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Juros: sua natureza e sua prática Dicas para o multiplicador Objetivo: ampliar e aprofundar a idéia de juros. Eles não existem só nas operações de crédito, e são na verdade uma espécie de aluguel, ou o preço da impaciência. Por que precisamos dos juros? Taxa de Juros: é a taxa de retorno prometida a quem investe ou empresta dinheiro. Juros Compostos São os juros pagos sobre juros já vencidos. Daí a importância de nunca deixar saldo na fatura do cartão de crédito para o mês seguinte, por exemplo. .Juros Simples: São os juros pagos somente sobre o restante da dívida a vencer. Tenha sempre com você uma lista atualizada das taxas médias de juros cobradas pelos bancos em cada um de seus produtos e serviços (cheque especial, cartões de crédito etc). Pesquise na internet as opções mais próximas do seu público e faça sua escolha. Ela será muito útil durante os aconselhamentos que você dará. Para instruir seus “clientes” e diminuir as chances de ficarem insolventes, mostre-lhes, por meio de exemplos, o que acontece àqueles que usam freqüentemente os limites do cheque especial e dos cartões de crédito. Ensine às pessoas que o consultarem como calcular os juros que estarão pagando ou recebendo em suas operações bancárias e comerciais. (use a tabela da pg. 24 deste Guia). Ensine-lhes a diferença entre juros simples e juros compostos. Incentive essas pessoas a adiar compras a prazo e a fazer poupança para comprar à vista. Consumo Consciente do Dinheiro e do Crédito GUIA DO MULTIPLICADOR Texto de Referência 1 6 7 Saiba mais em www.akatu.org.br Duas questões iniciais: Suponha que você tenha uma fazenda e o vizinho peça parte da área para plantar café e criar gado. Você acharia justo receber uma parte do resultado que ele conseguirá com a utilização das terras? Em que situação você admitiria pagar mais caro para ter a mesma coisa? Por exemplo, R$ 800 por uma TV que pode ser comprada por R$ 500? E o que isso tem a ver com juros? A idéia de que o benefício pelo uso de um patrimônio seja partilhado entre o seu dono e alguém que seja capaz de fazê-lo render é uma das bases do conceito de juros, e não necessariamente tem a ver com dinheiro. No exemplo da fazenda, o pagamento poderia ser em sacas de café ou cabeças de gado, como até hoje ocorre. Isto revela um lado da natureza dos juros: a partilha da renda pelo uso de um patrimônio. consumir um tanto agora e não tem o dinheiro necessário. Com isso, ele mantém acesa a esperança de realizar seus projetos ou resolver suas dificuldades de fluxo de caixa. As taxas de juros interferem bastante nas nossas decisões de poupar, investir ou consumir. E por isso estas são usadas pelo governo como dispositivos de controle do fluxo do dinheiro na economia. Os dois principais tipos de taxas de juros hoje existentes no sistema financeiro são: Taxa Básica: SELIC •A SELIC é administrada pelo COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco Central) com a finalidade ou de impedir que a inflação futura saia do controle, ou que a recessão aconteça. Assim, ela é a taxa usada para regular a “vitalidade” da economia brasileira. Por causa da Lei da Oferta e da Procura, a inflação tende a crescer toda vez que o consumo aumenta. O preço do computador que você quer comprar aumenta se o número de compradores concorrentes também aumentar. Taxas de juros maiores tendem a diminuir a inflação porque elas estimulam muitas pessoas a desistirem de comprar agora; elas transformam compradores em poupadores. Quanto maior for o “estímulo” – o dinheiro que os poupadores ganharão – menos gente vai querer comprar agora o computador que você quer e, conseqüentemente, o preço dele tende a ficar estável. Ao lembrarmos que milhares de pessoas, todos os dias, decidem comprar produtos financiados, pagando em parcelas um valor bem maior do que o preço à vista, temos a resposta da segunda questão: lhes parece justo pagar um certo valor a mais para poder aproveitar agora algo que desejam ou precisam. Isto revela o segundo lado da natureza dos juros: o valor dado à possibilidade de antecipar uma satisfação. Ou seja, os juros são algo muito mais profundo e antigo do que as taxas cobradas por bancos, lojas ou financeiras. A existência dos juros é algo necessário, e até natural, para a vida em sociedade. Sem juros, seria impossível fazer com que a riqueza circulasse pela sociedade: os ricos se limitariam a acumular tesouros estéreis, e as demais pessoas jamais teriam chance de usar parte desta riqueza em seu próprio benefício. Mas, o que dizer sobre o tamanho dos juros? O que define se eles são altos ou baixos, excessivos ou razoáveis? Para responder, pense naquelas “duas naturezas” dos juros: • Como partilha da renda, os juros estarão de bom tamanho se os dois lados – quem cede o patrimônio e quem o faz render – se sentirem satisfeitos com a parte que couber a cada um. E isto depende muito de quanto o patrimônio é capaz de render (há um limite, por exemplo, de quanto café se pode colher numa certa área). Como preço de antecipar uma satisfação, a coisa é mais complicada: não existe uma medida certa. Tudo depende de quanto cada um está disposto a esperar. Em situações de desespero, de necessidade urgente, pessoas aceitam pagar juros altíssimos. Ou não pagarão nada, se puderem esperar o tempo necessário. Juros, então, tem a ver com economia e com psicologia. Podem ser vistos como um preço e dependem, portanto, de um mercado. E no mercado, o consumidor consciente tem muito a contribuir! SPREAD: nome técnico da taxa de juros adicionada pelos bancos aos juros que pagam para os aplicadores. Destina-se a cobrir itens como: riscos decorrentes de crises de liquidez e inadimplência; custos administrativos; condições de concorrência; lucro do banco; carga tributária – impostos diretos e indiretos - ; percentual dos depósitos compulsórios sobre depósitos à vista, a prazo e poupança, definido pelo Banco Central – isto diminui o dinheiro que os bancos têm para emprestar; etc. Em relação com a SELIC, variações nestas condições influenciam, para cima ou para baixo, as taxas de juros bancárias. Fatores como o volume de dinheiro poupado no país, os empréstimos tomados pelo governo, a disposição do consumidor a pagar juros e a competição entre os bancos também têm grande influência nessas taxas. Outras taxas de juros importantes e que devemos monitorar são: CDI: Certificado de Depósitos Interfinanceiros São taxas de juros diárias, calculadas em função da média das taxas de juros cobradas entre os próprios bancos. TR: Taxa Referencial A TR é calculada pelo Banco Central tendo por base as taxas de juros praticadas pelo mercado bancário. TJLP: Taxa de Juro de Longo Prazo É a taxa usada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em seus contratos de longo prazo, como forma de estímulo à economia. Três dicas finais: Os produtos e serviços bancários têm juros diferentes! Pesquise e negocie sempre! Um bom administrador de dinheiro não entende apenas de economia e contabilidade, sabe muito sobre inteligência emocional. Faça os juros trabalharem a seu favor! Juros: sua natureza e sua prática Juros dão um valor à capacidade de espera Pensando sobre... As taxas de juros Tecnicamente, no mercado financeiro, a taxa de juros é a remuneração do capital que os agentes superavitários (que ganham mais do que gastam) emprestam para os deficitários (que gastam mais do que ganham). Emocionalmente, a taxa de juros funciona como uma fonte de motivação para os dois lados envolvidos: O poupador se anima a deixar de consumir um tanto agora na esperança de poder consumir mais no futuro. O tomador se dispõe a pagar esse a mais para o poupador, porque precisa Por outro lado, se a SELIC for excessivamente alta, a economia pode entrar em recessão. Há um refluxo do crescimento econômico, mais desemprego etc. Portanto, a SELIC é usada para manter a ordem da macroeconomia por meio do equilíbrio entre oferta e demanda. Taxas Bancárias Por que essas taxas são maiores que a SELIC? Em primeiro lugar, isto acontece porque a SELIC (taxa básica) não é o único fator que determina os juros finais pagos pelos tomadores. Além dela, existem os seguintes fatores:

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Juros: sua natureza e sua prática

Dicas para o multiplicador

Objetivo: ampliar e aprofundar aidéia de juros. Eles não existem sónas operações de crédito, e são naverdade uma espécie de aluguel,ou o preço da impaciência.

Por que precisamos dos juros?

• Taxa de Juros: é a taxa de retornoprometida a quem investe ou emprestadinheiro.

• Juros Compostos São os juros pagos sobrejuros já vencidos. Daí a importância de nuncadeixar saldo na fatura do cartão de créditopara o mês seguinte, por exemplo.

.• Juros Simples: São os juros pagos somentesobre o restante da dívida a vencer.

• Tenha sempre com você uma lista atualizadadas taxas médias de juros cobradas pelosbancos em cada um de seus produtos eserviços (cheque especial, cartões de créditoetc). Pesquise na internet as opções maispróximas do seu público e faça sua escolha.Ela será muito útil durante os aconselhamentosque você dará.

• Para instruir seus “clientes” e diminuir aschances de ficarem insolventes, mostre-lhes,por meio de exemplos, o que aconteceàqueles que usam freqüentemente os limitesdo cheque especial e dos cartões de crédito.

• Ensine às pessoas que o consultarem comocalcular os juros que estarão pagando ourecebendo em suas operações bancárias ecomerciais. (use a tabela da pg. 24 desteGuia). Ensine-lhes a diferença entrejuros simples e juros compostos.

• Incentive essas pessoas a adiar compras aprazo e a fazer poupança para comprar à vista.

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Duas questões iniciais:• Suponha que você tenha uma

fazenda e o vizinho peça parte daárea para plantar café e criar gado.Você acharia justo receber uma partedo resultado que ele conseguirá coma utilização das terras?

• Em que situação você admitiriapagar mais caro para ter a mesmacoisa? Por exemplo, R$ 800 poruma TV que pode ser compradapor R$ 500?

E o que isso tema ver com juros?• A idéia de que o benefício pelo uso de um

patrimônio seja partilhado entre o seu donoe alguém que seja capaz de fazê-lo renderé uma das bases do conceito de juros, enão necessariamente tem a ver comdinheiro. No exemplo da fazenda, opagamento poderia ser em sacas decafé ou cabeças de gado, como atéhoje ocorre.

• Isto revela um lado da natureza dosjuros: a partilha da renda pelo usode um patrimônio.

consumir um tanto agora e não temo dinheiro necessário. Com isso, elemantém acesa a esperança derealizar seus projetos ou resolver suasdificuldades de fluxo de caixa.

• As taxas de juros interferem bastante nasnossas decisões de poupar, investir ouconsumir. E por isso estas são usadas pelogoverno como dispositivos de controle dofluxo do dinheiro na economia. Os doisprincipais tipos de taxas de juros hojeexistentes no sistema financeiro são:

Taxa Básica: SELIC• A SELIC é administrada pelo COPOM

(Comitê de Política Monetária do BancoCentral) com a finalidade ou de impedir quea inflação futura saia do controle, ou quea recessão aconteça. Assim, ela é a taxausada para regular a “vitalidade” daeconomia brasileira.

• Por causa da Lei da Oferta e da Procura,a inflação tende a crescer toda vez queo consumo aumenta. O preço docomputador que você quer compraraumenta se o número de compradoresconcorrentes também aumentar.

• Taxas de juros maiores tendem a diminuira inflação porque elas estimulam muitaspessoas a desistirem de comprar agora;elas transformam compradores empoupadores. Quanto maior for o“estímulo” – o dinheiro que os poupadoresganharão – menos gente vai querercomprar agora o computador que vocêquer e, conseqüentemente, o preço dele tende a ficar estável.

• Ao lembrarmos que milhares de pessoas,todos os dias, decidem comprar produtosfinanciados, pagando em parcelas umvalor bem maior do que o preço à vista,temos a resposta da segunda questão:lhes parece justo pagar um certo valor amais para poder aproveitar agora algo quedesejam ou precisam.

• Isto revela o segundo lado da naturezados juros: o valor dado à possibilidadede antecipar uma satisfação.

• Ou seja, os juros são algo muito maisprofundo e antigo do que as taxascobradas por bancos, lojas ou financeiras.

A existência dos juros é algo necessário, eaté natural, para a vida em sociedade.

• Sem juros, seria impossível fazer com quea riqueza circulasse pela sociedade: osricos se limitariam a acumular tesourosestéreis, e as demais pessoas jamaisteriam chance de usar parte desta riquezaem seu próprio benefício.

• Mas, o que dizer sobre o tamanho dosjuros? O que define se eles são altosou baixos, excessivos ou razoáveis?

• Para responder, pense naquelas“duas naturezas” dos juros:

• Como partilha da renda, os juros estarãode bom tamanho se os dois lados – quemcede o patrimônio e quem o faz render –se sentirem satisfeitos com a parte quecouber a cada um. E isto depende muitode quanto o patrimônio é capaz de render(há um limite, por exemplo, de quanto cafése pode colher numa certa área).

• Como preço de antecipar umasatisfação, a coisa é mais complicada:não existe uma medida certa. Tudodepende de quanto cada um estádisposto a esperar. Em situações dedesespero, de necessidade urgente,pessoas aceitam pagar juros altíssimos.Ou não pagarão nada, se puderemesperar o tempo necessário.

• Juros, então, tem a ver com economiae com psicologia. Podem ser vistos comoum preço e dependem, portanto, de ummercado.

• E no mercado, o consumidor conscientetem muito a contribuir!

• SPREAD: nome técnico da taxa de jurosadicionada pelos bancos aos juros quepagam para os aplicadores. Destina-se acobrir itens como: riscos decorrentes decrises de liquidez e inadimplência; custosadministrativos; condições de concorrência;lucro do banco; carga tributária – impostosdiretos e indiretos - ; percentual dosdepósitos compulsórios sobre depósitosà vista, a prazo e poupança, definido peloBanco Central – isto diminui o dinheiroque os bancos têm para emprestar; etc.

• Em relação com a SELIC, variações nestascondições influenciam, para cima ou parabaixo, as taxas de juros bancárias.

• Fatores como o volume de dinheiropoupado no país, os empréstimos tomadospelo governo, a disposição do consumidor apagar juros e a competição entre os bancostambém têm grande influência nessas taxas.

• Outras taxas de juros importantes eque devemos monitorar são:CDI: Certificado de DepósitosInterfinanceirosSão taxas de juros diárias, calculadasem função da média das taxas de juroscobradas entre os próprios bancos.TR: Taxa ReferencialA TR é calculada pelo Banco Centraltendo por base as taxas de jurospraticadas pelo mercado bancário.TJLP: Taxa de Juro de Longo PrazoÉ a taxa usada pelo BNDES(Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social) em seus contratosde longo prazo, como forma de estímuloà economia.

Três dicas finais:• Os produtos e serviços bancários têm juros

diferentes! Pesquise e negocie sempre!• Um bom administrador de dinheiro

não entende apenas de economia econtabilidade, sabe muito sobreinteligência emocional.

• Faça os juros trabalharem a seu favor!

Juros: sua natureza e sua prática

Juros dão um valor àcapacidade de espera

Pensando sobre...

As taxas de juros • Tecnicamente, no mercado financeiro, a taxa

de juros é a remuneração do capital que osagentes superavitários (que ganham mais doque gastam) emprestam para os deficitários(que gastam mais do que ganham).

• Emocionalmente, a taxa de jurosfunciona como uma fonte de motivaçãopara os dois lados envolvidos:• O poupador se anima a deixar de

consumir um tanto agora na esperançade poder consumir mais no futuro.

• O tomador se dispõe a pagar essea mais para o poupador, porque precisa

• Por outro lado, se a SELIC forexcessivamente alta, a economia pode entrarem recessão. Há um refluxo do crescimentoeconômico, mais desemprego etc.

• Portanto, a SELIC é usada para mantera ordem da macroeconomia por meiodo equilíbrio entre oferta e demanda.

Taxas Bancárias• Por que essas taxas são maiores que a

SELIC? Em primeiro lugar, isto aconteceporque a SELIC (taxa básica) não é oúnico fator que determina os juros finaispagos pelos tomadores. Além dela,existem os seguintes fatores:

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Decisões: consciência e desejo

Dicas para o multiplicador

Pensando sobre...

Objetivo: propor o desenvolvimentoda inteligência emocional paradar efetividade às decisões queenvolvem desejos, sentimentos eansiedades.

Como mover aquilo que me move?

• Autodomínio: É ser o “dono” do própriodestino e do próprio nariz. É não cheirar omundo com o nariz alheio. É, na medida dopossível, impor à rotina um ritmo próprio(veja ficha: “Ver direito ajuda a mudar dehábitos”). É não se deixar aborrecer alémda conta quando as coisas não acontecemcomo gostaríamos que acontecessem.O autodomínio é resultado de uma boapercepção da realidade aliada a um bomuso da inteligência emocional. É condiçãonecessária para sermos capazes de realizarnossos planos e sonhos.

• Inteligência Emocional: É percepção econdução de si mesmo na interação comos acontecimentos de nossa vida. Ela nosensina a enfrentar ou aproveitar, em “temporeal”, as oportunidades, os dissabores eas situações cotidianas. É a inteligênciaemocional quem “conta até dez”.

• Oportunismo: Diferente do senso deoportunidade (capacidade de perceber assituações favoráveis a um objetivo) esta éuma atitude que coloca em risco qualquerprincípio ou valor moral. É egoísmo emestado bruto e puro. É afrouxamento dadignidade e do respeito pelos outros.É o primeiro passo para a corrupção.

• Faça seus “clientes” refletirem sobrecomo gastam o próprio dinheiro. Peça-lhespara escrever uma redação sobre o tema,pontuando as facilidades que encontrampara gastar e as dificuldades para poupar.

• Enquanto lê a redação com cada umdeles, em separado ou em pequenos grupos,peça-lhes para lembrar algumas situaçõesconcretas relativas ao tema e destacar ossentimentos, atitudes e conseqüências quepuderam observar. Nunca julgue suasopiniões e idéias.

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Texto de Referência 2

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• Em outras palavras: como mandarem mim mesmo? Como conquistaro autodomínio?

• Não procure uma resposta pronta. • Por experiência própria, você já deve saber

que ter autodomínio é mais complicadodo que parece.

• Sem autodomínio não conseguimos levaradiante os nossos planos e planejamentos.Ficamos presos naquela situação emque o “juízo” puxa para um lado e as“vontades” puxam para o outro. A situaçãopiora quando sequer percebemos queestamos presos nessa rede.

• Quando não conseguimos mover o queestá nos movendo, nós marcamos um belogol contra.

• Quando não conseguimos nos “controlar”e deixamos a vida nos levar ao invés deseguir o que havíamos planejado, nossodinheiro, mais cedo ou mais tarde, ficacurto. E também corremos o risco denossa auto-estima ficar em baixa.

• A pergunta, então, passa a ser esta: porque, de vez em quando, jogamos contranós mesmos? Não é exatamente isso o queacontece toda vez que não realizamos osplanos e planejamentos que fazemos?E não apenas aqueles que envolvemdinheiro.

• As duas figuras são igualmenteimportantes e necessárias. Não sãoinimigos que se anulam, mas sim pólosque se atraem e fazem as coisas semovimentarem entre eles.

• Se a capacidade de gestão é a artede realizar planejamentos; os impulsos,abrindo espaço para improvisações eexperimentações, fazem do ser humanouma criatura criadora.

• De um lado as virtudes da prudência,da responsabilidade e da determinação.De outro, a iniciativa e a espontaneidade.

• Quem escolher? Como sempre, oequilíbrio. Mas cuidado: nem sempre oequilíbrio significa “partes iguais de cadaingrediente”. Na cultura em que vivemos -que estimula demasiadamente oimediatismo, o consumismo e a diversão -para um bom equilíbrio é preciso que agestão pese sempre um pouco mais.

Trocas no Tempo• Este é um bom momento para lembrarmos

o que está por trás dos juros.

• Juros são aquilo que a gente paga pornão saber-esperar.

• No livro “O Valor do Amanhã”, EduardoGiannetti diz que os juros são trocas notempo. Os investidores pagam agora epegam mais depois. Os devedores pegamagora, e vão pagar mais depois. Os jurossão esse “a mais”.

• Os investidores, como se vê,sabem esperar e recebem juros.Já os devedores...

• Antes de procurar respostas, puxe namemória exemplos de quando issoaconteceu com você. Busque lembraro que você sentiu e quais foram as perdase prejuízos.

• Para mandar em si mesma e realizar osseus planos, a pessoa precisa sabermanter-se fiel a seus propósitos e controlarseus sentimentos, desejos e ansiedades.Ela precisa usar sua inteligência emocional.

• Uma boa notícia: a inteligência emocionalé uma habilidade que todo mundo podeaprender.

• Note bem: a inteligência emocional é umahabilidade que podemos desenvolver enão uma característica que temos. Issosignifica que ela não está gravada emnossos genes, mas é fruto de nossoesforço e determinação.

• Da mesma forma que podemos aprendermais de um saber ou ciência (economia,contabilidade, dieta, negociar, andar demoto etc.), também podemos aprendera melhorar nossa inteligência emocional.Aliás, sem ela, e como qualquer um denós, mesmo o melhor economista temdificuldades para concretizar o próprioplanejamento financeiro.

• É a inteligência emocional quem nos ajudaa decidir qual é a melhor hora para compraralgo; quando mudar de carreira; ondeencontrar em nós energia para fazer bemum curso universitário; como falar comnossos filhos sobre assuntos delicados;como negociar um aumento de salário; etc.

• Quando não a usamos, caímos nasarmadilhas da impaciência, da imprudênciae da imaturidade. Ficamos ansiosos eapressados. Ao invés de ponderar e decidirsobre algo, agimos movidos por repentes,fazemos escolhas impulsivas e de modoatabalhoado.

• Quando aprendemos a usar a inteligênciaemocional aprendemos a trocar ooportunismo pela oportunidade; trocamosa esperteza pela sabedoria.

• Uma pessoa só pode ser chamadade sábia quando consegue que suavontade “escute e siga” o pensamento(o planejamento e o plano) e não aansiedade.

• O sábio vence a ansiedade justamenteporque sabe-esperar. Ele não tem pressaporque confia em si mesmo. Mais do queconhecimentos e erudição, o sábio temautodomínio.

• Saber-esperar não é um simples ficar àespera de algo. Não tem nada a ver coma atitude ingênua – e às vezes desesperada– de ficar aguardando alguma coisa boaacontecer.

• Saber-esperar é um tipo muito especialde ação. É uma ação movida pelaperseverança e pela prudência.

Razão e Gestão• Tanto a moderna psicologia, como

os mais antigos mitos mostram que aconsciência humana é uma mistura derazão (gestão) e paixão (impulsividade).

• Os impulsos, como o nome sugere, nosfazem soltar o pássaro que temos nasmãos, para perseguir dois voando.É por causa deles que somos curiosose insatisfeitos. O impulso é uma descargade energia psíquica que nos faz tomardecisões repentinas.

• Por outro lado, decisões repentinas sãoo que a racionalidade procura evitar.É dela que nasce a reflexividade: o atode ponderar sobre as condições econseqüências da escolha.

Decisões: consciência e desejo

Giannetti – O Valor do Amanhã, p. 239,Companhia das Letras). Vale a pena vocêrefletir sobre isso.

• Mas Giannetti nos adverte de que“o tempo, ao contrário do dinheiro,não é um ativo transferível. O dinheirotem uma existência separada daquele queo detém. Daí que ele pode ser entesourado,trocado, emprestado ou doado. O tempo,por sua vez, é um ativo valioso, masindissociável da pessoa que o detém.O dinheiro, é certo, compra tempo detrabalho alheio e compra serviços médicosque podem estender a duração da vida.Mas o dinheiro não compra o tempo em si.E a razão é o fato de que o tempo nãopode ser transacionado em mercado.Um bilionário decrépito, por exemplo,por mais que se disponha a fazê-lo,não tem como adquirir um ou doisanos do vigor juvenil de um adolescenteque passa fome, ainda que ambosadorassem ter condições de poder efetuara transação. Além disso, o tempo é umfluxo que, ao contrário do dinheiro, nãose presta a ser poupado, capitalizado ouacumulado. O uso do tempo pode sercalculado, controlado e medido aconta-gotas. O tempo não se acumula: flui”.(O Valor do Amanhã, pp. 204 e 205)

• Continue atento: as taxas de juros resultamde decisões muito mais complexas doque aquela que decide o melhor momentode se comprar um carro. Elas sãocondicionadas pelo que sonhamos ser eao que estamos dispostos a pagar pararealizar este sonho: o uso que fazemos donosso tempo, isto é, da nossa vida.

• “A transferência de recursos do presentepara o futuro tem como pré-requisito aexistência de um excedente transferível.Esse excedente não cai do céu como ummaná divino. Ele depende de uma decisãoda sociedade de não consumir no desfruteimediato o equivalente pleno de seusesforços, ou seja, poupar” (Eduardo

• Enquanto os impulsos nos levam aescolher imediatamente, a racionalidadenos faz contar até 10, ou 1000,dependendo do que está em jogo.

• E nos vemos, mais uma vez, às voltas comos dois agentes do Mercado Financeiro: opoupador e o tomador. Ou a cigarra ea formiga, da velha fábula...

Quem puxa os cordéis dessa marionete?

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Auto-conhecimento e escolhas pessoais

Pensando sobre...

Objetivo: Estimular a reflexãosobre o modo como estamosvivendo, levantando suas origense explorando as conseqüênciasde continuarmos assim.

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Texto de Referência

O estilo de vida não é uma moda passageira3

• Além de influenciar a economia, o estilode vida determina nosso jeito pessoal defazer escolhas, planos, compromissos e,muito importante: realizá-los.

• O estilo de vida não deve ser confundidocom um modismo surgido da necessidadede imitar outros. Ele é o modo de umindivíduo realizar a si mesmo.

• Um estilo de vida deve ser criado e nãocopiado, pois os modismos exacerbamo consumismo e, geralmente, são nocivosà sociedade e ao planeta.

• O estilo de vida deve ser a expressão donosso autodomínio. Ele torna visível o quepensamos e queremos. Ele faz de cadaum de nós um indivíduo: alguém que sedestaca no meio da multidão porquepensa com própria cabeça e sente como próprio coração.

• Quem criou e assumiu um estilo de vida,sabe fazer a gestão de si ao longo dotempo. É uma pessoa capaz de criarsignificados para o seu passado, valorpara o seu cotidiano e direção para oseu futuro.

• Ter um estilo de vida bem concebidoe bem realizado, nos permite seguirem frente sem ficar dando voltas ereviravoltas. Fazendo e desfazendo

planos. Ter um estilo de vida é assumirpara si mesmo um projeto de existência.Ele define a nossa trajetória de longoprazo e nos dá mais confiança e coragem.

• Quem tem um estilo de vida “saudável”sabe definir o equilíbrio entre ter e ser.Sabe usar o dinheiro e o crédito a seufavor e, ao mesmo tempo, da sociedadee do meio ambiente. É um consumidor

Ética e corrupção• A conduta ética, além de nos permitir

realizar nossos talentos, desejos e tarefas,nos faz ajudar outros a realizar os seuspróprios objetivos.

• O comportamento ético também é umantídoto contra a corrupção porquesomente quem é capaz de cooperar é

Dicas para o multiplicador

igualmente capaz de abrir mão do“dinheiro fácil”. Basta ver que acorrupção corrompe tudo aquilo quefacilita e permite a vida em comunidade.

• E atenção às palavras: corrupção, emessência, não é a situação onde umapessoa “se vende” para usar em benefíciopróprio o poder que alguém (a empresa,a sociedade...) lhe deu. Corrupção é aprática cujo efeito corrompe (rompe,quebra, impossibilita, anula) a organizaçãoou convivência social.

• A corrupção acontece toda vez quealguém visa apenas o seu própriobenefício, desconsiderando os direitosalheios.

• Exemplos de corruptos geralmente nãovistos como tais: aqueles que trafegampelo acostamento das estradas oupelas faixas exclusivas de ônibus parafugir de engarrafamentos. Aqueles quenão levam a sério a dimensão social deseu trabalho, profissão ou empresa.Aqueles que não buscam ampliar oshorizontes de sua consciência e nãoparticipam, de algum modo, em açõesque fortaleçam a cidadania.

• Neste sentido, é corrupto todo homemou mulher que, ao invés de viver emsociedade, usa as instituições sociaisapenas para satisfazer seus interessespessoais.

• No fundo, o corrupto se acha commais direitos que os demais. Ele émovido quase que exclusivamentepela vontade de se dar bem já, e não

socialmente responsável. Além deconquistar o que quer para si próprio,ele considera as exigências da vida emcomum e as necessidades das demaispessoas.

• No que diz respeito às finançaspessoais, um estilo de vida planejado(ao invés de copiado) faz o dinheirotrabalhar para nós, e não o contrário.

• Quando bem realizado, o estilo de vidaabre oportunidades para que nossasaspirações deixem de ser apenas“vontades passageiras” e virem fatosconcretos de nossa biografia. O queantes era um simples desejo, tornou-seuma opção, uma escolha consciente,uma obra.

• Essa obra se pauta pela regra de ouroda Ética: não fazer aos outros o quenão desejamos que façam conosco.

• Atitudes ou ações, só podem serchamadas de éticas quando procuram,por todos os meios disponíveis,estabelecer ambientes de cooperaçãoe entendimento.

• Talvez a conduta ética seja o únicoantídoto contra a hiper-competitividadeatual, que torna estafantes e quasesem sentido muitos dos nossosrelacionamentos.

• A exagerada importância que nossasociedade tem dado à competiçãodiminui as oportunidades de melhoriada convivência familiar e social.

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percebe que, agindo assim, ele acabacorrompendo o seu próprio futuro.

• Ele se “enche de razões” para agirassim, e a mais comum, tem sido:todo mundo faz, por que não eu?Por acaso sou trouxa? Não estamosvivendo a época do cada um por sie ninguém por todos? Quem seacostuma a pensar assim, vai ficando

• Estilo de vida: É o que nos permiteescolher, de fato e de verdade, um “destino”para nossas vidas. Quem não tem um estilode vida, geralmente, não tem preferências.

• Preferência: As preferências expressam –mostram a nós e aos outros – quais são osnossos gostos pessoais. Elas revelam muitosobre quem somos e quais são os nossosvalores.

• Prudência: É a virtude (a força de caráter)que nos faz prever e evitar as faltas e osperigos. A prudência nos ajuda a conhecere praticar o que nos convém. É a principalguia da decisão. Nos faz agir com sensatez,tino e também com cordura e respeito; nãopodemos ser conscientes no uso do dinheiroe do crédito senão formos também prudentes.

com vergonha de ser íntegro ehonesto. Acaba titubeando na horade fazer as coisas certas e até comuns,como, por exemplo, ser gentil comalguém. A estupidez (falta de gentileza)também é uma forma de corrupção.

• Em palavras simples, a ética consisteem nada mais do que isto: pedir, aosoutros, “licença para agir”. Aquelesque serão, de algum modo, afetadospor minhas escolhas e atos devemser cuidadosamente consideradosantes e depois de eu tomar a decisãoou agir. Se lembrarmos que existeuma interdependência – que o quecada um de nós faz afeta a todos, eacaba retornando a nós mesmos –estes cuidados devem estar presentesem todos nossos atos, e visam, emúltima instância, a cuidar tambémde nós mesmos.

• Considerar os outros antes de agirsignifica agir com prudência, terponderado a validade e asconseqüências do ato. Considerá-losdepois de ter agido significa assumiras conseqüências da ação; serresponsável. E um cuidado especial:para “considerar os outros” não basta“pensar neles”, ou “imaginar o queeles esperam”. É preciso ouvir e tentarcompreender o que estes “outros”têm a dizer, respeitando nossaprópria individualidade, mas tambémreconhecendo e valorizando as visõese expectativas do próximo.

Auto-conhecimento e escolhas pessoais

Refletindo sobre nossa real identidade

• Estude e compare os estilos de vida devárias personalidades famosas do Brasil,do mundo e também próximas da suacomunidade. Gente que ganhou na loteria egastou tudo em pouco tempo, gente que fezfortuna trabalhando e poupando, etc.

• Use esses exemplos para ajudar seus“clientes” a compreender o conceito deestilo de vida.

• Peça-lhes para fazer uma lista de suaspreferências sobre: roupas; passeios; bensde consumo (móveis, TV, computadores,geladeiras...); casa; lugar para morar; férias;automóveis; amizades; livros e cursos; etc.Depois, peça-lhes para juntarem todas essaspreferências numa redação sobre o estilode vida que eles, de fato, vivem e o estilo devida que eles gostariam de viver.

• Discuta em pequenos grupos: estesdiferentes estilos de vida: de onde surgiram?O que podem trazer de positivo ou denegativo para quem os pratica ou deseja?E para a sociedade e o meio ambiente?É possível praticá-los? Como?

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Da competição à cooperação

• Há muitas, mas certamente uma das idéiasmais importantes a ser desenvolvida noséculo 21 é a que define a interdependência.Precisamos compreender todos os seussignificados e torná-la real se quisermosaumentar as chances de sobrevivência dahumanidade e dos demais seres vivos quecompartilham o planeta conosco.

• A percepção de que somosInterdependentes é fundamentalpara preservarmos o meio ambiente edesenvolvermos comunidades e pessoasmais saudáveis.

• 45 anos depois, além de vermos,vivemos a Terra como uma unidadeglobal. Sabemos na hora fatos queacontecem em qualquer ponto doplaneta. Nos comunicamos instantanea-mente com lugares em todo o mundo.Mercadorias, pessoas e informaçõescirculam como nunca, e vemos nossavida diária mudar ao sabor de mercadosou eventos globais.

• Sabemos que precisamos reinventar –urgentemente – o modo como utilizamose repartimos os recursos que temos,hoje e no futuro.

• E essa tarefa não cabe apenas agovernos, instituições e empresas.Sobretudo os indivíduos devemaprender a cooperar. O propósito doprotagonismo social é justamenteeste: que o indivíduo cuide de seuinteresse sem descuidar de fazer asua parte em prol da melhoria dasociedade e das gerações futuras.

• Em suma, o desafio é este: jogar ojogo do ganha-ganha em todas asdimensões da vida cotidiana, sociale política. A transição para o modelo

Dicas para o multiplicador

Pensando sobre...

Objetivo: Despertar a compreensãode que a sociedade depende dasnossas escolhas e do modo comousamos o dinheiro e o crédito, evice-versa.

O que sou capaz de fazer com e pela comunidade?

Interdependência• Quinhentos anos atrás, Francis Bacon

e Maquiavel cunharam duas frases queainda hoje estão no coração e na mentede bilhões de pessoas. Bacon disse:“A Natureza é uma fonte inesgotávelde recursos de onde a humanidadepode extrair riqueza e conforto”. A frasede Maquiavel é mais famosa: “Os finsjustificam os meios”.

• Gaste alguns minutos para percebero quanto essas idéias estão na base denossas formas de produção e consumoe de nossa maneira de fazer política.Gaste mais alguns para investigar oquanto você as incorporou à suaprópria vida.

• Não é verdade, por exemplo, que paravocê, a Natureza ou é fornecedora dematéria-prima para as coisas que consomeou um parque de diversões? Não é verdadeque somos espremidos pela necessidadede “produzir resultados”, não importacomo?

• Agora pense: que idéias precisamoscolocar no lugar dessas para diminuirmosos riscos planetários e tornarmos maisjustas as sociedades humanas?

• Cidadania: É fazer diferença no mundo:participar da construção do ambiente emque se vive. É todo gesto, conduta, adesão etrabalho que faz uma pessoa merecer estarjunto de outras e viver em uma comunidade.É dedicação e defesa do bem-comum.É dilatação da vontade de cooperar comvárias outras pessoas.

• Interdependência: É o fato de que tudoque eu faço afeta a todos, e retorna a mimmesmo. É parte essencial do tecido quepermite a existência de redes.

• Rede: É um sistema formado por pontosinterligados entre si por múltiplas conexões,diretas e indiretas. Por estar na rede, cadaponto adquire potenciais e limites que nãoteria isoladamente. “Sempre que olhamospara a vida, olhamos para redes. O padrãoda vida é um padrão de rede capaz deauto-organização”. Fritjof Capra (A Teiada Vida)

• Desenvolvimento Sustentável é odesenvolvimento que satisfaz asnecessidades presentes, semcomprometer a capacidade dasgerações futuras de suprirem suaspróprias necessidades.

• Seu objetivo é diminuir o impacto negativoda atividade econômica (extrativismo,agropecuária, urbanização, indústria eserviços) no meio ambiente. É melhorara qualidade de vida e o bem-estar dasociedade, hoje e amanhã. Isso nãoé possível sem aprendermos a cooperaruns com os outros.

• Vai ficando cada vez mais evidente que asformas competitivas do tipo ganha-perdedevem ser abandonadas porque elasnão têm mais espaço num mundointerconectado, superpovoado e comrecursos escassos.

• A cooperação é difícil de ser vista, porqueestamos demasiadamente acostumadosa pensar e a sentir que a competição éo único motor do desenvolvimento pessoale econômico.

• Cooperação e competição são essenciaisem qualquer sociedade humana. Porém,as formas de cooperar e competir vão semodificando em função do aumentoda interdependência entre os países,povos e pessoas.

• A prática da vantagem competitivadeve aceitar a companhia de um irmãmais nova: a vantagem cooperativa.

• Todas as coisas que existem serelacionam de alguma maneira e, portanto,dependem, em algum grau, umas dasoutras. Daqui se originaram as idéiasde REDE ou TEIA GLOBAL.

• Os membros de qualquer ecossistemaestão interligados por uma imensa ecomplexa rede de relações. Animais,plantas, fungos, e até fenômenosgeográficos, são o que são, graças a essarede. Nenhum ser vivo depende somentede seu DNA para se desenvolver e existir.Se cortarmos ou modificarmos um dos fiosda rede, todo o ecossistema se modifica.

• O mesmo se aplica a qualquer outrosistema, como as sociedades,comunidades e organizações.

• Melhoramos as comunidades das quaissomos membros, melhorando a qualidadedas relações que desenvolvemos com asdemais pessoas. Uma comunidadesustentável (saudável) é aquela na qualum grande número de indivíduos assumepessoalmente a importância dessamelhoria, e isso inclui o modo comogastamos o dinheiro.

Cooperação edesenvolvimentosustentável• Em abril de 1961, pela primeira vez, um

ser humano foi ao espaço, e de lá viu efotografou a Terra: um pequeno planetaazul, perdido na imensidão do universo.E ele é tudo que temos para garantir asobrevivência nossa e de nossosdescendentes.

• Faça um mapa de sua rede: reúna seus“clientes” e peça que cada um liste 5comunidades ou organizações com que serelacione diariamente. Desenhe um diagrama”tipo teia”, tendo você mesmo no centro, e emtorno cada uma das comunidades/organizaçõesque listou. Acrescente a este diagrama osoutros membros do grupo, evidenciando ospontos relacionados, diretos e indiretos.

• Pesquise no site do Akatu (e outros),exemplos de pequenas ações individuais que,se praticadas no longo prazo ou multiplicadaspelas redes, fazem muita diferença para asociedade.

• Informe-se sobre a importância dotrabalho voluntário e ONGs (OrganizaçõesNão Governamentais) que poderiam interessara seus “clientes”.

• Espalhe essas informações e dicas nosmurais de seu local de trabalho ou escola..

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Texto de Referência 4

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de desenvolvimento sustentável sóacontecerá quando este desafio forvencido. Precisamos mudar o ajusteentre as duas atitudes fundamentais(competição x cooperação).O desequilíbrio passou dos limites.

• O primeiro passo é diminuir anecessidade de tomarmos decisõeseconômicas baseadas na exclusão:eu OU você. Ao invés disso, devemosprocurar resolver dificuldades ecarências usando a expressão: euE você. Somente a cooperaçãonos guiará na transição para asustentabilidade, pois a competitividadedesbragada não poderá resolver osproblemas que ela mesma criou.

• O segundo passo é compreender queuma parcela imensa do PIB mundialacontece em função da “dádiva”, isto é,daquelas ações que praticamosgratuitamente em benefício de alguémconhecido ou desconhecido. Exemplosdisso são as atividades comunitárias,os serviços voluntários, as doaçõesde sangue, órgãos, objetos e dinheiro,o intercâmbio de conhecimentos, ospresentes, os encontros sociais, aparticipação da vida política, a amizade,a constituição de família, a cessão dedireitos etc. Os gestos de gentilezatambém são gestos de dádiva.

• Finalmente, o terceiro e decisivopasso, caro leitor, é o que está emseus pés.

Da competição à cooperação

Cooperando superamos abismos

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Orçamento e planejamento

Consumo Consciente do Dinheiro e do Crédito GUIA DO MULTIPLICADOR

Situações 1Objetivo: Evidenciar motivosque dificultam a concretizaçãode planejamentos financeiros, epromover o desenvolvimentode habilidades para superá-los.

Objetivo: Reafirmar que vale a penafazer poupança, e mostrar como“cuidar das economias” é algo aoalcance de todos. Quanto antesse começa, melhor o resultado.

O quadrado de um bom planejamento financeiro

Poupança: do faz de conta à vida real

Dicas para o multiplicador

• Ajude seus “clientes” a manter umorçamento: 1. Forme um grupo e façauma reunião para começar o trabalho.Cada um deve ter um caderno pessoal parasuas anotações. 2. Para começar, reflita como Grupo sobre como entendem cada itemda lista ao lado. Se precisar, adapte-a a suarealidade. 3. A seguir, cada um escrevecomo atende* hoje cada item da lista, ecomo deseja atendê-lo daqui a um ano.4. Após a reunião, todos devem passar aanotar no caderno como atenderam cadaitem. 5. Promova regularmente reuniõesde acompanhamento, em intervalos nuncasuperiores a um mês. 6. Estimule a trocade soluções e experiências, mas não obrigueou induza ninguém a mostrar suas contas.7. Auxilie seus “clientes” a usar as anotaçõespara montar e acompanhar um orçamentomensal (planilha), definindo metas e traçandoplanos para atingi-las.* atender=resolver a necessidade, com dinheiro(quanto?) ou de qualquer outro modo.

Dicas para o multiplicador

• Proponha uma reflexão, individual ou empequenos grupos, sobre essas questõescorrelatas: O que podemos fazer para poupar5% de nossa renda mensal? Que tipo de“acordos” familiares precisam ser feitos?Que tipo de hábitos precisamos mudar ouadquirir? Do que precisamos abrir mão?

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Orçamento e planejamento

Três motivos que dificultama realização de umplanejamento financeiro:

1ºO ritmo da vida diária nos torna ansiosose apressados. Achamos que nãoseremos felizes se não fizermos eexperimentarmos tudo agora.Resultado: corremos o risco de agir deforma imediatista e isto prejudica nossacapacidade de tomar decisões.

2ºTemos pouca formação em gestãofinanceira. Devemos sanar essa lacunaem nossa educação e impedir que omesmo aconteça com nossos filhos.

3ºÉ freqüente nos sentirmos desconfortáveisquando olhamos a realidade de frente. Paraevitar aborrecimentos, tendemos a fugirda “vida como ela é”. Tal comportamentonos induz a mascarar os planos –financeiros e outros – que tecemos.

Com isso em mente, reflita sobreas quatro providências que podemajudá-lo na realização de seuplanejamento financeiro:

Lado 1 Saber onde se quer chegar. A maioria de

nós não quer apenas acumular patrimônio ou

existir para ter conforto material. Queremosusar o dinheiro, sobretudo, para nos ajudara acumular experiências íntimas e sociais desatisfação e crescimento. Este uso pleno dodinheiro não vem de graça: resulta do modocomo encaramos o mundo e aproveitamoso tempo. Por isso, o passo nº 1 daorçamentação doméstica não tem a ver commatemática, mas com psicologia: precisamoscriar clareza sobre o estilo de vida quequeremos levar.

Lado 2Definir o tamanho do patrimônio

necessário para realizar o estilo de vidapretendido e as estratégias de sua formação.É a hora de encarar a vida como ela é. Nãose auto-engane e avalie meticulosamentesuas condições financeiras reais. Planeje omédio e o longo prazo (períodos de 3 e 5

anos) e não esqueça de incluir os planos deprevidência: você envelhecerá.

Lado 3Efetivar o planejamento financeiro anual

e o fluxo de caixa mensal. São coisasdiferentes e complementares: o planejamentocuida do desenho de um futuro ao mesmotempo desejável e possível; já o fluxo de caixaé uma atividade que controla de forma regulare permanente o que estamos fazendo com odinheiro que ganhamos. Mas não esqueça:a meta de ambos é realizar o patrimôniopretendido para que concretizemos o nossoestilo de vida.

Existem várias formas de montar umorçamento doméstico. Veja nas “dicas”desta ficha algumas indicações sobre ondeobter orientação.

• A poupança é uma das melhores e maisseguras formas de fazer o patrimônio ircrescendo ao longo de muitos anos.

• Bem utilizada, ela protege nosso bolsode nós mesmos, evitando os gastos quefazemos por impulso ou porque está“sobrando algum dinheiro”.

• Mas, para que ela frutifique bem ebastante, você precisa exercitar os

músculos de seu autocontrole e suaautodeterminação. Você precisa sabertrabalhar para sua “esperança” de umfuturo, em termos materiais, tranqüilo.

• Merece ter um lugar de destaque noplanejamento do orçamento doméstico.

• Para tanto, é preciso aprender a transformarem hábito, o ato de poupar.

• Um bom poupador poupa de formaprogramada e não apenas eventualmente,quando sobra algum dinheiro. Ele orientasua vida por objetivos e sabe trabalhar

com base em planejamentos. Transformaem hábito o gesto temporão de guardardinheiro.

• Defina um valor e trate a poupançacomo uma das contas mensais que vocênão pode deixar de pagar.

• Tente poupar pelo menos 5% de suarenda líquida mensal.

• Faça o depósito imediatamente apósreceber seus rendimentos mensais.

• Cuide bem do seu dinheiro: escolhainstituições sólidas, com tradição nomercado.

• Jamais tome sua decisão baseado apenasna publicidade. Pesquise e informe-sesobre a empresa ou instituição que

Lado 4Realizar as providências anteriores.

Monte você mesmo o quadrado.Esta providência não é tão simples de sercumprida quanto pode parecer. É nestaetapa que os três motivos que dificultama prática do planejamento devem sersupervisionados e abrandados. Por isso,é preciso atenção e disciplina redobradas,até que manter o orçamento sempre sobcontrole vire um hábito, e você sinta seusbenefícios.

oferece o plano de poupança ouinvestimento.

• Tenha cuidado com ofertas“excessivamente boas”: isso, geralmente,significa um risco grande.

• Diversifique a sua carteira de poupançae investimento. Não coloque todos osovos numa única cesta.

• Não esqueça: O “tempo não pára!”,você envelhecerá e gostará de ter feitouma boa poupança e um bom plano deprevidência.

• Use sua poupança e investimentos deforma socialmente responsável. Agindoassim, além de criarmos melhoresoportunidades para nós mesmos, tambémcontribuímos para a efetivação de umasociedade cada vez mais justa.

• Poupar não apenas para aumentarpatrimônio e gerar renda, mas aproveitarpara, de quebra, participar da construçãode uma sociedade melhor.

• Um bom poupador não guarda dinheiro:administra a sua circulação. Não se limitaà idéia de juntar, e aprende a multiplicaroportunidades.

Se você acha que comprar um carro é aumentar seu patrimônio, pense nisso:• um automóvel “zero quilometro” desvaloriza em média 20% após o 1º ano de uso. Depois disso, perde mais cerca de 10% a 15% do valor

a cada ano adicional. Além disso a manutenção do veículo custa aproximadamente, por ano, 1/5 do valor de um carro novo. Fazendo ascontas, o valor investido em um carro é totalmente consumido em menos de 4 anos de uso.

• Antes de comprar um carro, pense se você não poderia resolver sua necessidade de transporte usando metrô, ônibus ou táxi, gastando porano menos do que gastaria para manter o automóvel. Caminhar também é uma opção. Você faz um bem a seu bolso, ao meio ambientee – muitas vezes – até ao seu tempo e à sua saúde.

Faça sua planilha do orçamento conscienteGastos: Ganhos:• Alimentação • Salários ou ordenados fixos• Educação e Cultura • Outras rendas do trabalho• Higiene e Perfumaria • Pensões / Aposentadoria• Impostos • Rendas de aluguel ou investimentos• Lazer e Férias • Outros (negócios, comércio etc.)• Moradia• Pagamento de dívidas Ganhos (-) Gastos = • Pequenas Despesas Formação do patrimônio:• Saúde Itens do patrimônio:• Telefone e internet • Poupança e Previdência• Transporte • Investimentos• Vestuário • Imóveis

• Outros bens

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Hábitos e imprevistos

Consumo Consciente do Dinheiro e do Crédito GUIA DO MULTIPLICADOR

Situações 2Objetivo: Pensar nos atos querealizamos mecanicamente, semconsiderar suas conseqüênciasfuturas. Incentivar mudança dehábitos no trato com o dinheiroe o consumo.

Objetivo: Aprofundar a idéia deque podemos planejar quase tudoem relação à nossa vida financeira,e até mesmo nos prevenirmos dosimprevistos.

Ver direito ajuda a mudar de hábitos

Imprevisto: que cegueira é essa?

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Hábitos e imprevistos

• Grande e pequeno são palavras perigosasporque são facilmente intercambiáveis.Algo grande pode passar a ser visto comopequeno e vice-versa: basta mudarmosos elementos de comparação. Exemplo:podemos reclamar da mensalidadeescolar de nossos filhos e gastar, ao longodo mês, praticamente o mesmo valor com“despesinhas” que fazemos por impulso oufalta de planejamento: bebidas, queijos efrios comprados na padaria ao invés delocais onde eles são mais baratos;revistas e jornais que apenas folheamos.Lembranças que compramos para osfilhos durante viagens a trabalho e queeles, no fundo, não curtem. CDs que nãovamos ouvir; uso de táxis quando o Metrôou ônibus estão logo ali, etc.

• Faça as contas antes de dizer que umadespesa é pequena. Habitue-se a somar as“pequenas despesas” ao longo de um mêse a comparar o total com as contas deágua, luz, gás e telefone. Compare a somade um ano com o valor de seu salário.

• Quando o assunto é dinheiro, comparar épreciso. Não tenha vergonha de fazercomparações explícitas. Compare sempree de muitos modos. Use esses óculos:eles ficam bem em todos nós.

• Quem sabe ver direito conhece o valor deum esquecido ditado popular: “de grão emgrão a galinha enche o papo”.

• Esse ditado caiu em desuso por váriosmotivos, mas o principal é que ele foisubstituído por um outro: “só se vive umavez”. Trata-se de um novo prisma quefoca o prazer e, conseqüentemente,estabelece o hábito de gastarmos o quetemos e o que não temos para atenderos desejos do momento.

• Ver direito ajuda a compreender o que éessencial. Ajuda a descobrir qual o realtamanho das “despesinhas” e nos fazenxergar o orçamento doméstico nãoapenas pelo lado dos gastos, mastambém pelo prisma da poupança.

• Quem vê direito encontra motivação eforças para mudar seus hábitos e usá-lospara ajudar a si mesmo.

• O hábito é um comportamento que serepete. Como o colesterol, existem

• O que caracteriza um “imprevisto” é o fatodele não ter sido previsto ou desejado, outer sido considerado muito improvável.

• Nossa vida está repleta deles. Derrubarmolho de macarrão na camisa branca.Receber uma multa de trânsito. O celulartocar no cinema. Levar um fora do seuamor.

• Para nossa sorte, nem todo imprevisto éruim. Podemos receber um telefonemaconvidando-nos para um novo eestimulante trabalho. Pegar tempo bom

em todos os dias de nossas férias. Ganharna loteria. Seu amor ligar dizendo que searrependeu.

• Existem imprevistos de todos os tipos: osque nos alegram, os que nos prejudicame os que nos são indiferentes. Os quepodemos resolver e os que não podemos.

• Não importa o tipo de imprevisto, umacoisa é certa: os previdentes costumamse sair melhor em situações imprevistas,boas ou ruins.

• Os previdentes sabem que os imprevistospodem ser gerenciados, e os tratamcomo RISCOS.

• Todo imprevisto é um RISCO maladministrado. Risco é qualquer perigoou possibilidade de perigo, incerto, masprevisível.

• Os imprevidentes vivem se queixandoda sorte porque não sabem administrar riscos em suas aplicações e negócios, ouseja, porque não sabem planejar e realizarplanejamentos.

• Administrar riscos nada mais é do queuma forma planejada de tomar decisões.Significa basear as escolhas em critérios.

• Decisões tomadas com base emplanejamentos costumam gerarconseqüências melhores do que asdecisões tomadas de impulso.

• Os imprevidentes estão sujeitos a chuvase trovoadas porque suas decisõescostumam ser incoerentes e tomadassem critérios maduros.

• Embora impliquem perigos, nem todorisco é uma ameaça; muitos riscos são

Dicas para o multiplicador

• Peça a seus “clientes” para, ao longo deuma semana, irem anotando os seus hábitosdiários e, depois, avaliarem em que medidacada um deles os ajuda ou os atrapalhaquando o assunto é tempo e dinheiro.

• Eles também devem verificar quais delesforam adquiridos voluntariamente e quaissimplesmente “apareceram” e se instalaram.

Dicas para o multiplicador

• Proponha a seus “clientes” um jogoda verdade baseado na seguinte pergunta:Quantas vezes na vida chamei de imprevistoo que na verdade aconteceu porque eufui imprevidente (não fiz nenhum tipo deplanejamento ou conta)?

• Depois, monte pequenos grupos paradiscutir o tema e buscar “soluções” paranão cair mais nessa armadilha.

oportunidades. Perceber essa diferençafaz toda a diferença.

• Quando o assunto é dinheiro, osprevidentes freqüentemente ganham maise perdem menos, do que aqueles queusam o dinheiro de forma inconsciente.

• Os previdentes raramente se achamvítimas da má sorte ou do destino.Eles sabem ver direito e mudar de hábitos,e não sofrem de enxaqueca quandoalguma coisa dá errado. Não se sentemcom culpa no cartório.

• Bater o carro e não ter seguro? Gastos deemergência com o médico ou dentista?Ter que bancar a faculdade dos filhos?Ajudá-los a montar um negócio? E o quedizer da aposentadoria? Nada disto éazar. Tudo isso são acontecimentos paraos quais, por imprudência, imprevidênciaou má gestão dos riscos, você nãoestava preparado.

• Não dê sorte ao azar: planeje e executebem o planejamento. Você descobriráque os imprevistos não precisam geraransiedades, discussões e doresde cabeça. Afinal, a prevenção ea previdência existem para quê?

hábitos bons: escovar bem os dentes,alimentar-se corretamente, caminhar,poupar. E existem hábitos maus: andarcom mais dinheiro do que o necessáriona carteira; passear nos shoppingscom os cartões de crédito ou ir aosupermercado sem uma lista bemdefinida das compras.

• Um hábito é benévolo quando nostorna pessoas mais determinadas, eé nocivo quando nos torna compulsivose imediatistas.

• O imediatismo é o maior inimigo de umorçamento justamente porque ao defenderos interesses do momento ele nos desviados planos e nos torna gastadores.

• O imediatismo nos torna pessoasmimadas e cheias de boas razões paragastar compulsivamente. A determinaçãofaz o movimento contrário e desenvolveas habilidades necessárias para a gestãode si mesmo: autocontrole, paciência eclareza de propósitos.

“Sei decidir sozinho(a)”• Decide só por você, ou considera os demais afetados?• Só decide, ou de fato toma providências?• Decide com base em quê?• Quem pesa mais: as poucas e grandes decisões, ou

as inúmeras pequenas escolhas de cada dia?

Aplicando R$ 2,00 por dia desde o dia do nascimento de um bebêaté os 30 anos de idade, com diferentes taxas de juros, resulta:

Mas… e para pagar em 30 anos um empréstimo de R$ 58.700,00?Com juros anuais de: a prestação mensal é:

6% R$ 345,9610% R$ 496,5420% R$ 902,47

Taxa de juros anual

20%

R$ 940.600,00

R$ 124.800,00

R$ 58.700,00

10%

6%

0 10 20 30Anos

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Crédito: necessidade, seleção e uso

Consumo Consciente do Dinheiro e do Crédito GUIA DO MULTIPLICADOR

Situações 3Crédito é mesmo dinheiro extra?

“Ok, decidi alugar dinheiro, mas onde?”

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Crédito: necessidade, seleção e uso

• Qual é a hora certa de pegar um dinheiroemprestado?

• Para deixar mais clara a importância destadecisão podemos mudar um pouco apergunta: Estou contraindo um empréstimoou fazendo uma dívida? Ou: quando ecomo saber se o endividamento é razoávelou necessário?

• Não utilize nenhuma fonte de créditoantes de ponderar demoradamente sobrea sua REAL necessidade. Seja sincero:quantas vezes você não inventou umanecessidade para comprar algo?

• A melhor maneira de não cair nessaarmadilha é fazer contas. O melhor “juiz”dessa dúvida é o orçamento.

• Não cometa o erro de considerar apenaso valor das parcelas mensais e nemse deixe seduzir pela disponibilidade decrédito: compras parceladas, saldos docheque especial, cartão de crédito etc.Nenhum desses dinheiros é seu!

• De quem é o dinheiro que chamamosde crédito? Obviamente, a resposta é: dosinvestidores e poupadores que o confiarama bancos, financeiras etc. Os juros quevocê paga por ele, além de garantirem asegurança desse patrimônio, geram osresultados dessas instituições, divididosentre os investidores, os poupadores, osdirigentes e os acionistas.

• O crédito não é um “dinheiro extra”.Crédito é aluguel de dinheiro.

• Corre o risco de chegar à insolvência quemnão sabe ou não quer fazer as contasnecessárias antes de alugar dinheiro.

• Além de fazer as contas, há outrasperguntas que você deve se fazer eanalisar com a cabeça bem fria:

• Posso mesmo, ou devo desistir doque quero comprar? Isto o ajudará a

diminuir as compras por impulso, quasesempre desnecessárias ou adiáveis.

• Quem está decidindo a compra?O desejo, a vaidade, a pressão dealguém ou a necessidade?

• Não posso mesmo esperar, oudeveria juntar o dinheiro – guardarmensalmente como se estivessepagando as prestações do empréstimoou financiamento – para aproveitar arenda da aplicação e depois comprarà vista e com desconto?

• Atualmente o crédito corre solto e atrás denós. Existem muitas fontes de crédito; asprincipais são os bancos e as financeiras;cada uma delas oferece uma quantidadee uma qualidade bastante grande deprodutos.

• A sabedoria popular diz que é bom colocarum pé atrás quando a esmola é muita, ouseja, quando tudo parece muito fácil. É ocaso hoje em relação ao crédito: o estoquede dinheiro disponível para empréstimose financiamentos está bem alto.

a. Qual é a fonte que me oferece asmelhores condições: taxas, custos,prazos? Veja abaixo uma lista dasfontes mais comuns, e seus custosaproximados (conforme a média domercado financeiro, em janeiro/2006.

b. Estou escolhendo a fonte apenas porqueela “facilita” o crédito? Às vezes, nós nãotemos competência ou frieza suficientespara analisarmos a nossa própriacapacidade de tomar um crédito euma recusa pode ser bem-vinda.

c. O contrato está escrito de umamaneira clara? Preciso de ajudapara compreendê-lo?

d. A oferta é boa demais? Cautela: emgeral as ofertas muito tentadorasescondem armadilhas que podem vir a

• Essa facilidade do “dinheiro extra” à mão,não é, por si mesma, algo ruim.Os problemas começam a aparecerquando ela se junta aos estímulos paraque pratiquemos o consumismo.E o consumista, você sabe, come debarriga cheia.

• Assim, nenhum cuidado é exageradona hora de usar o dinheiro: habitue-sea desconfiar do seu autocontrole na horade enfrentar vitrines, apelos e outraspublicidades.

• Aproveite a oferta para negociar melhorescondições. Não tenha vergonha de fazeristo com o lojista ou o gerente do bancoe responda – de forma refinada e bemcuidada – cada uma dessas questões:

Objetivo: Mostrar que o créditonão é um patrimônio, mas apenasa possibilidade de “alugar dinheiro”.Alertar para o risco e o custo do“crédito fácil”.

Objetivo: Aprofundar a discussãosobre problemas do “crédito fácil”e dar orientações para uma decisãomais consciente na hora de tomarempréstimos.

Dicas para o multiplicador

• Veja a ficha abaixo: Ok, decidi alugardinheiro, mas onde? Elas devem serestudadas em conjunto.

Dicas para o multiplicador

• Esta ficha deve ser analisadajuntamente com a anterior: “Crédito émesmo dinheiro extra?”

• Reúna alguns artigos e reportagenssobre esses dois temas correlatos(nos jornais e na Internet: experimente, porexemplo, digitar, “crédito fácil” ou “perigosdo crédito fácil” em algum dos buscadoresdisponíveis: google, yahoo, radar uol etc.).Proponha a leitura e o debate em grupode alguns deles.

• Discuta também, as noções de juros(simples e compostos) e mostre-lhes comoeles variam segundo o tipo de fonte decrédito (cartão de crédito, cheque especial,empréstimo pessoal, consórcio etc.)

custar caro. Lembre que todos estão nomesmo mercado e sabem avaliar o queé razoável ou não. Na dúvida, procurea ajuda de alguém que entenda definanças (um consultor, um gerentede banco de sua confiança ou umcontador) ou a área de RH e assistênciasocial da empresa onde trabalha.

e. Esta fonte de crédito é confiável?Conheço alguém que já se relacionoucom ela? Onde posso buscar maisinformações? Não se esqueça de quepara receber o dinheiro que pediu, vocêdará a quem emprestou uma série dedireitos para cobrar o crédito. Existemcredores sérios, mas também existemaqueles que tentam abusar de seusdireitos, pressionando e mesmoprejudicando, de vários modos, odevedor. O PROCON e o BancoCentral são sempre um bom começo.

• Faça e refaça as contas. Verifique tudoisso, mesmo se o empréstimo pretendidoestiver previsto no seu orçamento.A finalidade é criar ou fortalecer umamentalidade (um jeito de pensar e agir)que enfrente os impulsos consumistasque caracterizam a nossa época.

• Lembrete: Comprar a prazo, pagar emvárias vezes, dar cheque pré-datado,postergar o pagamento, comprar fiadoe usar o limite do cartão de crédito oudo cheque especial são na verdade, amesma coisa: formas de ALUGARDINHEIRO.

Crédito: é perigoso se enrolar...

FONTE: ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade – 2002http://www.vidaeconomica.com.br/familias.htm#topo (pesquisa na integra)

O tamanho da mordidaPercentual da renda familiar comprometido com dívidas

R$ 200,00 a R$ 1.000,00 a R$ 2.000,00 a R$ 1.000,00 a acima de1.000,00 2.000,00 4.000,00 10.000,00 10.000,00

Faixas de renda

% d

a re

nda

% da renda livre % comprometido com dívidas

35% 34% 33% 28% 19%

Tipo de empréstimoTaxa líquida (%)

Tipo de empréstimoTaxa líquida (%)

Mensal Anual Mensal Anual

Empréstimo familiar Antecipação de créditos: 13º salário(poupançade 01/01/2005 a 01/01/2006) 4 0,73 9,12 e restituição de Imposto de Renda 4 3,00 42,57

Usar um consórcio ao invés Taxa administração entre Empréstimos consignadosde financiar o bem 4 10% e 24% do valor do bem. vinculados à folha de pagamento 2 2,68 37,35

Empréstimos em cooperativas Empréstimo pessoal -de crédito 3 2,00 26,82 financeira 1 11,63 274,43

Financiamento de automóveis: venda CDCo carro para pagar a dívida e financie Crédito Direto ao Consumidor em bancos 2

outro (talvez de menor valor) 2 2,67 37,25 (financiamento de veículos) 3,50 51,11

Empréstimo pessoal - banco 1 5,75 95,60 Cartão de crédito 1 10,24 222,16

Cheque especial 1 8,21 157,76 Agiotas: jamais os procure! 4 15% 435%ou mais ou mais

Juros do comércio 1 6,15 104,66 Empréstimo “de pai para filho” 4 zero zero

1 FONTE: Anefac: http://www.anefac.com.br/2 FONTE: Banco Central:http://www2.uol.com.br/infopessoal/noticias/_HOME_OUTRAS_456984.shtml e http://www.bcb.gov.br/ftp/depec/NITJ200602.xls3 http://www.terra.com.br/istoedinheiro/425/seudinheiro/5430os_donos_d.htm 4 Estimativa AKATU

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Consumo, riqueza e valores

1%Uso no transporte

do passageiro

7%Perdas na rodagem:

deformação/aquecimento dos pneus

5%Perdas no peso do carro:

deslocamento do próprio veículo

87%Perdas no motor:

aquecimento, ruído, ar-condicionado

Consumo Consciente do Dinheiro e do Crédito GUIA DO MULTIPLICADOR

Situações 4

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Consumo, riqueza e valores

A riqueza que não vem do dinheiro

• Quem acredita que o dinheiro podecomprar tudo, também acredita que acorrupção é inevitável. Conseqüentemente,terá que admitir que todo mundo tem umpreço, inclusive ele mesmo. A questãopassa a ser – como na piada – não opríncipio (honestidade, ética…) masapenas o seu preço.

• Quem acredita no poder universal decompra do dinheiro, de um jeito ou deoutro, mais cedo ou mais tarde, acabajulgando o valor e a dignidade daspessoas pela quantidade de dinheiroe bens que cada uma delas possui.

• Quando a situação acima acontece, ostatus (as “aparências”) apaga o valorhumano e incomparável dos indivíduos.O jogo social fica frio e impessoal.As máscaras (as “aparências”) ocupamo lugar dos rostos. Fica valendo a leida selva, onde o homem vira o lobodo homem.

• Como tudo no universo, o dinheiro temsuas limitações. Ele não pode comprartudo. Sua utilização deve ficar restrita àscoisas que podem circular de mão emmão e ser objeto da economia e dosmercados. Circunscrito nesses territóriose atento às leis e ao senso de justiça,o dinheiro permanece limpo, fluente enecessário como um rio de água potável.

• Você sabe que o dinheiro é usado pararegular o valor de troca de bens eserviços. Através dele, é possível medirquanto a sociedade está disposta a dar

por nosso trabalho e por nossos bens, ecom isso comparar e trocar o que temospor aquilo que desejamos ou precisamos.

• Mas, talvez você não tenha se dadoconta, de que, em essência, o mau usodo dinheiro torna invisível o que estásendo avaliado – pessoas, relações,objetos. Veja só três exemplos: a. Comprar um segundo carro para

fugir do rodízio de automóveis. Nestegesto, nós ocultamos o respeito pelacidadania; embora legal, a compra eo uso do automóvel, desrespeita opropósito da lei: melhorar as condiçõesde trânsito para todos.

b. Construir conjuntos habitacionais juntoa mananciais de água. Neste caso, osagentes financeiros (compradores e

vendedores) não estão vendo (ou nãoquerem ver) nem a questão ambientalnem a questão da responsabilidade social.

c. Diferenciar as pessoas segundo aquantidade de dinheiro que elaspossuem ou aparentam possuir. Agir emconformidade com essa classificaçãoinduz a sociedade a privilegiar as maisricas, e a menosprezar as mais pobres.Ao invés de percebemos a pessoa queestá diante de nós, a ocultamos atrásdo valor que damos ao dinheiro.Os pobres ficam invisíveis e os ricosficam ultravisíveis (que é também umaforma de invisibilidade: ao invés devermos uma pessoa, enxergamosapenas uma imagem projetada na mídia).A fama é uma forma de ocultar pessoas.

Objetivo: Refletir sobre a diferençaentre coisas que o dinheiro podecomprar e aquelas que ele nãopode, e avaliar a importância decada tipo em nossa vida.

Tudo aquilo que pode ser comparado, pode ser trocado e, portanto, tem um preço. Agora, aquilo que não pode ser comparado, não tem preço, mas dignidade. EMANUEL KANT (filósofo alemão)

Dicas para o multiplicador

• Tudo estaria mais ou menos bem senão confundíssemos popularidade comprestígio. A fama, por si só, não deveriadar prestígio a alguém porque reputação epopularidade são duas formas bemdistintas de reconhecimento social.Prestígio é, com certeza, uma das coisasque o dinheiro não deveria comprar.

• Nunca deixe de observar que toda vezque tentamos comprar o que não deveriaser objeto de barganha e comércio,corrompemos algo precioso, que deveriaser mantido no domínio do que é gratuito,meritório ou espontâneo: a amizade, oamor, o respeito, a honra, a felicidade etc.Nada disso é (ou deveria ser) objeto daeconomia e dos mercados. Isso tudoé assunto da afetividade, da ética e daintimidade. São direitos humanos queprecisam ser protegidos das comparaçõese decisões de ordem financeira.

• Crie um “jogo da memória” com cartasformando pares de palavras que representemesses dois tipos de coisas: as que o dinheirocompra e outras – ligadas a elas – quenão podem ser compradas. Por exemplo:viagens x diversão; escola x aprendizagem;conforto x auto-estima; saúde x assistênciamédica; etc.

• Aplique esse jogo em pequenosgrupos e, quando duas cartas contendo aspalavras do mesmo par forem viradas, abraum breve debate sobre o que cada um dosparticipantes pensa sobre a relação dodinheiro com cada uma das palavras do parque apareceu. Por exemplo: se surgir o par“viagens” e “diversão”,proponha a seguintereflexão: o dinheiro compra passagens ehospedagens, mas ele compra a diversão?

Renda per capita e felicidade - Estados Unidos

260

240

200

180

160

140

120

100

801946 1956 1965 1972 1976 1983 1987

renda per capita bem estar subjetivo

Extra

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de

EDU

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Consumista, eu?

• No “mundo das compras” há dois tiposde pessoas: as que aproveitam as coisase oportunidades que têm — para o bemseu e do mundo — e as que seconsomem nas compras que fazem.Os primeiros podem ser chamados deconsumidores conscientes, os segundos,de consumistas.

• Um consumista é um gastador contumaz ecompulsivo. Ele usa o gesto da compracomo fim em si mesmo.

• O consumismo é um ato quase puramentepsicológico, que se distancia de motivaçõespráticas. No centro da compra consumistaestá algum impulso, carência ou hábito.

• O consumista não vai às lojas paracomprar o que realmente necessita, maspara participar da já famosa arte da"shopping terapia".

• Ele compra um objeto qualquer e, combastante freqüência, ao chegar em casa,imediatamente esquece dele, jogando-o

em uma gaveta ou armário qualquer.Às vezes nem abre o pacote.

• O consumista é uma pessoa que se deixaenvolver muito facilmente por apelospublicitários; ele costuma entregar suasdecisões a uma vaidade e percepçãoinfantis.

• Acostumou-se a preencher um certo"vazio existencial" desperdiçando seutempo e o dinheiro, e juntamente comeles, o meio ambiente e os recursosnaturais que pertencem à humanidade eaos outros seres que vivem no planeta.

• O consumista não tem, propriamentefalando, um estilo de vida. No lugar disto,ele prefere “deixar a vida o levar, imitandoos modelos que a mídia cria e destrói acada momento”.

• Agindo assim, ele não gosta de assumircompromissos, nem consigo mesmo, nemcom os outros e, muito menos, com asgerações futuras.

• O consumidor consciente não gasta:compra. É um cidadão que usaconscientemente o dinheiro e o créditoque possui.

• Ele compra bens e serviços paraefetivamente utilizá-los. Não desperdiça

Objetivo: Evidenciar diferençasentre o consumo consciente, oconsumismo e o consumocompulsivo, promovendo o usoconsciente do dinheiro e do crédito.

Dicas para o multiplicador

• Pesquise com seus “clientes” a históriados produtos: descubra em detalhes tudo etodos que foram envolvidos, por exemplo, naprodução de uma simples camiseta. Desdequem a vendeu, até quem plantou o algodãoou fez o trator usado para cultivá-lo.

• Depois pense com eles sobre o quesignifica “desperdício”.

o que compra; ele valoriza a matéria(planeta) e o trabalho (seres humanos)que ali foram colocados.

• O consumidor consciente se orienta pelapreocupação de que seu estilo de vidaseja social e ecologicamente responsável.

• Não considera apenas a efetivanecessidade da compra de um bem ouserviço, ele também pondera suaspossibilidades (os efeitos deste gasto sobresua situação financeira) e jamais deixa deavaliar seu orçamento e suacontabilidade. Está sempre disposto arealizar o gesto da compra com prudência.

• É um comprador atento a si e ao mundo.É um ativista do desenvolvimentosustentável que valoriza o dinheiro e outiliza para melhorar sua vida e a sociedadede que depende. Age sabendo que ofuturo é conseqüência das escolhaspresentes. Para ele, o uso consciente dodinheiro é uma atitude ética indispensável.

• “No mundo da compras” há dois tipos depessoas: as que decidem o que comprare as que são levadas ao consumismo.

O gráfico mostra a evolução dos níveis de renda per capita (dolares por habitante/ano) e de bem-estarsubjetivo (% da população que se declara feliz, em pesquisas). O valor de cada indicador em 1946foi tomado como base (100) e os anos seguintes mostram a variação em relação à base.

As compras enchem este vazio?

Por trás do que consumimos, há muito mais do que aparece à primeira vista: o desperdício não nasceapenas do mau uso do que foi comprado. Muitas vezes – como no caso dos motores dos automóveis -a própria tecnologia amplifica as perdas: de cada 100 litros de gasolina queimada no tanque de um carro,apenas 1 (um) corresponde à energia para transporte do passageiro. Os outros 99 são perdidos pelaineficiência tecnológica. Deixar o carro na garagem ou dar carona para os colegas gera um benefíciomuito maior do que a simples economia para quem usa o carro.

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Decisões e lazer

Consumo Consciente do Dinheiro e do Crédito GUIA DO MULTIPLICADOR

Situações 5Isto ou aquilo?

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Decisões e lazer

• Os assuntos relativos ao uso quepodemos fazer do dinheiro e do créditose cruzam com os modos e critérios queusamos para tomar decisões.

• As decisões que vamos tomando ao longoda vida definem a nossa personalidade(nosso modo de ser) e em grande partenosso futuro.

• As decisões que tomamos não devemser confundidas com as intenções ou osplanos que idealizamos. Nossas decisõessão ações que trabalham para concretizarum propósito ou uma escolha.

• Decidir é determinar-se, resolver-se.É assumir o comando de si mesmo e,às vezes, a roda da fortuna. É agir comconsciência e ponderação.

• Tomar decisões é, ao mesmo tempo,escolher e fazer.

• Uma decisão determina o que faremos dotempo que temos. Que coisas nascerão,que outras desaparecerão. Quais serãovalorizadas, quais vão ser desprestigiadas.

• A decisão – nunca a intenção – revelaquem realmente somos.

• Elas estabelecem os compromissos que,voluntariamente, assumimos com osoutros, com a sociedade e com o meioambiente. Definem como:

• Utilizamos o dinheiro e o crédito. • Participamos da vida em sociedade.• Como cuidamos da saúde.• Como equilibramos e usamos

o tempo entre:• Dedicação ao trabalho.• Dedicação à família e aos amigos.• Dedicação a nós mesmos: diversão,

educação, descanso.• É transformando “promessas” em ações,

que as decisões nos livram do infernoque, sabidamente, é o lugar das “boasintenções perdidas”.

• O verbo da decisão não é pretender,mas fazer.

Perguntas e etapasde uma decisão eficaz

a. Esclareça bem qual é o problema quevocê precisa resolver. Que decisãovocê precisa tomar? Que pessoas eempresas estão envolvidas? Em suma:faça uma análise bem cuidada.

b. Investigue os seus motivos. O quevocê realmente quer? Seu propósitoVERDADEIRAMENTE o deixarásatisfeito ou resolverá, DE FATO, algumproblema? Ele o ajuda a usar o dinheiroou o crédito de forma consciente?

Decisões não se tomam com palavras, mas com trabalho. MARTIN HEIDEGGER (filósofo alemão)

Objetivo: Mostrar que as decisõesnão devem ser confundidas comas intenções: há muito que fazerpara transformar uma intençãoem uma decisão.

Dicas para o multiplicador

• Usando a afirmação bíblica de que“o inferno está cheio de bem intencionados”,reúna um grupo e peça-lhes paracomentarem alguma situação em que issoaconteceu com eles. Depois, reflita com elessobre o que é preciso fazer para realizarmosas nossas intenções, projetos, sonhos…

c. Converse com outras pessoas.Você discutiu a desisãocom suafamília ou colegas? Existe alguémque pode ajudá-lo?

d. Faça a memória trabalhar: procurelembrar situações semelhantes pelasquais você passou e avalie os resultadosdas decisões que você tomou na época– isso ajuda a não repetir erros ou aaumentar a confiança na decisão quevocê está prestes a tomar. Desenvolvaa sua intuição.

e. Imagine o maior número possível deconseqüências da sua decisão. Vocêconseguirá ter condições materiais eequilíbrio emocional para assumi-las?É social e ambientalmente responsável?A decisão irá durar muito tempo?

f. A implantação da decisão é viável?Você tem os meios? Você tem o tempoe o preparo necessários? Ela não estábaseada em desejos ou fantasias?

g. Tenha sempre um “Plano B” nas mãos.Não decida em “linha reta” e sem volta,tenha sempre mais de uma opção.

É tempo de não fazer nada: isso é bom ou ruim?

• Esta é uma pergunta que não podeser respondida apenas com dinheiro,planejamento e o serviço de uma boacompanhia de turismo.

• O lazer e o repouso exigem quesaibamos o que realmente nos divertee nos descansa, e exige também quesaibamos a mesma coisa em relação aosdemais membros da família. Além disso,precisamos saber como negociar asdiferenças de entendimento epreferências que sempre existirão.

• O turismo, a cultura e o lazer estãoem grande parte “industrializados”,associados ao consumismo. Isso fazcom que muita gente já não saibamais relaxar e se entreter. Não é fácilse desligar da rotina nem mesmoquando se está numa praia, com o solna medida.

• A mesma ansiedade que nos desvia doplanejamento financeiro, nos inibe nahora de nos desinibirmos.

• O lazer praticamente deixou de serum momento privilegiado de degustaçãode si mesmo na companhia daquelesa quem se ama. Ao invés dele serbuscado na sua legitima fonte – convíviosocial, “convívio consigo mesmo” econtemplação – ele está sendo procuradoem “eventos”: eventos viagens, eventosshows, eventos cinema... O carroocupou o lugar da estrada e voltamossem ter ido.

• Ao invés de desfrutarmos com vagar,calma e profundidade o descanso e olazer, fazemos tudo com pressa.Fotografamos e filmamos tudo para verdepois. A qualidade de um lazer assimé bastante baixa e acabamos poresquecer que é mais enriquecedor viverintensamente as experiências quepodemos colher em nossos momentosde repouso e lazer do que colecionarfotos e filmes.

• Pare um instante e procure em suamemória: quais são as cinco melhorescoisas de que você se lembra emrelação a viagens, passeios ou fins desemana? Nenhuma dessas coisas

costuma ser algo que você comprou.Em geral, sãomomentos de convivênciacom afamília e amigos, de pura diversãoou contato com um lugar, da Naturezaou da cidade .

• Como em tantas outras coisas na vida,o segredo aqui é acreditar nos seuspróprios sentimentos e experiências: tera coragem de reconhecer e assumir oque de fato nos dá prazer, abrindo mãoda parafernália de compras e outrasquinquilharias com que acabamos nossoterrando.

• Além de tudo, temos muita dificuldadepara sair de férias sem ficarmospreocupados com o trabalho – Ele ainda

A vida é curta, por isso mesmo, deveríamos nos mover mais devagar e com mais tranqüilidade. THICH NHAT HANH (monge budista)

Objetivo: Incentivar o melhorpreparo e aproveitamento dosmomentos de lazer e repouso.Mostrar que também aqui é precisoum trabalho de auto-conhecimento.

Dicas para o multiplicador

• Proponha a seus “clientes” que reflitam(meditem) durante 10 minutos sobre comoanda o equilíbrio entre o tempo dedicadoao trabalho e o dedicado à vida pessoal efamiliar. Recomende que anotem para simesmos as idéias mais importantes quesurgirem.

• Peça agora que escrevam para si mesmos5 boas coisas com que poderiam ocuparalgumas horas com suas famílias ou consigomesmos, e para as quais dinheiro não fosseum impeditivo.

• Sugira que , depois, conversem com suasfamílias sobre as idéias que surgiram,e ponham em prática algumas delas,ou outras que tenham surgido na conversaem família.

estará lá quando eu voltar? Alguémnotará a minha falta? Também ficamosocupados pela dúvida: como vou pagaras contas depois que voltar?

• Como se vê, descansar e divertir-se atualmente não parece tão simplescomo deveria ser. Requer o refinamentoda auto-percepção, da observação dasparcerias familiares, muito diálogo, zeloe paciência.

• O tempo livre também é feito comtrabalho. A programação do lazer requeruma boa “desprogramação mental”.A chave do bom lazer é a mesma dobom trabalho: conhecer a si mesmo,respeitar seus sentimentos e os de suafamília, e colocar a alma no que estáfazendo, sabendo que cada coisa temsua hora, seu lugar e seu tempo.

Programas que você pode fazer com pouco dinheiro• Parques (que além da natureza também têm programas gratuitos)

• Centros culturais

• Bibliotecas (e seus eventos)

• Museus e galerias (que sempre têm um dia com entrada gratuita na semana)

• Mega Stores (grandes lojas de cultura e entretenimento, onde pode-se ler livros, ouvir música, passear e também usufruir de uma programação cultural gratuita)

• Cineclubes

• Cinemas normais que têm um dia com entrada reduzida na semana

• Feiras culturais

• Feiras de artesanato

• Programação gratuita de teatros públicos

• Cursos e programação cultural, educacional e esportiva, em escolas ou instituiçõescomo SESC, SESI, SENAC, SENAI e SEBRAE

• Pintar e desenhar ao ar livre

• Caminhar

• Olhar o pôr-do-sol

• …e as estrelas

Pensamento e ação, juntos no rumo certo!

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