ManifestoDaReforma_INTRODUCAO

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Este livro é dedicado, com muita gratidão, a Peter e Doris Wagner. Sem o amor e amizade deles, eu jamais ocuparia o lugar que ocupo hoje no ministério. P refácio 10 Prefácio 11 “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas-novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista MANIFESTO DA REFORMA 14 Introdução 15 16 V. Marcos 4.19. Introdução 17 1 18 Introdução 19 MANIFESTO DA REFORMA 20 Introdução 21 MANIFESTO DA REFORMA 22 Introdução 23

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Este livro é dedicado, com muita gratidão, a Peter e Doris Wagner.

Sem o amor e amizade deles, eu jamais ocuparia o lugar que ocupo

hoje no ministério.

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P r e f á c i o

Manifesto da RefoRMa deixa claro que é um livro para a Segunda Era Apostólica. Não creio que a Igreja estivesse pronta para este livro há dez, talvez cinco anos. Mas agora está. Uma das qualidades mais invejáveis de Cindy Jacobs é sua capacidade de discernir, mediante o Espírito Santo, o timing adequado. O livro que você tem em mãos é capaz de acender o estopim de algumas importantes personagens que proclamarão de maneira considerá-vel o Reino de Deus em nossa geração.

A Segunda Era Apostólica? Para alguns, talvez esse termo seja novo. Conforme meus melhores cálculos, a Segunda Era Apostólica começou por volta de 2001. Significa que, pela pri-meira vez em cerca de oitocentos anos, grande parte do Corpo de Cristo reconhece agora a autoridade bíblica da Igreja com base nos apóstolos e profetas. Estamos presenciando a maior mudança de todos os tempos na maneira de atuar na Igreja, pelo menos desde a Reforma Protestante.

Esse novo período abriu caminho para o Espírito Santo come-çar a revelar algumas coisas aos líderes da Igreja que muitos deles não estavam prontos para receber. Entre todas as ideias novas e com grande poder de mudar a História, a principal refere-se ao tema deste livro: reforma. Reforma de quê? Reforma da sociedade na qual vivemos. Cindy Jacobs não é a única a discernir isso. Ela não é uma voz que clama no deserto. Ao contrário, Cindy se reúne

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ao coro dos líderes da linha de frente do segmento do cristianismo que gosto de imaginar como um grupo de evangélicos inclinados a proclamar, de maneira carismática, que a vinda do Reino de Deus está próxima, tanto aqui na terra como nos céus, e que essa vinda será mais rápida que a maioria de nós imagina.

Muitas pessoas, inclusive eu, alimentam há muito tempo uma visão truncada do Reino de Deus. Começamos por identificar exa-geradamente a Igreja com o Reino e, a partir daí, imaginamos que nossa missão era salvar almas, implantar igrejas e deixar para os ou-tros a preocupação de melhorar a sociedade. De agora em diante, não! Cindy proclama um “Manifesto da Reforma”. Também temos ouvido expressões como transformação social, arrebatamento de cida-des, mandato cultural, retomada do domínio e ministério no ambiente de trabalho. Hoje, estamos muito mais convictos de que o fato de sermos bons cristãos, termos uma vida santa, orarmos intensamente, adorarmos com fervor e darmos o dízimo da nossa renda — por mais maravilhoso que possa ser, e certamente é — não será suficien-te para reformar a sociedade. Precisamos fazer mais que isso, mas precisamos também andar de mãos dadas com a sociedade.

Gosto muito da maneira pela qual Cindy Jacobs aborda assuntos como a Grande Comissão. Eu imaginava que fazer dis-cípulos de todas as nações significava salvar pessoas e multiplicar igrejas ao redor do mundo. Cindy, porém, transporta o assunto a outro patamar ao propor que “Jesus queria mais mudar reinos que mudar pessoas”. Para Cindy, a História mostra que, sozinhos, os avivamentos não têm produzido transformação social sustentá-vel. O avivamento não é suficiente! Precisamos de uma mudança de paradigma. Quando passa para o tema da economia bíblica, Cindy chega a questionar o pensamento segundo o qual “po-breza equivale a espiritualidade, portanto riqueza é pecado”. Em oposição a isso, Cindy defende que devemos desenvolver uma “mentalidade de abundância”.

Essa não é uma linguagem tipicamente religiosa. Não costu-mamos ouvir expressões desse tipo em nossos púlpitos. Um dos

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Prefácio

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motivos é que a maioria dos pastores “cheios do Espírito” apren-deu que deveria manter-se afastada das coisas mundanas e que as preocupações sociais são, em geral, marcas do liberalismo. Isso, contudo, está mudando rapidamente, e vozes proféticas como a de Cindy Jacobs estão acelerando o processo.

Manifesto da Reforma é, ao mesmo tempo, um livro empolgante e desafiador, que o emocionará e o deixará inquieto. Mas sei que, por meio desta obra, você ouvirá mais e mais claramente o que o Espírito diz às igrejas de hoje. Minha oração é que você não se li-mite a ouvir o que a autora diz, mas que permita que suas palavras penetrem seu coração. Se fizer isso, passará a fazer parte das fileiras de servos de Deus com a mente voltada para o Reino e motivada pelo Reino, servos que ele almeja usar para mudar nosso mundo!

C. Peter Wagner, presidente daInternational Coalition of Apostles

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i n t r o d u ç ã o

Martinho Lutero sentia grande preocupação com o que acontecia na sociedade a seu redor. O pecado e a corrupção pro-liferavam e estavam destruindo não apenas a vida das pessoas que ele via todos os dias em Wittenberg, mas também qualquer esperança de receberem a salvação eterna. A imoralidade estava destruindo as famílias — a principal estrutura de sustentação da sociedade. O perdão de pecados se transformara em uma forma de ganhar dinheiro por meio da venda de “indulgências” — perdões vendidos pelos sacerdotes da localidade, que não tinham nada a ver com arrependimento sincero ou devoção renovada a Deus. Ao contrário, essas indulgências ofereciam salvo-conduto para a de-sonestidade e a decadência. A igreja na época de Lutero estava fazendo pouco — ou nada — para cumprir o propósito que Jesus lhe atribuíra como missão:

“O Espírito do Senhorestá sobre mim,

porque ele me ungiupara pregar boas-novasaos pobres.

Ele me envioupara proclamar liberdadeaos presos

e recuperação da vista

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aos cegos,para libertar os oprimidose proclamar o ano da graça

do Senhor” (Lucas 4.18,19).

Foi então que, na véspera do Dia de Todos os Santos de 1517, Martinho Lutero afixou suas 95 teses na porta da Igreja do Castelo em Wittenberg, dando início ao movimento que seria conhecido como a Reforma. Curiosamente, essas “teses” não eram tanto um ataque frontal à Igreja quanto visavam a reintroduzir o significado do verdadeiro arrependimento e chamar o povo de volta a esse arrependimento. Lutero não estava interessado em se tornar lí-der de uma nova denominação; queria apenas ver o evangelho ser divulgado novamente, para fazer tudo aquilo que Deus planejara. Lutero não queria uma revolução, embora tivesse produzido esse resultado em razão da obstinação de muitas pessoas no poder; o que Lutero queria era um avivamento.

Foi um movimento que abalou o mundo cristão de um extremo ao outro e continua a exercer influência sobre nós hoje. Certamente, a verdade de Deus tem uma forma de mudar as coisas.

Chegou a hora de uma nova reforma?Enquanto você percorre as páginas deste livro, tenho certeza de

que está querendo saber qual é a necessidade de uma nova refor-ma. Alguns poderão dizer: “Não gosto do que aconteceu na última reforma” ou perguntar “O que isto tem a ver comigo?” ou ainda “Não deveríamos simplesmente orar pela chegada de um aviva-mento às nações da terra a fim de que todos se voltem para Deus?”.

No alvorecer do terceiro milênio desde que Jesus veio ao mundo, vemos mais uma vez um mundo no qual o pecado e a cor-rupção correm à solta, destruindo vidas de maneiras totalmente novas. O século XX foi a era mais sangrenta da história humana. Presenciamos as duas primeiras guerras mundiais, o Holocausto,

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Introdução

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a ascensão do comunismo e do fascismo, e o predomínio de re-gimes totalitários que fizeram filhos se voltar contra pais em nome da revolução cultural. Os campos de extermínio do Sudeste Asiático, a tentativa de genocídio nos Bálcãs e em Ruanda, e o surgimento do extremismo islâmico são alguns exemplos de como a humanidade foi incapaz de progredir desde que o pecado provocou o Grande Dilúvio. Morreram duas vezes mais cristãos como mártires no século XX que nos mil e novecentos anos ante-riores. O século XXI será diferente?

Nosso problema hoje não é que a Igreja se acomodou às cir-cunstâncias, mas que o Corpo de Cristo universal, seja qual for a denominação, não tem conseguido incutir a relevância do evan-gelho em nossa cultura. A Bíblia está repleta de respostas para transformar a sociedade! Contudo, se houver transformação sem inclusão de leis reformatórias, de estruturas e de um conceito bí-blico em nosso dia a dia, a sociedade voltará a seu antigo estado.

A meu ver, o motivo pelo qual muitas pessoas em nossa socie-dade acreditam que a Igreja é totalmente irrelevante é o seguinte: a Igreja não tem sido sal nem luz para fazer diferença no mundo.

Não me interprete mal. Não estou dizendo que os cristãos deixaram de agir corretamente. Hoje, há missionários cristãos espalhados no mundo inteiro, e alguns dos maiores avivamentos de todos os tempos ocorreram no século XX. Testemunhei, com meus próprios olhos, a transformação na América do Sul, onde o evangelho foi pregado e o avivamento se espalhou como rastilho de pólvora — vidas e cidades inteiras foram transformadas de ma-neira extraordinária quase do dia para a noite. Apesar disso, nos anos subsequentes a esses eventos, as mudanças não persistiram. Cheguei à conclusão de que, por mais importante que o aviva-mento seja e por mais vidas que transforme, ele não é suficiente.

A outra parte do problema refere-se à doutrina. Muitas pessoas acham que o mundo deve piorar progressivamente antes da volta de Jesus para salvá-lo. Estou ciente de que o assunto de reformar nações

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traz à tona a questão da minha posição escatológica a respeito do fim dos tempos. Sinceramente, meu coração está tão concentrado em “fazer o dinheiro render até a volta” de Cristo (v. Lucas 19.13) que ainda não dominei inteiramente essa questão. Quero ver milhões de pessoas de todo o Oriente Médio, África, Ásia e outros países adorando diante do trono de Deus após avivamentos arrebatadores. Creio também que meu dever como cristã é cuidar para que as na-ções sejam discipuladas e ensinadas no Senhor. Meu pai, que era um pregador, tinha uma posição particular a respeito do fim dos tem-pos: “Querida”, ele dizia com um sorriso, “não sou pós-milenarista nem pré-milenarista — sou pan-milenarista! Acredito que, no final, tudo sairá a contento!”. Estou seguindo os passos dele neste assunto. Outras pessoas mais brilhantes que eu e mais dedicadas ao estudo da escatologia podem entender o que isso significa.

Nos séculos passados, foi difícil encontrar um avivamento que tenha durado mais de alguns anos. Os efeitos dos grandes aviva-listas, como John Wesley, George Whitefield e Charles Finney, no Primeiro e no Segundo Grande Avivamento, duraram apenas décadas, enquanto alguns avivamentos mais recentes, como os que ocorreram em Gales e na Rua Azusa [Los Angeles, Califórnia] na virada do século XX duraram apenas alguns anos. Um grande avi-vamento tomou conta da Argentina em 1954, resultando em mais de 300 mil salvos, mas a Argentina continua a ter problemas com a corrupção espalhada por toda parte. Hoje, aquele país caminha para a reforma e a transformação porque está levando a sério o manda-mento da Grande Comissão de fazer discípulos e ensinar o povo.

Reinhard Bonnke foi extremamente importante na transfor-mação das nações da África e presenciou centenas de milhares de pessoas salvas; entretanto, segundo consta, os cristãos não o acom-panharam com soluções para a pobreza do continente.

Em cidades como Dallas, no Texas, onde moro, há uma grande população de cristãos, mas não temos visto o governo da cidade se preocupar com princípios religiosos. Aliás, na última eleição,

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Introdução

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grande parte dos juízes tementes a Deus foi destituída do cargo após a eleição de políticos favoráveis ao aborto.

Portanto, é tempo de fazer a nós mesmos algumas perguntas complexas: “Por que nossas cidades se encontram em condição moral deplorável, se temos pregado o evangelho através de todos os meios possíveis?”, “Por que não há uma melhora em nos-sas comunidades?” e “O que podemos fazer para reformar nossas cidades e nações, a fim de ver milhares de pessoas tornando-se participantes do Reino de Deus, e testemunhar uma mudança em suas estruturas, para que voltem aos padrões bíblicos?”.

Avivamento, transformação e reformaTenho visto que, quando ocorre um avivamento, algumas

áreas parecem ter sido transformadas porque muitas pessoas fo-ram mudadas mediante o poder da Palavra de Deus. No entanto, essas transformações espirituais quase sempre são situadas dentro de uma “caixa espiritual” guardada bem longe de nós. Aquilo que acontece na igreja no domingo nem sempre é transportado para o cotidiano de segunda a sábado. Não permitimos que a mudança espiritual exerça influência em nossa vida diária normal.

Um homem de negócios talvez tenha sido salvo, mas conti-nua seguindo as mesmas práticas questionáveis que adotava antes do avivamento; professores talvez tenham sido convertidos, mas continuam a transmitir lições dos mesmos livros e currículo seculares; autoridades do governo talvez tenham nascido de novo, mas continuam a trabalhar com os mesmos sistemas corruptos que favorecem o suborno e o apadrinhamento. Vidas talvez tenham sido temporariamente transformadas, mas, se a cultura geral não for influenciada, aquilo que as demais pessoas estão fazendo em breve dominará a fé recém-adquirida, e os joios e os “cuidados deste mundo, o engano das riquezas e os desejos de outras coisas”1

1 V. Marcos 4.19.

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emergirão, e a vida diária voltará ao que era antes do avivamento. Não deveríamos perguntar apenas “Por que o avivamento demora a chegar?”, mas também “Por que o avivamento não persiste?”.

Raciocine desta maneira: quando o avivamento ocorre, um nú-mero imenso de pessoas entra no Reino de Deus. Todos ficam subitamente empolgados a respeito do Senhor e das possibilidades do que a vida em Jesus pode significar para o futuro delas. O nú-mero de membros da igreja aumenta consideravelmente, e grande volume de Bíblias, livros cristãos e panfletos são vendidos e dis-tribuídos. Vidas são transformadas, e, quanto maior é seu número, mais Jesus passa a ser o assunto principal da cidade. Ele é a respos-ta para tudo, e, quando as pessoas lhe apresentam seus problemas e preocupações, milagres acontecem. Trata-se de um acontecimento incrivelmente poderoso, e sentimo-nos eufóricos por fazer parte dele! É praticamente o céu na terra.

No entanto, à medida que o tempo passa, a influência da sociedade e da cultura volta a instalar-se. As pessoas sentem-se confortáveis como cristãs, mas voltam aos antigos hábitos, e, de repente, os milagres deixam de ser comuns. Elas permanecem ao redor das portas do Reino, mas não se aventuram a entrar. Em vez de transformar a cultura ao redor, permitem que a cultura as aco-mode de volta aos antigos hábitos, e dentro de poucos anos tudo começa a ser como era antes do avivamento.

Alguns diriam que precisamos viver em estado de constante avivamento. Ser avivalista é extremamente relevante para meu cha-mado pessoal, portanto permita-me fazer alguns comentários: o avivamento acontece quando Deus derrama uma profunda certeza do pecado, quando almas são levadas ao Reino, quando milagres ocorrem diariamente e quando o poder do Senhor impregna o coração e a alma dos cristãos. Gostaríamos de ver isso acontecer com regularidade em nossas igrejas. Mas há outras decisões que devemos tomar, decisões que nos levarão a ver nações inteiras ser transformadas pelo poder do evangelho. Assim que pessoas forem

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levadas ao Reino, precisamos ensiná-las a viver uma vida nova. Isso inclui preparação e ensinamento.

O terceiro passo é integrar essas novas vidas à sociedade, que precisa ver o poder transformador de Deus. Ensinamos as pessoas a serem sal e luz em seu local de trabalho e em outras áreas de influência. Todo cristão deve ser treinado para tornar-se um refor-mador onde quer que Deus o tenha posicionado para exercer sua missão na vida diária. Significa que a mãe educará os filhos com base nos princípios bíblicos e os ensinará a ser transformadores de nações. O pai deve dar o exemplo disso a seus filhos e filhas. As igrejas devem educar gerações de crianças e adolescentes, fazendo--os entender que eles receberam o mandamento de ser agentes da reforma na sociedade. Os cristãos devem considerar sua vocação como veículo para divulgar os princípios de Deus e a manifestação do Reino em cada dia de trabalho, seja no supermercado, seja na sala de aula, seja em um cargo político. O mandato da reforma deve ser incutido em cada parte do país por meio da oração, do ensino e das funções exercidas no “exército do Senhor”.

Acredito de todo o coração que Deus dará um novo impulso evangelístico para encher nossas nações de cristãos justos. Então, salvaremos almas e mostraremos às pessoas que a Palavra de Deus é realmente eficaz para nossas nações. Além disso, mediante o po-der sobrenatural da obra do Espírito Santo, veremos pessoas ser curadas de flagelos como a aids, e cientistas que descobrirão a cura para essa doença!

Se quisermos nações transformadas, precisamos ir um pouco além de um mandamento que vê apenas almas salvas; precisamos ver cristãos crescendo no Senhor, e o Reino de Deus invadindo todos os setores da sociedade. Deus quer que seu Reino seja proclamado na terra por nosso intermédio! Se uma nação for transformada sem ser reformada, em breve voltará a seu antigo estado de decadência.

O que quero dizer com reforma? Eu definiria reforma como um aperfeiçoamento ou reparo do que está corrompido, a fim de

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consolidar as instituições do governo e da sociedade de acordo com a ordem e a organização determinadas por Deus. Significa institucionalizar a vontade de Deus em como dirigimos nossos negócios no dia a dia, tratamos os pobres, administramos a justiça, fazemos nossas leis, ensinamos nossos filhos e, no âmbito geral, em nossa maneira de viver. Significa dar ao povo licença para fazer o bem, não licença para pecar. Significa transformar nossas comuni-dades em lugares onde as bênçãos de Deus fluam de pessoa para pessoa da mesma forma que Deus as vê fluir no céu.

Atravessando as sete portasComo seria uma cultura se ela aceitasse Jesus como seu Senhor

e Salvador? Como seria se nos reconciliássemos com o Senhor não apenas individualmente, mas como comunidades e países?

Colossenses 1.19,20 diz: “Pois foi do agrado de Deus que [...] por meio dele [de Jesus] reconciliasse consigo todas as coisas, tan-to as que estão na terra quanto as que estão nos céus, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz”. Em Mateus 6.10, Jesus ensina seus discípulos a orar: “Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”. Quando veio ao mundo, Jesus não estava apenas procurando convertidos; estava procurando re-criar o céu na terra. Ele queria que seus seguidores instituíssem seu Reino — um lugar onde a vontade de Deus referente a todas as coisas fosse facilmente acessível, quer por meio de milagres quer pela demonstração do amor cristão. Jesus queria capacitar seus se-guidores a reconquistar o mundo em nome dele.

Democracia sem as doutrinas básicas da Bíblia transforma--se, com o passar do tempo, em uma sociedade deteriorada, dirigida por ditadores militares ou outros tipos de governos não democráticos. Isso ocorre porque a democracia não funciona sem uma estrutura bíblica básica e uma visão geral instilada na carta constitucional do país. A Bíblia apresenta os princí-pios da fé que permitem as maiores liberdades políticas porque

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Deus nos criou com livre-arbítrio. A democracia baseada nas Escrituras produz uma sociedade de leis em que não se permite opressão religiosa.

Isso, no entanto, não significa que podemos ter uma legislação sociológica, na qual a maioria infringe as leis de Deus. Uma socie-dade sem garantias baseadas nas leis de Deus transforma-se em anarquia, onde cada um faz o que é certo aos próprios olhos.

Cristãos como William Wilberforce levantaram a bandeira da abolição com a finalidade de pressionar a Grã-Bretanha e os Estados Unidos a darem fim à escravidão. Sir Isaac Newton e ou-tros cristãos fizeram algumas das maiores descobertas científicas da História. A maioria das invenções responsáveis pelo progresso em âmbito nacional teve origem em nações “cristãs”. Fatos incrí-veis ocorrem quando o Reino de Deus é proclamado não apenas a pessoas isoladas, mas também a uma sociedade inteira.

A Declaração de Independência dos Estados Unidos inclui normas que promovem tais ideias, afirmando que todos os homens “são dotados pelo seu Criador com certos direitos inalienáveis e que entre esses estão a Vida, a Liberdade e a busca da Felicidade”.

Esse é o Reino que precisamos voltar a proclamar ao mundo — um Reino com base no amor, na justiça e no poder de Deus, no qual a corrupção é exceção, os famintos e pobres recebem alimento e roupas, os tribunais tomam decisões justas, o governo age com probidade, o comércio é conduzido com ética e a educa-ção se preocupa mais em buscar a verdade que incutir nos jovens a filosofia aceita no momento. Estou falando de uma sociedade baseada em liberdade para amar, não para entregar-se à luxúria; de um governo baseado na moralidade, não na conveniência e no egoísmo; da liberdade de fazer o que é certo, não de ser mani-pulado pelos outros, apelando aos instintos mais baixos a fim de construir impérios pessoais.

Alguns dos trabalhos de Peter Wagner e seus colegas sugerem que, se quisermos reformar nossas nações, precisamos exercer in-fluência nas “sete portas da sociedade”. São elas:

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1. A porta do governo2. A porta da mídia e das comunicações3. A porta do comércio em geral4. A porta das artes5. A porta da educação6. A porta da família7. A porta da igreja e do ministério

Como seria se cada um desses itens estivesse verdadeiramen-te fundamentado na Bíblia? Apesar de não ser especialista em nenhum desses campos, espero sinceramente promover alguma comunicação relevante entre os especialistas. Portanto, os primei-ros capítulos deste livro enfocarão mais o significado da reforma, e os capítulos finais discutirão com mais detalhes a passagem por essas portas e como elas seriam se tivessem sido reestruturadas de acordo com os preceitos e as promessas da Bíblia.

Amando a Deus de todo o nosso entendimento e de todo o nosso coraçãoAconteceu um fato estranho enquanto eu trabalhava nesses

conceitos; algo impressionante ocorreu dentro de mim. Concluí que precisava amar a Deus não apenas de todo o meu coração e de toda a minha alma, mas também de todo o meu entendimento, conforme o mandamento registrado em Mateus 22.37.

Um perito na lei aproximou-se de Jesus e, com a finalidade de pô-lo à prova, perguntou-lhe qual era o maior mandamento. Jesus respondeu: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento”.

Enquanto você estuda os vários filósofos, reformadores e ou-tras pessoas que influenciaram vidas no passado, permita que o Espírito Santo mude e ajuste seu modo de pensar. Permita que a luz da Bíblia lhe mostre as situações em que você adotou o modo de pensar do mundo e, em seguida, reajuste sua mente para pensar

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de acordo com os padrões bíblicos. Sinto que renovei minha mente e mudei meu modo de pensar enquanto estudava a Bíblia. Agora julgo cada pensamento e decisão acerca do que é certo ou errado na sociedade por meio dos princípios bíblicos.

Permita-me ilustrar o assunto. Recentemente, participei de uma reunião realizada no campus da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Ao me dirigir a um público de mil pessoas, declarei: “Muitos de vocês talvez queiram saber qual é minha opinião so-bre a homossexualidade. Minha resposta é que não tenho opinião. No entanto, vamos ler o que diz a Bíblia, o manual do fabricante, para saber quais são as leis de Deus a esse respeito”. Li, em segui-da, Romanos 1. Esse texto diz que a ira de Deus é revelada dos céus contra aqueles que não obedecem a seus mandamentos, e que os pensamentos deles são fúteis ou obscurecidos. Li também a lista de tudo o que infringe a lei de Deus por meio da homosse-xualidade: mulheres que trocaram suas relações sexuais naturais por aquilo que é contra a natureza, e homens ardendo de paixão uns pelos outros.

Deus é o Criador e estabeleceu algumas leis. Não importa o que eu penso a respeito delas. É o mesmo que eu dar uma opinião a respeito da localização de um farol de trânsito, se ele deveria ser posicionado em determinada esquina ou não. O importante é que eu pare quando a luz estiver vermelha porque a lei é essa.

Para reformar uma nação, é necessário amar a Deus de todo o nosso coração. Ao refletir sobre esse mandamento, houve um momento surpreendente tão logo pensei: “Quando aprendi espe-cificamente a amar a Deus de todo o meu entendimento?”. Eu tinha ouvido muitos sermões, é claro, sobre a renovação da mente, conforme lemos em Romanos 12.1,2, mas nenhum sobre essa par-te do maior de todos os mandamentos.

Oro para que você aprenda a amar a Deus de todo o seu en-tendimento enquanto lê as páginas deste livro — que você ame a Deus muito mais do que imagina ser possível!

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Por que eu?Uma das minhas maiores preocupações ao escrever este livro

foi que os leitores pudessem pensar que o assunto é complicado demais para ser claramente entendido. Espero que você não pense assim! Deus é capaz de ajudar você a incorporar os conceitos da reforma bíblica em sua vida diária. O evangelho é eficaz, e isso se tornará claro assim que você dedicar um tempo para estudar e aprender a amar a Deus de todo o seu entendimento, e também de todo o seu coração e de toda a sua alma.

Quando este livro foi plantado em meu coração, perguntei: “Por que eu, Deus?”. Por que não outra pessoa formada em ciên-cias políticas, não em curso de música? Penso que sei a resposta. E ela tem a ver com o fato de que, se eu consegui assimilar esses conceitos, você também conseguirá! O Espírito Santo é o grande revelador da verdade. Ele está interessado em ver sua vontade ser feita aqui na terra como no céu!

Portanto, não fique preocupado. Peça ao Espírito Santo que lave seu cérebro com a verdade do evangelho. Acredite em mim, assim que comecei a escrever, senti-me incapacitada e aflita. Eu não tinha condições de escrever sobre assuntos tão extensos, muito menos de encontrar sentido neles. Confesso que houve momen-tos em que fiquei realmente estressada. Achei que não conseguiria terminar este livro. Houve ocasiões em que cobri o rosto com as mãos e simplesmente chorei diante de Deus, suplicando-lhe que me ajudasse naquilo que, na época, parecia uma tarefa impossível. Duvidei de mim e achei que Deus deveria ter chamado outra pes-soa mais inteligente para escrever este livro.

No entanto, pouco a pouco comecei a escalar a montanha da timidez e, enquanto trabalhava, ocorreu uma coisa incrível den-tro de mim. Embora eu não seja uma autoridade acadêmica, sou ótima ouvinte. Sei ouvir Deus e ler a Bíblia. Deus jamais pediria a qualquer de nós que fizesse algo que não fôssemos capazes de levar até o fim. Nada é difícil demais para Deus — ele sempre usou

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pessoas como você e eu para realizar a vontade dele na terra. E, as-sim, Deus me capacitou e me conduziu, passo a passo, naquilo que eu precisava escrever. Ao longo do processo, ele me deu o coração de reformadora.

Enquanto eu estudava o assunto da reforma, uma chama come-çou a arder em meu coração, em minha alma e em minha mente — como um fogo envolvendo meus ossos. Eu queria ver nações reformadas e levar até o fim o verdadeiro significado da Grande Comissão. Deus não nos chama apenas para sermos instrumentos na conversão de pessoas individualmente; ele também nos chama para ensinar nações.

Meu maior desejo é que você também receba o coração de um reformador e que o Espírito Santo faça renascer as verdades de Deus em seu coração à medida que lê este livro. Oro para que as palavras saltem da página e penetrem seu coração, sua alma e sua mente, imprimindo indelevelmente o plano de Deus para a insta-lação do Reino dele em seu país.

Nessa tarefa de reformar nações, não podemos perder de vista o fato de que Jesus veio para ser o Salvador de almas. Isso pre-cisa estar no centro da nossa atenção. Uma sociedade reformada não mudará a alma de seres humanos de maneira semelhante a um encontro sobrenatural com o Deus vivo. Precisamos lembrar o mandamento de evangelização contido na Bíblia: todos precisam ser salvos individualmente — sem exceção! Mas não podemos pa-rar por aí. O trabalho começa com almas individuais sendo salvas, mas precisa prosseguir até chegar a uma reforma total. Não pode-mos ter um sem o outro.

De acordo com Peter Wagner, não é a primeira vez que Deus tentou incutir nas igrejas o entendimento de que precisamos de uma reforma referente às questões da justiça social. Wagner me enviou o seguinte texto:

No final do século XIX a voz de Walter Rauschenbusch, de Rochester, Nova York, começou a ser ouvida. Ele tentou

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devolver o mandato cultural a um dos líderes do movi-mento missionário junto com o mandato evangelístico. Hoje, ele é lembrado como um dos mais notáveis pioneiros daquilo que em breve veio a ser chamado de Movimento do Evangelho Social. Infelizmente, foi nesse ponto que o elemento liberal da Igreja conseguiu cooptar o mandato cultural. Ironicamente, o próprio Rauschenbusch defendeu que o mandato evangelístico deveria ter prioridade, mas ele não foi capaz de deter a onda liberal. Seus seguidores do evangelho social afastaram-se dos evangélicos por: 1) atribuir a raiz da desgraça social nos Estados Unidos ao capitalismo, 2) retirar o mandato evangelístico do progra-ma de ação deles.

Isso provocou uma forte reação negativa entre os líderes evangélicos na entrada do século XX. Forçou os evangéli-cos a rejeitarem a ideia de transformação social porque esta se tornou estereotipada como doutrina liberal.

Agora, isso mudou. Até o ponto em que consegui rastrear, as mudanças começaram na década de 1960. Naquela época o Espírito Santo começou a falar forte-mente aos cristãos evangélicos, àqueles que seguem as doutrinas bíblicas, a respeito de sua responsabilidade de cuidar dos pobres e oprimidos.

Meu amigo George Otis Jr. tem sido poderosamente usa-do por Deus por meio de sua série em DVD intitulada Transformation, que leva a sério a ordem bíblica de discipular e ensinar nações. Muitos dos ensinos referentes à transformação podem ser aplicados à reforma. Cabe aos reformadores a tarefa de transformar!

Deus está levantando uma nova geração de líderes entusias-mados e apaixonados em cada setor da sociedade. Parte dessa liderança inclui avivalistas que ardem de paixão por ganhar almas e ver milhares de salvos nas universidades, nas escolas e nas ruas das cidades ao redor do mundo. Deus está levantando um exército

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de reformadores para abalar nações, que marcharão pela face da terra com um novo movimento santo.

Não importa se você é jovem ou velho; baixo ou alto; magro ou levemente obeso; vermelho, amarelo, negro, mulato ou branco. Deus o chamou a um destino e deu a você um propósito para ser cumprido em sua geração. É chegada a hora de nos unirmos com os reformadores dos tempos passados e trazer a luz de Deus ao novo milênio.

Você gostaria de unir-se a mim para aprender?

Cindy JacobsDallas, Texas