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INTERNATO EM PEDIATRIAINTERNA: YASMIN FURTADO FARO
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIABRASÍLIA, 27 DE OUTUBRO DE 2015
www.paulomargotto.com.br
Identificação: E.O.S., sexo masculino, 1 ano e 1 mês, natural e procedente de Alto Alegre do Pindaré – MA
QP: Diarréia desde o nascimento HDA: Diarréia desde o período neonatal,
com fezes líquidas, enegrecidas de odor fétido. Piora do estado geral há aproximadamente 15 dias, com vômitos pós-prandiais, febre (38 ºC), hiporexia, apatia e sonolência
Revisão de sistemas: Urina escura, Coriza hialina, tosse seca,
Geofagia e “vontade de comer arroz cru”, Vacinação incompleta (falta tríplice viral)
Antecedentes: Mãe G4P3A0, não fez pré-natal, relata anemia não tratada durante a gestação. Parto normal, domiciliar, peso ao nascer 3,7Kg Aleitamento materno irregular, com oferta de leite de vaca desde o período neonatal
Nunca foi ao médico. Mãe 23 anos, gestante, com anemia (geofagia). Pai saudável. Avó materna tabagista
Condições atuais:Dieta atual: leite de vaca / leite materno
esporadicamente, mingau de maisena, arroz e peixe.
Mora em sítio localizado em zona rural, sem saneamento básico, 5 cômodos para 5 pessoas
Banho em rio ou lagoas. Contato com cães, gatos, aves, gado suíno e bovino
REG, hipocorado (3+/4+), desidratado leve, acianótico, anictério
ACV: RCR, 3T (ritmo em galope), SS (3+/6+) mais audível em Fp e Fao. FC=180bpm
AR: MV rude, s/RA. FR=44irpm Abdome: globoso, RHA+, baço a 3 cm de
RCE e fígado a 5cm de RCD, normotenso Extremidades frias, pulsos palpáveis Pele sem lesões aparentes Sem sinais meníngeos
Anemia grave Diarreia crônica ICC Parasitoses
As parasitoses são a doença mais comum do mundo, atingindo cerca de 25% da população mundial
Sua transmissão depende das condições sanitárias e de higiene das comunidades. Além disso, muitas dessas parasitoses relacionam-se a déficit no desenvolvimento físico e cognitivo e desnutrição
Protozoarios: destacam-se os ciliados, as amebas e os esporozoários (cistos) Giardiase Amebiase
Helmintos: formato chato ou cilíndrico (ovos)• Ascaridíase• Ancilostomíase• Tricuríase• Enterobíase• Estrongiloidíase• Esquistossomose• Tricuríase
• Transmissão fecal-oral: ingestão de alimentos ou água contendo cistos amebianos maduros
QUADRO CLÍNICO Assintomática Forma aguda intestinal :
Colite amebiana: invasão parasitária da mucosa intestina -dor abdominal em cólica, disenteria, tenesmo.
Ameboma Forma extra-intestinal:
Abcesso hepático amebiano: disseminação dos parasitas para o fígado. É incomum em crianças. Dor no QSD + febre alta + sinal de Torres-
homem + lesão única no lobo direito.
DIAGNÓSTICO Pesquisa de cistos no EPF Pesquisa de antigenos fecais (ELISA) Pesquisa de anticorpos no sangue
(Sorologia) USG e TC são úteis no diagnóstico de abscesso hepático amebiano
TRATAMENTO
Forma Forma leveleve
Forma grave Forma grave (extrainstesti(extrainstesti
nalnal
Sempre...Sempre...
Secnidazol 2mg dose únicaMetronidazol 500mg 3x/dia por 5 diasTinidazol 2mg 1x/dia por 2 dias
Metronidazol 750mg 3x/dia por 10 dias
Teclozan 100mg 3x/dia por 5 diasErradicar formas intraluminais do intestino grosso
Transmissão fecal-oral por ingestão de água e alimentos contaminados
Atapetamento do intestino delgado por discos suctoriais presentes nos protozoarios- aderencia nas vilosidades
QUADRO CLÍNICO: Assintomática (maioria) Diarréia alta não invasiva
Fezes líquidas, explosivas e fétidas, com curso auto-limitado
Diarréia crônica: A diarréia se torna persistente ou intermitente com cólica, distensão abdominal, sensação de plenitude gástrica, mal-estar, flatulência, náuseas, anorexia e perda de peso
Síndrome da má absorção Atrofia de vilosidades com hiperplasia das criptas
Esteatorreia Pode ou não estar associada Má absorção de açúcares, gorduras e vitaminas
lipossolúveis Deficiência de ferro Perda de peso e anemia
DIAGNÓSTICO Presença de cistos no EPF (3 amostras) Trofozoítos no aspirado duodenal Pesquisa de antigenos fecais (ELISA)TRATAMENTO Secnidazol 2mg dose única Metronidazol 250mg 3x/dia por 5 dias Tinidazol 2mg 1x/dia por 2 dias
Alternativa: albendazol 400mg/dia por 5 dias furazolidona 200mg/dia por 7
dias
• Transmissão por ingestão dos ovos infectantes presentes no solo, água ou alimentos contaminados
QUADRO CLÍNICO: Depende da intensidade da infecção
(não ocorre por auto-infecção) e dos órgãos comprometidos
Assintomática Manifestações pulmonares: ciclo de Loss Intestino delgado
Dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreiaCólica biliar, pancreatite, obstrução
intestinal (valva ileocecal)
Ciclo pulmonar dos parasitas Síndrome de Loeffler
Infiltrado pulmonar migratorio, tosse seca, broncoespasmo, febre e eosinofilia
Necator americanus Ancylostoma duodenale Strongyloides stercoralis Ascaris lumbricoides
DIAGNÓSTICO Presença de ovos no EPF Hemograma: eosinofilia Raio X: imagem em miolo de pão
TRATAMENTO: Albendazol 400mg, 10mg/kg, dose única Mebendazol 100mg/dia, por 3 dias Levamizol:
<8 anos: 40mg, VO, dose única >8 anos: 80 mg, VO, dose única
TRATAMENTO SUBOCLUSÃO INTESTINAL Suporte: SNG + jejum + hidratação Óleo mineral 40 ml/dia + Piperazina
100mg/kg/dia Após a eliminação: mebendazol 200mg/dia
por 3 dias.
MODO DE TRANSMISSÃO Via percutânea
As larvas infectantes (filarióides) penetram a pele do indivíduo
Auto-infestação Quando as larvas rabdiformes passam a ser
filarióides no interior do próprio hospedeiro, fêmea paternogenética (imunocomprometidos: risco de infecções secundarias)
Auto-exoinfecção Quando as larvas filarióides se localizam na
região anal ou perianal, onde novamente penetram no organismo do hospedeiro
QUADRO CLÍNICO Assintomático Sintomas relacionados aos três estágios
de infecção: Invasão da pele por lesão serpiginosa ou
linear pruriginosa migratória (larva currens)Ciclo de Loss: síndrome de LöefflerParasitismo do intestino delgado pelos
vermes adultos: Diarréia, dor abdominal, anorexia, náusea, vômitos e dor epigástrica
DIAGNOSTICOS Larvas no EPF ou aspirado duodenal Sorologia (ELISA)TRATAMENTO Ivermectina 200mcg/kg/dia por 2 dias Tiobendazol 50mg/kg/dia por 7 dias Albendazol 400mg/dia por 3 dias
• Transmissão: N. americanus (por via percutânea), A. duodenale (além da percutânea, por VO-água e alimentos contaminados com ovos ou larvas) .
QUADRO CLÍNICO: Depende da carga parasitária, estado
nutricional e etapa de migração do parasita.
Assintomáticas Ciclo de Loss: Sind. de Loeffler Infecção intestinal (duodeno):
Sintomas inespecíficos: dor, anorexia, diarréia
Anemia ferropriva, desnutrição protéica
DIAGNÓSTICO EPF em 3 amostrasTRATAMENTO Albendazol 400mg, em dose única Pamoato de Pirantel: 15 a 20mg/Kg/dia
por 2 a 3 dias
Transmissão depende da presença dos caramujos hospedeiros em água contaminada
QUADRO CLÍNICO Fase aguda: Assintomática ou dermatite
cercariana, erupção papular, eritema, edema e prurido .
Febre de Katayama: Após 3 a 7 semanas de exposição - febre, sudorese, mialgia, adenomegalia, eosinofilia.
Fase crônica- formação granuloma: Hepatointestinal: diarréias e epigastralgia.
Hepatomegalia nodular (granulomatose periportal ou fibrose de Symmers)
Hipertensão portal Hipertensão pulmonar Forma neurológica (mielite)
DIAGNÓSTICO EPF Biopsia retal (maior sensibilidade) TRATAMENTO Praziquantel 26 mg/kg, dose única Oxaminiquine 15mg/kg dose única
Transmissão fecal-oral Autoinfecção, heteroinfecção, retroinfecção
QUADRO CLÍNICO Assintomático Oxiuríase: Prurido perianal noturno Sintomas inespecíficos: Vômitos, dores
abdominais, tenesmo, puxo e raramente fezes sanguinolentas
Complicações: Salpingites, vulvovaginites, granulomas pelvianos . Infecções secundárias às escoriações.
DIAGNÓSTICO Identificação de ovos ou vermes adultos
Swab analMétodo da fita gomada (Graham)
TRATAMENTO Deve-se tratar os pacientes infectados e
todos os membros de sua família Pamoato de Pirvínio 10mg/kg, VO, dose
única
Transmissão por ingestão de ovos embrionados (colonização cecal)
QUADRO CLÍNICO: Assintomático Dor no quadrante inferior direito ou na
região periumbilical Disenteria crônica, prolapso retal,
anemia.
DIAGNÓSTICO Presença de ovo em forma de barril no
EPFTRATAMENTO• Pamoato de Pirantel 10mg/kg, VO, dose
única
Identificação: E.O.S., sexo masculino, 1 ano e 1 mês, natural e procedente de Alto Alegre do Pindaré – MA
QP: Diarréia desde o nascimento HDA: Diarréia desde o período neonatal,
com fezes líquidas, enegrecidas de odor fétido. Piora do estado geral há aproximadamente 15 dias, com vômitos pós-prandiais, febre (38 ºC), hiporexia, apatia e sonolência
DIA 16/06 17/06 19/06 23/06 25/06Hg 2,2 5,4 7,3 6 6,8Hm 1,78 2,76 3,41 2,9 3,19Htc 12,1 20,1 26,9 23,1 25,1VCM 67,7 72,9 78,6 79,6 78,6HCM 12,6 19,7 27,2 20,8 21,4
CHCM 18,6 27 34,6 26,1 27,2Plaq. 344000 294000 253000 181000 251000Leuco 15500 9300 129000 8200 10200Seg 28 56 32 40 43Bast 1 5 0 0 1Linfo 54 34 62 42 50Mono 1 2 1 3 2Eos 6 3 4 15 4
Baso 0 0 1 0 0Ret 10% (gran.
tóxicas+)6% - 14%
VHS 40 - - - 33Glic 101 - - - -
Ur/creat 22 / 0,2 - - - -TGO/TGP 55 / 71 - - - -
Na / K 135 / 4,6 - - - -Cl / Ca 100 / 8,7 - - - -LDH 2432 - - - -
Prot. Tot / Alb 6 / 3 - - - -
Exames complementaresHemocultura: negativaEPF (2a e 3a) amostras:
ancilostomídeos
TRATAMENTO Albendazol 400mg, em dose única Pamoato de Pirantel: 15 a 20mg/Kg/dia
por 2 a 3 dias
NELSON, Tratado de Pediatria: Kliegman et al. 19ª Edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010
www.paulomargotto.com.br/documentos/Caso_clinico_ancilostomíase.ppt
SAÚDE, Ministério da. Guia de bolso: Doenças infecciosas e parasitárias. 8. ed. Brasília: 2010.