LIVRO DEPOIS DACHUVA PRONTO PARAIMPRESÃO

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PRETO MICHELBelém - PA

2020

Letras Periféricas

APRESENTAÇÃO

Depois da chuva sempre haverá A mais linda das poesiasSeja para a minha amada Seja para minha quebrada

Depois da chuva Todos os dias Depois do almoçoDeitado na redeSentado na varanda

Boa leitura Sejam bem vindos

Preto Michel

Então

Vamos

Começar

O sarau

SOLO SAGRADO

No quintal de casaAqui no terreiro Tem um péDe algodãoE um formigueiro

Um pé de tambatajá Protegendo os Guerreiros e as guerreiras Ungidos pelos guias

Terreiro de umaHerdeira africanaCheia de ancestralidade Aqui no quintal de casaProtegido pelas entidadesNo quintal de casa aquiNo meu terreiro Salve meu pai OGUMSalve São Jorge Guerreiro

Depois Da Chuva

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UM SONHO REVOLUCIONÁRIO

Um sonho revolucionário Almoço e janta

Em cima da mesa E dentro do armário

Uma luta coletivaFamília reunida

Trabalho de sol a solNos corres todo dia

Um sonho revolucionário Um abraço

Um cansaçoLágrimas

Mais um pretoUniversitário

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DIA DE LAZER

Vamos paraA praiaCacimba ouIgarapé

Não esquece O frango A farofa A sandália no pé

Águas Doce ou salgada Com fortes maresias Vamos lotar a VANChama a família

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Depois Da Chuva

CÉU DE VERÃO

Na janela da minha CozinhaO sol se despede Das pipas E das andorinhas O vento se silencia Acalma o mar Vai embora A maresia

Da janela Da minha varanda Vejo um pé de açaí Vejo um pé de laranjaUm copo de cachaça Um violão e uma ciranda Da janela do meu quarto Com um pedaço de boloUm beijo no rostoUm abraçoE um amor gostoso

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INSÔNIA

É pelo amor Pela cor Pelo suor Ódio E rancorÉ pelo QuartoApertado Sonho roubado Um dia Rejeitada Que nós Resistimos Na quebrada Uma mulher Um meninoUm únicoDestinoA insôniaA madrugada A poesia Na vida De uma empregada

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Depois Da Chuva

DIA DE OXALÁ

Mais um dia De trampoUma sextaUm canto No encanto Do meu amor

O cansaço Desmancha No abraço Que elimina Nossa dor

Sexta de Oxalá Na prece Que aqui está São Jorge No altar Obrigado Vou me deitar

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NO FINAL DO MÊS E no final chegando Uns felizes Outros reclamandoUns cantando Nós aqui rimando Eles dançando E ela ali brincando

E as dívidas?Vixi, nem quero pensar Não vou me desesperar Deixa o inverno chegar

Dia 31 e o invernoChegou Choveu muitoA casa alagouO prestação na porta bateuAi, meu Deus! O dinheiro desapareceuEle puto respondeu!Dia 31 e o dinheiro acabou?

Sim, meu senhorPaguei água, luz, aluguelNão tenho vida de doutor Sou mais um endividado Trabalhador

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Depois Da Chuva

SER PROFESSOR

Era na segunda Na terça Na quarta Quando eu recebi A tua carta: - Vou te pegar, te arrebentar!

No momento não sabia o que fazerTe denunciar, te enfrentar Até mesmo também te arrebentar!

Mas parei, chorei, lembrei Dos meus mestres Dos meus professoresDos oprimidos e opressoresLembrei da minha missão Da transformaçãoQue temos que fazer como professores Fui ao teu encontro Enfrentei todos que te julgavam como monstroConversei, te ouvi, lágrimas.. Só queríamos mais um ombro

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Naquele momento não éramosMais inimigosEu era seu professor Você meu alunoMas também éramos amigosUm aprendizado pra vida Anos se passaram Sua juventude Nunca foi perdida

Ontem recebi o seu telefonema

- Oi professor, quero lhe agradecerOntem me formei em Analista de Sistema....

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Depois Da Chuva

UM SALVE ANANINDEUA

Ananindeua, 76 anosUm salve pras minas Um salve pros manosUm salve às quebradasLindas de rimarIcuí, CN 6Guajará e os manos do Paar

O bairro do UnaQue morei quando criançaÉgua da saudade doConjunto Jaderlândia Coqueiro, Atalaia, Guanabara E o bairro Castanheira,Aurá e o lindo bairro Das Águas Brancas Minha segunda casa E da minha companheira

Da Cidade Nova 01 até o 08O cheiro gostoso na BR Da fábrica de biscoito

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Águas Lindas, PedreirinhaDistrito Industrial, Júlia SefferJibóia Branca e CuruçambáMinha querida AnanindeuaTotal respeitoÀs quebradas desse lugar.

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Depois Da Chuva

LITERATURA DA PERIFERIA

A literatura da periferia Que assusta a tal família brasileiraDizem que escrevemos erradoDizem que só falamos besteira

Eles têm que ficarMesmo assustados Chegou a hora da Periferia dar seu recado

Escritas de revoltas Amor, luta e atos RevolucionáriosEscritas de famílias E liberdade De orgulho e dignidade

Recado de um lugar De crianças brincado na ruaOu vindo das escolas Da chuva da tardeDo café com tapioca

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Escrever sobre famílias Que lutam para sua sobrevivênciaNas suas narrativas Verdadeiras escrevivênciasA literatura negra periférica Que assusta a tal família de bem Se ficar no nosso caminhoVai ser atropelada também.

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Depois Da Chuva

A MAGIA DO SORRISO

Eu prefiro a magia do circoE a piada do palhaço Um coelho na cartola Uma gargalhada e um abraço

Eu prefiro a magia Do papai Noel pretoVendedor de jornal Ganhando seu ganha-pãoPara comprar a ceia do natal

Eu prefiro a magiaDos banhos de cheiroA reza e a mandingaPra ganhar dinheiroA benção do pajé O velho curandeiro Pra fechar o meu Corpo inteiro

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Eu prefiro a magia Do beijo Teu corpo meu desejoUm suspiro O teu cheiro Eu prefiro a magia Do teu canto e tua alma O batuque e teu corpo Na gira te admirarA magia da palavraA poesiaQuero te presentear.

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Depois Da Chuva

A VOLTA PRA QUEBRADA

Na volta pra quebrada Desço aqui na feira Compro tapioca, pupunha E macaxeira Encontro os velhosAmigos da escolaSegura a criança Segura as sacolasTem a rapaziada Vindo da bolaInfelizmente os molekes Cheirando coca Passei e dei um Abraço na tia Noca Vai andando a tia atualizandoUm grupinho na esquinaTodos fofocando Do Tonico que uma Semana faleceu Do neto que aindaNem nasceuMas sua história Aqui na rua já comoveuNa casa da vizinha vou dar uma parada Tomar uma água Uma bem geladaAproveitar o caféQue da vizinha Vem com uma cocada..

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NOITE FELIZ

Noite felizNoite felizÓ senhor Deus do amor Quero uma noite De paz Sem balas Sem toque de terror

Noite felizNoite felizÓ senhor Deus do amor Queremos a criançada Brincando nas calçadas Risadas, correriasUma bola, um carrinhoA felicidade da gurizada

Noite felizÓ doutor Me pague sim senhor Quero meu salárioMeus direitos Minha dignidade Quero mais justiça Quero a minha liberdade

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Depois Da Chuva

Noite felizMeu amor Faz favorTraz um vinhoUma gelada Um panetone E a caixa de som Emprestada.

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OBRIGADO SP

Obrigado SPFoi bom te ver Os amigos rever Reencontrar um povoLindo e reconhecer A diáspora africana Em SP

A Sampa de sempre Com o pastel aqui na frenteO Samba e o RAPO abraço e o sorriso De muita gente

O aperto e a velocidade Do metrô O grito e as gírias do camelôNa 25 de Março ou no Braz - E aí casal?- Tudo pela Ordi?- Tudo pela paz?

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Depois Da Chuva

Eita SP Que vai deixar saudades Emi, Diego, RuivoAnselmo, ToddyAna Carla, SarahParceiros de verdade

A SP Do calor e do frioNo mesmo dia Um até breve SPLogo estaremos juntosToda a quebrada Toda a famíliaRepresentada.

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DEPOIS DA CHUVA

Depois da chuvaNa parada Camisa encharcadaO busão passaO motorista te vira a cara Uma mangaNa sacola pesada Preocupada pra quandoChegar em casa Não encontrar A frente alagada..

Lavar, passar Eita vida De empregada..Depois da chuva No ombro gostosoDa pessoa amada

Um carinho Um sussurroNa redeDe madrugada Lençol a dois Dois corpos Apaixonada...

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Depois Da Chuva

Depois da chuva De manhã cedoO frio A água gelada Ônibus lotado Mais um dia de trabalhoFone no ouvidoOuvindo O rei Roberto Carlos.

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FILHO DA EMPREGADA

Assim falou aRica indignada: - Mas que absurdoO filho da empregada Estudando do ladoDo filho da empresária

Aí nós respondemos:Aguenta playboyzada Vocês ainda não viram nada O pobre preto e preta Vai ser doutor Engenheiro E vamos rir da tua cara

Vamos entrar nessa academia De qualquer jeitoEssa universidade é nossa Por direito

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Depois Da Chuva

Seu dinheiro não vai Valer de nada Quando o filhoDa empregada Se formar E libertar os outros pretos Da senzalaVamos ter mais Saber e educação Criar mais quilombos Para a luta e revolução

Gritar na tua cara Dialetos da periafricania E nas primeiras filas Estarão nossos Pais, irmãos, avós e sobrinhos

Nossas utopias e sonhosEstão mais presentes Segura teu rancor Porque vai ter sim Pretos e pretas nas universidades Sentados na tua frente.

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TARDES DE INVERNO

São nas tardes de inverno Que mais sintoSaudades de você O café com tapioca Ovo frito e farofa

Nós dois deitadosEm nossa rede A foto da Carolina Na parede

O pôr do solNa janela desaparecendo Pegar aquele livroQue estou lendo

São nas tardesDe inverno

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Depois Da Chuva

O barulho da criançada Brincando de bolaNa rua de piçarra Logo após a escola São as chuvas De inverno que estão Chegando Eu do teu ladinhoMe embrulhandoMe aconchegando Aquele céu escuroAnunciando As noites de inverno Um frioUm amor Alucinante.

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PELO MENOS UMA ÚLTIMA VEZ

Queria sentir O vento soprar Pelo menosUma última vezQueria esquecer Tudo de errado Que fiz pra vocês

Agora perceboQue tinha umMundo lindo Queria estar com vocêsSó mais um tempinho

A partida Sempre é difícilSinto-me caindoEm um buraco fundoUm grande precipícioAqui nessa prisão Somos loucosCada cela um hospício

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Depois Da Chuva

Lembranças e lamentosTemos que ser fortesEm todos os momentosOntem sonheiCom a Pedrita me dizendo:Pai, quando o senhorVai voltar?Acho que estou te perdendo Suas palavras Ficaram guardadas no pensamento Queria abraçar minha filha Égua do medo de me matar

Vou tentar dormir Ou ler um livroLer umas poesias Enviadas por um Querido amigo.

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Depois Da Chuva

VENDEDOR DE TEMPERO

1 ano sem emprego Depois de chegar ao limiteA beira do desespero Um senhor humildeHoje me ofereceuUm emprego

Depois de um convite Para roubar Até eu pensar Em me matarTrabalhar Uma enxada E uma pá Um terreno Pra capinarFoi a saída para Não me jogar

Hoje chegou o fimDo desespero Bater nas casas Das pessoas Sou vendedor de tempero

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Alguns batendo A porta na minha caraAlguns oferecendoUm café, uma água Uma torrada Hoje estou felizPor inteiroCom orgulhoVendedor de temperoMeus filhos hoje Vão jantar Ter paz e sossego

Às vezes precisamos De pouco pra viverFazer vários corresPara sobreviver Na periferia Não temos tempo para vaidades Pagar dívida e comer Essa é a verdadeA dignidade vale mil gotas de suor Trabalhar para um dia viver melhor.

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Depois Da Chuva

REINTEGRAÇÃO DE POSSE

5 da manhãAinda não consegui dormirÓdio, neurose, raiva Vontade de desistir

Crianças, adultos e idososVão ter que sair Amanhã da ocupaçãoVários vermes com cachorrosMarchando com armas na mão

Várias famílias Que não terão Para onde ir Famílias desabrigadas Não terão onde dormir

Gritos, lágrimas, correria Começa uma confusãoBombas, balas de borrachaVárias explosões Os vermes invadem e dizem:

- Todo mundo saindoBando de ladrão

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A repórter da TV Diz: A propriedade é privada O empresário tem razão Ele está defendendo Seu ganha-pão

Reintegração E a ordem do juizEntão eu pergunto:Meu Deus, por que tanto sofrimentoO que foi que te fiz???

Fomos jogadosNa rua como lixoTô vendo o trator O caminhão e o carro do guinchoEstão destruindo Meu sonho, minha casaQue terrível registro

Aqui construí Minha família Aqui era meu larOnde eu lutava E vivia minha vida

Um só lamentoNa ocupaçãoMais um terrenoOcioso daqui a um mês Na conta do patrão.

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Depois Da Chuva

MEU AxÉ

Respeite meu Axé Como eu respeitoSeu Amém Sou ciente Não sou crenteMas tenho fé também

Se você tem féEm Jesus Cristo Para orar Tenho minha mãe OxumE o meu pai Oxalá

Se o seu domingoÉ salvo para o senhorTenho no terreiroTenho a gira E o som sagrado do tambor

Se você é crente E crê na BíbliaEu creio na coletividade Do terreiro e da minha família

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Se você acredita nas Pregações do teu pastor Nós acreditamos Na proteção dos nossosGuerreiros Ogum e Xangô

Se você acredita No castigo e no perdão eternoNós acreditamos na paz E no amor fraterno

Respeite meu CandombléComo respeito Jesus CristoSão Jorge Nossa Senhora de Nazaré Respeite aqueles Que não andam sóRespeitem as pretas E os pretos e o meu Axé.

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Depois Da Chuva

NO FINAL DO ARCO-ÍRIS

Em um lugar No final do arco-íris Onde canta a coleiraOnde canta o sabiáUma mãe com seus filhos Uma rede Muitas cantigas de ninar

Em um lugar No final do arco-íris Lágrimas são De felicidades e orgulhoNão terá mais mãesDe luto A paz, justiça e dignidadeLado a lado todos juntosEm cada casa, em cada lar

Em um lugar No final do arco-írisOnde jovens negrosNão são executados Pretas e pretosSão exaltados Por serem estudantes Na graduaçãoE no mestrado

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Em um lugar No final do arco-íris Tem uma casa de madeiraUm fogão de barroE uma cadeira Um livro Um chá de cidreiraMinha rainha Esperando eu chegar.

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Depois Da Chuva

NO CENTRIM

De noitimOs brankimQuerem meu dindim Nas festinhas no pubim Bem descoladim Chega logo te abraçadimMas está louco pra mim saim Faz batuque de pretimNa calçada chama a policim Mete porradimSó nos pretimFaz textimNo facebookimPassa pano pro sistemimE no final Nós que somos os lizim.

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PARA ÁGATHA

Fico com teu sorriso Lindo, vestida De Mulher MaravilhaDas brincadeirasJuntas com suas amigasJogando e brincando De amarelinhaFico com teu sorrisoIngênuo de esperança Os anjos te levandoPara a cirandaLá no paraísoVocê vai continuar A brincar.

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Depois Da Chuva

SEGUE A SINA

Segue a sina femininaUma preta Era uma menina Hoje já tem Uma cria, uma filha Sai cedo Bem cedinho

Exposição no solAssédios, racismoPreconceitos, xingamentosNo farol Então segue a sina Todo dia Da mulher Preta feminina Conseguir comidaPara sua cria

Saber que à noite Vai voltarPara quebradaPara seu lar Ver uma mensagem No celular:

- Mãe, boa sorte tá!Ela sabe que vai precisar

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Mais que sorte Pelo menos10 reais para voltar Comprar 5 ovos 1 kg de farinha pra jantar.

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Depois Da Chuva

FLORES DO LIXÃO Sim, no lixão Nascem flores Florescem sorrisosCrescem doutoresAqui se planta Sementes da esperança Do abraço e de um olhar De uma criança

Sim, no lixão Temos rosas Marias, Raimundas Mulheres lindas Guerreiras lutadoras E formosas

Sim, no lixão Sempre nascerão flores Flores com espinhos Com perfumes de trabalhadoresDas casas de madeiraQue exalam cheiroDe garra e luta De mulher autêntica verdadeira Que nunca estudouMas tem diploma de guerreira.

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MEUS SOBRINHOS

O que seria Da minha casaSem a alegria da criançada?Com os gritos, sorrisosE a sapecada Tesouros do tioVenham, podem bagunçarSeus sorrisosSempre estãoAqui comigoVocês serão O meu ombro amigoQuando o tioPrecisar...

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Depois Da Chuva

ZÉLIA ALMA E RESISTÊNCIA

Dada de presente do MarajóPara BelémSua mãe foi empregadaDoméstica a vida todaCom orgulhoViu sua filha ser chamadaUm dia de doutora

Sua avó já dizia: Sim Zélia, tu és pretaTenha orgulhoNunca abaixa a cabeça

Zélia cresceu eNa época da ditaduraNa UFPA A lutar se fortaleceuNascia ali a Zélia Da universidadeDas lutas Por políticas de igualdadeDignidade e liberdade

A Zélia lutando Pelas cotasPara nós Negras e negros Das quebradasBecos, vielas E baixadas.

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Sim Zélia

Com outras mulheresAbriram caminho:Nilma Bentes, Maria Luiza, Marilu CampeloJoana Carmem, Olivia, Neide, Idália, Eneida, AparecidaMarta e Malcher..Tantas mulheresNa humildade na lutaGarra de uma mulher

Sim Zélia

Junto com tantas guerreiras Nunca nos deixou sozinhosNos quilombos, nos terreiros Seus ensinamentosTrilhando nossos caminhosSentimos como irmãosFilhos e sobrinhos..

Zélia Alma e resistênciaObrigado pela contribuição Obrigado por sua existênciaObrigado por sua essência..

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Depois Da Chuva

UM CANTO À ZÉLIA

Um cantoExaltando a garra, a beleza A realeza De uma mulher Única bela Com uma ancestralidade infinita Tambores, atabaques Barulhos Gírias e sotaques Uma única inspiração Humilde sempre estendeu as mãosUma poesia Uma nação África diáspora Os corpos Celebrando Uma única canção Libertação Canto de lutaCanto de liberdade

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CHUVAS DE MARÇO

As chuvas de MarçoTem lixo e cansaçoDesmente o prefeitoMentiroso palhaço

As chuvas de MarçoSão águas Fortes e poderosas Quem não se cuidarTa na roça

As chuvas de MarçoBem longe do verão Tem frioTem cheiro Água fria no chuveiroTem vento Tem trovão

As chuvas de MarçoTem maré altaTem maré cheiaTem maré forte Tem o canto da sereia Tem as bênçãosDe Oxum e Yemanjá Tem chuvas de MarçoDe manhã cedo Te abençoando Quando você acordar.

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Depois Da Chuva

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FLORES DA RESISTÊNCIA

Nascem nas quebradas Guetos,vielas e baixadasAs flores da resistência Tem espinhos Tem forçaTem resiliência Tem poder Tem pouca paciência

As flores da resistênciaResiste contra o opressor O macho escroto Misógino e agressor Homofóbico e machista As flores da resistênciaTambém fura Cobrar Defende Suas pétalas Seu aroma Sua cria.

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Depois Da Chuva

SE JESUS NÃO VOLTAR

Se Jesus não voltar Eles fabricarão um clone Super homem salvador Um líder um pastor A ganância que os consomemFaz seus seguidores Pagar o dizimo, não importa Se vai passar fome

Então eles dizem- Jesus está olhando- Ele está te vigiando - Ele está voltando - Ele transformou vinho em vinagreEstamos vendendo Água, óleo e conhaqueComprem! Eu quero comprarUm carro novoUm cadillac

Não esqueçam Ele está vindo Ele não pode pegarAgente desprevenido

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Na hora da vinda do senhor Ele vai saber quem pagouE você?Não vai querer ser o pobre Devedor Pecador Do Jesus salvador Olha sem os 10%Tu vai pra infernoVai ficar no relentoUm eterno sofrimento E eu não vou poder Te salvar Serei sempre um bom pastor Só que morando no exterior.

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Depois Da Chuva

PRETA BONITA

Preta bonitaTeu corpo cheira Flor de jasmim Me enfeitiça Desperta a áfrica dentro de mim

Preta bonitaTeu canto Encanto O jeito de rainha Me deixa encantado Cada dia mais apaixonado Te quero sempre perto de mim

Preta bonitaQuando tu chegas Com teu cabelo pixain Me arrepia todo Me deixa loucoPra te dar uns beijins

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Preta bonitaQuando te vejo estudando TrabalhandoQuestionando Ensinando Tenho muito orgulho de você

Lagrimas de felicidadeQuero ser teu companheiro Dividir cumplicidade Amigos e namorados de verdadeTe amar por eternidade Quero envelhecer com você.

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Depois Da Chuva

Love In The Afternoon

É tão estranhoOs bons morrem jovensAssim parece serQuando me lembro de vocêQue acabou indo emboraCedo demais

Quando eu lhe diziaMe apaixono todo diaÉ sempre a pessoa erradaVocê sorriu e disseEu gosto de você tambémSó que você foi emboraCedo demais!

Eu continuo aquiMeu trabalho e meus amigosE me lembro de vocêDias assimDia de chuvaDia de SolE o que sinto não sei dizer

Vai com os anjosVai em pazEra assim todo dia de tardeA descoberta da amizadeAté a próxima vez...

Legião Urbana

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DEPOIS DA CHUVA

Sarmento, Michel Jackson Morais

Depois Da Chuva, Poesia /Michel Jackson Morais Sarmento

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Belém - Pará- Letras periféricas. 2020

Literatura Brasileira - Literatura Periférica

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