Maior Filho 1984

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pesquisa em administração 1. Introdução; 2. Teoria da solução de problemas; 3. Modelo, teoria e paradigma; 4. Modelo versus método; 5. Estudos de caso e de dados agregados; 6. Problemas de verificação; 7. Conclusões. Pesquisa em administração: em defesa do estudo ae caso Joel Souto Maior Filho Do CMA /CCSA jUFPB 1. INTRODUÇÃO Os estudos de caso, além do reconhecido valor didático, têm um papel importantíssimo a desempenhar na pesqui- sa em administração. Eles permitem um maior aprofun- damen to nas pesquisas que visam uma compreensão de processos administrativos, tais como o processo deci- sório, os quais são histórico-dependentes. Os estudos de caso são aplicáveis tanto para os aspectos descritivos como para os normativos. A teoria da solução de problemas sugere que os es- tudos de caso são potencialmente mais eficazes na des- coberta de soluções para os problemas mais difíceis ou intratáveis da administração, isto porque eles provém as condições ideais para a criatividade e: conseqüente- men te, para a geração de novas representações ou mo- delos. A impressão de que os estudos .de caso são menos precisos do que os estudos de dados agregados não é necessariamente verdadeira. Para começar, os estudos de caso podem ser tão quantitativos quanto outros tipos de estudos. Depois, a validade de uma pesquisa não de- pende do grau de quantificação por ela alcançado. Desde que do ponto de vistâ da lógica as conclusões oriundas de qualquer inferência indutiva jamais podem ser confir- madas ou negadas definitivamente, o critério mais im- portante para o julgamento de uma pesquisa deveria ser sua relevância e não a abordagem usada. Portanto, por permitirem maior flexibilidade metodológica, maior integração dos dados e sobretudo por favorecerem a ge- ração de representações inovadoras dos problemas mais difíceis de gerência pública e privada, recomenda-se um maior uso dos estudos de caso na pesquisa em adminis- tração. 2. TEORIA DA.SOLUÇÃO DE PROBLEMAS Herbert Simon e Allen Newell' formularam uma teoria da solução de problemas baseada em pesquisas empíricas com seres humanos e computadores, a qual sugere que um problema no mundo real (ambiente-problema) é re- presentado de formas diferentes na memória interna de um indivíduo que tenta resolvê-lo. Cada uma dessas formas (no sentido gestáltico da palavra) é denominada representação.ê A estrutura de uma representação é determinada pela estrutura do ambiente-problema. Entretanto, somente aqueles aspectos do ambiente-pro- blema relevantes para os objetivos do indivíduo, isto é, o solueíonador-do-problema, são incluídos naquela representação: à atividade psicológica necessária para resolver o problema representado na mente, aqueles autores chamaram de método. Propuseram ainda que esta atividade é desenvolvida exclusivamente dentro das fronteiras bem definídas da representação escolhida. Então, segundo eles, enquanto a estrutura do ambiente- problema determina a estrutura da representação, é esta última que determina que método(s) pode(m) ser usado(s) para a solução do problema. Entre. as questões geradas por essa teoria, uma pa- rece-me diretamente relevante para o assunto deste trabalho. Se colocarmos de lado diferenças intelectuais individuais, onde reside a maior dificuldade na solução de problemas, na descoberta de uma representação, seja, por exemplo, a descrição do problema ou, mais precisa- mente, um modelo do ambiente-problema, ou na desco- berta de um método para resolver o problema? De um lado, alguns autores'' argumentam que, uma vez encontrada uma representação adequada do ambien- te-problema, a questão de encontrar um método para resolver o problema é relativamente trivial. Outros insis- tem, porém, que encontrar um método para resolver um problema representa uma dificuldade pelo menos igual àquela de encontrar-se uma representação adequada," Para mim, essa controvérsia sobre representação versus método representa os dois lados de uma mesma moeda: com relação a certos problemas, encontrar-se uma representação é a tarefa mais difícil; com relação a outros, o difícil é encontrar um método. Dois problemas muito simples tirados da literatura gestáltica ilustrarão os dois tipos de dificuldades. Problema onde a maior dificuldade está em encontrar uma representação adequada - Reunir os nove pontos abaixo por quatro linhas retas sem tirar o lápis do papel. Rev. Adm.Empr. Rio de Janeiro, 24 (4): 146-149 out/dez. 1984

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Pesquisa em administração: em defesa do estudo de caso. RAE, v. 24, n. 4, 1984.

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  • pesquisa em administrao1. Introduo;

    2. Teoria da soluo de problemas;3. Modelo, teoria e paradigma;

    4. Modelo versus mtodo;5. Estudos de caso e de dados agregados;

    6. Problemas de verificao;7. Concluses.

    Pesquisa em administrao: emdefesa do estudo ae caso

    Joel Souto Maior FilhoDo CMA /CCSA jUFPB

    1. INTRODUO

    Os estudos de caso, alm do reconhecido valor didtico,tm um papel importantssimo a desempenhar na pesqui-sa em administrao. Eles permitem um maior aprofun-damen to nas pesquisas que visam uma compreensode processos administrativos, tais como o processo deci-srio, os quais so histrico-dependentes. Os estudos decaso so aplicveis tanto para os aspectos descritivoscomo para os normativos.

    A teoria da soluo de problemas sugere que os es-tudos de caso so potencialmente mais eficazes na des-coberta de solues para os problemas mais difceisou intratveis da administrao, isto porque eles provmas condies ideais para a criatividade e: conseqente-men te, para a gerao de novas representaes ou mo-delos.

    A impresso de que os estudos .de caso so menosprecisos do que os estudos de dados agregados no necessariamente verdadeira. Para comear, os estudos decaso podem ser to quantitativos quanto outros tiposde estudos. Depois, a validade de uma pesquisa no de-pende do grau de quantificao por ela alcanado. Desdeque do ponto de vist da lgica as concluses oriundasde qualquer inferncia indutiva jamais podem ser confir-madas ou negadas definitivamente, o critrio mais im-portante para o julgamento de uma pesquisa deveria ser

    sua relevncia e no a abordagem usada. Portanto, porpermitirem maior flexibilidade metodolgica, maiorintegrao dos dados e sobretudo por favorecerem a ge-rao de representaes inovadoras dos problemas maisdifceis de gerncia pblica e privada, recomenda-se ummaior uso dos estudos de caso na pesquisa em adminis-trao.

    2. TEORIA DA.SOLUO DE PROBLEMAS

    Herbert Simon e Allen Newell' formularam uma teoriada soluo de problemas baseada em pesquisas empricascom seres humanos e computadores, a qual sugere queum problema no mundo real (ambiente-problema) re-presentado de formas diferentes na memria interna deum indivduo que tenta resolv-lo. Cada uma dessasformas (no sentido gestltico da palavra) denominadarepresentao. A estrutura de uma representao determinada pela estrutura do ambiente-problema.Entretanto, somente aqueles aspectos do ambiente-pro-blema relevantes para os objetivos do indivduo, isto ,o solueonador-do-problema, so includos naquelarepresentao: atividade psicolgica necessria pararesolver o problema representado na mente, aquelesautores chamaram de mtodo. Propuseram ainda queesta atividade desenvolvida exclusivamente dentrodas fronteiras bem defindas da representao escolhida.Ento, segundo eles, enquanto a estrutura do ambiente-problema determina a estrutura da representao, esta ltima que determina que mtodo(s) pode(m) serusado(s) para a soluo do problema.

    Entre. as questes geradas por essa teoria, uma pa-rece-me diretamente relevante para o assunto destetrabalho. Se colocarmos de lado diferenas intelectuaisindividuais, onde reside a maior dificuldade na soluode problemas, na descoberta de uma representao, seja,por exemplo, a descrio do problema ou, mais precisa-mente, um modelo do ambiente-problema, ou na desco-berta de um mtodo para resolver o problema?

    De um lado, alguns autores'' argumentam que, umavez encontrada uma representao adequada do ambien-te-problema, a questo de encontrar um mtodo pararesolver o problema relativamente trivial. Outros insis-tem, porm, que encontrar um mtodo para resolver umproblema representa uma dificuldade pelo menos igualquela de encontrar-se uma representao adequada,"

    Para mim, essa controvrsia sobre representaoversus mtodo representa os dois lados de uma mesmamoeda: com relao a certos problemas, encontrar-seuma representao a tarefa mais difcil; com relao aoutros, o difcil encontrar um mtodo. Dois problemasmuito simples tirados da literatura gestltica ilustraroos dois tipos de dificuldades.

    Problema onde a maior dificuldade est em encontraruma representao adequada - Reunir os nove pontosabaixo por quatro linhas retas sem tirar o lpis do papel.

    Rev. Adm.Empr. Rio de Janeiro, 24 (4): 146-149 out/dez. 1984

  • Problema onde a maior dificuldade reside em encontrarum mtodo - Obter um volume x de lquido com aaju-da exclusiva dos seguintes recipientes:

    Nmero Volume dosdados Volumedo problema recipien tes a obter (x)

    12 127 3 1002 14 163 25 993 18 43 10 54 23 49 3 205 28 76 3 25

    Para a presente discusso o importante chamar aateno para o fato de que, sendo a atividade de pesquisauma atividade essencialmente relacionada com a soluode problemas, ela exige do pesquisador uma capacidadetanto de encontrar representaes como de desenvolvermtodos.

    3. MODELO, TEORIA E PARADIGMA

    Existe uma certa confuso na literatura cientfica quan-to ao significado e uso dos termos modelo, teoria e para-digma. No nos deteremos aqui para uma discusso sobreo assunto. Bastar, talvez, indicar que, apesar da confu-so reinante, existe um certo consenso de que paradigma o termo mais geral dos trs, englobando mais de umateoria e, por sua vez, uma teoria pode incluir em seubojo vrios modelos. Entretanto, na concepo deTho-mas Kuhn. o termo paradigma, alm daquele sentidomais amplo, sociolgico, tem tambm um sentido restri-to, isto , psicolgico, que se identifica bem com o con-ceito do modelo.

    4. MODELO VERSUS MeTODO

    Para os objetivos deste trabalho, o termo modelo significauma representao isofrmica e sucinta do ambiente-pro-blema. Esta representao pode ser traduzida em lingua-gem matemtica ou verbal, mas essencialmente equiva-lente ao conceito de representao de problemas na men-te do ser humano proposto por Simon e Newell.

    Mtodo, por sua vez, um termo que aqui tem osignificado particular de manipulao ou tratamentode dados ou informaes de acordo com as exigncias darepresentao (modelo) escolhida para o ambiente-pro-blema. Uma conceituao, portanto, tambm paralelaquela sugerida para o termo por Simon e Newell.

    5. ESTUDOS DE CASO E DE DADOS AGREGADOS

    Alguns observadores" da evoluo da metodologia dapesquisa nas cincias sociais brasileiras tm notado umatendncia para uma preocupao demasiada de partedos pesquisadores com a amostragem e os testes estats-ticos de hipteses e com o emprego de modelos e algo-ritmos tirados do repertrio existente, a tal ponto queesse tipo de abordagem tornou-se quase uma condio

    Pesquilll em administraib

    sine que non para uma investigao ser considerada"cientfica" .

    Essa tendncia tem aparentemente levado pesquisa-dores em alguns casos a testar hipteses superficiais, aabandonar variveis importantes porque no so facil-mente mensurveis e mesmo a escolher temas de pesqui-sa no pela sua relevncia, mas pela possibilidade de sefazer uma anlise estatstica. Em resumo, Como se omdico estivesse preocupado mais com o bisturi do quecom o paciente.

    O resultado que essas pesquisas talvez nem estejamajudando a resolver os problemas especficos da socieda-de brasileira, aos quais deveriam se enderear, nem estocontribuindo para a construo de teorias que venham,mais tarde, ajudar a resolver ou minimizar, pelo menos,problemas mais gerais.

    Na minha opinio, uma das possveis satdas dessaesterilidade cientiftca seria um maior incentivo aos mto-dos de pesquisa que tm por objetivo principal, no adeterminao de caractersticas grupais, tendncias e va-lores mdios em geral, ou a abordagem de problemaspara os quais existem mtodos conhecidos e soluesgarantidas, mas sim a construo (e uso posterior) demodelos (modelagem) de processos sociais.

    Embora a representao de problemas, isto , amodelagem seja uma atividade essencialmente criativapara a qual no possvel, portanto, formular instruespara serem seguidas, existem, evidentemente, abordagensde pesquisa que a facilitam. Uma reviso da literaturasobre o assunto e minha prpria experincia indicamque os estudos de caso se constituem numa das aborda-gens mais eficazes e fecundas para a descoberta e poste-rior construo de modelos de processos sociais. A van-tagem de estudos de caso naturalmente ampliada quan-do vrios instrumentos de coleta de dados primrios (en-trevista, questionrio, observao direta) e secundrios(anlise de textos e sries temporais) so usados emconjunto.

    As limitaes dos outros mtodos de pesquisa socialso bastante evidentes. Os estudos de dados agregadosque atingem todo o universo-problema (isto , toda apopulao) so freqentemente impraticveis e antieco-nmcos, enquanto aqueles que utilizam amostras detamanhos variados, embora eficicentes, tm a grandedesvantagem de agregar sem integrar. Isto , os estudosamostrais so teis para estabelecer ou mensurar comconfiana (no caso de amostra aleatria) os parmetrosdo universo-problema. Por exemplo, digamos que umdos objetivos principais de uma determinada pesquisasobre o processo decisrio em pequenas e mdias empre-sas seja determinar se existe diferena significativa quan-to aos critrios usados para a tomada de decises entre asduas categorias de empresas; ento, uma amostragemaleatria estratificada seguida de anlise estatstica dosdados poderia resultar em concluses bastante confiveisem relao ao universo de pes~uisa. Um estudo nessalinha realizado em Joo Pessoa revelou, a propsito,que o empirismo predomina no processo de tomada dedeciso, independentemente do tamanho da empresa eque, alm disso, o arnbiente externo da empresa influen-cia fortemente e igualmente a atitude decisria dos em-presrios de ambos tipos de empresas.

    147

  • Os estudos de caso, por outro lado, permitem nos6 a abordagem de diferentes fraes do universo-proble-ma em qualquer perodo de tempo (ex-ante e exjJost)mas podem tambm abordar unidades que, isoladas douniverso-problema, 510 elas mesmas como que suasrplicas, anlogas ou miniaturas. Os estudos de caso]?odem, ento, atravs de uma "amostra especial" anali-sar eficientemente uma situao complexa, sem perderde vista a riqueza das mltiplas relaes e interaesentre seus componentes. Eles permitem uma profundi-dade de investigalo dos processos sociais impossvelde se alcanar atravs dos estudos de agregados. Porexemplo, Cyert e Marcha mostraram atravs de.um estu-do de caso (loja de departamentos) que a teoria econ-mica das empresas no adequada para explicar o pro-cesso decis6rio interno a essas empresas, demonstrandoque no caso analisado a empresa no visava maximizaros lucros como preconizava aquela teoria, mas sim con-quistar e inanter uma fatia do mercado da indstria.Estudos posteriores tm confirmado a validade dessainferncia para a maioria das empresas.

    Portanto, tanto os estudos de agregados como osestudos de caso podem trazer contrbuies importantespara 8 teoria e a prtica. Entretanto, os estudos de casopodem, partindo de um nivel de conhecimento tericoe empirico relativamente baixo, nos levar a uma contri-buio do mais alto ntvel de generalizao terica (isto, uma nova representao). Exemplos eloqentes dissoforam os estudos de caso conduzidos por Adam Smith eKarl Marx, que os levaram a formular, respeetivlIl$ente,as teorias econmicas da divisfo do trabalho e da Imais-valia. . I

    Naturalmente, os estudos de caso no pretendem sersempre geradores de novas representaes na forma demacroteorias ou paradigmas como os daqueles estudio-sos. Mais comumente procuram gerar modelos deecnti-vos e/ou normativos dos processos analisados. N casode problemas bem defintdos pode-se chegar at a modelosmatemticos. No caso de problemas mal definidos oumesmo aparentemente intratveis, como o caso da mai-oria dos problemas sociais, pode-se chegar a novas repre-sentaes muitas vezes na forma de modelos verbais.1I

    ~ importante salientar que administradores e toma-dores de deciso em geral, reclamam tanto, ou mais, afalta de modelos que lhes permitam entender e preveros resultados de suas aes, quanto de dados agregadosque lhes indiquem o estado geral da stuao do universodos seus interesses.

    6. PROBLEMAS DE VERIFICAO

    Os estudos que utilizam a amostragem aleatria e osteste de hipteses d!b comumente a impresso de serem,do ponto de vista cientfico, mais vlidos e precisosdo' que outros que Dio empregam frmulas e nmeros.Essa impresso muitas vezes falsa; pois os testes dehiptese indicam simplesmente com que grau de con-fiana podemos atribuir populao (ou universo)os parmatros mensurados na amostra, mas no indicamnecessariamente o grau de congruncia entre a teoria(representao) que porventura deu origem. hipteses

    148

    e os dados emptricos observados. Alis, no raro obte-rem-se em amostras sucessivas resultados estatisticamen-te significativos que confirmam hipteses diametralmen-te opostas.

    Na verdade, os critrios de verflcao cientfica soto aplicveis aos estudos agregados como aos estudosde caso. Desde que impossvel a caracterizao de umainduo emptrica como indubitavelmente verdadeira, oque caracteriza um fato como cientfico elIJ. oposioa um juzo de valor a possibilidade de que ele possaser verificado ou falsificado, ou; em outras palavras,que ele seja verificvel ou falsificvel em principio:1o

    Do ponto de viSta prtico, tanto hipteses como mo-delos podem ser submetidos a testes de validade internae externa. Por exemplo, a validade interna de um mo-delo descritivo ser corroborada na medida em que asexplicaes por ele proporcionadas conseguirem eliminarexplicaes rivais dadas por modelos alternativos. Avalidade interna de um modelo preditivo , naturalmen-te, dependente da acuidade de suas previses.

    Quanto validade externa de um modelo, s podeser verificada subjetivamente, ou. pela sua contnuaaceitao atravs dos tempos ou, a curto prazo, pela suasubmisso a um grupo de pessoas de reconhecida autori-dade no assunto e sua conseqente aprovao pela maio-ria dos membros desse grupo. Esse procedimento, alis,j. foi formalizado, por exemplo, atravs da tcnicaDelphos.

    7. CONCLUSES

    Partindo da teoria da soluo de problemas, este traba-lho tenta demonstrar que Os estudos de caso, alm doreconhecido valor didtico, tm um papel importante adesempenhar na pesquisa em administrao. Essa impor-tncia derivada do maior potencial dos estudos de casode produzirem novas representaes e, em particular, dese aprofundarm nas pesquisas que visam uma compre-endo de processos histrico-dependentes, como o casodo processo decisrio administrativo, tanto nos seusaspectos descritivos como normativos.

    O estudo de caso sugerido como uma sada eficazpara aqueles pesquisadores que se sintam numa espciede esterilidade cientfica, amarrados aos estudos deagregados, os quais visam quase exclusivamente a deter-minafo de caractersticas grupais, tendncias e valoresmdios, den tro dos limites de representaes ou modelosque j tm muito a oferecer em termos de inovaes.

    Os estudos de caso no garantem novas representa-es e solues para problemas persistentes ou intrat-veis, mas do maior margem para que o pesquisador seaprofunde nos seus estudos, no atravs de agregaes,mas sim atravs da integrafo dos dados, os quais soobtidos comumente pelo emprego smultneo de umavariedade de tcnicas, partindo-se muitas vezes de nveisde conhecimento muito baixos. Indicao clara disso510 as descobertas nas cincias sociais, incluSive na admi-nistrafo de teorias e modelos revolucionrios comoaqueles citados no texto.

    A impresso de que os estudos de dados agregadossIo mais precisos e mais confiveis 6 muitas vezes falsa,

    Revista de Administrao de EmpreltlS

  • pois alm de no ser raro obter-se, por exemplo, em es-tudo longitudinais resultados estatisticamente significati-vos que confirmam hipteses contraditrias, as conclu-ses oriundas tanto dos estudos de caso como dos estu-dos de dados agregados esto sujeitas ao mesmo princ-pio geral da induo 16gica: elas no podem jamais serconfirmadas definitivamente como verdadeiras ou falsas.

    1 Newell, Allen & Sirnon, Herbert A. HUTTUZnproblem solving.Englewood Cliffs, New Jersey, Prentice-Hall,1972.

    2 Problem-space o termo criado por aqueles autores-para indi-car o lugar da mente onde problemas 510 representados.

    3 POI exemplo: Polanyi, Michael. The tacit dimensiono GardenCity, Doubleady, 1967; Dunn Jr., Edgar S. Sociol inforTTUZtionprocel8ing and stlltistical 8)lstems; change and reformo New York,John Wiley, 1974.

    4 Simon 'e Newell encontram-se entre os autores que defendemesse ponto de vista.

    S Kuhn, Thomas S. A estrutw das revolues cientIficas. SoPaulo, Perspectiva, 1978.

    6 Moura Castro, Oudio. A pnJtica da pesquisa. So Paulo, Mc-Graw-Hill do Brasil. 1977.,

    7 Trisueiro, Carlos M. tomada de decisi nas pel/uenas e m-dias indstrfos de Joo Pessoa: UTTUZabordagem no setor de pro-duo. Dissertao de mestrado. Curso de Mestrado em Engenha-ria de Produo, UFPB,1979.

    8 Cyert, Richard & March, James. A behavioral theory of thefirmo EntIewood CUffs, New Jersey, Prentice-Hall, 1963.

    9 No se est enfatizando aqui o valor didtico dos estudos decaso, o qual reconhecido por todos.

    PUBLICAES

    10 Sobre o assunto ver: Moura Castro, C. op. cito p, 43-5.

    DAFGVPREOS VALIDOSATe 30.6.85

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    Pelllullfl em iJdmlni,tra., 149