Jornal Aduff-SSind 1°quinzena/novembro 2015

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Novembro de 2015 www.aduff.org.br Seção Sindical do Andes-SN Filiado à CSP/Conlutas Associação dos Docentes da UFF 8 Ebserh: UFF reage à ameaça Luiz Fernando Nabuco Samuel Tosta Luiz Fernando Nabuco Mulheres ocupam as ruas pela saída de Cunha Elas são as protagonistas nos atos no Rio (foto) e em outros estados Passeata em defesa do Hospital Universitário Antonio Pedro, em Niterói, dia 5 de novembro: hospital público sob ameaça Reitoria e direção do Hospital Universitário Antonio Pedro demonstram preparar terreno para privatizar via Ebserh; estudantes, professores e técnicos se mobilizam para impedir entrega do hospital para a empresa e cobram amplo debate democrático

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Novembro de 2015www.aduff.org.br

Seção Sindical do Andes-SNFiliado à CSP/Conlutas

Associação dos Docentes da UFF

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Ebserh: UFF reage à ameaça

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Samuel Tosta

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Mulheres ocupam as ruas pela saída de Cunha

Elas são as protagonistas nos atos no Rio (foto) e em outros estados

Passeata em defesa do Hospital Universitário Antonio Pedro, em Niterói, dia 5 de novembro: hospital público sob ameaça

Reitoria e direção do Hospital Universitário Antonio Pedro demonstram preparar terreno para privatizar via Ebserh; estudantes, professores e técnicos

se mobilizam para impedir entrega do hospital para a empresa e cobram amplo debate democrático

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2 Novembro de 2015 • www.aduff.org.br Jornal da ADUFF

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AGENDA

25 - Reunião do Conselho Universitário da UFF. Local a confirmar.

Novo ato das mulheres con-tra o PL 5069 e em defesa da campanha “Fora Cunha”, pre-sidente da Câmara dos Depu-tados Federais.

Dezembro5 e 6 - IV Encontro Nacio-nal de Comunicação e Artes, promovido pelo Andes-SN. Tema “Articulação entre Arte, Comunicação e Movimento Sindical: Princípios e Desa-fios”. Promovido pelo Andes-SN, em Brasília.

AconteceuOutubro29 - Festa em comemoração ao Dia dos Professores reali-zada pela Aduff-SSind.

Novembro

Novembro

Enquanto a maior parte dos cursos da UFF está

em recesso neste momento, professores e estudantes de-monstram uma certa ansie-dade. Quando retornarem às aulas, dentro de alguns dias, com os aguardados prédios novos ainda por concluir ou, onde foram entregues, sem manutenção nos sistemas de ar-condicionado e elevadores. Quando retornarem às aulas sem condições de pôr labo-ratórios em funcionamento, sem certeza de verbas de ma-nutenção e consumo que per-mitam manter equipamentos ligados. Quando retornarem às aulas sem o número sufi-ciente de professores nos cur-sos mais recentes, com dis-ciplinas ausentes do quadro de horários e salas de aulas lotadas. Quando voltarem às aulas, como vai ser?

O Conselho Universitário da UFRJ manifestou-se por estes dias, publicizando a si-tuação crítica da universidade no contexto de cortes de ver-bas para a educação pública e cobrando do MEC os repas-ses essenciais para o funcio-namento da instituição. In-felizmente, a administração central da UFF parece acre-ditar que a transparência na divulgação do quadro atual e a mobilização da instituição para pressionar o MEC por

O que nos aguarda?!

Infelizmente, a administração central parece acreditar que a transparência na divulgação do quadro atual e a mobilização para pressionar o MEC por mais verbas são dispensáveis

mais verbas são dispensáveis.Por aqui, nossos “gestores”

parecem mais preocupados em utilizar o quadro de res-trição orçamentária para fa-zer avançar, sem debate com a comunidade, as saídas pri-vatizantes. Veja-se o caso do Hospital Universitário An-tônio Pedro. Diante das limi-tações das verbas SUS e ou-tros repasses públicos diretos ao Huap, a direção do hospi-tal resolveu chamar a atenção para o quadro fechando servi-ços, cancelando atendimentos e procedimentos. O objetivo, entretanto, não era o de pres-sionar por uma reversão da si-tuação, mas aprofundar a crise para apresentar como solu-ção mágica a Empresa Bra-sileira de Serviços Hospitala-res (Ebserh), gestora privati-zante dos hospitais federais que o governo tenta a ferro e fogo empurrar goela abaixo dos hospitais universitários.

A estratégia de acelerar a implantação da Ebserh na UFF ficou evidente por um duplo esforço. De um lado, o diretor do hospital marcou uma reunião do Conselho Deliberativo do Huap, que não se reunia há muito tem-po, com a Ebserh na pauta, durante o recesso, na expec-tativa de despertar menor re-sistência. Já a Reitoria trouxe o presidente da Ebserh para

de servidores pelo município. Contratação de servidores, eis a questão.

O que os propagandistas da “solução” via Ebserh não avi-sam – a não ser quando pres-sionados, como foi o caso do diretor do hospital – é que a gestão via empresa de lógi-ca privada não trará nenhum recurso novo ao Huap, pois a princípio o que ela fará é ad-ministrar os mesmos recursos do SUS. O diferencial princi-pal é a contratação de servi-dores via CLT, inclusive em contratos por tempo deter-minado, criando um quadro de trabalhadores com ven-cimentos e direitos distintos para atuar no hospital. Além de abrir a porta para a utili-zação das instalações, equipes e expertise do Huap por em-presas privadas em situações que, sabemos pelos exemplos presentes, nunca redundam em benefício para o serviço público.

A mobilização de estudan-tes, docentes e técnico-admi-nistrativos barrou os inten-tos da direção do Huap e da Reitoria de aprovar a toque de caixa a adesão à Ebserh, mas muita luta será necessá-ria para tornar essa rejeição definitiva. Assim como para garantir um funcionamento regular menos precário para a UFF.

conversas com diretores e ou-tros gestores, apresentando as “maravilhas” da saída priva-tizante. Newton Lima Neto, que hoje preside a Ebserh, foi prefeito de São Carlos entre 2001 e 2008 e, em sentença de primeira instância em abril deste ano, teve seus direitos políticos suspensos por três anos, além de ter sido con-denado a pagar multa por ir-regularidades na contratação

Ato defende Huap

12 - Conselho Deliberativo do Huap se reuniu depois de um ano e meio para debater problemas orçamentários do hospital.

Ato das mulheres contra Eduardo Cunha, no Centro do Rio.

9 - Audiência Pública na Câ-mara de Vereadores de Niterói debateu a crise no Hospital An-tonio Pedro.

6, 7 e 8 - Encontro Nacional de Assunto de Aposentadoria promovido pelo Andes-SN, em Recife (PE).

5 - Ato em frente ao Hospital Antonio Pedro criticou subfina-ciamento do hospital universi-tário e diz não à Ebserh.

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3Novembro de 2015 • www.aduff.org.brJornal da ADUFF

Defesa da gestão pública marca audiência sobre Huap

Hélcio Lourenço Filho Da Redação da Aduff

Quem trabalha para o SUS não pode atuar contra o SUS, disse professor e representante da Aduff na audiência pública na Câmara de Vereadores

Diretor do Huap dissera poucos dias antes em entrevista ser ‘neutro’ com relação à Ebserh

Tarcísio não vai à audiência e fala da Ebserh em congresso

A defesa da gestão pública e a necessidade de reverter

os cortes orçamentários apli-cados por conta do ‘ajuste fis-cal’ foram avaliações que pre-dominaram na audiência pú-blica realizada na Câmara de Vereadores, na noite de 9 de novembro, para debater a cri-se no Hospital Universitário Antonio Pedro.

Estudantes, professores, téc-nico-administrativos, usuários e profissionais de saúde com-pareceram, mas a Reitoria da Universidade Federal Flumi-nense e a direção administra-tiva do hospital sequer desig-naram representantes para o

debate. A Secretaria Munici-pal de Saúde foi representa-da pela subsecretária de saúde Analice Martins.

A suspensão das internações eletivas e a desativação de ser-viços do hospital foram muito criticadas. O vereador Paulo Eduardo Gomes (Psol), que preside a Comissão de Saúde da Câmara e convocou a au-diência, disse que o “que está acontecendo no Huap é um atentado não apenas à saúde pública, como também à edu-cação de estudantes de medi-cina que não estão tendo aces-so ao ensino adequado”.

As manifestações rechaça-ram a eventual privatização do hospital por meio da Ebserh (Empresa Brasileira de Servi-

ços Hospitalares). A servidora Lígia Regina, do sindicato dos técnico-administrativos (Sin-tuff), disse que nos hospitais universitários que aderiram à Ebserh “a situação está ainda pior”. Ela afirmou que, por trás da crise no hospital, estão os interesses da Prefeitura e da Reitoria em transferir a gestão para a empresa privada.

O professor e médico do Huap Wladimir Tadeu So-ares, falando pela Aduff--SSind, disse que é inaceitá-vel que uma unidade do SUS seja gerida pelo setor priva-do. “Essa crise que o Hospital Antonio Pedro está passan-do não é uma crise solitária, é um projeto neoliberal que vem desde o Fernando Hen-

rique, que é privatizar toda coisa pública”, disse. Wladi-mir lamentou que haja ser-vidores públicos a serviço de projetos que privatizam a saú-de. “Eu sou um profissional do SUS, não posso trabalhar contra o SUS”, provocou.

Disse que hospitais-esco-las para formar profissionais de saúde é uma necessidade desde o tempo do Império e da primeira faculdade de me-dicina fundada em salvador (BA). Afirmou ainda que os profissionais que trabalham nesta área devem ser servi-dores públicos com estabili-dade não por privilégio, mas porque prestam serviços pú-blicos à sociedade “que reali-zam direitos fundamentais,

que realizam a vida, realizam a educação, direitos reconhe-cidos pelo texto constitucio-nal como essenciais, como de relevância pública”.

Afirmando que falava como um cidadão e não como pro-fissional a área, Wladimir dis-se que é inadmissível que po-líticos e gestores públicos di-gam que a saúde é cara. “Te-nham um pouco mais de ver-gonha, olhem para seus filhos com vergonha, para essa ju-ventude estudantil com ver-gonha. Quanto vale a sua vida, gestor? A sua vida vale tudo que for possível fazer para sal-vá-la. Para nós não? Para o resto do povo não? Para nós vale um teto?”, questionou, sob aplausos do plenário.

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Faz pouco tempo, em breve entrevista ao JORNAL

DA ADUFF, o diretor-ge-ral do Hospital Universitário Antonio Pedro, Tarcísio Ri-vello, disse que com relação à Ebserh era “neutro” e que não tinha opiniões a expres-sar. Pois foi a participação em uma mesa de debates no 53º Congresso Brasileiro de Educação Médica para falar sobre a Ebserh a justificati-

va informal dada por ele para não comparecer à audiência pública realizada na Câma-ra de Vereadores de Niterói.

Tarcísio falaria das 14 horas às 16 horas, segundo a pro-gramação, sobre o tema “O que significa a Ebserh para a comunidade universitária”, antes, portanto, da audiên-cia, que começou por volta das 18h40min. A ausência do diretor, que não mandou re-

presentantes, e da Reitoria da UFF foram muito criticadas.

A estudante Carina Vas-concellos, da Faculdade de Medicina, felicitou os co-legas que conseguiram che-gar a tempo mesmo tam-bém estando participando do congresso. “Quero agra-decer a presença de meus colegas estudantes, que também vieram do Cobem. Saíram de lá depois que a

fala do Tarcísio tinha fina-lizado e conseguiram che-gar a tempo”, disse. Ela cri-ticou o fato de o Conselho Deliberativo do Antonio Pedro não ser convocado para se reunir há “dezes-seis meses” e disse lamen-tar a falta de debate com a comunidade universitá-ria. “Como que o hospital que passa por uma crise tão grande não senta para con-

versar e encontrar soluções para essa crise?”, disse.

O reitor da UFF, Sidney Mello, que não apenas não compareceu como não desig-nou ninguém para represen-tá-lo na audiência promovi-da pelo poder legislativo da cidade que abriga o hospital, quatro dias depois divulgou nota na qual diz que a Reito-ria vem debatendo a Ebserh “nos mais diversos fóruns”.

O professor e médico Wladimir fala pela Aduff-SSind na audiência pública na Câmara de Vereadores de Niterói, que lotou o auditório

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4 Novembro de 2015 • www.aduff.org.br Jornal da ADUFF

Conselho do Huap se reúne sob pressão contra privatizaçãoPressionado, diretor convoca reunião e, depois, retira Ebserh da pauta; sem transparência, Reitoria se aproxima da empresa como ‘saída para crise’

Lara Abib Da Redação da Aduff

Após quase um ano e meio sem realizar reuniões do

Conselho Deliberativo do Hospital Universitário Anto-nio Pedro (Huap) – a última aconteceu em abril de 2014 – o diretor do hospital universi-tário, Tarcísio Rivello, cedeu à pressão dos estudantes de Me-dicina e convocou para o dia 12 de novembro reunião do con-selho do hospital para debater a crise no Antonio Pedro.

A demanda por reuniões mensais foi apresentada for-malmente pelos estudantes no Conselho Universitário do dia 28 de outubro, seguida da pro-posta de reformulação do es-paço, com a inclusão dos três segmentos da universidade e de usuários no Conselho De-liberativo do hospital. Na oca-sião, uma manobra derrubou o quórum do CUV e impediu que a proposição fosse votada. Entretanto, a mobilização de estudantes e trabalhadores do Huap em prol de transparência na gestão do hospital e contra o fechamento e a privatização do Antonio Pedro fez com que a direção do hospital e a Reitoria da UFF se mexessem.

A comunidade acadêmica da UFF lamentou, contudo, que tanto a administração da uni-versidade quanto a do hospi-tal deem sinais de que saem da inércia e do não debate para a tentativa de aprovação de um contrato com a Ebserh (Em-presa Brasileira de Serviços Hospitalares), pessoa jurídica de direito privado criada pelo governo para gerir os hospitais federais.

Depois de se recusar inúme-ras vezes a participar de deba-tes com os trabalhadores do hospital e de não comparecer à audiência pública promovida pela Câmara dos Vereadores de Niterói para debater a crise no Huap, Tarcísio colocou a Eb-serh como um dos pontos da pauta da reunião do Conselho Deliberativo do hospital. No início da mesma semana, o rei-tor Sidney Mello apareceu na reunião dos diretores da uni-dade para debater a situação do Huap. Trouxe à tiracolo o presidente da Ebserh, Newton Lima Neto, que, de acordo com relatos de participantes, falou quase duas horas sobre os be-

nefícios da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.

Acostumados com a debili-dade dos processos democrá-ticos nos espaços deliberativos da universidade, os três seg-mentos da UFF se mobiliza-ram mais uma vez na manhã do dia 12 para ocupar a reu-nião do Conselho Delibera-tivo do hospital e garantir que nenhuma decisão fosse tomada sem a realização de uma am-pla discussão da crise por que passa o Huap e sobre a pró-pria Ebserh. Marcada para ser realizada às 10h, no pequeno auditório Luiz Guarindo, no hospital, a reunião só começou cerca de meia hora depois. O atraso foi causado pelo impasse gerado pelo diretor-geral, que pretendia estabelecer uma cota máxima de 15 ouvintes autori-zados a participar da reunião. Havia cerca de 50 pessoas do lado de fora do auditório.

Depois de muita discussão, Rivello autorizou a entrada de todos os manifestantes. Os que não couberam no auditório, fi-caram ouvindo do lado de fora. O tensionamento causado pelo bloqueio da porta também for-çou Rivello a garantir que não haveria qualquer deliberação relativa à adesão à Ebserh na-quele espaço. O debate sobre a empresa foi retirado formal-mente da pauta da reunião e o diretor do hospital se com-prometeu a retomar a discus-são em espaço amplo e aberto, com a participação conjunta das entidades representativas dos técnicos-administrativos, estudantes e professores.

Posição da ReitoriaA fala de abertura da reunião

coube ao vice-reitor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, que representava a adminis-tração central da universida-de. Nóbrega disse que a “agu-dização do subfinanciamento crônico da saúde” é o “inimigo a ser combatido e o elemento que deve nos unir” e criticou o ajuste fiscal do governo que re-tira recursos da saúde e da edu-cação. “Estamos assustados e perplexos com uma situação que não parece ter saída, mas nós temos que decidir o que fazer no dia seguinte. Esse é o desafio, o que fazer no dia se-guinte para além do protesto, para além da manifestação. O que a população e os estudan-

Entretanto, a reunião do Conselho Deliberativo termi-nou sem o agendamento do es-paço de debate. Os estudantes cobraram do diretor do hospi-tal que marcasse logo a data da audiência pública com as enti-dades representativas de estu-dantes, técnico-administrativos e docentes, já que todos esta-vam presentes na reunião, mas ele argumentou que deveria, primeiro, conversar com a ad-ministração da universidade.

Pouco depois, o Diretó-rio Acadêmico Barros Terra

(DABT), dos estudantes de Medicina, divulgou nota na qual critica a forma como o diretor do hospital conduziu a reunião. “Ressaltamos a forma autoritária com que a reunião foi encerrada, no momento em que o diretor Tarcísio Rivello foi pressionado pelos presentes para marcar a reunião, centra-lizando mais uma vez em suas mãos uma decisão que envol-ve o futuro de nosso Hospi-tal e que deveria ser tomada de forma democrática”, diz trecho da nota.

Há quase um ano, reitor disse que nada se decidiria sem ‘amplo debate’

Nota da Reitoria fala em ‘debate’ que ninguém viuEm reunião conjunta com

os sindicatos dos docentes e dos técnico-administrativos da UFF, no dia 9 de dezembro de 2014, o reitor Sidney Mello – empossado duas semanas antes – descartou a possibili-dade de a UFF firmar um con-trato entre a Empresa Brasilei-ra de Serviços Hospitalares e o Hospital Universitário Anto-nio Pedro sem promover um “debate amplo na instituição”. “Não existe nenhuma possibi-lidade de essa gestão assinar com a Ebserh sem seguir os trâmites democráticos”, disse à época. Três anos antes, na reunião realizada no dia 14 de dezembro de 2011, o Conse-lho Universitário da UFF (CUV) aprovou moção de repúdio à vinculação à Ebserh.

Já na sexta-feira (13) últi-ma, o reitor Sidney Mello di-vulgou nota na qual defende

que a Ebserh é 100% pública e gratuita e que cabe à univer-sidade decidir “dentro de sua autonomia” contratar ou não o serviço. Afirma que o tema não será pautado no próximo Conselho Universitário (CUV), mas diz que o debate já está sendo feito “nos mais diversos fóruns”. Curioso é que essa talvez seja a primeira vez em que a Reitoria menciona ofi-cialmente algo sobre a Eb-serh – na nota anterior sobre o Huap, quatro dias antes, a empresa sequer é citada.

A recente sessão do Conse-lho Deliberativo do Huap é um dos fóruns em que a Ebserh teria sido debatida, segundo a nota do reitor. Mas quem es-tava lá viu que o tema saiu de pauta e o vice-reitor, Antonio Claudio, que participava da reunião, nem sequer se pro-nunciou sobre o assunto.

tes estão esperando é uma de-cisão. Precisamos tomá-la e ir além da nossa revolta contra o subfinanciamento crônico da saúde”, declarou. Perguntado. se era contra ou a favor da Eb-serh, o vice-reitor afirmou que-rer saber “quais são as soluções possíveis para a gente poder discutir. Sou a favor de um hos-pital 100% SUS, público e de qualidade”, disse. Após a fala, ele pediu licença e se retirou da reunião.

A palavra foi passada para a diretora administrativa do Huap, Maria Conceição Lima de Andrade, que apresentou o balancete do hospital (http:// www.uff.br/?q=uff-abre-con-tas-do-huap), já disponível no site da UFF, após reivindica-ção de estudantes e trabalhado-res do Antonio Pedro. Os da-dos apresentados apontam para uma queda brusca nas receitas de 2013 até os dias atuais e uma dívida da instituição que chega ao valor de R$ 13 milhões.

‘Ebserh não trará recursos novos’

Questionado pela professo-ra Kênia Miranda, que assistia à reunião, o diretor do Antonio Pedro admitiu que a Ebserh não trará recursos novos ao hos-pital. “Em princípio não tem. Até onde eu sei ou até onde eu converso com outros dire-tores de hospitais que já estão contratualizados com a Ebserh, não existe o chamado dinhei-ro novo”, disse Tarcísio.Tarcísio não quis se estender no tema, já que o ponto de pauta Ebserh havia sido retirado de pauta, mas disse que o assunto seria tratado ‘na hora certa’.

Tarcísio, diretor-geral do Huap, na reunião do Conselho Deliberativo, convocado sob pressão após quase um ano e meio sem se reunir

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5Novembro de 2015 • www.aduff.org.brJornal da ADUFF

‘Ebserh não vai entrar’, disseram manifestantes nas ruas de Niterói, na mobilização por mais recursos e contra a privatização

Mobilização defende abrir as portas do Huap ao povo e fechá-las a Ebserh

Ato reuniu estudantes, docentes e técnicos

Ato no dia 5 de novembro, do Huap às Barcas: crítica à redução do atendimento...

...à ameaça de privatização via empresa de direito privado e à desativação de leitos

O governo federal, que tenta empurrar a Ebserh, e a Reitoria foram responsabilizados pela crise

Perda da autonomia univer-sitária, que ficaria seria-

mente comprometida se um hospital-escola fosse gerencia-do por uma empresa. Quebra do princípio de indissociabi-lidade entre ensino, pesquisa e extensão, já que o Hospital Universitário Antonio Pedro prestaria serviços de assistên-cia à saúde conforme pactos e metas de contratualização com a empresa pública de di-reito privado, voltada para a obtenção de lucro. Piora na prestação de serviços, regidos sob a lógica do mercado, já que o contrato de gestão estabe-lece cumprimento de metas no atendimento. Possibilidade concreta de “venda” de servi-ços pela empresa e extinção do caráter 100% SUS no hospital universitário. Precarização do trabalho, com a contratação de funcionários através da CLT por tempo determinado (con-trato temporário de emprego), acabando com a estabilidade e com o Regime Jurídico Úni-co no setor. Esses são alguns motivos que levaram estudan-tes e trabalhadores às ruas, na manhã do dia 5 de novembro, para dizer que a Empresa Bra-sileira de Serviços Hospitala-res (Ebserh) não é a solução para os problemas do Hospital Universitário Antonio Pedro.

A manifestação, que teve início em frente ao Huap e terminou na praça das bar-cas, em Niterói, também questionou o corte de ver-bas públicas para a saúde e criticou o subfinanciamen-to crônico do hospital uni-versitário da UFF. A falta de recursos – denunciaram os manifestantes – pode es-tar relacionada à tentativa

do governo federal de im-plementar à força a Em-presa Brasileira de Servi-ços Hospitalares (Ebserh), uma forma de privatização “disfarçada”, nos hospitais federais.

O Antônio Pedro, hos-pital-escola federal e ins-tituição de referência em alta complexidade para os municípios de Niterói, São Gonçalo, Maricá, Itaboraí, Tanguá, Rio Bonito e Sil-va Jardim, está desde 19 de outubro com as internações eletivas suspensas e enfren-ta dificuldades em realizar cirurgias e procedimen-tos de apoio diagnóstico e terapêutico.

“O hospital fechou os bra-ços para os usuários. Somos incapazes de atender os pa-cientes porque faltam insu-mos. Cirurgias estão sen-do canceladas por falta de luvas, de máscaras, coisas muito básicas e muito bara-tas. É uma tristeza enorme testemunhar essa situação. É claro que nossa forma-ção está sendo comprome-tida e a gente luta contra isso também. Mas o mais importante é que tem gen-te sem atendimento, gente morrendo. Tem enfermaria inteirinha fechada, cirurgia uma vez por semana, isso não existe! Não sairemos daqui até que esses braços reabram novamente. O que a gente reivindica é ‘finan-ciamento já para o Antônio Pedro e a não implementa-ção da Ebserh’. A Ebserh não é a resposta”, afirmou a estudante do 8°período do curso de Medicina da UFF, Livia Franco. (LA)

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6 Novembro de 2015 • www.aduff.org.br Jornal da ADUFF

Direito à aposentadoria

UFRJ pressiona o governo

EAD na UFF

Expansão precarizada II

Estudantes resistem e ocupam escolas

No dia 25 de novembro, a Universidade Federal Flu-minense vai receber 50 novos graduandos para o curso de ba-charelado em Engenharia de Produção, no campus recém--inaugurado em Petrópolis. Funcionará num antigo Ciep, cedido e adaptado pela prefei-tura da cidade. Nota da Reito-ria diz que o reitor garantiu “a inclusão do novo campus no programa do governo federal e lembrou que, além do curso de Engenharia da Produção, o campus também terá cur-sos de pós-graduação e conta com um enorme potencial de crescimento”.

NOTAS DA ADUFF

O otimismo da atual gestão não convence, principalmente, os professores da Universida-de Federal Fluminense lota-dos em unidades fora da sede. “A inauguração do campus da UFF em Petrópolis consolida um projeto de expansão sem critério. Falando como profes-sor da UFF em Campos dos Goytacazes, e pensando nos colegas de outras unidades fora de sede igualmente precariza-das, acho que a atitude da Rei-toria descamba para um debo-che”, diz Leonardo Soares dos Santos. A falta de condições de trabalho nas outras sete unida-des fora de sede ecoou em rela-tos de docentes da UFF duran-te a última greve. Documento com pauta de reivindicações específicas desses campi foi en-tregue à Reitoria.

Expansão precarizada I

Não foi acidenteA charge “Vale Tudo Ambiental”, de Aroeira, cri-

tica de forma contundente as empresas Vale, privati-zada nos anos 1990 por FHC, e a anglo-australiana BHB Billiton, mineradora mais valiosa do mundo, pelo rompimento das barragens da Samarco, em Ma-riana (MG), da qual são controladoras. Após quase uma semana, a presidente Dilma saiu da inércia e se pronunciou para, ao menos no discurso, responsa-bilizar as mineradoras pela tragédia que deixou sete

mortos, mais de 20 desaparecidos, destruiu uma pa-cata cidadezinha mineira (Bento Rodrigues) e tudo o que existia de vida por uma vasta área. Cresce a defesa de que os donos dessas empresas sejam res-ponsabilizados. Dirigentes sindicais da região, que integram a CSP-Conlutas, afirmam que a tragédia poderia ter sido evitada se a Samarco não tivesse cortado recursos da segurança. E pedem a prisão dos donos das empresas.

A UFF é a instituição pública que oferece o maior número de vagas – cerca de 40% – para o primeiro semestre de 2016, do vestibular do Consórcio Cederj (Centro de Educação Su-perior a Distância do Estado do Rio de Janeiro). Das 7.749 vagas de graduação, 2.984 são da UFF - as demais são dis-tribuídas entre Uenf, Uerj, UFRJ, UFRRJ, Unirio e Cefet/RJ. Um único curso – Segurança Pública, com 950 vagas – oferece mais vagas do que qualquer outra instituição indi-vidualmente. A UFRJ disponibiliza ao todo 910 vagas. As demais vagas da UFF são: Letras (300), Matemática (605), Computação (529), Administração Pública (400) e Enge-

nharia de Produção (200). O quadro, igual ao deste ano em termos de números, preocupa professores. Elizabeth Bar-bosa, da direção da Aduff-SSind e do GTPE, vem alertan-do para o que considera um problema. “O EAD fortalece a concepção de uma educação precarizada, de baixa qualida-de e de baixo custo”, critica. Para professora Gelta Xavier, são números que se somam a “tantas ações inconsequentes a serem denunciadas”. “Do ponto de vista dos estudantes é fraude comprovada pelo número de desistências, pela qua-lidade dos materiais, pela dificuldade de ter acesso a inter-locutores”, enumera.

O Conselho Universitário da UFRJ aprovou carta ao governo federal na qual exige providências que restituam o orçamento da instituição e alerta para a ameaça de paralisação de ativida-des acadêmicas, caso isso não aconteça. “A despeito do esforço e compromisso da instituição com o funcionamento regular, as restrições orçamentárias em 2015 podem levar à interrup-ção de aulas, pesquisas e atendimentos hospitalares em pleno período acadêmico de 2015-2”, afirma a nota, que alerta para o risco de trabalhadores terceirizados ficarem sem salários. Ao final, cobra recursos emergenciais no valor de R$ 140 milhões, ajustar o orçamento de 2016 às necessidades da UFRJ e a ma-nutenção dos concursos públicos previstos, porém cancelados. Na UFF, o reitor sequer comparece ao CUV e, sem transpa-rência, ‘apresenta’ a Ebserh para ‘enfrentar’ a crise.

O governo não quer deixá-los lá, mas estudantes de São Pau-lo ocuparam o lugar que é deles: as escolas públicas. Entre seis e nove delas, o número exato não havia sido confirmado pelos que atuam nessa luta, já haviam sido tomadas pelos alunos até a sexta--feira (13), em resistência à política do governador Geraldo Al-ckmin (PSDB) de fechá-las. Na Justiça, o tucano tenta, até agora sem sucesso, autorização para que a Polícia Militar, que em 2014 matou mais de 900 civis em supostos enfrentamentos, invada as escolas e obrigue os alunos a sair. Há denúncias de ações violentas da PM, sem ordem judicial, em ao menos um colégio ocupado. O reordenamento escolar paulista – que quer realocar alunos e sa-las mais cheias – é parte do ‘ajuste fiscal’ do governo de São Pau-lo. A pedagógica resistência desses jovens já teria levado ao recuo em pelo menos uma das 94 escolas que o governador quer fechar.

A Aduff-SSind esteve re-presentada pelos professo-res Elizabeth Barbosa, Eblin Farage, Verônica Fernandez, Sonia Lucio, Isabella Vitória Pedroso e Maria Cecília no XVIII Encontro Nacional de Assuntos de Aposentadoria do Andes-SN. De 6 a 8 de novembro, em Recife (PE), representantes de seções sin-dicais debateram a Reforma da Previdência e o Funpresp. Também esteve em pauta a carreira docente. “As mesas debatedoras trouxeram refle-xões acerca da política eco-nômica brasileira, suas conse - quências para a classe traba-lhadora, e, mais especifica-mente, a transformação do direito social de aposentado-ria em lucro para o capital”, disse a docente Elizabeth Bar-bosa. Eblin Farage relata que o encontro fez um balanço dos principais prejuízos sofridos pelos servidores, especialmen-te entre os docentes, e apontou os desafios postos para a cate-goria neste momento.

Page 7: Jornal Aduff-SSind 1°quinzena/novembro 2015

7Novembro de 2015 • www.aduff.org.brJornal da ADUFF

Dia de festa dos professoresProfessores comemoram o seu dia na festa da Aduff-SSind no Clube do Gragoatá

Após mais de quatro meses de muita luta e manifestações em defesa da universidade pública e de direitos da cate-

goria, pausa para a festa. Mais de 250 docentes e convidados se divertiram na noite de 29 de outubro, na tradicional festa da Aduff-SSind que comemora o Dia do Professor (15 de outu-bro). A festa se estendeu até 1h30 da madrugada no Clube do Gragoatá e reuniu docentes dos campi de Niterói e de fora da sede. O evento foi aberto a todos os sindicalizados que desejas-sem participar, com direito a levar um acompanhante.

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Page 8: Jornal Aduff-SSind 1°quinzena/novembro 2015

8 Novembro de 2015 • www.aduff.org.br Jornal da ADUFF

Secretário que a socou diante da filha de 2 anos diz que ‘briga’ assim acontece com todo mundo

Da Redação da Aduff

As mulheres são as pro-tagonistas de uma série

de atos que vêm acontecen-do no Rio e em outros esta-dos do país nos quais o pre-sidente da Câmara dos De-putados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e a violência contra elas são os princi-pais alvos.

O último na capital flumi-nense foi na quinta-feira (12) e também mirou o secretário da Prefeitura do Rio Pedro Paulo, cotado pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB) para substituí-lo no cargo. O pro-testo defendeu punição para o político devido às agres-sões dele contra sua então mulher, nos anos de 2008 e 2010. Nova manifestação já está sendo preparada para 25 de novembro, dia de combate à violência contra a mulher.

Professoras e professores da UFF participaram do ato, que teve o apoio na organi-zação da direção da Aduff--SSind. A atividade reuniu cerca de quatro mil pessoas, saindo em passeata da As-sembleia Legislativa (Alerj) e terminando na Cinelândia, onde um boneco de Cunha foi queimado.

As manifestações pedem a saída do presidente da Câ-

Mulheres contra Cunha tomam as ruas do RioMulheres contra Cunha tomam as ruas do Rio

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mara – “Fora Cunha” é a pa-lavra de ordem – e que o PL 5069/2013 seja retirado do legislativo. O projeto, que é de autoria dele, foi aprova-do na Comissão de Cons-tituição e Justiça e dificulta o acesso das mulheres víti-mas de estupro à profilaxia da gravidez e ao coquetel anti-HIV. Obriga-as a fazer exame de corpo de delito e comprovar a violência sexual para ter acesso ao auxílio mé-dico, além de mudar a atual definição de estupro. Os atos defendem ainda a legalização do aborto – um dos cartazes

levados às ruas do Rio di-zia: “Ricas abortam, pobres morrem”.

Não foram poucas as as-sociações entre os projetos conservadores patrocinados por Eduardo Cunha – entre eles a redução da maioridade penal, já aprovado na Câma-ra e tramitado no Senado – e as denúncias contra o de-putado, que quebram a sua legitimidade para defender qualquer proposta.

O peemedebista é acusado de corrupção contra a Petro-bras, quebra de decoro e ma-nutenção ilegal de contas na

Suíça, cujo Ministério Pú-blico enviou ao Brasil do-cumentos que registram al-guns milhões em bancos ten-do ele como beneficiário. “Ei, Cunha, meu útero não é dó-lar na Suíça para ser de sua conta” e “Cunha sai, a pílula fica” foram alguns dos carta-zes levados ao protesto pelas mulheres.

Em parte, algumas mani-festações nos estados são in-centivadas ou organizadas por dirigentes da CUT, central aliada do governo federal, e do PT nitidamente para des-viar o foco da presidenta Dil-

ma. No ato no Rio, porém, havia referências críticas à ar-ticulação da direção do PT e do governo para que Cunha seja mantido no cargo apesar das denúncias e de ter negado na CPI da Petrobras possuir contas no exterior. Estaria em vigor uma espécie de acordo velado no qual nem o presi-dente da Câmara encaminha os pedidos de impeachment da presidente, nem a base par-lamentar governista cassa o mandato do deputado. “Não ao acordo PT-PMDB – Fora Cunha”, dizia uma faixa lilás com letras brancas.

Desta vez, não teve socos ou chutes. Mas muita gente viu como uma terceira agres-são a iniciativa do secretário do governo de Eduardo Paes, Pedro Paulo, de convocar jor-nalistas para que a ex-mulher, Alexandra Marcondes, lado a lado com o agressor em uma bancada, declarasse que ele, apesar de tê-la espancado com socos e chutes, não é uma pessoa violenta.

A exposição ocorreu no mesmo dia em que, à noite, milhares de manifestantes fo-

ram às ruas do Rio. Na entre-vista coletiva, Alexandra con-firma as denúncias que fez à polícia – e já admitidas por Pedro Paulo. Na primeira, em 2008, o homem que quer ser prefeito do Rio disparou uma sequência de socos contra a companheira enquanto esta-vam em um carro, sob o olhar da filha de dois anos. Na se-gunda, empurrões, chutes e socos a levaram a perder um dente e teriam sido desenca-deadas porque ela descobrira que ele estava tendo um caso.

O braço direito do prefei-to Eduardo Paes se defendeu insinuando que todo homem, em algum momento, agride a mulher e que isso é parte do cotidiano. “Quem não tem uma briga dentro de casa? Quem não tem um descontro-le? Quem não exagera numa discussão?”, disse, segundo relatou em reportagem o jor-nalista Italo Nogueira, da “Fo-lha de São Paulo”.

“As mulheres não vão acei-tar um machista sendo prefei-to da nossa cidade. A gente

quer a reabertura do inquérito, e que ele seja julgado e puni-do pelo ato que ele fez”, disse Paula Falcão, do Movimento Mulheres em Luta (MML), que se organiza na CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular), durante o ato no Rio. “Ele e o Eduardo Paes estão dizendo que aquilo foi um ataque, que ele teve um colapso nervoso e agrediu a ex-esposa, e que isso faz parte da vida priva-da. Agressão à mulher não faz parte da vida privada, é coisa pública”, afirmou.

Ex-mulher confirma que foi espancada por Pedro Paulo, candidato de Paes

Atos no Rio defendem “Fora Cunha”, associam projetos conservadores do presidente da Câmara às contas na Suíça e criticam acordo do PT com o PMDB para mantê-lo no cargo

Manifestação na Cinelândia, no dia 12 de novembro; novo protesto no dia 25