LEI No 7.492, DE 16 DE JUNHO DE 1986. Define os crimes ... · ocorrência de crime de que trata...
Transcript of LEI No 7.492, DE 16 DE JUNHO DE 1986. Define os crimes ... · ocorrência de crime de que trata...
LEI No 7.492, DE 16 DE
JUNHO DE 1986.
Define os crimes contra o
sistema financeiro nacional, e
dá outras providências.
1
1. BEM JURÍDICO TUTELADO
É o equilíbrio SISTEMA FINANCEIRO NACIONALconsistente no conjunto de instituições(monetárias, bancárias, e sociedades por ações) edo mercado financeiro (de capitais e de valoresmobiliários).
Trata-se de bem jurídico supra-individual, decunho coletivo, salvo exceções legais.
O sujeito passivo é o Estado (a coletividade), bemcomo investidores/particulares lesados.
2
2. CONCEITO DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA
Art. 1º Considera-se instituição financeira, para
efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito
público ou privado, que tenha como atividade
principal ou acessória, cumulativamente ou
não, a captação, intermediação ou aplicação
de recursos financeiros (Vetado) de terceiros,
em moeda nacional ou estrangeira, ou a
custódia, emissão, distribuição, negociação,
intermediação ou administração de valores
mobiliários.
3
Parágrafo único. Equipara-se à instituição
financeira:
I - a pessoa jurídica que capte ou administre
seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou
qualquer tipo de poupança, ou recursos de
terceiros;
II - a pessoa natural que exerça quaisquer das
atividades referidas neste artigo, ainda que de
forma eventual.
4
De acordo com o STJ:
1. A empresa administradora de consórcio é
equiparada à instituição financeira, cuja
atividade é a captação e administração de
RECURSOS DE TERCEIROS, o que não se
confunde com os seus representantes
comerciais.
2. Os representantes comerciais das
administradoras de consórcio somente
vendem as cotas de consórcio e repassam ao
representado, conforme previsto no art. 1º da
Lei 4.886/65.
5
3. A conduta de utilizar-se de empresa defachada com o intuito de ludibriar particulares eauferir vantagem indevida, consistente navenda de inexistente cota de consórciocontemplada, configura, em tese, o delito deESTELIONATO.
4. Conflito conhecido para declarar acompetência do Juízo de Direito da VaraCriminal de Inquéritos Policiais de BeloHorizonte/MG, ora suscitado.
(CC 104.491/MG, Rel. Ministro ARNALDOESTEVES LIMA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em25/11/2009, DJe 17/12/2009)
6
1. O representante comercial contratado para
comercializar cotas consorciais não se confunde com
a administradora de consórcios e, pela atividade
realizada, também não se equipara à instituição
financeira.
2. Os acusados não praticaram nenhum dos crimes
capitulados na Lei n.º 7.492/86. Entretanto, na
atividade de intermediação do negócio, receberam
vantagens ilícitas por meio de fraude, evidenciando a
suposta prática do crime de estelionato, razão pela
qual a competência para o processamento do feito é
da Justiça Estadual.
(CC 45.108/RJ, Rel. Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 14/12/2005, DJ 06/02/2006, p. 195)
7
2. As empresas popularmente conhecidas comoFACTORING desempenham atividades de fomentomercantil, de cunho meramente comercial, em quese ajusta a compra de créditos vencíveis, mediantepreço certo e ajustado, e com RECURSOSPRÓPRIOS, NÃO podendo ser caracterizadas comoINSTITUIÇÕES FINANCEIRAS.
3. In casu, comprovando-se a abusividade dos juroscobrados nas operações de empréstimo, configura-se o crime de usura, previsto no art. 4°, da Lei n°1.521/51, cuja competência para julgamento é daJustiça Estadual.
4. Conflito conhecido para declarar a competênciado juízo estadual, o suscitado.
(CC 98.062/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI,TERCEIRA SEÇÃO, DJe 06/09/2010)
8
3. RESPONSABILIDADE PENAL
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos
termos desta lei, o controlador e os
administradores de instituição financeira,
assim considerados os diretores, gerentes
(Vetado).
§ 1º Equiparam-se aos administradores de
instituição financeira (Vetado) o interventor, o
liquidante ou o síndico.
9
4. DELAÇÃO PREMIADA
Art. 25, § 2º Nos crimes previstos nesta Lei,
cometidos em quadrilha ou coautoria, o
coautor ou partícipe que através de confissão
espontânea revelar à autoridade policial ou
judicial toda a trama delituosa terá a sua pena
reduzida de um a dois terços.
(Incluído pela Lei nº 9.080, de 19.7.1995)
10
5. AÇÃO PENAL E COMPETÊNCIA
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nestalei, será promovida pelo Ministério PúblicoFederal, perante a Justiça Federal.
Art. 29. O órgão do Ministério Público Federal,sempre que julgar necessário, poderá requisitar,a qualquer autoridade, informação, documentoou diligência, relativa à prova dos crimesprevistos nesta lei.
Parágrafo único O sigilo dos serviços eoperações financeiras não pode ser invocadocomo óbice ao atendimento da requisiçãoprevista no caput deste artigo.
11
7. ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO
ART. 26. Parágrafo único.
Sem prejuízo do disposto no art. 268 doCódigo de Processo Penal, aprovado peloDecreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941,será admitida a assistência da Comissão deValores Mobiliários - CVM, quando o crimetiver sido praticado no âmbito de atividadesujeita à disciplina e à fiscalização dessaAutarquia, e do Banco Central do Brasilquando, fora daquela hipótese, houver sidocometido na órbita de atividade sujeita à suadisciplina e fiscalização.
12
8. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE
Art. 27. Quando a denúncia não for intentada
no prazo legal, o ofendido poderá representar
ao Procurador-Geral da República, para que
este a ofereça, designe outro órgão do
Ministério Público para oferecê-la ou determine
o arquivamento das peças de informação
recebidas.
SEM PREJUÍZO DA AÇÃO PRIVADA
SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA – ART. 5º, LIX,
CR/88
13
9. NOTITIA CRIMINIS
Art. 28. Quando, no exercício de suas atribuiçõeslegais, o Banco Central do Brasil ou a Comissãode Valores Mobiliários - CVM, verificar aocorrência de crime previsto nesta lei, dissodeverá informar ao Ministério Público Federal,enviando-lhe os documentos necessários àcomprovação do fato.
Parágrafo único. A conduta de que trata esteartigo será observada pelo interventor, liquidanteou síndico que, no curso de intervenção,liquidação extrajudicial ou falência, verificar aocorrência de crime de que trata esta lei.
14
10. PRISÃO PREVENTIVA
Art. 30. Sem prejuízo do disposto no art. 312
do Código de Processo Penal, aprovado pelo
Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, a
prisão preventiva do acusado da prática de
crime previsto nesta lei poderá ser decretada
em razão da magnitude da lesão causada
(VETADO).
15
10. PRISÃO PREVENTIVA
Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e
punidos com pena de reclusão, o réu não
poderá prestar fiança, nem apelar antes de ser
recolhido à prisão, ainda que primário e de
bons antecedentes, se estiver configurada
situação que autoriza a prisão preventiva.
16
11. PENA DE MULTA
Art. 33. Na fixação da pena de multa relativa
aos crimes previstos nesta lei, o limite a que se
refere o § 1º do art. 49 do Código Penal,
aprovado pelo Decreto-lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940, pode ser estendido até o
décuplo, se verificada a situação nele cogitada.
17
Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer
modo, fabricar ou pôr em circulação, sem
autorização escrita da sociedade emissora,
certificado, cautela ou outro documento
representativo de título ou valor mobiliário:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz
distribuir prospecto ou material de propaganda
relativo aos papéis referidos neste artigo.
19
SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa (crime comum).
Exemplo: Proprietário de gráfica que reproduz, fabricae, ainda, põe em circulação tais documentos (cautelaou certificado) sem que autorização escrita dasociedade emissora.
CONDUTAS
IMPRIMIR - fixar, gravar, publicar, estampar.
REPRODUZIR - copiar, imitar;
FABRICAR - produzir;
POR EM CIRCULAÇÃO: transmitir.
ELEMENTO NORMATIVO: sem autorização ESCRITAda sociedade emissora.
SE HOUVER autorização ocorre a atipicidade daconduta.
20
TIPO SUBJETIVO: DOLO.
OBJETOS MATERIAIS:
CAUTELA: título representativo provisório deações de uma empresa.
CERTIFICADO: é o documento representativodo número de ações de propriedade de alguém.
CONSUMAÇÃO: crime de mera conduta,consuma-se com as condutas descritas,independentemente de qualquer outro resultadolesivo.
Admite-se a tentativa, se fracionável aexecução.
21
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz
distribuir prospecto ou material de propaganda
relativo aos papéis referidos neste artigo.
As condutas referem-se à publicidade através de
prospectos ou qualquer outro material de
propaganda relativos aos papeis de origem
criminosa referidos no caput.
22
Art. 3º Divulgar informação falsa ou
prejudicialmente incompleta sobre instituição
financeira:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
multa.
23
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Condutas: Divulgar (propalar de forma ampla)
OBJETO MATERIAL: informação falsa ou
prejudicialmente incompleta sobre instituição
financeira.
A informação falsa, por si só, tem potencialidade
lesiva.
A informação incompleta só será penalmente
relevante se for prejudicial. Caso não seja
prejudicial, não há crime.
24
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo. Caso
desconheça a falsidade da informação ou se é
prejudicial, quando incompleta, haverá erro de
tipo, que exclui o dolo.
CONSUMAÇÃO: crime de mera conduta,
consuma-se com a divulgação,
independentemente de qualquer outro
resultado lesivo (crime de perigo).
Admite-se a tentativa, a depender do meio
empregado, se fracionável a execução.
25
Art. 4º Gerir fraudulentamente instituiçãofinanceira:
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, emulta.
Parágrafo único. Se a gestão é temerária:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, emulta.
Crítica da doutrina -INCONSTITUCIONALIDADE: violação doprincípio da legalidade (taxatividade). Tipopenal vago, totalmente aberto.
26
SUJEITO ATIVO: crime próprio, exige que o
agente exerça atividade de gerenciamento
(pessoas arroladas no artigo 25).
CONDUTA: GERIR - Administrar, dar cabo das
decisões de comando da instituição financeira.
A GESTÃO FRAUDULENTA caracteriza-se pela
ilicitude dos atos praticados pelos
responsáveis pela gestão empresarial,
exteriorizada por manobras ardilosas e pela
prática consciente de fraudes.
Tem o objetivo de ludibriar, enganar, empregar
o ardil o engodo, com potencialidade lesiva.
27
De acordo com o STJ:
Um ato isolado pode até não se caracterizarcomo gestão na Ciência da Administração, masnão se pode esconder e nem negar que épassível de sanção criminal, caso reúna na suanatureza os elementos próprios de tipo penal; oprolongamento no tempo ou o encadeamentodesse ato com outros que lhe sejamsubsequentes não são essenciais ouestruturantes do tipo, pois expressam apenascircunstâncias ou acidentes.
(HC 64.100/RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNESMAIA FILHO, QUINTA TURMA, DJ 10/09/2007, p.257)
28
Este Superior Tribunal de Justiça já decidiu que "o
crime de GESTÃO FRAUDULENTA, consoante a
doutrina, pode ser visto como crime habitual
impróprio, em que uma só ação tem relevância para
configurar o tipo, ainda que a sua reiteração não
configure pluralidade de crimes" (HC 39908/PR, rel.
Min. Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, julgado
em 6-12-2005, p. no DJ de 3/4/2006, p. 373).
A sequência de atos de gestão temerária
perpetrados pelo paciente já integra o próprio tipo
penal, razão pela qual não há que se falar, na
espécie, em crime continuado.
(HC 196.207/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI,
QUINTA TURMA, DJe 01/03/2013)
29
PARÁGRAFO ÚNICO. Se a gestão é temerária:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
GESTÃO TEMERÁRIA é a arriscada em demasia,
precipitada, perigosa, colocando em risco o
patrimônio alheio.
Trata-se de gestão anormal que ultrapassa os
riscos inerentes ao mercado financeiro frente a
natureza da conduta de gerir entidade financeira.
Não há fraude. O sujeito age abertamente expondo
a risco o patrimônio da instituição e dos
investidores.
30
ELEMENTO SUBJETIVO: DOLO.
Não se pune a conduta culposa, mesmo na
gestão temerária.
CONSUMAÇÃO: crime de mera conduta,
consuma-se com a prática da fraude ou do ato
temerário, independentemente de qualquer
outro resultado lesivo (crime de perigo).
Não se admite a tentativa.
Há entendimento do STJ classificando como
crime formal.
31
1. O crime de gestão fraudulenta, previsto noart. 4.º, caput, da Lei n.º 7.492/86, é classificadocomo formal e visa tutelar a credibilidade domercado e a proteção ao investidor.
2. O Estado é o sujeito passivo principal dodelito, e os eventuais prejuízos às instituiçõesfinanceiras não são relevantes para aadequação típica, o que descaracteriza a mínimaofensividade da conduta do agente para aexclusão de sua tipicidade.
3. Recurso especial provido.
(REsp 1015971/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ,QUINTA TURMA, DJe 03/04/2012)
32
De acordo com o STJ:
A norma do artigo 4º, caput, da Lei 7.492/86, nãoincrimina resultado material, naturalístico, queporventura venha a ocorrer e que, por lógico, dizrespeito à obtenção de alguma vantagem indevida- patrimonial, ainda que indireta.
Se, porém, a vantagem patrimonial indevida éconsequência da própria gestão, o resultadomaterial não demandaria outra classificação deconduta, sendo suficiente para a punição a normadefinidora da gestão fraudulenta. O CRIMEDEFINIDO NO ARTIGO 4º, IN CASU, ABSORVEUOS DELITOS DE APROPRIAÇÃO/DESVIO E DEFRAUDE A INVESTIDOR.
33
CONSUNÇÃO DO POST FACTUM pelo crime
anterior mais grave e como resultado dele - sem
ser o único resultado - é ideia, parece-me, mais
adequada à interpretação valorativa.
Procedência das razões do primeiro e segundo
recorrentes. Lei 7.492/86: delitos consumptos:
art. 5º, caput (desvio/apropriação); e art. 9º
(fraude à fiscalização ou ao investidor); delito
consumptivo: art. 4º, caput (gestão fraudulenta).
(REsp 575.684/SP, Rel. Ministro HAMILTON
CARVALHIDO, Rel. p/ Acórdão Ministro PAULO
MEDINA, SEXTA TURMA, DJ 23/04/2007, p. 317)
34
Valoradas negativamente a culpabilidade, osmotivos e as consequências do crime, emdecisão objetivamente motivada no fatoconcreto, já que não são inerentes ao crime degestão fraudulenta o favorecimento próprio doexperiente gestor da instituição financeira queagiu com abuso da confiança que lhe foideferida, concedendo empréstimos com taxas eprazos vantajosos em benefício próprio, emtransações contínuas, durante longo período detempo, não há ilegalidade qualquer nareprimenda fixada.
(AgRg no REsp 1163448/PR, Rel. Ministra MARIATHEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,DJe 01/02/2013)
35
De acordo com o STF:
As condutas previstas nos artigos 4º e 16 da Lei nº7.492/86 NÃO se mostram incompatíveis quandoimputáveis ao mesmo acusado, uma vez que gerirfraudulentamente se encarta na seara da má gestãoda instituição, enquanto fazer operar sem a devidaautorização diz respeito ao funcionamento irregular.
O art. 16 não se preocupa com a qualidade da gestãoda instituição, como o faz o art. 4º da Lei 7.492/86.
Os tipos penais dos artigos 4º e 16 não sãoincompatíveis, porquanto podem ser praticados emconcurso formal, vale dizer, podem configurar-se comapenas uma conduta do agente.
(HC 93368, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma,PUBLI 25-08-2011)
36
Na mesma linha A 5ª Turma do STJ:
No delito de gestão fraudulenta, disposto no
artigo 4º da Lei 7.492/1986, pune-se quem
gerencia instituição financeira de forma
enganosa, com má-fé e com a intenção de
ludibriar, dando aparência de legalidade a
negócios ou transações que são, na verdade,
ilícitas.
Por outro lado, ao coibir a operação de instituição
financeira sem a devida autorização, a norma
penal incriminadora disposta no artigo 16 do
diploma legal em exame objetiva sancionar (...)
37
(...) aquele que deixa de atender a formalidadeexigida pelo Banco Central do Brasil para que possainiciar ou continuar suas atividades.
Vê-se, assim, que os tipos penais em questão nãosão, de modo algum, incompatíveis entre si, pois oartigo 4º da Lei dos Crimes contra o SistemaFinanceiro Nacional diz respeito à má gestão dainstituição financeira, e o artigo 16 trata do seufuncionamento irregular, sendo que qualquerinterpretação em sentido contrário terminaria porprivilegiar aquele que gerencia fraudulentamenteinstituição financeira constituída à margem da lei,estimulando a proliferação de entes e pessoas queatuam sem a devida autorização do Banco Central doBrasil. Doutrina. Precedentes do STJ e do STF.
38
Por conseguinte, não se vislumbra qualquer
ilegalidade no acórdão impugnado, por meio
do qual o paciente restou condenado pela
prática dos crimes previstos nos artigos 4º, 16
e 22 da Lei 7.492/1986, em concurso formal.
Ordem denegada.
(HC 221.233/PR, Rel. Ministro JORGE MUSSI,
QUINTA TURMA, julgado em 20/11/2012, DJe
03/12/2012)
39
Em sentido contrário, a 6ª Turma do STJ:
2. O cometimento do delito de gestãofraudulenta denota a existência de umainstituição financeira autorizada, enquanto aoperação ilegal de instituição financeirapressupõe a existência de uma empresa quefuncione como tal sem que lhe tenha sidopermitir atuar dessa forma.
A coexistência destes delitos, referindo-se àmesma conduta, é inviável.
(HC 197.569/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES,SEXTA TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe17/11/2011)
40
Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoasmencionadas no art. 25 desta lei, de dinheiro,título, valor ou qualquer outro bem móvel deque tem a posse, ou desviá-lo em proveitopróprio ou alheio:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, emulta.
Parágrafo único. Incorre na mesma penaqualquer das pessoas mencionadas no art. 25desta lei, que negociar direito, título ouqualquer outro bem móvel ou imóvel de quetem a posse, sem autorização de quem dedireito.
41
SUJEITO ATIVO: crime próprio (artigo 25).
Admite-se o concurso de pessoas.
CONDUTAS: apropriar-se ou desviar.
Pressupõe a POSSE DESVIGIADA do bem e
legitimamente exercida em razão da condição
do sujeito ativo na instituição financeira.
OBJETO MATERIAL: bem móvel, dinheiro,
título (documento representativo de valor) ou
valor (tudo que pode ser convertido em
moeda).
TIPO SUBJETIVO: dolo (animus rem sibi
habendi)
CONSUMAÇÃO: O crime é material, consuma-
se com a prática que evidencia a vontade de
assenhorar-se em definitivo do objeto material.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena
qualquer das pessoas mencionadas no art. 25
desta lei, que negociar direito, título ou
qualquer outro bem móvel ou imóvel de que
tem a posse, sem autorização de quem de
direito.
43
Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio,
investidor ou repartição pública competente,
relativamente a operação ou situação
financeira, sonegando-lhe informação ou
prestando-a falsamente:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
multa.
44
SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. Não hánecessidade de ser administrador oucontrolador da instituição financeira.
Informativo 569 do STJ.
Sexta Turma DIREITO PENAL. SUJEITO ATIVODE CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRONACIONAL.
Podem ser sujeitos ativos do crime previsto noart. 6º da Lei 7.492/1986 pessoas naturais quese fizeram passar por membro ourepresentante de pessoa jurídica que não tinhaautorização do Bacen para funcionar comoinstituição financeira.
45
Segundo entendimento doutrinário, o tipo
penal em questão visa “resguardar a confiança
inerente às relações jurídicas e negociais
existentes entre os agentes em atuação no
sistema financeiro – sócios das instituições
financeiras, investidores e os órgãos públicos
que atuam na fiscalização do mercado – e,
secundariamente, protegê-los contra prejuízos
potenciais, decorrentes da omissão ou
prestação falsa de informações pertinentes a
operações financeiras da instituição, ou acerca
de sua situação financeira”.
46
Tutela-se, portanto, o exercício clandestino e
desautorizado de atividades financeiras.
Trata-se de crime comum, que não exige
peculiar qualidade do sujeito ativo.
REsp 1.405.989-SP, Rel. originário Min.
Sebastião Reis Júnior, Rel. para o acórdão Min.
Nefi Cordeiro, julgado em 18/8/2015, DJe
23/9/2015
47
CONDUTAS: Induzir (enganar) ou manter emerro (não alertar sobre o equívoco cometido)sócio, investidor ou repartição públicacompetente.
OBJETO MATERIAL: informação sobreoperação ou situação financeira.
MEIOS: sonegação (OMISSÃO) de informaçãoou a declaração falsa.
CONSUMAÇÃO: quando há efetiva indução ou amanutenção em erro, independentemente dequalquer outro resultado lesivo (crime formal ede perigo).
NÃO SE ADMITE A TENTATIVA.
48
Informativo 569 do STJ.
Sexta Turma DIREITO PENAL. DIFERENÇA
ENTRE ESTELIONATO E CRIME CONTRA O
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL.
Configura o crime contra o Sistema Financeiro
do art. 6º da Lei 7.492/1986 – e não estelionato,
do art. 171 do CP – a falsa promessa de
compra de valores mobiliários feita por falsos
representantes de investidores estrangeiros
para induzir investidores internacionais a
transferir antecipadamente valores que diziam
ser devidos para a realização das operações.
49
Não obstante a aparente semelhança com o
delito de estelionato, entre eles há clara
distinção.
O delito do art. 6º da Lei 7.492/1986 constitui
crime formal, e não material (não é necessária
a ocorrência de resultado, eventual prejuízo
econômico caracteriza mero exaurimento); não
prevê o especial fim de agir do sujeito ativo
(“para si ou para outrem”); não exige, como
elemento obrigatório, o meio fraudulento
(artifício, ardil, etc.), apenas a prestação de
informação falsa ou omissão de informação
verdadeira.50
Ademais, eventual conflito aparente de normas
penais resolve-se pelo critério da especialidade do
delito contra o Sistema Financeiro (art. 6º da Lei
7.492/1986) em relação ao estelionato (art. 171 do
CP). Por fim, a conduta em análise, configura dano
ao Sistema Financeiro Nacional, pois abalada a
confiança inerente às relações negociais no
mercado mobiliário, induzindo em erro
investidores que acreditaram na existência e na
legitimidade de quem se apresentou como
instituição financeira.
REsp 1.405.989-SP, Rel. originário Min. Sebastião
Reis Júnior, Rel. para o acórdão Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 18/8/2015, DJe 23/9/2015
51
Informativo 569 do STJ.
Sexta Turma DIREITO PENAL. HIPÓTESE QUENÃO CARACTERIZA CONTINUIDADEDELITIVA.
Não há continuidade delitiva entre os crimesdo art. 6º da Lei 7.492/1986 (Lei dos Crimescontra o Sistema Financeiro Nacional) e oscrimes do art. 1º da Lei 9.613/1998 (Lei dosCrimes de “Lavagem” de Dinheiro).
Há continuidade delitiva, a teor do art. 71 doCP, quando o agente, mediante mais de umaação ou omissão, pratica crimes da mesmaespécie e,
52
em razão das condições de tempo, lugar,
maneira de execução e outras semelhantes,
devam os delitos seguintes ser havidos como
continuação do primeiro.
Assim, não incide a regra do crime continuado
na hipótese, pois os crimes descritos nos arts.
6º da Lei 7.492/1986 e 1º da Lei 9.613/1998 não
são da mesma espécie.
REsp 1.405.989-SP, Rel. originário Min.
Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min.
Nefi Cordeiro, julgado em 18/8/2015, DJe
23/9/2015
53
Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquermodo, títulos ou valores mobiliários:
I - falsos ou falsificados;
II - sem registro prévio de emissão junto àautoridade competente, em condiçõesdivergentes das constantes do registro ouirregularmente registrados;
III - sem lastro ou garantia suficientes, nostermos da legislação;
IV - sem autorização prévia da autoridadecompetente, quando legalmente exigida:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, emulta.
54
SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa (crime comum).
Na modalidade EMITIR, somente o administrador dainstituição poderá realizar a conduta.
CONDUTAS: emitir (criar o documento de formaválida), oferecer e negociar.
OBJETO MATERIAL: títulos ou valores mobiliários
1) falsos ou falsificados;
2) sem registro prévio de emissão junto àautoridade competente, em condiçõesdivergentes das constantes do registro ouirregularmente registrados;
3) sem lastro ou garantia suficientes
4) sem autorização prévia da autoridadecompetente, quando legalmente exigida.
55
ELEMENTOS NORMATIVOS:
LASTRO OU GARANTIA: os títulos e os valores
mobiliários emitidos devem estar respaldados no
patrimônio do emissor, ou em garantias reais ou
flutuantes, que assegurem seu resgate.
REGISTRO: Compete ao Banco Central do Brasil
registrar títulos e valores mobiliários para efetivo
de sua negociação na Bolsa de Valores e registrar
as emissões de títulos ou valores mobiliários a
serem distribuídos no mercado de capitais.
PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DA AUTORIDADE
COMPETENTE
56
Art. 8º Exigir, em desacordo com a legislação
(Vetado), juro, comissão ou qualquer tipo de
remuneração sobre operação de crédito ou de
seguro, administração de fundo mútuo ou
fiscal ou de consórcio, serviço de corretagem
ou distribuição de títulos ou valores
mobiliários:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
57
SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa. Parte dadoutrina entende que só pode cometer o crimequem atua no sistema financeiro.
CONDUTAS: Exigir de forma imperativa opagamento de juro, comissão ou qualquer tipode remuneração em desacordo com alegislação.
OBJETO MATERIAL: Juros, comissões,qualquer tipo de remuneração sobre operaçãode crédito ou de seguro, administração defundo mútuo ou fiscal ou de consórcio, serviçode corretagem ou distribuição de títulos ouvalores mobiliários.
58
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo e a vontade de
cobrar em desacordo com a legislação.
CONSUMAÇÃO: crime formal. Cabe tentativa
se fracionável a execução, de acordo com o
meio empregado.
59
Art. 9º Fraudar a fiscalização ou o investidor,
inserindo ou fazendo inserir, em documento
comprobatório de investimento em títulos ou
valores mobiliários, declaração falsa ou
diversa da que dele deveria constar:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e
multa.
60
Sujeito ativo: Qualquer pessoa (crime comum).
Conduta: fraudar
Meios: falsidade ideológica - o agente INSERE
OU FAZ INSERIR declaração falsa ou diversa da
que devia constar do documento.
Elemento subjetivo: dolo, ou seja, vontade de
declarar falsamente agregada com o intuído de
enganar.
CONSUMAÇÃO: o crime é formal e se consuma
com a conduta de FRAUDAR, não sendo
necessária a realização do resultado de dano.
61
Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir
elemento exigido pela legislação, em
demonstrativos contábeis de instituição
financeira, seguradora ou instituição
integrante do sistema de distribuição de títulos
de valores mobiliários:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco)
anos, e multa.
62
Sujeito ativo: Qualquer pessoa (crime comum).
Conduta: Fazer inserir elemento falso ou omitir
elemento exigido falsidade ideológica.
Elemento subjetivo: dolo, ou seja, vontade de
declarar falsamente agregada com o intuído de
enganar.
CONSUMAÇÃO: o crime é formal e se consuma
com a conduta de inserir ou omitir, não sendo
necessária a realização do resultado de dano.
63
Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou
valor paralelamente à contabilidade exigida
pela legislação:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco)
anos, e multa.
64
Sujeito ativo: qualquer pessoa, desde que esteja
no desempenho de atividade de contábil.
Condutas: Manter ou movimentar manter
contabilidade paralela (caixa 2). Exterioriza-se
através do movimento de recurso ou valor
paralelamente à contabilidade oficial (exigida
pela legislação).
Elemento subjetivo: dolo
Consumação: o crime se consuma com a
manutenção ou movimentação da contabilidade
paralela, não há necessidade de dano.
Crime permanente.
65
Art. 12. Deixar, o ex-administrador de
instituição financeira, de apresentar, ao
interventor, liquidante, ou síndico, nos prazos
e condições estabelecidas em lei as
informações, declarações ou documentos de
sua responsabilidade:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
66
Sujeito ativo: crime próprio, só pode sercometido pelo ex-administrador.
Conduta: OMISSÃO PRÓPRIA - Deixar deapresentar
Objeto material: informações, declarações edocumentos de sua responsabilidade quandoem processo de intervenção, liquidação ourecuperação judicial ou extrajudicial.
Elemento subjetivo: Dolo.
Consumação: Crime de mera conduta,consuma-se com a omissão.
Não se admite tentativa.
67
Art. 13. Desviar (Vetado) bem alcançado pela
indisponibilidade legal resultante de
intervenção, liquidação extrajudicial ou
falência de instituição financeira.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o
interventor, o liquidante ou o síndico que se
apropriar de bem abrangido pelo caput deste
artigo, ou desviá-lo em proveito próprio ou
alheio.
68
Sujeito ativo: qualquer pessoa que tenha a possedo bem.
Conduta: Desviar (desencaminhar, dar outrafinalidade) o bem alcançado porindisponibilidade legal ou resultante de processode intervenção, liquidação extrajudicial oufalência.
Objeto material: bem alcançado porindisponibilidade legal.
Elemento subjetivo: Dolo de desviar. Não seexige o animus rem sibi habendi.
Consumação: o crime se consuma com o desviodo bem. Crime de mera conduta.
69
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o
interventor, o liquidante ou o síndico que se
apropriar de bem abrangido pelo caput deste
artigo, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio.
Crime próprio: praticado pelo somente
interventor, o liquidante ou o síndico.
Condutas: apropriar-se ou desviar em proveito
próprio ou alheio a coisa.
Ex.: o interventor aliena quadro de pintor famoso
gravado pela indisponibilidade e que pertencia a
instituição financeira sob intervenção.
70
Art. 14. Apresentar, em liquidação extrajudicial,
ou em falência de instituição financeira,
declaração de crédito ou reclamação falsa, ou
juntar a elas título falso ou simulado:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e
multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-
administrador ou falido que reconhecer, como
verdadeiro, crédito que não o seja.
71
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Condutas: Apresentar declaração de crédito
falsa ou fazer reclamação falsa, ou juntar titulo
falso ou simulado.
O sujeito apresenta-se como credor, lastreado
em declaração falsa.
Em vez de reclamação, o termo correto é
impugnação. O agente é devedor e apresenta
impugnação falsa a crédito da instituição
financeira, buscando eximir-se da obrigação
creditícia.
72
Elemento subjetivo: Dolo (animus fraus)
Consumação: crime formal, consuma-se com a
apresentação, não sendo necessário a
obtenção da vantagem.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-
administrador ou falido que reconhecer, como
verdadeiro, crédito que não o seja.
73
Art. 15. Manifestar-se falsamente o interventor,
o liquidante ou o síndico, (Vetado) à respeito
de assunto relativo a intervenção, liquidação
extrajudicial ou falência de instituição
financeira:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e
multa.
74
Sujeito ativo: crime próprio, só pode serpraticado pelo o interventor, o liquidante ou osíndico.
Conduta: Manifestar-se falsamente sobreassunto relativo a seu múnus.
Elemento subjetivo: Dolo. Não há especial fimde agir.
Consumação: crime de mera conduta, consuma-se com a manifestação formal sobre os atos deadministração como interventor, síndico ouliquidante
Não se admite tentativa.
75
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização,
ou com autorização obtida mediante
declaração (Vetado) falsa, instituição
financeira, inclusive de distribuição de valores
mobiliários ou de câmbio:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
76
Sujeito ativo: qualquer pessoa que pratica atos
privativos de instituição financeira sem que
tenha a autorização exigida para tal, ou quando
a autorização que o legitima é maculada por
declaração por ele prestada falsamente para
obtê-la.
Condutas: fazer operar - praticar atos
privativos de instituição financeira.
Consumação: o crime se aperfeiçoa com a
pratica de ato privativo de instituição
financeira. É crime impropriamente habitual.
77
CRIMINAL. CRIME CONTRA O SISTEMAFINANCEIRO NACIONAL. FAZER OPERARINSTITUIÇÃO FINANCEIRA SEM AUTORIZAÇÃODO PODER PÚBLICO. ART. 16 DA LEI 7.492/86.TRANCAMENTO DA AÇÃO. AUSÊNCIA DEJUSTA CAUSA NÃO EVIDENCIADA. RECURSODESPROVIDO.
I - Hipótese em que o recorrente emprestavadinheiro, sem a devida autorização do BancoCentral, em troca de cheques, mediantepagamento de juros, restando denunciado comoincurso nas penas do art. 16 da lei 7.492/86.
(RHC 14.878/CE, Rel. Ministro GILSON DIPP,QUINTA TURMA, julgado em 07/10/2004, DJ22/11/2004, p. 365)
78
Art. 17. Tomar ou receber, qualquer das pessoasmencionadas no art. 25 desta lei, direta ouindiretamente, empréstimo ou adiantamento, oudeferi-lo a controlador, a administrador, amembro de conselho estatutário, aosrespectivos cônjuges, aos ascendentes oudescendentes, a parentes na linha colateral atéo 2º grau, consanguíneos ou afins, ou asociedade cujo controle seja por ela exercido,direta ou indiretamente, ou por qualquer dessaspessoas:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, emulta.
79
SUJEITO ATIVO: crime próprio, exige que o
agente exerça atividade de gerenciamento
(pessoas arroladas no artigo 25).
CONDUTA: Tomar ou receber ou deferir.
OBJETO MATERIAL: empréstimo ou
adiantamento
ELEMENTO SUBJETIVO: DOLO.
CONSUMAÇÃO: crime de mera conduta,
consuma-se com os comportamento acima.
80
De acordo com o STJ:
Para a configuração do crime previsto no art. 17
da Lei nº 7.492/86, de mera conduta, é indiferente
que os recursos financeiros transferidos à
empresa coligada sejam dos consorciados, de
terceiros ou da própria administradora, uma vez
que a norma visa proteger a ordem econômica e
financeira, de modo a resguardar o equilíbrio e a
higidez do Sistema Financeiro Nacional para
servir aos interesses da coletividade.
REsp 328913 (2001/0085382-9 - 13/12/2004)
81
Parágrafo único. Incorre na mesma pena
quem:
I - em nome próprio, como controlador ou na
condição de administrador da sociedade,
conceder ou receber adiantamento de
honorários, remuneração, salário ou qualquer
outro pagamento, nas condições referidas
neste artigo;
II - de forma disfarçada, promover a
distribuição ou receber lucros de instituição
financeira.
82
Art. 18. Violar sigilo de operação ou de serviço
prestado por instituição financeira ou
integrante do sistema de distribuição de títulos
mobiliários de que tenha conhecimento, em
razão de ofício:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
83
Sujeito ativo: pessoa que detenha legalmente
informação sobre operação ou serviço
prestado por instituição financeira ou
integrante do sistema de distribuição de títulos
mobiliários.
Elemento subjetivo: Dolo.
Consumação: consuma-se com a violação
(devassa) do sigilo.
O crime é de mera conduta, o tipo penal não
prevê resultado naturalístico.
84
Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento
em instituição financeira:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de
1/3 (um terço) se o crime é cometido em
detrimento de instituição financeira oficial ou
por ela credenciada para o repasse de
financiamento.
85
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Conduta: Obter financiamento mediante engano
fraude.
Elemento subjetivo: dolo – animus fraus.
Consumação: crime formal, consuma-se com a
obtenção efetiva do financiamento,
independente de prejuízo efetivo.
Causa de aumento de pena: a pena será
aumenta se foi praticado o fato em detrimento
de instituição oficial ou credenciada.
86
1. Segundo precedente da Sexta Turma desta
Corte (REsp nº 706.871/RS), o fato de o leasing
financeiro não constituir financiamento não
afasta, por si só, a configuração do delito
previsto no artigo 19 da Lei 7.492/86 e,
portanto, a competência da Justiça Federal
para a sua apreciação.
(CC 113.434/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA
DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado
em 08/06/2011, DJe 16/06/2011)
87
2. Não se nega que, realmente, a operação dearrendamento mercantil, na modalidade leasingfinanceiro, constitui um negócio autônomo, comcaracterísticas próprias que o diferenciam dofinanciamento propriamente: basta ver que, nofinanciamento, o objeto financiado passa a ser,desde logo, do mutuário, o que não ocorre com oleasing.
3. Ocorre que o fato de o leasing financeiro nãoconstituir financiamento não afasta, por si só, aconfiguração do delito previsto no artigo 19 da Lei7.492/86: embora não seja um financiamento, esteconstitui o núcleo ou elemento preponderantedessa modalidade de arrendamento mercantil (v.g.,RE 547.245, Relator Ministro EROS GRAU, julgadoem 02/12/2009, DJe 04/03/2010).
88
De acordo com o STJ:
Logo, ao se fazer um leasing financeiro, se
obtém, invariavelmente, um financiamento, e o
tipo penal em análise - artigo 19 da Lei 7.492/86
- se refere, exatamente, à obtenção de
financiamento mediante fraude, sem exigir que
isto ocorra num contrato de financiamento
propriamente dito.
Cuida-se, por outro lado, de delito formal, que
tem como sujeito passivo principal o Estado e
não a instituição financeira eventualmente
lesada, (...)
89
(...) até porque a norma penal objetiva assegurar,
em última análise, a própria credibilidade do
mercado financeiro e a proteção do investidor, o
que não se cumpriria a contento, acaso o seu
âmbito de incidência não abarcasse todas as
instituições financeiras, quer se utilizem, ou não,
de recursos advindos ou administrados pelo
Estado.
(REsp 706.871/RS, Rel. Ministro CELSO LIMONGI
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP),
SEXTA TURMA, DJe 02/08/2010)
90
Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da
prevista em lei ou contrato, recursos
provenientes de financiamento concedido por
instituição financeira oficial ou por instituição
credenciada para repassá-lo:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
multa.
91
O financiamento é obtido de forma válida. Não
há qualquer mácula em sua obtenção.
No entanto, os recursos são empregados em
finalidade diversa da determinada em lei ou no
contrato.
Consumação: o crime se consuma não com a
obtenção do recurso, mas com seu emprego em
finalidade diversa.
É necessário que o financiamento seja obtido
em instituição financeira oficial ou credenciada.
92
Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa
identidade, para realização de operação de
câmbio:
Pena - Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
para o mesmo fim, sonega informação que
devia prestar ou presta informação falsa.
93
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Conduta: investir-se (atribuir-se) ou investir
alguém (atribuir a alguém) falsa identidade para
o desempenho de operação cambial, isto é, para
compra, venda, cessão, empréstimo de moeda
estrangeira.
Elemento subjetivo: dolo acrescido de especial
fim de agir “para realização de atividade
cambial”.
94
Consumação: crime formal, consuma-se com o
simples fato de investir-se ou investir alguém.
Não é necessário que pratique atos inerentes à
atividade cambial.
Incorre na mesma pena quem, com a mesma
finalidade, sonega informação ou presta
informação falsa sobre sua identidade.
95
O tipo do art. 21, parágrafo único da Lei nº 7492/86,
embora preveja o dolo específico,
consubstanciado na realização de operações de
câmbio, exige para a sua consumação apenas o
ato de prestar informação falsa, não sendo, pois,
ilegal arrolar como circunstâncias judiciais
desfavoráveis a maior reprovabilidade da conduta
(culpabilidade) dos pacientes, em face de suas
específicas atuações no caso concreto, bem como
os vultosos prejuízos causados ao erário
(consequências).
(HC 137.626/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, DJe 04/10/2010)
96
Art. 22. Efetuar operação de câmbio não
autorizada, com o fim de promover evasão de
divisas do País:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
a qualquer título, promove, sem autorização
legal, a saída de moeda ou divisa para o
exterior, ou nele mantiver depósitos não
declarados à repartição federal competente.
97
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Conduta: Efetuar operação de cambio, ou seja,
troca de moedas de países estrangeiros, sem
autorização.
Elemento subjetivo: dolo acrescido da
finalidade especial de promover a evasão de
divisas (efetivar a saída irregular do país de
dinheiro ou numerário ou valor).
Consumação: crime é formal, se aperfeiçoa
com o ato de efetuar a operação. Não é
necessário que a evasão de divisas
efetivamente ocorra.
98
A configuração do tipo do art. 22 da Lei
7492/86 exige a realização de operação de
câmbio.
(REsp 797.341/PR, Rel. Ministra MARIA
THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
DJe 18/12/2009)
99
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
a qualquer título, promove, sem autorização
legal, a saída de moeda ou divisa para o
exterior, ou nele mantiver depósitos não
declarados à repartição federal competente.
Promover a saída, ou manter em depósito
divisa ou moeda sem comunicar a autoridade
competente é material, exigindo para sua
ocorrência a efetiva saída de moeda ou divisa
para o exterior.
100
Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o
funcionário público, contra disposição
expressa de lei, ato de ofício necessário ao
regular funcionamento do sistema financeiro
nacional, bem como a preservação dos
interesses e valores da ordem econômico-
financeira:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
101
Sujeito ativo: funcionário público, com o dever
de ofício em realizar determinado ato.
É imprescindível que o agente esteja no
exercício da função ou que tenha condições de
cumprir materialmente determinada ordem.
Condutas:
a) Retardar ato de ofício: o funcionário não
realiza o ato que lhe compete em tempo hábil
ou fora do prazo legal;
b) Deixar de praticar (omitir), ato de ofício; e
c) Praticá-lo contra disposição expressa em lei.
102
Objeto material : ato de ofício necessário ao
regular funcionamento do sistema financeiro
nacional, bem como a preservação dos
interesses e valores da ordem econômico-
financeira.
Elemento subjetivo: Dolo. Não se exige fim
especial de agir.
Consumação: Com o efetivo retardamento,
omissão ou prática do ato.
103