Manual 3537

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Redes de Apoio

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ÍNDICE

Ficha Técnica

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Índice …………………………………………………………………………………………..Página 2

Ficha Técnica……………………………………………………………………………….………… 3

Introdução……………………………………………………………………………………………… 4

As pessoas idosas e o meio ambienteA diversidade do meio ambienteA família e a comunidadeAs instituições formais

Caracterização e natureza das instituições formaisInstitucionalização das pessoas de idadeA vida quotidiana nas instituições

Bibliografia……………………………………………………………………...…………………….

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FICHA TÉCNICA

Módulo: Quadro da Psicologia Evolutiva

Destinatários: População em geral.

Carga Horária: 50 horas

Manual Elaborado por: Ana Sofia Dias

Objetivos Específicos:

No final da formação os formandos deverão ser capazes de:

Reconhecer os princípios básicos de Psicologia Evolutiva, dando particular ênfase à

velhice como etapa do desenvolvimento humano.

Reconhecer, caracterizar e distinguir as diferentes redes de apoio disponíveis e

possíveis de serem utilizadas junto de pessoas idosas.

Reconhecer a importância das pessoas idosas na forma como contribuem para uma

cidadania interveniente e responsável.

Objetivo do Documento

Este Manual foi concebido por Ana Sofia Dias, formadora deste módulo. Pretende-se que seja

usado como elemento de Estudo e de Apoio aos temas abordados. O Manual é um

complemento da Formação e do Módulo, não substitui os objetivos das sessões de formação,

mas complementa-as.

Condições de Utilização:

Este Manual não pode ser reproduzido, sob qualquer forma, sem autorização expressa do autor.

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INTRODUÇÃO

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PSICOLOGIA EVOLUTIVA

CONCEITO

Segundo a Psicologia Evolutiva o cérebro consistirá num conjunto de mecanismos

funcionais psicológicos que evoluíram, e continuam a evoluir, por seleção natural.

Também se sustenta na ideia de que os nossos processos cognitivos são superiores aos

processos biológicos e culturais. O raciocínio humano, como acontece hoje, é fruto das pressões

evolutivas, relacionadas com as necessidades de sobrevivência dos nossos antepassados.

Posto isto, a Psicologia Evolutiva procura reconstruir os problemas com os quais os nossos

ancestrais se defrontaram nos seus ambientes primitivos e as soluções que criaram para

resolver esses desafios específicos.

O principal objetivo da Psicologia Evolutiva é identificar a evolução das adaptações

emocionais e cognitivas que representam a “natureza humana psicológica”, isto é, estudar e

perceber de que forma os humanos tiveram de evoluir de forma a poderem adaptar-se às

condições e situações que lhes surgem ao longo da vida.

Este estudo é realizado em humanos dividindo-os por faixas etárias:

Estádio pré-natal (conceção até nascimento)

Primeira infância (nascimento até 3 anos)

Segunda infância (3 a 6 anos)

Terceira infância (6 a 12 anos)

Adolescência (12 a 20 anos)

Jovem adulto (20 a 40 anos)

Meia-idade (40 a 65 anos)

Terceira idade (65 anos em diante)

A Psicologia Evolutiva recebe contributos de:

Ecologia comportamental

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“Refere uma determinada forma de aplicar a teoria evolutiva da mente,

com ênfase na adaptação.”

Steven Pinker

É a ciência que busca explicar, graças aos mecanismos

universais de comportamento, o porquê das ações dos

seres humanos.

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Inteligência artificial

Genética

Etologia

Antropologia

Arqueologia

Biologia

Zoologia

PRINCÍPIOS BÁSICOS

A Psicologia Evolutiva assente nos seguintes princípios:

1. O cérebro é um sistema físico que funciona como um computador. Os seus circuitos são

criados para gerar comportamentos apropriados às circunstâncias ambientais.

2. Os nossos circuitos neuronais foram selecionados de forma natural para resolver

problemas/questões que os nossos antepassados enfrentaram durante a história

evolutiva da nossa espécie.

3. A consciência é apenas a ponta do iceberg, a maioria das coisas que se passa na nossa

cabeça está escondida de nós próprios. Em resultado disso, a nossa consciência pode

fazer-nos crer que um problema é muito simples de resolver, quando pode ter requerido

processos muito complexos.

4. Existem diferentes circuitos neuronais especializados na resolução de diferentes

problemas adaptativos.

5. A nossa mente moderna alberga uma mente da idade da pedra.

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TAREFA EVOLUTIVA: O CONCEITO

A vida dos seres humanos desenvolve-se por etapas que constituem o ciclo de vida. Ao

longo dessas etapas, o indivíduo vai-se confrontando com desafios que tem de ultrapassar, para

passar à etapa seguinte. A esses desafios, a Psicologia Evolutiva chama TAREFAS

EVOLUTIVAS.

É a forma como se resolvem estas tarefas que leva ao desenvolvimento do ser humano,

à sua maturidade.

A resolução das tarefas evolutivas depende das necessidades e características

individuais assim como das pressões externas. Esta resolução prepara cada individuo para a

etapa seguinte de desenvolvimento deverá promover ajustamento pessoal e social.

As tarefas evolutivas são desafios normativos associados à idade cronológica. Esses

desafios são influenciados por:

Maturação biológica

Pressão da sociedade, expectativas sociais

Desejos e aspirações pessoais

Oportunidades e competências

Valores que fazem parte da personalidade

Vejamos então como é estudada a velhice no campo da Psicologia Evolutiva.

O ESTUDO DA VELHICE NO CAMPO DA PSICOLOGIA EVOLUTIVA

Afinal quando somos considerados velhos?

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O envelhecimento bem-sucedido é visto como um processo geral de adaptação. Com a

crescente limitação imposta pela natureza biológica e no intuito de aumentar as suas

potencialidades a tarefa adaptativa do idoso consiste em selecionar metas e objetivos mais

importantes, otimizar recursos e compensar perdas.

Embora o envelhecimento seja acompanhado de uma série de adversidades, a pior delas é

o abandono social. É preciso que o indivíduo tenha projetos que não envelheçam, é preciso

cimentar uma cultura positiva da velhice com interesses, trabalhos, responsabilidades que

tornem sua sobrevivência digna. É importante a seleção de prioridades de vida para uma

regulação efetiva dos processos desenvolvimentais, ou seja, selecionar tarefas evolutivas.

O indivíduo deve desempenhar certas tarefas evolutivas, para se desenvolver

adequadamente. As tarefas evolutivas são marcadas pelas preferências individuais, as

expectativas quanto ao futuro, as realizações e as metas.

Tais tarefas são enfrentadas de maneira diferente, devido aos diferentes valores, maturação

física, expectativas sociais, oportunidades, preferências, competências e recursos.

Um ambiente agressivo, assuntos familiares não resolvidos, ausência de cuidadores

adequados podem dificultar este processo.

A integridade do ego é a tarefa evolutiva do idoso: adaptação a triunfos e desilusões e

gerador de produtos e ideias. É ter, em suma,

dignidade, sabedoria, aceitação do modo de

vida e ser único.

Para a alcançar é importante que o idoso

possa fazer uma revisão da sua vida para lhe

dar sentido e reorganizar criativa e

positivamente sua personalidade.

Contudo, o idoso é influenciado pela

sociedade onde vive e esta influência também domina o atingir das suas tarefas evolutivas.

Os principais fatores de influência da sociedade sobre o indivíduo são:

A resposta social ao declínio biológico,

O afastamento do trabalho,

A mudança da identidade social,

A desvalorização social da velhice

A falta de definição sociocultural de atividades em que o idoso possa perceber-se útil e

alcançar reconhecimento social.

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A sociedade é importante devido aos papéis sociais (posição no espaço social)

desempenhados por cada um. Estes papéis são influenciados pelo que se espera de uma

pessoa e pelo que a própria pessoa espera de si mesma.

Podem ser vistos de acordo com uma de duas perspetivas. Por um lado, favorecerem

oportunidades de aquisição e uso de habilidades; por outro, geram tensões, conflitos e

ambiguidades.

A experiência do envelhecimento envolve a mudança de papéis.

A psicologia divide o estudo de cada fase vital entre: principais desenvolvimentos e

tarefas evolutivas!

Quando estuda a velhice, importa centrar-se na meia-idade (40-65 anos) e na terceira

idade (acima dos 65 anos).

No que diz respeito à meia-idade, analisemos os quadros abaixo!

MEI

A-ID

AD

E

PRIN

CIP

AIS

DES

ENVO

LVIM

ENTO

S

Certa deterioração da saúde física e declínio da resistência e perícia.

Menopausa.

A sabedoria e capacidade de resolução de problemas práticos são acentuadas; a

capacidade de resolver novos problemas declina.

O sentido de identidade continua a desenvolver-se.

A dupla responsabilidade de cuidar dos filhos e pais idosos pode causar stress.

A partida dos filhos deixa o ninho vazio.

Para alguns, o sucesso na carreira e ganhos atingem o máximo; para outros ocorre

um esgotamento profissional.

Busca do sentido da vida assume importância fundamental.

Para alguns, pode ocorrer a crise da meia-idade.

Aceitação do corpo que envelhece.

MEIA-ID

AD

E

TA

REFA

S EVO

LUTIVA

S

Aceitação da limitação do tempo e da morte pessoal.

Manutenção da intimidade.

Reavaliação dos relacionamentos.

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Relacionamentos com os filhos: deixar ir, atingir igualdade, integrar novos

membros.

Relação com os pais: inversão de papéis, morte e individualização.

Exercício do poder e posição: trabalho e papel de instrutor.

Novos significativos, habilidades e objetivos dos jogos na meia-idade.

Preparação para a velhice.

Relativamente à terceira idade, passa-se o seguinte.

TER

CEI

RA

-IDA

DE

PRIN

CIP

AIS

DES

ENVO

LVIM

ENTO

S

A maioria das pessoas é saudável e ativa, embora a saúde e a capacidade física

declinem um pouco.

Atraso do tempo de reação afeta muitos aspetos do funcionamento.

A maioria das pessoas é mentalmente ativa. Embora a inteligência e a memória

possam deteriorar-se em algumas áreas, a maioria das pessoas encontra modos de

compensação.

A reforma pode criar mais tempo para o lazer mas pode diminuir os rendimentos.

As pessoas precisam de enfrentar perdas em muitas áreas (perdas de suas próprias

faculdades, perda de afetos) e a iminência de sua própria morte.

Manter a saúde física com a prevenção das doenças degenerativas.

TER

CEIR

A-IDA

DE

TA

REFA

S EVO

LUTIVA

S

Independência económica.

Ter o seu próprio espaço físico ou moradia.

Ter laços de amizade e ligações fortes com a família.

Manter um relacionamento íntimo com um(a) companheiro (a).

Ter laços com a comunidade.

Manter-se sempre ocupado e com planos para o futuro.

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Se possível, manter uma união com seu antigo trabalho ou profissão.

Buscar ajuda na comunidade.

Praticar exercício, manter uma atividade física regular.

TEORIAS

A compreensão do desenvolvimento adulto e do envelhecimento exige esforços

concentrados, se desejarmos identificar as mudanças e as transformações vivenciadas por esta

faixa etária.

Espera-se que a Psicologia forneça informações sobre o curso, as condições e as

variações da vida adulta, bem como sobre os indicadores de uma velhice bem-sucedida.

Grande parte dos estudos sobre o desenvolvimento do adulto tem-se apoiado na

perspetiva teórica do desenvolvimento de curso de vida.

Se não há uma adaptação ajustada às exigências, o envelhecimento pode ser

vivenciado com alto nível de stress, dificultando a realização das tarefas evolutivas. Por isso,

deve-se aprender a construir os principais papéis de vida com bastante flexibilidade, de forma a

que eles sejam compatíveis com a etapa de vida. Isso requer conhecimento mais profundo dos

papéis sociais e suas propriedades, especialmente as positivas.

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ERIK ERIKSON

– TEORIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL

A teoria de

fases, não ocorre ao acaso e depende da interação da

pessoa com o meio que a rodeia. Cada estágio é

atravessado por uma crise psicossocial entre uma vertente

positiva e uma vertente negativa. As duas vertentes são

necessárias mas é essencial que se sobreponha a positiva.

A forma como cada crise é ultrapassada ao longo de todos os estágios irá influenciar a

capacidade para se resolverem conflitos inerentes à vida.

IDADE CRISE DE

DESENVOLVIMENTO

CARACTERÍSTICAS VIRTUDE

Nasciment

o até 12-18

meses

Confiança vs

Desconfiança

O bebé desenvolve um sentimento em

relação ao mundo como um lugar bom e

seguro ou não

Esperança

12-18

meses até

3 anos

Autonomia vs

Vergonha

A criança desenvolve um equilíbrio entre a

independência e a dúvida e vergonha. Vontade

3 a 6 anos Iniciativa vs Culpa

A criança desenvolve iniciativa quando

experimenta coisas novas e não é

subjugada pelo fracasso

Propósito

6 anos até

à

puberdade

Produtividade vs

Inferioridade

A criança/jovem deve aprender as

habilidades da cultura ou enfrentar

sentimentos de inferioridade

Habilidade

Puberdade

ao início da

idade

adulta

Identidade vs

Confusão

O adolescente deve determinar a sua

própria noção de identidade ou

experimentar confusão entre papéisFidelidade

Jovem

adulto

Intimidade vs

Isolamento

A pessoa procura estabelecer um

compromisso com os outros; caso não

tenha êxito pode sofrer com o isolamento e

o egocentrismo

Amor

Idade Geratividade vs O adulto maduro preocupa-se em Cuidado

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adulta Estagnação

estabelecer e orientar a geração seguinte,

caso contrário sente empobrecimento

pessoal

Terceira

idade

Integridade vs

Desespero

A pessoa aceita o seu percurso de vida, o

que lhe permite aceitar a própria morte;

caso contrário cai em desespero por

incapacidade de reviver a vida

Sabedoria

Geratividade VS. Estagnação

Para um envelhecimento harmonioso, o adulto maduro deve desenvolver a Geratividade,

em equilíbrio com a estagnação.

Geratividade significa contribuir para causas futuras por meio de produção de algo

significativo, pelo cuidado e manutenção dos outros. Dedicar-se a algo, acreditar e empenhar-se.

Validar a própria existência. Implica:

Investir nos seus conhecimentos e nas suas qualidades, preocupando-se em deixar um

legado pessoal de experiências.

Cuidar de outros seres humanos (família e fora dela).

Atuar como conselheiro, educador, orientador.

Envolver-se na manutenção e progresso de instituições sociais, da sociedade, no bem-

estar da humanidade.

Integridade vs Desespero

A integridade caracteriza-se por uma adaptação a sucessos e desilusões inerentes à

condição humana. É ter dignidade, sabedoria, aceitação do modo de vida, sensação de

realização.

Para alcançar a integridade a pessoa deve fazer uma reflexão e revisão da própria vida

dando-lhe sentido e reorganizando-a de forma positiva.

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A resolução das crises psicossociais inerentes aos ciclos do desenvolvimento descritas por

Erikson é um exemplo de tarefa evolutiva.

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O desespero é a vertente negativa que advém quando se renega a vida, mas se sabe

que já não se pode recomeçar uma nova existência.

A sabedoria e a renúncia são as virtudes que resultam da crise psicossocial desta idade.

– TEORIA DO CICLO DA VIDA/CICLO VITAL

A teoria do ciclo da vida de Erikson postula que o desenvolvimento humano ocorre

durante toda a vida, sendo cada período do ciclo de vida influenciado pelo que aconteceu antes

e afetando o que virá depois.

Este modelo compreende um processo abrangente, influenciado pelo contexto histórico,

que procura um equilíbrio entre ganhos e perdas.

Considera também fatores normativos e fatores não normativos que interagem,

produzem mudanças no indivíduo, variam de pessoa para pessoa e têm efeito cumulativo.

De acordo com Baltes, as características fundamentais

desta formulação são:

Multidirecionalidade – o desenvolvimento durante a vida

envolve um equilíbrio entre crescimento e declínio. As

pessoas ganham numa área, mas podem perder noutras.

Plasticidade – muitas capacidades podem ser modificadas

com treino e prática, mesmo tarde na vida, mas o potencial

para a mudança não é ilimitado.

História e contexto – cada pessoa desenvolve-se num conjunto específico de

circunstâncias ou condições definidas pelo tempo e pelo lugar. Os seres humanos

influenciam e são influenciados pelo seu contexto histórico e social, não respondem

apenas ao ambiente, interagem com ele e modificam-no.

Causalidade múltipla – o desenvolvimento humano é influenciado por diversos fatores

e deve ser analisado tendo em conta todos eles.

Em 1991, este mesmo autor alemão, defendeu que:

O curso do desenvolvimento varia de pessoa para pessoa;

Existem diferenças importantes entre envelhecimento normal, ótimo e patológico;

Durante o envelhecimento fica resguardado o potencial de desenvolvimento;

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Os prejuízos deste período podem ser minimizados pela ativação das capacidades de

reserva para o desenvolvimento;

As perdas cognitivas podem ser compensadas por ganhos no domínio da inteligência

prática;

Com o envelhecimento, o equilíbrio entre ganhos e perdas torna-se menos positivo;

Os mecanismos de auto-regulação da personalidade mantêm-se intactos em idade

avançada.

Em jeito de conclusão, pode dizer-se que, se não há uma adaptação ajustada às

exigências, o envelhecimento pode ser vivenciado com alto nível de stress, dificultando a

realização das tarefas evolutivas. Por isso deve-se aprender a construir os principais papéis de

vida com bastante flexibilidade, de forma a que eles sejam compatíveis com a etapa de vida.

Isso requer conhecimento mais profundo dos papéis sociais e suas propriedades, especialmente

as positivas.

O ESTUDO CIENTÍFICO DO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

Quando falamos em envelhecimento, surgem dois conceitos recentes que importa

esclarecer: Gerontologia e Geriatria.

GERONTOLOGIA

Campo de estudos interdisciplinar que investiga os fenómenos fisiológicos, psicológicos,

sociais e culturais relacionados com o envelhecimento do ser humano. É um campo

multiprofissional e multidisciplinar.

A Gerontologia procura alternativas adequadas de intervenção junto da população idosa,

tendo como perspetiva final a melhoria da qualidade de vida e a manutenção da capacidade

funcional desta população.

GERIATRIA

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Ramo da medicina associado ao estudo, prevenção e tratamento das doenças e da

incapacidade em idades avançadas.

O termo deve ser distinto de gerontologia, que é o estudo do envelhecimento em si.

Os objetivos da Geriatria são:

Manutenção da saúde em idades avançadas.

Manutenção da funcionalidade.

Prevenção de doenças.

Deteção e tratamento precoce.

Máximo grau de independência.

Cuidado e apoio durante doenças terminais.

Tratamentos seguros.

ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO?

Quando se coloca a questão do envelhecimento bem ou mal sucedido estamos a definir

padrões de adaptação do idoso às suas atuais capacidades de funcionamento, no seu contexto

de vida, implicando com isso quer critérios externos sociais (relativos ao que se espera do idoso

em cada cultura), quer critérios internos - individuais (o sentir e a vontade subjetiva).

Se a pessoa, apesar das mudanças, continuar a ter objetivos de vida, a gostar de si, a

ter prazer em fazer determinadas coisas, a sua vida decorrerá de forma mais fácil, mais leve e

com maior qualidade.

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BIBLIOGRAFIA

Correia, J. Martins. (2003). Introdução à Gerontologia. Lisboa: Universidade

Aberta.

Gauthier, Serge & Qwyther, Lisa P. Maximizar a Capacidade Funcional na

Doença de Alzheimer. Lisboa: Novartis Farma.

Leitão, Olívia R. & Morais, Manuela. Manual do Cuidador da Pessoa com

Demência. Lisboa: Ponticor – realizações gráficas.

Oliveira, Barros. (2008) Psicologia do Envelhecimento e do Idoso. Porto:

Livpsic/Legias Editora.

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