INVESTIGAÇÃO AMBIENTAL COM A UTILIZAÇÃO DO...

97
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE AGRONOMIA DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA Trabalho de graduação INVESTIGAÇÃO AMBIENTAL COM A UTILIZAÇÃO DO EQUIPAMENTO GEOFÍSICO GPR (GROUND PENETRATING RADAR) - ESTUDO DE CASO. Aluna Camila Gomes Silva 200604003-9 Orientador Dr. Luis Alberto Peche Puertas Co-orientadora Jenesca Florencio Vicente de Lima Outubro/2010

Transcript of INVESTIGAÇÃO AMBIENTAL COM A UTILIZAÇÃO DO...

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE AGRONOMIA

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE GEOLOGIA

Trabalho de graduação

INVESTIGAÇÃO AMBIENTAL COM A UTILIZAÇÃO DO

EQUIPAMENTO GEOFÍSICO GPR (GROUND PENETRATING

RADAR) - ESTUDO DE CASO.

Aluna

Camila Gomes Silva

200604003-9

Orientador – Dr. Luis Alberto Peche Puertas

Co-orientadora – Jenesca Florencio Vicente de Lima

Outubro/2010

1- SILVA, CAMILA GOMES

Investigação ambiental com a utilização do método geofísico GPR

(Ground Penetrating Radar)- estudo de caso.

Curso de Geologia/ Departamento de Geociências

Instituto de Agronomia/ Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro

[Seropédica] Ano 2010

Trabalho de Graduação

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pelo seu amor incondicional, por me

abençoar, me dar força e saúde. Sem Ele nada disso seria possível.

Aos meus pais, por todo amor, apoio, incentivo, ajuda, carinho e por sempre

acreditarem na minha capacidade e no meu sucesso. Tudo que hoje tenho e sou é

fruto da luta e da dedicação que vocês tiveram para me proporcionar isso. Muito

obrigado por tudo. Agradeço a Deus por vocês serem meus pais.

Em especial, quero agradecer a minha mãe pelas noites não dormidas me

ajudando e me incentivando na realização desde trabalho. Seu apoio fez toda a

diferença!

Aos meus irmãos pela importante e agradável companhia. Obrigado por

também me incentivarem.

Ao meu namorado, Erick, pelo companheirismo, amor, carinho, atenção, apoio

e compreensão. Tudo isso o torna muito importante pra mim. Agradeço a Deus por ter

te conhecido.

À toda minha família que me apoia e acredita em mim, principalmente a minha

avó Lucy pelo amor, carinho, ensinamentos, pela histórias e comidas gostosas.

Obrigado por ser tão especial.

Aos meus amigos da Rural que tornaram esses quatro anos na universidade

muito mais fáceis, divertidos e prazerosos. Foi muito bom estudar com vocês!

Às minhas amigas do 2º grau, que mesmo não presentes diariamente, sei que

torcem por mim.

Ao meu orientador Prof. Luis Peche pela orientação, esclarecimentos e

paciência durante a produção deste trabalho.

À minha co-orientadora Jenesca Florencio pela dedicação e ajuda.

Aos mestres por tudo que nos ensinam, deixando além do conhecimento teórico, ensinamentos para a vida.

À professora Maria Geralda Carvalho pela força que me deu para a realização desta monografia.

À Faculdade de Geologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro pelo empréstimo do aparelho geofísico com o qual realizei esta dissertação e pela disponibilidade do laboratório para o processamento dos dados.

Meus sinceros agradecimentos a todos que fazem parte da minha vida que de alguma forma me ajudaram na realização deste trabalho.

RESUMO

Este trabalho avaliou uma pluma de contaminação de hidrocarbonetos

derivados do petróleo em subsuperfície, utilizando o método geofísico GPR.

A área estudada corresponde a um posto de abastecimento de combustíveis

na Barra da Tijuca. Para a investigação ambiental do local foi utilizado um

equipamento GPR fabricado pela empresa MÅLA Geociencies, com uma antena de

100 MHz. Foram levantadas oito linhas Commom-offset e cinco CMPs, durante dois

dias e com diferentes condições de bombeamento, isto é, com o sistema de

remediação MPE ligado e desligado, com a finalidade de avaliar o processo de

remediação local.

Para a determinação do contaminante em subsuperfície, utilizamos como base,

referências de vários trabalhos, na qual se atribui a presença deste às baixas

refletividades na seção GPR, devido a alta condutividade do meio, como conseqüência

da biodegradação do produto contaminante.

Neste trabalho tentamos delimitar a pluma de contaminação, e caracterizar os

efeitos da remediação no posto de combustíveis. A partir dos resultados obtidos,

sugerimos ações para a continuação do estudo e melhoria do local.

SUMÁRIO Página

CAPÍTULO 1 - Apresentação, introdução e objetivo do trabalho ................. 01

1. Apresentação ................................................................................................... 01

2. Introdução ........................................................................................................ 01

3. Objetivo ............................................................................................................ 03

4. Justificativa para o uso do método GPR .......................................................... 04

5. Localização ...................................................................................................... 04

CAPÍTULO 2 - Caracterização Fisiográfica ..................................................... 06

1. Geologia ........................................................................................................... 06

2. Geomorfologia .................................................................................................. 08

3. Clima ................................................................................................................ 08

3.1 Precipitação ....................................................................................... 09

3.2 Temperatura ...................................................................................... 09

4. Hidrografia ........................................................................................................ 09

5. Solos ................................................................................................................ 10

6. Vegetação......................................................................................................... 10

CAPÍTULO 3 - Revisão Bibliográfica ................................................................ 12

1. Postos revendedores de combustível .............................................................. 12

2. Pluma de contaminação ................................................................................... 14

3. Características da gasolina e do óleo diesel .................................................... 14

3.1 Gasolina ............................................................................................. 14

3.2 Óleo diesel ......................................................................................... 15

4. A gasolina Brasileira ......................................................................................... 16

5. Classificação dos hidrocarbonetos ................................................................... 17

5.1 Classificação dos hidrocarbonetos baseada na densidade .............. 18

6. BTEXs .............................................................................................................. 20

7. HPAs ................................................................................................................ 22

8. Fases dos hidrocarbonetos .............................................................................. 23

8.1 Fase adsorvida ................................................................................... 23

8.2 Fase livre ............................................................................................ 24

8.3 Fase dissolvida .................................................................................. 25

8.4 Fase vaporizada ................................................................................. 26

8.5 Fase condensada ............................................................................... 26

8.6 Interação entre as fases ..................................................................... 28

9. Mecanismos de transferência de massa .......................................................... 31

9.1 Advecção ............................................................................................ 31

9.2 Dispersão............................................................................................ 31

9.3 Atenuação .......................................................................................... 32

10. Principais sistemas de remediação ................................................................ 32

11. Histórico do GPR ............................................................................................ 38

12. Trabalhos anteriores ....................................................................................... 39

12.1 Sobre O GPR (Ground Penetrating Radar) ...................................... 39

12.2 Sobre o sistema de remediação MPE-Extração Multifásica ............ 42

CAPÍTULO 4 - Metodologia adotada ................................................................ 44

1. Levantamento Bibliográfico .............................................................................. 44

2. Trabalho de campo ........................................................................................... 44

2.1 Monitoramento da remediação ........................................................... 45

2.2 Medição do nível de água .................................................................. 48

2.3 Medição da cota topográfica ............................................................. 49

2.4 Ensaio de permeabilidade ................................................................. 49

2.5 Levantamento geofísico com a utilização do GPR ........................... 50

2.5.1 O GPR- Ground Penetrating Radar ..................................... 50

2.5.2 O levantamento geofísico .................................................... 55

3. Tratamento de dados ....................................................................................... 58

3.1 MPE - Extração Multifásica (Multi Phase Extraction) ....................... 58

3.2 Medição de nível de água e cota topográfica ................................... 59

3.3 Ensaio de permeabilidade ................................................................. 59

3.4 Levantamento geofísico ..................................................................... 59

CAPÍTULO 5 - Resultados e discussões .......................................................... 65

1. Tabela de espessura da fase livre .................................................................... 65

2. Mapa topográfico .............................................................................................. 67

3. Estimativa da permeabilidade .......................................................................... 68

4. Fluxo da água subterrânea ............................................................................... 69

5. Radargramas .................................................................................................... 71

CAPÍTULO 6 - Conclusão .................................................................................. 78

CAPÍTULO 7 - Referências bibliográficas ........................................................ 80

CAPÍTULO 8 - Anexos ........................................................................................ 83

Anexo 1. Ensaio de permeabilidade slug test no poço PM-04 ............................ 83

Anexo 2. Ensaio de permeabilidade slug test no poço PM-06 ............................ 84

Anexo 3.Tabelas de monitoramento da espessura da fase livre retirada dos poços

de extração pelo sistema de remediação MPE - Extração Multifásica implantado no

posto ..................................................................................................................... 85

LISTA DE FIGURAS Página

Figura 1: Distribuição das áreas contaminadas de acordo com a origem da

contaminação........................................................................................................ 01

Figura 2: Mapa de localização .......................................................................... 05

Figura 3: Mapa Geológico da região em que o posto está inserido ................. 07

Figura 4: Esquema representando a contaminação do subsolo e de aquíferos

causada por vazamentos de LNAPLs e DNAPLs................................................. 19

Figura 5: Extensão das plumas de BTEXs depois de decorrido mil dias do

vazamento ............................................................................................................ 22

Figura 6: Contaminação de solo e de água subterrânea................................... 27

Figura 7: Diferentes fases presentes nas zonas insaturada e saturada............ 27

Figura 8: Progressão do vazamento de hidrocarbonetos de tanques de

abastecimento subterrâneos.................................................................................. 29

Figura 9: Esquema explicativo do funcionamento do sistema de remediação MPE no posto de combustíveis........................................................................................... 48

Figura 10: Equipamento GPR.............................................................................. 52

Figura 11: Esquema explicativo de uma aquisição GPR do tipo Commom-offset com arranjo monoestático............................................................................................. 53

Figura 12: Esquema explicativo de uma aquisição GPR do tipo afastamento constante (Commom-offset) com arranjo biestático............................................................... 53

Figura 13: Esquema explicativo com os arranjos das antenas na técnica de Commom-offset ..................................................................................................................... 54

Figura 14: Técnica de aquisição afastamento constante (Commom-offset)....... 54

Figura 15: Tipos de sondagem de velocidade. ................................................... 55

Figura 16: (A) - Antenas não blindadas transmissora e receptora; (B) - Unidade de

exibição; (C) - Unidade de controle ..................................................................... 55

Figura 17: Levantamento geofísico com o GPR, utilizando a técnica afastamento

constante (Commom-offset).................................................................................. 56

Figura 18: Linha de aquisição GPR com a marcação da amostragem espacial de 20

centímetros............................................................................................................ 57

Figura 19: Croqui da área mostrando as linhas Common-offset levantadas em campo .................................................................................................................. 58

Figura 20: Primeira etapa no tratamento dos dados - arquivo convertido em um novo

formato para ser processado no software Reflexw ............................................. 60

Figura 21: Segunda etapa no tratamento dos dados - radargrama após a utilização do

filtro temporal dewow............................................................................................ 60

Figura 22: Terceira etapa no tratamento dos dados - radargrama após correção de

tempo zero............................................................................................................ 61

Figura 23: Quarta etapa no tratamento dos dados - radargrama após ganho exponencial........................................................................................................... 61

Figura 24: Quinta etapa no tratamento dos dados - radargrama após a utilização do

filtro passa-banda ............................................................................................ 62

Figura 25: Sexta etapa no tratamento dos dados - radargrama após utilização do static correction/mutting..................................................................................... 62

Figura 26: Sétima etapa no tratamento dos dados - radargrama após conversão

tempo - profundidade ............................................................................................. 63

Figura 27: Análise de velocidade de um CMP.................................................... 63

Figura 28: Mapa Topográfico da área de estudo................................................ 68

Figura 29: Mapa de fluxo da área de estudo ..................................................... 70

Figura 30: Perfil L1.............................................................................................. 72

Figura 31: Perfil L1 com as hipérboles referentes aos tanques subterrâneos TQ-01,

TQ-02, TQ-03, TQ-04............................................................................................ 72

Figura 32: Perfil L6............................................................................................... 72

Figura 33: Perfil L6 com os tanques subterrâneos TQ-01, TQ-02, TQ-03, TQ-04

identificados........................................................................................................... 73

Figura 34: Perfil L12............................................................................................. 73

Figura 35: Perfil L12 com os mesmos tanques subterrâneos identificados nas linhas 1 e 6......................................................................................................................... 73

Figura 36: Perfil L3............................................................................................... 74

Figura 37: Perfil L3 com os tanques subterrâneos TQ-05, TQ-06, TQ-07, TQ-08 identificados........................................................................................................... 74

Figura 38: Perfil L11............................................................................................. 74

Figura 39: Perfil L11 com os mesmos tanques subterrâneos identificados na linha 3

................................................................................................................... 75

Figura 40: Perfil L10............................................................................................. 75

Figura 41: Perfil 10 com hipérboles identificadas de alta velocidade, referente à

cobertura do posto................................................................................................ 76

Figura 42: Perfil L2.............................................................................................. 76

Figura 43: Perfil L2 com uma hipérbole identificada referente a cobertura do posto

.................................................................................................................... 76

Figura 44: Perfil L9............................................................................................... 77

Figura 45: Perfil L9 com hipérboles identificadas de alta velocidade, referente à cobertura do posto................................................................................................ 77

LISTA DE TABELAS Página

Tabela 1: Composição da gasolina ..................................................................... 15 Tabela 2: Solubilidade para benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos ................ 20 Tabela 3: Limites de potabilidades dos compostos BTEX segundo o Ministério da Saúde ................................................................................................................... 21

Tabela 4: Distribuição em porcentagens das fases dos BTEX ............................ 21 Tabela 5: Distribuição das fases do contaminante................................................ 30 Tabela 6: Níveis de água dos poços de monitoramento....................................... 49 Tabela 7: Cotas topográficas dos poços de monitoramento no terreno............... 49 Tabela 8: Linhas GPR com seus respectivos CMP, nas datas em que foram adquiridos e a situação de bombeamento especificada......................................................... 57 Tabela 9: Tabela Excel com a velocidade média de cada um dos CMP (L13 a L17) e também com a velocidade média total 0,0983 m/ns............................................. 64

1

CAPÍTULO 1- Apresentação, introdução e objetivo do trabalho

1. Apresentação

O presente trabalho intitulado de “Investigação Ambiental com Utilização do

Equipamento GPR (Ground Penetrating Radar)- Estudo de caso” faz parte dos

requisitos exigidos para a conclusão do Curso de Graduação de Geologia da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, e está inserido em linha de pesquisa

ativa do Departamento de Geociências da universidade supracitada.

2. Introdução

A contaminação de solos e de águas subterrâneas por hidrocarbonetos

derivados do petróleo é uma preocupação crescente nas últimas décadas. Segundo

Brito et al (2005), isso acontece principalmente em função da frequência com que

esses episódios ocorrem e da gravidade com que o meio ambiente é afetado. Esse

problema, presente a nível mundial, vem merecendo maior atenção tanto da

população, quanto dos órgãos de controle ambiental.

Dentre as principais fontes de contaminação, destacam-se os postos

revendedores de combustíveis, onde se tornaram comuns os vazamentos de

hidrocarbonetos, principalmente em função do envelhecimento dos tanques de

armazenamento subterrâneos (Silva, 2002).

. Figura1: Distribuição das áreas contaminadas de acordo com a origem da contaminação

(Fonte: CETESB, 2007 apud Nunes, 2008).

2

Segundo ANP (2007) existem aproximadamente 35 mil postos revendedores

de combustível no Brasil e uma comercialização de cerca de 230 mil m³/dia dos

principais derivados do petróleo, sem considerar os postos clandestinos ou os

consumidores industriais.

A maioria desses postos foi construída na década de 70. Tanques de

armazenamento subterrâneos possuem uma vida útil média de 25 anos e, de acordo

com estatísticas internacionais, tanques com mais de 20 anos estão mais propícios a

problemas de vazamento devido à corrosão e rachaduras. Assim, supõe-se que estes

postos já estejam comprometidos, apresentando problemas e oferecendo riscos. A

vida útil de um tanque, porém, pode ser ainda menor caso este esteja sem nenhuma

proteção (Corseuil e Martins, 1997; Penner, 2000; Silva, 2002).

Sabe-se, através de levantamentos realizados por órgãos públicos ambientais,

que os lençóis freáticos, no local do posto ou próximos, são frequentemente afetados

pelos vazamentos provenientes dos tanques subterrâneos, não sendo notados por

ocorrerem em pequenas quantidades. Porém, são esses pequenos vazamentos os

responsáveis pelos maiores problemas às águas subterrâneas, na medida em que os

combustíveis se infiltram lentamente, vencendo a resistência do solo, permanecendo

nele por longo tempo e contaminando o lençol freático (MINDRISZ, 2006).

Os vazamentos de combustíveis acarretam sérios problemas à população, ao

meio ambiente e aos ecossistemas ali presentes, oferecendo riscos à saúde humana

devido à contaminação do solo que é utilizado para o cultivo da maior parte dos

alimentos necessários à sobrevivência humana, e à contaminação de aquíferos que

são usados como fontes de abastecimento de água para consumo humano.

Segundo CETESB (2001) apud Carvalho (2006) o processo de gerenciamento

de áreas contaminadas engloba duas etapas, subdivididas da seguinte forma:

I- Identificação de áreas contaminadas

Definição da região de interesse

Identificação de áreas potencialmente contaminadas

Avaliação preliminar

Investigação confirmatória

II- Processo de recuperação de áreas contaminadas

Investigação detalhada

Investigação para remediação

Projeto de remediação

Remediação

Monitoramento

3

Na identificação de áreas contaminadas faz-se uso de métodos geofísicos,

como por exemplo, o GPR e a eletrorresistividade. Estes não substituem ferramentas

geológicas comumente utilizadas, mas junto a elas, dão rapidez e maior eficiência ao

trabalho investigativo. Segundo Greenhouse e Gudjurgis (1998) apud Carvalho (2006):

“A Geofísica não responde às questões por si só, mas é o guia para a primeira etapa

de uma investigação de subsuperfície”.

O uso de métodos geofísicos não invasivos evita a infiltração do contaminante

para camadas não contaminadas e não perturba o meio físico. Além disso, esses

métodos conseguem cobrir áreas maiores com custo reduzido, quando comparados

com os métodos diretos de investigação (Borges et al., 2006) .

Nas últimas décadas, uma das tecnologias geofísicas mais aplicadas em

investigação ambiental, na identificação de contaminações em subsolo é o GPR

(Ground Penetrating Radar). Este método geofísico recente, que será detalhado neste

trabalho, vem ganhando destaque devido ao seu caráter não destrutivo, sua

simplicidade, sua portabilidade e rapidez.

Quanto à etapa de remediação, diversas tecnologias são utilizadas para a

remoção direta do material contaminante e/ou aumentar o potencial de degradação

biológica dos compostos poluentes presentes em áreas contaminadas (Abdanur,

2005). Neste trabalho, no capítulo 3 de revisão bibliográfica, serão citadas as

principais técnicas de remediação. Também será descrito aquela já adotada pelo

posto de combustível, o sistema de remedição ambiental do tipo MPE – Extração

Multifásica (Multi Phase Extraction).

3. Objetivo

Este trabalho tem como objetivo avaliar a contaminação em subsuperfície

presente na área de estudo, através da utilização do método geofísico GPR e do

monitoramento da espessura da fase livre.

A utilização do GPR dará continuidade à investigação ambiental já iniciada por

uma empresa contratada pelo posto em 2009. O georadar fornecerá informações

sobre a dinâmica da pluma e sua expansão um ano após o estudo realizado

anteriormente. Também será observado o comportamento da pluma de contaminação

diante do sistema de remediação implantado no posto, além da análise da eficiência

desse sistema, através do monitoramento da espessura da fase livre.

4

Os resultados obtidos serão apresentados e discutidos para que se produzam

conclusões. Com base neste procedimento serão apresentadas propostas para a

melhoria do local contaminado.

4. Justificativa para o uso do método GPR

O uso de um método geofísico na investigação ambiental em questão foi

proposto com base no conhecimento da influência de um contaminante no meio em

que se encontra. Sabe-se que a pluma de contaminação com hidrocarbonetos altera

as propriedades elétricas/dielétricas do solo em que está inserida.

Os métodos geofísicos conseguem captar a pluma em subsuperfície, com base

nos contrastes elétricos provocados pela contaminação. A escolha do GPR foi

motivada pelo fato de ser um método prático e rápido em investigações ambientais,

pois a resposta do sinal eletromagnético auxilia na delimitação do contaminante em

subsuperfície, direcionando técnicas diretas de investigação como sondagens através

de poços de monitoramento.

As vantagens na aplicação do georadar consistem na possibilidade de

execução de perfis contínuos e com alta resolução, facilidade de aquisição de dados e

versatilidade do equipamento em campo, possibilitando sua aplicação inclusive em

áreas urbanas. Quando comparada com outras técnicas de investigação, este método

possui uma baixa relação de custos/benefício.

5. Localização

O estudo apresentado refere-se a um vazamento de hidrocarbonetos ocorrido

num posto revendedor de combustível localizado na Avenida Ayrton Senna, Barra da

Tijuca, zona oeste do estado do Rio de Janeiro. O acesso ao local se dá pelas

avenidas Governador Carlos Lacerda (Linha Amarela), Avenida das Américas e

Embaixador Abelardo Bueno.

5

Figura 2: Mapa de localização (Fonte: Google Maps).

A localização detalhada e os dados do referido posto não poderão ser

divulgados devido ao caráter sigiloso destas informações.

6

CAPÍTULO 2- Caracterização Fisiográfica

1. Geologia

A Barra da Tijuca é um bairro localizado em uma planície costeira, mas

especificamente na Baixada de Jacarepaguá, sendo seus limites, a leste o Maciço da

Tijuca, a oeste o Maciço da Pedra Branca, ao norte o encontro desses dois maciços e

ao sul o Oceano Atlântico (Gomes, 2004 apud Montezuma e Oliveira, 2010).

As zonas costeiras constituem ambientes de transição continente-oceano,

sendo afetadas tanto por processos continentais quanto marinhos e, por isso,

desenvolvem aspectos sedimentares distintos, conforme a predominância de um ou de

outro. Nestas zonas estão caracterizados os ambientes de mais alta energia e de

maiores taxas de sedimentação ou erosão da margem continental (Montezuma e

Oliveira, 2010).

São encontrados granitóides pré a sincolisionais precoces, de idade

neoproterozóica, pertencentes à Unidade Rio Negro, resultantes do episódio orogênico

Brasiliano II. São ortognaisses facoidais de composição TTG, com intercalações locais

de metagabros e anfibolitos e, intrusões regionais de granada leucogranitos tipo-S e

de apófises de granitóides do batólito Serra dos órgãos.

Granitóides pós-tectônicos, de idade cambriana, correspondente a Orogenia

Brasiliana III, também estão presentes. Trata-se de hornblenda-biotita granitóides,

localmente com foliação de fluxo magmático preservado. Ocorrem como corpos

tabulares, diques, stocks e pequenos batólitos cortando as rochas mais antigas.

Também ocorrem como plútons homogêneos, algumas vezes com evidências de

magma mingling e mixing. Fases apléticas tardias são abundantes. Um exemplo

desses granitóides, dentro da região em questão é o Maciço Pedra Branca. Este

maciço é constituído por rochas gnáissicas, predominantemente a leste e nordeste, e

por granitos, nas partes central e sul. Segundo Porto Jr. (1993), essas rochas

possuem composições, idades e estilos estruturais distintos, geradas e/ou

retrabalhadas durante a Orogênese Brasiliana. O maciço se insere geotectonicamente

no Terreno Oriental do segmento central da Faixa Ribeira, correspondendo à parte do

Complexo Costeiro.

O mesozóico é representado por diques de basalto cortando terrenos mais

antigos. Um bom exemplo destes diques é encontrado na ponta do Marisco, no Clube

Costa Brava, na Barra da Tijuca.

7

Registros cenozóicos compreendem depósitos mais recentes, de idade

quaternária, formados de materiais sedimentares continentais e marinhos, como por

exemplo, regolitos, elúvios, colúvios, praias, restingas, cascalheiros, concheiros,

saibro, turfeiras etc. A baixada de Jacarepaguá é constituída essencialmente por dois

tipos de sedimentos: areias marinhas e lagunares associadas às argilas orgânicas

com turfa. Pode-se destacar três tipos de depósitos na área: depósitos colúvio-

aluvionares, depósitos flúvio-marinhos e de restinga.

Os depósitos colúvio-aluvionares consistem em depósitos fluviais e fluvio-

marinhos, de composição areno-síltico-argilosa, com camadas de cascalheiras

associados a depósitos de tálus, sedimentos lacustrinos e de manguezais

retrabalhados.

Os depósitos fluvio-marinhos também são compostos de silte, areia e argila.

São ricos em matéria orgânica e englobam linhas de praia atuais e antigas, além de

manguezais.

Já os depósitos de restinga são compostos de areias quartzosas

desagregadas, homogêneas e sem estrutura, constituindo campos de dunas recentes.

Figura 3: Mapa Geológico da região em que o posto está inserido (Fonte: CPRM, 2001).

8

2. Geomorfologia

A cidade do Rio de Janeiro é formada por dois compartimentos

geomorfológicos bem distintos: os maciços litorâneos e as áreas de baixada, onde

ainda se incluem alguns morros isolados (Fernandes, 2006 apud CPRM, 2001).

Os maciços litorâneos estão englobados na unidade morfoescultural

denominada de Maciços Costeiros e Interiores. Essa unidade compreende um

conjunto de maciços montanhosos, relativamente alinhados sob direção WSW-ENE,

encontrados em meio ao domínio das baixadas e planícies costeiras (CPRM, 2001).

Os maciços costeiros constituem um relevo montanhoso, extremamente

acidentado, com vertentes predominantemente retilíneas a côncavas, escarpadas e

com topos de cristas alinhadas, aguçados ou levemente arredondados. Apresenta

padrão de drenagem variável, com densidade alta. Predominam amplitudes

topográficas superiores a 300 metros e gradientes muito elevados, com ocorrência de

colúvios e depósitos de tálus, solos rasos e afloramentos de rocha (CPRM, 2001).

As áreas de baixadas estão compreendidas na unidade morfoescultural

denominada Unidade Morfoescultural Planícies Flúvio-Marinhas. Consistem em um

conjunto de baixadas aluviais, planícies flúvio-marinhas e flúvio-lagunares, que

preenchem extensas áreas deprimidas localizadas próximo ao litoral. Também

compreendem os baixos cursos dos principais canais que deságuam diretamente no

oceano (CPRM, 2001).

Essas baixadas são caracterizadas por uma sedimentação de interface entre

ambientes continentais e marinhos ou transicionais. As planícies flúvio-marinhas e

flúvio-lagunares foram originadas pelas flutuações do nível relativo do mar desde o

Pleistoceno Superior (CPRM, 2001).

A unidade geomorfológica correspondente a planícies flúvio-marinhas, presente

na área em questão, é a Baixada de Jacarepaguá.

3. Clima

A área de estudo possui um microclima típico de região litorânea tropical,

influenciado por fatores como a latitude, a topografia, a proximidade com o oceano

Atlântico e outros de ordem dinâmica, como penetração de frentes frias, por exemplo

(SONDOTECNICA, 1998 apud Neves Filho, 2009).

9

De acordo com a classificação de Koppen, o clima que a região apresenta é do

tipo Aw, clima tropical com chuvas no verão (SONDOTECNICA, 1998 apud Neves

Filho, 2009).

3.1 Precipitação

A área apresenta uma variação sazonal bem definida para a distribuição

pluviométrica, já que 2/3 das chuvas ocorrem de setembro a março. Os períodos mais

chuvosos acontecem nos meses de verão e os mais secos nos meses de inverno,

caracterizando um comportamento típico de regimes tropicais (SONDOTECNICA,

1998 apud Neves Filho, 2009).

A pluviosidade média anual é de aproximadamente 1.250 mm, sendo o mês de

julho o mais seco, com precipitação média mensal de 50 mm. O mês mais chuvoso

corresponde a janeiro, com média de 300 mm (SONDOTECNICA, 1998 apud Neves

Filho, 2009).

3.2 Temperatura

A temperatura média anual é de 23,5°C, sendo a média das mínimas é de

19°C, e a média das máximas é 29°C (SONDOTECNICA, 1998 apud Neves Filho,

2009).

4. Hidrografia

A Barra da tijuca é cortada por lagoas, rios e canais. Seu sistema hídrico é

composto principalmente por um conjunto de lagoas: Lagoa de Marapendi, Lagoa de

Jacarepaguá e Lagoa da Tijuca. A maioria delas era antigas baías que foram fechadas

por cordões de areia (Neves Filho, 2009).

A Baixada de Jacarepaguá possui uma Bacia Hidrográfica constituída pelos

rios nascentes nas vertentes dos Maciços da Tijuca e da Pedra Branca e no escudo

rochoso situado ao norte da baixada, e pelas lagoas da Tijuca, Camorim (ligação entre

a Lagoa de Jacarepaguá e da Tijuca), Jacarepaguá, Marapendi e Lagoinha, estas

últimas se ligam ao mar por meio do Canal da Barra da Tijuca ou Joatinga, localizado

no extremo leste da planície (ZEE et al.,1992 apud Neves Filho, 2009). Ao sul, é

limitada pelo Oceano Atlântico, pelas praias da Barra da Tijuca, Recreio dos

10

Bandeirantes, Sernambetiba, Prainha e Grumari (CONSAG, 1995 apud Neves Filho,

2009; Montezuma e Oliveira, 2010).

As águas da bacia drenante da região tem como destino, primeiramente, o

Complexo Lagunar, e em seguida o mar. A área total de drenagem da Bacia

Hidrográfica é de aproximadamente 300 km², sendo que 176 km² referem-se aos rios

(CONSAG, 1995 apud Neves Filho, 2009).

As lagoas apresentam densidades de drenagem altas a muito altas. O padrão

de drenagem é, geralmente, dendrítico e centrífugo, podendo ser treliça.

Essas lagoas possuem um problema de insuficiência na renovação de suas

águas, devido principalmente, às suas características de formação, e por sofrerem

com o deságue de rios poluídos e galerias de águas pluviais com ligações

clandestinas de esgoto (SMAC, 1998 apud Neves Filho, 2009).

5. Solos

Na baixada de Jacarepaguá, especialmente nas zonas de relevo mais

rebaixado que ocorre entre os dois maciços, existem associações de solos do tipo

latossolo vermelho-amarelo com o podzólico vermelho. Estes são muito profundos e

intemperizados, não apresentando muitos vestígios de minerais primários. Mais

próximo da linha de costa, ocorrem os solos podzólico e os areno-quartzosos, que são

profundos e aparecem nos cordões litorâneos, sendo muito porosos e extremamente

permeáveis (SONDOTÉCNICA, 1998 apud Neves Filho, 2009).

Nas margens das lagoas de Jacarepaguá, Camorim e Tijuca ocorrem solos de

mangue e salinos tiomórficos. Mais em direção aos maciços e relacionados aos baixos

cursos fluviais, aparecem os solos gley distróficos e aluviais eutróficos e distróficos

(SONDOTÉCNICA, 1998 apud Neves Filho, 2009).

6. Vegetação

A vegetação das planícies costeiras brasileiras é bastante heterogênea tanto

em termos estruturais quanto em relação à diversidade florística, o que resulta numa

paisagem em mosaico (Montezuma e Oliveira, 2010).

São alguns representantes dos ecossistemas próprios dessas áreas: floresta

ombrófila densa submontana (Mata Atlântica) nas vertentes das serras, nos morrotes e

planos bem drenados; floresta ombrófila densa de terras baixas; floresta de restinga e

mangue, exclusivo dos solos litorâneos pantanosos, sujeitos à influência das marés. A

11

vegetação de mangue ocorre em trechos ao longo das lagoas e é composta

principalmente pelo mangue vermelho que é predominante, o mangue branco e o

mangue siriúba, em áreas de menor salinidade. Nas áreas de baixa salinidade são

encontrados também o algodoeiro da praia (Correa, 1936 apud Neves Filho, 2009;

Montezuma e Oliveira, 2010).

Na parte sul da planície, entre a Avenida das Américas e o oceano Atlântico,

ocorre um mosaico vegetacional com diversas tipologias de restinga. De um modo

geral, estas restingas são duplas, compostas por dois corpos arenosos paralelos,

caracterizando pelo menos dois eventos transgressivos (Montezuma e Oliveira, 2010).

Ainda que raramente, é possível encontrar, tanto nessas depressões como nas

margens das lagoas, florestas bem desenvolvidas que ainda resistem à devastação

humana (Montezuma e Oliveira, 2010). .

12

CAPÍTULO 3- Revisão Bibliográfica

1. Postos revendedores de combustível

As atividades prestadas em postos de combustíveis são diversas, englobando

troca de óleo, abastecimento, lavagem de carro, loja de conveniência entre outras. Por

isso pode-se denominar este empreendimento como um posto revendedor de

combustíveis derivados do petróleo, álcool e prestação de serviço (CONAMA, 2000

apud Souza, 2009).

De acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente- CONAMA, em sua

resolução nº 273/2000, os postos revendedores de combustível são definidos desta

forma (Souza, 2009): “Posto revendedor é uma instalação onde se exerça a atividade

de revenda varejista de combustíveis líquidos derivados do petróleo, álcool

combustível e outros combustíveis automotivos, dispondo de equipamentos e sistemas

para armazenamento de combustíveis automotivos e equipamentos medidores”.

Como já mencionado, existem cerca de 35.000 postos de combustível no

Brasil. Dessa totalidade, 20% a 30% apresentam problemas, sendo que a maioria só

percebe os vazamentos depois da descoberta de seus efeitos (Brito, et al., 2005).

Segundo Mindrisz (2006), os vazamentos de combustíveis podem ocorrer das

seguintes formas:

Derramamentos superficiais constantes e sucessivos junto às bombas e bocais

durante a operação de transferência de produto para o tanque de abastecimento

devido à infiltração nas rachaduras do piso do posto;

Vazamentos na própria bomba de abastecimento, no sistema ou no tanque,

devido à corrosão;

Falhas estruturais ou das tubulações subterrâneas conectadas ao tanque;

Instalação inadequada.

Pearson e Oudijk (1993) apud Nunes (2008) citam os principais problemas

relacionados ao sistema de armazenamento subterrâneo, quanto a sua construção,

instalação e manutenção, que podem facilitar a ocorrência de vazamentos. São eles:

Instalações frequentes de tanques sem nenhum cuidado, que podem provocar

algum tipo de dano nas paredes;

Falta de manutenção nos tanques, o que permite que a corrosão se instale e

comprometa a integridade do material. Tanques que ficam em contato direto com o

solo também irão corroer mais rapidamente por causa da umidade e precipitação;

13

Tanques vazios ou parcialmente vazios podem ter seu lado de dentro

rapidamente corroído

Instalação frequente dos SASC sem a proteção catódica e detectores de

vazamentos;

Construção dos tanques normalmente de parede simples, sem revestimento de

material anti-corrosivo;

Instalação dos tanques em solos pedregosos e cobertura com enchimentos

reiterados ou com entulhos de construção, permitindo rachaduras por pedras, que se

expandem dentro de poucos anos;

Oscilações do nível freático que provocam condições mais favoráveis para a

corrosão dos tanques e de suas conexões quando são instalados na altura ou abaixo

do nível freático. Água subterrânea com pH ácido também pode acelerar a corrosão do

tanque.

A contaminação muitas vezes é somente percebida, após o produto aflorar em

locais como galerias de esgoto, redes de drenagem de águas pluviais, poços de

abastecimento de água entre outros. Ou seja, a ocorrência de vazamentos, na maioria

dos casos, só é identificada quando uma fonte de captação de água é contaminada

(Mindrisz, 2006).

Devido ao grande potencial poluidor dos derivados do petróleo e da frequência

de vazamentos e derrames nos postos, causando graves problemas ambientais,

criaram-se leis, decretos, resoluções e normas, com fiscalização a nível federal,

estadual e municipal, para a proteção e monitoramento da qualidade do solo e da

água subterrânea nas áreas de influência dos postos revendedores de combustível

(Souza, 2009).

O licenciamento ambiental constitui-se num instrumento legal essencial para a

administração eficaz dos acidentes ambientais gerados por vazamentos ou derrames

de derivados do petróleo.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) estabeleceu a Resolução

nº 273 de 29 de novembro de 2000, na qual se determina uma série de requisitos que

devem ser atendido pelas empresas que integram o setor de combustível no Brasil.

Essa resolução foi alterada posteriormente pela resolução CONOMA nº 319 de 4 de

dezembro de 2002, onde os postos de combustíveis passaram a ser considerados

empreendimentos potencialmente poluidores, estando submetidos a licenciamento

prévio de suas instalações (licenciamento ambiental e a certificação dos equipamentos

de acordo com as normas da ABNT e do INMETRO) e plano de encerramento de suas

atividades, no caso de desativação, a serem aprovados por órgão ambiental

14

competente. Também requer para os postos com 25 anos ou mais de funcionamento,

a reforma total de seus equipamentos. Na fase do licenciamento, os equipamentos e

os sistemas de armazenamento e abastecimento são testados e ensaiados para a

comprovação da inexistência de vazamentos (CONAMA, 2007 apud Nunes, 2008).

Deve-se destacar a importância da conscientização dos responsáveis pelos

postos quanto ao respeito e seguimento das leis, adequando toda a atividade de

revenda de combustíveis ao licenciamento ambiental. Isso dificultaria a ocorrência de

acidentes relacionados a vazamentos, sendo mais viável e econômico do que o

tratamento e remediação do local após a contaminação. Há a necessidade da

participação voluntária da sociedade na implantação de normas e programas de

adequação ambiental.

2. Pluma de contaminação

Pluma de contaminação ou pluma de poluição, segundo o Dicionário Livre de

Geociências é a emissão contínua de poluentes no subsolo a partir de uma fonte

pontual e que tem uma expansão previsível, pois sua expansão é influenciada pelo

fluxo da água subterrânea (gradiente hidráulico, velocidade, tipo de recarga), pela

permeabilidade do solo e pelos contaminantes que estão sendo despejados.

3. Características da gasolina e óleo diesel

3.1 Gasolina

Segundo dados divulgados pelo Ministério de Minas e Energia em 1996, cerca

de 20% do petróleo processado no Brasil são convertidos em gasolina e 36% em óleo

diesel (Mancini, 2002).

A gasolina é um combustível de densidade 0,7221, composta na sua maioria

por hidrocarbonetos com numerosos constituintes, sendo a maior parte destes

classificada como alifáticos e aromáticos. Os componentes alifáticos incluem

constituintes como o butano (C4), o penteno (C5) e o octano (C8). Já os compostos

aromáticos incluem o benzeno, o tolueno, o etilbenzeno e os xilenos, denominados de

BTEXs. Estes são os compostos mais voláteis da gasolina, e correspondem a cerca

de 10% a 40% deste produto (Trovão, 2006; Nunes, 2008).

Os hidrocarbonetos aromáticos são geralmente mais tóxicos que os compostos

alifáticos com o mesmo número de carbono, e possui maior mobilidade em água,

15

característica que pode ser representada pelo menor coeficiente de partição octanol-

água. Um maior coeficiente de partição implica em uma lenta absorção no solo e um

transporte preferencial via água. Esses hidrocarbonetos aromáticos são, em geral,

mais "leves" do que aqueles que compõem o óleo diesel, pois são formados por

moléculas de menor cadeia carbônica (normalmente de 5 a 12 átomos de carbono)

(Tiburtius et al., 2004).

Em menor quantidade, estão presentes os produtos oxigenados. Além dos

hidrocarbonetos e dos oxigenados, a gasolina também pode conter compostos de

enxofre e compostos de nitrogênio. A faixa de destilação da gasolina automotiva varia

de 30°C a 225°C (Silva, 2002; Trovão, 2006; Nunes, 2008).

Tabela 1: Composição da gasolina (Fonte: Petrobrás, 2002 apud Favera, 2008).

COMPOSTO CONCENTRAÇÃO n-parafinas 15%

Iso-parafinas 30%

Cicloparafinas 12%

Aromáticos, dos quais: 35%

Tolueno 8,3 a 16,8% (em massa)

Benzeno 1,1% (em volume)

Xilenos 10,3 a 20,8% (em massa)

Oleofinas 8%

A gasolina possui como principal característica o poder antidetonante ou

octanagem, que é a resistência à combustão espontânea, avaliada em relação à

temperatura e a pressão.

Não existe uma fórmula específica que defina este combustível, já que este

pode ter uma composição extremamente variável. Sua composição irá depender da

origem e do tipo de petróleo que a gerou, dos processos utilizados no refino e da

existência ou não de aditivos que são associados para melhorar a octanagem da

mistura como alcoóis e éteres (Silva, 2002; Nunes, 2008).

3.2 Óleo diesel

O óleo diesel é um derivado da destilação do petróleo bruto, usado como

combustível nos motores Diesel. É constituído basicamente por hidrocarbonetos de

cadeias simples e não ramificadas, sendo um produto formado principalmente por

átomos de carbono (de 10 a 12 átomos), hidrogênio e em baixas concentrações por

enxofre, nitrogênio e oxigênio.

16

É pouco inflamável, medianamente tóxico, pouco volátil, límpido, isento de

material em suspensão e com odor forte e característico.

Recebeu este nome em homenagem ao engenheiro alemão Rudolf Diesel que

inventou um meio mecânico para explorar a reação química originada na mistura de

óleo e do oxigênio presente no ar.

Possui como característica principal o número de cetano. Quanto maior o

número de cetano, menor será o retardo de ignição e, consequentemente, melhor será

sua capacidade de incendiar-se.

Como já dito anteriormente, o óleo diesel possui uma diferença em relação à

gasolina, no tamanho das cadeias que o constitui, ou seja, no número de átomos de

carbono em suas estruturas, o que consequentemente os diferencia em seus pesos

moleculares e suas pressões de vapor. Devido ao seu maior peso molecular, os

componentes do óleo diesel são menos voláteis, menos solúveis em água e

apresentam menor mobilidade que os componentes da gasolina (Ferreira e Zuquete,

1998).

Outra diferença entre esses derivados do petróleo está na quantidade de

hidrocarbonetos aromáticos. Na gasolina estão presentes os hidrocarbonetos

aromáticos mais leves, os BTEXs, enquanto que no diesel, além destes em menores

proporções, estão presentes os hidrocarbonetos poli-aromáticos (HPA ou PAH), como

por exemplo, o naftaleno e o benzopireno (Ferreira e Zuquete, 1998).

Embora o volume de óleo diesel consumido no Brasil seja quase o dobro do

volume consumido de gasolina, este é considerado um combustível menos

preocupante, em termos ambientais, devido a sua menor mobilidade no meio poroso e

por possuir os hidrocarbonetos aromáticos em menor quantidade, se comparada com

as quantidades encontradas na gasolina (Ferreira e Zuquete, 1998).

4. A Gasolina Brasileira

Devido à escassez e o alto custo do petróleo nas últimas décadas, alguns

países do mundo, inclusive o Brasil, começaram a usar como fonte alternativa, uma

gasolina misturada com compostos oxigenados, tais como alcoóis e éteres.

Atualmente, é utilizado no país um combustível único no mundo, uma mistura de 76%

de gasolina e 24% de etanol (Decreto nº 2607) (Grosjean et al., 1998 apud Corseuil e

Fernandes, 1996).

A interação do álcool com os compostos BTEXs presentes na gasolina pode

causar um comportamento completamente diferente no deslocamento da pluma de

17

contaminação, do que aquele observado quando não há a presença do etanol

(Corseuil e Marins, 1997).

A presença do etanol facilita, por efeito co-solvente, a mobilização dos

hidrocarbonetos no solo onde ocorreu o vazamento, aumentando ainda mais o

potencial poluidor deste combustível (Tiburtius et al., 2009).

Destacam-se três aspectos principais que podem afetar o comportamento dos

hidrocarbonetos aromáticos em função da presença do etanol (Corseuil e Marins,

1997):

A possibilidade do aumento da solubilidade dos compostos aromáticos em

água.

Ao entrar em contato com a água, o etanol passa para a fase aquosa,

aumentando a solubilidade dos BTEXs;

A possibilidade do aumento da mobilidade dos BTEXs dissolvidos na água

subterrânea.

O etanol presente em altas concentrações pode diminuir o retardo no

deslocamento dos BTEXs na água subterrânea causado pela sorção no solo. O

alcance da pluma de contaminação em fase dissolvida pode chegar a distâncias

consideráveis. A mistura do álcool com a gasolina irá contaminar áreas bem maiores

do que aquelas atingidas pela gasolina pura.

A possibilidade de que a presença do álcool possa dificultar a biodegradação

natural dos BTEXs, aumentando a persistência destes compostos na água subterrânea.

O etanol pode ser biodegradado em preferência aos BTEXs, consumindo todo

o oxigênio necessário para a degradação dos hidrocarbonetos aromáticos. Além disso,

ele pode ser tóxico ou inibitório para os microorganismos degradadores dos BTEXs.

Pode-se concluir então, que a contaminação por mistura de gasolina com

álcool é bem mais complexa que a produzida somente pela gasolina pura.

5. Classificação dos hidrocarbonetos

Os hidrocarbonetos, compostos orgânicos formados por moléculas de carbono

e hidrogênio, dispostos sob diferentes arranjos estruturais, são os principais

componentes do petróleo.

Por se tratarem dos compostos de maior quantidade no petróleo, são utilizados

como indicadores de poluição e podem ser agrupados nas seguintes classes (Silva,

2005; Nunes, 2008, Favera, 2008):

18

1) Aromáticos

Presentes em praticamente todos os tipos de petróleo, porém, na sua maioria,

em pequenas quantidades. São os que apresentam maior toxicidade e maior

solubilidade em água, sendo os primeiros a poluírem o lençol freático. Além disso,

esses compostos possuem uma biodegradação lenta. Essas características os

colocam como os hidrocarbonetos de maior capacidade poluidora.

Os hidrocarbonetos aromáticos são altamente nocivos à saúde, atuando como

depressores do sistema nervoso central, estando associados a efeitos crônicos e

carcinogênicos.

Quando possuem apenas um anel são denominados de monoaromáticos, já os

que possuem dois ou mais anéis são conhecidos como poliaromáticos (HPA).

Os HPA também são considerados poluentes, sendo perigosos e amplamente

distribuídos pelo meio ambiente na forma de misturas complexas.

2) Alcanos (parafinas ou alifáticos saturados)

Compreendem a maior fração da maioria dos petróleos, sendo pouco reativos,

facilmente biodegradados e possuindo uma toxicidade geralmente baixa.

3) Alcenos

São similares aos alcanos, diferindo apenas pela presença de ligação dupla

entre os átomos de carbono. Estão geralmente ausentes ou presentes em pequenas

quantidades no petróleo, mas são abundantes em produtos de refino, como por

exemplo, na gasolina.

4) Cicloalcanos

Possuem toxicidade variável de acordo com a estrutura molecular e são

resistentes à biodegradação.

5.1 Classificação dos hidrocarbonetos baseada na densidade

Por serem compostos orgânicos que apresentam baixa miscibilidade em água,

o escoamento dos hidrocarbonetos é sempre bifásico. A fase composta por

hidrocarbonetos que não se diluem em água recebe a denominação de NAPL (non-

aqueous phase liquid) ou fase líquida não aquosa (Guiguer, 2000 apud Nunes, 2008).

19

O NAPL comporta-se de duas maneiras diferentes na zona saturada e na zona

não saturada. Na zona saturada da maioria dos solos, o NAPL comporta-se como um

fluido não molhante, sendo armazenado no centro dos poros numa situação de

saturação insular. Já na zona insaturada, o comportamento da fase líquida não aquosa

é de um fluido molhante, espalhando-se para os poros adjacentes. Isso resulta em

uma redução ao nível de concentração residual à sua situação anterior, o que significa

que na zona não saturada há uma adsorção maior de NAPL do que na zona saturada

(Marques, 2007 apud Nunes, 2008).

De acordo com a densidade do hidrocarboneto, existem dois tipos de fases

NAPL (non- aqueous phase liquid) (Guiguer, 2000 apud Nunes, 2008):

LNAPL (light non - aqueous phase liquid ou fase líquida não aquosa leve):

Possuem menor densidade que a água. Os hidrocarbonetos com essa

característica estão associados com a produção, refino e distribuição de produtos do

petróleo, por exemplo, a gasolina, o óleo diesel e o querosene.

O American Petroleum Institute - API (2004) apud Nunes (2008) classifica

como principais tipos de LNAPL, os seguintes combustíveis: gasolina, destilados

médios (diesel e querosene) e, combustíveis pesados e óleos lubrificantes. No Brasil

também é utilizado o etanol como combustível, aparecendo na forma hidratada (álcool

da bomba de combustível) e como mistura para gasolina (álcool anidro).

DNAPL (dense non - aqueous phase liquid ou fase líquida não aquosa

densa):

São hidrocarbonetos que possuem densidade maior que a da água. Estes

estão associados principalmente às atividades industriais (Guiguer, 2000).

Figura 4: Esquema representando a contaminação do subsolo e de aquíferos causada por vazamentos de LNAPLs e DNAPLs (Fonte: Google imagens).

20

6. BTEXs

Dentre os principais contaminantes dos solos e das águas subterrâneas estão

os hidrocarbonetos monoaromáticos, os BTEXs (benzeno, tolueno, etilbenzeno e

xileno).

São produzidos durante o processo de destilação e são associados aos

produtos de petróleo refinados, como a gasolina, o querosene e o óleo diesel, não

formando concentrações abundantes na maioria desses óleos brutos (Penner, 2000).

Possuem alta toxicidade e representam os constituintes mais solúveis em água

e os mais móveis da fração dos combustíveis, sendo os primeiros a atingirem o nível

freático, causando graves problemas de contaminação (Tiburtius, 2009; Penner, 2000

apud Nunes, 2008).

Tabela 2: Solubilidade para benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos. (Fonte: adaptado de Oliveira, 1997 apud Nunes, 2008).

A extrema solubilidade dos BTEXs em água determina uma disponibilidade

maior e imediata para os seres vivos, além de dificultar alguns processos de remoção

(Azevedo, 1997 apud Nunes, 2008).

Na maioria dos casos de vazamento em tanques subterrâneos, devido à

dificuldade em se caracterizar o contaminante, uma vez que não é possível um teste

individual para cada um dos componentes, os BTEXs são utilizados como parâmetros

para quantificar e qualificar uma contaminação (Oliveira, 1992).

A partir do momento que os BTEXs se infiltram no meio, eles podem atingir o

lençol freático, se dissolvendo na água subterrânea, se volatilizarem ou serem

adsorvidos às partículas do solo. Uma vez que os BTEXs se aderem ao solo, sua

movimentação até o lençol freático é relativamente lenta e se houver oxigênio em

grande quantidade, eles podem ser biologicamente degradados (Silva, 2002).

21

São altamente nocivos à saúde, sendo depressores do sistema nervoso

central. A exposição contínua desses compostos pode causar câncer, vertigens,

tremores entre outros problemas. Dentre esses compostos, o benzeno é reconhecido

como o mais tóxico (Silva, 2002).

Os valores máximos permitidos para os diferentes hidrocarbonetos aromáticos

em água para o consumo humano, de acordo com o estabelecido pela portaria Nº 518

de 25 de março de 2004, são apresentados na tabela a seguir:

Tabela 3: Limites de potabilidades dos compostos BTEX segundo o Ministério da Saúde (Fonte: Nunes, 2008).

Composto Limite de Potabilidade ( μg/L)

Benzeno 5

Tolueno 170

Etilbenzeno 200

Xilenos 300

Na tabela abaixo podemos ver a porcentagem dos BTEXs nas fases de

contaminação.

Tabela 4: Distribuição em porcentagens das fases dos BTEX.

(Fonte: TECNOHIDRO, 2001 apud Nunes, 2008).

22

Figura 5: Extensão das plumas de BTEX depois de decorrido mil dias do vazamento.

(Fonte: CENPES/UFSC, 2004 apud ABDANUR, 2005)

7. HPAs

Os Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (HAPs) constituem uma família de

compostos caracterizada por possuírem 2 ou mais anéis aromáticos condensados.

Estas substâncias, também são classificadas como poluentes orgânicos persistentes

(Favera, 2008).

Formados pela combustão incompleta da matéria orgânica, são altamente

perigosos e amplamente distribuídos em proporções que dependem de suas

propriedades físico-químicas e das características de cada compartimento ambiental,

sendo encontrados como constituintes de misturas complexas no meio ambiente

(SILVA, 2005).

A complexidade e composição de misturas de HAPs depende das suas fontes

emissoras. Em geral essas misturas são muito complexas, contendo uma grande

variedade de HAPs em diferentes níveis de concentração. Os HAPs são emitidos por

fontes naturais e antropológicas. A contribuição da primeira é muito limitada,

restringindo se praticamente, à queima espontânea de florestas e erupções

vulcânicas. Já as fontes antropológicas representam o principal processo de produção

de HAPs.

Dentre as atividades antropológicas que podem emitir os HPAs, destacam-se:

• Pirólise de madeira para produção de carvão;

• Operações de transporte e refinação do petróleo;

• Derramamento de petróleo

• Incineração de resíduos domésticos e industriais;

• Queimas de matéria orgânica de campos e florestas;

• Geração de energia via queima de combustíveis fósseis;

23

• Pirólise de querosene para a formação de benzeno, tolueno e outros solventes

orgânicos;

• Emissão de motores de veículos (particularmente a diesel);

• Fumo do tabaco;

• Incêndios.

Os HPAs são poluentes orgânicos de grande persistência ambiental, e muitos

deles são capazes de reagir, após transformações metabólicas, tornando-se

carcinogénicos e potenciais mutagénicos, constituindo uma ameaça potencialmente

fatal para a saúde de toda a população. A ingestão de HPAs pode ocorrer por diversas

vias em seres humanos, como a inalação de ar, a ingestão de águas, poeiras e

alimentos, contato através da pele e etc.

A contaminação pode ser indireta, causada pelo destino final inadequado dos

resíduos e consequente contaminação ambiental do solo, dos lençóis freáticos, dos

corpos d'água superficiais e do ar.

8. Fases dos hidrocarbonetos

Logo após o vazamento de derivados do petróleo, os hidrocarbonetos

penetram no solo e tendem a migrar descendentemente, sob influência de forças

gravitacionais e capilares. Os contaminantes interagem com o meio, manifestando-se

de diversas formas. A fase em que esses constituintes se encontram no solo influência

o processo de migração dos mesmos (Nunes, 2008).

A quantidade de produto que irá atingir o lençol freático dependerá da sua

quantidade inicial, da distância vertical que separa o ponto de vazamento do lençol

freático e da quantidade residual de produto retida no solo (Oliveira, 1992).

Segundo Azambuja et al. (2000), são cinco as fases dos hidrocarbonetos: fase

adsorvida, fase livre, fase dissolvida, fase vaporizada e fase condensada.

8.1 Fase adsorvida

Constitui-se no halo de dispersão entre a fonte de contaminação e o nível

freático, localizando-se acima da fase livre. É caracterizada por uma fina película de

hidrocarbonetos adsorvidos aos colóides orgânicos e minerais do solo e/ou retidos por

forças de capilaridade nos poros do mesmo, sendo mais importante para os produtos

mais viscosos como o diesel (Azambuja et al., 2000).

24

Segundo Penner (2000), essa fase representa a parte do contaminante que se

adere à matéria orgânica presente no solo.

Fatores como viscosidade do contaminante, porosidade do solo e oscilação do

nível freático estão diretamente relacionados com as dimensões desta fase (Azambuja

et al., 2000).

O produto retido na fase adsorvida, embora possua muito pouca mobilidade,

comporta-se como uma fonte contínua de contaminação para as águas subterrâneas,

já que libera, paulatinamente, pequenos volumes de contaminante para a zona

saturada do aquífero, mas em quantidades suficientes para elevar a sua concentração

acima dos limites permissíveis para potabilidade. Esse processo, quando ocorre

naturalmente, estende-se por vários anos (Oliveira, 1992).

A fase adsorvida tende a aumentar a resistividade elétrica dos solos naturais,

sendo mais clara em solos argilosos e para contaminações recentes, já em solos

naturalmente resistivos, como areia pura, pode resultar em um aumento na

condutividade (Souza, 2009).

8.2 Fase livre

Após o vazamento ou derramamento de combustíveis, o contaminante migra

verticalmente no solo, em direção ao aquífero, alojando-se sobre a franja capilar,

formando um véu de hidrocarbonetos líquidos não miscíveis em água (os LNAPL)

sobre o topo do nível freático livre (Azambuja et al., 2000).

Oliveira (1992) descreve a fase livre como sendo uma camada flutuante sobre

o lençol freático, originada no derramamento ou vazamento de derivados do petróleo.

Por ser imiscível e apresentar densidade menor que a da água subterrânea, o produto

se acomoda acima do topo do nível freático, caracterizando uma faixa de

hidrocarbonetos líquidos livres e móveis.

A fase livre não é formada exclusivamente por hidrocarbonetos. Sua

composição é descrita por 50% dos poros preenchidos por hidrocarbonetos e 50%

preenchidos por água e ar, sendo que esse percentual de hidrocarbonetos não é

constante, podendo admitir que seja menor nas bordas superior e inferior dessa

camada (Sauck, 2000). Desta forma, não existe um limite exato entre a fase livre e as

demais fases, podendo considerar que esta é uma banda de transição entre a zona

não saturada e a zona saturada.

A espessura da fase livre é condicionada por fatores como a viscosidade do

hidrocarboneto, magnitude e frequência das oscilações freáticas, quantidade de

25

oxigênio disponível, porosidade do solo, tempo transcorrido desde o vazamento,

volume de produto derramado, entre outros fatores intervenientes (Souza, 2009).

Se o volume de hidrocarbonetos oriundos de um vazamento ou derramamento

é pequeno em relação à capacidade de retenção do solo, os componentes tenderão a

ficar retidos por capilaridade no mesmo e a massa total de contaminante ficará

imobilizada. Sendo assim, para haver acúmulo de fase livre sobre o nível d'água, o

volume que vazou deve ser suficiente para exceder a capacidade de retenção do solo

entre o ponto de vazamento e o nível d'água (EPA, 1996 apud Mindrisz, 2006).

8.3 Fase dissolvida

É constituída de contaminações por dissolução de aditivos polares e por uma

fração emulsionada de hidrocarbonetos que possui maior mobilidade e dissipa-se

abaixo do nível da água subterrânea, sendo importante para fluídos menos viscosos

como a gasolina. Contudo, o produto dissolvido também pode estar presente na

umidade do solo na zona insaturada.

A quantidade de produto que se dissolve depende essencialmente da

solubilidade dos constituintes dos hidrocarbonetos e do grau de mistura entre a fase

livre e a água subterrânea. As solubilidades dos hidrocarbonetos em misturas são

drasticamente menores do que as solubilidades dos mesmos produtos isoladamente

na água, esse fenômeno é conhecido como co-solubilidade. Por outro lado, a mistura

de solventes hidrofílicos, como acontece com a adição de etanol à gasolina brasileira,

pode ser responsável por outro fenômeno chamado de co-solvência, que diz respeito à

mistura de solventes e alteram os coeficientes de partição dos hidrocarbonetos

individuais presentes no contaminante. Devido a este fenômeno, a solubilidade dos

hidrocarbonetos em água, embora mínima, é consideravelmente aumentada. (Oliveira,

1992).

A fase dissolvida é considerada a mais preocupante das fases, pois é a fonte

mais volumosa de uma contaminação, o que consequentemente resulta num grande

impacto ambiental (Marques, 2007)

Esta fase não altera significativamente a resistividade do solo, entretanto o

mesmo ambiente que favorece a dissolução dos hidrocarbonetos favorece também a

lixívia de sais sendo responsável por uma maior condutividade elétrica na área de

maior incidência da pluma de contaminação. Este fenômeno ocorre apenas na parte

superior do aquífero, onde raramente pode ultrapassar os cinco metros de espessura

abaixo do nível freático (Souza, 2009).

26

8.4 Fase vaporizada

Constitui-se de uma fase gasosa dos componentes voláteis dos combustíveis,

ocupando vazios do solo ou rocha. Esta fase é mais importante para os

hidrocarbonetos de menor ponto de vaporização, como aqueles que compõem a

gasolina. A fase vaporizada encontra-se presente nas demais, o que dificulta sua

identificação. Entretanto, sua presença é mais importante na zona vadosa do subsolo

(Azambuja et al., 2000; Souza, 2009)

Segundo Marques (2007), os hidrocarbonetos da fase de vapor resultam da

volatilização dos compostos da fase líquida presentes na zona não saturada, da

volatilização das fases residuais, e em menor escala, a partir dos hidrocarbonetos da

fase dissolvida.

Os hidrocarbonetos desta fase são mais móveis e podem migrar a distâncias

relativamente longas, segundo um caminho de fluxos preferenciais como fraturas,

juntas, camadas de areia e linhas de utilidades subterrâneas. Esta via de transporte

pode espalhar os contaminantes numa área maior do aquífero, numa velocidade até

10.000 vezes mais rápida do que através do movimento da água subterrânea (EPA,

1996 apud Mindrisz, 2006).

A mobilidade desta fase de vapor no solo é função de uma série de fatores,

como: porosidade, densidade, conteúdo de água e de ar, espessura da zona vadosa,

fração de carbono orgânico, coeficientes de difusão em fase líquida e gasosa e

flutuações do lençol freático (Mindrisz, 2006).

8.5 Fase condensada

Aparece mais tipicamente em áreas urbanas onde a pavimentação do solo é

intensa e pouco permeável, caracterizando-se pela acumulação de produtos

condensados sob os pavimentos. Trata-se de uma fase com intensa bioconversão

(Azambuja et al., 2000).

27

Figura 6: Contaminação de solo e de água subterrânea. (Fonte: Forte et al., 2007)

Figura 4: Diferentes fases presentes nas zonas insaturada e saturada (fonte: modificado de GUIGUER, 2000 apud Nunes, 2008).

Figura 7: Diferentes fases presentes nas zonas insaturada e saturada (Fonte: modificado de GUIGUER, 2000 apud Nunes, 2008).

28

8.6 Interação entre as fases

Após um derramamento ou um vazamento de derivados do petróleo, os

produtos percolam verticalmente sob a influência das forças gravitacionais e capilares,

infiltrando-se na zona vadosa (Fetter, 1999 apud Favera, 2008).

Enquanto a fonte de contaminação não cessa, o solo vai se tornando cada vez

mais saturado em hidrocarbonetos e o centro de massa da pluma vai migrando

descendentemente (Mindrisz, 2006).

À medida que o contaminante vai se aprofundando no meio, uma parte de seu

volume é adsorvida às partículas do solo ou retida por forças de capilaridade em seus

poros, formando acumulações globulares de LNAPL.

Se o volume vazado ou derramado for pequeno em relação à capacidade de

retenção do meio, esta acumulação aderida aos grãos do solo ou retida em seus poros

pode diminuir a quantidade de hidrocarbonetos em circulação, e até impedir a

continuação de seu avanço, resultando numa massa difusa adsorvida às partículas do

solo, sob a forma de uma saturação em LNAPL. Este fator distingue a pluma de

LNAPL de uma pluma dissolvida ou vaporizada, já que estas conseguem migrar para

grandes distâncias (Mindrisz, 2006).

Porém, como ocorre muitas vezes, o volume de contaminante pode ser

potencialmente grande ou ter uma fonte contínua, excedendo a capacidade de

retenção do solo, o que causa a continuação do movimento descendente de

hidrocarbonetos, atingindo o topo da franja capilar. Neste ponto eles se acumulam, e

com comportamento imiscível em água, não penetram na zona saturada, formando

uma faixa flutuante sobre o nível freático, constituindo a fase livre (Mindrisz, 2006).

Pode haver trocas entre as fases de contaminação. A transição do

contaminante de uma fase para outra ou sua permanência em cada uma delas é

controlada por propriedades físico-químicas (Penner, 2000 apud Nunes, 2008).

O volume da fase livre não é estático, pois ocorre a transferência de compostos

desta fase para a zona saturada. Alguns componentes mais solúveis conseguem se

dissolver na água subterrânea, movendo-se com ela, atingindo grandes distâncias e

criando uma área impactada bem maior que a original (Tiburtius et al., 2004 apud

Nunes, 2008).

Os hidrocarbonetos que se encontram em fase vaporizada podem ascender em

direção a superfície, se condensarem e serem adsorvidos aos grãos do solo. Também

podem ser dissolvidos na água subterrânea (Mindrisz, 2006).

29

O contaminante pode deixar a fase sólida do solo e passar a ser uma fase

móvel (água e ar), podendo ocorrer um transporte vertical através dos poros do solo. A

partição do produto entre as fases líquida e gasosa do solo é determinada pela

pressão de vapor da substância e sua solubilidade em água, sendo os dois fatores

influenciados pela umidade do solo (CESTEB, 2001 apud Nunes, 2008).

Figura 8: Progressão do vazamento de hidrocarbonetos de tanques de abastecimento subterrâneos.

(Fonte: modificado USEPA, 2003b apud Nunes, 2008).

A figura 6(A) mostra o início do vazamento no tanque de abastecimento

subterrâneo, onde se observa a pluma de NAPL na zona não saturada, antes de

atingir a franja capilar. Como já visto anteriormente, um vazamento em pequena

quantidade, pode ser retido pelo meio, através da adsorção do contaminante às

partículas do solo ou aprisionamento em seus poros. Se a fonte de contaminação

cessasse aqui, provavelmente não haveria fase livre.

Na figura 6(B), pode-se observar a continuação do vazamento e o avanço

descendente da pluma, atingindo a franja capilar e acumulando a fase livre, com

alguns dos seus compostos solúveis se dissolvendo na água subterrânea.

30

Já na figura 6(C), após a fonte do vazamento cessar, nota-se a presença dos

hidrocarbonetos em três fases de contaminação: fase adsorvida, onde os resíduos

permaneceram abaixo do tanque, fase livre, que se expandiu lateralmente em

comparação ao estágio (B) e fase dissolvida que está migrando no sentido do fluxo

subterrâneo. Esta última é responsável pela contaminação de uma ampla área, pois

como pode ser observado, atinge longas distâncias.

Na figura 6, em todo o processo de avanço da pluma, observa-se que esta

atinge a zona saturada, se espalhando por uma boa distância, e que a fase dissolvida

é a responsável pelo maior volume contaminado.

A partir do mapeamento da pluma de fase livre e dissolvida, da concentração

do contaminante no solo e no vapor do solo, pode ser estimada a proporção em que a

massa inicial de contaminante se distribui nas diversas fases de contaminação

(Nunes, 2008).

Na tabela abaixo está representada a participação das três fases (livre,

adsorvia e dissolvida) numa contaminação. Estão indicados os valores (em m³)

referentes ao volume de contaminante presente em cada fase e o volume de material

contaminado por elas, considerando um exemplo de derrame de gasolina num

aquífero de areia média, com o lençol freático presente a aproximadamente cinco

metros.

Tabela 5: Distribuição das fases do contaminante (Fonte OLIVEIRA, 1992 apud Nunes, 2008).

Fase

Volume

contaminado

(m³)

% do total

Volume do

contaminante

(m³)

% do total

Livre 7.100 1 18.500 62

Adsorvida 250.000 20 10.000 33

Dissolvida 960.000 79 333 1-5

Percebe-se, através da análise da tabela acima, que o volume de contaminante

dissolvido é bem pequeno, 5% do total derramado, porém é essa fase a responsável

pelo maior volume de material contaminado. Isso ocorre devido a água subterrânea,

pelo seu caráter dinâmico e sua mobilidade, ser o mecanismo com maior capacidade

de espalhar a contaminação.

A fase adsorvida, embora de pouquíssima mobilidade, contém um volume

considerável de contaminante, 33%, o que representa uma fonte permanente de

31

contaminação já que libera, lentamente e de forma contínua, os compostos para as

outras fases.

A fase livre representa 62% do volume total do contaminante, correspondendo

à maior quantidade do produto derramado, porém, em contraste com esse valor está o

de volume de material contaminado, sendo apenas 1%.

9. Mecanismos de transferência de massa

A entrada de contaminantes no solo pode ser dada por fonte pontual ou por

dispersão em superfície, causada por lixiviação de resíduos pela ação das chuvas. Na

maioria dos casos, exceto quando o solo é encharcado ou congelado, a contaminação

ocorre de forma descendente. A migração de hidrocarbonetos tanto no solo quanto na

água subterrânea é controlada por processos que os dispersam ou retardam seu

avanço, influenciando na forma e no tamanho da pluma de contaminação (Mariano,

2006 apud Nunes, 2008).

Vários fatores afetam a movimentação ou transporte do contaminante,

incluindo o volume derramado, as propriedades físico-químicas do contaminante e a

composição e características do solo e do meio (Mariano, 2006 apud Nunes, 2008).

Azambuja et al., 2000 caracteriza três mecanismos de transferência de massa

dos contaminantes no solo, sendo eles: advecção, dispersão e atenuação.

9.1 Advecção

Consiste no mecanismo onde os contaminantes seguem coincidentemente com

os vetores de fluxo e guardam uma relação direta com a velocidade de percolação no

solo. É o mecanismo responsável pela formação e pela mobilização da fase livre de

hidrocarbonetos.

9.2 Dispersão

É responsável pela diminuição da concentração de contaminantes no fluido de

percolação e pode se dar através de dois processos: dispersão hidrodinâmica e

difusão molecular.

Dispersão hidrodinâmica: Acontece pela restrição de fluxo nos poros do solo

que gera redução de velocidade da percolação dos componentes mais viscosos. Este

32

processo está associado à redução da espessura da fase livre e também à produção

de uma fração de emulsões que podem compor a fase dissolvida.

Difusão molecular: É intrinsecamente um fenômeno de diluição de

componentes solúveis e é o principal processo formador da fase dissolvida,

responsável pela maior mobilidade dos contaminantes.

A advecção e a dispersão irão transportar e espalhar, respectivamente, a

pluma no meio poroso.

9.3 Atenuação

É a redução de contaminantes transportados pela advecção ou diluição através

das reações químicas ou físico-químicas entre o solo e os produtos. A atenuação

química é mais intensa em solos com maior capacidade de troca catiônica e atua

reduzindo componentes das fases livres e adsorvida. A atenuação físico-química é a

responsável pela formação da fase adsorvida e consiste no aprisionamento de

contaminantes que se aderem aos grãos do solo, sobretudo aos grumos de argilas

com maior atividade.

10. Principais sistemas de remediação

A remediação, junto com o seu monitoramento, é a última etapa em todo o

processo de gerenciamento de áreas contaminadas. Seus objetivos consistem em:

Remover a fonte de contaminação;

Reduzir a contaminação do solo e da água subterrânea até níveis aceitáveis

ambientalmente;

Reduzir riscos ambientais ou a exposição de trabalhadores e usuários do local

e do recurso

A seleção da tecnologia de remediação adequada para um local é função das

fases predominantes nas quais o contaminante se apresenta e do objetivo do

programa de remediação da área.

Como sabemos, as características do contaminante influenciam na extensão e

direção de migração da pluma, além de sua persistência nela. Com base nisso, a

identificação da área contaminada, bem como o estudo do comportamento da pluma e

da concentração de seus contaminantes através da análise de risco, são ferramentas

fundamentais para que se defina se há necessidade ou não da implantação de um

projeto de remediação no local. Se existe a necessidade, esse estudo determinaria a

33

técnica mais adequada para o problema ambiental ali presente. Caso não seja preciso,

a investigação ambiental indicaria quais condições e restrições necessárias para o uso

adequado do ambiente.

A remediação pode ser feita de duas maneiras, “in situ” e “ex situ”. A primeira,

como o próprio nome já diz, costuma envolver processos realizados no local como a

remoção física ou mais frequentemente, de bioatenuação natural. A segunda maneira

constitui-se da retirada da água ou do solo do local e seu tratamento por diversos

processos envolvendo alternativas físicas baseadas em adsorção, processos

biológicos utilizando-se fungos ou consórcios bacterianos específicos e processos

oxidativos avançados (POAs).

Dentre as várias técnicas de remediação, podemos destacar (Abdanur, 2005;

Machado, 2007; Favera, 2008):

• Bombeamento e Tratamento (pump and treat)

Trata-se do bombeamento de águas contaminadas de aquíferos através de

poços de extração, para tratamento e posterior redisposição de acordo com

procedimentos previamente aprovados pelas agências reguladoras locais e em

conformidade com a legislação vigente. É um dos métodos mais antigos de

remediação, porém continua sendo muito utilizado, combinado com diversas

tecnologias com o objetivo de atingir o nível de descontaminação desejado.

Para um sistema de Bombeamento e Tratamento ser eficiente, a fonte de

contaminação deve ser removida primeiramente, caso contrário, continuará a infiltrar.

Podem ser adicionados nutrientes no efluente já tratado para sua re-injeção no

solo e auxílio nos processos de biodegradação.

• Contenção

Consiste na criação de barreiras que evitem a liberação de poluentes do solo

para outros meios, como o ar e as águas superficiais e subterrâneas.

Estas barreiras podem ser físicas ou hidráulicas. As físicas são, em geral,

constituídas por camadas impermeabilizantes de argila ou outro material, empregadas

nos casos em que não existe a possibilidade de contato entre o solo contaminado e o

aquífero freático.

Uma barreira física possui três finalidades:

34

Proteger da infiltração da água da chuva através de materiais perigosos e o

carregamento do contaminante para a água subterrânea, lagos e rios;

Proteger do vento evitando que o material perigoso mova-se do local;

Evitar o contato das pessoas e dos animais com o material contaminado.

Nos casos em que existe a possibilidade de contato do solo contaminado com

o aquífero freático, são empregadas as barreiras hidráulicas, a partir do rebaixamento

do nível do freático, pelo bombeamento da águas subterrâneas em poços

estrategicamente localizados, ou através de trincheiras drenantes.

• Extração Multifásica- MPE

É um processo de remediação que utiliza além do bombeamento das fases

livre e dissolvida a remoção de contaminantes voláteis adsorvidos no solo, através do

emprego de elevados vácuos (acima de 500 mmHg).

O processo de extração multifásica pode ser aplicado em diversas situações,

porém, seu emprego de maior relevância e eficiência esta associado à remediaçao de

áreas afetadas por vazamento de hidrocarbonetos leves voláteis como combustíveis,

solventes ou outras substancias que possuam maior pressão de vapor ou facilidade de

volatilização.

• Barreiras Reativas (PRB’s – Permeable Reactive Barriers)

As barreiras reativas são usadas com sucesso na remediação de água

subterrânea. Consistem numa barreira instalada em subsuperfície, transversalmente

ao sentido de escoamento da pluma, interceptando-a.

As barreiras podem ser implantadas em diversos tamanhos e formas, sendo

projetadas com base em critérios hidrogeológicos específicos do local e nos

contaminantes existentes na água subterrânea.

A barreira funciona da seguinte forma: a água subterrânea contaminada passa

através de uma barreira permeável, instalada em subsuperfície, contendo um

composto específico que trata e remove o contaminante da água.

O objetivo é que após a água subterrânea passar pela barreira, sua

concentração de contaminantes reduza, ou que este se transforme num composto não

nocivo ou até mesmo que seja completamente eliminado.

35

• Extração de vapores do solo (SVE “Soil Vapor Extraction”)

É uma técnica aplicada a compostos voláteis ou com boa capacidade de

volatilização. Normalmente empregada em solos onde a contaminação ainda não

atingiu o lençol freático ou em conjunto com outras técnicas de remediação, como por

exemplo, a de Air Sparging.

Consiste na extração de compostos perigosos, na forma de vapores, abaixo do

nível d’água do solo, por meio da aplicação de vácuo, que reduzindo a pressão, induz

um fluxo de ar na subsuperfície, volatilizando e eliminando os compostos orgânicos

voláteis (VOCs).

• Injeção de ar (Air Sparging)

É baseada na injeção de ar comprimido, em volumes e pressões controlados,

no lençol freático com objetivo de auxiliar no processo de “expulsão” de substâncias

voláteis dissolvidas na água e sua consequente remediação.

O processo de air sparging pode estar associado aos processos de SVE ou

MPE e é aplicado para aquíferos não-confinados.

Durante a aplicação do Air Sparging ocorrem três processos de transferência

de massa:

Extração “in situ” dos compostos orgânicos voláteis (VOC’s) dissolvidos;

Volatilização da contaminação em fase adsorvida abaixo do nível d’água;

Aumento da biodegradação dos contaminantes em fase adsorvida e dissolvida,

em função do aumento dos níveis de oxigênio dissolvido.

O “Air Sparging” é similar ao método de bombeamento e tratamento, porque

ambos utilizam o transporte advectivo para remover os contaminantes da água

subterrânea. No caso do sistema de bombeamento e tratamento, utiliza-se o

transporte advectivo da água, já no sistema Air Sparging, utiliza-se o transporte

advectivo do ar.

Remoção de gases (Air Stripping)

Consiste em aumentar a área de contato da água contaminada com o ar,

resultando no particionamento dos compostos voláteis presentes na água

36

contaminada. O princípio é a transferência de massa de contaminantes da água para o

ar atmosférico.

• Oxidação Química

O tratamento químico de solos é empregado para decompor, reduzir ou

eliminar a toxicidade dos contaminantes presentes, pela mistura superficial ou injeção

profunda de produtos químicos (CETESB, 2007). Neste processo, muitas reações são

possíveis, sendo a oxidação química a reação mais amplamente empregada, podendo

ocorrer naturalmente no solo ou ser acelerada pela introdução de um agente oxidante,

como o ozônio, peróxidos, permanganatos e persulfatos.

Nesta técnica, componentes químicos oxidantes transformam compostos

perigosos em compostos menos nocivos, como água e dióxido de carbono, podendo

destruir muitos contaminantes como combustíveis, solventes e pesticidas.

• Biorremediação

Consiste na transformação ou destruição de contaminantes orgânicos pela

ação de microrganismos (bactérias, fungos e protozoários) que os decompõe. Estes

microrganismos são capazes de biodegradar poluentes tóxicos, para obtenção de

energia (alimento).

Dentre os compostos biodegradáveis incluem-se os hidrocarbonetos derivados

do petróleo, os preservantes de madeira (creosoto e pentaclorofenol), os solventes

halogenados e os pesticidas.

Para os microorganismos biodegradarem os compostos nocivos, as condições

necessárias devem se fazer presentes, como a temperatura certa, nutrientes

(fertilizantes) e uma quantidade de oxigênio presente no solo e na água subterrânea,

permitindo que os microorganismos cresçam e se multipliquem. Quando as condições

não são boas, os microorganismos crescem muito devagar ou morrem. Além disso,

podem criar compostos mais nocivos. Se as condições não são boas, deve-se

melhorá-las através de bombeamento de ar, nutrientes e outras substâncias.

Quando não há microorganismos suficientes na subsuperfície, estes podem ser

adicionados ao solo.

37

• Remoção e Redisposição de Solos

É uma das técnicas mais tradicionais e consagradas na remediação de locais

contaminados. Trata-se da remoção do solo que é transportado para outro local onde

será tratado e posteriormente redisposto.

Esta prática deve ser realizada com cautela, pois apesar de possibilitar a

eliminação dos principais focos de contaminação na zona insaturada, pode propiciar a

intensificação de algumas vias de exposição ao risco, a transferência de passivo de

um compartimento ambiental a outro, além da propagação da contaminação para

outros meios inicialmente não afetados, como o ar e a água.

A utilização desta técnica muitas vezes torna-se a alternativa mais onerosa

dentre as demais técnicas de remediação, pois dependendo da quantidade de material

removido, os custos de remoção, transporte, tratamento e redisposição do solo

removido podem somar valores muitos altos.

Por todas estas razões, o uso desse método se justifica nos casos de presença

de resíduos perigosos, solos altamente contaminados ou em que uma análise mais

criteriosa demonstre a impossibilidade de aplicação de outras técnicas, de maneira a

se atingir as metas de remediação requeridas, no intervalo de tempo desejado.

• Tratamento Térmico

Consiste no aquecimento do solo, com o objetivo de promover a separação de

contaminantes orgânicos através da volatilização ou destruição.

Esta técnica pode ser realizada tanto “in situ” quanto “ex situ”. O tratamento

térmico in situ ocorre por meio da injeção de vapor, aquecimento condutivo em poços

térmicos ou aquecimento por eletroresistividade. Já a técnica ex situ é realizada

mediante escavação do solo e tratamento em instalações específicas.

• Atenuação natural

Constitui um conjunto de processos físicos, químicos e biológicos que atuam

na remediação natural de locais contaminados. Esta técnica não se baseia em “deixar

a natureza agir”, e sim num cuidadoso controle e monitoramento do processo,

assegurando-se que os pontos receptores, como poços de abastecimento de água,

38

lagos, rios e etc não serão contaminados, e que não haverá agravamento dos riscos à

saúde publica e ao meio ambiente.

A atenuação natural limita bastante o deslocamento dos contaminantes,

reduzindo a extensão da pluma. Se o processo de remediação natural não evitar o

deslocamento da pluma até locais de risco, tecnologias que acelerem a transformação

dos contaminantes deverão ser implantadas.

A biodegradação, processo que consiste na mudança da forma dos compostos

contaminantes pela ação de microorganismos, é um dos fatores mais importantes da

atenuação natural. Sob condições adequadas, os microorganismos ajudam ou são

responsáveis por reações químicas que resultam em compostos que apresentam

baixo ou nenhum risco aos seres vivos. Entretanto, este processo pode ser

prejudicado pela falta de nutrientes, receptores de elétrons ou ambos. Em alguns

casos o processo de remediação natural é limitado às zonas periféricas da pluma de

contaminação, pois a presença de contaminante em grandes quantidades dificulta a

proliferação de microorganismos.

11. Histórico do GPR

A primeira descrição do uso de sinais eletromagnéticos para localizar objetos

enterrados ocorreu na Alemanha, em 1910, pelos autores Leimbach e Löwy. Estes

apresentam uma técnica alternativa, com antenas montadas separadamente em

superfície, para detectar a reflexão da interface subsuperfície/água subterrânea ou

depósitos minerais (Borges, 2002).

Os trabalhos realizados no mundo, pioneiros no uso do método geofísico GPR,

foram em sua maioria para determinar a espessura e rupturas em geleiras. Os autores

responsáveis por esses estudos são: Stern, 1929; Olhoeft, 1996 e Daniels, 1996

(Ortega, 2006).

Em 1929, na Áustria, foi realizada a primeira investigação de GPR, com o

objetivo de se investigar a espessura de uma geleira (Stern, 1929, 1930 apud Borges,

2002).

Na década de 70, o uso do GPR tornou-se mais intenso em ambientes sem

geleiras, pois um renovado interesse pelo tema surgiu associado à missão da “Apollo

17” na Lua (ULRIKSEN, 1982 apud Ortega, 2006).

Até aqui, os equipamentos GPR eram construídos pelos próprios usuários.

Somente em 1972, o georadar começou a ser comercializado (Morey, 1974 apud

Borges, 2002).

39

O GPR só começou a ser utilizado como um método de exploração geofísica

na década de 80. Isso se deve ao avanço tecnológico ocorrido nesta década que fez

com que vários tipos de GPR fossem fabricados e consequentemente, aumentou os

números de publicações sobre a utilização do método (Ortega, 2006).

No Brasil, trabalhos realizados pelo Centro de Pesquisas da Petrobrás foram

os primeiros a utilizarem o GPR, seguidos por estudos feitos pelas Universidades

Federais da Bahia e do Pára (Borges, 2002).

12. Trabalhos anteriores

12.1 Sobre O GPR (Ground Penetrating Radar)

Nos últimos anos, o uso do GPR ganhou grande destaque no meio científico.

Dentre os principais trabalhos abordando o seu uso para o estudo de contaminações,

podemos destacar:

Brewster e Annan (1994) que utilizaram o método do GPR para demonstrar

que a presença de contaminantes do tipo DNAPLs causa acréscimo de velocidade na

onda eletromagnética em até 30%.

Daniels et al. (1995) monitoraram o comportamento de poças de

hidrocarbonetos em um tanque de areia e água com o GPR, observando que a

amplitude do sinal eletromagnético é menor na parte superior da pluma, podendo ser

provocada pela fase residual do mesmo.

Benson (1995), em estudos de contaminação, mostra que a gasolina tem forte

reflexão nas seções de GPR.

Sauck (1998) elaborou um modelo temporal de biodegradação de LNAPL

através de dados de resistividade medidos continuamente em poços. Também

verificou que o sinal do GPR quando sobre uma superfície condutiva, devido ao

grande estágio de biodegradação do hidrocarboneto, apresenta anomalias condutivas

denominadas de zona de sombra.

Sauck et al. (1998), em estudo de contaminação de solo e de água

subterrânea por vazamento de óleo cru e gasolina de uma refinaria, verificaram

regiões anômalas nas seções de GPR, representadas por zonas de sombra e nos

perfis de Eletrorresistividade e Eletromagnético indutivo observaram anomalias

condutivas. Os autores mostraram neste trabalho, que estes métodos geofísicos

possuem grande aplicabilidade na delimitação de plumas de contaminação, e que, a

40

composição e as propriedades físicas do material contaminante em fase livre /

residual, irão mudar ou evoluir com o tempo.

Sauck (2000) investigou um vazamento de combustível através de método

geofísico, gerando um modelo que caracteriza a estrutura da pluma de contaminação

por hidrocarbonetos em sedimentos arenosos. Esta caracterização foi feita levando em

consideração o nível de reflexão.

Dehaine (2001) utilizou o GPR na identificação de vazamentos de gasolina, em

postos de combustíveis na cidade de São Paulo. A autora mostra que o contaminante

atenua a onda eletromagnética do GPR.

Borges (2002) realizou investigações geofísicas na borda da bacia sedimentar

de São Paulo, utilizando as ferramentas de GPR e eletrorressistividade. O objetivo do

estudo era caracterizar geologicamente os sedimentos e o topo do embasamento

granito-gnáissico da bacia.

O método geofísico mostrou-se eficaz na determinação de estruturas em

subsuperfície, com profundidade de até 14 metros, identificando a base do terreno e o

topo da camada de areia grossa. Não foi possível atingir maiores profundidades

devido à atenuação da onda eletromagnética provocada pelo espesso pacote

sedimentar condutivo.

Kruger (2002) utilizou o GPR e o método de Eletrorresistividade para

determinar a pluma de contaminação oriunda de derrames de óleo diesel e de

lançamento de efluentes oleosos em uma oficina de manutenção de locomotivas na

cidade de Curitiba-Paraná. O levantamento GPR mapeou a área até a profundidade

de 7 metros, detalhando as camadas mais finas superficiais, possibilitando a nítida

identificação da pluma de natureza condutiva, através da ausência de sinais de

reflexão nos radargramas.

Os resultados analíticos de amostras de solo e de água subterrânea indicaram

baixos níveis de contaminação nos pontos anômalos nas seções de GPR, mas com

grandes concentrações de bactérias. Isso comprova que os contaminantes foram

biodegradados e que ao invés de se ter uma pluma contaminante de natureza elétrica

resistiva, foi observada uma pluma de natureza condutiva. Com base nos resultados

obtidos, o autor mostrou que os métodos geofísicos são muito úteis para delimitar

áreas impactadas e monitorar os processos de biodegradação dos hidrocarbonetos.

Castro & Branco (2003), usando GPR 4D, monitoraram a evolução de zonas

contaminadas por gasolina em um posto de combustíveis de Fortaleza.

Dehaine (2004) avaliou a aplicabilidade do GPR na detecção de contaminação

em subsuperfície, proveniente de vazamento de tanque subterrâneo de

41

armazenamento de gasolina, em uma condição desfavorável do ponto de vista prático.

A autora levou em consideração aspectos como: litologia argilosa, destituída de fase

livre do produto no poço (fase de pós-bombeamento) e local com ruídos externos.

Pedrosa (2004) estabeleceu critérios técnico-científicos para a aplicação do

GPR em áreas sujeitas à contaminação por hidrocarbonetos, em postos de

abastecimento.

Carvalho (2006) escreveu sobre o uso da geofísica no mapeamento de áreas

contaminadas, descrevendo vários métodos geofísicos eficazes nesse tipo de

investigação ambiental, como por exemplo, o método GPR, com o objetivo de difundir

o uso desta tecnologia em uma das etapas do gerenciamento de áreas contaminadas.

Borges et al. (2006) utiliza o GPR na detecção da geometria de cavas usadas

para disposição de resíduos de óleos lubrificantes, no município de Ribeirão Preto -

SP, situada nos domínios geológicos dos derrames basálticos da Formação Serra

Geral e arenitos da Formação Botucatu.

O uso do georadar mostrou eficiência no mapeamento da geometria das cavas,

identificando seus limites e bases com resíduos provenientes de óleo lubrificante.

Também possibilitou a identificação de objetos difratores dentro do resíduo,

confirmando sua aplicabilidade na área. Abaixo das cavas, foi identificada uma zona

de absorção de energia eletromagnética que está relacionada com o aumento da

condutividade elétrica do meio, sendo necessária a utilização de eletrorresistividade

para auxiliar nas interpretações.

Ortega (2006) utilizou junto ao método de tomografia elétrica, o GPR para

localizar e delimitar a pluma de contaminação por hidrocarbonetos de óleo diesel. O

estudo foi realizado num centro de abastecimento de locomotivas na região de

Paulínia - São Paulo. O autor considerou os métodos já citados fundamentais para a

caracterização e delimitação da pluma, afirmando sua eficácia em estudos ambientais.

Moreira e Dourado (2007) usaram o radar de penetração no solo para

monitorar a atenuação natural da pluma de contaminação localizada no distrito

industrial do município de Araras, estado de São Paulo. O trabalho consistiu em um

estudo comparativo entre perfis de GPR adquiridos em 1998 e 2003 em uma área

contaminada por compostos de fase líquida leve não aquosa (LNAPL), sob atenuação

natural.

Os resultados indicaram um aumento da condutividade elétrica do meio, a

partir da atenuação acentuada do sinal GPR observada nas seções de 2003. Os

autores acreditam que este aumento pode estar associado à liberação de íons por

42

dissolução de minerais, pelo ataque de ácidos orgânicos resultantes do processo de

biodegradação.

Almeida et al. (2007) aplicaram a metodologia geofísica GPR “Ground

Penetrating Radar” em áreas sujeitas à contaminação do solo e de aquíferos por

hidrocarbonetos provenientes de vazamentos em tanques de postos de serviços de

Abaetetuba- PA. Neste trabalho, Almeida et al. concluem que a utilização do método

geofísico georadar pode ser eficaz nos terrenos amazônicos, apesar desses terrenos

apresentarem composição essencialmente argilosa.

Souza (2009) utilizou o georadar para determinar e caracterizar a geometria da

pluma de contaminação de hidrocarbonetos em um posto de combustível desativado,

localizado na praia de Búzios- Rio Grande do Norte, dentro de uma Área de Proteção

Ambiental. A partir do uso do GPR foi possível identificar duas prováveis fases de

contaminação de acordo com a classificação proposta por Azambuja et al. 2000,

sendo estas a fase absorvida e a fase dissolvida.

12.2 Sobre o sistema de remediação MPE-Extração Multifásica

O sistema MPE- Extração Multifásica é uma das técnicas mais utilizadas para

remediação de locais contaminados. Dentre os trabalhos pesquisados sobre o método,

pode-se destacar:

CESTEB (2008) define o método como um sistema de geração de vácuo,

projetado para operar em diferentes cenários de contaminação de águas subterrâneas

com extração de fase livre de hidrocarbonetos, fase dissolvida e vapores de

compostos orgânicos em solo.

Machado (2007) define o sistema MPE utilizando o mesmo conceito de Nobre

et al (2003) e Furtado (2005). O autor descreve o método como um sistema que

combina as técnicas de bioventilação e remoção de massa a vácuo, possibilitando a

extração da fase livre, fase vapor, fase dissolvida na matriz do solo e estimulando o

processo de biodegradação natural na zona não saturada. Ainda neste trabalho, o

autor coloca o sistema de remediação MPE entre os dois mais usados em postos com

passivo ambiental na cidade de Goiânia e mostra que os postos que aderiram a esta

técnica são os mais numerosos em termos de conclusão dos trabalhos de

neutralização da carga de poluente.

Trovão (2006) em seu trabalho intitulado de “Ánalise ambiental de solos e

águas subterrâneas contaminadas com gasolina: estudo de caso no município de

Guarulhos- SP” coloca o sistema de extração multifásica como uma das tecnologias

43

de remediação comumente utilizadas. Neste trabalho a autora seleciona através do

Cadastro de Áreas Contaminadas (CETESB, 2005), cinco casos para análise

ambiental. No “caso 4” ela sugere o uso do método Extração Multifásica (MPE) como

sendo o tratamento adequado para aquela área, considerando fatores como o baixo

nível d’água (3 metros), o solo silte-argiloso e a presença de mais de uma fase de

contaminação.

Pagliari (2009) cita as principais técnicas de remediação e explica a

descontaminação de solos contaminados por derivados do petróleo através do sistema

de remediação multifásica à vácuo. Ele descreve que através de estudos alternativos

de remediação e devido a seção geológica optou-se por usar a técnica de Extração

Multifásica à vácuo para a remediação do solo contaminado por óleo numa antiga

fábrica multinacional situada em uma área industrial de São Paulo. Os resultados

obtidos mostraram que o sistema atende muito bem a remediação, quando o

contaminante levado em conta é o óleo na fase livre.

44

CAPÍTULO 4- Metodologia adotada

Para a realização deste trabalho, foi adotada uma metodologia que

compreende três etapas: levantamento bibliográfico, trabalho de campo e por último, o

tratamento de dados obtidos nas duas etapas anteriores.

1. Levantamento Bibliográfico

Essa etapa baseou-se em consultas de diversos trabalhos como teses, artigos,

boletins técnicos e dissertações, além da pesquisa realizada através da internet.

Primeiramente buscou-se pesquisar sobre o local em que a área de estudo

está inserida. Foram investigadas suas características fisiográficas: geologia,

geomorfologia, clima, hidrografia, solos e vegetação. Para isso, foram utilizados como

ferramenta principal, os relatórios e mapas produzidos pelo CPRM.

Posteriormente, a pesquisa foi direcionada para a investigação ambiental já

iniciada no posto de combustível em questão, através do relatório produzido pela

empresa responsável. Também foram pesquisadas as principais técnicas de

remediação, dando destaque àquela adotada pelo posto, o sistema de remediação

ambiental do tipo MPE – Extração Multifásica (Multi Phase Extraction). Esse estudo foi

realizado através do relatório e arquivos de monitoramento cedidos pela empresa

responsável pelo sistema de remediação, a SMA- Saneamento e Meio Ambiente, além

de consultas em dissertações sobre o assunto.

Por último, a pesquisa baseou-se no método geofísico GPR (Ground

Penetrating Radar). As fontes consultadas abrangem trabalhos sobre o uso do GPR

na identificação de plumas de contaminação, bem como as questões que essas

contaminações envolvem (como elas ocorrem nos postos de combustível; a

composição dos produtos derramados, seus mecanismos de transporte em subsolo e

suas fases residuais). Todo esse material foi retirado principalmente pela internet. O

conhecimento aqui adquirido foi detalhado no capítulo 3 de revisão bibliográfica, e

serviu de apoio para a interpretação de dados obtidos em campo.

2. Trabalho de campo

A investigação de campo foi feita com o objetivo de avaliar a pluma de

contaminação, bem como obter informações que influenciam a dinâmica da mesma.

45

Este trabalho compreendeu cinco atividades: monitoramento da remediação;

medição de nível de água; medição de cota topográfica; ensaio de permeabilidade e

levantamento geofísico com a utilização do GPR (Ground Penetrating Radar).

2.1 Monitoramento da remediação

Considerações gerais

Algumas considerações gerais sobre o sistema de remediação MPE- Extração

Multifásica foram feitas com base nas seguintes fontes: Nobre et al., 2003; Furtado,

2005 apud SMA, 2010; CESTEB, 2008.

O sistema de remediação MPE- Extração Multifásica (Multi Phase Extraction)

combina as técnicas de bioventilação e remoção de massa a vácuo, possibilitando a

extração da fase livre, fase vaporizada e fase dissolvida, presentes no solo e na água

subterrânea. Além disso, este sistema estimula o processo de biodegradação natural

(biorremediação) na zona insaturada. Isso ocorre porque a extração a vácuo promove

uma circulação forçada de ar na zona não saturada do solo, estimulando as atividades

bacterianas aeróbias.

Este sistema é utilizado na maioria das vezes em remediações envolvendo

hidrocarbonetos derivados do petróleo. Como o próprio nome já diz, o sistema produz

uma extração multifásica, ou seja, promove a extração simultânea do contaminante

em fase líquida livre (gasolina, diesel, etc.), dos vapores orgânicos voláteis, presentes

na zona não saturada do solo e também da fase dissolvida nas águas subterrâneas.

A extração multifásica se dá por meio de um sistema de ventilação a vácuo em

poços de extração. Estes poços são distribuídos dentro da área de interesse, ou seja,

na área potencialmente contaminada, visando criar uma zona de influência do sistema

de remediação em toda a extensão da pluma de contaminação, o que facilita a

operação do sistema.

A aplicação do vácuo nos poços de extração cria uma pressão dirigida para

estes pontos, de onde se extraí o contaminante. Essa pressão é diretamente

proporcional ao vácuo aplicado.

A mistura extraída é levada para uma caixa separadora de água e o óleo. Este

óleo recuperado é armazenado em um tanque para posterior uso. Já a água

contaminada resultante desta separação, é destinada para tratamento em filtro de

carvão ativado para posterior reinjeção. O vapor extraído também é levado para

tratamento em carvão ativado e depois lançado na atmosfera.

46

O sistema possui um dispositivo de auto-operação a partir de um painel elétrico

de comando que faz alimentação elétrica do sistema e controla o acionamento manual

e automático das bombas.

Sobre a aquisição, montagem, implantação e funcionamento do

sistema de remediação MPE- Extração Multifásica no posto revendedor de

combustível.

As etapas de aquisição, montagem, ligação dos equipamentos e instalação de

poços de extração foram realizados durante os meses de agosto e setembro de 2009.

Já os testes de funcionamento e o start-up do sistema de remediação MPE ocorreram

durante os meses de outubro e novembro do mesmo ano (SMA, 2010).

Em função da avaliação prévia dos pontos impactados ou não, decidiu-se

instalar quatro poços de extração, locados nas bordas da pluma de fase livre, para

mantê-la estável e facilitar a operação do sistema de remediação ambiental. A

instalação dos quatro poços de extração foi realizada durante o mês de Agosto de

2009. Para a ligação entre os poços de extração e o sistema de remediação MPE,

foram instaladas tubulações subterrâneas, formando duas linhas de extração (SMA,

2010).

O objetivo da implantação do sistema de remediação ambiental do tipo MPE–

Extração Multifásica (Multi Phase Extraction) no posto é, primeiramente, a remoção da

fase livre de hidrocarbonetos de petróleo. Como objetivo secundário está a diminuição

dos compostos contaminantes existentes no lençol freático local, ou seja, diminuição

da fase dissolvida, identificada através de estudos geoambientais anteriores (SMA,

2010).

O sistema MPE- Extração Multifásica é composto pelos seguintes

equipamentos descritos abaixo (SMA, 2010):

Tanque de vácuo 200L: acondiciona líquidos e vapores provenientes dos

poços de extração, e separa as fases gasosa e líquida. É confeccionado por um metal

específico capaz de atuar sob pressão negativa;

Bomba de vácuo: cria vácuo nas linhas de extração e poços de extração;

Bomba Centrífuga: utilizada para a transferência de líquidos do interior do

tanque de vácuo para a caixa separadora de óleo;

Caixa separadora de água e óleo (CSAO): faz a separação do óleo e da água

contidos na fase líquida extraída;

47

Células de carvão ativado: faz o tratamento de efluentes líquidos e gasosos

provenientes da extração;

Hidrômetros: faz a medição do volume dos líquidos durante o processo de

transferência entre o tanque de vácuo-CSAO e a CSAO-célula de carvão ativado;

Válvulas manuais: controla a passagem de efluentes (líquidos e gasosos) nas

tubulações e mangueiras constituintes das linhas de extração e transferência de

efluentes;

Vacuômetros: faz a coleta de dados relacionados ao vácuo na unidade de

remediação, seja nos poços de extração ou no tanque de vácuo;

Tanque de água para recirculação: acondiciona a água utilizada como selo

da bomba de vácuo de anel líquido e direciona, sobre pressão, os efluentes gasosos

extraídos dos poços, até a célula de tratamento de efluentes gasosos;

Tanque de acondicionamento de óleo recuperado: acondiciona o óleo

recuperado através da separação efetuada pela CSAO;

Painel elétrico de comando: faz a alimentação elétrica do sistema e o

controle das bombas de vácuo e centrífuga. Foi instalado no sistema de remediação

do posto em questão, um painel elétrico de comando onde estão dispostos os

controles de acionamento manuais e automáticos das bombas, dijuntores, fusíveis e a

alimentação elétrica em 220 V.

O funcionamento do sistema MPE pode ser resumido da seguinte forma (SMA,

2010):

A chave que liga as bombas, localizada no quadro elétrico de comando é

acionada para a posição “automático”. Assim, a bomba de anel líquido é ligada,

gerando vácuo no interior do tanque, que é transferido para os poços de extração

conectados através das linhas de extração.

O produto que é bombeado dos poços de extração é direcionado para o tanque

de vácuo de 200 litros. Após o enchimento deste tanque até o nível máximo do sensor,

uma chave de nível aciona o desligamento automático da bomba de anel líquido e o

ligamento da bomba centrífuga, que transfere o líquido do interior do tanque de vácuo

até a CSAO.

Após o esvaziamento do tanque de vácuo até o nível mínimo do sensor de

nível, a bomba centrífuga é desligada e religa-se a bomba de anel líquido para a

realização de novo enchimento do tanque de vácuo, criando assim um ciclo de

enchimento/esvaziamento do mesmo.

A fase livre é conduzida do tanque de vácuo até a CSAO, onde fica retida para

que ocorra, por gravidade, a separação entre o óleo e a água. Após a separação,

48

esse óleo é direcionado, também por gravidade, até o tanque de acúmulo de produto

recuperado (TK01).

O líquido contendo a fase dissolvida, proveniente do processo de separação

ocorrido na CSAO é direcionado, por gravidade, para a célula de carvão ativado

(FC02), onde é tratado e depois descartado.

Os vapores, que também são bombeados dos poços de extração juntamente

com o líquido de selagem, são liberados pela saída desta bomba para o tanque de

água de recirculação (TK02). Neste tanque, a pressão existente direciona os efluentes

gasosos para a célula de carvão ativado (FC01), onde são tratados e depois

direcionados para a atmosfera através de uma chaminé posicionada acima do

container da unidade de remediação.

Figura 9: Esquema explicativo do funcionamento do sistema de remediação MPE no posto de combustíveis

(Fonte; SMA, 2010)

2.2 Medição do nível de água

A medição do nível de água, em metros, foi realizada no dia 14 de junho de

2010, nos seis poços de monitoramento do posto de combustível, através de um

medidor de nível de água.

49

Tabela 6: Níveis de água dos poços de monitoramento Poços de

monitoramento

Nível de água

(metros)

PM01 1,6

PM02 1,65

PM03 1,38

PM04 1,44

PM05 1,16

PM06 1,45

2.3 Medição da cota topográfica

A medição da cota topográfica foi realizada no dia 14 de junho de 2010. Junto

às coordenadas retiradas pelo GPS da marca Garmin, modelo Etrex Vista HCX, foram

determinadas as cotas dos poços de monitoramento, que serviram, posteriormente,

como ferramenta para a confecção dos mapas topográficos e de fluxo da água

subterrânea.

Tabela 7: Cotas topográficas dos poços de monitoramento no terreno

Poços de

monitoramento Leste Norte

Cotas

(metros)

PM01 667605 7456693 6

PM02 667599 7456704 5

PM03 667586 7456703 5

PM04 667587 7456688 5

PM05 667596 7456705 3

PM06 667608 7456707 2

2.4 Ensaio de permeabilidade

O ensaio de permeabilidade, realizado nos poços PM-04 e PM-06, ocorreu no

dia 14 de junho de 2010, sendo utilizado o método slug test.

O objetivo deste método é obter uma estimativa preliminar da condutividade

hidráulica. O tipo de slug test utilizado neste trabalho foi o teste de aumento de carga

(rising-head test), o qual envolve o rebaixamento instantâneo do nível d’água no poço

50

pela súbita remoção de um volume conhecido, e a subida ao nível inicial foi

monitorada através do medidor de nível d’água.

2.5 Levantamento geofísico com a utilização do GPR

2.5.1 O GPR - Ground Penetrating Radar

A definição do método foi baseada nos trabalhos citados: Petrobras, 2002;

Borges, 2002 Borges et al., 2006; Carvalho, 2006; Ortega, 2006; Moreira e Dourado,

2007; Almeida, et al 2007.

A técnica de radar de penetração no solo conhecido como GPR ou Georadar é

um método geofísico cuja utilização é relativamente recente no Brasil, mas que possui

uma ampla área de atuação, podendo destacar o uso em análises de áreas

contaminadas, em estudo de estruturas sedimentológicas ou localização de objetos

enterrados pelo homem, dentre outras atividades. Esta ferramenta oferece uma nova

tecnologia de estudo de condições geológicas e geotécnicas rasas, de 10 a 30 metros

de profundidade, produzindo uma imagem de alta resolução da subsuperfície.

O GPR vem se destacando dos demais métodos geofísicos nas investigações

de contaminações de solos e de águas subterrâneas, tendo em vista sua grande

aplicabilidade em estudos de áreas urbanas e vazamentos em postos de combustível.

Isso se deve a sua facilidade operacional, como portabilidade dos equipamentos para

a aquisição dos dados e grande versatilidade do arranjo das antenas em campo.

O georadar consiste na emissão e reflexão de ondas eletromagnéticas de alta

frequência (de 10 a 2000MHZ), transmitidas e recebidas através de antenas dispostas

na superfície do terreno. A propagação do sinal depende das propriedades elétricas

dos materiais existentes no solo. Nos materiais geológicos, essas propriedades são

controladas principalmente pela mineralogia dos constituintes, presença de argilas,

conteúdo de minerais metálicos e de água.

Quando a onda eletromagnética atinge a interface entre materiais geológicos

com propriedades elétricas distintas (condutividade elétrica, permissividade dielétrica e

permeabilidade magnética), parte do sinal é refletida de volta para antena receptora,

sendo amplificado, digitalizado e armazenado, estando pronto para ser processado e

transformado em registro como um radargrama.

O método GPR possui uma grande similaridade com as técnicas de sísmica,

tanto nos princípios físicos, quanto na metodologia de campo e de tratamento de

dados. Assim como na sísmica de reflexão, o princípio básico do método GPR é o

51

tempo que um sinal leva para ser detectado, após ter sido refletido em uma interface.

Esse tempo de viagem do sinal é registrado em nanossegundos e está diretamente

relacionado com a resolução do GPR, já que esta é a capacidade de o sistema

distinguir dois pulsos próximos entre si no tempo.

Ao longo de uma linha GPR, são efetuadas medidas de tempo e de percurso

das ondas eletromagnéticas. Essas medidas justapostas fornecem uma imagem

detalhada do terreno ao longo do perfil mapeado. A estimativa da profundidade

atingida pelo sinal depende da velocidade de propagação da onda no meio

atravessado. Para se saber essa velocidade, é necessário fazer sondagens de

velocidade, com o GPR, relacionadas aos perfis levantados. Caso não se faça essas

sondagens, pode-se encontrar a velocidade do meio de forma aproximada, utilizando o

método de superposição de hipérboles nos radargramas. A partir do momento em que

se tem o valor da velocidade de propagação do sinal, transformam-se os registros do

radargrama de tempo em profundidade.

Ondas eletromagnéticas diretas no ar, no solo e as ondas refletidas e

refratadas no subsolo, são normalmente observadas na aquisição de dados GPR. Os

fatores que controlam o sinal do georadar são: frequência e a velocidade da onda

eletromagnética no meio; contraste de permissividade dielétrica entre os meios e suas

condutividades elétricas. Esta última é diretamente proporcional a atenuação do sinal,

de forma que quanto maior a condutividade elétrica do meio, maior a atenuação da

onda eletromagnética. Ou seja, o GPR é sensível a meios onde a condutividade

elétrica é elevada, pois este fator provoca o enfraquecimento e perda do sinal,

limitando a profundidade de penetração da onda eletromagnética. Isso ocorre, por

exemplo, em meios mais argilosos e em locais onde há a presença de água salgada

ou salobra.

O equipamento usado em todos os sistemas GPR consiste em quatro

elementos principais: a unidade de transmissão, a unidade de recepção, a unidade de

controle e a unidade de exibição. O transmissor produz um pulso de alta tensão com

um mínimo de duração. O sinal é aplicado pela antena de transmissão que o irradia no

solo. Parte deste pulso é refletido, propagando-se de volta para a antena receptora. A

unidade de controle recebe este sina e o envia para a unidade de exibição.

A maior parte dos GPR pode ser operada em diferentes quantidades de

frequência.

52

Figura 10: Equipamento GPR (Fonte: Moreira e Dourado, 2007).

A profundidade de investigação e a resolução do GPR variam de acordo com a

frequência da antena. Quanto maior a frequência, maior será a resolução vertical e

menor será a profundidade de investigação e vice-versa.

Existem várias técnicas de aquisição de dados, sendo as mais convencionais

citadas a seguir (Borges et al., 2006; Almeida, 2007).

- Commom-offset (afastamento constante): consiste em um par de antenas (uma

transmissora e outra receptora) que é deslocado ao mesmo tempo ao longo de um

perfil.

Essa configuração é a mais utilizada para a investigação da subsuperfície,

porém há duas limitações:

1- A determinação da velocidade só pode ser estimada via hipérboles de difração

2- Não permite corrigir as ondas aéreas.

A técnica de afastamento constante engloba três tipos de arranjo:

• Arranjo monoestático: consiste em um sistema onde uma única antena emite e

recebe o sinal;

53

Figura 11: Esquema explicativo de uma aquisição GPR do tipo Commom-offset com arranjo monoestático.

(Fonte: adaptado Borges, 2002)

• Arranjo biestático: existe uma separação entre as antenas transmissora e

receptora.

Figura 12: Esquema explicativo de uma aquisição GPR do tipo Commom-offset com arranjo biestático.

(Fonte: adaptado Borges, 2002)

No arranjo biestático as antenas transmissora e receptora encontram-se

paralelas uma em relação à outra.

• Arranjo de polarização cruzada: as antenas transmissora e receptora encontram-se

perpendiculares uma em relação à outra.

54

Figura 13: Esquema explicativo com os arranjos das antenas na técnica de Commom-offset.

A maioria dos levantamentos Common-offset é realizada com o arranjo

biestático, com antenas perpendiculares a linha de aquisição.

Figura 14: Técnica de aquisição afastamento constante (Commom-offset).

- Sondagens de velocidade: as mais comuns são a CMP (Common Mid Point) e

WARR (Wide Angle Reflection and Refraction). Na técnica CMP, a abertura entre as

antenas (transmissora e receptora) é crescente em sentidos opostos, partindo-se de

um ponto central fixo. Na técnica WARR, uma das antenas é mantida fixa enquanto a

outra é sucessivamente afastada da primeira.

55

Figura 15: Tipos de sondagem de velocidade.

2.5.2 O levantamento geofísico

O levantamento geofísico foi realizado durante dois dias, 16 e 23 de julho de

2010, utilizando-se da ferramenta GPR (Ground Penetrating Radar). O equipamento

utilizado, fabricado pela empresa RAMAC - MÄLA foi emprestado pela Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e compreende as seguintes partes: antenas (não

blindadas) transmissora e receptora com frequência de 100MHz; unidade de controle e

unidade de exibição, que neste caso, consistiu em um notebook, como mostrado na

figura 13.

Figura 16: (A)- Antenas não blindadas transmissora e receptora;

(B)- Unidade de exibição; (C)- Unidade de controle.

56

No primeiro dia, foram realizados três perfis L1, L2 e L3, sob a condição do

sistema de bombeamento MPE-Extração Multifásica desligado. Já no segundo dia,

foram levantados os demais perfis (L6, L9, L10, L11 e L12), porém com o sistema de

bombeamento MPE ligado. O objetivo é verificar a influência do mesmo no

comportamento da pluma e comparar como a contaminação se apresenta nos perfis

GPR, antes e após o bombeamento.

Até aqui, a técnica utilizada foi a de afastamento constante (Commom-offset),

na qual as antenas foram colocadas em arranjo biestático, estando perpendiculares a

linha de aquisição e separadas numa distância de um metro.

Figura 17: Levantamento geofísico com o GPR, utilizando a técnica Commom-offset.

57

Também foram feitos no dia 23 de julho os perfis do tipo CMP, nos quais se

queria obter a velocidade na subsuperfície. Essas medidas de CMP (linhas L13 a L17),

levantadas com o sistema MPE ligado, são análises de velocidade referentes aos

perfis levantados no segundo dia de trabalho, como mostrado na tabela a seguir.

Tabela 8: Linhas GPR com seus respectivos CMP, nas datas em que foram adquiridos e a situação de bombeamento especificada.

Datas

Linhas Commom-

offset

CMP (Commom Mid

Point)

Situação de

bombeamento

1º dia

16/07/2010

L1 ------- Sem

bombeamento L2 -------

L3 -------

2º dia

23/07/2010

L6 CMP L14 Com

bombeamento L9 CMP L17

L10 CMP L16

L11 CMP L15

L12 CMP L13

Todos os perfis adquiridos, tanto o Commom-offset quanto o CMP, foram

levantados com amostragem espacial de 20 cm.

Figura 18: Linha de aquisição GPR com a marcação da amostragem espacial de 20 centímetros

58

Figura 19: Croqui da área mostrando as linhas Common-offset levantadas em campo.

Os dados obtidos neste levantamento geofísico foram armazenados para

serem posteriormente tratados e assim descritos nos próximos tópicos.

3. Tratamento de dados

Neste tópico será descrito o tratamento de dados obtidos em cada atividade

realizada em campo.

3.1 MPE–Extração Multifásica (Multi Phase Extraction)

Os dados obtidos com o monitoramento do comportamento da fase livre,

cedidos pela empresa responsável, foram tratados pelo Programa Excel versão 2007.

59

Foram produzidas tabelas que apresentam a variação da espessura da fase

livre, desde janeiro até maio de 2010.

3.2 Medição de nível de água e cota topográfica

Os dados obtidos na medição do nível d’água foram primeiramente tratados

pelo Programa Excel 2007, onde se produziu uma tabela que contém os níveis d’água

corrigidos dos seis poços de monitoramento, considerando a distância da tampa no

nível do terreno até a boca do poço.

As cotas topográficas também foram tratadas pelo Excel, se apresentando

junto às coordenadas norte e leste dos poços. As cotas topográficas também foram

tratadas pelo Excel, se apresentando junto às coordenadas norte e leste dos poços.

Após a produção das tabelas Excel, foi calculado o gradiente hidráulico através do site

http://www.epa.gov/athens/learn2model/part-two/onsite/gradient4plus-ns.htm,

considerando-se as cotas topográficas, os níveis d’água, as coordenadas geográficas

em UTM e os dados de carga hidráulica em metros. O valor obtido para o gradiente

hidráulico foi de 0,1161.

Através do software Surfer versão 7.0, pelo método de Krigagem, os dados

foram tratados para posterior desenvolvimento dos mapas topográfico e de fluxo de

água subterrânea.

3.3 Ensaio de permeabilidade

Os dados obtidos nesta atividade de campo foram processados através do

software Aqtesolv, versão 3.0 para estudante, pelo método de Hvorslev. Este método

assume que o meio é homogêneo, isotrópico, infinito e que solo e água são

incompressíveis.

3.4 Levantamento geofísico

Os dados adquiridos no levantamento geofísico utilizando o GPR foram

armazenados e transformados em registro, como um radargrama, estando prontos

para serem processados.

Como mencionado no tópico 2.5 do trabalho de campo, foram feitas linhas de

aquisição de afastamento constante (Commom-offset), e linhas de ponto médio

60

comum (CMP). Para ambos os casos, foi elaborado um fluxograma de processamento

de dados, descrito linhas abaixo.

Foi utilizado o software Reflexw, versão 4.5.5. O processamento consistiu nas

seguintes etapas:

Conversão de formato do arquivo de formato rd3 para formato do Reflexw:

Figura 20: Primeira etapa no tratamento dos dados - arquivo convertido em um novo

formato para ser processado no software Reflexw.

Filtro temporal dewow, utilizado para a eliminação de ruídos introduzidos pela

eletrônica do equipamento. Esses ruídos aparecem no sinal como componentes

espectrais de baixa frequência adquiridos no perfil GPR:

Figura 21: Segunda etapa no tratamento dos dados - radargrama após a utilização

do filtro temporal dewow.

61

Correção do tempo zero, para colocar o zero coincidente com o inicio do sinal:

Figura 22: Terceira etapa no tratamento dos dados - radargrama após correção de

tempo zero.

Ganho exponencial para compensar os efeitos da atenuação e melhorar a

visualização dos refletores em subsuperfície:

Figura 23: Quarta etapa no tratamento dos dados - radargrama após ganho exponencial.

62

Filtro passa-banda, utilizado com o objetivo de restringir o sinal a uma faixa de

frequências próxima a utilizada pelas antenas e eliminar o ruído de alta frequência.

Valores utilizados para o filtro (7, 15, 140, 160 MHz):

Figura 24: Quinta etapa no tratamento dos dados - radargrama após a utilização do

filtro passa-banda.

Static correction/mutting com a finalidade de cortar o perfil a menos de dez metros

de profundidade, já que o interesse nesta investigação ambiental está em

profundidade rasa:

Figura 25: Sexta etapa no tratamento dos dados - radargrama após utilização do static

correction/mutting

63

Conversão tempo-profundidade. Essa etapa utilizou o valor de velocidade média

0,0983 m/ns para propagação da onda eletromagnética em subsuperfície, obtida a

partir da análise de velocidade de um CMP:

Figura 26: Sétima etapa no tratamento dos dados - radargrama após conversão-tempo profundidade.

Escala de profundidade ao lado direito junto ao valor usado como velocidade média para fazer a correção.

O CMP nos fornece a velocidade da onda de radar a partir da análise de

velocidade como apresentado abaixo.

Figura 27: Análise de velocidade de um CMP.

Na analise de velocidades (gráfico C) são marcados com “x” os valores

máximos, apresentados com uma coloração mais forte (rosa). Estes são identificados

64

como hipérboles no perfil CMP (gráfico B) por linhas vermelhas, com suas referidas

medidas de tempo em nanossegundos e de profundidade em metros. Ao lado

esquerdo deste perfil aparece um gráfico com a velocidade intervalares (gráfico A) e

suas respectivas profundidades em metros obtidas a partir dos valores máximos

(gráfico C) na análise de velocidade.

Consideramos uma média desses valores para se obter uma única velocidade

de propagação da onda no solo. Esse processo foi feito para todas as linhas CMP, do

qual obtemos uma média global para expressar a velocidade no solo, considerando

que o meio tem a mesmas propriedades geológicas em toda a área onde foi realizado

o levantamento. Assim foi obtido o valor de velocidade média, já mencionado, de

0,0983 m/ns, permitindo se fazer a transformação de tempo para profundidade das

seções Comom-offset.

Tabela 9: Tabela Excel com a velocidade média de cada um dos CMP (L13 a L17) e também com a velocidade média total 0,0983 m/ns, valor usado para a conversão de tempo em profundidade.

Ao fim do processamento dos dados, os mesmos foram importados para

visualização, análise dos resultados e discussões, com o objetivo de se obter

conclusões.

65

CAPÍTULO 5- Resultados e discussões

A seguir apresentam-se os resultados obtidos através do tratamento dos dados

adquiridos em campo.

1. Tabela de espessura da fase livre

As tabelas de monitoramento da fase livre cedidas pela SMA- Saneamento e

Meio Ambiente, referente ao período de janeiro a maio, estão em anexo. Através de

suas análises, observaram-se as situações descritas abaixo.

Janeiro de 2010:

No mês de janeiro (05/01/10 a 29/01/10), o sistema de remediação MPE esteve

em funcionamento durante 17 dias úteis. Neste período, a espessura média da fase

livre no poço PM-01 foi de 12,0 cm. No poço PM-02 a espessura observada dessa

fase é menor do que no poço citado anteriormente, sendo apenas 7,0 cm.

O poço de monitoramento PM-03 não apresentou nenhuma presença de fase

livre ao longo do período em questão. Já em PM-04 e PM-05, a fase livre observada

apresentou-se numa espessura média de 3,0 cm e 16,0 cm respectivamente.

Observa-se que os poços PM-02, PM-03 e PM-04, a partir do dia 22 de janeiro

de 2010, não apresentaram fase livre de hidrocarbonetos, o que provocou uma

redução na espessura média da fase livre ao longo do mês.

Durante todo o mês de janeiro foram extraídos um total de 2,84 m3 de fase livre

de hidrocarbonetos com uma média diária de 0,167 m3. Também foi extraído uma

média diária de 0,503 m3 de água tratada, somando 8,67 m³ no mês, sendo

descartados 8,16 m3 desta água no período em questão.

Fevereiro de 2010:

Em fevereiro, o sistema MPE operou durante 18 dias úteis. Nesse mês, os

poços de monitoramento PM-02, PM-03 e PM-05, não apresentaram fase livre. Já os

poços PM-01 e PM-04 apresentaram uma espessura média dessa 14,0 cm e 10,0 cm,

respectivamente.

66

Neste periodo. foram extraídos um total de 1,9 m3 de fase livre de

hidrocarbonetos com uma média diária de 0,105 m3. A quantidade de água tratada em

média extraída diariamente durante este mês foi de 0,47 m3, sendo descartados 8,5

m3 dessa água.

Comparando-se o final da segunda quinzena Janeiro/10 com a primeira

quinzena de Fevereiro/10, nota-se que os poços de monitoramento PM-01 e PM-04

não apresentaram variações significativas na espessura média de fase livre,

correspondendo a 6,0 cm e 5,0 cm, na segunda quinzena de janeiro e na primeira

quinzena de fevereiro, respectivamente. Este fato também é observado ao longo do

mês de fevereiro, já que a espessura média da fase livre não sofreu grandes

mudanças, mantendo-se praticamente constante, de 6,0 cm no inicio da primeira

quinzena de fevereiro para 4,0 cm no final da segunda quinzena do mesmo mês.

Março:

Durante o mês de março, o sistema MPE operou durante 23 dias (úteis), onde

foram extraídos um total de 2,4 m3 de fase livre de hidrocarbonetos com uma média

diária de 0,1 m3 e descartados 6,6 m3 de água tratada, sendo extraído diariamente

uma média de 0,29 m3.

No poço de monitoramento PM-01, a espessura média da fase livre observada

durante o mês foi de 11,0 cm. Já no poço PM-04, esse valor foi de 5,0 cm.

Durante todo o mês de março, os poços PM-02, PM-03 e PM-05 não

apresentaram fase livre.

Abril:

De 05/04/10 a 30/04/10, o sistema MPE operou durante 18 dias (úteis). Foram

extraídos um total de 1,3 m3 de fase livre de hidrocarbonetos com uma média diária de

0,07 m3 e descartados 7,5 m3 de água tratada, sendo extraído diariamente uma média

de 0,42m3.

Não foi realizado o monitoramento da fase livre durante o período de

12/04/2010 e 30/04/2010. Isso ocorreu devido a problemas de funcionamento no

medidor de fase livre/nível d’água (Interface).

Nos dias 21/04/10 e 23/04/10 o sistema esteve desligado devido a feriados.

67

Novamente, os poços de monitoramento PM-02, PM-03 e PM-05, não

apresentaram fase livre no período entre 05/04/10 e 09/04/10.

Observou-se no PM-01, uma espessura média da fase livre de 2,0 cm em

05/04/10, que não foi mais verificada neste ponto entre 06/04/10 e 09/04/10. Já no

poço de monitoramento PM-04, a fase livre encontrada possuía 2,0 cm de espessura

média.

Maio:

O sistema MPE operou durante 20 dias (úteis), sendo extraídos um total de

1,58 m3 de fase livre de hidrocarbonetos com uma média diária de 0,08 m3 e

descartados 11,22 m3 de água tratada, sendo extraído diariamente uma média de 0,56

m3.

Não foi realizado o monitoramento de fase livre, entre os dias 03/05/2010 e

11/05/2010, devido a problemas de funcionamento no medidor de fase livre/nível

d’água (Interface).

O poço de monitoramento PM-01, apresentou espessura média de 17,0 cm. Já

PM-02 apresentou espessura média de fase livre, muito maior, sendo o valor igual a

68,0 cm.

O poço de monitoramento PM-03 não apresentou fase livre entre os dias

12/05/10 e 14/05/10 , porém, entre os dias 17/05/10 e 21/05/10, espessura de fase

livre chegou a cerca de 21,0cm. Este poço voltou a não apresentar indícios de fase

livre entre os dias 24/05/10 e 28/05/10.

PM-04 não apresentou fase livre ao longo do mês. Para o poço de

monitoramento PM-05, observou-se a espessura média de fase de 14,0 cm.

2. Mapa topográfico

O mapa abaixo, confeccionado através do software Surfer 7.0, apresenta as

cotas dos poços de monitoramento com suas referidas coordenadas, no qual a

máxima altitude é de 5,8 metros e a mínima é 3,6 metros, valores baixos e

relativamente próximos, configurando um terreno suave e plano.

68

Figura 28: Mapa Topográfico da área de estudo.

3. Estimativa da permeabilidade

A permeabilidade foi calculada através do software Aqtesolv, versão 3.0 pelo

método de Hvorslev. O relatório produzido pelo programa encontra-se em anexo.

A permeabilidade medida no poço PM-04 é de 0,00000331m/s (0,0001986

m/min) e no poço PM-06, o valor é 0,000003043 m/s (0.0001826 m/min). A partir da

média aritmética desses valores, tem-se a permeabilidade média do solo na área de

estudo, sendo esta 0,0000031765m/s (3,1765x10−6 m/s).

Mapa topográfico da área de estudo

69

4. Fluxo da água subterrânea

A velocidade da água subterrânea na direção de fluxo foi determinada através

da lei de Darcy como estabelecido na expressão abaixo:

Para o uso desta fórmula foi considerado o valor de (K) em cm/s

(3,1765x10−6 m/s = 3,1765x10−4cm/s) que constitui uma média da condutividade

hidráulica estudada nos seis poços de monitoramento. O gradiente hidráulico (i) foi

obtido através do site da EPA, descrito no Capítulo 4, item 3.2. Para o valor de (n) foi

considerado o meio arenoso.

De acordo com Freeze e Cherry (1979) apud Vicente (2008), para a porosidade

dos sedimentos da área, a porosidade estimada é de 30%, sendo n = 0,3.

Assim, substituíndo esses valores na fórmula, calculamos a velocidade de fluxo

da água subterrânea que é 1,2293x10−4 m/s. Com esse valor foi produzido o mapa de

fluxo abaixo.

v __Ki __

n

70

Figura 29: Mapa de fluxo da área de estudo.

Observa-se no mapa acima que o fluxo da água subterrânea se apresenta

“perturbado”. Isso se deve ao fato que toda esta área está sendo bombeada

constantemente, não sendo possível indicar uma direção preferencial de fluxo.

Segundo HAZTEC (2009), as águas subterrâneas da região possuem um

sentido de fluxo que varia entre Noroeste e Sudoeste em função da influência da

maré, já que o local se insere entre a Lagoa de Jacarepaguá e o Oceano Atlântico

(Praia da Barra da Tijuca).

Mapa de fluxo da área de estudo

71

Como dito no tópico 4 de hidrografia do capítulo de caracterização fisiográfica,

toda a baixada de Jacarepaguá possui uma bacia hidrográfica constituída por rios e

lagoas, cuja área de recarga situa-se nas vertententes dos maciços, nos morros,

principalmente nas elevações do Alto da Boa Vista. Já a área de descarga, no primeiro

momento, são as lagoas e em seguida o mar.

Localmente a área é composta por sedimentos fluvio-marinhos. Esses

sedimentos compõem um aquífero poroso livre, onde a recarga ocorre em toda sua

extensão pela infiltração direta das águas da chuva. A área de descarga está

caracterizada pelas lagoas próximas ao empreendimento, mais especificamente, a

Lagoa de Jacarepaguá e o Oceano Atlântico.

5. Radargramas

Neste tópico estão expostos os resultados do levantamento geofísico após

terem sido processados.

A área de estudo encontra-se numa das principais avenidas da Barra da Tijuca.

A localização do posto numa área urbana influencia bastante os sinais recebidos pelo

GPR, devido a presença de ínumeros objetos acima e abaixo da superfície, como por

exemplo prédios, postes, rede subterrânea de água, esgoto, telefone, energia elétrica,

o próprio sistema subterrâneo de abastecimento do posto, até sua cobertura (teto),

dentre várias outras coisas que são percebidas pelo georadar. Esses objetos se

comportam como difratores das ondas eletromagnéticas emitidas pelo GPR e são

visualizados como hipérboles de difração na seções.

Observa-se nos perfis, um refletor contínuo e de alta energia, localizado em

média a 1,5 metros de profundidade, correspondente ao lençol freático. Essa

afirmação é confirmada através das medidas de nível d’água nos poços de

monitoramento realizadas em campo, como podemos ver no capítulo 4, item 2.2.

Outra característica comum nas seções é a presença de varias hipérboles de

difração. Elas podem corresponder a difratores na superfície ou abaixo dela.

Analisando a velocidade dessas hipérboles podemos determinar a qual meio

correspondem, tendo em conta que velocidades a partir de 0,2 m/ns estão

relacionadas a objetos na superfície, e velocidades menores, são associadas a objetos

em subsuperfície.

O perfil L1 (figura 27) foi levantado perpendicularmente aos tanques de

armazenamento subterrâneo TQ-01, TQ-02, TQ-03 e TQ-04. Nesse perfil podemos

identificar sete hipérboles de difração em subsuperfície. Dessas, quatro têm seu o

72

ápice a uma profundidade de aproximadamente 2 metros, coincidindo com a

localização dos tanques. As outras hipérboles corresponderiam a objetos não

identificados. Os mesmos tanques também podem ser visualizados nos perfis das

linhas L6 e L12.

. Figura 30: Perfil L1

Figura 31: Perfil L1 com as hipérboles referentes aos tanques subterrâneos TQ-01, TQ-02, TQ-03, TQ-04.

Figura 32: Perfil L6

73

Figura 33: Perfil L6 com os tanques subterrâneos TQ-01, TQ-02, TQ-03, TQ-04 identificados.

Figura 34: Perfil L12.

Figura 35: Perfil L12 com os mesmos tanques subterrâneos identificados nas linhas 1 e 6.

Uma análise similar pode ser feita nas linhas L3 e L11, mostrando a presença

dos tanques TQ-05, TQ-06, TQ-07 e TQ-08.

74

Figura 36: Perfil L3

Figura 37: Perfil L3 com os tanques subterrâneos TQ-05, TQ-06, TQ-07, TQ-08 identificados.

Figura 38: Perfil L11

75

Figura 39: Perfil L11 com os mesmos tanques subterrâneos identificados na linha 3.

Uma característica especial é notada na linha L10, entre 20 e 40 metros de

distância. Trata-se de um refletor de alta amplitude, cujos contornos apresentam

hipérboles de difração. Analisando as velocidades das hipérboles, vemos que estas

correspondem a 0,1974m/ns e 0,2181 m/ns, sendo identificadas como ondas viajando

no ar. Esse refletor é associado à cobertura do posto de gasolina. Esta mesma

situação pode ser identificada nas linhas L2 e L9.

Todas as seções apresentam zonas de baixa reflexão a partir de 2 metros de

profundidade. Elas são bem delimitadas nas linhas L2, L9 e L10, na qual podemos

observar a mudança lateral na refletividade. Nos perfis L10, a 5 metros da origem,

vemos esta mudança. No outro extremo da linha, isso não é muito bem pronunciado,

no entanto, observam-se quedas na refletividade. Esses perfis delimitam a zona de

baixa refletividade na direção norte-sul.

Figura 40: Perfil L10

76

Figura 41: Perfil 10 com hipérboles identificadas de alta velocidade, referente à cobertura do posto. A linha verde limita a zona de alta refletividade coma zona de baixa refletividade, evidenciando o limite

lateral dessas zonas.

Figura 42: Perfil L2

Figura 43: Perfil L2 com uma hipérbole identificada referente a cobertura do posto. Em linha verde

está demarcado o limite lateral entre as zonas de baixa reflexão e alta reflexão.

77

Figura 44: Perfil L9

Figura 45: Perfil L9 com hipérboles identificadas de alta velocidade, referente à cobertura do posto. A linha verde limita a zona de alta refletividade coma zona de baixa refletividade, evidenciando

o limite lateral dessas zonas.

As linhas L2 e L10 foram levantadas em dois dias diferentes. O perfil L2 foi feito

no primeiro dia, com o bombeamento desligado, enquanto que o L10 foi realizado no

segundo dia, com o bombeamento ligado para fins de remediação. Isto permite

comparar as seções GPR com diferentes graus de contaminação. Como visto na

figura 15, essas duas linhas estão quase superpostas, não tendo o mesmo ponto

inicial. Analisando a refletividade entre 5 e 20 metros de distância em ambas seções, a

perda de energia é maior na linha L2, coincidindo com a situação de não

bombeamento.

Outras linhas também podem ser comparadas na situação de bombeamento e

não bombeamento, como as linhas L1, L6 e L12, próximas entre si como mostrado na

figura 15. Comparando a refletividade abaixo de 2 metros, as linhas L12 e L6,

levantadas sob condição de bombeamento, apresentam maior energia que no perfil

L1, realizado em situação de não bombeamento.

Através da mesma figura, no outro extremo do posto, paralelamente as linhas

citadas acima, nos perfis L3 e L11 próximos entre si, também apresentam essa

diferença, no entanto menos pronunciado. Em nenhuma dessas linhas (L1, L3, L6, L11

e L12) consegue-se delimitar a perda de energia nas direções leste-oeste.

78

CAPÍTULO 6- Conclusão

A avaliação da contaminação no posto de combustíveis junto ao estudo de sua

remediação permitiu observar nas seções GPR, a influência do contaminante em dois

diferentes estágios: antes e depois do bombeamento.

Associamos as baixas zonas de reflexão, abaixo do lençol freático, a

contaminação em fase dissolvida. Este apresenta alta condutividade devido à

presença de ácidos produzidos pela biodegradação dos contaminantes, como já

mostrado em trabalhos publicados por diferentes autores.

Baseado nestes resultados conseguiu-se delimitar a pluma de contaminação

somente na direção norte-sul. Para a delimitação da contaminação na direção leste-

oeste precisa-se de uma linha de aquisição mais extensa, cobrindo uma área ainda

maior. A dificuldade em se determinar os limites da pluma nesse caso, é devido ao

fato dela se apresentar dissolvida em água, e como o fluxo de água subterrânea varia

de noroeste a sudoeste, a pluma nessa orientação é mais extensa.

Como se sabe, a área é composta por sedimentos fluvio-marinhos que

compõem um aquífero poroso livre onde a recarga ocorre em toda sua extensão pela

infiltração direta da água das chuvas. Este fato indica uma vulnerabilidade do aquífero

em questão pois qualquer contaminação que ocorra terá infiltração direta no aquífero,

não apresentando barreiras para qualquer contaminação.

De acordo com o tópico 5 do capítulo de resultados, a velocidade do fluxo no

local é 1,2293x10−4m/s. Sabendo que a água subterrânea migra em direção a Lagoa

de Jacarepaguá (área de descarga do aquífero local), que esta situa-se a 1.500m de

distância da área de estudo, e com base no valor de velocidade do fluxo, a

contaminação em fase dissolvida levaria 3,86 anos para atingir a lagoa. Porém, como

a velocidade de migração da pluma depende do mecanismo de transporte

predominante no local, e a área atingida pelo contaminante está diretamante

relacionada com o tempo de contaminação e quando começou, sendo estas

informações desconhecidas, não podemos afirmar que a pluma de contaminação já

tenha atingido a lagoa.

Para a confirmação desta hipótese é preciso melhor investigar se o transporte

da pluma se dá preferencialmente pelo fluxo de água subterrânea, pois embora sua

velocidade seja muito alta, a contaminação pode se propagar de forma diferente, de

acordo com o mecanismo de transporte predominante e influenciada pelos processos

de formação das fases de contaminação (adsorção, dissolução, volatilização).

79

Com respeito a remediação, o sinal de GPR conseguiu revelar notavelmente a

diferença entre diferentes graus de contaminação, a partir da análise de refletividade,

antes e depois do bombeamento. Essa análise mostrou que quando o sistema de

remediação apresentava-se em funcionamento (ligado), a zona de baixa reflexão era

menos intensa se comparada com àquelas presentes nos perfis obtidos na condição

de não bombeamento. Isso caracteriza uma menor concentração do contaminante

presente no solo, quando o sistema encontra-se ligado, comprovando o bom

funcionamento do sistema MPE.

Aliada a essa informação, está o monitoramento da fase livre que nos mostra a

diminuição da espessura da fase livre no período de Janeiro a Maio, confirmando a

eficiência do sistema de bombeamento.

Para uma melhor determinação das variadas fases de contaminação presentes

no local, especialmente a fase livre, é necessário um novo levantamento geofísico,

com antenas de maior frequência, abrangendo uma área mais ampla, se possível,

ultrapassando os limites do posto, principalmente na direção leste-oeste na qual a

contaminação se apresenta mais extensa.

Recomenda-se a continuação do acompanhamento do monitoramento da

espessura da fase livre, bem como o uso de análises químicas para acompanhar o

grau de remediação local.

De acordo com o exposto, são necessários mais estudos para estabelecer de

forma mais precisa o tamanho da pluma, os processos predominantes no transporte e

degradação do contaminante, além do contínuo monitoramento da remediação

implantada no local.

80

CAPÍTULO 7- Referências bibliográficas

ABDANUR, A. Remediação de Solo e Água Subterrânea Contaminados por Hidrocarbonetos de Petróleo: Estudo de Caso Na Refinaria. 156p. Dissertação de mestrado em Ciências do Solo. Curitiba (PR): Universidade Federal do Paraná, 2005.

ALMEIDA, F. M., SOUZA, D. M., LUIZ, J. G., 2007. Contaminação por hidrocarnonetos em postos de serviços de Abaetetuba- PA: Um estudo com georadar. 4º PDPETRO, Campinas, SP. ANP - AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO. Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo e do Gás Natural 2007. Endereço eletrônico: www.anp.gov.br – acessado em 17 de maio de 2010. AZAMBUJA, E. COSTA, A. F. U., NANNI, A. S., 2000. O emprego da prospecção geofísica na avaliação de plumas de contaminação por hidrocarbonetos. XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e ambiental. Porto Alegre/RS. BORGES W. R., 2002. Investigações geofísicas na borda da Bacia Sedimentar de São

Paulo, utilizando-se GPR e Eletrorresistividade. 127p. Dissertação de Mestrado, IAG-

USP, São Paulo.

BORGES, W., LAGO A., FACHIN S., ELIS V., SANTOS E. GPR utilizado na deteção

da geometria de cavas usadas para disposição de resíduos de óleos lubrificantes.

Rev. Bras. Geof. vol.24 no.4 São Paulo Out./Dec. 2006.

BRITO, F. do V. et al., 2005. Estudo da Contaminação de Águas Subterrâneas por BTEX oriundas de postos de distribuição no Brasil. CARVALHO, D. S., 2006. A geofísica no mapeamento de áreas contaminadas. II

Workshop Gestão Integrada: Risco e sustentabilidade. Centro Universitário Senac/

São Paulo.

COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL - CETESB. Investigação para Remediação - Capitulo X. São Paulo: CETESB, 2007, p. 7. COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL-CESTEB. Técnicas de remediação implantadas , 2008. Disponível no site http://www.ebah.com.br/> acessado em 9 de setembro de 2010. CPRM- Serviço Geológico do Brasil/Departamento de Recursos Minerais - DRM-RJ,

mapa em escala 1:400.000, Programa de Levantamentos Geológicos Básicos do

Brasil.

DEHAINE J. 2001. Detecção da pluma de contaminação de hidrocarbonetos em

subsuperfície pelo método de radar de penetração. Tese de Doutorado, IGc/USP, São

Paulo, 100p.

FAVERA C. H. D., 2008. Sites contaminados por hidrocarbonetos: Principais Técnicas de Remediação e Exemplo de Aplicação. 104p. Trabalho de graduação, Centro de Tecnologia-UFSM- São Paulo.

81

FERNANDES, M., CORSEUIL, H. X. Contaminação de águas subterrâneas por derramamento de gasolina: efeito co-solvência. In: SIMPÓSIO ÍTALOBRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 3 1996, Gramado. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 1996. FERREIRA, J.; ZUQUETTE, L. V. Considerações sobre as interações entre contaminantes constituídos de hidrocarbonetos e os compostos do meio físico. Instituto de Geociências, 557p, 1998. GLÓRIA, K. DA SILVA. Metodologias alternativas para detecção e localização de

vazamento. Bol. téc. PETROBRAS, Rio de Janeiro, 45 (2): abr./jun.,2002.

Google www.google.com.br. Acessada em 14 de junho de 2010

GUIGUER, N. Poluição das águas subterrâneas e do solo causada por vazamentos em postos de abastecimento. Waterloo Hydrogeologic, Inc. 356p, 2000. HAZTEC, 2009. Relatório de Investigação Ambiental Complementar. KRUGER, M. M., 2002. Monitoramento de áreas contaminadas por hidrocarbonetos Exemplo de uma área urbana em Curitiba Br” . Tese de Mestrado, Setor de Ciências da Terra, UFPR. 145p. MACHADO F. H., FERREIRA O. M., 2007. Postos de combustíveis: quantificação e qualificação da atividade no município de Goiânia.

MANCINI, T. M. Métodos De Caracterização de Áreas Potencialmente Contaminadas por Hidrocarbonetos de Petróleo. 187p. Trabalho de Formatura. Rio Claro (SP): Universidade Estadual Paulista - Instituto de Geociências, 2002. MARINS, M.D.M. & CORSEUIL, H. X. Contaminação de Águas Subterrâneas por Derramamentos de Gasolina: O Problema É Grave? Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, v.2, n.2, p.50-54, 1997. MINDRISZ, A. C. Avaliação da contaminação da água subterrânea de poços tubulares, por combustíveis fósseis, no município de Santo André, São Paulo: uma contribuição à gestão ambiental. 254p. Tese de doutorado. São Paulo (SP): Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, 2006. MONTEZUMA R., OLIVEIRA R. Ecossistemas da Baixada de Jacarepaguá e o PEU das Vargens (1). Revista ARQUITEXTOS, jan 2010. Disponível no site <www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq116/arq116_01.asp> acessado em 25 de abril de 2010. MOREIRA, C. A., DOURADO J. C. Monitoramento da atenuação natural de pluma de

contaminação pelo método de radar de penetração no solo (GPR). Rev. Bras.

Geof. vol.25 no.4 São Paulo Oct./Dec. 2007.

NEVES FILHO, S. C., 2009. Caracterização funcional das tipologias vegetacionais da Barra da Tijuca e suas implicações no estabelecimento das compensações ambientais. 56p. Trabalho de graduação, IF-UFRRJ, Rio de Janeiro.

82

NUNES G., 2008. Contaminação do solo e água subterrânea por hidrocarbonetos de petróleo e o caso da gasolina brasileira. 98p. Trabalho de graduação. UFSM- São Paulo. OLIVEIRA, E. de. Contaminação de aquíferos por hidrocarbonetos provenientes de vazamentos de tanques de armazenamento subterrâneo. Dissertação de mestrado. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo, Instituto de Geociências, 1992. ORTEGA, R. A., 2006. Localização e Delineamento de Pluma de Contaminação por Hidrocarbonetos através dos Métodos GPR e Tomografia Elétrica. 115p. Dissertação de Mestrado, IAG-USP, São Paulo. PAGLIARI T. S., 2009. Remediação do solo contaminado por óleo através de extração multifásica a vácuo. Trabalho de graduação. Universidade Anhembi Morumbi- São Paulo. PEDROSA, T. R. M. A. M. Caracterização de Plumas Contaminantes de Hidrocarbonetos em Postos de Abastecimento em Fortaleza, Usando o Método Eletromagnético Radar de Penetração do Solo (GPR). 2004. 135p. Dissertação de Mestrado em Geologia, Centro de Ciências, UFC, Fortaleza, 2004. PENNER, G. C. Estudos Laboratoriais da Contaminação do Solo por Gasolina com o Uso de Detetor de Fotoionização. 107p. Dissertação de Mestrado. São Carlos (SP): Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2000.

SAUCK WA. 2000. A model for the resistivity structure of LNAPL plumes and their

environs in sandy sediments. Journal of Applied Geophysics, 44: 151-165.

SILVA, R. L. B. Contaminação de Poços Rasos no Bairro Brisamar, Ítaguai, RJ, por Derramamento de Gasolina: Concentração de Btex e Avaliação da Qualidade da Água Consumida Pela População. 182p. Tese de Doutorado em Ciências na área de Saúde Pública. Rio de Janeiro (RJ): Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, 2002. SILVA, M. A. B. da. Sistema de Classificação Fuzzy para Áreas Contaminadas. 221p. Tese de Doutorado em Engenharia Civil– Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2005. SMA- Saneamento e Meio Ambiente, 2010. Relatório de Implantação do Sistema de Remediação Ambiental MPE- Extração Multifásica. SOUZA A. C. P., 2008. Uso do GPR na caracterização da pluma de contaminação gerada por hidrocarbonetos a partir de um posto de combustível na praia de Búzios/RN. 69p. Dissertação de Mestrado, UFRN. TROVÃO, R. S. Análise ambiental de solos e águas subterrâneas contaminadas com gasolina: estudo de caso no Município de Guarulhos. 224p. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Minas e de Petróleo. São Paulo (SP): Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2006. VICENTE, J. F., 2008. Caracterização Hidrogeológica de uma Área Experimental no Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. 144p. Tese de Mestrado em Engenharia Civil - PUC-Rio.

83

CAPÍTULO 8 – Anexos

Anexo 1: Ensaio de permeabilidade slug test no poço PM-04. AQTESOLV for Windows__________________________________________

Data Set: C:\Documents and Settings\Geologia\Desktop\Posto\slug pm04.aqt Date: 07/21/10 Time:12:19:41___________________________________________________________

PROJECT INFORMATION

Company: UFRRJ Client: Posto Via 11 Test Date: 14/06/2010 Test Well: PM04_________________________________________________________

AQUIFER DATA

Saturated Thickness: 1.26 m Anisotropy Ratio (Kz/Kr): 1.________________________________________________

SLUG TEST WELL DATA

Initial Displacement: 0.1 m Casing Radius: 0.025 m Wellbore Radius: 0.05 m Well Skin Radius: 0.05 m Screen Length: 2. m Total Well Penetration Depth: 1.26 m

No. of observations: 5

Observation Data Time(min) Displacement(m) Time(min) Displacement(m) Time(min) Displacement(m) 1. 0.03 3. 0.01 5. 0.01 2. 0.02 4. 0.01

______________________________________________________________________

SOLUTION

Aquifer Model: Unconfined Solution Method: Hvorslev_________________________________________________

VISUAL ESTIMATION RESULTS

Estimated Parameters

Parameter Estimate K 0.0001986 m/min y0 0.03406 m

______________________________________________________________________

NOTES

Slug Rebaixamento ______________________________________________________________________ 07/21/10 12:19:41

84

Anexo 2: Ensaio de permeabilidade slug test no poço PM-06. AQTESOLV for Windows__________________________________________

Data Set: C:\Documents and Settings\Geologia\Desktop\Posto\slug pm06.aqt Date: 07/21/10 Time: 12:20:27__________________________________________________________

PROJECT INFORMATION

Company: UFRRJ Client: Posto Via 11 Test Date: 14/06/2010 Test Well: PM-06________________________________________________________

AQUIFER DATA

Saturated Thickness: 1.37 m Anisotropy Ratio (Kz/Kr): 1.________________________________________________

SLUG TEST WELL DATA

Initial Displacement: 0.18 m Casing Radius: 0.025 m Wellbore Radius: 0.05 m Well Skin Radius: 0.05 m Screen Length: 2. m Total Well Penetration Depth: 1.37 m

No. of observations: 11

Observation Data Time(min) Displacement(m) Time(min) Displacement(m) Time(min) Displacement(m) 1. 0.14 5. 0.07 9. 0.04 2. 0.11 6. 0.06 10. 0.04 3. 0.09 7. 0.05 12. 0.035 4. 0.08 8. 0.045 ______________________________________________________________________

SOLUTION

Aquifer Model: Unconfined Solution Method: Hvorslev_________________________________________________

VISUAL ESTIMATION RESULTS

Estimated Parameters

Parameter Estimate K 0.0001826 m/min y0 0.03406 m ______________________________________________________________________

NOTES

Slug Rebaixamento ______________________________________________________________________ 07/21/10 12:20:27

85

Anexo 3: Tabelas de monitoramento da espessura da fase livre retirada dos

poços de extração pelo sistema de remediação MPE - Extração Multifásica

implantado no posto.

Janeiro/2010:

TABELA 1 – Espessura de Fase Livre (05/01/10 a 08/01/10)

Poços 05/01/10 06/01/10 07/01/10 08/01/10

PM-01 8,0 cm 9,0 cm 4,0 cm 6,0 cm

PM-02 4,0 cm 35,0 cm 4,0 cm 4,0 cm

PM-03 - - - -

PM-04 - - - -

PM-05 27,0 cm 24,0 cm 24,0 cm 25,0 cm

TABELA 2 – Espessura de Fase Livre (11/01/10 a 15/01/10)

Poços 11/01/10 12/01/10 13/01/10 14/01/10 15/01/10

PM-01 8,0 cm 9,0 cm 13,0 cm 13,0 cm 13,0 cm

PM-02 8,0 cm 9,0 cm 10,0 cm 10,0 cm 8,0 cm

PM-03 - - - - -

PM-04 - - - - -

PM-05 26,0 cm 19,0 cm 25,0 cm 26,0 cm 24,0 cm

TABELA 3 – Espessura de Fase Livre (18/01/10 a 22/01/10)

Poços 18/01/10 19/01/10 20/01/10 21/01/10 22/01/10

PM-01 14,0 cm 24,0 cm S/ Medição 6,0 cm 6,0 cm

PM-02 3,0 cm 10,0 cm S/ Medição 15,0 cm -

PM-03 - - S/ Medição - -

PM-04 - - S/ Medição - 8,0 cm

PM-05 26,0 cm 26,0 cm S/ Medição - -

TABELA 4 – Espessura de Fase Livre (25/01/10 a 29/01/10)

Poços 25/01/10 26/01/10 27/01/10 28/01/10 29/01/10

PM-08 17,0 cm Desligado 18,0 cm 12,0 cm 15,0 cm

PM-02 - Desligado - - -

PM-03 - Desligado - - -

PM-04 11,0 cm Desligado 11,0 cm 11,0 cm 11,0 cm

PM-05 - Desligado - - -

Fevereiro/2010:

TABELA 1– Espessura de Fase Livre (01/02/10 a 05/02/10)

Poços 01/02/10 02/02/10 03/02/10 04/02/10 05/02/10

PM-01 66 cm 8,0 cm 8,0 cm 9,0 cm 18,0 cm

PM-02 - - - - -

PM-03 - - - - -

PM-04 9,0 cm 9,0 cm 7,0 cm 7,0 cm 10,0 cm

PM-05 - - - - -

86

TABELA 2 – Espessura de Fase Livre (08/02/10 a 12/02/10)

Poços 08/02/10 09/02/10 10/02/10 11/02/10 12/02/10

PM-01 8,0 cm 11,0 cm 10,0 cm 11,0 cm 14,0 cm

PM-02 - - - - -

PM-03 - - - - -

PM-04 15,0 cm 10,0 cm 10,0 cm 10,0 cm 11,0 cm

PM-05 - - - - -

TABELA 3 – Espessura de Fase Livre (15/02/10 a 19/02/10)

Poços 15/02/10 16/02/10 17/02/10 18/02/10 19/02/10

PM-08 Sistema

Desligado Sistema

Desligado 12,0 cm 10,0 cm 10,0 cm

PM-02 Sistema

Desligado Sistema

Desligado - - -

PM-03 Sistema

Desligado Sistema

Desligado - - -

PM-04 Sistema

Desligado Sistema

Desligado 17,0 cm 10,0 cm 8,0 cm

PM-05 Sistema

Desligado Sistema

Desligado - - -

TABELA 4 – Espessura de Fase Livre (22/02/10 a 26/02/10

Poços 22/02/10 23/02/10 24/02/10 25/02/10 26/02/10

PM-01 12,0 cm 10,0 cm S/ Medição S/ Medição S/ Medição

PM-02 - - S/ Medição S/ Medição S/ Medição

PM-03 - - S/ Medição S/ Medição S/ Medição

PM-04 10,0 cm 8,0 cm S/ Medição S/ Medição S/ Medição

PM-05 - - S/ Medição S/ Medição S/ Medição

Março/2010:

TABELA 1 – Espessura de Fase Livre (01/03/10 a 5/03/10)

Poços 1/3/2010 2/3/2010 3/3/2010 4/3/2010 5/3/2010

PM-01 18,0 cm 19,0 cm 2,0 cm 19,0 cm 24,0 cm

PM-02 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-03 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-04 7,0 cm 7,0 cm 9,0 cm 6,0 cm 4,0 cm

PM-05 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

TABELA 2 – Espessura de Fase Livre (07/12/09 a 11/12/09)

Poços 8/3/2010 9/3/2010 10/3/2010 11/3/2010 12/3/2010

PM-01 22,0 cm 19,0 cm 2,0 cm 8,0 cm 4,0 cm

PM-02 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-03 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-04 15,0 cm 11,0 cm 8,0 cm 6,0 cm 15,0 cm

PM-05 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

87

TABELA 3 – Espessura de Fase Livre (15/03/10 a 19/03/10)

Poços 15/3/2010 16/3/2010 17/3/2010 18/3/2010 19/3/2010

PM-01 4,0 cm 2,0 cm 4,0 cm 1,0 cm 2,0 cm

PM-02 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-03 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-04 4,0 cm 3,0 cm 4,0 cm 3,0 cm 1,0 cm

PM-05 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

TABELA 4– Espessura de Fase Livre (22/03/10 a 26/03/10)

Poços 22/3/2010 23/3/2010 24/3/2010 25/3/2010 26/3/2010

PM-01 8,0 cm 7,0 cm 4,0 cm 5,0 cm 5,0 cm

PM-02 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-03 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-04 3,0 cm 4,0 cm 1,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-05 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

TABELA 5 – Espessura de Fase Livre (29/03/10 a 31/03/10)

Poços 29/3/2010 30/3/2010 31/3/2010

PM-01 7,0 cm 6,0 cm 6,0 cm

PM-02 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-03 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-04 2,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-05 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

Abril/2010:

TABELA 1 – Espessura de Fase Livre (05/04/10 a 08/04/10)

Poços 5/4/2010 6/4/2010 7/4/2010 8/4/2010 9/4/2010

PM-01 4,0 cm 6,0 cm 3,0 cm 3,0 cm 3,0 cm

PM-02 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-03 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm PM-04 2,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-05 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

Maio/2010:

TABELA 2 – Espessura de Fase Livre (10/05/10 a 14/05/10)

Poços 10/05/10 11/05/10 12/05/10 13/05/10 14/05/10

PM-01 Sem Dados Sem Dados 19,0 cm 2,0 cm 21,0 cm

PM-02 Sem Dados Sem Dados 3,0 cm 2,0 cm 3,0 cm

PM-03 Sem Dados Sem Dados 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-04 Sem Dados Sem Dados 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-05 Sem Dados Sem Dados 2,0 cm 34,0 cm 21,0 cm

88

TABELA 3 – Espessura de Fase Livre (17/05/10 a 21/05/10)

Poços 17/5/10 18/5/10 19/5/10 20/5/10 21/5/10

PM-01 21,0 cm 20,0 cm 23,0 cm 20,0 cm 20,0 cm

PM-02 4,0 cm 1,0 cm 7,0 cm 18,0 cm 10,0 cm

PM-03 2,0 cm 18,0 cm 18,0 cm 21,0 cm 6,0 cm

PM-04 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-05 21,0 cm 16,0 cm 14,0 cm 5,0 cm 0,0 cm

TABELA 4 – Espessura de Fase Livre (24/05/10 a 28/05/10)

Poços 24/5/10 25/5/10 26/5/10 27/5/10 28/5/10

PM-02 9,0 cm 6,0 cm 4,0 cm 7,0 cm 5,0 cm

PM-06 1,0 cm 0,0 cm 22,0 cm 20,0 cm 13,0 cm

PM-05 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-09 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm 0,0 cm

PM-08 24,0 cm 19,0 cm 12,0 cm 4,0 cm 2,0 cm