Maré de Notícias #56
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Ano V, No agosto de 2014 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita56
Jovens do projeto Solos Culturais desenvolvem o primeiro Guia Cultural de Favela do Rio, a ser alimentado com a colaboração das pessoas, que poderão indicar seus próprios espaços ou os que frequentam. Na versão de lançamento, o guia apresentará 50 pontos da Maré, Manguinhos, Rocinha, Penha, Alemão e Cidade de Deus. A iniciativa poderá ser acessada a partir do dia 29 de agosto, pela internet (www.guiaculturaldefavelas.org.br). Pág. 8 e 9
Censo comercial e de serviços mapeou 3.182 estabelecimentos na Maré, 80% deles de propriedade de moradores que empregam, em sua maioria, pessoas também residentes aqui. Quatro em cada dez comerciantes aceitam � ado e apenas dois em cada dez aceitam cartão de crédito. Evento de lançamento do censo apresentou os dados e pode impulsionar a criação de uma associação de comerciantes da Maré. Pág. 10 e 11
A agente de saúde Rita Oliveira resgatou um texto sobre Marcílio Dias publicado pela escritora Raquel de Queiroz em 1961, quando o local se chamava Praia das Morenas. Não obstante as di� culdades da época enfrentadas pelos moradores, Raquel escreve poeticamente, chamando o lugar de Veneza carioca: “Quem vê a foto pensa em lugares longínquos — cidade de pala� tas, barracos sobre a água, ruas que são canais... e logo vem a infalível comparação com Veneza”. Pág. 4 e 5
Travessias 3
Imagens do Povo artista da Maré a partir de 23/8 Pág. 12 a 14
Parada LGBT
Acontece em 7 de setembro Pág. 6
Escola de cinema
Inscrições abertas Pág. 15
Lona Otto, Jards Macalé, BNegão e Felipe
Cordeiro em setembro Pág. 15
Lona da MaréCentro de Artes
Pág. 15
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A força dos comerciantes da Maré
Relíquia de Marcílio
Parada LGBTParada LGBT
Acontece em 7 de setembro Acontece em 7 de setembro Pág. 6
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Rosilene Miliotti
Depois de vencer três Ligas Nacionais e um Pan-America-no, de 1999, Maria José Batista de Sales, a Zezé, ensina hande-bol a crianças e adolescentes no Piscinão de Ramos. Alguns alunos já competem e ela es-pera que o esporte mude suas vidas, como aconteceu com ela mesma.Zezé não é somente uma referência nacio-nal quando se fala de handebol. Ela é, para as dezenas de seus alunos do Piscinão, uma referência de motivação, experiência e técnica. Revelada pelo Clube Esportivo Mauá, em São Gonçalo, Zezé, hoje aos 45 anos, subiu ao pódio mais de cem vezes em competições estaduais, nacionais e interna-cionais. Atualmente, ela joga na equipe de handebol de areia Z5, da qual é também treinadora.
Zezé conta que seus objetivos, no projeto, vão desde movimentar as crianças até levá-las a se apaixonar por esportes. Para estimular os alunos, ela organiza jogos amistosos e torneios frequentemente. Suas aulas fazem parte de uma série de cursos promovidos pela prefeitura no local, onde os alunos recebem também suporte alimentício, nutricional e médico.
A treinadora conta que trabalhar com projetos sociais não estava nos seus planos iniciais. “Aos 19 anos, eu era uma atleta de alto rendimento, convocada para a seleção brasileira e nunca imaginei que poderia trabalhar com projetos sociais”. Ela começou este tipo de trabalho depois de dar aulas no Projeto Caravana, do canal de TV ESPN Brasil. “Sempre pensei em ser treinadora, com toda a estrutura que eu tinha como atleta. Mas eu vi que no Rio de Janeiro não tinha essa realidade. Na Caravana, vi que para dar aulas de handebol eu não precisaria de toda aquela estrutura que eu imaginava. Hoje eu consigo dar aula na grama, na areia ou no barro, mas ainda adoraria ter uma equipe com toda a estrutura”, analisa.
Um dos destaques do projeto é Layla Santos, de 13 anos. Ela joga no Piscinão há 2 anos
Redes de Desenvolvimento da Maré Rua Sargento Silva Nunes, 1012,
Nova Holanda / Maré CEP: 21044-242 (21) 3104.3276 (21)3105.5531
www.redesdamare.org.br [email protected]
Os artigos assinados não representam a opinião do jornal.
Permitida a reprodução dos textos, desde que citada a fonte.
Parceiros:
Fotógrafa Elisângela Leite
Proj. grá�co e diagramaçãoPablo Ramos
Logomarca Monica Sof�atti
Colaboradores Anabela Paiva
André de LucenaAydano André Mota
Flávia Oliveira Numim/ Redes da Maré
Coordenadoresde distribuição
Luiz GonzagaSirlene Correa da Silva
Impressão Grá� ca Jornal do Commercio
Tiragem 40.000 exemplares
Instituição Proponente Redes de Desenvolvimento da Maré
Diretoria Andréia Martins
Eblin Joseph Farage (Licenciada) Eliana Sousa Silva
Edson Diniz Nóbrega Júnior Helena Edir
Patrícia Sales Vianna
Instituição Parceira Observatório de Favelas
Apoio Ação Comunitária do Brasil
Administraçãodo Piscinão de Ramos
Associação Comunitária
Roquete Pinto
Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Bento Ribeiro Dantas
Associação dos Moradores e Amigos do Conjunto Esperança
Associação de Moradores do Conjunto Marcílio Dias
Associação de Moradores do Conjunto Pinheiros
Associação de Moradores do Morro do Timbau
Associação de Moradores do Parque Ecológico
Associação de Moradores do Parque Habitacional
da Praia de Ramos
Associação de Moradores do Parque Maré
Associação de Moradores do Parque Rubens Vaz
Associação de Moradoresdo Parque União
Associação de Moradores
da Vila do João
Associação Pró-Desenvolvimento da Comunidade de Nova Holanda
Biblioteca Comunitária Nélida Piñon
Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa
Conexão G
Conjunto Habitacional Nova Maré
Conselho de Moradores da Vila dos Pinheiros
Luta pela Paz
União de Defesa e Melhoramentos do Parque
Proletário da Baixa do Sapateiro
União Esportiva Vila Olímpica da Maré
Editora executiva e jornalista responsável
Silvia Noronha (Mtb – 14.786/RJ)
Editor assistente Hélio Euclides (Mtb – 29919/RJ)
Repórteres e redatores Aramis Assis
Fabíola Loureiro (estagiária)Rosilene Miliotti
EDIT
OR
IAL
ESP
OR
TE
HUMOR - André de Lucena: “Efeito colateral”
Expediente
Leia o Maré e baixe o PDF em www.redesdamare.org.br /redesdamare @redesdamarewww.redesdamare.org.br /redesdamare @redesdamarewww.redesdamare.org.br /redesdamare @redesdamare
Editorial
Nossa homenagem ao Seu JustinoEsta foto do poeta José Justino Filho (à dir.), abraçado ao seu amigo-irmão e artista naïf Manoel, saiu na pág. 12 da Ed. 4 do Maré, em março de 2010. Mês passado, recebemos a triste notícia do falecimento de Seu Justino e gostaríamos de registrar essa pequena homenagem a ele, publicando um de seus poemas:
A Maré
Estou pedindo inspiraçãoa Jesus de NazaréPara escrever e versarum trecho aqui da vida,Assim como ela é, e conta com a belezaQue tem aqui na Maré.Na Maré tem muita coisaque se diz maravilhosa,Tem muita moça bonita,meiga, linda e carinhosa.Tem muita gente decente,muita mulher contente emuita pretinha dengosa.Veja o que estou falando.só quero lhe convidar,Para você ver o comércio da Teixeira,tem tudo que procurar,tem uma excelente feira quevocê vai invejar.
A visibilidade das favelas
Esta edição traz uma característica marcante: falamos de várias iniciativas que visam tornar a favela mais visível. O tema de capa (pág. 8 e 9) cita o mapeamento dos pontos culturais; as páginas seguintes apresentam o censo comercial e de serviços da Maré; e, em seguida, a matéria sobre a exposição Travessias 3 mostra o trabalho dos fotógrafos populares que documentaram artistas locais.
Este per� l da edição de agosto não havia sido planejado quando iniciamos a produção deste número. Podemos dizer que foi uma coincidência, mas não por acaso. A favela sempre produziu cultura e muitos eventos. A diferença é a visibilidade que essas iniciativas começam a ter, o que pode ser muito bom, desde que contribua para quebrar estereótipos a respeito dos espaços populares.
A� nal, há tempos já dizemos que “favela é cidade”.
A todos e todas, boa leitura!
Mudança que vem pelas mãosZezé, tricampeã na Liga Nacional e medalhista de ouro no Pan-Americano de 1999, ensina
handebol no Piscinão de Ramos
“O handebol é minha vida. Venho de uma família humilde e
não teria conseguido pagar uma faculdade ou viajar para mais de 20 países se não
fosse o esporte”Zezé, treinadora de handebol
no Piscinão
e durante um mês treinou no Olaria Atlético Clube, mas teve que parar pois não foi possível encontrar alguém que pudesse levá-la. “O handebol é um esporte que entrou de vez na minha vida e não consigo mais parar”, a� rma a menina.
Assim como Zezé espera que aconteça aos seus alunos, ela teve sua vida transformada pelo esporte. “O handebol é minha vida. Ve-nho de uma família humilde e não teria conseguido pagar uma faculdade ou viajar para mais de 20 países se não fosse o esporte”, a� rma a atleta.
Layla (à esqu.), de 13 anos: “O handebol entrou na minha vidae não consigo mais parar”
Zezé (de azul) com um grupo de alunos na Praia de Ramos
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Hélio Euclides
Nos livros infantis encontramos mui-tos contos de tesouros escondidos, com mapas e piratas. Na vida real, os tesouros são outros, que tam-bém poderiam ser guardados em cofres. Em Marcílio Dias, a agente de saúde Rita Pereira de Oliveira ao frequentar em 2013 o curso de Técnico em Agente Comunitário na Fiocruz, na matéria Território e Ter-ritorialidade, realizou um trabalho sobre o passado da comunidade e descobriu um tesouro histórico.
Ao ouvir moradores sobre ocorridos do século XX, ela encontrou a antiga revista A Cigarra, edição nº 4, de abril de 1961. Neste exemplar se deparou com um texto feito pela escritora Raquel de Queiroz, no qual detalha uma visita
Moradora de Marcílio Dias relembra passado em texto da escritoraRaquel de Queiroz, de 1961
Nas páginas do tempo
Carregando água e Zezé, e atrás Garrincha, segundo nos conta Rita
a Marcílio Dias, naquela época chamada de Praia das Morenas. Natural do Ceará, Raquel escreveu diversas crônicas e livros, entre eles “Memorial de Maria Moura” e “O Quinze”. Ela viveu entre 1910 e 2003.
Para Rita, a revista é uma visita ao túnel do tempo. “Na pesquisa achei a revista, que me emocionou. Nas linhas, Raquel de Queiroz descreve com detalhes, percebo que ela veio aqui”, conta ela. Quando se aprofundou na pesquisa, Rita desvendou entrelinhas do passado. “Como moradora eu achava a revista legal, mas era algo que passava batido. Já como trabalho, quando estudei os detalhes, acabei viajando no passado. No curso eu estudei o território e entendi que só poderia exercer bem minha pro� ssão se aprendesse o que aconteceu no passado”, expõe.
Veneza carioca
São quatro páginas que falam de Marcílio Dias, onde Raquel de Queiroz chama a comunidade de Veneza, cidade italiana entrecortada por canais. “Quando eu pesquisei essa revista, � quei apaixonada, tive um enorme cuidado, pois é uma relíquia. Essa é única, acredito que na comunidade só existem cópias”, detalha. Rita agora sonha em adquirir a sua própria revista. Num site de vendas da internet, um exemplar original é oferecido por R$ 70.
O trabalho que ela entregou à Fiocruz mereceu nota máxima. “Tirei nota dez, foi gostoso resgatar a história, ver como começou a comunidade. Também ouvi pessoas idosas, que aqui em Marcílio correspondem a 10% da população. Eles gostam de contar e cada um traz uma novidade”, � naliza.
segundo nos conta RitaCarregando água e Zezé, e atrás Garrincha,
Entre o lodoe as estrelasRachel de Queiroz, Revista A Cigarra, Ed. 4, abril de 1961
“Quem vê a foto pensa em lugares longínquos — cidade de pala� tas, barracos sobre a água, ruas que são canais... e logo vem a infalível comparação com Veneza. Será Veneza, será. Veneza carioca, Venezinha dos pobres, na velha Praia das Morenas, para as bandas de Maria Angu, entre o Quartel dos Marinheiros e os aterros da Cruzada São Sebastião. Toma uma estradinha que sai da Avenida Brasil e costeia o paredão...”
Rita identi� cou a última pessoa desta foto: é Dona Delma. Vejam o que Raquel de Queiroz escreveu: “Às vezes tem festa, aniversário, batizado, casamento, como podem ver pela foto. A noiva é linda, o noivo distinto, as convidadas muito ele-gantes, iguais no chapéu e no ves-tido alinhado, às que se veem nos casamentos da zona sul, na cidade de alvenaria. Olhando assim, pare-ce que o cortejo atravessa não uma calçada aérea, numa favela erguida em pala� tas, mas enfrenta uma pas-sarela em destile de elegâncias.”
Entre o lodoe as estrelasRachel de Queiroz, Revista A Cigarra, Ed. 4, abril de 1961
“Quem vê a foto pensa em lugares longínquos — cidade de pala� tas, barracos sobre a água, ruas que são canais... e logo vem a infalível comparação com Veneza. Será Veneza, será. Veneza carioca, Venezinha dos pobres, na velha Praia das Morenas, para as bandas de Maria Angu, entre o Quartel dos Marinheiros e os aterros da Cruzada São Sebastião. Toma uma estradinha que sai da Avenida Brasil e costeia o paredão...”
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“Os moradores tiram do mar o seu sustento. Aos domingos tem uma movimentada feira de peixe. E, às vezes, aparecem, vindas do oceano,
tartarugas e arraias“, diz a legenda da foto acima
Rita exibe a reportagem escrita por Raquel de Queiroz
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A Semana da Diversidade Sexual da Maré aconte-ce de 1º a 7 de setembro, com atividades voltadas à temática dos direitos humanos e da promoção da saúde da população LGBT de favelas.
O objetivo é mobilizar, articular e dialogar sobre as diver-sas formas de preconceito e sobre a incidência de AIDS na população. O evento é organizado pelo Grupo Conexão G em parceria com CAP 3.1, Luta Pela Paz, Observatório de Favelas, Redes da Maré e Fase.
A semana abrirá com um seminário no dia 1º, às 19h, em local a ser de� nido (informação pelo email: [email protected]). No dia seguinte, haverá o� cina sobre saú-de às 14h, no Observatório (R. Teixeira Ribeiro, 535). Dia 4, às 15h, será lançada uma cartilha sobre a temática na Unidade de Saúde Samora Machel (R. Principal); e no domingo, dia 7, na R. Teixeira Ribeiro, terá feira de saúde de 9h às 16h, se-guida da Parada do Orgulho LGBT.
A sigla LGBT re-fere-se a lésbica, gay, bissexual, tra-vestis e transexu-al. “A iniciativa se mostra necessária e visa estimular o respeito à orien-tação sexual de cada um”, diz Gil-mar Cunha, coor-denador do Grupo Conexão G, que em 26 de agosto tomará posse no Conselho Nacio-nal de Juventude.
Escolas em turno único
Também presente, Eduardo Fernandes, co-ordenador da 4ª Coordenadoria Regional de Educação da Prefeitura (CRE), apresentou o plano municipal de educação, que escolheu a Maré como área prioritária para a implan-tação do turno único nas escolas, ou seja, as crianças estudarão pela manhã e à tarde. Por aqui, todas as unidades deverão adotar esse funcionamento a partir de 2016, o que será viável com a construção de 20 novas escolas. Em todo o município, somente 35% das unidades vão funcionar em turno inte-gral em 2016.
Segundo Eduardo, o aumento de horas na educação o deixa otimista, pois gera a perspectiva da presença do poder público, garantindo segurança. Ele falou sobre a re-sistência de professores em trabalhar na Maré: “Porém, depois, mesmo com a chance de sair, eles se apaixonam pelo trabalho e decidem � car”, a� rmou. Eliana Sousa Silva, diretora da Redes da Maré, lembrou a impor-tância da participação dos moradores que, desde 2010, lutam pela criação dessas no-vas unidades.
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“As pessoas aprendem que a violência é uma regra que governa as relações”, diz sociólogo
Mais uma Academia da Terceira Idadeé instalada pela prefeitura na Maré
Impacto da violência nas escolasTerceira idade em formano Conjunto Esperança
Semana da Diversidade Sexual da Maré
Linha 909 retorna como 334
Aramis Assis
Com o tema “Segurança Pública e Escola: o Impacto da Violência nas escolas”, o IV Seminário de Educa-ção na Maré contou com cerca de cem participantes, entre professo-res, diretores e educadores das uni-dades públicas locais. O encontro, em 23 de julho na Escola Municipal Bahia, foi promovido pelo Programa Criança Petrobras na Maré (PCP Maré), da Redes da Maré.O sociólogo Ignacio Cano, do Laboratório de Análise de Violência da Uerj, inverteu o tema e falou sobre o impacto da educação na violência. Para ele, a violência é algo presente na comunidade escolar, existe dentro e fora dela, e as escolas precisam aprender a lidar com isso. “As pessoas aprendem que a violência é uma regra que governa as relações”.
Para esclarecer sua fala, Ignacio apresentou uma pesquisa realizada pela Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, no ano 2000. Dos 2.000 entrevistados, 33% concordam plenamente e 11% em parte com a expressão popular “bandido bom é bandido morto”, ou seja, 44% acreditam na política do extermínio como solução � nal. “Quando enfrentamos a violência do Estado, a violência policial ou de grupos armados, estamos enfrentando boa parte da sociedade que acredita que violência se combate com violência”, explicou Ignacio.
Miriam Guindani, do Núcleo Interdiscipli-nar de Ações para a Cidadania (Niac) e da Escola de Serviço Social, ambos da UFRJ, observou que políticas no campo da educação e segurança pública ain-da são poucas na universidade. Como o tema é muito complexo, o cuidado sobre o limite entre a segurança, a área penal e a área da educação é fundamental. Ela explicou que é preciso saber os limites de cada área sem misturar papéis, sem a segurança pública entrar na área da edu-cação e vice-versa: “O espaço da escola
Hélio Euclides Elisângela Leite
Dia 12 de agosto foi inaugurada no Conjunto Espe-rança uma Academia da Terceira Idade (ATI), com equipamentos para a prática de atividade física. O espaço escolhido foi a praça situada atrás da Es-cola Municipal Teotônio Vilela. Até então, somente a Praia de Ramos contava com ATI no conjunto de favelas da Maré.Como em todas as academias ao ar livre, é importante lembrar que as instalações são de uso exclusivo para exercícios, e que precisam ser preservadas por todos.
“Essa é uma conquista que faz parte das reivindicações que � -zemos junto à prefeitura com as outras 15 associações, dentro do Projeto Maré Que Queremos. Como associação, cobramos outros serviços, pois nos sentimos abandonados há mais de 20 anos. Para nos ajudar contamos apenas com moradores e co-merciantes”, a� rma o presidente da Associação de Moradores do Conjunto Esperança, Pedro Francisco dos Santos.
Ele lembra que trabalhar em parceria é muito importante. Por isso, realiza reuniões trimestrais com todos os síndicos e lideran-ças na associação, para debater as demandas locais.
Muitos moradores lembram de um ônibus todo vermelho, com letreiro Iapetec. Isso foi no � nal da década de 1980, a primeira li-nha de ônibus a circular por toda a Maré. Era de numeração 909, da empresa Vila Isabel. No início deste novo século, já admi-nistrada pela Mosa, ela foi extinta. Agora ela retorna como 334, da empresa Gire. O destino é Cordovil, com saída do Morro do Timbau, Linha Amarela, via Praça das Nações.
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“Quando enfrentamos a violência do Estado, a violência policial ou de
grupos armados, estamos enfrentando boa parte da
sociedade que acredita que violência se combate com
violência”Ignacio Cano, sociólogo
vai além do espaço da sala de aula, mas o professor não tem que dar conta dessas várias demandas e sim estar integrado com essas áreas.”
A professora da Escola Municipal Teotônio Vilela (no Conjunto Esperança), Marcia Caetano, observou que a falta de parcei-ros, como psicólogos e assistentes sociais dentro das escolas, faz com que os pro-fessores assumam papéis que não são deles e � quem sobrecarregados: “A nossa função de educador � ca comprometida, pois não temos todas essas competên-cias”, pontuou ela.A academia em fase � nal de instalação, no início de agosto
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Em um mapa virtual colaborativo, guia reúne pontos de práticas culturais da Maré, Manguinhos, Rocinha, Penha, Alemão e Cidade
de Deus. O lançamento será em 29 de agosto
Rosilene Miliotti Divulgação
O Guia Cultural de Favelas é um desdobramento do Solos Cul-turais, projeto do Observatório de Favelas que em 2012 e 2013 formou 120 jovens em produção cultural e pesquisa em cultura. Durante seis meses, 40 jovens que participaram do projeto re-tomaram a pesquisa e revisi-taram os pontos culturais das favelas, com o objetivo de pro-duzir o conteúdo multimídia que alimentará o mapa virtual. Um laboratório de produção cultu-ral, unido a o� cinas conceituais e práticas, levou os jovens a um entendimento ainda mais amplo sobre a produção cultural e seus desdobramentos políticos e so-ciais nas favelas.
Nathalia Menezes, moradora do Complexo do Alemão, mapeou os pontos culturais da comunidade onde mora e diz que a di� culdade que teve para fazer o trabalho foram os confrontos policiais, mas que retornou aos locais documentados para se divertir. Para ela, há diferença entre os espaços de entretenimento nas favelas e na cidade, mas pelo lado estrutural, físico e de recursos.
“Alguns são equipados, mas ainda não o su� ciente para atender as demandas. Mesmo assim, a galera não desiste. Na favela existe a ideologia da integração, de formar, criar, buscar novas oportunidades e revelar novos talentos através da cultura seguida da educação”, completa.
Gilberto Vieira, coordenador do guia, diz que durante o Solos, cerca de 500 práticas culturais
Vem aí o
de FavelasGUIA CULTURAL
(!)Lançamento do Guia Cultural de FavelaDia 29 de agosto, às 18hLocal: Observatório de Favelas (Rua Teixeira Ribeiro,535, Parque Maré) - saiba mais: www.guiaculturaldefavelas.org.br
foram mapeadas nesses territórios, mas quando o projeto acabou eles se perguntaram: “O que fazer com essas � chas e dados?” Daí surgiu a ideia do guia.
“Fizemos um processo formativo com alguns participantes do Solos para rever o material que já existia, mapear novos pontos, atualizar a pesquisa e veri� car se os espaços que já haviam sido mapeados ainda existiam ou não. A partir daí, construímos conteúdo para estes lugares. O guia é um mapa online colaborativo. Quando você abrir o mapa, vai ver vários pontinhos. É só clicar em um desses pontos que vai abrir uma caixa com texto, foto e vídeo sobre aquela prática cultural”, explica ele.
No lançamento, dia 29 de agosto, o guia já terá cerca de 50 pontos, sendo oito na Maré, e as pessoas poderão, então, acrescentar outros locais.
É ou não é cultura?
Durante os encontros, o debate sobre o que é cultura foi pauta quase que constante. “Se fossemos aos locais com preconceito, esse processo poderia dar em um mapa apenas com teatro, dança, música, cinema e audiovisual. Vimos que cultura não era só isso. A partir daí, fomos abrindo o leque de oportunidade. Uma pessoa que produz pipa em Manguinhos: é importante que esse cara esteja no guia? Sim, é. Ele mobiliza uma porção de crianças em torno da pipa. Isso é cultura? Sim, é”, defende.
Gilberto ressalta que o Guia é para surpreender o turista, para que ele saiba que existem outras coisas para fazer na cidade além do que está no guia cultural que ele ganha da prefeitura ao chegar no aeroporto. “O guia deve ajudar a potencializar a economia que tem na favela. Parece prepotente que a gente queira abarcar tanta coisa, mas é uma ferramenta importante”, defende.
#VaiProGuia
Como tem o propósito de ser colaborativo, o site tem uma aba “Colabore”. Gilberto explica que a intenção é difundir o guia para que ele
seja o mais cola-borativo possível. Então, se
você tem um samba, um grupo de teatro, qualquer coisa que tenha a ver com produ-ção cultural em qualquer favela do Rio de Janeiro, você pode colocar no mapa. O site terá moderação apenas para checar se o conteúdo está nos moldes adequados e se aquele espaço é mesmo ponto cultural ou não. O guia também terá um aplicativo para celular e tablet.
“Essa é uma plataforma para que as pessoas que produzem cultura na favela se reconhe-çam no mapa, para que esses produtores
culturais possam divulgar o seu trabalho e pra quem chega à cidade. O turista que chega ao Rio não tem guia nenhum de eventos culturais para além do centro e a zona sul da ci-dade. Às vezes ele ganha um guia da prefeitura ainda no ae-roporto, mas com a plataforma ele poderá acessar do celular e ver quando tem feijoada na Cidade de Deus, por exemplo”, explica Gilberto.
Além disso, o mapa é do mundo inteiro (é só dar zoom menos). Se alguém na África quiser colocar seu ponto de cultura, ele vai poder, mas colocar os pontos culturais da Roci-nha está sendo um pro-blema. “No Google Maps, a Rocinha aparece como uma pedra, não tem ruas e a participação da galera que mora lá está sendo es-sencial”, conta Gilberto.
roporto, mas com a plataforma ele
que mora lá está sendo es-
roporto, mas com a plataforma ele roporto, mas com a plataforma ele
“Na favela existe a ideologia da integração, de
formar, criar, buscar novas oportunidades e
revelar novos talentos através da cultura seguida
da educação”Nathalia Menezes, do Complexo do Alemão
Qualquer um poderá pedir para
inserir um ponto cultural no site (www.
guiaculturaldefavelas.org.br). Para navegar,
é só clicar em um desses pontos que vai
abrir uma caixa com texto, foto e vídeo
sobre aquela prática cultural
Os Arteiros, grupo cultural da
Cidade de Deus
Associação de Surf da Rocinha
Feira da Teixeira, no Parque Maré
Futebol Cacareco, em Manguinhos
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Seminário divulga resultado de censo econômico e empreendedores
discutem futuro
Pequenos comércios,
GRANDES NEGÓCIOS Hélio Euclides Elisângela Leite
Em julho, foi realizado o I Semi-nário de Empreendedores da Maré, com o tema “Compartilhan-do experiências e possibilidades”, evento desenvolvido pela Re-des da Maré em parceria com o Observatório de Favelas e apoio das associações de moradores, Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Actionaid e Fundação Ford. No encontro, no Centro de Artes da Maré (CAM), na Nova Holanda, foi divulgado o resultado do primeiro censo local de empreendedores, que identi-� cou 3.182 estabelecimentos na Maré. O evento também serviu para que empreendedores pre-sentes argumentassem sobre a fundação de uma associação.
O Censo Maré é repleto de informações e possibilita produzir conhecimento sobre
o território para subsidiar a elaboração de políticas públicas e ações integradoras. O resultado foi reunido em livro, que traz ainda um catálogo dos empreendimentos que servirá como referência para a comunidade e para a cidade. O guia está dividido em três partes: o que é a Maré, a metodologia e o guia.
A empreendedora do Salão Afro, na Vila do João, Jaqueline Soares, era só elogio ao catálogo. “Muito bom o guia, ajuda na comunicação da comunidade, além de trazer mais pessoas para o comércio, incluindo turistas”, a� rma.
Para a realização do Censo Econômico foram necessários 21 meses de coleta, de fevereiro de 2012 a outubro de 2013. “O objetivo é fazer com que o próprio empreendedor possa pensar numa ação, para contribuir com o coletivo”, explica a diretora da Redes da Maré, Eliana Sousa.
O coordenador do Censo Maré, Dálcio Marinho, compartilha com o pensamento de
que o resultado vai colaborar na vida dos empreendedores. “A ideia do censo foi de conhecer as características e o potencial para o desenvolvimento dessa economia, o que in� ui na realidade do morador”, avalia ele.
Sebrae na Maré
No evento foi destacado que o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) está atuando na Maré, com atendimento todas as quartas-feiras na Rua Teixeira Ribeiro, 629, loja 09, no Parque
Um empreendimento para cada 42 habitantes
40,2% aceitam � ado 19% aceitam cartão de créditoTemos 37 lan houses e 28 cos-
tureiras91% dos clientes são moradores80,8% pagam fornecedores à
vista
Maré, das 10 às 16h. O propósito do serviço é dar suporte e orientação para formalização dos negócios, além de incrementar a visão empreendedora dos empresários locais nos processos de desenvolvimento de seus trabalhos. “Esse resultado do censo é rico e vai facilitar o nosso trabalho no apoio aos empreendedores. O próximo passo é saber a demanda e assim oferecer cursos e o� cinas”, esclarece a coordenadora de empreendedorismo em área paci� cada do Sebrae, Fabiana Xavier.
“Nosso trabalho é ajudar o empreendedor. Alguns trabalham no mercado informal e estamos aqui para colaborar na legalização, mas não é só isso, desejamos dar todo o suporte necessário a essa micro ou pequena empresa”, expõe a consultora do Sebrae na Maré, Ana Carolina Ferreira Machado. No primeiro mês de atuação, o Sebrae realizou mais de 100 atendimentos na Maré.
Para o dono de hortifruti, Geilson Marques, o posto foi essencial. “Não tinha tempo para ir ao Centro, e aqui � cou muito mais fácil de resolver meu caso”, conta ele, que procurou o Sebrae para mudar endereço e ramo.
A união faz a força
Ao � nal da apresentação dos resultados do Censo, os empreendedores presentes debateram a necessidade de criar uma organização local que possa dar força nas reivindicações do grupo. “Estamos desprotegidos; até hoje tenho medo, pois aqui era área da Marinha e hoje da prefeitura, mas não temos documentação o� cial de posse do estabelecimento. Enfrentamos di� culdades enormes; e se tiver uma associação com pessoa correta na presidência vai haver orientação e crescimento de todos”, defende o comerciante do ramo de fotos no Parque Maré, Antonio Mesquita.
“Acredito que é necessário uma associação, pois hoje não temos respaldo nem lugar para tirar dúvidas, não temos para onde correr. Tudo é difícil, são mais de sete anos de trabalho, mas não existe reconhecimento por parte do governo, que não faz nada por nós que somos trabalhadores. Os políticos só sabem cobrar, em contrapartida não oferecem benefícios”, reclama a dona de bar no Conjunto Pinheiro, Maria de Fátima Ventura Martins.
O Sebrae prometeu ajudar nos primeiros passos para a formação de uma associação comercial ou cooperativa. Para isso foi marcada uma reunião no dia 21 de agosto, às 19h, no CAM. “Essa reunião trará união para potencializar ainda mais o comércio local. Esse é o desdobramento desse censo, algo promissor que faz pensar o coletivo, o desenvolvimento econômico e social”, � naliza Dálcio.
84,6% não têm dívidas76,4% dos trabalhadores são
moradores da Maré80,4% dos empreendedores
são moradores76,7% não � zeram curso para
atuar no ramo da atividade23,2% reivindicam serviço ban-
cário
Per� l e curiosidades sobre os estabelecimentos da Maré:Foram identi� cados 3.182 estabelecimentos comerciais e de serviços
Censo de Empreendimentos Maré / Redes da Maré e Observatório de Favelas.
O comerciante Geilson (na foto com Ana Carolina, do Sebrae) recorreu ao órgão para resolver mudança de endereço e de ramo (foto do alto: Seminário de Empreendedores)
Os comerciantes Antonio Mesquita (à frente) e Jaqueli-ne Soares (de colete preto)
Baixeo guiaem redesdamare.org.b
no dia 21 de agosto, às 19h, no CAM. “Essa reunião trará união para potencializar ainda mais o comércio local. Esse é o desdobramento
Per� l e curiosidades sobre os estabelecimentos da Maré:Foram identi� cados 3.182 estabelecimentos comerciais e de serviços
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Imagens do povo artista da Maré
Rosilene Miliotti
De 23 de agosto a 16 de novembro acontece na Nova Holanda o Traves-sias 3, exposição de arte contempo-rânea que reúne artistas consagra-dos que, este ano, incluirá também o coletivo de fotógrafos do Imagens do Povo (IP), projeto desenvolvido pelo Observatório de Favelas, com sede no Parque Maré. O grupo é composto por nove fotógrafos, que apresentarão 15 imagens no Gal-pão Bela Maré, local da exposição, fruto de um trabalho de documen-tação de artistas e personagens da cultura local. Rovena Rosa, fotógrafa e coordenadora do IP, acredita que o convite foi feito a partir do reconhecimento do trabalho do grupo e também para integrar a Maré na mostra. “Essa é uma forma de aproximação, para que as pessoas se sintam incluídas, não só por terem um centro de artes dentro da Maré, mas se sentirem incluídas nas obras, estarem retratadas”, avalia.
Uma das imagens expostas será sobre o músico Bhega Silva, morador do Parque União, que sente orgulho de ter seu trabalho acompanhado de perto pelo fo-tógrafo veri-vg. “Estou feliz de ser reconhecido e ver todo trabalho de formiguinha sendo valoriza-do pelos meios de comunicação da nossa Maré. Dedico esse tra-balho a todos que torcem pela coisa tão simples e importante: o nosso planeta. Nunca pensei que isso poderia chegar a uma galeria de arte”, emociona-se.
Coletivo de fotógrafos do Imagens do Povo participará do Travessias 3 mostrando artistas e personagens da cultura na Maré
“É uma luta diária que os artistas enfrentam e muitas
vezes não conseguem espaço para expor o trabalho.
Com essas fotografi as, esperamos ajudar na
divulgação do trabalho desses artistas”
Fabio Caffé, que documentou a artista da Vila do João, Ana Maria
Fotógrafos do IP e respectivos artistas fotografados Fábio Caffé e Renan Otto (Ana Maria), AF Rodrigues (Seu Manuel), Rosana Rodrigues (Klaus), Thiago Diniz (Zé Toré), Rosilene Miliotti (Victor), Rovena Rosa (Addara Macedo), Monara Barreto (Felipe Reis) e veri-vg (Bhega).
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Bhega, além de exibir � lmes em becos e vielas da comunidade de cima de sua bicicleta, compõe canções que alertam para a questão do meio ambiente e recolhe óleo de cozinha usado. Ele ressalta que o trabalho que faz é por amor e respeito ao planeta.
Para o fotógrafo veri-vg, demorou para que o IP tivesse o trabalho reconhecido como arte. A escolha de Bhega para ser fotografado não foi difícil. “Considerei o trabalho dele porque mistura cultura e questões políticas e ambientais. Ele é um cara que trabalha com música, reciclagem e cinema no beco, isso é incrível”, ressalta.
O fotógrafo lembra que por onde passou com o Bhega, o artista era reconhecido por pessoas de todas as idades. “Ele cumprimentava todo mundo, chamava pelo nome. As pessoas pedem opinião a ele a respeito de política, por exemplo. Além disso, aprendi e estou aprendendo muito com ele sobre a Maré. Às vezes me pergunto: ‘Como não documentar esse cara?’”, brinca veri-vg.
Fotografando a multiartista da Maré
O fotógrafo Fábio Caffé acompanhou o cotidiano da mineira Ana Maria, de 84 anos, moradora da Vila do João. “Ela é uma simpatia, brinco dizendo que ela se tornou nossa musa. Ela é uma guerreira e uma multiartista incrível. Ela pinta, faz poesia e é atriz. São lindas as pinturas e poesias que ela faz”, conta.
Segundo Caffé, os mo-mentos de conversa são muito ricos por também
serem de aprendizado. “Ela sugere fotos e nos recebe com tanto carinho e alegria que é sempre um prazer encontrá-la e a família dela. Estamos tendo o privilégio de conhecer essa mulher porque é contagiante ver o amor que ela tem pela arte”, ressalta Caffé, que cita o fun-
dador do IP, o fotógrafo João Roberto Ripper, para falar sobre o trabalho do fotógrafo. “O Ripper sempre diz que o trabalho do fotógra-fo deve ser a extensão da maneira como ele sente e vivencia o mundo e que fotografar é reconhecer valores”, a� rma.
O fotógrafo acredita ser importante valorizar os artistas da Maré e do Brasil. “É uma luta diária que eles enfrentam e muitas vezes não conseguem espaço para expor o trabalho. Com essas fotogra� as, esperamos ajudar na divulgação do trabalho desses artistas”, conclui.
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Addara Macedo, que pratica pole dance, do-cumentada por Rovena Rosa
A pintora, atriz e poeta Ana Maria por
Fabio Caffé
O músico Bhega Silva, com seu Cinema no Beco, por veri-vg
Mestre Manuel, artista naïf, foi clicado por AF Rodrigues
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Inscrições para a Escola de Cinema Olhares da Maré
Faça cinema! Bolo de fubá da tia Ritinha RECEITA Enviada por Jaqueline SilvaCULTURA
INGREDIENTES -- • 4 ovos • 2 xícaras (chá) de leite • 3 xícaras (chá) de açúcar • 1 pacote de coco ralado • 9 colheres (sopa) de fubá • 1
colher de fermento em pó
PREPARO: É muito simples! Bater tudo no liquidi� cador e levar para assar em forma untada e farinhada por 45 minutos.
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Segunda-feiraDança de Rua
Introdução ao ballet
“Acorda Amor”Domingo, 31/08, às 17h
Espetáculo de teatro - Monólogo com a atriz Florencia Santágelo. Classi� cação
etária: maiores de 5 anos
“Radisfoque”Sábado, 30/08, às 18h
Espetáculo de dança infanto-juvenilClassifi cação etária: maiores de 5 anos
Sexta-feiraDança de salão
Quarta feiraDança Criativa
Dança contemporânea
Quinta-feiraBallet
Dança contemporânea Dança criativa
Terça-feiraBallet
Dança contemporânea Consciência corporal
Percussão
Ofi cinas da Escola Livre de Dança
da Maré
ATIVIDADES GRATUITAS
Mostra Maréde Artes Cênicas
R. Bitencourt Sampaio, 181, Nova Holanda. Programação no local ou pelo tel. 3105-7265
De 2 a a 6a, de 14h às 21h30
Herbert ViannaLona cultural
PROGRAME-SE !
www.redesdamare.org.br - entrada gratuita
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Brasil de TuhuSexta, 22/08, às 14h
Baluarte Agência em parceria com o Quarteto Radamés Gnattali
Gotam Grooves edição Maré Sexta, 22/08, 21h
Gotam CRU, Dvata, MC Guizo, batalha de rimas, graffite e apresentação de dança (Passinho). Apresentação: Lola Salles
pALCO DE RUA Festival Internacional de Teatro
Segunda, 25/08, às 15h
Favela Rock Show edição Metal Sexta, 29/08, às 21h
Bandas: Confronto, Maieuttica e Eternyx
R. Ivanildo Alves, s/n - Nova MaréTels.: 3105-6815 / [email protected] FACE: Lona da MaréTwitter: @lonadamare
cultura
Arte – costura2ª feira, 8h às 10h
Desenho básico2ª feira, 10h às 12h
Educação Ambiental2ª e 4ª feira, 16h às 17h30
3ª feira, 10h às 11h30e de 14h às 15h30
Design têxtil4ª feira, 14h às 16h
Dança de salãoSábado, 18h às 20h
SkateSábado, 9h às 12h
Oficina domovimento - dançaSábado, 10h às 12h
Complementaçãopedagógica
Horário e locala con� rmar
Otto, Jards Macalé, BNegão e Felipe CordeiroEm setembro, às sextas-feiras, às 21h, a Lona recebe o projeto ‘’Na Maré da Abayomy’’, de
Abayomy Afrobeat Orquestra, que contará com artistas convidados:
05/09- Abayomy convida Felipe Cordeiro 12/09 - Jards Macalé --19/09 - Otto
26/09 - Bnegão
Biblioteca PopularMunicipal Jorge Amado
Ao lado da Lona, atende a toda a Maré:Amplo acervo, brinquedoteca, gibiteca e
empréstimo domiciliar
OFICINAS
Travessias 3 - Arte contemporânea na Maré De 23 de agosto a 16 de novembroTerça, quarta, sábado e domingo, das 10h às 18h - Quinta e sexta, das 10h às 20hArtistas: Barrão, Dora Longo Bahia, Sandra Kogut, Mauro Restife, Jonathas de Andrade, Cao Guimarães, Luiz Zerbini e fotógrafos do Imagens do Povo.Local: Galpão Bela Maré (Rua Bittencourt Sampaio, 169, entre as passarelas 9 e 10 da Av. Brasil).Além da exposição das obras, haverá uma série de eventos paralelos, como debates e shows.Acompanhe em www.travessias.org.br e na página do facebook: Travessias 3 | Arte Contemporânea na MaréRealização: Observatório de Favelas e Automatica. Entrada gratuita!
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#Falatório
Além de retratar artistas locais, o IP criou uma cabine que circulou por cinco espaços da Maré colhendo histórias que serão projetadas durante o Travessias. “A cabine é uma forma de os moradores participarem mais ativamente da exposição contando suas histórias. E para isso a gente se inspirou em trabalho de alguns artistas, como a Sandra Kogut, que também vai expor no Travessias este ano. Entre os anos 1980 e 1990, ela espalhou cabines como esta por vários lugares onde as pessoas contavam suas histórias. Além disso, o Museu da Pessoa, em São Paulo, também faz esse tipo de trabalho, de colher depoimentos que entram num mapa social”, explica Rovena.
A Escola de Cinema Olhares da Maré (Ecom) abre inscrições para três novas o� cinas: Prática de Documentário (a partir de 18 anos), Fotogra� a e Vídeo Experimental (16 a 25 anos) e Preparação de Atores (18 a 29 anos). As inscrições podem ser feitas na secretaria da Redes da Maré no período de 20 de agosto a 8 de setembro, na Rua Sargento Silva Nunes, 1012, Nova Holanda. As aulas terão início em setembro.
A Ecom foi implantada no início do ano na Redes da Maré como Ponto de Cultura pela Secretaria Municipal de Cultura. A partir deste segundo semestre, a escola agregará ao projeto a parceria com o Itaú Cultural, após ter sido contemplada pelo edital Rumos. Com isso, integrará em seu plano de ação o� cinas em diferentes segmentos da produção audiovisual, assim como a abertura do edital interno DOC-SE para a realização de curtas-metragens de documentário e a realização da Mostra Maré Brasil, com exibição de � lmes de curta e longa-metragem oriundos da produção brasileira independente.
Mais informações pelo email: [email protected] ou tel.: 3105-5531.
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Ao fazer um exame de sangue, um paciente fica sabendo que está diabético.Ele olha para o médico e fala que a
culpa é do casamento.O médico pergunta: Sua mulher faz
muitas guloseimas?Não! É que eu sou BEM CASADO!
Um rapaz vai pedir ao pai para namorar com a moça.Sem assunto, ele logo pergunta: O senhor é confeiteiro? o pai resmunga que não.
O engraçadinho responde: É que sua filha é um doce.
Um cara só sabia falar de futebol.Então ele fica sabendo que o vizinho caiu na área.
Sem pensar ele grita: se empurraram ele é PÊNALTI!
A culpa é...
Pedido de namoro
Futebol
pra Maré participar do Maré
Moradorestodos os meses!
Envie seu desenho, foto, poesia, piada, receita ou sugestão de matéria.
Rua Sargento Silva Nunes, 1.012 – Nova Holanda Tel.: 3104-3276E-mail: [email protected]
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da sua
FAMÍLIA INSPIRADALIBRAAlex Bon� m
Sei que � z umacoisa boa. Ajudei osenhor Hermes, eu eos anjos que naquele dia apareceram...
Também, ganhei umacaneta nova; presentede uma amiga de classe. Então, eu não soutodo mal. Há algode bom em mim.e é esse bem queme alimenta; me fazter esperança; me fazsaber que a morte nãoé o � m do mundo.
Um dia, nosso painos chamará; para estarmosem sua mesa. Lá na suapresença; o alimento que nosaguarda são os frutos queplantamos aqui.
Então irmão! Ajude-nos uns aosoutros, e, uma ajuda não se presume a dinheiro; pois essede nada valerá na presença do Senhor...
Recebemos mais um super desenho do Diogo e uma poesia de seu pai, Alex Bon� m. Pai e � lho fazem mais uma dobradinha no Espaço Aberto. Adoramos!
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Hélio Eucides