IX Seminário Nacional Educação: Avaliação da Qualidade dos ... · E dizer que, na verdade, o...
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IX Seminário Nacional Educação: Avaliação da Qualidade dos Gastos
e Criação de Indicadores de Desempenho
Período: 08 a 10 de Agosto de 2007
Dia: 10/08/2007
Palestrante: Paulo Egon
Tema: Fundeb – O Que Mudou?
O Sr. Mestre-de-Cerimônias – Senhoras e senhores, para
falar no IX Seminário Nacional do Tribunal de Contas sobre o tema
“Fundeb – O Que Mudou?”, teremos agora a presença do Doutor Paulo
Egon.
Ele é mestre em Educação pela Faculdade de Educação da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pós-graduação em
Planejamento Educacional, especialização na área de Recursos
Humanos e Educação Física. Tem licenciatura plena em Educação
Física também pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Professor de Metodologia da Pesquisa e Estatística de
Teoria da Educação e da Educação Física em escolas de nível médio,
faculdades, universidades, cursos de pós-graduação, especialização
no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Prestou assessoria especial na Secretaria de Coordenação
e Planejamento do Estado do Rio Grande do Sul, no gabinete da
Prefeitura de Porto Alegre. No gabinete da Secretaria do
Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, foi
diretor do Departamento de Desenvolvimento de Políticas e
Financiamento da Educação Básica do MEC.
Os agradecimentos da Corte de Contas ao Excelentíssimo
Senhor Paulo Egon, e obrigado pela presença. Gostaríamos muito
agora da sua palavra, aqui nessa Casa.
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O Sr. Paulo Egon – Meu caríssimo Presidente, Doutor
Caruso. Saúdo também aos que estão compondo a mesa. Ao Conselheiro
Maurício Faria, ao Doutor Luis Sérgio Gadelha, Conselheiro também
nos visitando. Saúdo a todos através dos representantes da mesa, e
quero saudar de forma especial as mulheres aqui presentes, através
da Doutora Yara, que, gentilmente e com muita competência, manteve
os contatos para que eu pudesse estar aqui presente hoje. E o
Doutor Caruso perguntou se ele pronunciou bem o meu sobrenome – e a
deputada, também, a Yara Bernardes presente, minha saudação
especial, a deputada acabou chegando e cumprimentando a todos
através das mulheres, através dela também.
E dizer que, na verdade, o meu nome é Paulo Egon
Wiederkehr – quer dizer, o nosso ilustre apresentador só falou
“Paulo Egon”, porque o “Wiederkehr” é um pouco mais complicado para
dizer, não é? E, na verdade, “Paulo” vem do latim:
“paulatinamente”, “pouco a pouco”. “Egon” poderia ser “ego” no
latim, mas pelo hebraico seria “aquele que pastoreia”. E
“Wiederkehr”, o senhor pronunciou certo da primeira vez; a segunda
já enrolou um pouco. “Wiederkehr” quer dizer... Vocês já devem ter
ouvido falar “auf wiedersehen”, “nós nos enxergarmos de novo”;
“wieder alles sehen”. “Wiederkehr” é “voltar novamente”. Então,
pouco a pouco, aquele que pastoreia volta novamente. Eu espero
poder voltar mais vezes para uma tão feliz iniciativa que o
Tribunal está atuando, fazendo, realizando: trabalhando a Educação.
Eu estou muito feliz de ter essa oportunidade porque eu
acredito que, como a Doutora Yara me disse quando nós começamos a
conversar, nós podemos trabalhar em parceria, e gostaríamos de
conhecer o que mudou no Fundeb; quais são as mudanças? Eu fiquei
pensando muito de que forma, qual é o enfoque que eu deveria dar.
Pois é um público bastante heterogêneo; um público qualificado,
qualificadíssimo. E qual é que deveria ser a abordagem, o que
mudou. E agora eu conversei mais aprofundadamente com ela, sobre
acertar-se na mosca, no pensar, em trabalhar, em abordar o que
mudou, mas fazendo uma ponte com a Educação.
E a questão legal vai ser apresentada, mas não é o
interesse de esmiuçar a lei, porque nós vamos ter um debate no dia
30 e 31, onde nós vamos passar um dia discutindo o Fundeb para
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acertar no país uma articulação, para que nós possamos trabalhar
juntos. Então eu estou dizendo claramente – eu tomo muita água
quando eu falo, porque eu fui professor. Vocês viram no meu
currículo, não é? Fui professor a vida toda, gastei as minhas
cordas, que é a minha ferramenta de trabalho. Então, a todos que já
sabem, e aos que não sabem, a água, quando nós falamos, é muito boa
para as cordas vocais.
Então, no dia 30 nós vamos aprofundar. Eu vou apresentar
alguns slides a mais, que não vai ter problema, porque eu vou
disponibilizar toda a apresentação. Vou disponibilizar, por isso
coloquei alguns slides a mais. Então vamos passar para que todas e
todos tenham acesso à legislação. Mas não é o objetivo entrar nos
miúdos da legislação; o objetivo é entendermos a concepção do
Fundeb. O que é, o que mudou, como é que foi construído?
Então poderia já dizer de saída: tem quatro grandes
mudanças. A Professora Yara foi também relatora, e ela pode até me
ajudar, depois, se for alguma questão a mais. Quais seriam essas
quatro grandes mudanças? Na verdade, uma mudança é a óbvia, que,
todos sabem, passou do ensino fundamental para toda a educação
básica. A outra mudança é a participação da União. A outra mudança
é a valorização dos trabalhadores da Educação. E a quarta seria a
questão dos Conselhos. E é em volta disso que eu vou trabalhar. Eu
considero isso uma reunião de trabalho. E é uma reunião onde nós
vamos trabalhar e podemos, assim, aprofundar de forma mais
didática, também, possível.
O que aconteceu? Em 96, em 97, o primeiro estado que
implantou o Fundef: foi o Pará. Em 98, o Fundef, que era só do
ensino fundamental, foi implantado em todo o país. Só para nós
lembrarmos. Já naquela época, os movimentos educacionais queriam o
Fundeb, que seria para toda a educação básica. Naquela época. Mas
se implantou só para o ensino fundamental. E dali começou um
processo de debate nas entidades, em todas as representações; faz
mais de dois anos que nós estamos trabalhando em cima disso. Como é
que foi construído? Isso é importante. Que aí os senhores vão
entender a concepção de como isso aconteceu. Nós discutimos isso
com a sociedade brasileira: com teleconferências, reuniões, com
doutores em financiamento, especialistas, deputados no Congresso,
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entidades de classe, a CNTE, movimentos sindicais, entidades
patronais, estudantes, todo mundo participou. E daí surgiu esse
projeto. Ele foi construído considerando-se alguns critérios
importantes, como o equilíbrio entre os estados e municípios,
porque, sem dúvida, ele mexe com muita coisa, essa passagem para
toda a educação básica: faz uma mudança muito grande. A partir
disso, o critério do equilíbrio, de uma implantação gradativa,
progressiva e, na parte final, ele foi construído com o Undime e
com o Consed, que são os representantes dos estados e municípios.
Então, Ministério da Educação, o Undime – a União dos Dirigentes
Municipais, que são os Secretários Municipais de Educação –, e o
Consed – que são os Secretários Estaduais de Educação. E aí se fez
a redação final do projeto.
Quero dizer o seguinte: o projeto inicial do Governo não
é mais a emenda aprovada, porque o que foi aprovado é o que
resultou desse diálogo com a nação toda. Por isso que, depois, no
Congresso, ele passou praticamente por unanimidade. Na Câmara, com
alguns votos contra, quatro, cinco, depois um ou dois, e nos Senado
ele foi aprovado por unanimidade. Então essa é a idéia importante
para se compreender a construção.
Eu quero dizer uma coisa importante: não é a solução para
todos os males. Não é. Mas é um passo gigantesco que foi dado,
porque, na verdade, está incluído e faz parte do PDE, faz parte
dessa visão, e faz parte da visão sistêmica da educação. Já a
teoria gestáltica dizia que o todo é maior que a soma das partes.
Então nós, nas teorias mais antigas, do Skinner, do Pavlov, víamos
a educação como fosse cada um de nós cheio de gavetinhas, “boto
isso, boto aquilo”. A Educação tem que vir em um todo. Diz que na
História da Humanidade não teve um ser humano que se repetiu; e é
assim que nós temos que ver cada aluno, com os seu talentos. E ele
vê o sistema também, como um todo; ele não separa ensino médio,
ensino fundamental, educação infantil. Ele vê o sistema como um
todo. Então esta mudança traz uma profunda mudança na natureza da
educação brasileira. Não haverá mais aquele estrangulamento que
aconteceu quando nós tínhamos o ensino fundamental com o Fundef e o
ensino médio e o ensino da educação infantil estrangulados. Então,
nesse sentido, uma primeira grande mudança é essa: é um fundo para
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a manutenção e desenvolvimento da educação básica, toda a educação
básica, e de valorização dos profissionais.
O que é importante, hoje, nós enxergamos? O que o Fundef
fez? O Fundef universalizou, praticamente, a educação fundamental,
o ensino fundamental. Vou dizer uma coisa importante: quando a
criança está na escola, ainda com a qualidade deixando a desejar,
ela se afasta da criminalidade. Só isso, só esse aqui, já é uma
constatação de pesquisas. A criança, quando tem oportunidade, está
na escola... Quantas brasileirinhas e brasileiros tiveram uma
oportunidade só porque puderam ir à escola? E o Fundef ajudou
nisso: a universalizar. A melhoria da capacidade, especialmente dos
municípios, estados com mais dificuldades, aconteceu com o Fundef.
Em estados e municípios com muitas dificuldades, houve realmente
uma melhoria na remuneração, na formação. E ocorreu também um outro
episódio no período que se chama municipalização do ensino.
Isso aqui eu sempre conto assim, ó: o vermelho sobe e o
azul desce. Aí, lá no meu estado é uma guerra, porque é o Grêmio e
o Internacional. Vocês sabem que a passionalidade é uma coisa de
louco. Aí sobe. O que aconteceu? Eu estou usando isso também um
pouco como uma didática, vocês nunca mais vão esquecer que
municipalizou e desestadualizou a educação brasileira. E aí tem uma
coisa importante: há poucos dias o Ministro fez uma constatação, de
que as escolas do Estado apresentam melhores condições para os
alunos do que as escolas municipais. Então só esse aqui mereceria
uma longa análise. Eu estou trazendo algumas coisas para nós
podermos entender melhor o que mudou e cada vez ver como os
Tribunais, com essa feliz iniciativa, construíram o seu papel
dentro dessa situação, da educação brasileira.
Então, quais são as características do Fundeb? Vocês já
sabem: são os recursos distribuídos pela educação básica. Isso
aqui, eu tenho elogiado. O que nós aprendemos no Fundef, nesses
anos todos, tudo o que nós aprendemos, nós tentamos trazer para cá.
Então isso aqui não foi uma invenção do nosso Governo. Mas é muito
elogiável uma série de coisas que aconteceram no Fundef. Nós temos
que ter essa visão; os governos têm que ter. Porque foi bom,
reconhece e melhora. Então, eu estou reconhecendo o trabalho feito,
e o que isso trouxe de positivo.
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Esse repasse automático trouxe uma mudança fantástica,
porque semanalmente e decenalmente os recursos caem na conta do
município ou do estado, de acordo com o número de alunos que tem.
Não há desvio nesse item. Ou seja, só lá na ponta, na hora de
aplicar. Mas vejam bem: não há negociação, não há avaliação, não há
nada – é automático, de acordo com o número de alunos. Isso é
fantástico.
Eu sempre fui professor. Eu me lembro que nós, uma vez,
precisávamos de um pavilhão, e nós ficamos não sei quanto tempo até
conseguir. Corremos atrás de todo mundo, até conseguirmos um
pavilhão para a escola, que precisava, todo mundo se convenceu.
Quando o pavilhão chegou na escola – naquela época, a inflação era
de 70, 80% –, era uma porta. Isso aqui não acontece, porque é
semanal, decenal e mensal. E vai ter vigência de 14 anos a partir
de 2007. Então o que se quer? Isso aí é muito importante: o que se
quer com o Fundeb? Um mecanismo de financiamento que promova
inclusão para toda a educação básica. Não só ensino fundamental.
Imagine se nós conseguirmos. É uma meta. Nós queremos concorrer com
a universalização. Isso não é fácil. Mas nós queremos. Imagine se
nós tivéssemos as condições de ter todas as crianças brasileiras
dentro da escola. Aquilo que eu falei do ensino fundamental:
quantas crianças se afastam do crime? Se nós conseguirmos oferecer
isso, a equidade... Esse é um outro assunto que nós vamos ver
depois: como é que se dá essa redistribuição à equidade. Há uma
obsessão no Governo, no MEC, para melhorar a qualidade do ensino –
uma verdadeira obsessão.
E aqui vem a segunda grande novidade: valorização dos
profissionais da Educação, com a criação do piso salarial nacional.
É muito importante dizer que – depois eu vou apresentar um pouco
mais; acho que o Conselheiro Maurício Faria abordou bem essa
questão, nós temos que realmente pensar nisso – é uma das outras
grandes novidades. Depois eu vou trazer, inclusive, o projeto do
Governo; vou explicar como está na Câmara, para os senhores já
entenderem como está se desdobrando. Quero, inicialmente, dizer...
Não sei nem como, já falei agora, semana passada, para um estado
inteiro, só sindicalistas, e falei com muita franqueza: isso aí,
quando se começou a pensar nisso, parecia uma das coisas mais
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malucas. E hoje está se tornando uma realidade. E esse é um
pressuposto – eu devo ter dito isso: o salário do professor não
representa qualidade. Agora, sem o salário, não tem qualidade. Hoje
não se faz mais educação sem recursos. Há uns anos, tinha um
projeto de Pés no Chão, e também se aprendia a ler. Hoje isso não
vale mais. Hoje, sem dinheiro, não se faz mais educação. E um
pressuposto para a boa educação, entre tantos fatores e critérios
para se conseguir adequar – mas é um elenco de coisas, vamos
aprofundar um pouco; é um elenco de questão para se conseguir um,
eu considero pressuposto é a condição digna de profissional para o
educador. De um salário digno e uma condição de trabalho. Aí se
importa. Até porque, cada vez eu tenho dito, se precisa hoje, não
dá para dizer que alguém é alfabetizado se não sabe mexer com esses
brinquedinhos aí. Não dá mais. Antigamente não precisava. Hoje, a
pessoa, para ser alfabetizada, deveria, eu acho, incluir novos
conceitos, ter uma leitura da informática. Senão, como ela vai se
comunicar? Até para trabalhar em um posto de gasolina, o frentista
tem que entender desse assunto. Só para trocar o óleo do carro, ele
tinha que colocar todos os dados do carro lá na frente. Ele disse
que tudo mudou, que estamos vivendo novos tempos. Como professores,
nós temos que estar sempre muito atentos para isso tudo.
Estas aqui são todas as leis do Fundeb. Não é objetivo
discutir passo-a-passo essas leis. Lá em Brasília nós vamos ficar
um dia inteiro, com todos os Tribunais de Contas de todo o Brasil.
Eu estou muito contente com este avanço, desse trabalho de
parceria, de nós somarmos esforços. Vai ser muito legal. Então aqui
são desde a Emenda Constitucional, a Medida Provisória, a Lei que
resultou, as Portarias, e assim por diante. Só para os senhores
tomarem conhecimento; não vamos discutir, mas está à disposição dos
senhores já. Se os senhores depois quiserem orientações da
Secretaria do Tesouro Nacional, especialmente sobre esses primeiros
meses que aconteceram, janeiro, fevereiro, foi depositado, foi
estornado, nós vamos ver agora como é que aconteceu isso. É uma
informação importante aos senhores e senhoras.
O que aconteceu em janeiro e fevereiro? Só como
informação: também não para aprofundar, mas tomem conhecimento.
Ocorreu em janeiro e fevereiro a repartição utilizando os
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coeficientes de 2006, que ainda não tinha os coeficientes do
Fundeb. Então, o que se fez? Vamos depositar os valores do Fundef,
em janeiro e fevereiro; em março já houve a repartição dos recursos
utilizando os fatores do Fundeb e, em abril, houve um ajuste
financeiro. Esse ajuste financeiro funciona assim: ele debitou,
retirou o que havia sido depositado “indevidamente” em janeiro e
fevereiro, e depositou os valores que deveriam ter sido depositados
do Fundeb. Então foi feito um ajuste; isso também, eu vou deixar,
não vamos aqui discutir, porque isso criou também um outro problema
junto, que o Banco do Brasil não aplicou o redutor do FPM, e aí deu
um... nós trabalhamos quase dia e noite só para explicar isso aí.
Meu Deus do Céu. Tiraram dinheiro, botaram dinheiro na nossa conta.
Então, para os senhores entenderem o que aconteceu, o geral, que eu
tenho muitas coisas ainda para dizer, aconteceu isso: então eu
tenho notas técnicas da Secretaria do Tesouro Nacional sobre o
assunto – olhem aqui onde os senhores acham. Então está tudo à
disposição dos senhores. Tudo.
Eu pensei assim: eu vou dizer para eles que, também,
aquela velha frase sobre ensinar a pescar. Pensei hoje: não basta
mais ensinar a pescar, tem que ensinar qual é o rio que não está
poluído. Mas em todo caso, eu quero mostrar para os senhores e as
senhoras o que precisarem em relação a esta nova lei.
Agora, sim, isso é importante. Olhem aqui. Estes no
verdinho aqui são os impostos que eram do Fundef: Fundo de
Participação do Município, do Estado, ICMS, Lei Kandir/87. Essas
aqui são coisas de dívidas, multas sobre dívidas, coisa que também
não pode deixar de entrar no “balaio” do Fundo. Estes são impostos
novos: IPVA, IPR, ITCMD, e assim por diante. E aqui, olhem só: IPPU
e ISSPBI ficaram fora, que são impostos próprios, dos municípios.
Por isso é importante entender: por quê? Isto é uma negociação que,
se fosse incluir assim, poderia inviabilizar municípios inteiros.
Então, na negociação, com o Consed, Estados, Municípios e MEC,
nessa negociação se chegou a um acordo. Mas daí, vejam como é
importante entender, também o valor das creches ficou 0,8. Mas como
0,8? Eu chamo de “creche” que nós entendemos; mas tomem cuidado
que, dependendo de onde vocês falarem “creche”, vai ter algum
especialista que vai tentar puxar as orelhas, porque, na verdade,
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em torno de especialistas seria “educação infantil de 0 a 3 anos”.
Mas eu vou utilizar “creche”, que todo mundo entende. Mas sempre
atento.
Então eles ficaram fora. E aqui, a grande mudança
novamente que aconteceu – a terceira grande mudança. A
complementação da União. Olhem só. Dois bilhões este ano; três
bilhões ano que vem; quatro em... Isso aqui sempre girava em 300,
400 milhões, a participação da União. Aqui, isso nós não queremos
perder. Eu falo, isso não vai vir inteiro. Não, não podemos mais
recuar desse avanço. Porque desde que a Coroa se instalou no
Brasil, desde o Brasil Colônia, as senhoras e senhores se lembrem:
a União sempre se desonerou desse nível de ensino. Nunca. Nunca. E
pelas circunstâncias todas, pela reivindicação dos movimentos, ela
não tem que entrar com 10%, 10%. A União entrou. E esse passo,
gigantesco, esse é mais do que uma mudança educacional – é uma
mudança na cultura educacional brasileira, é mais profundo. Então
nós nunca mais podemos permitir que isso volte à União, que fique
fora disso. Eu acho que esse foi um dos avanços mais importantes
que se conquistou. É uma conquista. E vou dizer: quando se começou
a falar em 10%... Doutor Victor Faccioni, uma grande liderança;
permitam-me cumprimentá-lo. Presidente da Atricon, da Associação
dos Tribunais de Contas do nosso país, e grande gaúcho, também,
Conselheiro do Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul. Esses
gaúchos agora é fogo, aqui.
O Sr. Victor Faccioni – Ninguém vai agüentar mais os
gaúchos aqui. Gaúcho já se acha, não é?
O Sr. Presidente – Só falta o chimarrão aqui.
O Sr. Paulo Egon – Mas, eu acho que ele ainda está meio
congelado; segurem-no nesse congelamento, que, aí, fico eu sozinho
ainda, por enquanto. Está muito frio lá no Rio Grande do Sul.
O que eu estava dizendo? Uma coisa natural. Aí dizia
assim: “ah, o Ministro da Educação quebra com Ministro da Fazenda.”
Isso é natural. Em qualquer Município, em qualquer Estado, em
qualquer parte do mundo, a área econômica e a área social sempre
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têm... vocês conhecem isso, não é? Então, o que eu quero dizer com
isso? Isso aqui, também, além de um debate com a sociedade, tem no
Governo um debate importante. É importante nós entendermos como se
chegou nisso. E a decisão foi tomada em uma reunião – Área
Econômica, Planejamento, Fazenda, Educação – com o Presidente da
República. E, isso significou esse avanço. Por isso, estou dizendo:
daí, eu sempre pensar em avançar cada vez mais. Então, esta é a
nova composição. Claro: eles vão entrar gradativamente. Os que já
estão, desses aqui, já têm 15% desses impostos, eles vão a 16, 18,
20. É a progressividade que eu citei. Os que ainda não estavam
incluídos vão ser esses 13, 20. Só para entender. Mas isso é uma
outra coisa interessante. O Município não se preocupa com isso.
Isto é para fins de cálculo, é importante entender. Às vezes, o
Município entende que isso é para todo o recurso; o dinheiro que
chega no Município ou no Estado não é carimbado. Aí, o Município
aplica na etapa da sua responsabilidade. Não dizemos: “É tanto para
esse, é tanto para aquele.” Não. Ele vai para o Município para ser
aplicado à educação infantil e fundamental. Em um Estado, no ensino
fundamental e médio.
Agora, uma questão mais interessante para os senhores e
as senhoras entenderem. No Brasil, como se compõe, vejam bem, ICMS,
66%. Fundo de Participação dos Estados, 12,5%, quase. Fundo de
Participação dos Municípios... Isso no Brasil. Essa pizza, nos
Estados, é completamente diferente. Nos Estados. Em alguns, nem
todos, essa fatia fica bem diferente na distribuição. E, olhem
agora já o tamanho da complementação da União, que, antes, era um
risquinho. E ainda são só dois bilhões. Quando chegar aos 10%, isso
vai passar de cinco bilhões.
Aqui, uma coisa interessante. 8,1 é o que os Estados, no
Fundef, no ano passado, Fundef/2006, repassaram para os Municípios.
Os Municípios recebiam 8,4. Claro, nos 8,4 estavam os 300 milhões
que a União repassava até o ano passado. Agora, olhem a mudança: de
8,7 para 10,7. Tem os dois bilhões. Outra mudança. 8,7 para 10,7, o
Governo repassa os dois. Agora, um entendimento interessante. O
Fundeb, o ano passado, eram dois Estados que recebiam – Pará e
Maranhão, se não me engano. Agora vai passar para oito. E,
possivelmente, com os 10%, vai aumentar talvez mais um ou dois.
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Isso é uma coisa interessante. O que significa isso? Significa que
o Fundeb, como eu disse, não vai resolver o problema da educação,
mas, justamente daqueles com mais necessidade. É interessante.
Então, é uma diminuição de assistência no país e dentro dos
Estados. Isso é fantástico. Eu vou mostrar alguns slides para você,
vocês vão ver o que significa isso, em termos de país, que é algo
impressionante.
Esta aqui é só para vocês entenderem como os recursos
entram gradativamente; os cálculo dos alunos; e sempre – e foi até
bom ver –, em todos os slides, em todos, tem a lei e o artigo do
lado. Para quem quiser agilizar o trabalho, os senhores que
conhecem, sabem disso, e eu fiz questão.
Houve uma inclusão, até creche fica contando na própria
lei. Houve a inclusão dessas matrículas, foram incluídas no
Congresso. As creches, a pré-escola e a educação especial. Por um
prazo de quatro anos, na pré-escola. Isso foi acrescentado lá, no
Congresso. Aí tem uma informação: o decreto que nós estamos
elaborando no gabinete do Ministro ainda não está pronto, mas tem
que haver uma regulamentação para deixar isso mais bem explicitado.
Então o decreto está em fase de elaboração, até para estabelecer os
critérios, quem é que vai dizer se a creche é filantrópica, se ela
atende aos critérios, e, assim por diante.
Isso aqui é um slide interessante. Só para informação.
Como é feito para apropriação dos alunos. Como é feito? Em primeiro
lugar, selecionam-se os alunos da educação especial. Em segundo,
escolas indígenas e quilombolas. Então, segue uma lógica. Claro que
os que já entraram lá em cima não podem entrar de novo. Então,
quando o pessoal faz a lei, às vezes não se dá conta; o que deu de
dor de cabeça para os nossos servidores fazerem uma ferramenta para
distribuir esses recursos em todo o Brasil, 5.564 municípios, foi
uma coisa impressionante. Quero registrar o nosso respeito aos
servidores do MEC, a competência e a dedicação. Nós falamos tão mal
em termos de servidores públicos, então eu quero dizer: são
responsáveis, são sérios e são muito competentes. A prova é o que
está sendo feito e como está sendo implantado.
Estes aqui são os fatores de ponderação. Isso é
importante, porque em cima deles é feito o recurso. Foi aqui que eu
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falei: educação infantil de 0 a 3 anos, creche; 0,8, só. Há
especialistas que dizem que seria 2,0, 3,0. E aí, meus prezados,
vou dizer uma coisa que me chocou quando me dei conta: esses
fatores foram muito definidos, utilizando-se um critério de
equilíbrio – que tem que se usar, porque é uma novidade. Não existe
pesquisa no país, nacional, sobre custo aluno/ano/qualidade. Não
existe. Custo aluno/ano/qualidade. Não existe. A Yara foi a
relatora da lei, então isso aqui ficou muito na discussão. Foi
muito difícil. “Ponha ali, Estado ganha, Município perde.” Foi
muito difícil. Acreditem. Eu quero deixar esse depoimento, essa
contribuição das senhoras, dos senhores, para o futuro. Isso tem
que chegar a valores reais. Nós, há dois anos – e aí entram outros
aspectos que eu não sei como nós vamos resolver –, há dois anos
estamos tentando fazer uma pesquisa nacional, não sobre custo
aluno/ano/qualidade; só sobre o valor aluno/ano. Quanto custa um
aluno de uma escola que se diga assim, “são escolas consideradas
boas.”
Porque qualidade, aí tem uma enormidade de parâmetros, de
critérios. Nem os especialistas entendem. Então, nós queremos fazer
uma pesquisa exploratória, dizer assim: “No país, nós recolhemos
todos os estudos que tem.” São os oito que nós conseguimos recolher
do que já foi feito, mas, localizadamente, com o maior rigor
científico, feitas em Estados ou em região do Estado; mas, nós
recolhemos oito no país inteiro, sobre custo aluno/ano, mas depois
de dois anos de licitação, daí vai até a Justiça”, vocês sabem como
é isso melhor do que eu. Parece-me que, finalmente, conseguimos, e
ela vai ser feita pela FIPE no Brasil inteiro, a partir de setembro
– é previsão para entrar em campo e coletar os dados. Vamos dar um
passo importante para poder definir. “Olhem, o aluno do ensino
médio vale 1,3 ou vale 1,2.” Eu estou dizendo “vale” porque é
dinheiro, é recurso, tem esse valor. “O aluno da educação é 0,9?”
Então, é isso que nós temos que ter, cientificamente, e no tempo,
adequar. E eu acho que isso nunca foi feito, porque se os governos
dissessem, como um que diz assim, “precisaria um aluno para ter uma
escola boa, por ano, mil dólares, dois mil dólares.” Seria o valor,
vamos supor, em dólar. Ou o valor é tanto; a sociedade pressionaria
para chegar nesses valores. Então, ninguém sabe, ninguém pressiona.
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Foi um ato corajoso nosso, o Estado dentro desse passo,
mas, para não se perder no futuro que se chegue, primeiro, a essa
pesquisa que nós estamos fazendo, e, depois, como eu estava
falando, chegar ao custo aluno/ano/qualidade. Quanto se precisa
para ter a qualidade para uma escola ou para um aluno das séries
iniciais? Hoje, não se sabe. Está se avançando.
Estas etapas e modalidades do ensino foram incluídas na
lei, porque aqueles outros fatores são decididos por uma comissão
intergovernamental. Esses aqui foram incluídos no Congresso na lei.
Então, no ano que vem, esses fatores têm que ser aplicados dessa
forma: para creche pública, em tempo integral, 1,10; creche
pública, em tempo parcial, 0,80; e assim por diante. Isso está na
lei.
Este é o slide. Como se diz, “este é o cara”. Este é o
slide, para mim. Este slide justifica, para mim, explica tudo. Nós
vamos entender melhor o que acontece.
Se nós tivéssemos o Fundef realizado sem a complementação
da União, no ano passado, nós teríamos o menor valor, 567. O menor
realizado, com a complementação da União – vejam bem, já ajudou um
pouco –, foi 682. Agora, olhem aqui o maior valor, 2.242. É justo
que nós tenhamos brasileiras e brasileiros? Estes aqui não têm
chance nunca de alcançar os outros. 1% investido na Educação
provoca uma mudança de desenvolvimento no país. Agora, estes
Estados mais carentes, os municípios mais pobres, já não têm
condições. Então, isso aqui só acentua. Eu vou dizer uma coisa
ousada: eu não conheço forma de fazer inclusão social melhor do que
investir na Educação. Até hoje não descobri alguma coisa que diga,
mandem dinheiro, façam o que quiser – nada é melhor do que dizer
assim: “Nós vamos dar educação para esse povo, de qualidade.” Não
existe coisa melhor do que isso. E, aqui está se começando, olhem
só, de 567, que seria, chegar a um valor menor para esse ano, 946.
Então, a diferença é ainda mais que o dobro, mas diminuiu muito.
Quem sabe um dia nós chegássemos a uma educação, todos os
brasileiros teriam um valor que eles precisariam ter para a
educação. Então, eu acho que, quando eu falei antes nos avanços, no
que está melhorando, tem aí algumas...
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São Paulo está entre os mais altos, e esse aí é de
Roraima. Então, isto aqui, eu acho que é o slide, porque ele nos
faz entender, compreender o que está acontecendo.
Esses são os valores, basta os senhores olharem, hoje
aplicados no Brasil. Já viram, já posso passar, porque não tem
muitas explicação mais, que eu já expliquei, não é?
Esse é interessante; esse aqui, porque mostra a diferença
também. No Fundef, inicialmente, só havia dois fatores: séries
iniciais e séries finais para o Fundef. Que era só Fundef, era só
fundamental. Aí a lei já dizia que tinham que ser séries iniciais,
séries finais, urbanas e rurais. Eu me lembro que um dia eu estava
falando que na época o Ministro Tarso Genro dizia assim: “Mas...
Urbano? Qual é a diferença?” Aquela questão que eu tinha falado.
Quer dizer, não há. Não havia. Então, por uma decisão de política
educacional, fez-se uma diferenciação – no início da conversa eu
falei com ele sobre isso –, até pensando em incentivar o não-êxodo
rural, aqueles cinturões. Vamos dar um avanço. Porque havia uma
defesa de que a educação rural exigiria mais recursos, mais
investimentos. Mas, há quem diga o inverso; então se fez, e se
chegou a quatro fatores de ponderação: séries iniciais, séries
finais, urbanos e rurais. Agora, vejam o seguinte: nós temos aqui
já os quinze segmentos, com aqueles outros vai passar para
dezessete fatores de diferenciação, agora para aplicação dos
recursos.
Esse aqui é mais para curiosidade. Esse slide seria
assim: as etapas dos cálculos de coeficiente. Como se faz?
Primeiro, calcula-se o valor aluno/ano em cada Estado. Só para os
senhores entenderem melhor. Como é feito o cálculo, considerando-se
as travas existentes? Porque existem travas. Tem que se, por
exemplo, manter o valor do Fundef do ano anterior. Então, como vai
se fazer isso? Isso não é difícil. Mas, no fim, fazer todos esses
passos, chega-se à estimativa no Fundef, e essa estimativa
finalmente se calcula. Pode ocorrer um fato, que é interessante os
senhores entenderem, que, como tem que assegurar o valor do Fundef
do ano anterior, tem que tirar esse dinheiro, vai baixando. Pode
acontecer que o parâmetro – aquele valor do ensino fundamental, o 1
– fique abaixo do 1. Mas, o que se fez aí, e é para isso que está
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feito isso, é que se mantenha distância entre os fatores. Porque o
legislador incluiu: tem um fator, não pode inferior ao Fundef do
ano interior. Mas, não disse como vai fazer. Então, o que se faz?
Sobraram tantos recursos. Esse recurso tem que manter a mesma
distância entre as ponderações que eu mostrei antes. Lembra? 0,8,
1,2. Aquele slide anterior. Entenderam? Senão, explico de novo.
Vocês estão tão quietos e quietas. Vocês entenderam ou
não entenderam a explicação? Não? Vou explicar de novo. Eu sou um
bom professor. Sou como bicicleta, que nunca desaprende, não é?
Professor, eu fico meio aprofessorado, mas não se incomodem, que
esse é o meu jeito de ser, não é, meu grande Presidente? É uma
grande figura no Rio Grande do Sul. Sinto-me honrado em estar com o
senhor. Uma grande liderança.
Esse fator, séries iniciais do ensino fundamental é um.
Esse é o parâmetro para calcular todos os outros. A partir desse
aqui, calcula-se, para a educação infantil 0,9, para o ensino médio
1,2. Esse é o parâmetro sobre o qual se calculam todos os outros. O
que está acontecendo lá? Antes de fazer este aqui, tem que se
manter o valor do Fundef do ano anterior. Então, diminui esse bolo
para distribuir, esse 1 pode não ser mais 1; pode ser um pouquinho
abaixo. O que se faz? A distância que existe de 1 para o outro, nós
mantemos. Deve ser uma bagunça, não é? Entenderam? Não é difícil,
também, não é? Vocês, que são inteligentes.
Aqui tem uma coisa interessante, importante. Olhem só. Eu
já falei isso antes, mas é só lembrar: a educação básica, pública,
indistintamente, a utilização é feita. Olhem, isso agora fica mais
fácil para entender. Não é “ah, eu recebi o 0,9 para a educação
infantil, eu vou distribuir esses para a creche”, não. O Município
recebeu o bolo e distribuiu o bolo. O Município, para a educação
infantil e fundamental, o Estado, para o médio e fundamental.
Então, é indistinto. Isso aqui eu gostaria que os senhores
ajudassem, que aqui temos um problema. As pessoas vinham, 60% da
remuneração; não, não é 60% – é no mínimo. Pode ser 100%. Então, eu
não sei como, às vezes a dor tem que achar um jeito, porque quando
diz no mínimo 60%, aí, já no Brasil inteiro, eu vou falar, “não,
tem que investir 60%.” Não é 60%; é no mínimo. Pode ser 80, 90,
pode ser 100%. A remuneração – isso é interessante –, no artigo 22,
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nesses incisos, diz... Nunca se tinha muito claro o que é
remuneração, o que é profissional do Magistério. Então, ficou
estabelecido, explicitadamente, remuneração, profissional do
Magistério, efetivos. Está ali no artigo 22.
A terceira grande novidade. Mediante legislação
específica, o Governo tinha prazo de até 60 dias, assim que a lei
foi promulgada, para mandar um projeto para o Congresso. O que o
Governo fez? O Governo resgatou um acordo histórico, feito em 94,
na época com o Ministro Murilo Hingel. Com Murilo Hingel, com a
CNTE, mais a CNTE, Undime, Consed, Murilo Hingel. E, houve um
acordo nacional para se implantar um piso salarial nacional. Todo
fundamentado. Esse acordo foi resgatado pelo Governo, foi feita uma
atualização desses valores, e o Governo chegou a uma proposta de R$
850,00. Tem questionamento, tem dúvidas, mas o Governo cumpriu o
seu papel dentro do prazo. O Governo tinha um prazo para
encaminhar, e encaminhou dentro do prazo. No Congresso, está em
discussão, está na Comissão de Educação. Falei com o Deputado
Severiano Alves; eles estão propondo outros valores, está em
debate. Eu, agora, de ontem para hoje, não consegui saber, mas da
última vez que conversei com eles, ainda estava na Comissão. Pode
precisar por mais duas comissões, aí, ou pode ir direto para o
Plenário – mas tem que ir, ainda, para o Senado. Então, até 31 de
agosto, pela Constituição, eles deveriam elaborar esse projeto.
Esse projeto, como eu estava dizendo, não é fácil. Isso é um grande
desafio, mas eu acho que ele seria e será um grande passo para a
Educação brasileira. Estou trazendo a informação de como está o
quadro, e não está fixado. Ele tem até 31 de agosto, mas os prazos
estão começando a ficar exíguos.
Na verdade, chama-se assim: Pacto Nacional pela
Valorização do Magistério. E várias esferas assinaram junto com a
CNTE, que é a Confederação Nacional dos Trabalhadores de Educação.
Nós falamos a sigla, pensamos que todos têm que entender. É a
Confederação Nacional dos Trabalhos de Educação.
Uma mudança aqui, também. O recurso do Fundeb sempre
tinha que ser usado no exercício. Mas, até fechar as contas, dava
muitos problemas. Então o que se fez? No máximo, 5% podem ser
aplicados no primeiro trimestre do exercício seguinte; para criar
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uma pequena flexibilidade para poder melhor elaborar as
contabilidades, assim por diante, dos Municípios.
O Conselho. Os Conselhos. Na verdade, essa é a quarta
grande mudança, na minha avaliação. Até queria depois que vocês me
dissessem, “Há mais alguma outra mudança que nós achamos que tinha
que estar nesse eixos”, mas eu, até hoje, só achei as quatro,
assim, como sendo os eixos das mudanças.
Nós temos, dos 5.564 Município, somente 42% se
cadastraram. São 2.330. Quer dizer, eu gostaria que todos nós
pudéssemos ajudar, trabalhar juntos, para que esses Conselhos
realmente se cadastrem e possam cumprir a lei. Esses Conselhos,
agora, tiveram uma mudança grande, profunda, profunda mesmo, porque
os Conselhos, em muitas regiões, às vezes em Municípios, eram
usados meramente para cumprir uma tarefa. Eram pessoas ligadas ao
Executivo, pessoas indicadas. Isso acabou tudo. Eu vou mostrar para
as senhoras e senhores as mudanças que aconteceram. Mas, em tese:
independência, autonomia e presevação do Conselheiro. Se ele está
lá para fiscalizar, então ele tem que ter condições de fazer isso.
Essa foi uma grande mudança na nossa aprendizagem; recebemos pilhas
de denúncias e todas as situações no país. E, como disse para
vocês, no início, se o dinheiro chega direto, não tem mais meio
caminho, não tem mais isso, se ele chega, é lá que tem que ficar. E
o Conselho é o grande órgão capaz de nos ajudar nisso, de
fiscalizar. Essa é a grande oportunidade de fazer lá na ponta,
isso. Nós disponibilizamos, via online, um cadastramento; a SEB
encamihou Ofício Circular nº 17 para todos os Municípios do país,
já faz tempo, para se cadastrarem; e uma carta conjunta, saiu na
semana passada, em julho passado – MEd, Consed, Undime e Unco, que
é União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação, Municípios,
Estados e Federação –, assinamos uma carta conjunta, para o país
inteiro, mandando de novo para todos, que se cadastrem. Agora
começaram a cadastrar mais, em cima dessa carta. Pedimos ajuda,
também, de todos os senhores e senhoras.
Aqui, uma coisa interessante. O que o Conselho faz? Quais
as suas competências? Aumentou a competência do Conselho.
Inclusive, as contas para irem para o Tribunal de Contas para serem
fiscalizadas têm que ter agora um parecer do Conselho.
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Eu vou passar, porque o Conselho tem muitas coisas; vou
chamar a atenção sobre algumas. Pode fazer visitas “in loco”, o
Conselho. Ele pode convocar a Secretária de Educação. Vejam bem,
eles têm agora muito mais poderes, os Conselheiros do Fundeb.
Melhorou muito. Têm mais poder. Podem requisitar documentos. Antes
não tinham poderes para isso. Então isso mudou, em cima da nossa
experiência anterior. Pode se manifestar, formalmente, como
Conselho. Isso aí é só para passar rápido, que os senhores já
sabem. A composição mudou, ficou mais representativa da sociedade;
ficou realmente definido como devem ser os representantes: têm que
ser eleitos pelos seus pares. Então, há uma mudança, realmente, no
sentido de que o Conselho possa exercer o seu papel, e não seja um
órgão meramente burocrático ou até de subserviência, “in casu”.
A indicação, como tem que ser feita, acabei de falar.
Esses slides, eu deixei mais para os senhores terem depois, poderem
ver o número da lei e o artigo.
Quem não pode integrar: vejam bem como mudou. Cônjuges,
parentes consangüíneos ou afins até terceiro grau ou por adoção do
Prefeito, Vice-Prefeito e Secretários Municipais. Então, é uma
mudança. Não pode mais haver dependências. Não pode haver
consangüinidade. Não pode haver outros tipos de dependência; mudou
profundamente. Quer dizer, nem até o pessoal de empresas que
prestam serviços pode ficar no Conselho. Há, aí, sim, uma forte
tentativa de preservar realmente o papel do Conselho e do
Conselheiro.
Estudantes não emancipados não podem, na verdade,
integrar. Outras questões, vejam bem: pais e alunos que quiserem
esse cargo de funcionário público, de livre oneração e exoneração
do Poder Executivo, também, não podem. Até para o Prefeito, até
para quem tem o cargo. Imagine o constrangimento: “Eu quero ir lá
para o Conselho.” A pessoa já está dependendo e o Prefeito ou o
Executivo indicam. “Então libere-o”, “Não posso; está proibido.”
Esta questão é muito, muito importante, porque nós vamos ter
condições de, realmente, pegar os recursos da Educação e fazer com
que eles sejam aplicados na Educação, corretamente.
Aqui é só os senhores olharem, ver como eles são
preservados, agora, os Conselheiros. Desde questões que envolvem
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exoneração, afastamento. Acontecia de tudo. Eu quero ter mais tempo
para contar algumas histórias – até Conselheiro que mataram e
queimaram dentro de um carro, uma vez, para vocês terem uma idéia.
Eu recebi Conselheiro lá no MEC, o Prefeito ligando, todos juntos
disseram que iriam botar fogo na casa, com tudo que estava dentro.
Ameaçando. Vocês não têm idéia. Só para ter um flashzinho do que
acontece. Então, nós temos que preservar.
Esse é um grande trabalho. Uma grande mudança que
aconteceu – mas grande mesmo – de que realmente o recurso, o
recurso mais sagrado, que é o Educação, chegue lá onde tem que
chegar. E, ainda posso dizer, já tenho retornos, ainda há
descumprimento dessa lei. Já há minúcias conosco, que há locais
onde está ocorrendo isso. Só por curiosidade: não é remunerada, a
atuação deles, mandato de dois anos, pode ser reconduzido, é
considerado irrelevante o fator social, o Presidente tem que ser
eleito, não pode mais eleger o Secretário de Educação,
representante do Governo e não pode mais ser o Presidente do
Conselho. É legal, não é? Porque o Presidente tem muito poder, em
uma hora dessas. Agora, não. Agora, ele vai. E é legal que ele
esteja. É bom que o Governo tenha... Colocaram dois representantes
do... Eu acho bom. Porque, às vezes, também, o TAC esse ano, nós
tínhamos que ver como nós, de repente, podíamos trabalhar, meu caro
Presidente, e no Brasil inteiro juntos. Para o Tribunal explicar
como é, o que faz... Para esse Conselho ter... E nós fazermos a
formação. Que isso não vire um centro de denuncismo, de fofoquismo;
não. Por isso o Governo tem que falar. Deu um problema? Ótimo. Está
aqui. Aí a pessoa fala: “Não, mas não é isso. Isso aqui aconteceu
assim.” Pronto. Já resolveu. O que se quer é que o dinheiro seja
aplicado na Educação. Isso se quer. Agora, o Conselho tem que ser
um órgão autônomo, independente, muito sério, capaz de exercer essa
função. E podem até, no caso, ter um papel importante, até, de
Educação, nessa questão da aplicação do recurso, do que significa.
Acho que nós poderíamos pensar uma forma, não é, Presidente, de
repente, de fazermos um trabalho no país, juntos, juntos com os
Conselheiros. Vamos amadurecer essa idéia.
A entidade estudantil... Essa matéria aqui, é só olhar na
lei, mas eu estou levando, os senhores já sabem, já vão sair com
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uma idéia geral sobre os Conselhos. O estudante pode acompanhar a
reunião do Conselho com direito a voz, nos casos em que for
incluído também. É no artigo 24, décimo-segundo no parágrafo. O
Conselho também agora tem a responsabilidade de acompanhar o Pnate,
Plano Nacional de Apoio ao Transporte Escolar.
Aquilo que eu falei antes. O Conselho deve ser instruído
com parecer do Conselho do Fundeb. Também já falei, mas isso aqui
eu ainda posso salientar: hoje – isso é interessante, até para os
senhores, que tem um poder muito grande, maior – deve assegurar
infra-estrutura e condições para que o Conselho possa funcionar.
Antes, não tinha. O Conselho não tinha. Às vezes, o Conselheiro ia
no Conselho e era punido por ir. Então, hoje não, hoje mudou,
quando é uma tarefa importante, de relevância, de contribuição
social.
Nós tentamos, sabe uma coisa que acontece muito? Havia
muita gente pensando que o MEC, que nós que temos que fiscalizar.
Então, eu vou lá em Bento Gonçalves. Sou do MEC, vou fiscalizar.
Pode mandar prender. Bento Gonçalves é o seu município, não é?
Quase. Do lado. Caxias? Aquela serra gaúcha é uma maravilha. Então,
eu não posso fiscalizar. Não é papel do MEC. Quem fiscaliza as
contas é o Tribunal de Contas. O Ministério Público é o guardião da
lei. Mas, nós não temos. Então, nós procuramos, assim, vejam bem,
definir com mais clareza, um pouco. A CGU, às vezes, também, “não,
não podemos fazer.” Então, esse trabalho integrado – e eu não me
canso de elogiar o Tribunal de Contas do Município de São Paulo por
fazer esta reunião, este tipo de debate. Parabéns, mais uma vez.
Porque isso, e agora a Atricon, nós vamos fazer esse encontro
nacional juntos, esse trabalho vai somar muito. Nós temos grandes
condições de melhorar muito as coisas. Então, nós definimos melhor
na lei, tentamos clarear para não ficar em dúvidas qual é o papel
de cada um. E, não mudou; não mudou nada. Apenas tentando dizer,
“olhe, este é o papel dos Tribunais de Contas, nós não podemos
fazer isso.”
Esse é o papel. Esse é o papel do MEC. No artigo 30 diz
com clareza aquilo que eu falei, desde monitoramento... Nós temos
agora o Ciope, que é uma forma de monitorar, com absoluta
transparência, a aplicação dos recursos. Acho que havia dois ou
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três mil municípios já inscritos. Como tinha o Ciops na Saúde, vai
ser o Ciope da Educação. É muito, muito importante, esse Ciope.
Às vezes, eu tenho a impressão de que os Tribunais de
Contas ou o Ministério Público, como há mais denúncia, há mais
demanda, nós teríamos que também pensar em criar condições para que
esses órgãos possam realmente cumprir. Às vezes, parece que a
demanda pode ser grande, não sei se os senhores têm, eu acho uma
coisa, mas eu já ouvi, inclusive, lá na Câmara, um depoimento de
uma Procuradora nacional dizendo que nós temos que criar condições
para que Tribunais tenham a estrutura capaz de atender essa
demanda. Que a sociedade está avançando. A sociedade está
participando mais. Então, de repente, tem que se pensar nisso. Foi
uma coisa que eu tinha anotado ali, para eu não esquecer.
E este aqui, www.mec.gov.br, Fundeb, está aí, tudo tem
ali. Desde a legislação toda, como estão as matrículas, como é a
distribuição. Esse aqui é importante, porque os senhores... Tudo o
que os senhores quiserem. Valor aluno/ano e receita anual, previsto
e consolidado por Estado. Então, os senhores encontram em tudo e
tudo. Tem as cem perguntas mais freqüentes. As cem perguntas e as
cem respostas mais freqüentes do país inteiro. Só pegando, então,
tudo. E, inclusive, como se cadastra os Conselhos. Então eu vou
fazer questão de deixar com as senhoras e os senhores, porque isso
pode ser bem interessante, e ajudá-las e ajudá-los em horas em que
alguns precisam trabalhar com isso.
30, 31, nós vamos ter, já conversamos com o nosso
Presidente e com o Genédio, o Encontro 30 sobre o PDE, 31 sobre o
Fundeb. Vai ser um dia inteiro, para fazer o que nós não fizemos
hoje. Um dia inteiro, com todos os Tribunais de Contas do país,
três representantes por Estado, das entidades representativas, para
discutir um dia inteiro, com, especialmente, uma análise técnica
das novas leis do Fundeb. Nós já estamos preparando uma minuta das
principais polêmicas. Então, se algum de vocês tem alguma dúvida
maior, uma sugestão, pode nos encaminhar, que nós vamos incluir no
debate, para fazermos uma carta dos Tribunais de Conta para o país
inteiro. Para ter uma certa hermenêutica ou interpretação da
legislação, porque, imaginem se nesse país afora pode um
Conselheiro fazer uma interpretação da lei, o outro de outro jeito.
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Pode acontecer. Nós, quando orientamos, sempre dissemos: “É a nossa
avaliação, nossa orientação. Consulte o Tribunal de Contas, que ele
vai dar a palavra final, o Tribunal de Contas.” Então, para que os
Tribunais possam trabalhar conosco e entre si, integrados, esse
encontro de Brasília, de um dia inteiro, só para que nós possamos
tirar todas essas arestas, dúvidas, lacunas, assim por diante. Vai
ser muito importante. São Paulo já está inscrito.
Finalmente, estes aqui são todos os endereços onde os
senhores nos encontram. Todos os endereços. Por telefone, fax, e
assim por diante. E ainda tem a Central de Atendimento Fala Brasil.
E, para encerrar, gostaria de dizer... Cumprimentar cada
uma e cada um das senhoras e dos senhores aqui presentes. Eu fico,
assim, extremamente feliz, hoje, em ter essa oportunidade, falar
com vocês, e dizer que, às vezes, não sabemos dizer o que sentimos.
Às vezes, os poetas, os artistas, eu acho que estão em um grau
superior a nós. Eles são meio imortais, sabem dizer melhor. Eu
sempre tentava dizer, e queria dizer que, acho que cada um que está
presente aqui é um pouquinho educador, por estar interessado e por
estar participando desse assunto tão bem selecionado. E eu sempre
dizia: nós, educadores, não morremos. Nós, de certa forma, nos
eternizamos nos nossos alunos. Quantas vezes eu encontro um aluno,
vinte anos, “professor, o senhor falou um dia...” Às vezes você
falou uma bobagem, o aluno se lembra. Vou me eternizando um
pouquinho em cada um, em cada um de vocês.
Mas, Piaget soube dizer isso de outro jeito. E eu vou até
dar o exemplo, de como dá para dizer as coisas poeticamente, e não
poeticamente. Por exemplo, um poeta do Rio Grande do Sul – tinha
que ser, Presidente – dizia assim: “Quando partes, me levas. Quando
voltas, me trazes. Eu aguardo o teu retorno porque tenho saudade de
mim.” Pode-se dizer uma coisa mais linda do que isso? Assim, Piaget
disse: “Se não morre aquele que escreve um livro, planta uma
árvore, muito menos morre o educador, que semeia a vida e escreve
na alma.”
Muito obrigado por essa oportunidade.