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Análise 3T2019 Lojas Renner – LREN3 – 14/11/2019 Página 1
Lojas Renner - LREN3
"Você tem seu estilo. A Renner tem todos."
A primeira corporação brasileira com 100% das ações negociadas em
bolsa, ou seja, com capital pulverizado, onde não existe um controlador
majoritário, uma empresa que pode ser considerada exemplo de gestão
participativa e colaborativa, entende que precisa se adaptar às
mudanças de gerações consumidoras e focar em produtividade para
alcançar resultados.
Fundada em 1965 pelo empresário gaúcho Antônio Jacob Renner, era
uma loja de departamento que vendia de perfumes a móveis e
eletrodomésticos, um mix de produtos comum até os anos 70, mas que
perdeu força na década de 80. Na época ela já era listada na Bolsa
(1967, a Companhia transformou-se em uma empresa de capital
aberto), mas era dominante apenas no Rio Grande do Sul.
A empresa foi vendida pela família em 1998, para o grupo Americano
J.C. Penney, e Galló, naquela época, já era essencial na gestão da
companhia, à frente da Lojas Renner – a importância do executivo é
incontestável no mercado. Em 2005 o grupo vende o controle através de
oferta pública de ações na B3, tornando-se assim a primeira empresa
no Brasil a ter seu capital pulverizado (quase 100% das ações em
circulação). Veja a atual composição acionária:
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Hoje a marca está presente em todas as regiões do País, com os
seguintes negócios:
Lojas Renner, loja de departamento;
Camicado, adquirida em 2011.Segundo CEO, para atender um
público que adquiria mercadoria de casa e decoração nas lojas
Renner antigamente, e é a maior varejista nacional no segmento;
Youcom, especializada em moda jovem.
Ashua, moda plussize;
Realize CFI, que apoia o negócio de toda a rede através da oferta e
gestão de produtos financeiros. Os resultados dela podem ser
acessados nesse link –REALIZE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTO S.A.- CNPJnº 27.351.731/0001-38 – NIRE
43300060292 – Companhia Fechada. Mas para contextualizar, a
empresa encerrou 2018 com uma carteira de crédito de R$2,8
bilhões.
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Acompanhe a evolução/valorização acumulada da cotação desde 2005:
OBS.: como todos sabemos, José Galló deixou a presidência da
companhia após 27 anos no cargo, tornando-se presidente do conselho
de administração. Quem o sucedeu foi Fabio Adegas Faccio, que já
possui 20 anos de casa, e iniciou na empresa como estagiário.
Logística como diferencial competitivo
Os investimentos contínuos e estratégicos em logística e operação são
um destaque do negócio, desde o posicionamento dos centros de
distribuição para um atendimento mais eficiente das lojas, ou o modelo
de reposição inteligente, que organiza a distribuição com base nos
produtos que são mais vendidos naquela região, e não um mix pré-
formatado que era distribuído antigamente em araras padrão para
todas as lojas, sem levar em consideração o padrão do consumidor de
cada loja (região específica, método pushpull, além da automatização
dos centros de distribuição).
Nesse método, o abastecimento é mais eficiente, melhora o giro de
estoque, pois somente os produtos com maior demanda são enviados às
lojas, ao contrário do método antigo que ainda é usado em alguns
varejos, onde os centros de distribuição operavam com base em um
padrão único para toda a rede, fazendo com que muitos itens ficassem
dispostos em grandes quantidades e sem saída em alguns locais,
enquanto em outros existia falta de produtos (redução de 65% na
ruptura).
Ou seja, ela aumenta o faturamento, pois tem o produto certo no local
certo, reduzindo perdas com falta, mas também com excessos. A base
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desse sistema é o Lean, que tem foco em reduzir estoques e atender
com eficácia a necessidade do cliente, que é o que de fato irá gerar mais
demanda recorrente e fidelização da marca, sem assumir assim grandes
riscos de estoques, que nesse segmento (sazonal) podem gerar perdas
consideráveis se não forem administrados corretamente.
Exemplo: perda de rentabilidade ao deixar de vender produtos, pois a
mercadoria mais procurada vende mais rápido, e como tudo era
recebido padronizado, recebiam produtos que não eram vendidos,
ocupando espaço na distribuição e na loja, encalhando peças que
posteriormente seriam postas em promoções (queima de estoque que
pode ser identificada no balanço) para que sejam finalmente vendidas.
Quem tem alguma experiência na área sabe que a gestão de custos
(armazenagem/estoque/movimentação/distribuição) em uma análise
apresenta comportamentos diferentes em relação a essa escolha de
posicionamento: algumas aumentam, outras recuam, dependendo da
rede (quantidade/localização etc.). Portanto, um equilíbrio entre os
custos apontará a malha mais eficaz, não se trata de uma decisão com
uma única variável, empresas são complexas... Logo, análises não
podem ser com bases simplistas.
A Renner reconfigurou a malha logística para tornar o processo mais
eficiente. Ela possui um CD crossdocking em São Paulo, essencial para
essa atividade, e centralizou as operações logísticas da Youcom no CD
de Santa Catarina (isso é impactante em custos, de acordo com a
localização das lojas, além da possibilidade de compartilhamento da
carga com a distribuição efetuada para as lojas Renner, o que reduz
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substancialmente custos; também existe a questão de benefícios
fiscais).
Ela conta também com um programa de logística reversa, o EcoEstilo,
que tem como slogans:“EcoEstilo. Faça essa ideia circular” e “A beleza
fica com você, a embalagem com a gente”.
Inclusive já falamos sobre economia circular nos relatórios disponíveis
aqui na área de podcast.
Esse serviço já está disponível em todas as lojas, para descarte de
embalagens e frascos de perfumaria e beleza, e em 15 lojas para roupas
– a empresa informa que está aumentando esse número para 50 lojas. A
triagem é efetuada por um terceiro, que determina se é possível
reutilizar (upcycling, doação ou reciclagem), ou se a peça será
descartada (corretamente).
PS: upcycling nada mais é que usar a peça para transformar em um
novo produto, sem precisar reciclar totalmente.
Em 2018 a empresa também criou modelos e algoritmos de predição de
demandas no intuito de ter maior previsibilidade no nível de estoque,
além da digitalização do processo de sortimento. Assim, com as
informações no sistema, a empresa terá condições de monitorar com
maior eficiência as informações do consumidor em relação aos
produtos/coleções, sendo possível, caso seja necessário, promover
mudanças nos pedidos da cadeia de fornecedores, promovendo assim
um mix que tenha um nível de aceitação cada vez maior.
Solução de Inteligência Artificial, com intuito de calcular a
probabilidade de sucesso das coleções, e assim obter maiores
informações para tornar mais acertado o mix; projeto piloto para uso do
blockchain na rastreabilidade da cadeia de fornecedores de revenda.
Além de:
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Retirado do material de divulgação da companhia
Antes de falarmos sobre os resultados, veja a evolução da receita da
companhia, com crescimento de 11,8% nos últimos 5 anos:
Resultados do Terceiro Trimestre de 2019
Gravei um podcast com os resultados da companhia, na semana
passada, e está disponível aqui na área de podcast(clique aqui).
Os principais destaques do trimestre foram (comparação com mesmo
período de 2018):
Aumento da receita líquida em 12,9%; crescimento do SSS de
6,9% para 8,3% e do lucro bruto em 13%, porém a margem bruta
permaneceu a mesma, 54,3%.
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As despesas operacionais recuaram 2,3%, assim como seu
percentual sobre a ROL, que recuou de 40% para 34,6%.
Já o ebitda recuou 1,2% e a margem ebitda 1,9%.
Resultado de produtos financeiros cresceu 19,2%.
Ebitda das operações conjuntas cresceu 3,9%, porém a margem
ebitda ajustada recuou 1,6%.
ROIC reduzindo de 22,2% para 21%.
Lucro líquido recuou 2,6% e a margem líquida ficou em 3,8%,
contra 11,3% no mesmo período de 2018.
Acompanhe abaixo a imagem, retirada do release, com o número de
lojas abertas e encerradas pela companhia, além da margem bruta de
cada marca:
No total são 8 novas lojas. A empresa conta agora com 368 unidades,
sendo 7 no Uruguai e 5 lojas da marca Ashua. A Youcom encerrou uma
loja no trimestre, e no total, considerando os nove meses de 2019,
foram abertas 26 lojas, sendo 14 Renner, 8Camicado e 4 Youcom.
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A empresa cita que a redução dos resultados na Camicado ocorreu
devido a problemas de estoque, que ocasionaram falta de sortimento e,
consequentemente, queda de volume. Já na Youcom, a empresa ganhou
rentabilidade, fruto de uma boa aceitação da coleção de transição e da
correta gestão de estoque.
Na Renner, a empresa cita que a coleção de inverno foi bem recebida (o
frio ajudou e os estoques da coleção tiveram saída), deixando assim
caminho para a coleção primavera/verão. Porém, o efeito negativo do
câmbio contratado para os produtos importados acabou refletindo no
resultado, e aqui vale lembrar que ela possui um escritório na China,
prática comum em todas as redes.
Antigamente, as empresas de lã e de couro nacionais eram responsáveis
por suprir esse mercado interno; hoje essa mercadoria vem de fora,
porque a maioria dessas empresas nacionais que também exportavam
perdeu mercado devido à concorrência acirrada e falta de
incentivos.Atualmente, metade do mix de produtos que a empresa
importa é justamente de roupas de inverno.
Em relação ao ebitda, a companhia cita que na base comparativa é
preciso considerar que nesse trimestre houve uma menor recuperação
de créditos fiscais, que alterou o valor pago em IR/CSLL em 37,9% e
aumento no provisionamento do Programa de Participação nos
Resultados, além da adoção do IFRS16, sobre o qual já falamos aqui e
citamos como isso pode impactar o balanço das companhias.
No resultado dos produtos financeiros, o crescimento, como citado
anteriormente, foi de 19,2%, porém as perdas líquidas chamam atenção
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pelo percentual elevado, mas a empresa justifica que esse aumento
ocorreu principalmente devido ao fato de que houve aumento de
provisionamento do Private Label, como consequência das transações
que passaram a ser contabilizadas na RealizeCFI.
Esse fator ocorre, segundo a empresa, como uma “consequência do
arrasto nas transações que passaram a ser contabilizadas na Realize e
da menor recuperação de crédito. O conceito do arrasto leva todo o
débito em aberto para a piorfaixa de atraso do cliente”.
Quando analisamos a classificação interna de qualidade de risco de
crédito, temos, nos cartões, de 49% a 63% classificados como risco
baixo: clientes com probabilidade menor ou igual a 9,3%, de apresentar
atraso superior a 60 dias do vencimento (percentual que baixou na
comparação com ano passado); e nos empréstimos pessoais, 45,7% no
médio-baixo risco: clientes com probabilidade maior do que 9,3% e
menor ou igual a 16,8%, de apresentar atraso superior a 60 dias do
vencimento; e 32% no risco médio-alto: clientes com probabilidade
maior do que 16,8% e menor ou igual a 31,3%, de apresentar atraso
superior a 60 dias do vencimento.
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O Resultado Financeiro Líquido negativo aumentou 30,1% na
comparação com terceiro trimestre de 2018; a geração de caixa livre da
companhia aumentou 34% devido à menor necessidade de capital de
giro.
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Ainda sobre o endividamento da empresa, podemos observar que o
endividamento líquido até esse trimestre, quando comparado com a
posição ao final de 2018, subiu de R$ 505,5MM para R$ 659,4MM, com
o índice de alavancagem financeira subindo de 12,78% para 15,43%.
Na queda do lucro líquido a empresa cita que, quando retirados os
fatores não comparáveis da análise, o resultado teria aumentado 24,6%,
e a margem líquida 1p.p., sendo que esses fatores são, como citado
acima, referentes à normalização da alíquota efetiva de IR ( R$ 17,4
milhões, relativos à dedução fiscal do Programa de Alimentação do
Trabalhador – PAT). Acompanhe os resultados da controladora:
Observe que, apesar de um resultado antes de IR/CS menor que no ano
passado, o fator de alteração do PAT representou uma queda das
exclusões da base de cálculo, parcialmente compensadas pelo resultado
das participações societárias. A alíquota efetiva aumentou de 9,83%
para 11,05%.
E agora o consolidado:
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Há também o IFRS16, onde nas contas patrimoniais são reconhecidos
todos os compromissos futuros originados dos contratos no escopo do
arrendamento, sendo o ativo de direito de uso igual ao passivo de
arrendamentos a pagar ajustados ao valor presente de R$ 1.932.557 no
Consolidado.
Aqui podemos ter uma ideia do impacto nas contas, lembrando que as
imagens foram retiradas do ITR da empresa:
Para finalizar, vamos comparar os resultados de varejo e dos produtos
financeiros no terceiro trimestre e no acumulado dos nove meses, sendo
a base comparativa 2018x2019:
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Observe que houve aumento no lucro bruto trimestral em 2019 e
também no comparativo dos nove meses, tanto no varejo quanto nos
produtos financeiros. Porém, queda no resultado da operação no
trimestre, devido a custos maiores e despesas maiores de operação; nos
nove meses, segue superior.
Nos produtos financeiros, o movimento segue crescente em todas as
bases comparativas.
A empresa negocia hoje:
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PL: 39x
P/VP: 9,38x
ROE: 23%
ROIC: 24%
LPA: 1,29
Dívida bruta/Patrimônio Líquido: 0,40x
Ao analisar múltiplos, lembre que P/L (preço sobre lucro), P/VP (preço
valor patrimonial) e VP (valor patrimonial) são estáticos, pois os dados
são retirados do Balanço Patrimonial, que é uma fotografia do exercício
passado. Eles só serão compreendidos quando você entender o que o
mercado está enxergando para o futuro daquele negócio, e geralmente
ele vê: dívida baixa, alto market share, capacidade para otimizar
operações, capital e expertise para projetos de melhoria nos processos,
incluindo a automação, que via de regra aumenta a rentabilidade, pois
reduz os custos com estoque.
Os ativos podem crescer, independente do ciclo econômico que se
encontram, quando ocorre uma gestão adequada, e isso vai refletir nos
múltiplos dos negócios, que são informações obtidas através dos dados
de resultado (DRE) e contábeis (BP).
Muitas pessoas questionam o motivo pelo qual o mercado precifica esse
ou aquele ativo, analisam o múltiplo isolado como único parâmetro e,
ao fazer isso, podem cometer alguns deslizes, acreditando que aquele
número não justifica o resultado do negócio.
Informação é dinheiro, quando sabemos o que fazer com ela.
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Até a próxima semana.
Patrícia Rossari
Analista de Negócios – Especialista em Logística.
A Renner é sem dúvida uma empresa que chamamos de High Quality
(HQ). Uma empresa que conseguiu melhorar tanto seus processos de
distribuição, vendas e concessão de crédito, que passou a ter uma
vantagem competitiva frente às demais empresa do setor.
Empresas como a Renner e outras HQ em seus setores, como
Multiplan, Localiza, Ambev, Wege, são precificadas de forma mais
esticada em seus setores por dois motivos. Primeiramente, o passado
mostra que mesmo em períodos de recessão, a empresa conseguiu
continuar crescendo e, em segundo, porque a taxa de desconto utilizada
em modelos de precificação costuma ser menor, gerando um preço justo
maior.
A primeira comparação que muitos analistas fazem quando analisam
Renner é compará-la com a Guararapes, dona das Marcas Riachuelo.
Os negócios são bem similares. Lojas físicas, varejo de vestuário, uma
financeira para concessão de crédito, no entanto, a execução dos
projetos completamente diferente.
Veja a tabela comparativa abaixo:
Indicadores Renner (LREN3) Guararapes (GUAR3)
Número de Lojas 368 apenas Renner 318
Lojas abertas desde 2016
68 27
Venda por m2 9M2019
R$ 7762,00/m2 R$ 5462,80/m2
Acréscimo de área
desde 2016
121 MIL M2 41,7 MIL M2
Crescimento de Receita Líquido
9M2019 x 9M2018
15,1% 3,0%
Ticket médio total xxxxx R$ 129,6
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Vencidos sobre a carteira de crédito
20,6% 22,4%
Margem Bruta de
mercadorias
55,4% 49,2%
Interessante observar a tabela acima, porque a gente sai do campo dos
indicadores financeiros tradicionais e entra nos indicadores
operacionais.
Nestes indicadores, vemos que a Renner abriu mais lojas desde 2016,
logo estas lojas irão maturar e gerar um maior crescimento da receita
líquida no futuro. Vemos ainda que a Renner é mais eficiente que a
Riachuelo, ao atingir uma venda quase 50% maior por m² e com uma
margem bruta de mercadorias maior.
A Guararapes, para crescer suas vendas, abusa da concessão de crédito
em seu cartão Riachuelo, mas que possui uma parcela de créditos
vencidos sobre a carteira de crédito maior, o que gera um PDD ou uma
possibilidade de inadimplência maior.
Estes fatores acima, que estão relacionados à operação, é que são a
causa da Renner parecer esticada nos indicadores financeiros, que
agora sim eu os apresento abaixo.
Renner (LREN3)
Guararapes (GUAR3)
GUAR3 Excluindo não
recorrente 4T18
Preço / Lucro 37,8 x 8,5 x 23,2 x Preço / Valor Patrimonial
9,1 x 2,0 x 2,0x
Margem Bruta 60,7% 64,2% 64,2% Margem Líquida 11,1% 15,4% 5,64%
ROE 24,0% 23,2% 8,5% Dívida Bruta / Patrimonio
Líquido
39,7% 55,4% 55,4%
Yield e Payout 1,1% e 42,8% 2,5% e 21,0%
2,5% e 56,2%
Dados Guiainvest
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Obs.: A Guararapes creditou, no 4T2018, R$ 684,7 milhões do principal
+ R$ 483,1 milhões de Receita Financeira correspondente à exclusão do
ICMS da base do PIS e Cofins. O impacto no lucro líquido foi de R$
737,6 milhões (já exclui o Imposto de Renda sobre os créditos).
Fica claro olhando os dados acima ajustados da Guararapes, que na
verdade a Renner é muito mais barata que ela. Na minha opinião, vale
muito mais a pena pagar 60% de ágio no Preço/Lucro por uma
companhia que tem tantas vantagens já citadas no texto, além do dobro
de margem líquida.
A minha afirmação acima não significa que a Renner irá subir e nem
mesmo que a Guararapes irá cair. Mas em um comparativo de um ano,
a tendência é que a Renner tenha uma valorização maior ou uma
desvalorização menor que a Guararapes.
Outro ponto interessante de se observar em Renner são os seus
dividendos. A maioria dos investidores, assim como eu, os considera
pequenos. Mas aqui eu gostaria de pensar de uma forma diferente.
Vamos pensar no crescimento dos dividendos, assim como fizemos na
análise de Arezzo(clique aqui).
Observe a imagem abaixo e veja que, em um dado momento, a Renner
mudou sua política de distribuição de dividendos de 75% dos lucros
para 40% dos lucros, o que reduziu pontualmente os dividendos, mas a
fez crescer com maior velocidade, inclusive durante a recessão, quando
outras, como Restoque, Marisa e C&A tiveram problemas.
Dividendos Pagos Payout
2019 R$ 190,6 milhões 40% 2018 R$ 408 milhões 40% 2017 R$ 293,2 milhões 40%
2016 R$ 250,2 milhões 40% 2015 R$ 231,9 milhões 40%
2014 R$ 188,7 milhões 40% 2013 R$ 163,2 milhões 40% 2012 R$ 266,6 milhões 75%
2011 R$ 252,7 milhões 75% 2010 R$ 231 milhões 75%
2009 R$ 142,2 milhões 75%
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2008 R$ 45 milhões 25% (Crise externa) Total
Obs.: ainda faltam um dividendo e um juros sobre capital próprio
referente ao ano de 2019. Expectativa de R$ 420 milhões no total.
Percebam acima que, apesar da redução da distribuição de 75% do
lucro para 40%, a partir de 2013, os dividendos pagos cresceram de R$
142 milhões em 2009 para R$ 408 milhões em 2018.
Eu, particularmente, gosto muito de olhar este crescimento de lucros e
o crescimento de dividendos.
Avaliando a imagem abaixo do histórico de Preço/Lucro, vemos que é
uma companhia que está nas máximas, batendo em quase 40x de
Preço/Lucro, o que demandaria um cuidado na compra.
Os motivos para esse valor são principalmente seu crescimento de
Lucro Líquido ao longo dos últimos anos, que alcança uma taxa média
anual composta (QAGR) de 18,4%, associado à menor taxa de juros da
história.
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Ao comparar com Arezzo (37,1x), Vivara (42x), RD Raia Drogasil (45,1x)
e Magazine Luiza (70,8x), vemos que ela é uma das mais baratas dentre
as chamadas high quality no Varejo.
O preço justo pelo modelo de Gordon, caso a companhia continue
crescendo os 18,4% dos últimos anos pelos próximos 6 anos, e depois
por 10 anos 11% ao ano, e finalmente na perpetuidade crescendo
nominalmente 6% ao ano (igual ao PIB de 2,5% + 3,5% de IPCA), o
preço atual corresponderia a uma taxa de desconto de 9,50% ao ano.
Uma taxa baixa para os padrões do Brasil, mas que atualmente
representa 190% do CDI e 150% do CDI projetado de 6,5% ao ano para
o longo prazo.
Concluindo: para alguns investidores, principalmente aqueles que estão
migrando da Renda Fixa para a Bolsa em busca de um retorno um
pouco maior de longo prazo, seria uma boa compra, por focar na
qualidade do ativo e pelo potencial que ele tem de gerar um retorno
muito maior que o CDI atual.
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Disclosure
Elaborado pelo analista independente Daniel Isaac Nigri, CNPI 1810, este relatório é de uso
exclusivo de seu destinatário.
Este estudo é baseado em informações disponíveis ao público nos próprios sites de RI das
empresas analisadas ou comparadas, consideradas confiáveis na data de publicação. As
opiniões, aqui expressas, estão sujeitas a mudanças, por se tratarem de estimativas baseadas
em fundamentos e projeções de futuro, que podem ou não ocorrer.
As análises, informações e estratégias de investimento têm como único propósito fomentar o
debate entre o analista responsável e os destinatários. Os destinatários devem, portanto,
desenvolver as próprias análises e estratégias (ou seja, “caminhar com as próprias pernas” e
ter bom senso).
O analista responsável pela elaboração deste relatório declara, nos termos da Instrução CVM
nº 598/18, que as recomendações do relatório de análise refletem única e exclusivamente
asua opinião e foram elaboradas de forma independente.
O analista Daniel Isaac Nigri CNPI é o responsável principal pelo conteúdo do relatório e pelo
cumprimento da Instrução ICVM 598.