Interpretação Textual -...
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Discurso textual
• Há uma voz no texto que transmite ao leitor um conteúdo ideológico. Reflete valores morais e sociais e até mesmo grau de instrução.
• Define-se discurso textual como qualquer fragmento associado à fala ou à escrita em um contexto específico. Pode representar um indivíduo ou um grupo social e apresentar sentimentos, críticas, opiniões, sugestões, entre outras intenções.
• O discurso pode ser explicitado no texto, por meio da reprodução da fala propriamente dita (discurso direto), ou estar subentendido na voz de um narrador (discurso indireto).
Observe este fragmento da carta do maestro Júlio Medaglia, dirigida à prefeita de São Paulo entre 1989 e 1993, Luiza Erundina.
“Massa!
Pô, Erundina, massa! Agora que o maneiro Cazuza virou
nome num pedaço de aqui na Sampa, quem sabe tu te anima e
acha aí um point pra botá o nome de Magdalena Tagliaferro,
Claudio Santoro, Jacques Klein, Edoardo de Guarnieri,
Guiomar Novaes. Esses caras não foi „cruner‟ de banda a la
„Trogloditas do Sucesso‟, mas se a tua moçada não manjar
quem eles foi dá um look aí na Enciclopédia Britânica ou no
Groves International e tu vai sacá que o astral do século 20
musical deve muito a eles.” Folha de S. Paulo, 4 out 1990.
Nota-se uma reprodução intencional da linguagem da juventude urbana dos anos 1980. Alguns traços de oralidade, como o uso de estrangeirismos e gírias, além da referência de Cazuza. O maestro quis criticar o esquecimento, por parte das autoridades públicas, de grandes nomes da música brasileira. Muitas vezes, é dada importância a celebridades que estão na mídia como Cazuza. A reprodução do discurso da juventude dos anos 1980 foi usada, nesse texto, de forma criativa, na obtenção de um efeito crítico. Observe outros discursos subentendidos.
Discurso político - Destaca a reação do telespectador ao assistir ao horário eleitoral. A crítica e o humor se dá pela repetição da onomatopeia blá, a qual remete à ideia de um discurso vazio e descrédito de alguns políticos.
Discurso ambiental – O cartum alude a uma temática constante: o futuro do meio ambiente. Visa conscientizar os leitores sobre questões de preservação, restauração e proteção dos recursos naturais da flora e fauna.
Ler não é apenas um processo de decodificação. Pressupõe também uma análise crítica, reflexiva e emotiva. É preciso comparar as ideias nele contidas, captar possíveis inferências, levantar hipóteses e identificar temas principais e secundários.
O emissor e receptor devem compartilhar um mundo similar para a mensagem pode ser compreendida.
Para se adquirir a competência leitora devem ser considerados alguns aspectos.
• O que é dito no texto? • Por que é dito? • Como é dito? • A quem é dito? • Qual o objetivo principal da mensagem? • Quais os recursos textuais empregados? • Que contexto(s) pode(m) ser associado(s) à mensagem?
Etapas de leitura
Decodificação Processo de decifrar o código escrito, representado por seus signos, ou no estágio mais mecânico, sem o senso crítico, reflexivo ou emotivo. Observe o texto a seguir:
De aorcodo com uma pesqiusa de uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra mtuio em qaul
odrem as lteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e
útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo.
O rseto pdoe ser uma ttaol bçguana que vcoê pdoe anida ler sem pobrlmea. Itso é
poqrue nós não lmeos cdaa lerta isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo. Agência Brasileira de Inteligência
Mesmo sendo alterado o padrão de comunicação, o leitor, ao associar esse texto ao código escrito com o qual é familiarizado, consegue processar a leitura mecânica.
Localização de informação Etapa que identifica no texto seus principais componentes: personagens, tempo, espaço, enredo, tema, subtemas etc. Observe o texto a seguir:
O cavalo e seu tratador
Um cuidadoso empregado de uma cocheira costumava passar longos dias escovando
e limpando um cavalo que estava sob suas responsabilidades.
Entretanto, ao mesmo tempo, roubava os grãos de milho separados para alimentar
o pobre animal, e os vendia para ter lucro.
Então, o cavalo se volta para ele e diz:
Acho apenas que, se o senhor de fato desejasse me ver em boas condições, me
acariciava menos e me alimentava mais. Esopo
Se identifica a ideia principal do enredo: a atitude do cuidador. O tema requer
maior habilidade do leitor para ser localizado. As personagens (tratador e
cavalo), o espaço (uma cocheira) e o enredo (a sequência de fatos) são
apresentados de forma explícita.
Associação A associação baseia-se no confronto dos sentidos do texto lido com informações contextuais. Requer, assim, o emprego de elementos adicionais, como aspectos culturais, sociais e históricos a ele relacionados. Veja o anúncio ao lado:
O texto possibilita duas leituras: literal e figurada. A literal ressalta o prazer de conhecer a Argentina, a sua cultura, as belezas e não apenas o futebol. A figurativa, explora as possibilidades da expressão “dar um passeio”.
Passeio pode significar “ir a um lugar a fim de entreter-se”, há também o significado de “vencer com facilidade”. Para a compreensão deste anúncio, é preciso que o leitor se ative à relação tradicional de rivalidade entre Brasil e Argentina no futebol.
Os seres humanos, no decorrer de milhares anos, produziram os mais variados
tipos de conhecimento, como vemos a seguir:
Conhecimento de senso comum ou popular
O senso comum corresponde à expressão do saber aceito por um grupo ou por
uma sociedade, sem a preocupação da veracidade. Por isso, é considerado
desvalorizado e limitado.
Na imagem ao lado, há a menção a uma supertição
popular: “passar por debaixo da escada dá azar!”.
Trata-se de um senso comum e não há uma
comprovação científica que ateste esta informação.
Para fazer a leitura da imagem, é preciso ativar o
conhecimento popular; caso isso não ocorra, não
haverá construção do sentido.
Conhecimento científico
Caracteriza-se pela busca de explicação e de comprovação da origem ou da
causa dos fenômenos a fim de que possam ser compreendidos. É baseado em
métodos e procedimentos estabelecidos e convencionados como eficientes para
comprovar ou refutar as hipóteses.
Leia o texto a seguir.
Que é cientificidade?
Para alguns, a ciência se identifica com as ciências naturais ou com a pesquisa
em bases quantitativas: uma pesquisa não é científica se não se conduzir mediante
fórmulas e diagramas. Portanto, não seria científica uma pesquisa a respeito da moral
em Aristóteles; mas também não o seria um estudo sobre consciência de classe e
levantes camponeses por ocasião da reforma protestante. Evidentemente, não é esse o
sentido que se dá ao termo “científico” nas universidades. Tentemos, pois, definir a
que título um trabalho merece chamar-se científico em sentido lato.
O modelo poderá muito bem ser o das ciências naturais tal como foram
apresentadas desde o começo do século. Um estudo é científico quando responde aos
seguintes requisitos:
1) O estudo debruça-se sobre um objeto reconhecível e definido de tal maneira que
seja reconhecível igualmente pelos outros. O termo objeto não tem necessariamente um
significado físico. A raiz quadrada também é um objeto, embora ninguém jamais a
tenha visto.
A classe social é um objeto de estudo, ainda que algumas pessoas possam
objetar que só se conhecem indivíduos ou médias estatísticas e não classes
propriamente ditas. [...]
2) A pesquisa deve dizer do objeto algo que ainda não foi dito ou rever sob
uma óptica diferente o que já se disse. Um trabalho matematicamente exato
visando demonstrar com métodos tradicionais o teorema de Pitágoras não
seria científico, uma vez que nada acrescentaria ao que já sabemos.
3) O estudo deve ser útil aos demais. Um artigo que apresente nova
descoberta sobre o comportamento das partículas elementares é útil. [...] Um
trabalho é científico se acrescentar algo ao que a comunidade já sabia, e se
todos os futuros trabalhos sobre o mesmo tema tiverem que levá-lo em conta,
ao menos em teoria.
4) O estudo deve fornecer elementos para a verificação e a contestação das
hipóteses apresentadas e, portanto, para uma continuidade pública. Esse é um
requisito fundamental. Posso tentar demonstrar que existem centauros no
Peloponeso, mas para tanto devo: (a) fornecer provas; (b) contar como procedi
para achar o fragmento; (c) informar como se deve fazer para achar outros; (d)
dizer, se possível, que tipo outro fragmento qualquer mandaria ao espaço
minha hipótese. ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 17 ed. São Paulo: Perspectiva, 2002.
O conhecimento linguístico merece atenção especial, pois os mais
diferentes códigos e linguagens são empregados em todas as relações que
envolvem comunicação. Por isso, a importância de aprender os conhecimentos
gramaticais e lexicais (palavras) satisfatórios para compreender os enunciados
da língua, como eles são organizados, o significado dos vocábulos, entre outros
aspectos. Na charge, o humor decorre da necessidade súbita de atualização de
um conhecimento que o personagem não possui.
Conhecimento linguístico
Conhecimento mítico
No senso comum, os mitos são associados a histórias inventadas. No
entanto, para muitas culturas, a linguagem mítica constitui a única explicação
consistente para algumas questões com a origem do Universo e da
humanidade.
As narrativas míticas caracterizam-se pela linguagem metafórica, fortemente
simbólica. Por meio dessas histórias, busca-se explicar, justificar e divulgar
conhecimentos sem comprovações científicas, baseando-se na crença de que
seres e atitudes divinos são responsáveis por determinados fatos ou por
fenômenos da natureza.
A seguir, leia uma das versões do mito de Eco e Narciso.
Eco e Narciso
Conta-se que, certa vez, Narciso passeava nos bosques. Perto dali, a ninfa ECO,
que era uma tagarela incorrigível, acompanhava-o, admirando sua beleza, mas sem
deixar que a notasse. Eco, em virtude de sua tagarelice, foi punida por Hera, esposa de
Zeus, para que sempre repetisse os últimos sons que ouvisse (por isso, na física,
chamamos de eco a reverberação do som). Por sua vez, Narciso, suspeitando de que
estava sendo seguido, perguntou: “quem está aí?”. E ouviu: “Alguém aí?” Então, ele
gritou novamente: “Por que foges de mim?”. E ouviu “foges de mim”. Até dizer
“Juntemo-nos aqui” e ter como resposta “juntemo-nos aqui”. Toda essa repetição
acabou deixando Narciso angustiado por desejar amar algo que não poderia ver.
Dessa forma, Narciso entristeceu-se e foi à beira de um lago, onde, de modo
surpreendente, deparou-se com sua imagem nos reflexos da água. Como nunca antes
havia se olhado (pois sua mãe foi recomendada a não permitir que isso ocorresse),
enamorou-se perdidamente, acreditando ser a pessoa com quem estava “dialogando”.
Por isso, tentou buscar incessantemente o seu reflexo, imergindo nas águas nesse
intento, mas acabou morrendo afogado. A ninfa Eco sentiu-se culpada e transformou-
se em um rochedo, vivendo a emitir os últimos sons que ouve. Do fundo da lagoa,
surgiu a flor que recebeu o nome de Narciso e tem as suas características.
CARAVAGGIO, Narciso. 1597-1599. Óleo sobre tela, 113 cm x 95 cm.
Conhecimento teológico
Fundamenta-se na fé e parte da aceitação da existência de um único Deus,
ou de deuses, os quais constituem-se a razão de ser do mundo. Esse
conhecimento é alcançado por meio da prática do culto e da leitura de livros de
cada religião.
Sobre esse conhecimento, leia o texto a seguir.
Responsório
Santo Antônio,
procurai para mim a carteira perdida,
vós que estais desafadigado,
gozando junto de Deus a recompensa dos justos.
Estão nela a paga do meu trabalho por um mês,
documentos e um retrato
onde apareço cansada, com uma cara
que ninguém olhará mais de uma vez
a não ser vós, que já em vida
vos apiedáveis dos tormentos humanos:
sumiu a agulha da bordadeira,
sumiu o namorado,
o navio no alto-mar,
sumiu o dinheiro no ar.
Tenho que comprar coisas, pagar contas,
dívidas de existir neste planeta convulso.
prometo-vos uma vela de cera,
um terço de meu salário
e outro que rezarei
pra entoar vossos louvores, ó Martelo dos Hereges,
cuja língua restou fresca
entre vossos ossos, intacta.
Servo do Senhor, procurai para mim a carteira
perdida
e se tal não aprouver a Deus para a salvação da
minha alma,
procurai antes me ensinar
a viver como vós,
como um pobre de Deus.
Amém! PRADO, Adélia. Responsório. O pelicano. Rio de Janeiro: Record, 2007.
O título do poema indica que serão apresentados aspectos relacionados à
religião católica, exigindo que o leitor saiba no que consiste um responsório e
conheça a representividade do santo a quem é dirigido o apelo.
Responsório é o conjunto de responsos, que são palavras pronunciadas ou
cantadas na igreja, por uma ou mais vozes, de forma alternada. Santo Antônio é
uma das grandes figuras do catolicismo, cultuado principalmente por moças
casamenteiras e os mais humildes. A expressão “Martelo de Hereges” faz
menção à história do santo que durante as Cruzadas, tornou-se um dos
defensores da fé católica.
Além desses conhecimentos, nota-se que o poema de Adélia Prado
estabelece relação intertextual com a oração “Responsório de Santo Antônio”,
pertencente à liturgia católica, na qual se lê:
“Se milagres desejais/ Contra os males e o demônio/
Recorrei a Santo Antônio/ E não falhareis jamais./
Pela sua intercessão/ Foge a peste, o erro e a morte,/
Quem é fraco fica forte/ Mesmo o enfermo fica são.”
Conhecimento filosófico
É o conhecimento produzido pelo homem a partir da reflexão em torno dos
problemas que foram encontrados ao longo de sua existência. Baseia-se no
questionamento, na argumentação e autonomia de pensamento por parte do
indivíduo, que pode interrogar até mesmo aquilo tomado como verdade.
Diferentemente da Ciência, que objetiva ter a posse do saber, a Filosofia o
questiona.
A história em quadrinhos a seguir é uma adaptação da “Alegoria da
caverna”, criada pelo filósofo Platão, que trata da busca de alguns homens pelo
conhecimento racional e da insistência de outros em permanecer reféns da
ignorância.
O pensador, de Auguste Rodin
Ao olhar a imagem anterior, é possível recuperar o cenário do conto
“Chapeuzinho vermelho”, do escritor francês Charles Perrault. O capuz e a
cesta constituem elementos visuais que são associados à personagem.
Na propaganda, o cenário deveria mostrar uma floresta grandiosa, é
modificado para alertar a derrubada indiscriminada de árvores. Para ocorrer
a interação produtiva entre o texto e o leitor, é necessário aprimorar diversos
níveis de compreensão, tais como:
Compreensão literal – Presente em tarefas nas quais é necessário que o sujeito
identifique ou localize informações que se encontram explícitas no texto. Consiste
em identificar o significado dos vocábulos e o conteúdo evidente nele presentes. A
compreensão, em textos nos quais as informações têm um caráter objetivo, como
as notícias, se dá em um nível literal. Embora os dados estatísticos trabalhem
com estimativas, em geral, são tomados como informações seguras.
Compreensão inferencial – Implica que o leitor formule antecipações ou
suposições a partir da informação presentes no texto, podendo ser necessária a
utilização de conhecimentos prévios. Identifica temas, ideias, as relações de
causa e efeito presentes no texto, na formulação de inferências, analogias e
conclusões. Requer portanto, uma leitura aprofundada capaz de identificar
informações implícitas e intenções discursivas.c
Compreensão crítica– Inclui a formulação de juízos, a expressão de opiniões.
Consiste na capacidade de avaliar e argumentar em torno do que foi lido. O leitor
torna-se apto, assim, a validar as informações do texto com base no
conhecimento de mundo que possui.
Para compreender e interpretar textos
Quando se procura compreender um texto, nota-se que, em alguns casos, há
duas ou mais interpretações. No texto literário, é possível evidenciar essa
possibilidade, tendo em vista a linguagem conotativa, mas, em um texto não
literário, nem sempre é possível.
Sendo assim, observe fragmentos do Poema sujo, de Ferreira Gullar.
Que importa um nome a esta hora do anoitecer em São Luís
do Maranhão à mesa do jantar sob uma luz de febre entre irmãos
e pais dentro de um enigma?
mas que importa um nome
debaixo deste teto de telhas encardidas vigas à mostra entre
cadeiras e mesa entre uma cristaleira e um armário diante de
garfos e facas e pratos de louças que se quebraram já
um prato de louça ordinária não dura tanto
e as facas se perdem e os garfos
se perdem pela vida caem
pelas falhas do assoalho e vão conviver com ratos
e baratas ou enferrujam no quintal esquecidos entre os pés de erva-cidreira
e as grossas orelhas de hortelã
quanta coisa se perde
nesta vida
Como se perdeu o que eles falavam ali
mastigando
misturando feijão com farinha e nacos de carne assada
e diziam coisas tão reais como a toalha bordada
ou a tosse da tia no quarto
e o clarão do sol morrendo na platibanda em frente à nossa
janela
tão reais que
se apagaram para sempre
Ou não?
Não sei de que tecido é feita minha carne e essa vertigem
que me arrasta por avenidas e vaginas entre cheiros de gás
e mijo a me consumir como um facho-corpo sem chama,
ou dentro de um ônibus
ou no bojo de um Boeing 707 acima do Atlântico
acima do arco-íris
perfeitamente fora
do rigor cronológico
sonhando
Garfos enferrujados facas cegas cadeiras furadas mesas gastas
balcões de quitanda pedras da Rua da Alegria beirais de casas
cobertos de limo muros de musgos palavras ditas à mesa do
jantar,
voais comigo
sobre continentes e mares
E também rastejais comigo
pelos túneis das noites clandestinas
sob o céu constelado do país
entre fulgor e lepra
debaixo de lençóis de lama e de terror
vos esgueirais comigo, mesas velhas,
armários obsoletos gavetas perfumadas de passado,
dobrais comigo as esquinas do susto
e esperais esperais
que o dia venha.
GULLAR, Ferreira. Poema sujo. 15 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013.
Escrito durante a ditadura militar, no ano de 1976, quando o poeta estava
exilado em Buenos Aires por causa de seu posicionamento político. Os amigos ou
eram presos ou desapareciam, e ele sentia que o mesmo poderia lhe ocorrer. O
longo poema surgiu no contexto de privação. Não se podia expor a realidade sem
correr o risco de ser perseguido. Com tom moralista a obra denuncia a situação
de repressão social da época.