados de forma sistemática.

Considerando que os dados brutos não fornecem espontaneamente muitas informações, é necessário colocá-los em ordem, transformar sua apresentação, reunindo as informações de maneira organizada a fim de permitir sua análise e interpretação.

Page 111: Metodologia do Estudo

Essa primeira parte do tratamento constitui a elaboração dos dados que se compõe das seguintes fases:

SeleçãoDe posse do material coletado, o pesquisador deve submetê-lo a uma verificação crítica, a fim de detectar falhas ou erros, evitando informações confusas, distorcidas, incomple-tas, que podem prejudicar o resultado da pesquisa. É o exame detalhado dos dados coletados, também chamado crítica dos dados.

A seleção cuidadosa pode apontar tanto o excesso como a falta de informações e con-tribui para evitar posteriores problemas de codificação.

CodificaçãoÉ a técnica utilizada para categorizar os dados que se relacionam, isto é, os dados são agrupados em categorias e depois codificados.

Codificar pode significar também transformar o que é qualitativo em quantitativo para facilitar não só a tabulação dos dados, mas também sua comunicação.

TabulaçãoConsiste na disposição dos dados em tabelas, possibilitando maior facilidade na verifi-cação das inter-relações entre eles o que facilita a sua compreensão e a interpretação.

Os dados são classificados pela divisão em subgrupos e reunidos de modo que as hipó-teses possam ser comprovadas ou refutadas.A tabulação pode ser feita manualmente ou com o auxílio do computador.

3 . Tabulação e análise de dados

Tabulação é a padronização e codificação das respostas obtidas através dos instrumen-tos de coleta de dados. É a maneira ordenada de dispor os resultados numéricos para que a leitura e análise sejam facilitadas.

Page 112: Metodologia do Estudo

A análise dos dados é a descrição do quadro de tabulação referente aos valores rel-evantes. Na análise, deve-se dar ênfase nos pontos relacionados ao problema, às hipó-teses e aos objetivos da pesquisa.

Tabulação de questões fechadas com respostas simples

O pesquisado só pode dar uma resposta, assim, o número de respostas é igual ao número de pesquisados.

Exemplo

Fonte: pesquisa Os jovens e o consumo sustentável – Construindo o próprio futuro?, realizada pelo Instituto Akatu e pela Indicator Opinião Pública.

A manipulação não é um sentimento decorrente do esforço de venda das empresas.

Somente 27% declaram sentir-se manipulado ou muito manipulado.

A maioria (66%) diz sentir-se livre ou muito livre para escolher os produtos que compra e 61% consideram-se consumidores informados.

Do total, 39% sentem-se maravilhados com a propaganda das empresas.

Page 113: Metodologia do Estudo

Os jovens pesquisados parecem não se incomodar com a publicidade que as empresas fazem de seus produtos, considerando-a importante para obter informação e garantir-lhe a liberdade para escolher os produtos que mais lhe convierem, segundo critérios que priorizam qualidade e preço.Tabulação questões fechadas com respostas múltiplas

O pesquisado pode indicar mais de uma alternativa como resposta, neste caso, o núme-ro de resposta é diferente do número de pesquisados.

Exemplo:

O que você considera importante na escolha do supermercado para fazer compras mensais? preços baixos variedade de produtos localização atendimento outros ____________

Page 114: Metodologia do Estudo

O item considerado de maior importância na escolha de um supermercado para a real-ização de compras mensais pelos pesquisados é preços baixos (45%), seguido da varie-dade de produtos (25%). O atendimento correspondeu a apenas 9% das respostas.

Os pesquisados apontaram como outros motivos (8%): existência de estacionamento e de manobristas, aceitar cheque pré-datado, aceitar cartão de crédito e qualidade dos produtos hortifrutigrangeiros.

Tabulação de perguntas abertas

Padronizam-se as respostas por categoria e procede-se à tabulação como a tabulação simples ou múltipla.

Exemplo 1Por que você compra roupas da marca “Y”?

Número de pesquisados: 100

Page 115: Metodologia do Estudo

A análise dos dados demonstra que a maioria dos pesquisados (45%) compra roupa da marca “Y” em função de sua qualidade. Dos respondentes, apenas 20%, compram roupas marca “Y”, em função da grife.

As perguntas abertas também podem ser analisadas de maneira descritiva (qualitativa) sem que haja a preocupação com a quantificação.

Exemplo 2

Em um questionário aplicado aos alunos do Curso de Design com o objetivo de traçar o seu perfil, foi formulada a seguinte pergunta aberta:

Quais as razões que o levaram a escolher a Universidade Anhembi Morumbi e o Curso de Design?

Após a análise de todas as repostas dadas pelos alunos a esta pergunta foi elaborado o seguinte texto:

Os alunos do Curso de Design têm bastante clareza das razões que os levaram a es-colher o curso e a Universidade Anhembi Morumbi: a proposta do curso e o gosto e/ou interesse pela área de criação artística e informática, ou ainda, por já ter feito algum curso na área.

Os alunos apontam também como fator de decisão pela escolha do curso a valoriza-ção do profissional no mercado de trabalho ou por já estarem atuando no mercado de trabalho.

A imagem da Anhembi Morumbi no mercado, sua localização e infraestrutura oferecida também foram fatores preponderantes na escolha, entretanto existiram alguns poucos alunos que afirmaram ser a Anhembi a única Universidade na qual foi aprovado no processo seletivo.

Poucos são aqueles que escolheram o curso sem ter clareza do perfil profissional de seu egresso, afirmando simplesmente: para obter seu diploma de curso superior.

Page 116: Metodologia do Estudo

Se o pesquisador tivesse a intenção de quantificar as respostas, ele deveria primeiro estabelecer as categorias para as respostas dadas. Assim, poderia ter chegado aos seguintes resultados:

Tabulação de perguntas com escala de Likert:

A tabulação é feita ponderando as respostas.

Exemplo

Indique o nível de concordância para cada item assinalando o número que melhor exprime a sua opinião a respeito das condições oferecidas pela Universidade.

Page 117: Metodologia do Estudo

Tabulação do item Biblioteca:

Utilizei com frequência a biblioteca.

Média: 4,18 (é obtida dividindo-se a soma de f.p 820, pelo total da amostra 196)

Os serviços prestados pela Biblioteca satisfizeram minhas necessidades.

Média: 3,95

Page 118: Metodologia do Estudo

O acervo da Biblioteca atendeu às minhas necessidades.

Média: 2,89

Análise dos resultados:

O item Biblioteca foi bem avaliado pelos alunos, se destacando na utilização (4,18), seguido dos serviços prestados (3,95); a pior avaliação foi dada ao acervo (2,89).

Análise a partir da observação:

Como já foi dito anteriormente, a pesquisa sempre é um processo intencional. Desta forma, a coleta de dados, independentemente do instrumento a ser utilizado, deve ser sempre planejada. Portanto, ao realizar uma observação, o pesquisador deve ter clareza do que será observado, em outras palavras, deve ter elaborado o roteiro da observação.

Exemplo

Em uma pesquisa que envolvia a observação de uma aula de Matemática na 5ª. série, o pesquisador fez o seguinte registro:

Page 119: Metodologia do Estudo

Após o sinal os alunos se dirigem para a sala e aguardam o professor, que, ao entrar, cumprimenta-os, dirigindo-se à mesa. Os alunos estão sempre conversando na turma de 5ª. série, eles nunca estão em suas carteiras, a desordem é maior.

O professor senta-se e aguarda o silêncio, que na maioria das vezes demora, até que os próprios alunos pedem aos colegas que parem de conversar.

Somente depois que todos os alunos estão em suas carteiras e em silêncio é que se inicia a chamada.

A sistemática de trabalho destes professores em sala de aula é normalmente a mesma: explicam a matéria (definições, conceitos, propriedades, regras etc.), basicamente tran-screvendo para o quadro-negro o que consta no livro-texto, dão alguns exemplos re-forçando o que fora explicado, em seguida resolvem uma série de exercícios para os alunos.

Quando resolve os exercícios, o professor sempre dirige perguntas para a classe e não para um determinado aluno, o que impede as respostas individuais e dá margem às brincadeiras e consequentemente provoca distrações.

4 . Síntese

A coleta de dados é a etapa da pesquisa que exige tempo e trabalho para se reunir informações que venham atender aos objetivos da pesquisa e comprovar as hipóteses formuladas inicialmente.

Na pesquisa quantitativa, a análise dos dados implica na quantificação dos fenômenos para submetê-los à classificação, mensuração e análise. O que se busca é uma explica-ção do conjunto de dados reunidos a partir de uma conceitualização da realidade per-cebida ou observada.

Já na pesquisa qualitativa, todos os fenômenos e sujeitos são igualmente importantes,

;

Page 120: Metodologia do Estudo

assim, procura-se compreender as relações existentes entre eles.

Você deve ter percebido pelo conteúdo dessa unidade que é através da análise dos da-dos que fazemos o confronto entre a teoria (desenvolvida na Fundamentação Teórica) e a realidade (definida na Metodologia).

5 . Bibliografia

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987.

KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 1997.

LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos e metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1996.

LAVILLE, Christian e DIONNE, Jean. A construção do saber. Porto Alegre: Artes Médicas, Belo Horizonte: UFMG, 1999.

RICHARDSON, Roberto Jarry e Colaboradores. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.

Page 121: Metodologia do Estudo

Organizando Dados

Page 122: Metodologia do Estudo

Organizando Dados

1. IntroduçãoApós os dados terem sido adequadamente elaborados, codificados e tabulados, o passo seguinte no seu tratamento é a sua organização em tabelas e gráficos que irão permitir uma visão mais global da variação do fenômeno observado.

Assim, na presente unidade, vamos abordar como organizar os dados de uma pesquisa em tabelas e gráficos.

No desenvolvimento do conteúdo, vamos tratar das tabelas e gráficos de uma maneira mais geral, visto que tal assunto é conteúdo da disciplina de Estatística.Então, ao final da unidade você deverá ser capaz de organizar os dados de sua pesquisa em tabelas e gráficos.

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2 . Tabelas e séries

Uma tabela corresponde a um quadro que contém um conjunto de informações.

Exemplo 1:

RELATIVOS AO

PROFESSORCONTEÚDO

Mostra a avaliação do professor por disciplina.

É o relatório que contém os tópicos da avaliação, emitido por professor.

Mostra a avaliação do professor por disciplina que ele ministra.

É o relatório que agrupa as disciplinas de um mesmo curso, constando a avaliação do professor, avaliação do aluno e o desvio.

Mostra a avaliação do professor em relação aos seus pares de uma mesma Faculdade ou Curso.

É o mesmo relatório anterior só que, neste caso, os professores

estão agrupados por Faculdade e/ou Curso.

Mostra a avaliação do professor em relação a todos os professores da Instituição.

Constam todos os professores avaliados da Instituição em ordem alfabética, com a avaliação do professor, avaliação do aluno e o desvio.

RP4Relatório Individual do

Professor

RP3Relatório por Disciplina

RP2 Relatório Geral dos

Professores por

Faculdade/Curso

RP1 Relatório Geral dos

Professores

RELATÓRIOS DA AVALIAÇÃO INSTITUCIONALUNIVERSIDADE MILLENIUM1º.

Page 124: Metodologia do Estudo

Exemplo 2

Quando uma tabela apresenta a distribuição de um conjunto de dados em função da época, do local ou da espécie, ela é chamada de SÉRIE.

As séries têm um formato especial, observe:

Exemplo 3

Não possuem o fechamento lateral (bordas) nem linhas horizontais.

MATRÍCULAS NAS ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE MIRASOL2002

Page 125: Metodologia do Estudo

Elementos de uma tabela ou série:

• Título: é o conjunto de informações que respondem às perguntas: o quê? quando? onde? localizado no topo da tabela/série.

• Cabeçalho: determina o conteúdo das colunas

• Corpo: conjunto de linhas e colunas que contêm informações sobre a variável em estudo.

• Coluna indicadora: parte da tabela/série que especifica o conteúdo das linhas.

• Linhas: retas imaginárias que facilitam a leitura, no sentido horizontal, de dados que se inscrevem nos seus cruzamentos com as colunas.

• Casa ou célula: espaço destinado a um dado.

• Rodapé: contém informações complementares – fonte, notas e outras chamadas.

Algumas observações:

• Se existir mais de uma tabela no texto, elas devem ser numeradas: Tabela 1, Tabela 2 etc.

• Se for preciso dar definições, destacar algum dado ou fornecer alguma informação adi-cional deve ser utilizado o rodapé.

• Se o dado não existe, deve ser feito um traço no lugar da tabela em que deveria estar.

• Como a principal finalidade da tabela a facilitar a visualização dos dados, normal-mente as tabelas utilizadas em jornais e revistas são apresentadas na forma mais simples possível.

Page 126: Metodologia do Estudo

3. Tipos e Séries

• Séries históricas: são aquelas cujas colunas indicadoras se referem a tempo (ano, dia, semana, mês etc.)

• Série geográfica: quando a coluna indicadora se refere a local (cidade, região, zona, bairro etc.)

Page 127: Metodologia do Estudo

• Série Específica: quando a coluna indicadora for específica, isto é, for outra categoria que não seja local ou tempo.

• Série de conjugada: quando a série conjuga dois ou mais tipos.

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3 . Gráficos

Correspondem à representação dos dados sob diferentes formas gráficas, com o objeti-vo de permitir uma visão rápida e global do fato estudado. De um modo geral, podemos dizer que os gráficos devem ser confeccionados de maneira simples e clara, de tal modo que o observador entenda perfeitamente aquilo que o gráfico busca evidenciar.

Hoje, com o auxílio do computador, podemos construir com muita precisão qualquer tipo de gráfico.

Os gráficos mais utilizados são:

Gráficos lineares:

São gráficos em duas dimensões,baseados na representaçãocartesiana dos pontos no plano. São utilizados quando se quer mostrar a evolução de um fenômeno.

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Gráficos em colunas simples e justapostas:

São representados por retângulos de base comum e altura proporcional à magnitudedos dados, colocados na posição vertical.

Quando queremos representar mais de um fenômeno, utilizamos retângulos um ao lado do outro, constituindo o gráfico em colunas justapostas.

Os gráficos em colunas normalmente são utilizados para estabelecer comparações.

Page 130: Metodologia do Estudo

Gráfico em barras simples e justapostas:

São semelhantes aos gráficos em colunas, diferindo apenas na posição, que é horizon-tal. Também são utilizados para estabelecer comparações.

Exemplo 1

Exemplo 2

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Gráficos de setores ou pizza: são representados por meio de setores em um círculo, são utilizados para mostrar a importância relativa das proporções, isto é, mostrar a composição das partes no todo.

Exemplo 1

Exemplo 2

Page 132: Metodologia do Estudo

Pictogramas: São gráficos que utilizam figuras para simbolizarem o fenômeno e os dados estatísticos,ao mesmo tempo em que indicam as proporcionalidades.

São gráficos que não possuem muita precisão, mas são muito atrativos e por esta razão, são largamente utilizados pela mídia.

4 . Síntese da Aula

Você deve ter percebido que os dados em uma pesquisa são extremamente importantes, pois é através deles que estabelecemos a relação existente entre a teoria e a realidade.

Por esta razão, é fundamental o rigor, não baseado apenas no procedimento metodológico utilizado na pesquisa, desde o enunciado do problema até a conclusão, passando pelos fundamentos teóricos que regem seu desenvolvimento e o tratamento dos dados.

Na presente unidade, você teve a oportunidade de tomar conhecimento, mesmo que de maneira mais geral, das formas que dispomos para apresentar os dados de uma pesquisa.

Page 133: Metodologia do Estudo

5 . Bibliografia

CRESPO, Antônio Arnot. Estatística fácil. São Paulo: Saraiva, 1994.

MARTINS, Gilberto de Andrade e DONAIRE, Denis. Princípios de estatística. São Paulo: Atlas, 1985.

Page 134: Metodologia do Estudo

Apresentando os Resultados da Pesquisa

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Apresentando os Resultados da Pesquisa

1. IntroduçãoO Relatório de Pesquisa compreende a expressão escrita do trabalho e tem como finalidade comunicar os resultados obtidos em uma investigação e como eles foram obtidos, isto é, os processos desenvolvidos. Um relatório de pesquisa bem escrito faz o leitor sentir-se conduzido, quase como um participante da pesquisa, acompanhando a linha de raciocínio, fatos, evidências, dados e informações que conduziram à solução ou à explicação do problema.

A formatação do relatório de pesquisa varia de acordo com os padrões próprios de cada instituição não existem regras rígidas estabelecidas, mas o seu conteúdo é padrão.

Na presente unidade vamos tratar desta formatação e usaremos o padrão determinado pela Anhembi Morumbi.

Ao final da aula, você deverá ser capaz de elaborar com exatidão, sobriedade e clareza o relatório de uma pesquisa.

2 . O formato do relatório

Um relatório de pesquisa é constituído de três partes ou elementos:

•Elementos pré-textuais•Elementos textuais•Elementos pós-textuais

;

Page 136: Metodologia do Estudo

Os textos devem ser apresentados em papel branco, formato A4 (21,0 cm x 29,7 cm), digitados na cor preta no anverso da folha, utilizando-se a fonte Arial ou Times New Roman, justificados e com o recuo de parágrafos.

Recomenda-se, para digitação, a utilização de fonte tamanho 12 para o texto e 10 para citações longas e notas de rodapé.

Margem

margem superior: 3,0 cm

margem inferior: 2,0 cm

margem esquerda: 3,0 cm

margem direita: 2,0 cm

EspacejamentoTodo texto deve ser digitado, com espaço 1,5 de entrelinhas.

As citações longas, as notas de rodapé, as referências e os resumos em vernáculo e em língua estrangeira deverão ser digitados em espaço simples.

O título deve ser separado do texto que os precede, ou que o sucede, por uma entrelinha dupla.

Indicativos de seçãoO indicativo numérico de uma seção precede seu título com alinhamento esquerdo, separado por um espaço de caractere.

Não devem ser utilizados ponto, hífen, travessão ou qualquer sinal após o indicativo de seção ou de seu título.

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Todas as seções devem conter um texto relacionado com elas.

Os títulos, sem indicativo numérico (sumário, resumo, referências e outros) devem ser centralizados.

PaginaçãoTodas as folhas do trabalho, a partir da folha de rosto, devem ser contadas sequencialmente, mas não numeradas. A numeração é colocada a partir da primeira folha da parte textual, em algarismos arábicos, no canto superior direito da folha.

Se o trabalho tiver mais de um volume, deve ser mantida uma única numeração das folhas do primeiro ao último volume.

Os apêndices e anexos devem ter suas folhas numeradas de maneira contínua, seguindo a paginação do texto principal.

Abreviaturas e siglasQuando aparecerem pela primeira vez no texto, deve-se colocar seu nome por extenso e, entre parênteses, a abreviatura ou sigla.

Ex. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

IlustraçõesFiguras (organogramas, fluxogramas, esquemas, desenhos, fotografias, gráficos, mapas, plantas e outros) constituem unidade autônoma e explicam, ou complementam visualmente o texto, portanto, devem ser inseridas o mais próximo possível do texto a que se referem.

Sua identificação deverá aparecer na parte inferior precedida da palavra designativa (figura, desenho etc), seguida de seu número de ordem de ocorrência, em algarismos arábicos, do respectivo título e/ou legenda e da fonte, se necessário.

Page 138: Metodologia do Estudo

Fig. 1 - PRIMEIROS CLONES PRIMATAS

Fonte: LEITE, Marcelo. Primeiros clones primatas.

Disponível em: http://cienciaemdia.zip.net/index.html.

Acesso em: 14/11/07

Page 139: Metodologia do Estudo

TabelasAs tabelas são elementos demonstrativos de síntese que apresentam informações tratadas estatisticamente constituindo uma unidade autônoma.

Em sua apresentação, deve ser observado:

• se há numeração independente e consecutiva;

• o título deverá ser colocado na parte superior, precedido da palavra e de seu número de ordem em algarismos arábicos;

• as fontes e eventuais notas aparecem em seu rodapé, após o fechamento, utilizando-se o tamanho 10;

• evem ser inseridas o mais próximo possível do trecho a que se referem.

Tabela

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TítuloSão destacados gradativamente, usando-se racionalmente os recursos de negrito e caixa alta.

Deve ser adotado o seguinte padrão:

• Título de capítulos: impressos em letra maiúscula, negrito, fonte tamanho 14, sem parágrafo, utilizando-se algarismos arábicos.

• Os itens (partes secundárias): devem ser impressos em letra maiúscula, fonte tamanho 14.

• Todos os capítulos devem ser iniciados em páginas próprias, ainda que haja espaço útil na folha.

3 . Elementos Pré - Textuais

Os elementos pré-textuais são aqueles que antecedem o texto com informações que contribuem para a identificação e utilização do trabalho.

Capa

A capa, elemento obrigatório que identifica o trabalho, deve conter as informações na ordem estabelecida pela NBR 14724. Nos trabalhos de graduação, por uma questão de praticidade, usa-se os elementos identificadores na seguinte ordem:

• Nome da Universidade: localizado na margem superior, centralizado, letras maiúsculas, fonte 14 e em negrito.

• Nome do curso: logo abaixo do nome da Universidade, em letras maiúsculas, centralizado, fonte 14 e em negrito.

• Título do trabalho: em letras maiúsculas, centralizado, fonte 14, negrito.

Page 141: Metodologia do Estudo

• Nome(s) do(s) autor (es): nome e sobrenome do(s) autor (es), em ordem alfabética, em letras maiúsculas, centralizado, (considerando o alinhamento horizontal), fonte 14 e em negrito.

• Local e ano: na última linha da folha, em letras normais, centralizado, fonte 12, negrito.

Tais elementos devem ser distribuídos de maneira equidistantes na folha.

Folha de rostoA Folha de Rosto, elemento obrigatório, é a repetição da capa com a descrição da natureza e objetivo do trabalho, portanto, contém detalhes da identificação do trabalho na mesma ordem.

• Natureza e objetivo do trabalho: trata-se de uma nota explicativa de referência ao texto. Deve ser impresso em espaço simples, fonte 10, com o texto alinhado a partir da margem direita.

Folha de aprovaçãoEsta folha deve ser impressa, a partir da metade da página. Grafado em letras maiúsculas, fonte 14, em negrito, BANCA EXAMINADORA. Abaixo desta, imprimir quatro linhas para as assinaturas dos membros da banca examinadora.

É utilizada como elemento obrigatório nos trabalhos que são avaliados por bancas, como, por exemplo, nos TCC’s.

DedicatóriaEsta é a folha em que o(s) autor (es) dedica(m) o trabalho e/ou faz(em) uma citação ou ainda, presta(m) uma homenagem. É um elemento opcional, porém, se utilizada, o texto é impresso em itálico, fonte 10, na parte inferior da folha, à direita e a folha é encabeçada pela palavra “Dedicatória”, centralizado, em letras maiúsculas, fonte 14, em negrito.

Page 142: Metodologia do Estudo

AgradecimentosEsta folha é opcional. Quando utilizada deve privilegiar, àqueles que merecem destaque por sua contribuição ao trabalho. Deste modo, agradecimentos e contribuições rotineiras, não são, em geral, destacados.

Esta folha é encabeçada pela palavra AGRADECIMENTO, em letras maiúsculas, centralizada, fonte tamanho 14, em negrito. Em geral, os agracedimentos incluem: ao coordenador e/ou orientador, professores, instituições, empresas e/ou pessoas que colaboraram de forma especial na elaboração do trabalho.

O texto é composto utilizando-se a fonte tamanho12.

Resumo em língua vernáculaÉ a condensação do trabalho, enfatizando-se seus pontos mais relevantes de modo a passar ao leitor uma ideia completa do teor do trabalho. Deve ser desenvolvido, apresentando de forma clara, concisa e objetiva, a informação referente aos objetivos, metodologia, resultados e conclusões do trabalho. O título RESUMO deve estar centralizado, letras maiúsculas, fonte 14, em negrito.

O texto será apresentado três espaços abaixo do título, em espaço simples entrelinhas, sem parágrafo. O resumo deverá conter entre 150 e 500 palavras. É redigido na terceira pessoa do singular, com o verbo na voz ativa e não deve incluir citações bibliográficas.

É um elemento obrigatório e deverá conter também as palavras representativas do conteúdo do trabalho, isto é, palavras-chaves ou descritores.

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Veja um exemplo de resumo

O GESTOR ESCOLAR COMO ARTICULADOR DA FORMAÇÃO DE PAIS

Levando-se em consideração que os pais querem o melhor para seu filho, mas nem sempre sabem como fazer e que o gestor pode articular uma integração família-escola em busca de uma educação de qualidade aliada à formação moral e um apurado senso de responsabilidade social dos indivíduos, o presente trabalho aborda a formação de pais a partir de ações desenvolvidas na escola, tendo o gestor como líder participativo e democrático e articulador dessa ação. A pesquisa procurou identificar o conceito de participação praticado na instituição e em seus segmentos, os anseios e dificuldades quanto à participação da comunidade na escola, as dificuldades encontradas pelo gestor em envolver os pais na vida escolar e na formação de valores dos filhos. Em poucos anos a sociedade mudou muito, a educação das crianças, que tradicionalmente cabia aos pais, hoje está sendo dividida com a escola. Em revolução silenciosa a família vem transferindo para a escola o papel de formar ética e moralmente as crianças, atribuições anteriormente garantida pela família. Porém, na sociedade contemporânea, a responsabilidade da formação do indivíduo compete aos dois sistemas – familiar e escolar – quase que intrinsecamente. A pesquisa desenvolvida na instituição, uma escola de Ensino Fundamental da rede Municipal de Ensino, teve uma abordagem qualitativa, assumindo a forma de estudo de caso, iniciando-se com uma investigação exploratória para conhecer a realidade da instituição em suas fragilidades, potencialidades e concepções. Os dados coletados evidenciaram a enorme carência dos pais no sentido de conhecerem como se dá a educação de seus filhos e de que forma eles podem participar deste processo assim, foram propostas ações de orientações no intuito de formar os pais para que participem efetiva, consciente e constantemente da educação dos filhos.

Palavras chaves: Gestão: Participação: Formação de pais.

Trabalho elaborado pela aluna do

Curso de Pedagogia Lucélia Santos

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Resumo em língua estrangeiraO resumo deve ser, necessariamente, apresentado em pelo menos mais um idioma, além do original utilizado na língua vernácula. Deste modo, temos: em inglês ABSTRACT, em espanhol RESUMEN, em francês RÈSUMÉ, por exemplo; é apresentado em página separada.

Nos TCC’s, trata-se de um elemento obrigatório.

SumárioÉ um elemento obrigatório, constituído pela enumeração das principais divisões, seções e outras partes do trabalho, na mesma ordem em que aparecem no seu desenvolvimento, ou seja, deve conter exatamente os mesmos títulos, subtítulos que constam no trabalho e as respectivas páginas em que aparecem.

O título SUMÁRIO deve estar em letras maiúsculas, fonte 14, centralizado e em negrito. Após três espaços, serão grafados os capítulos, títulos, itens e/ou subitens, conforme aparecem no corpo do texto.

Lista de ilustraçõesÉ um elemento opcional que se destina a identificar os elementos gráficos, na ordem em que aparecem no texto, indicando seu título e o número da página em que estão impressos.

É grafado o título: LISTA DE ILUSTRAÇÕES no centro da página, em letras maiúsculas, fonte 14, negrito.

Lista de tabelasÉ um elemento opcional, utilizada, se necessária, para dar ao leitor as melhores condições de entendimento do trabalho. É elaborada como a lista de ilustrações.

Page 145: Metodologia do Estudo

4 . Elementos TextuaisSão considerados elementos textuais a parte do trabalho em que se apresenta o assunto.

Introdução

O título INTRODUÇÃO deve estar escrito à esquerda, na margem normal (sem parágrafo), em letras maiúsculas, fonte 14 e em negrito.

A introdução é a primeira parte do “corpo do trabalho” e dela devem fazer parte:

• Antecedentes do problema, tendências, pontos críticos; caracterização do tema e da organização.

• Formulação do problema que inclui: dados e informações que dimensionam a problemática.

• Objetivos: que traduzem os resultados esperados com a pesquisa.

• Justificativas: corresponde à defesa da pesquisa quanto a sua importância, relevância e contribuições.

Desenvolvimento do trabalhoO desenvolvimento corresponde à parte principal do trabalho na qual se faz a exposição ordenada e pormenorizada do assunto; pode ser dividida em seções e subseções; compreende a contextualização do tema e abrange:

• A revisão da literatura: abordagem de teorias e/ou conceitos que fundamentam o trabalho, podendo constituir um ou vários capítulos.

• Os métodos e procedimentos utilizados para coleta de dados: é a descrição da metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho, os procedimentos adotados nas etapas do trabalho no que se refere ao diagnóstico e/ou estudo de caso.

Page 146: Metodologia do Estudo

• A apresentação e análise dos dados: nesta parte, são apresentados/descritos os dados e a análise dos mesmos bem como os resultados alcançados, relacionando-os à revisão bibliográfica, dispondo ao leitor as deduções e conclusões pertinentes ao trabalho com o objetivo de reforçar ou refutar as ideias defendidas.

• As conclusões e/ou considerações finais: referem-se aos dados e resultados encontrados, compreende o fechamento do trabalho com as indicações e/ou recomendações.

5 . Elementos Pós - TextuaisOs elementos pós-textuais são aqueles que complementam o trabalho.

BibliografiaÉ um elemento obrigatório, constituído pela relação de todas as fontes consultadas e apontado no texto. As fontes deverão ser relacionadas em ordem alfabética, após três espaços do título BIBLIOGRAFIA que vem grafado em letras maiúsculas, fonte 14,centralizado e em negrito.

As referências deverão ser feitas com base nas Normas da ABNT.

ApêndiceElemento que consiste em um texto ou documento elaborado pelo autor, com o intuito de complementar sua argumentação, sem prejuízo ao trabalho. São identificados por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos.

Os Apêndices devem ser enumerados, identificados e referenciados no texto.

Exemplo: Apêndice A – Questionário aplicado aos professores.

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AnexosElemento opcional, não elaborado pelo autor, que documenta, esclarece, prova ou confirma as ideias expressas no texto.

Os anexos são identificados por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos, devem ser enumerados, identificados e referenciados no texto.

Exemplo: Anexo A – Plano de Carreira da Empresa.

GlossárioElemento opcional que deverá ser empregado sempre que for necessário relacionar (em ordem alfabética) as palavras de uso específico (termos técnicos ou jargão da área), devidamente acompanhado de suas definições de modo a garantir a compreensão exata da sua utilização no texto.

6 . Síntese da aulaDeve ter ficado claro para você que o Relatório de Pesquisa compreende a expressão escrita do trabalho e tem como finalidade comunicar os resultados obtidos em uma investigação e como eles foram obtidos, isto é, os processos desenvolvidos.

Você deve ter percebido em todo o nosso curso que existem determinadas normas aceitas como convenções em função de seu uso acadêmico, literário e científico que devem ser seguidas. Assim, um texto científico deve ter exatidão, isto é, ater-se às palavras justas para medir, comentar, expor os fatos, as análises e as conclusões. Os adjetivos qualificativos devem ser evitados, pois na maioria das vezes, são carregados de subjetividade.

A sobriedade é outra característica do texto científico; dizer o que precisa ser dito de maneira direta e objetiva, sem divagações.

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Finalmente, o relatório de pesquisa deve ser claro não se deve perder de vista a quem se destina, os seus leitores em potenciais.

Estas foram as ideias principais que abordamos nesta aula.

7 . Bibliografia

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informação e documentação – trabalhos acadêmicos – apresentação: NBR 14724. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Numeração progressiva das seções de um documento: NBR 6024. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

LAVILLE, Christian e DIONNE, Jean. A construção do saber. Porto Alegre: Artes Médicas; Belo Horizonte: UFMG, 1999.

LUCKESI, Cipriano e outros. Fazer universidade: uma proposta metodológica. São Paulo: Cortez, 1995.

UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI. Diretrizes e normas para apresentação de trabalhos acadêmicos, dissertações e teses. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2007.

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