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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE PESCA INTERIOR - BADPI A ESTRUTURA DAS COMUNIDADES DE PEIXES DAS BACIAS DOS RIOS CUIABÁ E NEGRO, PANTANAL, BRASIL ALEXANDRO CEZAR FLORENTINO Manaus, Amazonas Novembro, 2012

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA

DOCE PESCA INTERIOR - BADPI

A ESTRUTURA DAS COMUNIDADES DE PEIXES DAS BACIAS

DOS RIOS CUIABÁ E NEGRO, PANTANAL, BRASIL

ALEXANDRO CEZAR FLORENTINO

Manaus, Amazonas

Novembro, 2012

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ALEXANDRO CEZAR FLORENTINO

A ESTRUTURA DAS COMUNIDADES DE PEIXES DAS BACIAS

DOS RIOS CUIABÁ E NEGRO, PANTANAL, BRASIL

Orientador: Prof. Dr. Miguel Petrere Júnior (UNESP)

Co-Orientador: Prof. Dr. Carlos Edwar de Carvalho Freitas (UFAM)

Co-Orientador: Prof. Dr. Jerry Magno Ferreira Penha (UFMT)

Tese apresentada ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Biologia de Água Doce e Pesca Interior.

Manaus, Amazonas

Novembro, 2012

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F633 Florentino, Alexandro Cezar A estrutura das comunidades de peixes das bacias dos

rios Cuiabá e Negro, Pantanal, Brasil / Alexandro Cezar Florentino. --- Manaus : [s.n.], 2012.

xi, 187 f. : il. Tese(doutorado) --- INPA, Manaus, 2012. Orientador : Miguel Petrere Júnior Coorientadores : Carlos Edwar de Carvalho Freitas ; Jerry

Magno Ferreira Penha Área de Concentração : Biologia de Água Doce e Pesca

Interior 1. Comunidades de Peixes – Pantanal Mato-grossense

(MT e MS). 2. Estrutura de comunidades. I. Título.

CDD 19. ed. 597.0929

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Sinopse:

Estudou – se a ictiofauna das bacias do rio Negro e Cuiabá, Pantanal,

Brasil. Aspectos como composição, distribuição, diversidade foram

avaliados.

Palavras – chave: Ictiologia, riqueza de espécies; iscas vivas; modelos

nulos; teoria neutra.

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Dedico este trabalho, aos meus

Pais Davino Florentino e

Aparecida José Florentino, por

terem-me ensinado a ser.

À Adriana Maciel por ser minha luz, força

e presença constante. Mesmo em

momentos de estresse, és minha

calmaria. Thaks for a lot.

Ao meu sobrinho Mateus

Sama Ortiz Florentino que

em guisa nos deixou.

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Mundo Dá - Vicente Barreto

Um dia eu senti um desejo profundo

De me aventurar nesse mundo

Pra ver onde o mundo vai dar

Saí do meu canto na beira do rio

E fui prum convés de navio

Seguindo pros rumos do mar

Pisei muito porto de língua estrangeira

Amei muita moça solteira

Fiz muita cantiga por lá

Varei cordilheira, geleira e deserto

O mundo pra mim ficou perto

E a terra parou de rodar

Com o tempo

Foi dando uma coisa em meu peito

Um aperto difícil da gente explicar

Saudade, não sei bem de quê

Tristeza, não sei bem por que

Vontade até sem querer de chorar

Angústia de não se entender

Um tédio que a gente nem crê

Anseio de tudo esquecer e voltar

Juntei os meus troços num saco de pano

Telegrafei pro meu mano

Dizendo que ia chegar

Agora aprendi por que o mundo dá volta

Quanto mais a gente se solta

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AGRADECIMENTOS

Ao INPA pela oportunidade de fazer meu Doutorado no Programa de Pós -

Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior.

Ao CNPq pela bolsa de estudos consedida.

À RPPN – SESC Pantanal e seus guardas parques pelo apoio logístico.

Ao MCT/CNPq-PELD Site 12 pelo apoio financeiro.

À UFMT – Universidade Federal do Mato Grosso pelo apoio logístico e

acesso de seus laboratórios.

Ao professor Dr. Miguel Petere Júnior, pessoa extraordinária, que tive o

privilégio de ter como orientador. Por sua orientação segura e eficiente; por ser mais

que um orientador, mas um verdadeiro amigo. Pelas lições acadêmicas (filosofia,

estatística, amostragem, ecologia, pesca entre outras) e exemplo de vida, com sua

soberana experiência sempre nos ensinando o Ser acadêmico e humano. Valeu

Miguel!

Ao professor Dr. Carlos Edwar de Carvalho Freitas por me abrir as portas do

PIATAM, e sempre prontificar em me ajudar e nortear caminhos sempre que

precisei. Valeu grande Carlos.

Aos professores Dr. Jerry Magno Ferreira Penha e a Dra. Lúcia Aparecida de

Fátima Mateus por terem me aberto as portas e me fornecido todo apoio logístico e

financeiro para a execução deste trabalho. Graças aos bons momentos vividos

desde os anos de 2005 pode se nortear a presente tese. Em expecial ao Jerry pelas

elegantes críticas acadêmicas, e cotidianas que serão para sempre absorvidas e

lembradas. E, o mais óbvio, a sua amizade e aos bons momentos vividos! “Aquele

abraço Jerry”.

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Ao Professor Dr. Yzel Rondon Súarez pelo apoio, incentivo, e pelas

excelentes críticas nos manuscritos.

À todos os pesquisadores do CINAM – Centro Integrado de Moniramento

Ambiental, Laboratório de Ecologia da UEMS pelas coletas e triagem dos peixes da

bacia do rio Negro. Em expecial ao Dr. Yzel e a MSc. Viviane Vieira Azevedo.

Ao Dr. Flávio Lima do MUZUSP pelo auxílio taxonômico.

Ao Professor Alexandre Cunha Ribeiro, curador da coleção de peixes da

Universidade Federal do Mato Grosso, pelo depósito das espécies de referência.

A todos do Laboratório de Ecologia e Manejo de Recursos Pesqueiros da

UFMT pelas coletas, triagem e organização de parte do material.

Aos estagiários Jean, Tati, Márcia, Angélica, Luiz, Gabe pelo auxílio na

triagem e biometria dos espécimes. E a minha esposa Adriana Maciel que fostes

passear e ficou triando material.

A todos os Professores do Programa de Pós-Graduação em Biologia de Água

Doce Pesca Interior pelo conhecimento compartilhado.

À Dra. Maria Gercília pelas críticas feitas nos manuscritos e pelas palavras de

incentivo, apoio. Meu muito obrigado.

Aos membros da banca pela participação e pela leitura crítica da tese.

Aos meus amigos do PIATAM (Raniere, Michel, Igor, Carol, Sandrelly, Flávia)

meu muito obrigado pelo companheirismo e pela compreensão nos dias de

estresses.

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A todos do Laboratório de Ecologia de peixes Amazônicos (LEPA/Marskplanc)

“Luiza, Fabiana, Renata, Davison, Luigi”. Obrigado pelo companheirismo e

compreensão nos dias de estresses.

Ao Davison por limpar algumas figuras dos espécimes de peixes para mim.

Aos meus amigos do BADPI e de outros PPGs pelas horas bons momentos

vividos.

A todos que de alguma forma contribuíram com este trabalho.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. 13

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. 16

Resumo..................................................................................................................................... 17

Abstract .................................................................................................................................... 18

Introdução Geral ...................................................................................................................... 19

MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................................... 22

Capítulo 1. Assembléias de peixes associadas à zona litorânea vegetada e não vegetada das lagoas e do rio principal, na bacia do rio Cuiabá, Pantanal Norte ....... 33

Resumo ................................................................................................................................... 34

Abstract ................................................................................................................................... 35

Introdução ............................................................................................................................... 36

Material e Métodos .................................................................................................................. 39

Resultados .............................................................................................................................. 45

Discussão ............................................................................................................................... 67

Agradecimentos ..................................................................................................................... 72

Referências ............................................................................................................................ 72

Capítulo 2. Composição, diversidade e distribuição de peixes na zona litorânea das lagoas dos rios Cuiabá e Negro, Pantanal ........................................................................ 80

Resumo ................................................................................................................................... 81

Abstract ................................................................................................................................... 82

Introdução ................................................................................................................................ 83

Material e Métodos ................................................................................................................ 86

Resultados .............................................................................................................................. 93

Discussão ............................................................................................................................. 108

Considerações finais........................................................................................................... 117

Agradecimentos ................................................................................................................... 118

Referências .......................................................................................................................... 119

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Capítulo 3. Análise hierárquica da diversidade de peixes na zona litorânea das lagoas dos rios Cuiabá e Negro, Pantanal ...................................................................... 128

Resumo ................................................................................................................................. 129

Abstract ................................................................................................................................. 131

Introdução ............................................................................................................................. 133

Material e Métodos .............................................................................................................. 139

Resultados ............................................................................................................................ 146

Discussão ............................................................................................................................. 157

Agradecimentos ................................................................................................................... 161

Referências .......................................................................................................................... 161

Conclusões gerais da tese................................................................................................. 173

Referências .......................................................................................................................... 174

Anexos .................................................................................................................................. 180

Lista de Abreviações .............................................................................................................. 187

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LISTA DE FIGURAS Figura 1. Mapa do Pantanal Brasileiro, mostrando a bacia do rio Cuiabá. De preto as áreas protegidas. A área de número 3 ilustra a Reserva Particular do Patrimônio Natural - SESC Pantanal (RPPN - SESC Pantanal), local onde acontece parte das coletas. Fonte (Harris et al., 2005).

23

Figura 2. Local de amostragem na bacia do rio Cuiabá, Pantanal Brasileiro. 24

Figura 3. Nível da água do rio Cuiabá com suas cotas médias mensais (cm/mês) ± desvio padrão, entre os anos de 2005 2010 na bacia do rio Cuiabá, Pantanal, Brasil. Fonte: ANA (2012), estação 66340000, Porto Cercado, Poconé-MT.

25

Figura 4. Variação do nível da água do rio Cuiabá (cotas) nos anos de 2005 a 2010 na bacia do rio Cuiabá, Pantanal, Brasil. Fonte: ANA (2012), estação 66340000, Porto Cercado, Poconé-MT.

26

Figura 5. Variação hidrológica do rio Negro nos meses de amostragens 28

Figura 6. Região de amostragem na bacia do rio Negro, Pantanal Brasileiro. 29

Figura 7. Coleta de peixes utilizando a “peneira” nas lagoas marginais do rio Cuiabá, Região do SESC-Pantanal, Pantanal Norte, Brasil.

30

Figura 1. Área de estudo na bacia do rio Cuiabá, Pantanal norte. 40

Figura 2. Abundância relativa do total de espécies de peixes capturadas por ordens. A) Total capturado em todos os biotopos. B) Total capturado para a zona litorânea das lagoas e do canal do rio Cuiabá (vegetada e não vegetada). V-Lagoas = Zona litorânea vegetada das lagoas; Nv.-Lagoas = Zona litorânea não vegetada das lagoas; V-rio Cuiabá = Zona litorânea vegetada; Nv.-rio Cuiabá = Zona litorânea não vegetada do rio Cuiabá.

56

Figura 3. Abundância (A) e riqueza em nível de espécies e gêneros (B) por família.

57

Figura 4. Número de indivíduos (A) e peso (B), dos peixes capturados na zona litorânea (vegetada e não vegetada) das lagoas e do canal principal do rio Cuiabá. Nv-L = Zona litorânea não vegetada das lagoas; Nv-R = Zona litorânea não vegetada do rio; VL = Zona litorânea vegetada das lagoas; VR = Zona litorânea vegetada do rio.

58

Figura 5. Ordenação de NMDS com número de indivíduos (A) e presença e ausência (B). Nv-L = Zona litorânea não vegetada dos lagos; Nv-R = Zona litorânea não vegetada do rio; VL = Zona litorânea vegetada das lagoas; VR = Zona litorânea vegetada do rio.

59

Figura 6. Número e peso total dos indivíduos (%) das principais espécies capturadas na zona litorânea do rio e lagoas.

61

Figura 7. Espécies de peixes capturadas na zona litorânea das lagoas do rio Cuiabá.

62

Figura 8. Contribuição de cada habitat para a riqueza total. A = Zona litorânea vegetada das lagoas; B= Zona litorânea vegetada e não vegetada das lagoas; C = Zona litorânea vegetada e não vegetada do rio e das lagoas; D= Zona litorânea vegetada e não vegetada das lagoas, vegetada do rio; E= Zona litorânea vegetada das lagoas e não vegetada do rio e lagoas; F= Zona litorânea vegetada do rio e das lagoas; G= Zona litorânea

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não vegetada das lagoas; H = Zona litorânea não vegetada do rio; I= Zona litorânea vegetada das lagoas e não vegetada do rio; J=Zona litorânea vegetada e não vegetada das lagoas mais a zona vegetada do rio.......

Figura 9. Curvas de rarefação para os biótopos amostrados na bacia do rio Cuiabá. Nv-L = Zona litorânea não vegetada das lagos; Nv-R = Zona litorânea não vegetada do rio; Lv = Zona litorânea vegetada das lagoas; Rv = Zona litorânea vegetada do rio......................................................................

65

Figura 1. Área de estudo no rio Cuiabá (A) e na bacia do rio negro (B), Pantanal Brasileiro.

87

Figura 2. Número de espécies (A) e famílias (B) das ordens de peixes capturadas nas duas regiões, bacias dos rios Cuiabá e Negro, Pantanal, Brasil

94

Figura 3. Número de espécies por famílias (A) e número de gêneros por famílias (B), para a bacia do rio Cuiabá, e, rio Negro, Pantanal, Brasil.

95

Figura 4. Abundância das espécies que são utilizadas como iscas, capturadas na zona litorânea das lagoas, para as bacias do rio Negro e rio Cuiabá, Pantanal, Brasil.

96

Figura 5. Curvas de rarefação da riqueza de peixes da zona litorânea das lagoas da bacia do rio Cuiabá e do rio Negro, Pantanal, Brasil.

97

Figura 6. Média, desvio padrão e o intervalo de confiança para riqueza (S), indices de simpson (1-D) e shannon (H´), equitabilidade (E) e a diversidade alfa(α) para a zona litoral das lagoas da bacia do rio Cuiabá e rio Negro, Pantanal, Brasil.

101

Figura 7. Abundância relativa e ocorrência das espécies de peixes da zona litorânea das lagoas da bacia do rio Negro e rio Cuiabá, Pantanal, Brasil.

103

Figura 8. Ordenação de NMDS das espécies pelos locais, com o número de indivíduos (A) e presença/ausência (B), para bacia do rio Negro e rio Cuiabá, Pantanal, Brasil. Lagos de 1 a 16 pertencem à bacia do rio Cuiabá, e de 17 a 42 à bacia do rio Negro.

104

Figura 9. Distribuição de abundâncias (Whittaker plot) das assembleis de peixes da zona litoral vegetada de 16 lagoas da bacia do rio Cuiabá e 26 lagoas da bacia do rio Negro, Pantanal, Brasil.

105

Figura 10. Gráfico das oitavas e a relação entre a abundância das espécies e a ordem das espécies (da mais comum para a mais rara) para a bacia do rio Negro, Pantanal Sul e Cuiabá, Pantanal Norte.

106

Figura 1. Área de estudo no rio Cuiabá (A) e na bacia do rio negro (B) no Pantanal Brasileiro.

140

Figura 2. Amostragem hierárquica ilustrando os três níveis espaciais: menores escalas espaciais (dentro das lagoas α1 e β1), médias escalas espaciais (entre lagoas α2 e β2) e as maiores escalas espaciais (entre bacias α3 e β3), indicando a diversidade α e β para cada nível hierárquico. Cada ponto indica uma unidade de amostragem. O número de lagoas e as disposições dos pontos são apenas ilustrativos.

143

Figura 3. Valores observados e esperados para o particionamento da diversidade em diferentes escalas espaciais, para as assembleias de peixes das bacias do rio Cuiabá e Negro. α1 é a diversidade α, β1 é a diversidade beta entre os micro-habitats, β2 é a diversidade beta entre lagoas, e β3 é a diversidade beta entre regiões. A altura total das barras indica o valor da diversidade regional (γ).

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Figura 4. Relação entre a diversidade local (α1, β1) e a diversidade regional, na para as lagoas amostradas na bacia do rio Cuiabá [(A): α = 1,06020+0,39883 Diversidade Regional; p=0,000002.; n = 16; (B): β = 1,06020+0,60117 Diversidade Regional; n = 16;] e Negro [(B); α = 0,69412+0,27464 Diversidade Regional; n = 26; (D): β = 0,54088+0,71483 Diversidade Regional; n = 26], Pantanal, Brasil.

153

Figura 5. Relação entre Número de indivíduos versus pH e peso das macrófitas. Riqueza versus pH, peso das macrófitas e oxigênio dissolvido para a bacia do rio Cuiabá, Pantanal, Brasil.

156

Figura 6. Relação entre riqueza e número de indivíduos versus profundidade para a bacia do rio Negro, Pantanal, Brasil.

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LISTA DE TABELAS Tabela 1. Lista das espécies de peixes, número de exemplares (N) e peso total dos exemplares em gramas (PT) capturadas na zona litorânea vegetada (V) e não vegetada (Nv) nas lagoas e no canal principal do rio Cuiabá, Pantanal norte.

45

Tabela 2. Estimativas dos parâmetros da estrutura da comunidade de peixes da zona litorânea vegetada e não vegetada das lagoas marginais do rio Cuiabá. Nv-L = Zona litorânea não vegetada das lagos; Nv-R = Zona litorânea não vegetada do rio; VL = Zona litorânea vegetada das lagoas; VR = Zona litorânea vegetada do rio.

65

Tabela 1. Ordem das lagoas, bacia a qual pertencem, número de indivíduos (N); Riqueza (S); índices de Simpson (1-D) e Shannon (H´); Equitabilidade (E); e a diversidade Alfa (α), entre as bacias dos rios Cuiabá e Negro, Pantanal, Brasil.

99

Tabela 1. Parâmetros físico-químicos para a zona litoral das lagoas da bacia do rio Cuiabá, Pantanal. Ordem das colunas na tabela – Lagoas, (uso) o tipo de uso do solo sendo Reserva (R) e Não reserva (NR), conectividade (conec), condutividade (cond), oxigênio dissolvido (oxigênio), pH, temperatura (temp), profundidade (prof), transparência (trans) e a Peso das macrófitas em quilogramas (bmac). Valores médios dos 9 pontos amostrais, exceto peso das macrófitas que é a soma total.

147

Tabela 2. Parâmetros físico-químicos para a zona litoral das lagoas do rio Negro, Pantanal. Em ordem na tabela segue, lagoas, potencial Hidrogeniônico (pH), condutividade (condut), oxigênio dissolvido (od), temperatura da água (temp), profundidade (prof), peso de macrófitas em quilogramas (bmac), turbidez e o tipo de conecção (conect). Valores médios dos 9 pontos amostrais, exceto peso das macrófitas que é a soma total.

148

Tabela 3. Tipo de diversidade (S = Riqueza de espécies); escala espacial; valores da diversidade observada e esperada; quanto cada escala está contribuindo em porcentagem (%) para a diversidade gama, nas três escalas espaciais nas assembleias de peixes da zona litoral das lagoas do rio Cuiabá e rio Negro.

150

Tabela 4. Resultados da análise de regressão múltipla para as comunidades de peixes em lagoas da bacia do rio Cuiabá e Negro, Pantanal.

155

Anexo1 Anexo 1. Espécies registradas, com seus respectivos números de indivíduos e sua abundância relativa nas lagoas do rio Cuiabá (IC) e rio Negro (IN), Brasil.

180

Anexo 2. Número de indivíduos das espécies utilizadas como iscas na bacia do rio Cuiabá e rio Negro, Pantanal, Brasil.

185

Anexo 3. Abundância relativa das oito espécies mais abundantes para a zona litoral das lagoas da bacia do Rio Negro e Rio Cuiabá, Pantanal, Brasil.

186

Anexo 4. Biótopos amostrados, Métodos de captura, Riqueza de espécies, Índices de diversidade (Shannon – H`e Simpson D de trabalhos realizados em comunidades de peixes nas bacias dos rios Cuiabá e Negro, Pantanal, Brasil.

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FLORENTINO, A.C. A ESTRUTURA DAS COMUNIDADES DE PEIXES DAS

BACIAS DOS RIOS CUIABA E NEGRO, PANTANAL, BRASIL. 2012. TESE

(DOUTORADO) – BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE PESCA INTERIOR – INSTITUTO

NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA, MANAUS, 2012.

Resumo: A presente tese tem como objetivo testar o efeito de multiescalas no

mosaico da paisagem sobre o padrão de organização de assembleias de peixes no

Pantanal. A área de estudo pertence a duas bacias hidrográficas no Pantanal, a

bacia do rio Negro e rio Cuiabá. As amostragens foram realizadas de maio, junho,

setembro, outubro e novembro de 2005 a 2010 nas lagoas do rio Cuiabá e de 2005

a 2006 no rio Negro. As amostragens na bacia do rio Cuiabá demonstram que a

ictiofauna desta bacia é rica, com maiores valores para as zonas litorâneas

vegetadas das lagoas em relação as não vegetadas delas dos rios. A alta riqueza de

espécies na bacia do rio Cuiabá foi muito maior que as do rio Negro, com

estimativas de 222 espécies para a primeira e 60 para a segunda. A bacia do rio

Cuiabá apresentou também, elevados valores de diversidade Alfa, Shannon,

Simpson, no entanto, apesar das diferenças apresentaram curvas de abundância

parecidas. O padrão de aninhamento espacial de distribuição da diversidade foi

similar, com maiores contribuições da diversidade beta na meso e macroescalas. O

que indica que processos chaves aturam sobre ambas as bacias, apesar da não

sobreposição das lagoas. No tocante à conservação biológica, o presente estudo

mostra a importância destas zonas litorâneas para a manutenção da diversidade.

Palavras-chave: diversidade; riqueza; distribuição e abundância; metacomunidades.

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FLORENTINO, A.C. THE STRUCTURE OF FISHES COMMUNITIES FROM

CUIABÁ AND NEGRO RIVER BASIN, PANTANAL, BRAZIL. 2012. TESE

(DOUTORADO) – BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE PESCA INTERIOR – INSTITUTO

NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA, MANAUS, 2012.

Abstract: This thesis aims to test effect of multiple scales in mosaic on the

landscape pattern of organization of assemblages of fish in the Pantanal. The

samples were taken from 2005 to 2010 in lakes in the Cuiabá River and from 2005 to

2006 in the Negro River. In 2009 and 2010 they were also sampled the littoral zone

of the main River Cuiabá. The samples in Cuiabá River showed that the basin has a

rich ichthyofauna, with higher values in vegetated lakes wh n compared to non-

vegetated rivers. The high species richness in the Cuiabá River basin was far higher

than the Negro River, with estimates of 222 species for the first and 60 for the

second. The Cuiabá River basin showed also higher diversity values Alfa, Shannon,

Simpson, but both rivers showed similar abundances curves. The pattern of spatial

distribution of nesting diversity was similar, with major contributions from the meso

and beta diversity macroescalas. This indicates that the key processes are the same

in both basins, although not overlapping the lagoons. In relation to biological

conservation, this study shows the importance of these coastal areas for the

maintenance of diversity.

Keywords: diversity; richness; distribution and abundance; metacomunities.

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Introdução Geral Manter a integridade biológica dos ecossistemas tem sido um grande desafio,

uma vez que diversas atividades inter-relacionadas entre o homem e o meio natural

têm interferido na estabilidade e na persistência de diversas comunidades biológicas

(Welcomme, 2001; Dugan et al., 2010; Petesse & Petrere, Jr., 2012), tanto em

sistemas aquáticos, como terrestres (Primack & Rodrigues, 2001). Desta forma,

compreender a estrutura das comunidades é essencial, tanto para ecologia de

comunidades, quanto para manejo e biologia da conservação (Gaston, 2000;

Gaston, 2003). Tal estrutura pode ser avaliada em diferentes escalas (Crist et al.,

2003; McMahon & Diez, 2007; Florentino & Penha, 2011), pois alguns fatores

(heterogeneidade de habitats, competição, predação entre outros) agem localmente

e podem afetar a abundância e distribuição das espécies, enquanto, outros atuam

em escalas regionais mais amplas (escalas de paisagens) (ex. clima, barreiras

geográficas) ou em diferentes escalas no tempo histórico/geológico (ex. especiação)

(Ricklefs, 1987; Van Zyll de Jong et al., 2005; Hoeinghaus et al., 2007).

Diversas ferramentas têm sido aplicadas para determinar como os peixes

respondem à oscilação de fatores em diversas escalas no espaço e no tempo: (i)

que fatores agem sobre os organismos e porque algumas espécies ocorrem em

algumas manchas da paisagem, e outras não? (ii) Quais forças estão agindo sobre

estas assembléias? Por exemplo, o tempo histórico? Diversas abordagens teóricas

recentes procuram entender a dinâmica das comunidades no mosaico da paisagem

no espaço e no tempo, tais como a amplitude do nicho, a teoria neutra, a dinâmica

de metacomunidades, macroecologia etc. Como esses conceitos não tem limites

muito distintos há certa sobreposição entre eles.

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Assim a ocupação do espaço pelas espécies tem sido discutido pela

abordagem do nicho (Chase & Leibold, 2003); a distribuição das espécies na

paisagem indistintamente pela abordagem neutra (Hubbell, 2001); as

metacomunidades (Holyoak et al., 2005) que são os modelos metapopulacionais

(Levins, 1969; 1970) aplicados à dinâmica de comunidades biológicas e à interface

entre fenômenos locais e zoogeográficos é abordada pela macroecologia,

enfatizando a partição do espaço físico/geográfico e dos recursos entre os

organismos pela derivação dos modelos empíricos de correlação de variáveis

ecológicas, em pequenas a grandes escalas continentais (Brown, 1995). A

complexidade destas teorias procura fornecer respostas para a megadiversidade

ictiofaunística em áreas continentais, que são apenas especulativas, não

conclusivas.

A presente tese tem como objetivo testar o efeito de múltiplas escalas

espaciais no mosaico da paisagem sobre o padrão de organização de assembleias

de peixes no Pantanal. Encontra – se dividida em capítulos que foram escritos de

forma a simplificar as publicações nas revistas a submeter, desta forma as normas

de um capítulo pode ser diferente do outro, dependendo da revista a submeter.

Esta tese foi organizada em três capítulos, estruturados em forma de

manuscritos, que procuram discutir os objetivos propostos. As citações no texto e

referências ao final do capítulo seguem as normas específicas dos respectivos

periódicos para onde serão submetidos. Desta maneira, cada um dos três capítulos

possui uma formatação diferente quanto a este item. O capítulo 1 será enviado a

Neotropical Ichthyology. Este capítulo discute a ictiofauna num contexto espacial em

meso escala enfatizando nas diferenças entre habitats vegetados e não vegetados

da zona litorânea do rio e das lagoas da zona litorânea de lagoas e do rio principal,

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na bacia do rio Cuiabá, Pantanal Norte. Os resultados demonstram uma ictiofauna

rica composta principalmente por caracídeos, percóides, gimnotídeos, siluróides e

outras ordens. Demonstra também, uma baixa similaridade entre os biótopos (rio e

lagoas), o que reflete as adaptações destas espécies a estes ambientes. O Capítulo

2 será submetido à Environmental Biology of Fishes e apresenta resultados das

diferenças entre as comunidades, dos rios Cuiabá e Negro, e nos mecanismos que

geram os padrões de distribuição e abundância das espécies de peixes. O Capítulo

3 será enviado Journal of Applied Ecology e apresenta os efeitos do aninhamento

espacial sobre a diversidade em multiplas escalas espaciais para duas bacias

hidrográficas do Pantanal. Neste estudo foi possível observar que a diversidade beta

não é uniforme nas grandes áreas e que o modelo de dinâmica de manchas em

metacomunidade é o que melhor explica a diversidade no sistema.

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MATERIAL E MÉTODOS

Descrição da área de estudo O Pantanal Brasileiro é reconhecido pela UNESCO como uma das áreas

úmidas mais importantes do mundo, devido ao fato de ter uma das mais

exuberantes e diversificadas reservas naturais do planeta, sendo considerado um

“hot spot” com alta prioridade para conservação. Com uma extensão territorial de

aproximadamente de 160.000 km2 (Junk & Cunha, 2005), possui uma rica biota

aquática e terrestre adaptada ao característico sistema de seca e cheia da região

(Harris et al., 2005). A maior parte do Pantanal está localizada no estado de Mato

Grosso do Sul e uma menor porção no estado do Mato Grosso, entre os paralelos e

23º e 14 S e os meridianos 54º e 59 W (Fig. 1).

O principal formador do Pantanal é o rio Paraguai que recebe águas de

inúmeros afluentes tais como os rios Jauru, Cabaçal, Sepotubas, Cuiabá, Taquari,

Miranda, Negro e Apa. As áreas inundáveis têm características diferenciadas, devido

a particularidades geomorfologicas de cada bacia (Hamilton et al., 1996). Assim,

algumas podem formar lagoas, canais, ou associação de ambos, enquanto, outras

podem ter uma imensa área sazonal alagada que é determinada pelos períodos

chuvosos e secos da região associados às características geomorfológicas, baixa

declividade, resistência da vegetação, etc. A declividade, juntamente com o formato

meândrico do rio Paraguai faz com que, a onda da enchente que se inicia na região

de Cáceres-MT chegue a Corumbá-MS dois ou três meses depois do fim do período

chuvoso (Mateus, 2003).

Assim, devido às diferenças na geomorfologia, no ciclo hidrológico e a outras

características, o Pantanal é subdivido em diversas regiões: Nabileque, Miranda,

Aquidauana, Abobral, Nhecolândia, Paiaguás, Paraguai, Barão de Melgaço, Poconé,

Cáceres (Adámoli, 1982). O acesso dos peixes as lagoas e a planície alagável

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depende do nível da água no período da cheia, que no Pantanal varia de 3 a 5

metros.

Figura 1. Mapa do Pantanal Brasileiro, mostrando a bacia do rio Cuiabá. Em preto as

áreas protegidas. A área de número 3 ilustra a Reserva Particular do Patrimônio

Natural - SESC Pantanal (RPPN - SESC Pantanal), local onde foi feito parte das

coletas. Fonte (Harris et al., 2005).

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Bacia do rio Cuiabá O rio Cuiabá (Fig. 2) situado na porção norte do Pantanal é o principal

afluente do rio Paraguai, fazendo parte da Bacia do Alto Paraguai. Suas nascentes

localizam-se no município de Rosário Oeste, nas encostas da Serra Azul, tendo

como principais formadores os rios Cuiabá da Larga e Cuiabá Bonito. Após a

confluência destes rios, recebe o nome de Cuiabazinho e somente após o encontro

com o rio Manso, passa a se chamar rio Cuiabá (Mateus, 2003).

Figura 2. Local de amostragem na bacia do rio Cuiabá, Pantanal Brasileiro.

De acordo com a média histórica do nível da água do rio, o ciclo hidrológico

na região pode ser dividido em quatro períodos: cheia “C”– fevereiro, março abril –

período em que os rios transbordam e invadem as áreas alagáveis; vazante “V”–

maio, junho e julho – período de águas descendentes, ou seja, época em que as

águas estão retornando para os leitos dos rios; seca “S” – agosto, setembro e

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outubro – período de baixa pluviosidade época de águas baixas, praticamente, não

há transbordamento dos canais, a água permanece praticamente em seus leitos;

enchente “E” novembro, dezembro e janeiro – início das chuvas, período no qual o

nível dos rios começa a subir (Fig. 3). Entretanto, variações anuais neste padrão

podem ocorrer caso as chuvas se prolonguem por um período maior ou menor,

aumentando e diminuindo os períodos de seca e cheia e daí interferindo na duração

dos outros dois períodos (Fig. 4).

Figura 3. Nível da água do rio Cuiabá com suas cotas médias mensais (cm/mês),

entre os anos de 2005 2010 na bacia do rio Cuiabá, Pantanal, Brasil. Fonte: ANA

(2012), estação 66340000, Porto Cercado, Poconé-MT.

Nas margens do rio Cuiabá, como na maioria dos grandes rios tropicais há

um complexo de lagoas, e corixos1 (Fig. 6) e uma área de inundação sazonal (Área

de Transição Terrestre Aquática – ATTZ – ATTZ, Junk et al., 1989). As lagoas

podem ser formadas por depressões naturais, ou pelos leitos antigos dos grandes

1Corixos – Termo aplicado aos canais que fazem ligação das lagoas ao rio, no geral, são rasos e estreitos.

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rios que se desconectaram, enquanto, os corixos pelos canais que drenam a água

até o canal principal do rio. A planície de inundação é representada pela área

alagada pelo pulso anual da enchente.

Às margens das lagoas e corixos, e em alguns pontos do canal do rio

encontra-se uma zona marginal vegetada dominada por macrófitas flutuantes

especialmente Eichhornia azurea (Sw.) Kunth, Eichhornia crassipes (Mart.) Solms e

Salvinia spp. Algumas lagoas e corixos podem estar quase que totalmente invadidos

por esta cobertura vegetal, enquanto que em outras ocorrem apenas pequenas

manchas. Estes habitats são utilizados como locais de nidificação por peixes

iliófagos, detritívoros, carnívoros, onívoros, piscívoros, dentre outras categorias

(Catella, 1992; Resende et al., 2000; Ximenes et al., 2011).

Figura 4. Variação do nível da água do rio Cuiabá (cotas) nos anos de 2005 a 2010

na bacia do rio Cuiabá, Pantanal, Brasil. Fonte: ANA (2012), estação 66340000,

Porto Cercado, Poconé-MT.

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Na bacia do rio Cuiabá foi amostrada algumas lagoas na região conhecida

como Porto Cercado, no Município de Poconé, distante aproximadamente 140 km de

Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso, dentro e em torno da Reserva Particular

de Patrimônio Natural/RPPN-SESC Pantanal (Fig. 2). A pesca é proibida nos limites

da RPPN incluindo o rio Cuiabá, lagoas e canais, onde só é permitido o turismo

ecológico. Porém, ela é circundada por fazendas de criação de gado e pousadas

que exploram o turismo, principalmente da pesca esportiva. Esta atividade é

direcionada à captura de espécies de grande porte (“pacú” Piaractus mesopotamicus

(Holmberg, 1887), “jaú” Zungaro jahu (Ihering, 1898), “pintado” Pseudoplatystoma

corruscans (Spix & Agassiz, 1829), “jurupesém” Sorubim lima (Bloch & Schneider,

1801)) e por outras espécies de menor porte principalmente de áreas abertas do rio

(Mateus et al., 2004; Mateus & Penha, 2009). Esta atividade gera uma alta e

impactante demanda por iscas principalmente do grupo dos Gymnotiformes, e

também por exemplares pequenos de Characiformes, Siluriformes e

Synbranchiformes.

Bacia do rio Negro Na planície do rio Negro as lagoas foram amostradas na região conhecida

como Pantanal da Nhecolândia, na propriedade da fazenda Rio Negro no Município

de Aquidauana. A fazenda Rio Negro possui 9 mil hectares dos quais 7 mil formam a

RPPN- Fazenda Rio Negro. Esta área também-se enquadra às regras das RPPNs e

sua área protegida é explorada apenas como turísmo.

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Figura 5. Variação hidrológica do rio Negro nos meses de amostragens.

A origem geológica desta região é diferente da bacia do rio Cuiabá sendo

caracterizada por depressões na planície de inundação do rio Negro e não por lagos

de meandros. As lagoas amostradas localizam próximas ao rio (<1km) até cerca de

15km de distância (Fig. 5).

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Figura 6. Região de amostragem na bacia do rio Negro, Pantanal Brasileiro. Lagoas

(áreas rachuradas de preto e marron). Lagoas amostradas (áreas rachuradas de

preto).

Delineamento amostral As coletas foram realizadas na zona litorânea vegetada (associada à

macrófitas) e não vegetada das lagoas, corixos (canais secundários), e canal

principal do rio Cuiabá, porção norte do Pantanal, procurando assim contemplar o

mosaico de habitats nos ambientes. Na bacia do rio Negro, porção sul, não se

amostrou o canal principal do rio, mas apenas zona litorânea vegetada das lagoas

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(Fig. 5). Por isto, na presente tese, os capítulos comparativos 2 e 3 não utilizam a

ictiofauna total amostrada na bacia do rio Cuiabá.

Coleta de dados Ictiofauna

As coletas na bacia do rio Cuiabá foram realizadas de 2005 a 2010, na

enchente, vazante, cheia e seca. O período da cheia foi amostrado apenas nos anos

de 2005 e 2006. Na bacia do rio Negro as amostragens foram realizadas nos anos

de 2005 e 2006, que foram interrompidas devido ao alto custo financeiro no

monitoramento destas lagoas.

Os peixes foram coletados com um cubo de 1m3 tipo “throw trap” (Baber et al.,

2002; Fernandes et al., 2010) aberto em suas porções, superior e inferior, utilizado

quando a cobertura de macrófitas é pouco densa. E, com uma fina tela de nylon,

presa entre 4 barras de alumínio formando um quadrado (1m2) utilizada quando

predominavam as macrófitas flutuantes E. azurea, E. crassipes, Salvinia spp. ou

qualquer combinação de espécies que diminuísse a eficiência do “throw-trap” (Fig.

6). Esse conjunto era levantado como uma peneira, sob os bancos de macrófitas por

duas pessoas. Também foi usada nas zonas abertas uma rede de arrasto (10

metros de comprimento, 1,5 metros de altura, e malha de 5 milímetros entre nós

opostos), que, fora manuseada por duas pessoas, uma em cada extremidade na

bacia do rio Cuiabá nos anos de 2009 e 2010.

Cada lagoa foi amostrada em nove pontos com um mínimo de 5 m de

distância entre si. Para as lagoas do Rio Cuiabá, cada ponto foi amostrado com um

lance de peneira e arrasto como já referido. Para as lagoas do Rio Negro, em cada

local foi dado um lance de throw-trap e em locais com mais de um metro de

profundidade foi dado um lance de peneira, não foi utilizada rede de arrasto nestas

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amostragens, pois não consta no projeto de monitoramento do PELD. E, fora

incluída nos anos de 2009 e 2010 para a bacia do rio Cuiabá para a presente tese.

Alguns táxons foram identificados em campo, pesados (g) e devolvidos à

água novamente, estes somaram pouco mais de 2% do total capturado. Os demais

espécimens foram fixados em formol 10% (no mínimo por 48 horas) e, em seguida,

transferidos para álcool 70%. Posteriormente, foram identificados no Laboratório de

Ecologia e Manejo de Recursos Pesqueiros (LEMaRPE), e no Laboratório de

Ecologia (UEMS/CInAM) com auxílio de literatura especializada (Britiski et al., 1999;

2007), e confirmados com especialistas do Museu de Zoologia da USP (MZUSP), e

nomenclatura segundo Reis et al. (2003). Exemplares testemunhos se encontram

depositados no Laboratório de Ecologia e Manejo de Recursos Pesqueiros/UFMT,

Coleções Zoológicas da Universidade Federal de Mato Grosso/CZUFMT - Coleção

de peixes (CPUFMT1309 a CPUFMT1388), Laboratório de Ecologia (UEMS/CInAM)

e no MZUSP.

Figura 7. Coleta de peixes utilizando a “peneira” nas lagoas marginais do rio Cuiabá,

Região do SESC-Pantanal, Pantanal Norte, Brasil. (Fonte: Florentino, 2007).

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Dados ambientais Em cada local se anotou o tipo de conexão da lagoa com o rio e o percentual

de cobertura vegetal foi estimado visualmente. As macrófitas que se encontravam

nos lances das amostragens foram pesadas com auxílio de uma balança portátil. Os

parâmetros físico-químicos (pH, oxigênio dissolvido, temperatura da água,

condutividade), da unidade amostral, foram mensurados com auxílio de uma

multisonda (YS I556 MPS Multi - Probe Field Meter). A profundidade foi medida

através de uma régua graduada, a transparência com um disco de Secchi, e a

turbidez com um turbidímetro. As cotas da variação hídrica das bacias foram obtidas

do “hidroweb” da Agência Nacional das Águas - ANA (2012). Foram utilizados os

dados da estação meteorológica de Poconé, e da estação meteorológica do rio

Negro.

Analise dos dados As análises dos dados foram direcionadas de acordo com suas caraterísticas

e as hipóteses de trabalho, usando ferramentas de análise estatísticas descritivas,

multivariadas de agrupamento e ordenação (Ludwig & Reynolds, 1988; Gauch,

1989; Legendre & Legendre, 1998; MacGarigal et al., 2000; McCune & Grace, 2002;

Hair et al., 2009; Bocard et al., 2011), análises univariadas (ANOVA, ANCOVA e

Análise de regressão; Sokal & Rohlf, 1995; Vieira, 2006; Crawley, 2007; Zar, 2010),

e estatísticas não-Paramétricas (Sokal & Rohlf, 1995; Crawley, 2007; Zar et al.,

2010) ou de associação randômica (Gotelli & Graves, 1996).

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Capítulo 1 ___________________________________________________________________ Assembleias de peixes associadas à zona litorânea vegetada e não vegetada das lagoas e do rio principal, na bacia do rio Cuiabá, Pantanal norte. Revista a submeter: Neotropical Ichthyology

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Assembléias de peixes associadas à zona litorânea vegetada e não vegetada das lagoas e do rio principal, na bacia do rio

Cuiabá, Pantanal Norte

Resumo: O presente capítulo descreve a ictiofauna em habitats vegetados e não

vegetados da zona litorânea de lagoas e do rio principal, na bacia do rio Cuiabá, Pantanal

Norte. As amostragens foram realizadas de 2005 a 2010 totalizando 26 lagoas e 18

pontos no canal principal do rio. Um total de 191 espécies foi identificado, o que

corresponde a 71% das espécies listadas para o Pantanal. Na região litorânea com

vegetação aquática foram identificadas 187 espécies e na região litorânea sem

vegetação, 99 espécies. Characiformes foi a ordem mais abundante para todos os

ambientes amostrados, representando 62,6% do total, seguida de Perciformes (14,5%),

Gymnotiformes (11,6%), Siluriformes (9,6%) e pelas outras ordens (1,7%). Em termos de

riqueza, na sequência acima o número de espécies por ordem foi 97, 16, 16, 53 e 9,

respectivamente. Conforme esperado a composição, riqueza, diversidade e abundância

foram diferentes entre os dois biótopos (rio e lagoas), que apresentaram alta diversidade

regional e baixa similaridade, o que reflete as adaptações destas espécies a estes

ambientes. No tocante à conservação biológica, o presente estudo mostra a importância

da região litorânea de lagoas e do rio principal, na bacia do rio Cuiabá, especialmente

quando colonizada por vegetação aquática.

Palavras chave: peixes, diversidade, comunidades, neotropical.

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Fish assemblages associated to the littoral zone vegetated and non

vegetated from lakes and the main river, Cuiabá River basin, North

Pantanal

Abstract: This chapter describes the fish fauna in vegetated and non-vegetated

habitats of the littoral zone of lakes and the main river, in the Cuiabá River basin, North

Pantanal. Samples were collected in 2005 and 2010 totaling 26 lakes and 18 points in the

main river channel. A total of 191 species were identified, corresponding to 71% of the

species reported for the Pantanal. In the the littoral zone with aquatic vegetation 187

species were identified; in the coastal area without vegetation, 99 species. Characiformes

was the most abundant for all environments sampled, representing 62% of the total,

followed by Perciformes (14,5%), Gymnotiformes (11,6%), Siluriformes (9,6%) and by

other orders (1,7%). In terms of richness, following up the number of species per order

they were 97, 16, 16, 53, respectively. As expected the composition, richness, diversity

and abundance were different between the two biotopes (river and lakes), which showed

high regional diversity and low similarity, which reflects the adaptations of these species in

these habitats. With regard to biological conservation, this study shows the importance of

the littoral zone of lakes and river in the Cuiabá river basin, especially when colonized by

aquatic vegetation.

Key-words: fish, diversity, community, neotropical.

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Introdução Os peixes formam um dos táxons mais diversos do planeta, com cerca de 32 mil

espécies (Nelson, 2006; Helfman et al., 2009). Destas, mais de 12 mil, ocorrem em

sistemas de água doce, um fato notável, visto que estes totalizam menos de 0,01% da

área aquática do planeta (Vari & Malabarba, 1998), decorrente da grande

heterogeneidade e refúgios de hábitats presentes nestas áreas continentais. Entre as seis

grandes regiões biogeográficas, propostas por Alfred Russel Wallace em 1876, a região

Neotropical que envolve a América Central e do Sul, é a mais diversa com estimativas

entre 6025 [4475 descritas e 1500 a descrever (Reis et al., 2003)] à 8000 espécies de

peixes (Schaefer, 1998), o que representaria cerca de 25% da ictiofauna do planeta (Vari

& Malabarba, 1998). Apesar da exuberante ictiocenose continental, o estado do

conhecimento sobre sua biologia, taxonomia e relações ecológicas ainda é insatisfatório

(Vari & Malabarba, 1998; Britski et al., 2007).

Assim, devido a sua maior área, a América do Sul concentra as maiores

comunidades de peixes de ambientes aquáticos continentais, graças as suas imensas

redes de drenagens, compostas por diversas bacias hidrográficas. A maior delas é a

bacia Amazônica, formada por diversos tributários, com uma das mais ricas faunas de

peixes, já descritas com mais de 2100 espécies (Reis et al., 2003). A segunda maior delas

é a bacia do Prata, que compreende os rios Paraná, Paraguai e Uruguai. Nela já foram

identificadas, aproximadamente 1200 espécies (Buckup et al., 2007; Langeani et al.,

2009) das quais 269 ocorrem no Pantanal (Britski et al., 2007). Otofísios é o grupo mais

rico em espécies 91,9%, dos quais 47% são caracóides, 39,3% siluróides e 5,6% de

gimnotídeos (Britski et al., 2007).

Os grandes rios da plataforma continental sul Americana, são compostos,

principalmente, por cinco tipos de ambientes: o leito principal, os canais laterais, os lagos,

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as planícies de inundação e os tributários, onde o pulso de inundação é a força motriz da

biota aquática (Junk et al., 1989; Winnemiller & Jepsen 1998; Junk & Wantzen, 2004).

Nos últimos anos tem se registrado, com maior frequência, elevados picos de águas altas

e baixas, principalmente para a bacia Amazônica e Pantanal, relacionados principalmente

ao prolongamento do fenômeno “El Ninho” e redução do “La Niña”. A seca muito intensa

pode ser drástica para os peixes de áreas sazonalmente alagadas, principalmente para os

migradores (Freitas et al. no prelo). Nas planícies sazonalmente alagadas do Pantanal a

profundidade não ultrapassa 5 m no pico da cheia, inferior à Amazônia que pode chegar a

20 m.

No Pantanal parte da zona litorânea é colonizada por vegetação marginal

principalmente por macrófitas aquáticas, mas outra parte tem como principal

característica, a densa vegetação que resulta em elevada produtividade primária e

variedade de nichos ecológicos (Junk, 1973). Esta característica tem sido apontada como

um fator de extrema relevância para o surgimento e manutenção da biodiversidade

aquática, uma vez que, a complexa estrutura espacial da vegetação pode afetar a

coexistência das espécies por estabilizar relações de competição e predação entre as

mesmas (Junk & Wantzen, 2004; Junk et al., 2006). A vegetação na zona litorânea, em

sua maioria, é constituída por macrófitas aquáticas, distribuídas entre 240 espécies,

dominadas principalmente, pelas flutuantes, Eichhornia crassipes (Mart) Solms e E.

azurea Kunth, Salvinia spp., e outras que ocorrem em pequenas manchas (Pott & Pott,

1997). A vegetação pode cobrir quase completamente a superfície da água de algumas

lagoas e canais, formando habitats que são utilizados por diversos grupos de peixes.

Estes por sua vez, são diversos e largamente representados por espécies de pequeno

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porte com hábitos onívoros, iliófagos, detritívoros, carnívoros e piscívoros (Catella, 1992;

Resende et al., 2000; Ximenes et al., 2011).

Neste capítulo, é analisada a contribuição e as relações dos peixes nos habitats

litorâneos vegetados e não vegetados de dois biótopos (rio e lagoa), na bacia do rio

Cuiabá Pantanal Norte. Estudos já realizados sobre a ictiofauna do Pantanal tem se

concentrado, em sua grande maioria em lagoas, com raras exceções envolvendo mais de

um biótopo. Destacam-se o Manual de Peixes do Pantanal de Britski et al. (1999; 2007)

que é uma chave para as espécies de peixes para todo o Pantanal, o trabalho de

Veríssimo et al. (2005) que listaram as espécies da represa de Manso na bacia do rio

Cuiabá, Resende et al. (2005) sobre as espécies de peixes da RPPN/SESC Pantanal, de

Pacheco & Da Silva (2009) na lagoa Chacororé e o rio Mutum. Outros estudos têm

atentado para as relações entre a ictiofauna e os fatores físico-químicos das lagoas

(Súarez et al., 2001, Lourenço et al., 2012), abundância de espécies piscívoras e a

morfometria dos lagos (Súarez et al., 2001; 2004; Baginski, 2007; Florentino, 2007), o

regime de alagação e o tempo de permanência da água nos campos alagados

(Fernandes et al, 2010), a relação entre a os tipos de campos (Fernandes et al., 2010;

Rosa & Resende, 2011). No entanto, os poucos estudos realizados comparando as

assembléias de peixes nos rios e lagos, ora são pontuais, ora unicamente descritivos sem

discriminar a contribuição de cada um deles para a diversidade gama.

O principal objetivo deste capítulo é testar a hipótese de que a ictiofauna é

diferente entre rios e lagos, com diferenças na composição, abundância, diversidade, e

peso dos peixes capturados nos habitats vegetados e não vegetados. É esperado

também encontrar maiores similaridades entre os habitats no mesmo biótopo (rio ou

lagoa) e menores dissimilaridades entre os biótopos, visto que, no leito principal do rio

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espera-se encontrar espécies migradoras e reofílicas pouco comuns em lagos (Agostinho

& Zalewski, 1995).

Material e Métodos Área de estudo O rio Cuiabá, situado na porção norte do Pantanal é o principal afluente do rio

Paraguai, fazendo parte da Bacia do Alto Paraguai. Suas nascentes localizam-se no

Município de Rosário do Oeste, nas encostas da Serra Azul, tendo como principais

formadores os rios Cuiabá da Larga e Cuiabá. Após a confluência destes rios, recebe o

nome de Cuiabazinho e somente após o encontro com o rio Manso, passa a se chamar

rio Cuiabá (Mateus, 2003). Em suas margens possui muitas lagoas de formas variadas

desde lagos de ferradura a poças temporárias. Às margens das lagoas e canais, e em

alguns pontos do canal do rio encontra-se uma zona marginal vegetada dominada por

macrófitas flutuantes especialmente Eichhornia azurea, E. crassipes e Salvinia spp.

Amostragens As coletas foram realizadas de 2005 a 2010 na zona litorânea do rio Cuiabá e em

suas lagoas, entre 16° 30’ a 16° 44’ S e 56° 20’ a 56° 30’ W, respectivamente, na região

conhecida como Porto Cercado dentro e no entorno da Reserva Particular de Patrimônio

Natural/RPPN-SESC. Os habitats amostrados foram a zona litorânea vegetada

(associada à macrófitas) e não vegetada (zonas abertas/praias) das lagoas, e do leito no

rio Cuiabá. Foram amostrados 44 locais, destes, 26 foram lagoas e 18 localizados no

próprio rio, sendo 9 em áreas abertas e 9 em vegetadas. As lagoas amostradas, em sua

maioria, são marginais ao rio, dele distante entre 1 a 5 km (Fig. 1).

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Figura 1. Área de estudo na bacia do rio Cuiabá, Pantanal norte.

As zonas vegetadas foram amostradas, com auxílio de uma peneira confeccionada

com tela de nylon (1,5 mm) e, presa a 4 barras de alumínio formando um quadrado (1m2).

Esta armadilha mostrou se eficiente em amostrar a ictiofauna, quando predominavam as

macrófitas flutuantes E. azurea, E. crassipes, Salvinia sp. (Baginski, 2007; Florentino,

2007; Baginski et al., 2007; Lourenço et al., 2008; Florentino & Penha, 2011; Ximenes et

al., 2011; Lourenço et al., 2012). As zonas abertas foram amostradas com uma rede de

arrasto (10 metros de comprimento, 1,5 metros de altura, e malha de 5 milímetros entre

nós opostos), que, fora manuseada por duas pessoas, uma em cada extremidade. Um

ficava próximo à praia, enquanto o segundo fazia o cerco, posteriormente, ambos,

arrastavam na para a praia e, todos os peixes ali contidos capturados. Este apetrecho,

tem se mostrado eficiente em amostrar a ictiofauna nessas zonas rasas (Veríssimo et al.,

2005; Pacheco & Da Silva, 2009; Milani et al., 2010).

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Todos os peixes foram identificados, e pesados (g). Alguns de fácil identificação,

posteriormente a biometria, foram devolvidos à água, somando pouco mais de 2% do total

capturado. Os demais espécimes foram fixados em formol 10% (no mínimo por 48 horas)

e, em seguida, transferidos para álcool 70%. Posteriormente, foram identificados no

Laboratório de Ecologia e Manejo de Recursos Pesqueiros/UFMT (LEMaRPE), com

auxílio do Manual de Peixes do Pantanal de Britski et al. (1999; 2007), e quando

necessário, chaves específicas de cada grupo foram utilizadas. Espécies duvidosas foram

confirmadas com especialistas do Museu de Zoologia da USP (MZUSP) e a nomenclatura

foi padronizada segundo Reis et al. (2003). Exemplares testemunhos foram depositados

no LEMaRPE e na Coleção de peixes da UFMT (CPUFMT1309 e CPUFMT1388).

Análises dos dados No presente trabalho, a riqueza (S) é o número de espécies, a abundância

numérica é o número de indivíduos coletados de cada táxon, em cada ponto amostral, ou

em todas as amostras dependendo do contexto, e o peso (g) é o peso das espécies

presentes nas amostras. O índice de riqueza de espécies (S) é a medida mais simples de

se expressar a complexidade de uma comunidade, ou seja, o número de espécies que ela

contém (Krebs, 2001; Magurran, 2004). Aumenta em proporção direta ao número de

indivíduos amostrados, o que dificulta realizar comparação entre as amostras (Magurran,

2004). Para contornar esta dificuldade, foi utilizada a análise de rarefação (Sanders, 1968;

Krebs, 1989; Gotelli & Graves, 1996), através da qual pode se avaliar a riqueza e esforço

amostral com base no número de indivíduos ou amostras. Essa técnica estima a riqueza

esperada de espécies para cada subamostra de indivíduos de uma amostra maior, sendo

especialmente útil para comparar amostras de tamanhos diferentes (Gotelli & Graves,

1996; Magurran, 2004).

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O número de espécies esperadas em função do esforço de coleta foi estimado pela

técnica Bootstrap, que utiliza o procedimento de aleatorização. É considerada uma das

ferramentas mais robustas para se estimar a riqueza, pois combina aleatorizações com

sucessivas reamostragens e com reposição na própria amostra obtida (Hair et al., 2009).

Espécies com 10 ou menos indivíduos foram consideradas raras, e aquelas com

apenas 1 exemplar muito raras (Magurran, 2005). Os índices diversidade α, Shannon e

Simpson e equitabilidade (Hill, 1973; Ludwig & Reynolds, 1988; Magurran, 2004) também

foram calculados. O índice de diversidade Shannon (H`) foi calculado como: H`=-∑pi(lnpi)

onde pi é a proporção da i-ésima espécie na amostra, ln representa o logaritmo natural

(base e). O índice de Simpson (1-D) que reflete a probabilidade de que dois indivíduos

escolhidos ao acaso na comunidade pertençam à mesma espécie; D, que é um índice de

dominância, foi calculado como:

S

i NN

niniD

1 )1(*

)1(*, sendo ni= número de indivíduos da

i’ésima espécie, para i variando de 1 a S (riqueza de espécies), e N = número total de

indivíduos, 0≤D≤1. A equitabilidade representa a uniformidade do número de exemplares

entre as espécies, onde: SHE ln' . E a diversidade α de Fisher, foi calculada pela

fórmula S=α*ln(1+n/α), sendo α o índice de diversidade alfa.

A técnica de ordenação “NMDS” - Escalonamento Multidimensional Não Métrico

(“Non-metric Multidimensional Scaling”) foi utilizada para avaliar o padrão geral de

similaridade e dissimilaridade entre os biótopos nas comunidades da zona litorânea. A

análise foi feita com dados quantitativos (abundância numérica) e com dados qualitativos

(presença/ausência). Dados de abundância tendem a dar mais importância às espécies

mais comuns, porque estas teriam maiores diferenças quantitativas entre os biótopos

amostrados. Por outro lado, dados qualitativos captam os padrões de raridade, porque as

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espécies mais abundantes tendem a ocorrer na maioria dos locais, e a contribuição seria

pouca para diferenciar os biótopos. A distância de Bray-Curtis foi utilizada para dados de

abundância, enquanto o índice de Jaccard para os dados de presença e ausência. Esta

combinação de transformações, medidas de distância e técnicas de ordenação se

constitui uma das melhores formas de descrever gradientes ecológicos baseados em

dados de ocorrência de espécies (Kenkel & Orlóci, 1986; Faith et al., 1987; Ludwig &

Reynolds, 1988; Minchin, 1987; Legendre & Legendre, 1998; MacCune & Grace, 2002;

Hair et al., 2009; Bocard et al., 2011).

O procedimento NMDS utiliza medidas de “stress”, que é a proporção da variância

das disparidades (dados otimamente escalonados) não explicada. Ela ajuda a determinar

o número adequado de dimensões a serem incluídas no modelo (McCune & Grace, 2002;

Hair et al., 2009; Bocard et al., 2011). As ordenações com melhores performances são

aquelas que apresentam um valor baixo de stress em relação ao número de eixos. Para

decidir o número de dimensões que deveriam ser retidas na análise, utilizou-se a análise

gráfica do stress versus número de eixos, e a análise de Monte Carlo. O valor de stress

torna-se menor à medida que as distâncias estimadas se aproximam das originais. A

variação capturada pelo NMDS foi derivada da regressão entre as distâncias da matriz

original; calculado com o mesmo índice utilizado nas simulações, e, a distância final

obtida nas aleatorizações (McCune & Grace, 2002).

A análise de Variância (ANOVA) foi utilizada para avaliar as diferenças na riqueza,

abundância e peso entre os habitats amostrados (área vegetada, e não vegetada no rio e

nas lagoas). Quando, por problemas de normalidade ou homocedasticidade (mesmo após

transformação), não foi possível a realização da ANOVA, esta foi substituída pelo Kruskal-

Wallis, que é o correspondente não-paramétrico a uma ANOVA com um único fator (one

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way ANOVA) (Zar, 2010). Todas as análises foram escritas no ambiente estatístico R

2.15.0. (2012) e, quando necessário, utilizou-se a biblioteca “vegan” (Oksanen et al.,

2012).

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Resultados Composição taxonômica Foram capturados 63.358 exemplares, distribuídos em 8 ordens, 31 famílias, 114

gêneros, e 191 espécies (Tabela 1). Characiformes foi a ordem mais abundante com

62,6% do total com 10 famílias, 51 gêneros e 97 espécies, seguida dos Perciformes com

14,5% (2 famílias, 16 gêneros e 16 espécies), Gymnotiformes 11,6% (5 famílias, 8

gêneros e 16 espécies), Siluriformes 9,6% (9 famílias, 36 gêneros e 53 espécies). Além

destas, capturou-se espécies pertencentes à Beloniformes, Cyprinodontiformes,

Lepidosireniformes e Synbranchiformes compreendendo 1,7% da abundância total (4

famílias, 8 gêneros e 9 espécies) (Tabela 1; Fig. 2A). Em relação a riqueza as amostras

tiveram as seguintes proporções: Characiformes (50,8%), Siluriformes (27,8%),

Gymnotiformes (8,4%), Perciformes (8,4%), Cyprinodontiformes (3,1%), Beloniformes

(0,5%), Lepidosireniformes (0,5%) e Synbranchiformes (0,5%).

.

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Tabela 1. Lista das espécies de peixes, número de exemplares (N) e peso total dos exemplares em gramas (PT) capturadas na zona litorânea vegetada (V) e não vegetada (Nv) nas lagoas e no canal principal do rio Cuiabá, Pantanal norte.

Lagoas rio Cuiabá

V Nv VL Nv

N PT N PT N PT N PT

Beloniformes

Belonidae

Potamorhaphis eigenmanni Ribeiro, 1915 10 9,6 1 1,4

Characiformes

Anostomidae

Abramites hypselonotus (Günther, 1868) 17 16,0 4 11,4

Leporellus vittatus (Valenciennes, 1850) 1 4,4

Leporinus elongatus Valenciennes, 1850 1 180,4

Leporinus friderici (Bloch, 1794) 21 39,2

Leporinus lacustris Campos, 1945 26 17300,9 2 12,5

Leporinus macrocephalus Garavello & Britski, 1988 2 0,4 1 150,0

Leporinus obtusidens (Valenciennes, 1836) 17 882,8 2 16,5

Leporinus sp. 40 3,2

Leporinus striatus Kner, 1858 453 13702,6 23 89,4 9 11,7 4 7,5

Schizodon borellii (Boulenger, 1900) 112 1724,5 11 265,4

Schizodon isognathus Kner, 1858 1 0,0 6 5,3 1 0,7

Characidae

Acestrorhynchus pantaneiro Menezes, 1992 8 128,5 9 173,5

Aphyocharax anisitsi Eigenmann & Kennedy, 1903 258 76,3 15 3,9 4 1,5 14 17,0

Aphyocharax dentatus Eigenmann & Kennedy, 1903 80 29,6 75 63,1 6 1,3 84 173,7

Aphyocharax paraguayensis Eigenmann, 1915 465 424,6 7 0,8

Aphyocharax rathbuni Eigenmann, 1907 202 21,0 104 7,0 1 1,0

Astyanax abramis (Jenyns, 1842) 8 34,8 6 31,3 5 40,2

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Continuação

Astyanax asuncionensis Géry, 1972 51 4936,4 19 70,2 1 3,7

Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) 3 11,3

Astyanax lineatus (Perugia, 1891) 4 20,3

Astyanax marionae Eigenmann, 1911 28 3,3

Astyanax pelegrine Eigenmann, 1907 1 5,8 1 3,6

Bryconamericus chapadae (Fowler, 1906) 4 1,3 1 0,4

Bryconamericus exodon Eigenmann, 1907 381 396,5 193 31,1 58 12,4 702 114,9

Bryconamericus sp. 2 0,1

Bryconamericus stramineus Eigenmann, 1908 2 44,8 37 7,5 2 0,9 82 27,0

Bryconops melanurus (Bloch, 1794) 3 0,2 1 0,2

Brycon hilarii (Valenciennes, 1850) 1 327

Charax leticiae Lucena, 1987 67 169,1 7 26,9

Ctenobrycon alleni (Eigenmann & McAtee, 1907) 3 10,8 2 8,7

Cynopotamus argenteus (Valenciennes, 1836) 2 4,0 4 5,3

Galeocharas humeralisValenciennes, 1834 16 46,5 8 11,9

Gymnocorymbus ternetzi (Boulenger, 1895) 207 2392,0 25 47,0

Hemigrammus lunatus Durbin, 1918 87 117,7 3 1,5 1 0,5

Hemigrammus mahnerti Uj & Géry, 1989 3 0,1 16 1,7 1

Hemigrammus maxillaris (Fowler, 1932) 5 2,6 1 0,4

Hemigrammus ocellifer (Steindachner, 1882) 32 7,2 19 0,7

Hemigrammus sp1 23 2,2 6 0,8 7 0,5 2 0,1

Hemigrammus sp2 1 0,1 25 2,0

Hemigrammus tridens Eigenmann, 1907 456 962,7 50 2,1 2 0,2

Hemigrammus ulreyi (Boulenger, 1895) 284 512,3 16 7,6 1 0,3

Hyphessobrycon anisitsi (Eigenmann, 1907) 22 3,7

Hyphessobrycon elachys Weitzman, 1984 1530 209,4 1 0,1

Hyphessobrycon eques (Steindachner, 1882) 4182 1785,2 113 27,9 2 0,0 3 0,4

Hyphessobrycon luetkenii (Boulenger, 1887) 4 0,5 2 0,2

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Continuação

Hyphessobrycon santae (Eigenmann, 1907) 5 18,5

Hyphessobrycon sp. 1 0,3

Markiana nigripinnis (Perugia, 1891) 16 222,6 2 6,0

Metynnis mola Eigenmann & Kennedy, 1903 11 5,5

Moenkhausia dichroura (Kner, 1858) 1077 1636,6 438 436,9 14 16,8 101 75,6

Moenkhausia intermedia Eigenmann, 1908 1 0,3 37 15,8

Moenkhausia lopezi Britski & Silimon, 2001 1 0,3

Moenkhausia sanctaefilomenae (Steindachner, 1907) 1476 2101,5 109 81,8 20 13,4

Myloplus levis (Eigenmann & McAtee, 1907) 2 27,8

Mylossoma paraguayensis Norman, 1928 5 0,7

Odontostilbe paraguayensis Eigenmann & Kennedy, 1903 237 41,8 214 41,6 3 0,7 21 11,9

Odontostilbe pequira (Steindachner, 1882) 1791 1771,7 1440 231,1 16 3,4 174 73,3

Phenacogaster jancupa Malabarba & Lucena, 1995 34 35,2 115 117,0

Piabucus melanostomus Holmberg, 1891 65 4861,3 122 375,8 2 5,1 1 4,4

Poptella paraguayensis (Eigenmann, 1907) 384 2532,6 128 215,6

Prionobrama paraguayensis (Eigenmann, 1914) 329 110,6 19 5,2 4 2,1 3 1,8

Psellogrammus kennedyi (Eigenmann, 1903) 407 572,1 46 55,0

Pygocentrus nattereri Kner, 1858 7 341,7

Roeboides bonariensis (Steindachner, 1879) 8 101,5 4 0,0

Roeboides descalvadensis Fowler, 1932 37 174,7 1 7,3 1

Roeboides paranensis Pignalberi, 1975 135 124,0 24 29,0

Roeboides prognathus (Boulenger, 1895) 14 122,9 7 27,3

Serrapinnus calliurus (Boulenger, 1900) 6321 3341,8 418 67,9 23 2,7 29 4,6

Serrapinnus kriegi (Schindler, 1937) 1351 897,4 610 44,8

Serrapinnus microdon (Eigenmann, 1915) 583 67,1 41 5,9

Serrasalmus maculatus Kner, 1858 49 579.7 9 305,9 1 0,2

Serrasalmus marginatus Valenciennes, 1837 37 544,6

Tetragonopterus argenteus Cuvier, 1816 153 7388,7 32 192,8 2 1,9 2 20,0

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Continuação

Triportheus nematurus (Kner, 1858) 3 23,2 21 119,0 5 42,3

Triportheus paranensis (Günther, 1874) 30 224,1 39 265,6 1 11,6

Xenurobrycon macropus Myers & Miranda Ribeiro, 1945 9 0,4

Crenuchidae

Characidium laterale (Boulenger, 1895) 6087 5465,3 21 2,8 39 3,7 2 0,0

Characidium zebra Eigenmann, 1909 8 22,7 6 3,1 3 1,7

Curimatidae

Curimatella dorsalis (Eigenmann & Eigenmann, 1889) 58 374,5 33 282,0

Curimatopsis myersi Vari, 1982 36 16,1 3 3,8

Cyphocharax gillii (Eigenmann & Kennedy, 1903) 47 78,1 34 150,4

Potamorhina squamoralevis (Braga & Azpelicueta, 1983) 11 86,3 6 28,1

Psectrogaster curviventris Eigenmann & Kennedy, 1903 4 25,5

Steindachnerina brevipinna (Eigenmann & Eigenmann, 1889)

1 0,7 8 19,0

Steindachnerina conspersa (Holmberg, 1891) 3 7,2

Steindachnerina nigrotaenia (Boulenger, 1902) 2 2,5 1 3,1

Erythrinidae

Erythrinus erythrinus (Bloch & Schneider, 1801) 4 94,2 1 27,1

Hoplerythrinus unitaeniatus (Agassiz, 1829) 5 234,7

Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) 345 12019,0 18 936,4

Gasteropelecidae

Gasteropelecus sternicla (Linnaeus, 1758) 14 7,0 3 1,5

Thoracocharax stellatus (Kner, 1858) 92 58,2 116 137,1 35 35,2

Hemiodontidae

Hemiodus microlepis Kner, 1858 125 15,5 2 0,3

Lebiasinidae

Pyrrhulina australis Eigenmann & Kennedy, 1903 2255 2249,5 6 1,3 13 4,4

Parodontidae

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Continuação

Apareiodon affinis (Steindachner, 1879) 103 17,6 89 40,3 19 19,9

Parodon nasus Kner, 1859 3 0,9 166 20,6 51 68,8

Prochilodontidae

Prochilodus lineatus (Valenciennes, 1836) 4 129,8 2 356,9

Cyprinodontiformes

Rivulidae

Neofundulus paraguayensis (Eigenmann & Kennedy, 1903)

4 0,4

Plesiolebias glaucopterus (Costa & Lacerda, 1988) 1 0,1

Rivulus punctatus Boulenger, 1895 39 38,6

Rivulus sp. 65 7,3

Stenolebias damascenoi (Costa, 1991) 3 1,9

Trigonectes balzanii (Perugia, 1891) 26 8,9

Gymnotiformes

Apteronotidae

Apteronotus albifrons (Linnaeus, 1766) 21 265,8

Apteronotus caudimaculosus Santana, 2003 2 0,0

Sternarchorhynchus curvirostris (Boulenger, 1887) 1 294,8

Gymnotidae

Gymnotus carapo Linnaeus, 1758 115 3075,4

Gymnotus inaequilabiatus (Valenciennes, 1839) 45 1491,5

Gymnotus pantanal Fernandes et al., 2005 16 244,5

Gymnotus paraguensis Albert & Crampton, 2003 3 36,4

Hypopomidae

Brachyhypopomus spA 961 5659,6 23 8,8 4 3,8

Brachyhypopomus spB 77 258,6 4 2,2 3 1,9

Brachyhypopomus spC 1682 4697,3

Rhamphichthyidae

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51

Continuação

Gymnorhamphichthys hypostomus Ellis, 1912 12 218,5

Rhamphichthys hahni (Meinken, 1937) 70 1640,6

Sternopygidae

Eigenmannia sp. 5 15,8

Eigenmannia trilineata López & Castello, 1966 3476 9737,5 88 62,1 155 224,0 5 13,3

Eigenmannia virescens (Valenciennes, 1842) 18 59,8

Sternopygus macrurus (Bloch & Schneider, 1801) 554 23899,6 5 116,8

Lepidosireniformes

Lepidosirenidae

Lepidosiren paradoxa Fitzinger, 1837 16 67,9

Perciformes

Cichlidae

Aequidens plagiozonatus Kullander, 1984 470 5216,1 8 100,9 1 10,4

Apistogramma borellii (Regan, 1906) 2625 4417,0 3 0,7 3 0,3

Apistogramma commbrae (Regan, 1906) 1463 761,1 7 0,8 4 0,3 1 0,1

Apistogramma inconspicua Kullander, 1983 2 0,7 25 4,0

Apistogramma trifasciata (Eigenmann & Kennedy,1903) 2048 1244,3 6 0,4

Astronotus crassipinnis (Heckel, 1840) 2 563,0 1 600,0

Bujurquina vittata (Heckel, 1840) 53 157,7 28 116,7 1 1,6

Chaetobranchopsis australis Eigenmann & Ward,1907 9 164,5

Cichlasoma dimerus (Heckel, 1840) 394 61010,2 3 8,6 1 4,5

Crenicichla lepidota Heckel, 1840 1803 89742,2 2 3,7 14 28,7 1 1,6

Crenicichla semifasciata (Heckel,1840) 42 331,5 2 0,6

Crenicichla vittata Heckel, 1840 74 5653,6 2 7,1

Gymnogeophagus balzanii (Perugia, 1891) 7 8,5 1 47,0

Laetacara dorsigera (Heckel, 1840) 60 56,2

Mesonauta festivus (Heckel, 1840) 25 163,1

Sciaenidae

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Continuação

Plagioscion ternetzi Boulenger, 1895 1

Siluriformes

Aspredinidae

Bunocephalus australis Eigenmann & Ward, 1907 3 0,4

Bunocephalus doriae Boulenger, 1902 9 1,0

Auchenipteridae

Auchenipterus nigripinnis (Boulenger, 1895 1 1,5

Entomocorus benjamini Eigenmann, 1917 221 172,1 59 60,0

Parauchenipterus galeatus (Linnaeus, 1766) 345 58694,0

Parauchenipterus striatulus (Steindachner, 1877) 257 23649,0 3 85,3

Callichthyidae

Callichthys callichthys (Linnaeus, 1758) 45 95,0

Corydoras aeneus (Gill, 1858) 76 201,6 34 113,1

Corydoras hastatus Eigenmann & Eigenmann, 1888 1177 2891,2 173 1,6

Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) 35 2051,6

Lepthoplosternum pectorale (Boulenger, 1895) 78 371,2

Megalechis personata (Ranzani, 1841) 6 153,5

Cetopsidae

Pseudocetopsi gobioides (Kner, 1858) 1 0,2

Doradidae

Anadoras weddellii (Castelnau, 1855) 91 810,2

Doras eigenmanni (Boulenger, 1895) 144 411,6 1 4,9 1 2,4

Merodoras nheco Higuchi et al., 2007 1 3,4

Platydoras armatulus (Valenciennes, 1840) 14 118,3

Pterodoras granulosus (Valenciennes, 1821) 8 34,7

Pterolebias longipinnis Garman, 1895 9 4,6

Pterolebias phasianus Costa, 1988 21 7,0

Trachydoras paraguayensis (Eigenmann & Ward, 1907) 12 110,0 1 6,1

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Continuação

Heptapteridae

Imparfinis sp 11 2,5

Ituglanis amazonicus (Steindachner, 1882) 12 3,0

Ituglanis eichorniarum (Miranda Ribeiro, 1912) 49 248,6 1 0,1 2 0,4

Ituglanis herberti (Miranda Ribeiro, 1940) 1 0,4

Ituglanis sp 11 2,5

Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824) 8 322,9 1 56,9

Loricariidae

Ancistrus sp 2 3,5

Hypoptopoma inexspectatum (Holmberg, 1893) 1047 30329,0 14 47,4 85 83,6

Hypostomus cochliodon Kner, 1854 85 3776,3 1 5 15,5

Hypostomus spA 177 1200,7 2 52,5 16 5,2

Hypostomus spB 24 17,5 1 462,0 6 1139,1

Liposarcus anisitsi (Eigenmann & Kennedy, 1903) 31 372,4

Loricariichthys platymetopon Isbrücker & Nijssen, 1979 24 61,0 12 16,0

Otocinclus vittatus Regan, 1904 3 0,7 4 1,4

Rineloricaria cacerensis (Ribeiro, 1912) 1 3,4

Rineloricaria hoehnei (Miranda Ribeiro, 1912) 8 5,7

Rineloricaria nigricauda (Regan, 1904) 8 14,7

Rineloricaria parva (Boulenger, 1895) 1213 10072,7 21 69,9 25 14,2

Pimelodidae

Hemisorubim platyrhynchos (Valenciennes, 1840) 2

Iheringichthys labrosus (Lütken, 1874) 1 1,1

Megalonema platanum (Günther, 1880) 2 0,1 2 0,2

Pimelodella gracilis (Valenciennes, 1835) 56 136,7 51 93,6

Pimelodella mucosa Eigenmann & Ward, 1907 3 5,1 111 242,6

Pimelodella notomelas Eigenmann, 1917 15 9,85

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Continuação

Pimelodus argenteus Perugia, 1891 4 25,8 2 8,0

Pimelodus maculatus La Cepède, 1803 27 199,2 1 9,2

Pimelodus ornatus Kner, 1858 1 5 39,1

Pimelodus cf. fur (Reinhardt, 1987) 1

Sorubim lima (Bloch & Schneider, 1801) 1 25,1

Trichomycteridae

Ochmacanthus batrachostomus (Ribeiro, 1912) 3 0,3 1

Parastegophilus maculatus (Steindachner, 1879) 5 1,5

Trichomycterus brasiliensis Lütken, 1874 26 109,3

Trichomycterus johnsoni (Fowler, 1932) 8 31,6

Synbranchiformes

Synbranchidae

Synbranchus marmoratus Bloch, 1795 905 3384,0 1 0,6 1 0,8

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Characiformes também predominou em abundância na zona litorânea

vegetada e não vegetada das lagoas e do rio Cuiabá. Na zona litorânea vegetada

das lagoas, além de Characiformes (59,27%), predominaram Perciformes (16,36%),

Gymnotiformes (12,72%), Siluriformes (9,73%), Beloniformes, Cyprinodontiformes,

Lepidosireniformes e Synbranchiformes que representaram menos de 2% do total

deste habitat. Enquanto que, na zona litorânea não vegetada Characiformes

(88,47%), Siluriformes (8,46%), Gymnotiformes (1,96%) e Perciformes (1,08%)

predominaram. As outras ordens representaram menos de 0,5%. Por outro lado, os

habitats vegetados no canal do rio foram compostos por Characiformes (40,61%),

Gymnotiformes (28,26%), Siluriformes (22,84%), Perciformes (8,12%), e

Synbranchiformes (0,17%), enquanto que os não vegetados, por Characiformes

(97,09%), Gymnotiformes (0,35%), Siluriformes (0,21%) e Perciformes (2,34%)

(Tabela 1; Fig. 2B). No entanto, estes valores em abundância numérica entre as

ordens não diferiram significativamente entre a zona litorânea vegetada e não

vegetada dos biótopos (F=1,673; gl=3; p=0,208) (Fig. 2B).

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Figura 2. Abundância relativa

do total de espécies de peixes

capturadas por ordens. A) Total

capturado em todos os

biotopos. B) Total capturado

para a zona litorânea das

lagoas e do canal do rio Cuiabá

(vegetada e não vegetada). V-

Lagoas = Zona litorânea

vegetada das lagoas; Nv.-

Lagoas = Zona litorânea não

vegetada das lagoas; V-rio

Cuiabá = Zona litorânea

vegetada; Nv.-rio Cuiabá =

Zona litorânea não vegetada

do rio Cuiabá.

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Characidae com 45,8%, Cichlidae (14,5%), Crenuchidae (9,7), Sternopygidae

(6,8%), Loricariidae (4,4%), Hypopomidae (4,3%), Lebiasinidae (3,6%) dominaram

numericamente, enquanto as demais apresentaram abundâncias inferiores a 2,5%

(Fig. 3A). Com relação ao número de espécies por famílias, novamente Characidae

predominou com 30 gêneros e 67 espécies representando 34,7%, seguida de

Cichlidae (10 gêneros e 15 espécies) equivalendo a 14,5%, Loricariidae (7 gêneros e

12 espécies) totalizando 6,2%. Vinte e três famílias apresentaram riqueza inferior a

5%, ressalta-se, Hypopomidae (2

gêneros e 3 espécies) e

Crenuchidae (1 gênero e 2

espécies), que figuraram

numericamente abundantes e,

deparam-se entre as menos

diversas com 1,5% e 1%

respectivamente (Fig. 3B).

Figura 3. Abundância (A) e riqueza em nível de

espécies e gêneros (B) por família.

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Abundância das espécies Nas pescarias foram capturados 63358 exemplares pesando 466,9 kg. Desse

total na área vegetada das lagoas foram capturados 55504 exemplares (456,3 kg) e

na área aberta 5853 exemplares (8 kg). Por outro lado, na zona litorânea do canal

principal do rio foram capturados na área vegetada 591 exemplares (0,6 kg)

enquanto que, na área aberta 1410 exemplares (2 kg) (Figs. 4A e B). Esta variação

em peso e número de indivíduos entre os habitats vegetados e abertos das lagoas e

rio diferiram significativamente entre eles, tanto em número de indivíduos (H = 26,25,

gl=3; p = 0,000008) (Fig. 4A) quanto peso (H = 341,71, gl=3; p = 0,0000002) (Fig.

4B).

Figura 4. Número de indivíduos (A)

e peso (B), dos peixes capturados

na zona litorânea (vegetada e não

vegetada) das lagoas e do canal

principal do rio Cuiabá. Nv-L = Zona

litorânea não vegetada das lagoas;

Nv-R = Zona litorânea não vegetada

do rio; VL = Zona litorânea vegetada

das lagoas; VR = Zona litorânea

vegetada do rio.

De fato, as ordenações de

NMDS indicaram assembléias

distintas, tanto em número de

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indivíduos (r2= 93%, stress= 0,0723) quanto em presença e ausência (r2 = 87%,

stress= 0,066), com maiores similaridades entre pontos e dissimilaridade em seus

respectivos biótopos (Figs. 5A e B).

Figura 5. Ordenação de NMDS com número de indivíduos (A) e presença e ausência

(B). Nv-L = Zona litorânea não vegetada dos lagos; Nv-R = Zona litorânea não

vegetada do rio; VL = Zona litorânea vegetada das lagoas; VR = Zona litorânea

vegetada do rio.

Em nível de espécies, no total geral, Serrapinnus calliurus (10,7%),

Characidium laterale (9,7%), Hyphessobrycon eques (6,8%), Eigenmannia trilineata

(5,9%), Odontostilbe pequira (5,4%) e Apistogramma borellii (4,1%) foram as mais

abundantes (Figs. 6 e 7; Tabela 1). Entretanto, na zona litorânea vegetada das

lagoas, S. calliurus com 11,4%, C. laterale (10,9%), H. eques (7,5%), E. trilineata

(6,2%) e A. borellii (4,7%) predominaram. Enquanto que, na zona aberta, O. pequira

(24,6%), S. kriegi (10,4%), Moenkhausia dichroura (7,5%), S. calliurus (7,14%), O.

paraguayensis (3,6%), Bryconamericus exodon (3,3%) e Corydoras hastatus (2,9%)

foram as mais abundantes. Por outro lado, para o habitat vegetado do rio,

dominaram E. trilineata com 26,2%, Hypoptopoma inexspectatum (14,4%) e B.

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exodon (9,8%), enquanto que, na zona aberta, B. exodon (49,7%), M. dichroura

(7,1%) e O. pequira (12,3%) predominaram (Tabela 1).

Com relação ao peso das espécies, observa-se que a elevada abundância

numérica não implica em uma dominância em peso. Por exemplo, S. calliurus

(0,7%), C. laterale (1,1%), H. eques (0,3%), E. trilineata (2,1%), O. pequira (o,4%) e

A. borellii (0,4%) juntas representaram menos de 6% do total em peso. Por outro

lado, cinco espécies foram responsáveis por 56,3% do peso total, predominando

Crenicichla lepidota com 19,2%, seguida de Cichlasoma dimerus (13%),

Parauchenipterus galeatus (12,5%), Hypoptopoma inexspectatum (6,5%)

Sternopygus macrurus (5,1%) e Parauchenipterus striatulus (5%). As demais

espécies apresentaram peso relativo inferior a 3% e, em sua grande maioria inferior

a 0,1% do total (Figs. 6 e 7; Tabela 1).

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Figura 6. Número e peso total dos indivíduos (%) das principais espécies capturadas

na zona litorânea do rio e lagoas.

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Figura 7. Algumas espécies de peixes capturadas na zona litorânea das lagoas do

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rio Cuiabá. Observação: As fotos foram ampliadas não refletem o tamanho real das

espécies. Obs. As fotos representam espécies de tamanhos diversos.

Riqueza e espécies exclusivas A zona litorânea vegetada das lagoas contribuiu exclusivamente com 37,3%

do total de espécies (72 spp.), Bunocephalus australis, B. doriae, Leporinus friderici,

P. galeatus, Merodoras nheco, Platydoras armatulus, Ituglanis, Liposarcus anisitsi,

Rineloricaria nigricauda, Hemisorubim platyrhynchos, Sorubim lima estiveram entre

elas. A zona vegetada e não vegetada compartilharam 28,6% (55 spp.), tais como

Acestrorhynchus pantaneiro, Aphyocharax paraguayensis, Hoplias malabaricus,

Markiana nigripinnis, Schizodon borellii e outras, enquanto Brycon hilarii, Leporellus

vittatus, Iheringichthys labrosus, Parastegophilus maculatus foram exclusivas da

zona não vegetada, que equivaleram a 2,1% do total de espécies. Todos os biótopos

amostrados compartilharam 9,3% (18 spp.), A. commbrae, Crenicichla lepidota, C.

laterale, E. trilineata, L. striatus, O. paraguayensis e O. pequira estiveram entre eles

(Tabela 1; Fig. 8).

A área aberta e a vegetada das lagoas, juntamente com a vegetada do rio

compartilharam 16 espécies que corresponderam a 8,3% do total geral, dentre as

quais S. isognathus, H. tridens, H. ulreyi, Pyrrhulina australis, Aequidens

plagiozonatus, A. borellii, C. dimerus, Doras eigenmanni, Rineloricaria parva e outras

estiveram entre elas. Enquanto que, a área aberta do rio e lagoas e vegetada, desse

último biótopo, compartilharam o mesmo percentual (8,3%), mas diferiram em seus

componentes Astyanax abramis, A. asuncionensis, H. lunatus. M. sanctaefilomenae,

Serrasalmus maculatus, Thoracocharax stellatus, Apareiodon affinis, Bujurquina

vittata, entre outros que compuseram esta fauna (Tabela 1; Fig. 8).

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Na zona litorânea vegetada do rio e lagoas compartilharam 4,1% do total de

espécies, entre elas Abramites hypselonotus, B. chapadae, Bryconops melanurus,

Sternopygus macrurus, A. inconspicua, Megalonema platanum e outros

compuseram este habitat. A zona litorânea não vegetada do rio representou

exclusivamente 1% das espécies, e os habitats vegetados e abertos das lagoas e do

rio compartilharam apenas Rhamdia quelen que representou 0,5% do total de

espécies (Tabela 1; Fig. 8).

Figura 8. Contribuição de cada habitat

para a riqueza total. A = Zona

litorânea vegetada das lagoas; B=

Zona litorânea vegetada e não

vegetada das lagoas; C = Zona

litorânea vegetada e não vegetada do

rio e das lagoas; D= Zona litorânea

vegetada e não vegetada das lagoas,

vegetada do rio; E= Zona litorânea

vegetada das lagoas e não vegetada

do rio e lagoas; F= Zona litorânea vegetada do rio e das lagoas; G= Zona litorânea

não vegetada das lagoas; H = Zona litorânea não vegetada do rio; I= Zona litorânea

vegetada das lagoas e não vegetada do rio; J=Zona litorânea vegetada e não

vegetada das lagoas mais a zona vegetada do rio.

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Diversidade regional A análise de rarefação mostra que a zona litorânea foi bem amostrada, na

qual, o habitat melhor amostrado foi à zona litorânea vegetada das lagoas (Fig. 8).

As demais zonas amostradas, apesar de não alcançarem a assíntota, aparentam

conter uma menor riqueza de espécies. O estimador, Bootstrap, estimou em 222

espécies (dp=10,17) para estes biótopos (rio, lagoa), dessa forma,

aproximadamente, 85% da ictiocenose foram capturadas (Fig. 8).

Figura 9. Curvas de rarefação para os biótopos amostrados na bacia do rio Cuiabá.

Nv-L = Zona litorânea não vegetada das lagos; Nv-R = Zona litorânea não vegetada

do rio; Lv = Zona litorânea vegetada das lagoas; Rv = Zona litorânea vegetada do

rio.

A zona litorânea vegetada das lagoas é mais diversa que os demais habitats

(Tabela 2; Fig. 9). Sendo clara a variação entre eles, nos quais, os mais equitativos

foram, numericamente, a zona litorânea vegetada do rio. Enquanto que o habitat não

vegetado das lagoas destacou-se nas estimativas da equitabilidade com dados de

peso. Ressalta-se, que os menores valores das estimativas Simpson, Shannon, e

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diversidade alfa referem aos habitats do rio, com exceção da equitabilidade

numérica (Tabela 2).

Tabela 2. Estimativas dos parâmetros da estrutura da comunidade de peixes da zona litorânea vegetada e não vegetada das lagoas marginais do rio Cuiabá. Nv-L = Zona litorânea não vegetada das lagos; Nv-R = Zona litorânea não vegetada do rio; VL = Zona litorânea vegetada das lagoas; VR = Zona litorânea vegetada do rio.

Atributos Lagoas Rio Cuiabá

VL Nv_L VR Nv-R

Simpson (1-D)-número 0,9511 0,9093 0,8856 0,7216

Simpson (1-D)-peso 0,9113 0,9585 0,7887 0,66

Shannon (H`)-número 3,545 3,19 2,74 1,969

Shannon (H`)-peso 3,047 3,618 2,136 1,859

Equitabilidade-número 0,1853 0,227 0,3688 0,1836

Equitabilidade-peso 0,1151 0,3584 0,2016 0,1783

Alfa 24,16 18,59 10,34 7,426

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Discussão O principal objetivo deste estudo foi descrever a ictiofauna dos habitats

litorâneos vegetados e não vegetados em lagoas e no rio principal, na bacia do rio

Cuiabá, Pantanal norte. Conclui-se que 1) os padrões de riqueza de espécies

refletem os padrões de abundância, 2) a composição e diversidade são diferentes

entre os biótopos, e 3) há uma alta diversidade regional e baixa similaridade entre rio

e lagoas.

Os dados indicam a zona litorânea vegetada (associada à macrófitas) e não

vegetada (zonas abertas/praias) das lagoas, e do leito no rio Cuiabá é um ambiente

regionalmente rico, especialmente ao ser comparado com os registros para a bacia,

de 49 a 250 espécies (Marques & Resende, 2005; Veríssimo et al., 2005; Baginski

et al., 2007; Pacheco & Da Silva, 2009; Milani et al. 2010; Fernandes et al., 2010a).

De fato, Veríssimo et al. (2005) menciona uma ictiofauna de 250 espécies na lista de

espécies de peixes da represa de Manso, que envolveu toda a bacia do rio Cuiabá.

Esse número é alto, entretanto deve ser ressaltado que, as suas amostragens foram

realizadas desde as cabeceiras até as planícies de inundação, incluindo vários

tributários da bacia utilizando diferentes apetrechos (malhadeiras, covos, redes de

arrastos, peneiras e outros). Mesmo com esta gama de ambientes as amostragens

realizadas na zona litorânea (vegetada e não vegetada) do rio Cuiabá e em suas

lagoas foram coletadas cerca de 77% das 250 espécies mencionadas por Veríssimo

et al. (2005) e 71% das 269 espécies de peixes listada para o Pantanal (Britski et al.,

2007). Esses resultados sugerem ambientes com alta riqueza de peixes.

A ictiofauna caracteriza-se principalmente, por Otophysi distribuídos em

Characiformes, Perciformes, Gymnotiformes e Siluriformes. Percebe-se, claramente

um predomínio dos Ostariofisianos com exceção de Perciformes (Acanthopterygii),

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que figuraram como a segunda maior dominância. Em parte, isto se deve à

diversidade taxonômica do grupo, considerada a segunda maior ordem de

teleósteos, com aproximadamente 68% dos peixes de água doce (Nelson, 2006;

Helfman et al., 2009) Ressalta-se, que em termo de riqueza Siluriformes supera os

Perciformes e Gymnotiformes denotando a grande irradiação e capacidade de

adaptação nestes habitats.

A acentuada predominância dos Perciformes como segunda ordem mais

abundante, não é um padrão comum aos ambientes aquáticos Pantaneiros. No

entanto, já foi registrada em estudos realizados em ambientes temporários (Milani et

al., 2010; Fernandes et al., 2010a;b;) e lagoas (Milani et al., 2010; Florentino et al.,

pres. tese). Por outro lado, a predominância de Characiformes, Siluriformes e

Perciformes têm sido amplamente relatadas para lagoas (Súarez et al., 2001; 2004;

Baginski et al., 2007; Florentino, 2007; Florentino & Penha, 2011) e campos

alagados (Rosa & Resende, 2011). Estas diferenças sugerem que estes táxons não

possuem um padrão de distribuição homogênea, visto que suas abundâncias e

riquezas diferem entre biótopos (rio e lagoa) e habitats próximos (zonas litorânea

vegetada e não vegetada). Não obstante, o padrão de raridade, dentro e entre os

grupos de peixes, condiz com o esperado em teoria ecológica, na qual, poucas

espécies seriam abundantes e muitas raras (Whitaker, 1960; Ricklefs, 1987;

Magurran, 2004). Isto em parte se deve ao fato que as espécies raras, seriam as

representadas por aquelas que apresentariam características populacionais que as

permite persistirem em baixas abundâncias (Hubbell, 2001; Baginski et al., 2007), ou

por aquelas que ocasionalmente migram para os habitats litorâneos, como Brycon

hilarii, Sorubim lima e Hemisorubim platyrhynchos.

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Characidae e Cichlidae dominaram tanto em abundância (60,3% do total)

como em espécies e gêneros, correspondendo a 49,2%. Este predomínio,

provavelmente, reflete a diversidade morfológica e fisiológica de seus componentes,

que propicia manter populações numerosas, associadas à conectividade dos lagos e

ao fluxo hidrológico do rio, que permitiria colonizar novos habitats, de modo que,

espécies como S. calliurus, C. laterale, H. eques dentre outras, figuram como os

mais abundantes caracídeos, enquanto que, dentre os ciclídeos, encontram se A.

borellii, A trifasciata, A. commbrae, C. lepidota. Esta dominância deve em parte a

baixa turbidez da água, uma vez que, os Characiformes e Perciformes são

visualmente orientados, em oposição aos Siluriformes e Gymnotiformes (por

exemplo, H. inexspectatum, R. parva, E. trilineata). Este padrão de uso do habitat

devido a adaptações visuais já foi relatado em estudos no Orinoco (Rodríguez &

Lewis, 1997) Araguaia (Tejerina-Garro et al., 1998) e Pantanal (Súarez et aL., 2001,

2004; Lourenço et al., 2012). Isto se deve, muito provavelmente, devido a

adaptações morfológicas e fisiológicas das espécies, como as retinas nos olhos dos

Characiformes, barbilhões mentais nos siluriformes, campo sensorial nos

Gymnotiformes entre outras (Orlov & Kondrashev, 1998; Helfman et al., 2009).

Dentre as 23 famílias com riqueza inferior a 5%, Hypopomidae e Crenichidae

foram representadas por espécies numericamente dominantes (Brachyhypopomus

spC., e Pyrrhulina australis). P. australis é sedentária facilmente relatada na lista de

espécies de estudos realizados em lagoas no Pantanal (Súarez et al., 2001;

Baginski, 2007; Florentino, 2007; Pacheco & da Silva, 2009) o que indica possuir

estratégias de vida bem adaptadas aos biótopos. Por outro lado, Brachyhypopomus

é comumente encontrado nas zonas litorâneas vegetadas (Súarez et al., 2001;

Baginski, 2007; Florentino, 2007) e nos estandes flutuantes na Amazônia Central

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(Albert & Crapton, 2003), também possuem estratégias que permite manter

populações numerosas. Em parte também porque são capazes de tolerar períodos

prolongados de condições de hipóxia, graças, a capacidade da câmara branquial de

reter bolhas de ar, que provavelmente são utilizadas na respiração aérea (Albert &

Crapton, 2003).

Apesar da abundância numérica (63.358 exemplares) o peso total foi baixo

(466,9 Kg) (Tabela 1), com valores médios de 8,2 g por exemplar. Isto mostra que,

muitos exemplares eram de pequeno porte (A. Anisitisi, Bunocephalus doriae, H.

eques, Corydoras aeneus, etc.) ou jovens e juvenis de peixes de médio e porte

grande (H. malabaricus, R. quelen, L. macrocephalus, L. friderici, S. borellii). Esse

mesmo padrão foi relatado por Sánches-Botero & Arraújo-Lima (2001) em lagos de

várzea da Amazônia central. Os autores descrevem a estrutura de tamanho e

maturidade sexual das espécies de peixes que vivem às raízes de macrófitas

aquáticas durante o período de cheia.

Ressalta-se, que mais de 10 espécies comercializadas regionalmente no

mercado de peixes de Cuiabá, são capturadas Na zona litorânea vegetada

(associada à macrófitas) e não vegetada (zonas abertas/praias) das lagoas, e do

leito no rio Cuiabá como os juvenis de S. lima, H. platyrhynchos, P. ternetzi,

amostrados nas lagoas. Assim, é sugerido que estas lagoas funcionam como

berçário, e/ou local de engorda para as espécies de médio e grande porte.

Resultado similar foi relatado por Marques & Resende (2005) em seu estudo sobre

ictiofauna das lagoas da RPPN-SESC/Pantanal. Finalmente, apesar do predomínio

de espécies residentes e de pequeno porte, tem se capturado uma pequena

proporção de migradoras e grande porte, nos estudos sobre ictioplacton (Tondato et

al., 2010), o que reforça a presente hipótese.

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Comparando os habitats das zonas não vegetadas e vegetadas dos rios e

lagoas, percebe-se predomínio em riqueza, abundância e peso das lagoas em

relação ao rio, com maior similaridade entre os habitats vegetados. Mesmo assim,

nas zonas não vegetadas do rio a presença de espécies reofílicas, que

possivelmente não suportam variações bruscas nos parâmetros físico-químicos da

água, comuns nas pequenas lagoas. A piraputanga (B. hilarii) exclusiva de

ambientes abertos do rio, não foi registrada nas lagoas, o que não significa que não

ocorra migração desse peixe para as lagoas. Duas hipóteses poderiam explicar suas

ausências neste biótopo: (i) amostragem ineficiente, seletiva a espécies de pequeno

porte; (ii) falta de amostragens na época cheia.

As amostragens foram, sem dúvida, seletivas, e tenderam a capturar os

peixes que vivem nos habitats rasos (<2m). Como os peixes maiores preferem as

águas mais profundas, enquanto os jovens e menores, as mais superficiais

(Sánches-Botero & Arraújo-Lima, 2001), pode ter influenciado nas amostragens

destes componentes nas lagoas, visto que, no trabalho de Tondato et al. (2010),

registraram larvas de piraputangas. A sua migração deve-se, possivelmente, a

disponibilidade de frutos, e a migrações reprodutivas associadas às águas altas, e

provavelmente, os juvenis não ocupam a zona vegetada, mas prefiram habitats

abertos dos campos rios e lagoas. De fato, nos campos e capões de mato alagados

sazonalmente tem se registrada a sua presença (Fernandes et al., 2010a,b).

As diferenças marcantes, tanto em peso como abundância numérica entre os

biótopos, se deve em parte às peculiaridades estruturais nas zonas vegetadas e não

vegetadas do sistema. Possivelmente, as espécies procuram as zonas vegetadas

por serem habitats mais complexos em relação às zonas abertas e, portanto, mais

protegidos. Assim espécies de peixes visualmente orientados poderiam detectar

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predadores previamente aos ataques (Rodrígues & Lewis, 1997; Sánches-Botero &

Arraújo-Lima, 2001; Grenouillet et al., 2002). O que acarretaria, num sistema mais

diverso, que apesar da alta diversidade apresentou uma baixa similaridade, muito

provavelmente devido às diferenças em peso e distinção de seus componentes.

Em síntese, a maior diversidade dos habitats vegetados reflete principalente a

complexidade estrutural dos habitats e a produtividade. E, muito embora, os

parâmetros da produtividade são difíceis de serem mensurados, influenciam

diretamente na quantidade de espécies que cada ambiente suporta. O que pode

estar direcionando a diversidade no sistema.

Agradecimentos Os autores agradecem ao MCT/CNPq Peld sitio 12 pelo financiamento do

projeto. À RPPN – SESC Pantanal, a UFMT e ao CPP-Centro de Pesquisas do

Pantanal pelo apoio logístico. Ao IBAMA pela licença concedida para as coletas dos

peixes. ACF agradece também ao CNPq pela bolsa de pesquisa concedida.

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Capítulo 2 ___________________________________________________________________ Composição, diversidade e distribuição de peixes na zona litorânea das lagoas dos rios Cuiabá e Negro, Pantanal. Revista a submeter: Environmental Biology of Fishes

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Composição, diversidade e distribuição de peixes na zona litorânea das lagoas dos rios Cuiabá e Negro, Pantanal

Resumo: Em Ecologia é essencial entender os mecanismos que geram os

padrões de distribuição e abundância das espécies. E, no Pantanal ainda é

incipiente o entendimento sobre tais mecanismos. O presente capítulo tem como

objetivo avaliar a distribuição espécie/abundância de peixes na zona litorânea de 42

lagoas em duas bacias hidrográficas no Pantanal brasileiro: rio Cuiabá localizado na

sua porção norte e, rio Negro localizado na sua porção sul. É avaliada a hipótese de

que as assembleias de peixes nas bacias hidrográficas são diferentes pelo fato dos

lagos estarem inseridos em diferentes unidades geomorfológicas, um formado por

lagoas de depressão na planície inundável do rio Negro, e o outro formado em sua

maioria por braços abandonados (lagos de ferradura ou “oxbow lakes”) do rio

Cuiabá. As lagoas foram amostradas em 2005 e 2006. A ictiofauna das lagoas do rio

Cuiabá é diferente e mais diversa que a do rio Negro, apresentando valores mais

altos de riqueza, equitabilidade, diversidade alfa, índices de Shannon e Simpson (1-

D), e menor de número de indivíduos. Os modelos de distribuição espécie-

abundância mostram que as curvas das oitavas dos modelos são similares, apesar

das assembleias serem diferentes, o que pode ser reflexo de processos distintos

atuando sobre ambas as assembleias. Um teste de modelos nulos de co-ocorrência

é significativo o que suporta esta hipótese.

Palavras chaves: Riqueza de espécies; Diversidade alfa; Iscas vivas; Modelos nulos;

Teoria neutra; Neotropical.

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Composition, diversity and distribution of fish assemblages on marginal zone of floodplain lagoons in Negro and Cuiabá

Pantanal regions, Brazil

Abstract: In ecology is essential to knowledge the processes that drive the

species abundance and distribution patterns. In the Pantanal is still small the

understanding about these processes on fish assemblages. The present paper aim

to evaluate the species/abundance distribution in littoral zone of 42 lagoons in two

hydrographic basins of Brazilian Pantanal: Cuiabá River, located in north portion and

Negro River, located in south portion of the Pantanal. Is it evaluated the hypothesis

that fish assemblages are different by the differences in geomorphic origins of these

lagoons, one formed by depressions in flooded area of Negro river and other by

originated by old abandoned stretches of river (oxbow lakes) of Cuiabá River. The

lagoons were sampled in 2005 and 2006. The fish assemblages of Cuiabá River are

more diverse than Negro River and with smaller fish densities. The species

abundance models showed that octaves curves were similar between regions,

despite differences in species composition, what can reflect different processes

acting on both assemblages. Null models of co-occurrence test corroborate this

hypothesis.

Key-Words: Species richness; Alfa diversity; Live bait; Null models; Neutral theory;

Neotropical ichthyofauna.

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83

Introdução A irregularidade nas distribuições espécie/abundância é uma característica

comum em sistemas naturais, além disso, também denota como as espécies

subdividem o nicho para coexistirem (Hill 1973; Ludwig and Reynolds 1988; Krebs

2001; Magurran 2004; Higgins and Strauss 2008; Ferreira and Petrere 2008). Para

assembleias de peixes, esta irregularidade, na maioria dos casos, é caracterizada

pela ocorrência de muitas espécies raras e poucas comuns (Baginski et al., 2007;

Fernandes et al. 2009; Fernandes et al. 2010). Os ecólogos constantemente

procuram descrever esta irregularidade. Mas, quais são as suas causas? Que forças

determinam a forma das curvas de espécie/abundância? No entanto, muitas

comunidades naturais não seguem este padrão e a ausência do entendimento dos

agentes causais é crítica nesta situação. Ao longo da história, vários modelos

quantitativos foram propostos para sumarizar e descrever esta irregularidade

(Motomura 1932; Fisher et al. 1943; Preston 1948; MacArthur 1957; May 1975;

Tokeshi 1990; 1996; Bell 2001; Hubbell 2001), tais como a série geométrica

(Motomura 1932), a série logarítmica (Fisher et al. 1943), a log normal truncada

(Preston 1948), o modelo “Broken Stick” (MacArthur 1957).

A primeira distribuição a descrever a relação espécie-abundância de uma

amostra foi a série geométrica, também conhecida como hipótese de pré-

esvaziamento de nichos, sugerida por Motomura (1932) para comunidades

bentônicas no Japão. O parâmetro k da distribuição seria um indicativo da

composição de espécies na complexidade do sistema (Magurran 2004; Ferreira and

Petrere-Jr. 2008). Essa distribuição descreve uma situação em que a espécie

dominante usa uma proporção k de algum recurso limitante, a segunda espécie com

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maior dominância usa a mesma fração do que restou, e assim sucessivamente

(Krebs 1999; Magurran 2004; Ferreira and Petrere-Jr. 2008).

A distribuição série logarítmica foi proposta por Fisher et al. (1943) e tende a

ocorrer quando as espécies ocupam um habitat não saturado em intervalos

aleatórios, ao invés de regulares de tempo, permanecendo com frações do espaço

do nicho (Magurran 1988; 2004). O parâmetro α desta distribuição provou ser uma

robusta e informativa medida de diversidade (Fisher et al. 1943; Magurran 2004;

Ferreira and Petrere-Jr. 2008). Caracteriza comunidades pequenas,

estressadas/perturbadas ou comunidades em estágios pioneiros de sucessão

(Gotelli and Graves 1996).

A distribuição log normal truncada foi empregada por Preston (1948)

analisando espécies raras e comuns. As abundâncias das espécies são organizadas

em um histograma em escala logarítmica onde as classes resultantes na abscissa

são resumidas através das “oitavas”, que representam duplicações na abundância

de espécies (Magurran 2004). A base logarítmica das oitavas pode ser 2, 3 e 10 (em

geral 2) que irão produzir o mesmo resultado (Ferreira and Petrere-Jr. 2008). Este

modelo prediz que espécies com abundâncias intermediárias seriam mais comuns e

descreveriam bem ambientes mais equitativos (Tokeshi 1990; Gottelli and Graves

1996; Magurran 2004).

O modelo de Broken Stick ou bastão quebrado, conhecido também como

hipótese dos limites aleatórios de nicho, foi proposto por MacArthur (1957). Ele

comparou a subdivisão do espaço de nicho representado por um bastão unitário a

ser quebrado aleatoriamente em S pedaços. Ou seja, uma comunidade em que as

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espécies colonizam simultaneamente e particionam um único recurso ao acaso,

tendo habilidades competitivas iguais (Tokeshi 1993; Magurran 2004).

O Pantanal abriga flora e fauna diversificada que está associada a um

sistema hídrico complexo, formado por variados subsistema aquático, tais como rios,

corixos (cursos fluviais estacionais), lagoas de diferentes tipos, brejos e etc. (Mourão

1989). A inundação anual é o fenômeno ecológico mais importante, sendo

fundamental para a ictiofauna, pois o tempo de permanência da água nos campos

determina a disponibilidade de habitat e alimentação dos peixes, condicionando sua

abundância (Catella 1992; Súarez et al. 2001; Baginski et al. 2007; Fernandes et al.

2010).

A zona litorânea de lagos dos rios Cuiabá (Resende et al., 2005; Baginski et

al. 2007; Milani et al. 2010; Pacheco and Da-Silva 2009; Florentino and Penha 2011)

e Negro (Súarez et al. 2001; 2004) Pantanal Matogrossense; e alto Paraná (Bulla et

al. 2011) está associada às macrófitas aquáticas, que formam um ambiente rico em

microhabitats para muitas espécies de peixes como pequenos tetragonopteríneos e

cherondotíneos e em menor proporção, juvenis de porte médio (gymnotídeos,

eritrinídeos) (Baginski et al. 2007; Milani et al. 2010; Florentino and Penha 2011) e

grande porte (mileíneos, pimelodídeos) (Tondato et al. 2010). A ictiofauna usa os

bancos de macrófitas aquáticas como meio de dispersão (Bulla et al. 2011), local de

alimentação (Santos et al. 2009; Ximenes et al. 2011), refúgio e berçário (Tondato et

al. 2010; Bulla et al. 2011). Mas, apesar das variações sazonais em termo de área e

fatores físicos químicos (Súarez et al. 2001) a ictiofauna é rica e diversa, já tendo

sido identificadas de 49 a 98 espécies (Baginski et al. 2007; Fernandes et al. 2010).

Trabalhos que relatam fatores abióticos influenciando a estrutura da ictiofauna em

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nível local tem sido realizados em lagoas nas bacias dos rios Negro (Súarez et al.,

2001; 2004) e Cuiabá (Baginski 2007; Florentino 2007; Fernandes 2007; Fernandes

et al. 2010; Tondato et al. 2010; Lourenço et al. 2010). No entanto, estes estudos

não contemplam os processos que influenciam a manutenção da diversidade em

escala regional. Nesse contexto o presente capítulo tem como objetivo determinar a

composição, diversidade e avaliar os padrões de distribuição e abundância das

espécies de peixes em lagoas para duas bacias hidrográficas no Pantanal brasileiro:

rio Cuiabá localizado na porção norte e o rio Negro localizado na porção sul. É

avaliada a hipótese de que as assembleias de peixes são diferentes entre bacias.

Isso pelo fato de serem dois grupos de lagos com geomorfologias distintas, um

formado por lagoas de depressão na planície inundável do rio Negro, e o outro

formado em sua maioria por meandros abandonados.

Material e Métodos

Área de Estudo As coletas foram realizadas em 2005 e 2006 nos meses de março, junho,

setembro e dezembro respectivamente em 42 lagoas no Pantanal Brasileiro. Destas,

16 lagoas se localizam no rio Cuiabá entre as coordenadas 16° 30’ a 16° 44’ S e 56°

20’ a 56° 30’ W, e 26 lagoas no rio Negro entre as coordenadas 16° 30’ a 16° 44’ S e

56° 20’ a 56° 30’ W (Fig. 1).

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Figura 1. Área de estudo no rio Cuiabá e na bacia do rio negro, Pantanal Brasileiro.

Na bacia do rio Cuiabá as lagoas amostradas têm formato de ferradura

originada de antigos leitos abandonados, canais (regionalmente conhecidos como

corixos) ou formadas por depressões naturais. Na sua maioria são marginais ao rio,

dele distantes entre 1 km e 5 km. Na planície do rio Negro as lagoas amostradas

têm origem geológica diferente, sendo caracterizadas por depressões na planície de

inundação e não por leitos antigos do rio. A distância destas lagoas para o canal

principal do rio oscila entre 1 e 15km.

Amostragem Os peixes foram coletados: (i) com um cubo de 1m3 tipo “throw trap” (Baber et

al., 2002; Fernandes et al., 2010) aberto em suas porções superior e inferior utilizado

quando a cobertura de macrófitas é pouco densa. (ii) com uma fina tela de nylon,

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presa entre 4 barras de alumínio formando um quadrado (1m2) utilizada quando

predominavam as macrófitas flutuantes Eichhornia azurea, E. crassipes, Salvinia

spp., ou qualquer combinação de espécies que diminuísse a eficiência do “throw-

trap” (Súarez et al. 2001; 2004; Florentino and Penha 2011). Esse conjunto era

levantado como uma peneira, sob os bancos de macrófitas por duas pessoas.

Cada lagoa foi amostrada em nove pontos com um mínimo de 5 m de

distância entre si. Para as lagoas do Rio Cuiabá, cada ponto foi amostrado com um

lance de (ii), enquanto que para as lagoas do Rio Negro, em cada local foi dado um

lance de (i) e em locais com mais de um metro de profundidade foi dado um lance

de (ii).

Os peixes coletados foram fixados em formol a 10% por um período mínimo

de 48h e, em seguida, transferidos para álcool 70%. Posteriormente, foram

identificados no Laboratório de Ecologia e Manejo de Recursos Pesqueiros

(LEMaRPE) da UFMT, e no Laboratório de Ecologia (CInAM) da UEMS com auxílio

de literatura especializada (Britiski et al., 1999), e confirmado com especialistas do

Museu de Zoologia da USP (MZUSP), usando a nomenclatura proposta por Reis et

al. (2003). Exemplares testemunhos estão depositados no LEMaRPE, MZUSP,

CInAM, Coleção de peixes da UFMT (CPUFMT).

Análise de dados Para avaliar a eficiência de amostragem e possíveis diferenças na riqueza de

espécies entre as duas regiões foi utilizada a análise de rarefação (Sanders 1968;

Gotelli and Graves 1996). Essa técnica estima a riqueza esperada de espécies para

cada subamostra de indivíduos de uma amostra maior, e é especialmente útil para

comparar amostras de tamanhos diferentes (Gotelli and Graves 1996). O estimador

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bootstrap foi utilizado para avaliar o número de espécies registradas nas campanhas

com o número esperado de espécies para a área. Este procedimento de

aleatorização é tido como um dos mais robustos em estimativas de riqueza, visto

que, utiliza a aleatorização com sucessivas reamostragens e com reposição na

própria amostra obtida (Hair et al. 2009).

Foi considerado como abundância o número de indivíduos coletados, em

cada ponto amostral, ou em todas as amostras. Muito embora, peso seja a moeda

natural em Ecologia, os mais de 8 mil espécimes coletados nas amostras da bacia

do rio Negro não foram previamente pesados, impossibilitando fazer a comparação

nesta unidade. Espécies com 10 ou menos indivíduos foram consideradas raras

(Magurran 2005). Utilizamos índices de riqueza, diversidade α, Shannon e Simpson

e, equitabilidade (Hill 1973; Ludwig and Reynolds 1988; Magurran 2004). O índice de

riqueza de espécies (S) foi calculado com base no número de espécies. O índice de

diversidade Shannon (H`) foi calculado como: H`=-∑pi(lnpi) onde pi é a proporção da

i-ésima espécie na amostra. O índice de Simpson (1-D) que reflete a probabilidade

de que dois indivíduos escolhidos ao acaso na comunidade pertençam à mesma

espécie foi calculado como:

S

i NN

niniD

1 )1(*

)1(*, sendo ni= número de indivíduos da

i’ésima espécie, para i variando de 1 a S (riqueza de espécies), e N = número total

de indivíduos, 0≤D≤1.

A equitabilidade representa a uniformidade do número de exemplares entre

as espécies, onde: SHE ln' . E a diversidade α de Fisher, foi calculada pela

fórmula S=α*ln(1+n/α), sendo α o índice de diversidade alfa. Estes índices foram

estimados usando o programa Past 2.08 (Hammer et al. 2011).

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O número de indivíduos, riqueza, diversidade alfa, equitabilidade, dominância,

abundância relativa e os índices de Shannon e Simpson foram comparados entre as

duas bacias, usando o teste “t” de Student. Quando a normalidade e

homocedasticidade das variâncias foram violadas (mesmo após os dados serem

transformados), o teste Mann-Whitney foi usado (Sokal and Rohlf, 1995). As rotinas

destas análises estão no programa R, versão 2.12 (R Development Core Team

2011).

Os diferentes locais foram ordenados por meio de um Escalonamento

Multidimensional Não Métrico (“Non-metric Multidimensional Scaling”) – NMDS com

duas dimensões com base no valor de “stress” e das distâncias finais. O “stress” ou

medida de desajuste dos grupos formados, que é a proporção da variância das

disparidades (dados otimamente escalonados) não explicada pelo modelo NMDS

ajuda a determinar o número adequado de dimensões a serem incluídas no modelo

(McCune and Grace 2002; Hair et al. 2009). As ordenações com melhores

performances são aquelas que apresentam um valor muito baixo de “stress” em

relação ao número de eixos. Para decidir o número de dimensões que deveriam ser

retidas na análise, utilizou-se a análise gráfica do “stress” versus número de eixos, e

a análise de Monte Carlo. O valor de stress se torna menor à medida que as

distâncias estimadas se aproximam das originais. A variação capturada pelo NMDS

foi derivada da regressão entre as distâncias original e a distância final obtida e

simulada de NMDS, calculada com o mesmo índice utilizado nas simulações

(McCune and Grace 2002).

Esta análise foi utilizada para reduzir a dimensionalidade das assembléias e

captar os padrões qualitativos (presença/ausência) e quantitativos (abundâncias

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numéricas) dentre as duas regiões. A matriz de dissimilaridade utilizada na

ordenação com os dados quantitativos foi construída com o índice de Bray-Curtis, e

para dados qualitativos, foi utilizado o índice de Jaccard. Esta combinação de

transformações, medidas de distância e técnicas de ordenação constitui uma das

melhores formas de descrever gradientes ecológicos baseados em dados de

ocorrência de espécies (Kenkel and Orlóci 1986; Faith et al. 1987; Minchin 1987;

Legendre and Legendre 1998; McCune and Grace 2002). Essas análises também

foram feitas pelo programa R, versão 2.12 (R Development Core Team 2011),

utilizando a biblioteca “Vegan” (Oksanen et al. 2011).

Os “Whittaker plots” (Whittaker 1965) e os modelos de distribuição de

abundância das espécies nas comunidades de peixes para as duas regiões, foram

ajustados, após as abundâncias numéricas das espécies (n) serem transformadas

em log(n+1) (Magurran 2004). Uma das vantagens de classificação em gráficos de

ranking/abundância é que padrões contrastante de riqueza de espécies são

claramente apresentados (Magurran 2004), como é usual ao se desenhar o

Whittaker plot e ajustar as 4 relações espécie abundância já utilizada a

transformação log(ni+1), onde ni expressa a abundância numérica i` esima espécie

foram ajustadas as distribuições Log normal truncada (Preston 1948), Série

logarítmica (Fisher et al. 1943), Série Geométrica (Motomura 1932; May 1975) e a

Broken Stick (MacArthur 1957). Os modelos também foram ajustados utilizando o

pacote R (R Development Core Team, 2011), utilizando a biblioteca “untb” (Hanki

2007). O teste Kolmogorov-Smirnov foi utilizado para avaliar os ajustes das

respectivas curvas de distribuição (Sokal and Rohlf 1995).

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O nível de organização das assembléias dentro das lagoas foi avaliado

através de uma análise de co-ocorrência, usando a métrica C-Score (Stone and

Roberts 1990). O C-score calcula a número médio de todas as combinações

possíveis de espécies para o tabuleiro “de xadrez” (Gotelli 2000). Uma unidade do

tabuleiro representaria o número de manchas em que a espécie A está presente e a

B ausente, e vice-versa (Stone and Roberts 1990; 1992). Um número alto deste

índice indica que a distribuição de espécies é estruturada por processos que

iniciaram a segregação (Gotelli and Graves 1996; Gotelli et al. 1997; Gotelli 2000). O

C-score de cada bacia hidrográfica foi calculado da matriz original de ocorrência de

espécies (presença/ausência).

Este modelo de co-ocorrência foi usado para determinar se o padrão de co-

ocorrência observado poderia ser obtido ao acaso. O C-score observado foi

comparado com a distribuição de frequência do C-score simulado, calculado com

10.000 aleatorizações da matriz original utilizando o programa EcoSim 7.72 (Gotelli

and Entsminger 2012). Um algoritmo de permutação sequencial foi utilizado em

todas as análises e a soma das linhas e colunas foi considerada fixa (algoritmo SIM

9 - Connor and Simberloff 1979; Gotelli 2000). A junção do índice “C-score” e o

algoritmo SIM é uma robusta ferramenta em avaliar ocorrência de espécies, sendo

menos propensos a erros tipo I e II (Gotelli and Graves 1996; Gotelli 2000; Gotelli

and Arnett 2000; Peres-Neto et al. 2001; Gotelli and Rohde 2002).

Diferenças estatísticas entre os índices observados e simulados foram

consideradas significativas quando p < 0,05. C-scores não significativos sugerem

padrões aleatórios em co-ocorrência das espécies. Um C-score negativo significa

que as espécies estão co-ocorrendo mais frequentemente que o esperado ao acaso,

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que acontece quando as espécies estão positivamente associadas (Stone and

Roberts 1992). Por outro lado, um significativo C-score positivo indica um número

menor de pares co-ocorrendo que é o esperado ao acaso, que ocorre quando as

espécies são negativamente associadas (Gotelli 2000; Gotelli and MacCabe 2002;

Fernandes et al. 2009).

Resultados

Composição da Ictiofauna Foram capturados 14050 indivíduos, distribuídos em 100 espécies das quais

os Characiformes foi predominante (54 espécies), seguido dos Siluriformes (17

espécies), Perciformes (14 espécies) e Gymnotiformes (6 espécies). Além disso, foi

capturado espécies pertencentes às ordens Beloniformes, Cyprinodontiformes,

Lepidosireniformes, e Synbranchiformes compreendendo 7% do total (Fig. 2A, e B,

Anexo 1). Mas, numercamente, Characiformes (71,1%) foi mais abundante do que,

Perciformes (14,8%), Gymnotiformes (5,8%) e Siluriformes (3,3%). Beloniformes,

Cyprinodontiformes, Lepidosireniformes, e Synbranchiformes compreenderam 5%

do total de indivíduos.

Nas lagoas da bacia do rio Cuiabá capturou-se 5581 espécimes, distribuídos

em 7 ordens, 21 famílias e 80 espécies. Characiformes foi também predominante

(42 espécies), seguida de Siluriformes (14 espécies), Perciformes (13 espécies),

Gymnotiformes (5 espécies), Cyprinodontiformes (4 espécies), Lepidosironiformes e

Synbranchiformes com 1 espécie cada (Fig. 2A, anexo 1). Numericamente

Characiformes (59,3%), Perciformes (17,5%), Gymnotiformes (13,8%) e os

Siluriformes (7,4%) foram os mais abundantes, seguido de Cyprinodontiformes,

Lepidosireniformes e Synbranchiformes (2%) (Fig. 2B, Anexo 1).

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Para as lagoas da bacia do rio Negro capturou–se 8469 espécimes,

classificados em 7 ordens, 13 famílias, e 54 espécies. Characiformes predominou

com 35 espécies seguida de Perciformes (12 espécies), Cyprinodontiformes,

Gymnotiformes e Siluriformes (2 espécies cada), Beloniformes e Synbranchiformes

com 1 espécie cada (Fig. 2A, Anexo 1). Numericamente Characiformes (78,9%),

Perciformes (13,1%), Cyprinodontiformes (6,7%) predominaram seguido de

Gymnotiformes, Siluriformes e os Lepidosireniformes ( 1,3) (Fig. 2B Anexo 1).

Figura 2. Número de espécies (A) e famílias (B) das ordens de peixes

capturadas nas duas regiões, bacias dos rios Cuiabá e Negro, Pantanal, Brasil.

Para ambas as bacias Characiformes predominou em número de famílias e

gêneros. Na bacia do rio Cuiabá Characiformes foi representada por 6 famílias,

Siluriformes e Gymnotiformes (5 famílias cada), Cyprinodontiformes,

A B

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Lepidosironiformes, Perciformes e Synbranchiformes com 1 família cada (Fig. 2B).

No rio Negro, Characiformes predominou com 5 famílias, seguida de

Cyprinodontiformes e Gymnotiformes (2 famílias cada), e Beloniformes, Perciformes,

Siluriformes e Synbranchiformes com 1 família cada (Fig. 2B). Anostomidae,

Gasteropelecidae, Apteronotidae, Gymnotidae, Rhamphichthyidae, Lepidosirenidae,

Auchenipteridae, Doradidae, Loricariidae e Pimelodidae foram exclusivas para as

lagoas do rio Cuiabá, enquanto que Belonidae, Poeciliidae e Crenuchidae foram

exclusivas para as lagoas do rio Negro (Fig. 3A e B). Characidae, Cichlidae e

Curimatidae foram as mais abundantes, em número de gêneros e espécies para as

duas bacias (Fig. 3A e B).

Figura 3. Número de espécies por famílias (A) e número de gêneros por

famílias (B), para a bacia do rio Cuiabá, e, rio Negro, Pantanal, Brasil.

A

B

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Espécies utilizadas pela pesca como iscas vivas Das espécies capturadas nas amostragens, 12 são utilizadas como iscas

vivas, pelos pescadores profissionais e esportivos (Anexo 2). Dentre estas sete

espécies pertencem a ordem Gymnotiformes (Apteronotus albifrons, Gymnotus

carapo, Brachyhypopomus sp., Rhamphichthys hahni, Eigenmannia trilineata,

Sternopygus macrurus), duas a ordem Siluriformes (Callichthys callichthys,

Hoplosternum littorale), uma a ordem Lepidosireniformes (Lepidosiren paradoxa) e

uma espécie a ordem Synbranchiformes (Synbranchus marmoratus) que diferiram

bastante em abundâncias entre as duas bacias. Para a bacia do rio Cuiabá, E.

trilineata (8,11%), Brachyhypopomus sp. (3,56%), S. marmoratus (2,87%), S.

macrurus (1,36%) e G. carapo (0,54%) foram as mais abundantes. Por outro lado,

para a bacia do rio Negro, E. trilineata, S. macrurus e C. callichthys foram as mais

abundantes e, suas somas equivaleram a menos de 1%, deste grupo peculiar (Fig. 4

e 8).

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Figura 4. Abundância das espécies que são utilizadas como iscas, capturadas na

zona litorânea das lagoas, para as bacias do rio Negro e rio Cuiabá, Pantanal, Brasil.

Diversidade local A análise de rarefação mostra que, ambas as regiões foram bem amostradas,

com estimativas bootstrap de 106 (dp=4,19) espécies de peixes para as lagoas da

bacia do rio Cuiabá, e, 60 (dp=2,77) espécies para a bacia do rio Negro (Fig. 5).

Lembrado que as riquezas observadas foram de 80 e 54, respectivamente.

Figura 5. Curvas de rarefação da riqueza de peixes da zona litorânea das lagoas da

bacia do rio Cuiabá e do rio Negro, Pantanal, Brasil.

Num total de 42 lagoas amostradas para as duas bacias, a variação no

número de indivíduos foi de 21 a 1.241 espécimes, a riqueza de 3 a 40 espécies,

Simpson 0,208 a 0,94, Shannon 0,46 a 3,022, Equitabilidade 0,236 a 0,772 e

diversidade alfa 0,444 a 10,83 (Tabela 1). É clara a variação nas médias entre as

bacias que são destacadas pelas análises estatísticas t e U, conforme o caso. Os

testes mostram que as lagoas do rio Cuiabá apresentaram as maiores médias de

riqueza (Sc=23,18; Srn=18,84; U = 56; Z = 3,9369; p = 0,0001; Fig. 6ª); Índice de

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Simpson (1-Dc) =0,881; (1-Drn)=0,687; U=29; Z=4,6362; P=0,0001; Fig. 6B); Índice

de Shannon (H´c=2,576; H´rn=1,661; t = 6.923[39.5]; p = 0001; Fig. 6C); Equitabilidade

(Ec=0,497; Ern=0,446; t=1,965[37,8]; p = 0,057; Fig. 6D); diversidade Alfa (αc=7,54; αrn

=3,46; U=68; Z=3,6261; P=0,0003; Fig. 6E).

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Tabela 1. Ordem das lagoas, bacia a qual pertencem, número de indivíduos (N); Riqueza (S); índices de Simpson (1-D) e Shannon (H´); Equitabilidade (E); e a diversidade Alfa (α), entre as bacias dos rios Cuiabá e Negro, Pantanal, Brasil.

Lagoas Bacias N S 1-D H E α

1 Rio Cuiabá 455 36 0,9102 2,832 0,4718 9,17

2 Rio Cuiabá 424 40 0,9172 2,925 0,4658 10,83

3 Rio Cuiabá 92 15 0,8327 2,142 0,568 5,08

4 Rio Cuiabá 184 16 0,8957 2,409 0,6952 4,21

5 Rio Cuiabá 149 17 0,8352 2,157 0,5084 4,94

6 Rio Cuiabá 619 39 0,9188 2,908 0,4696 9,07

7 Rio Cuiabá 191 17 0,7955 2,039 0,452 4,51

8 Rio Cuiabá 87 14 0,8133 1,956 0,5051 4,71

9 Rio Cuiabá 376 28 0,8456 2,428 0,4048 6,99

10 Rio Cuiabá 248 31 0,94 3,022 0,6624 9,35

11 Rio Cuiabá 322 32 0,8582 2,552 0,401 8,93

12 Rio Cuiabá 334 30 0,9026 2.72 0,506 7,98

13 Rio Cuiabá 590 38 0,9049 2,811 0,4377 9,07

14 Rio Cuiabá 262 30 0,9036 2,735 0,5137 8,76

15 Rio Cuiabá 589 34 0,8972 2,676 0,4274 7,84

16 Rio Cuiabá 659 39 0,921 2,907 0,4691 9,24

17 Rio Negro 228 11 0,3763 0,9528 0,2357 2,43

18 Rio Negro 210 20 0,8842 2,455 0,5823 5,43

19 Rio Negro 571 22 0,7101 1,724 0,255 4,54

20 Rio Negro 124 4 0,2076 0,4604 0,3962 0,79

21 Rio Negro 37 8 0,5566 1,287 0,4528 3,14

22 Rio Negro 268 9 0,6657 1,439 0,4686 1,79

23 Rio Negro 173 25 0,8664 2,456 0,4665 8,04

24 Rio Negro 238 16 0,7278 1,692 0,3393 3,87

25 Rio Negro 434 22 0,7452 1,844 0,2875 4,89

26 Rio Negro 382 3 0,3566 0,6611 0,6456 0,44

27 Rio Negro 266 9 0,4514 1,003 0,3031 1,7

28 Rio Negro 180 15 0,661 1,687 0,3603 3,89

29 Rio Negro 298 18 0,8207 2,141 0,4728 4,2

30 Rio Negro 21 8 0,7166 1,618 0,6304 4,7

31 Rio Negro 1241 19 0,7657 1,758 0,3053 3,2

32 Rio Negro 746 24 0,7556 2,024 0,3153 4,7

33 Rio Negro 181 12 0,6817 1,549 0,3922 2,8

34 Rio Negro 100 6 0,7498 1,534 0,7724 1,4

35 Rio Negro 435 22 0,8345 2,123 0,38 4,9

36 Rio Negro 161 14 0,8802 2,245 0,674 3,68

37 Rio Negro 88 15 0,8221 2,124 0,5574 5,2

38 Rio Negro 559 19 0,8173 2,074 0,4188 3,8

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100

Continuação

Lagoas Bacias N S 1-D H E α

39 Rio Negro 477 10 0,6526 1,327 0,3768 1,78

40 Rio Negro 661 20 0,6498 1,666 0,2647 3,89

41 Rio Negro 29 6 0,6944 1,387 0,667 2,29

42 Rio Negro 361 12 0,8236 1,95 0,5859 2,38

Cinquenta e cinco espécies foram consideradas raras dentre elas: Pimelodus

maculatus, Crenicichla semifasciata, Astyanax abramis e Roeboides prognathus

(Anexo 1). Na bacia do rio Cuiabá foram capturadas 36 espécies, dentre estas, 8

com somente um indivíduo cada: Triportheus paranensis, Apteronotus albifrons,

Chaetobranchopsis australis, Doras eigenmanni, Lepidosirem paradoxa, Leporinus

elongatus, Piabucus melanostomas, Randia quelen. Por outro lado, na bacia do rio

negro foram capturadas 26 espécies raras e 7 com um indivíduo: Triportheus

paranensis, Erythrinus erythrinus, Charax leticiae, Hemigrammus ulreyi,

Hoplerythrinus unitaeniatus, P. eigenmanni, e Triportheus nematurus.

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101

Figura 6. Média, desvio padrão e o intervalo de confiança para riqueza (S),

indices de simpson (1-D) e shannon (H´), equitabilidade (E) e a diversidade

alfa(α) para a zona litoral das lagoas da bacia do rio Cuiabá e rio Negro,

Pantanal, Brasil.

Cuiabá Negro

R

0

10

20

30

40

50R

iqu

eza

Cuiabá Negro

R

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Índ

ice

de

Sim

pso

n

Cuiabá Negro

R

0

1

2

3

4

Índ

ice

Sh

an

no

n

Cuiabá Negro

R

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

Eq

uita

bilid

ad

e

Cuiabá Negro

R

0

2

4

6

8

10

12

Div

ers

ida

de

alfa

B

C D

E

A

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102

Dentre as 8 espécies com maior abundância relativa, 4 predominaram em

ambas as bacias: Serrapinnus calliurus, Apistogramma borellii, A. trifasciata e

Pyrrhulina australis (Anexo 3). E, as espécies com maior abundância relativa para a

bacia do rio Cuiabá foram: S. Calliurus (14,32%), Eigenmannia trilineata (8,64%),

Characidium laterale (7,07%), P. Australis (7,6%), Hyphessobrycon eques (7,38%),

A. Borellii (5,6%), A. Trifasciata (4,75%) e Moenkausia sanctaefilomenae (4,47%)

enquanto que, as demais espécies apresentaram abundâncias relativas inferiores a

3%. Por outro lado, S. Kriegi (23,1%), S. Calliurus (20,6%), M. Dichroura (13,76%),

Pamphorichthys hasemani (5,58%), A borellii (5,02%), S. Microdon (4,65%), A.

Trifasciata (3,64%) e P. Australis (3,63%), foram dominantes para a bacia do rio

Negro. As demais espécies apresentaram abundâncias inferiores a 2,5% (Fig. 7;

anexo 3).

Diversidade regional A ordenação das espécies por bacia mostra que 35 foram comuns entre as

dos rios Cuiabá e Negro. Das quais, 45 espécies foram exclusivas para o rio Cuiabá,

tais como Leporinus friderici, L. striatus, L. elongatus, Schizodon borellii,

Entomocorus benjamini, Parauchenipterus galeatus, Parauchenipterus striatulus,

Anadoras weddellii dentre outros. Dezenove espécies foram exclusivas para a bacia

do rio Negro, tais como Callichthys callichthys, Metynnis mola, Serrapinnus kriegi,

Astronotus crassipinnis (Fig. 7). Estes resultados refletiram na ordenação dos locais,

e a NMDS separou os peixes, tanto em número de indivíduos [NMDS1(stress=0,1845):

Eixo 1=36%, Eixo 2: 27,19%], quanto em composição espécifica [NMDS2(stress=0,1767):

Eixo 1=56,64%, Eixo 2: 23,78%] (Fig. 7). Embora as ordenações resultantes da

NMDS tenham produzido stress alto, com dados quantitativos e qualitativos, elas

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103

evidenciaram que as assembleias dos rios Cuiabá e Negro são distintas com uma

alta diversidade Beta entre elas (Fig. 8A e B).

Figura 7. Abundância relativa e ocorrência das espécies de peixes da zona litorânea

das lagoas da bacia do rio Negro e rio Cuiabá, Pantanal, Brasil.

De

nsid

ad

ere

lati

va

da

es

cie

Serrapinnus calliura

Moenkausia dichroura

Apis togramma borellii

Serrapinnus microdon

Apis togramma trifasciata

Pyrrhulina australis

Hyphessobrycon eques

Laetacara dors igera

Aphyocharax rathbuni

Aphyocharax anisitsi

Aequidens plagiozonatus

Psellogrammus kennedyi

Roeboides paranensis

Curimatopsis myersi

Bujurquina vittata

Astyanax assuncionensis

Corydoras hastatus

Brachyhypopomus sp

Aphyocharax paraguayens is

Hoplias malabaricus

Serrasalmus spilopleura

Crenicichla vittata

Gymnogeophagus balzanii

Eigenmannia tr ilineata

Synbranchus marmoratus

Cyphocharax gillii

Crenicichla edithae

Tetragonopterus argenteus

Gymnocorymbus ternetzi

Moenkausia sanctaefilomenae

Mesonauta festivus

Curimatella dorsalis

Hemigrammus ulreyi

Erythr inus erythrinus

Charax leticiae

Xenurobrycon macropus

Tr iportheus paranens is

Thoracocharax stellatus

Sternopygus macrurus

Schizodon borellii

Rivulus sp

Rinoloricar ia parva

Rhamphichthys hahni

Rhamdia quelen

Pterolebias longipinnis

Prionobrama paraguayensis

Potamorhina squamoralevis

Poptella paraguayens is

Pimelodus maculatus

Pimelodella gracilis

Piabucus melanostoma

Parauchenipterus s tr iatulus

Parauchenipterus galeatus

Odontostilbe pequira

Odontostilbe paraguayensis

Markiana nigripinnis

L iposarcus anisits i

Leporinus s tr iatus

Leporinus frider ici

Leporinus elongatus

Lepidosiren paradoxa

Ituglania amazonicus

Hypostomus sp

Hypoptopoma inexspectatum

Hyphessobrycon elachys

Hoplosternum pectorale

Hemigrammus lunatus

Hemigrammus cf.ocellifer

Gymnotus carapo

Entomocorus benjamini

Doras eigenmanni

Curimatella dorsalis

Crenicichla semifasciata

Chaetobranchops is australis

Astyanax abramis

Apteronotus albifrons

Apis togramma commbrae

Aphyocharax dentatus

Anadoras weddellii

Abramites hypselonotus

Serrapinnus kriegi

Pamphorichthys hasemani

Catoprion mento

Acestrorhynchinae pantaneiro

Tr iportheus paranens is

Tr iportheus nematurus

Potamorhaphis eigenmanni

Hoplerythrinus unitaeniatus

Bryconamericus exodon

Satanoperca pappaterra

Potamorhina squamoralevis

Callichthys callichthys

Characidium borellii

Roeboides prognathus

Astronotus ocellatus

Serrasalmus marginatus

Metynnis mola

Hemigrammus marginatus

Rivulus punctatus

Rio Cuiabá Rio Negro

Pyrrhulina australis

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104

Figura 8. Ordenação de NMDS das espécies pelos locais, com o número de

indivíduos (A) e presença/ausência (B), para bacia do rio Negro e rio Cuiabá,

Pantanal, Brasil. Lagos de 1 a 16 pertencem à bacia do rio Cuiabá, e de 17 a 42 à

bacia do rio Negro.

Modelos de distribuição espécie-abundâncias Conforme esperado na teoria ecológica, a distribuição de abundâncias das

espécies mostrou que poucas espécies foram muito abundantes, algumas com

abundâncias intermediárias mas, a maioria com baixa abundância (Fig. 9), sendo

que, 8 espécies representaram quase 77% da abundância de todas as espécies

para a bacia do Rio Negro, enquanto que para a bacia do rio Cuiabá 8 espécies

representaram 58% do total (Anexo 3). S. kriegi foi a mais abundante para a bacia

do rio Negro com 1962 indivíduos e S. calliurus para o rio Cuiabá com 749

indivíduos. Esta alta dominância de algumas espécies se refletiu nos descritores de

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105

diversidade, onde a riqueza de espécies, os índices de Shannon, Simpson e

equitabilidade apresentaram maiores valores na bacia do rio Cuiabá (Tabela 1) o

que pode ser um indicativo de assembléias mais estáveis.

Figura 9. Distribuição de abundâncias (Whittaker plot) das assembleis de peixes da

zona litoral vegetada de 16 lagoas da bacia do rio Cuiabá e 26 lagoas da bacia do

rio Negro, Pantanal, Brasil.

Ambas as regiões se ajustaram bem aos modelos de distribuição de

abundâncias avaliadas pelo de teste Kolmogorov-Smirnov. Na bacia do rio Negro as

distribuições que apresentaram melhores ajustes foram a distribuição lognormal

truncada (D= 0,3333; p= 0,5176), Broken Stick (D = 0,4545; p= 0,2058) e a série

logarítmica (D= 0,2727; p= 0,8079) com estimativas de diversidade α de 7,712.

Enquanto que o modelo geométrico (D= 0,3148; p= 0.009) não se ajustou aos dados

(Fig. 10A). Para a bacia do rio Cuiabá rio Cuiabá, o mesmo padrão de ajustes

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repetiu: Lognormal truncada (D= 0,1667; p= 0,9973), Broken stick (D= 0,3;

p=0,7591), série logarítmica (D= 0,4; p=0,4005)) com estimativa de diversidade α =

13,234, enquanto o modelo geométrico não se ajustou aos dados [(D= 0,3375;

p=0,0002) (Fig. 10B)].

Figura 10. Gráfico das oitavas e a relação entre a abundância das espécies e a

ordem das espécies (da mais comum para a mais rara) para a bacia do rio Negro,

Pantanal Sul e Cuiabá, Pantanal Norte.

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O índice observado de ocorrência de espécies para ambas as bacias foi

significativamente (p=0,04) maior que o esperado. Para a bacia do rio Cuiabá o

índice observado foi de CO-scorec=122,93 e esperado CE-scorec=122,84. As 10.000

simulações produziram 3.256 interações resultando em um índice observado maior

que esperado; e, 1.743 interações em que índice observado foi menor que o

esperado e 1 em que ambos foram iguais. Já para a bacia do rio Negro o índice

observado foi de CO-scorern=226,21 e o esperado de CE-scorern=224,73. As 10.000

simulações produziram 4.935 interações em que o índice observado foi maior que o

esperado; e, 64 interações em que o índice observado foi menor que o esperado e 1

em que os índices foram iguais. Foi observado também, um padrão de coexistência

de nicho, onde as piscívoras, tais como H. malabaricus não co-ocorreu em nenhuma

das simulações com Rhamdia quelen, Serrasalmus marginatus, S. spilopleura,

Roeboides paranensis, Hoplerythrinus unitaeniatus e Erythrinus erythrinus (Anexo

4).

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Discussão

Composição taxonômica A América do Sul caracteriza-se pela dominância de Characiformes,

Siluriformes e Perciformes (Reis et al. 2003; Buckup et al. 2007). No Pantanal, na

zona litorânea de lagoas esta dominância fica evidente em número de espécies,

conforme mencionado para lagoas marginais (Catella 1992; Resende et al. 2000;

Resende et al. 2005; Baginski et al. 2007; Pacheco and Da-Silva 2009; Florentino

and Penha 2011), lagoas de planície (Súarez et al. 2001; 2004), poças temporárias

(Milani et al. 2010), campos alagados (Fernandes et al. 2010a;). Nas lagoas das

bacias dos rios Cuiabá e Negro, o padrão acima mencionado foi diferente. Os

Gymnotiformes foram mais abundantes que os Siluriformes, o que também foi

mencionado por Pacheco and Da-Silva (2009) em lagoas marginais. Ainda sobre os

Gymnotiformes, um resultado importante é sobre a composição qualitativa e

quantitativa entre as duas bacias. A bacia do rio Negro é menos rica em termos de

espécies e número de indivíduos. Isso pode ser explicado, pelas condições pouco

favoráveis a colonização, como alta oscilação de temperatura, turbulência da coluna

de água comum em lagoas grandes e rasas, e, principalmente a reduzida cobertura

de macrófitas aquáticas, considerado importante habitat para estes peixes (Súarez

et al. 2001; 2004).

O fato dos gimnotídeos (tuvíras, ituís, sarapós) serem abundantes nos bancos

de macrófitas tem favorecido a exploração na pesca principalmente esportiva e

comercial como isca viva (Catella et al. 2009). A captura e o comércio de iscas vivas

são atividades recentes que cresceram com o incremento do turismo e da pesca

esportiva na região. O setor turístico estruturou-se para oferecer ao pescador

esportivo, iscas, transporte, hospedagem, alimentação e serviços especializados

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109

(materiais de pesca, gelo, guias capacitados, etc.). Entre as iscas vivas G. carapo e

E. trilineata figuram-se entre as mais exploradas e podem ser consideradas

ameaçadas frente a grande pressão de pesca (Catella et al. 2009; Kirsten 2010).

Mas, é importante ressaltar que as proporções em níveis de família, espécies e

número de indivíduos por espécie são diferentes. S. calliurus, A. borellii, A.

trifasciata, M. sanctaefilomenae, M. dichroura, P. hasemani, P. australis, S. kriegi, S.

microdon e S. calliurus predominaram em número de indivíduos nas bacias, e,

também fazem parte da ictiofauna frequentemente capturada em lagoas (Catella,

1992 Resende et al. 2000; Súarez et al. 2001; 2004; 2005; Baginski et al. 2007;

Pacheco and Da-Silva 2009), poças temporárias (Milani et al. 2010) e campos

alagados (Fernandes et al. 2010a e b) no Pantanal. Uma vez que foram abundantes

e presentes nas amostragens, essas espécies podem ser consideradas como as

mais importantes na composição da ictiofauna das bacias dos rios Cuiabá e Negro.

No rio Cuiabá é maior número de espécies exclusivas (45 spp.), o que denota

pequenas diferenças na composição taxonômica entre as bacias. Isso pode ser

explicado pelo fato destas espécies não apresentarem amplo padrão de distribuição

espacial (Baginski et al. 2007). Provavelmente, isso ocorre devido às estratégias

ecológicas singulares de cada espécie, que resulta em distintas comunidades

residentes.

Diversidade de na zona litorânea As curvas de rarefação e os estimadores de riqueza sugerem que o esforço

amostral foi adequado à captura da ictiofauna, na zona litorânea dos rios Cuiabá e

Negro. Estes valores são difíceis de serem comparados com outros estudos, pois

são sensíveis ao delineamento amostral, protocolo de coleta, juntamente com o tipo

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110

de apetrecho. A baixa riqueza nas lagoas do rio Negro indica que não foi um artefato

da abundância. Quando comparamos as riquezas estimadas sob um mesmo nível

de abundância detectamos diferença significativa entre as bacias. Esse resultado é

diferente do sugerido por Baginski et al. (2007) estudando a diversidade

espaço/temporal para as lagoas do rio Cuiabá que afirmaram que a variação da

riqueza de espécies seria artefato da abundância.

Nas amostragens da ictiofauna na zona litorânea das lagoas foram

capturadas 100 espécies equivalentes a 37,17% da ictiofauna listada para todo o

Pantanal (Britski et al. 2007). Embora os valores sejam difíceis de serem

comparados com outros estudos, tem sido relatado nos trabalhos realizados em

lagoas (Catella 1992; Súarez et al. 2001; 2004; Resende et al. 2005; Baginski 2007;

Florentino 2007; Baginski et al. 2007; Florentino and Penha 2011), poças

temporárias (Milani et al. 2010), campos alagados (Fernandes 2007; Fernandes et

al. 2010a;b) um total de espécies variando de 43 a 98 (Anexo 4). Assim, fica claro a

alta riqueza que deve refletir as boas condições ambientais da zona litorânea das

lagoas, em contraponto às poças temporárias e campos alagados que são

dependentes do tempo de permanência da água (Pazin et al. 2006; Fernandes et al.

2010a;b). Comparações da riqueza de espécies entre trabalhos com diferentes níveis

de esforço de pesca podem ser pouco confiáveis do ponto de vista quantitativo, mas é

importante como informação qualitativa (Souza 2011).

As estimativas de diversidade alfa, Shannon e Simpson foram maiores na

bacia do rio Cuiabá que a do Negro. Isto pode ser explicado, pela maior proximidade

das lagoas com rio Cuiabá, o que permite uma alta taxa de colonização. Isso reflete

a abundância (índice de Shannon), constância e raridade das espécies (índice de

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111

Simpson) e, mesmo a alta dominância não influenciou a uniformidade das

assembléias. Além disso, as respostas específicas das espécies frente às diferenças

bióticas (tipo de qualidade das macrófitas, pressão dos predadores) e abióticas

(parâmetro físico e físico-químicos da água) tamanho das lagoas são fatores

complexos e, difíceis de serem avaliados, o que dificulta maior robustez no

entendimento dos processos. Embora não tenham sido gerados nos rios Cuiabá e

Negro os processos tem sido amplamente discutindos em termo de connectividade

(Petry et al. 2003), morfometria Rodríguez and Lewis 1990; 1997; Arrington and

Winemiller 2006; Baginski et al. no prelo) e suas respectivas áreas (Rodríguez and

Lewis 1997; Súarez et al. 2004; Florentino 2007), a seleção de habitat (McMahon

and Matter 2006) probabilidade de extinção das espécies (MacArthur and Wilson

1967; Loreau 2000), tipo de paisagem (MacArthur and Wilson 1967; Súarez et al.

2001), colonização (MacArthur and Wilson 1967; Súarez et al. 2004; Florentino and

Penha 2011).

O padrão de alta diversidade nas lagoas do rio Cuiabá foi constatado em

todos os níveis de organização taxonômica. Mas, na bacia do rio Negro

Cyprinodontiformes, apresenta maior número de famílias. Também, as famílias

Cichlidae e Erytrinidae Callichthyidae foram as mais diversas, que se refletiu nos

descritores de diversidade. Na bacia do rio Cuiabá não foram capturadas, cerca de

25,4% das espécies, e para a bacia do rio Negro, em torno de 10%. De fato a

riqueza das lagoas da bacia do rio Cuiabá (observada 80 spp.; estimada, 222 spp.)

(Florentino et al., em redação) está próxima das 269 espécies listadas por Britski et

al. (2007) para o Pantanal.

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112

No pantanal, as assembléias são compostas pelos Characiformes

principalmente os tetragonopterineos e cheirodontideos, do gênero Aphyocharax,

Odontostilbe, Serrapinnus. A predominância de um grande número de

representantes da subfamília Tetragonopterinae reflete a plasticidade destas

espécies em ocuparem ambientes efêmeros, e associados à macrófitas (Sánches-

Botero and Araújo-Lima 2001; Baginski et al. 2007). Por outro lado, os

Cheirodontidae Serrapinnus calliurus e Serrapinnus kriegi predominaram em número

de indivíduos refletindo estratégias similares no uso e ocupação do hábitat.

Perciformes da família Cichlidae, dos gêneros Apistogramma, Crenicichla,

Mezonauta também ocorreram em grande número. Apesar dos Siluriformes estarem

entre uma das ordens com maior ocorrência de espécies, nenhuma esteve entre as

mais abundantes, contrário a Characiformes e Perciformes. A diversidade de peixes

na zona litorânea em sistemas de lagos de rios tropicais com planície de inundação

tem sido relatada em lagos de várzea do Amazonas (Junk et al. 1983; Sánchez-

Botero et al. 2008), lagos no Pantanal (Súarez et al. 2004; Baginski et al. 2007;

Florentino and Penha 2011) e para a bacia do rio Cinaruco na região de llanos na

Venezuela (Arrington and Winemiller 2006). E, mantem predomínio principalmente

de Characiformes (Arrington and Winemiller 2003).

Uma adaptação importante apresentada pelos caracídeos que ocupam as

zonas litorâneas vegetadas e é sua capacidade de utilizar o oxigênio da coluna de

água superficial (Veríssimo 1994). Os peixes também podem mostrar alta resistência

aos ambientes com baixo pH, elevada condutividade e peso de macrófitas conforme

mencionado para Aequidens, Apistogrammas, Bujurquina, Cichlasoma, Crenicichla

(Lourenço et al. 2012). O regime alimentar também favorece a colonização e

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sobrevivência da ictiofauna nas zonas litorâneas, como é o caso de Crenicichla,

piscívora que preda, ovos e larvas, e Apistogramma borellii, insetívora e onívora

(Ximenes et al. 2011), espécies abundantes nas zonas litorâneas. Resultado similar

foi relatado para a baía Caiçara, alto Rio Paraguai, em que P australis (insetívora),

M. sanctaefilomenae (onívora) figuram entre eles (Santos et al. 2009).

Padrões de abundância A bacia do rio Negro no total geral, apresentou maior número de indivíduos, e

teoricamente seria esperado um aumento correspondente no número de espécies, o

que não foi constatado. Apesar da abundância numérica ter sido maior para a bacia

do rio Negro, esta não refletiu a riqueza que seria consequência dos habitats. Por

exemplo, em média a bacia do rio Cuiabá apresenta maiores valores por lagoa,

muito embora o desvio padrão tenha sido maior para a bacia do rio Negro. Isto não

influenciou no padrão de distribuição de espécies, resultando em maiores valores de

riqueza, índice de Simpson e Shannon, na equitabilidade e na diversidade alfa. De

fato, os habitats da zona litoral da bacia do rio Cuiabá suportam uma maior

diversidade alfa, provavelmente como consequência de um longo processo de

interação das espécies com as características locais. Esse resultado sugere que o

rio Cuiabá funciona como fonte de espécies para o complexo de lagoas do sistema.

Diversos estudos têm demonstrado a influencia do rio como fonte de espécies

para as áreas adjacentes (Súarez et al. 2001; Fernandes et al. 2009). Além disso, as

lagoas da região estudada na bacia do rio Negro são lagoas muito rasas e com uma

enorme área superficial o que pode resultar em grandes oscilações diárias na

temperatura da água que associadas a outros fatores podem limitar ou reduzir a

abundância de muitas espécies de peixes, por tornar o ambiente estressante. Algo

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similar foi encontrado por Súarez et al. (2004) estudando comunidades de peixes no

Pantanal, que observaram lagoas muito grandes e pouco profundas, isoladas do rio

que não foram boas preditoras da riqueza de espécies e equitabilidade.

Apesar das diferenças observadas nos padrões de diversidade entre as

assembléias de peixes das duas regiões, as curvas de espécie-abundância não

apresentaram grandes discrepâncias, indicando, que processos semelhantes

atuaram/atuam sobre elas. Dado que, o padrão comum das comunidades em

apresentar poucas espécies abundantes e a grande proporção de espécies com um

número muito baixo de indivíduos (Krebs 2001; Ludwig and Reynolds 1988; Lowe-

MacConnell 1999; Magurran 2004; Baginski et al. 2007; Fernandes et al. 2009) é

constatado. Muito embora, em teoria populações pequenas sejam conhecidas pela

vulnerabilidade à extinção (Gaggiotti and Hanski 2004; Falke et al. 2012); a

distribuição log séries implica que uma grande fração de espécies encontra-se neste

limiar muito abaixo do mínimo para a sobrevivência da espécie (Magurran 2005).

Não obstante, a possibilidade de ocorrência de extinções locais, é pouco provável

que elas ocorram regionalmente. Primeiro, porque extinções locais ocorrem devido

as intensificações das interações biológicas em pequenos lagos (Arrington et al.

2005). Uma proporção relativamente grande de espécies de peixes possui este

padrão de baixas abundâncias locais, o que pode ser um indicativo de um padrão

evolutivo, em utilizar uma pequena fração do nicho ou plasticidade no uso do

recurso. Por outro lado, diversas adaptações à vida nestes lagos, em densidades

populacionais muito baixas podem ajudar os peixes a escapar dos predadores. A

baixa densidade também pode ser o produto final de uma longa interação evolutiva

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entre predadores e presas (Winemiller 1989; Rodríguez and Lewis 1994; Lowe-

McConnel 1999; Pompeu and Godinho 2001).

De forma complementar, ambas as bacias apresentam distribuições de

abundância (Whitaker plot) similares, sugerindo que a diferença na composição

taxonômica não interfere na forma da distribuição de abundância entre as regiões.

Magurran and Henderson (2003) analisando a frequência de espécies raras em uma

comunidade sugerem que as espécies com pouca abundância nas comunidades

usualmente são aquelas que ocupam estes habitats apenas temporariamente

enquanto realizam migrações entre os seus habitats preferenciais. A despeito das

diferenças geomorfológicas e hidrológicas entre as lagoas analisadas, o padrão de

distribuição espécie/abundância foi similar entre os ambientes analisados. Resultado

similar foi observado por Valério et al. (2007) analisando comunidades de peixes de

riachos nas cabeceiras dos rios Paraná e Paraguai no Mato Grosso do Sul, então,

nossos resultados parecem sugerir que os mesmos fatores chave atuam no rio

Cuiabá e Negro sobre o padrão de dominância nas comunidades de peixes de

lagoas.

A estimativa de C-score maior que o esperado indica a predominância de

processos determinísticos predominam e/ou predominaram na distribuição e

abundâncias destas assembléias de espécies de peixes. Indicam também, que ao

longo do tempo evolutivo padrões de segregação pode ter surgido o que refletiu em

menos pares de espécies co-ocorrendo, como sugerido por Fernandes et al. (2009).

De fato, espécies piscívoras como H. malabaricus, H. hoplerythrinus e S. maculatus

não ocorreram juntas, provavelmente devido à competição pelo uso dos recursos,

captados pelos modelos de distribuição de abundância. Muito embora, elas diferem

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sutilmente no modo do uso do habitat. De fato, Winemiller (1989) constatou a

redução no número de indivíduos, e/ou ausência das piranhas (Serrassalmus spp., e

Pygocentrus notatus) entre os lagos na presença de traíras (H. malabaricus), assim

como, diferenças no tamanho dos itens alimentares ingeridos, o que pode ser um

indicativo de segregação por interações competitivas.

Algo similar foi constatado para as lagoas na bacia do médio rio Doce em

resposta a introdução do peixe piscívoro Cichla monoculus Spix and Agassiz, 1831

que forçou as traíras a mudar sua dieta para garantirem a manutenção de suas

populações (Pompeu and Godinho 2001). O mesmo efeito também foi relatado por

Arrington et al. (2005), estudando dinâmica de manchas em assembleias de peixes

da zona litoral do rio Cinaruco na Venezuela, constataram que algumas espécies

piscívoras inibiram a ocupação de outras espécies nas manchas colonizadas.

Diversas espécies desenvolveram um comportamento anti-predatório. Dentre

elas podemos citar o ciclideo Laetacara dorsigera que quando o ambiente é

pertubado, salta intencionalmente para a vegetação emersa ou flutuante, podendo

permanecer ali deitado com os opérculos fechados por um período de até 5 minutos,

antes de voltar à água (Sazima and Machado 1989). Os autores observaram

também que estas táticas evasivas muitas vezes foram exibidas ao fugir do predador

Hoplias malabaricus, o que pode ser um indicativo de atributos fisiológicos e

comportamentais que permitem a coexistência destas espécies, como indicada pela

análise de co-ocorrência de espécies. Os autores acreditam que a evolução desta

tática de evasão para fora da água pode ter sido facilitada pela natureza temporária

destes ambientes. Na época da vazante, diversas espécies de peixes abandonam

as lagoas e os campos, deslocando-se por filetes de água, por vezes deitados sobre

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o flanco e parcialmente fora da água, por períodos prolongados, e durante a

migração a predação por predadores subaquáticos é intensa o que pode ter

pressionado a evolução dessa tática (Sazima and Machado 1989).

Outra tática adaptativa que pode contribuir para a coexistência de algumas

espécies é a regeneração das nadadeiras quando predadas. Podemos citar,

mutilações de nadadeiras no acará Gephagus brasiliensis pela piranha Serrasalmus

spilopleura inclui pequenos cortres até a perda do pedúnculo caudal. A regeneração

variou de acordo com a extensão da mutilação, podendo haver substituição total da

área perdida em 1 a 6 semanas (Sazima and Pombal-Jr. 1988). Além disso, os

jovens desta espécie de piranha sempre estão associados às demais espécies de

forma mimética. Outra hipótese é que esta éspécie apresenta táticas de

aproximação sorrateira e dissimulação (Sazima and Pombal-Jr. 1988), o que pode

explicar a coexistência de S. spilopleura em associação com várias espécies de

peixes no sistema estudado.

Considerações finais O presente trabalho considerou a hipótese de que as assembleias de peixes

nas duas bacias são diferentes pelo fato de estes serem dois complexos de lagos

com geomorfologias diferentes, um formado por lagoas de depressão na planície

inundável do rio Negro, e o outro formado em sua maioria por braços abandonados

(lagos de ferradura ou “oxbow lakes”) do rio Cuiabá. Isto porque estas

características podem gerar condições bióticas e abióticas diferentes nos habitats, e,

a resposta das espécies a tais características pode ser diferenciada, o que pode

acarretar em comunidades desiguais, tanto em número de indivíduos, quanto em

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espécies, visto que nem todas as espécies possuem adaptações para todos os

habitats. Os resultados do presente trabalho suportam esta hipótese, indicando que

as assembléias de peixes da zona litoral das lagoas do rio Cuiabá é mais rica e

diversa que as do rio Negro. O que implica ações norteadoras à conservação devem

ser tomadas de forma a considerar tais peculiaridades.

Indica também que a diversidade alfa é comparativamente alta, e que

processos chave atuam sobre ambas as bacias estudadas. Apesar do padrão de

distribuição apresentar algumas espécies exclusivas a bacia do rio Cuiabá, e, outras

para a bacia do rio Negro, e as lagoas do rio Cuiabá serem mais diversas, refletindo

em assembléias distintas, estes valores não afetaram o padrão de distribuição

espécie-abundância sugerindo que os mesmos processos chave atuam sobre

ambas. De fato os padrões de co-ocorrência corroboram esta hipótese, visto que as

associações das espécies predadoras indicam serem similares, o que novamente

sugere que os mesmos processos chave devem estar atuando sobre ambas. Por

outro lado, as espécies utilizadas como iscas nas duas regiões diferiram em

presença/ausência e abundância numérica o que pode ser um indicativo que a

pressão por captura de iscas é maior na bacia do rio Negro que na bacia do rio

Cuiabá, implicando na necessidade de medidas manejo imediatas pelos órgãos

regulamentadores.

Agradecimentos Os autores agradecem ao MCT/CNPQ Peld sitio 12 pelo financiamento do

projeto. À RPPN – SESC Pantanal, CI-Conservação Internacional e ao CPP-Centro

de Pesquisas do Pantanal pelo apoio logístico.

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Capítulo 3 ___________________________________________________________________ Análise hierárquica da diversidade de peixes na zona litorânea das lagoas dos rios Cuiabá e Negro, Pantanal. Revista a submeter: Ecography

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Análise hierárquica da diversidade de peixes na zona litorânea das lagoas dos rios Cuiabá e Negro, Pantanal

Resumo: Um dos objetivos centrais em ecologia de peixes em áreas alagáveis é

entender, e predizer os padrões de distribuição e organização das assembléias

frente a constante pressão antrópica nestes sistemas. No presente capítulo

avaliamos como a diversidade de peixes de lagoas das bacias do rio Cuiabá e Negro

estão estruturadas utilizando a abordagem aditiva hierárquica, se estas assembleias

podem, ou não ser saturadas em espécies e, se os mesmos fatores ambientais

podem ser correlacionados com suas riquezas e abundâncias. Discutimos se a

dinâmica de manchas em metacomunidades explica a diversidade no sistema. A

análise de particionamento indicou que a diversidade (β2) entre lagoas foi a que mais

contribuiu para a diversidade regional, seguida pela diversidade dentro das lagoas

(α1, β1) e a diversidade entre bacias hidrográficas (β3). Desta forma, o padrão de

diversidade regional parece ser consequência, principalmente, dos componentes da

diversidade β em escala média e grande com uma pequena proporção representada

pelos micro-habitats. A relação entre a diversidade α e β em escala menor indica que

nesta escala as assembleias não são saturadas em espécies, e que, a diversidade

local é afetada por diferentes fatores. Assim, para a bacia do rio Cuiabá o pH, a peso

de macrófitas e o oxigênio dissolvido foram as variáveis ambientais mais

importantes, por outro lado, para a bacia do rio Negro a profundidade, influenciou

tanto riqueza, quanto abundância numérica. Estes resultados nos leva, a sugerir que

devido as características peculiares, as assembleias de peixes são afetadas por

diferentes fatores ambientais. Por outro lado, a alta diversidade β indica que a

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composição de espécies não é uniforme nas grandes áreas, e que provavelmente é

reflexo de uma dinâmica de manchas de metacomunidades nos sistemas.

Palavras chaves: Aninhamento espacial; diversidade hierárquica; conectividade;

dinâmica de manchas, peixes Neotropicais.

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Hierarchical analysis of fish diversity in the littoral zone of lakes and rivers

Cuiabá Negro, Pantanal

Abstract: A central objective in fish ecology in wetlands is to understand and

predict the patterns of distribution and organization of assemblies against constant

human pressure on these systems. In this chapter, we evaluate the diversity of fish

lakes from Cuiabá and Negro River basins are structured using a hierarchical

approach additive if these assemblies may or may not be saturated in species and

whether these environmental factors can be correlated with their richess and

abundances. We discuss the dynamics of spots in metacomunidades explains the

diversity in the system. The analysis indicated that the partitioning of diversity (β2)

between lakes was the largest contributor to the regional diversity, then diversity in

the lakes (α1, β1) and diversity between watersheds (β3). Thus, the pattern of

regional diversity appears to be a consequence primarily of the β components of

diversity in medium scale and large with a small proportion represented by

microhabitats. The relationship between α and β diversity on a smaller scale this

scale indicates that the assemblies are not saturated in species, and that local

diversity is affected by different factors. Thus, for the Cuiabá River basin pH,

macrophyte biomass and dissolved oxygen were the most important environmental

variables, on the other hand, for the Negro River basin depth, influenced much

wealth as numerical abundance. These results lead us to suggest that because of

the peculiar characteristics of the Assemblies of fish are affected by different

environmental factors. Moreover, the high β diversity indicates that the species

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composition is not uniform in large areas, and that probably reflects a dynamic spots

metacomunidades systems.

Keywords: nesting space; hierarchical diversity, connectivity, dynamic spots,

Neotropical fishes

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Introdução Populações e comunidades são frequentemente irregulares e,

conspicuamente hierárquicas no mosaico da paisagem, moldadas por processos

que atuam em diferentes escalas espaciais (Godfray and Lawton 2001, Belmaker et

al. 2008). Entender o que estrutura a diversidade e composição de espécies

biológicas tem sido um dos principais objetivos da ecologia de comunidades. A

busca do entendimento destes processos tem origem nos trabalhos de Clements

(1916; 1936) e Gleason (1926), embasados em construções teóricas distintas sobre

a organização das comunidades e que tem sido utilizado de forma intensiva para

classificar paisagens, construir planos de manejo e conservação da biodiversidade

(Ricklefs 1987, Gaston 2000, 2003, Ricklefs 2004), embora haja pouca informação

sobre sua eficácia em ambientes aquáticos (Erös 2007).

Apesar do intenso esforço em pesquisa ecológica dos últimos cem anos,

poucas idéias e/ou conceitos possuem alcance generalizado. A proposta do nicho

multidimensional (Hutchinson 1957) e a teoria da biogeografia de ilhas (MacArthur

and Wilson 1967) estão entre elas. Para ambientes aquáticos continentais, duas

hipóteses primordiais foram propostas para explicar a variação e o acúmulo da

diversidade nos grandes rios. 1) A hipótese do rio contínuo (Vannote et al. 1980) em

que as características físicas de um rio natural apresentam um gradiente contínuo

de montante para jusante, com comunidades biológicas se ajustando, através da

adição e substituição de espécies, no sentido de usar com maior eficiência a energia

disponível; 2) O conceito de pulso de inundação (Junk et al. 1989), considerado a

principal força controladora da biota nos rios com planície de inundação. Nesta

hipótese a enchente propiciaria uma expansão sazonal de duas importantes

dimensões do nicho ecológico, a espacial e a trófica, com conseqüências para a

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produtividade das comunidades (Junk et al. 1989, Arrington and Winemiller 2004),

onde processos migratórios auxiliam a ligação entre as comunidades na planície de

inundação (Winemiller and Jepsen 1998, Junk and Wantzen 2005). Por outro lado,

diversos artigos têm evidenciado que as assembléias de peixes estão sujeitas a

gradientes de múltiplas escalas ambientais, muitas das quais relacionadas (bacia vs.

característica do habitat), cada qual, com geomorfologia e hidrologia diferente o que

propicia moldar as características dos habitats em tais ambientes, resultando em

uma ictiofauna característica (Matthews 1998). Assim a importância do fator escala

(local, regional ou biogeográfico) em determinar a ictiofauna, tem sido amplamente

demonstrado (Jackson and Harvey 1989, Rodríguez and Lewis 1997, Grossman et

al. 1998, Angermeier and Winston 1998, Winemiller and Jepsen 1998, Tejerina-

Garro et al. 1998, Súarez et al. 2001, Wilkinson and Edds 2001; Baber et al. 2002,

Hoeinghaus et al. 2003, Chick et al. 2004, Súarez et al. 2004, Arthington et al. 2004

Van Zyll De Jong et al. 2005, Arrington and Winemiller 2006 Pazin et al. 2006,

Baginski et al. 2007, Erös 2007, Hoeinghaus et al. 2007, Pegg and Taylor 2007).

A importância destes processos é freqüentemente analisada por padrões de

riqueza de espécies (local vs. regional). A relação entre padrões regionais versus

locais pode ser linear (ou seja, processos locais são independentes dos processos

regionais) ou formato de curvilinear com assíntota (processos locais são

dependentes dos processos regionais). Diversos artigos têm detectado esta

linearidade para diversos grupos taxonômicos (Cornell and Karlson 1996, Caley and

Schuleter 1997, Griffiths, 1997; Shurin et al. 2000, Stendera and Johnson 2005,

Pegg and Taylor 2007). Comunidades apresentando um padrão curvilinear têm sido

frequentemente consideradas “saturadas” e “interativas”, ocorrendo quando o

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número local de espécies é controlado pela competição interespecífica (Cornell and

Lawton 1992), enquanto a relação linear tem sido interpretada como indicativo de

comunidades não-interativas (Stendera and Johnson 2005). Contudo, estas

interpretações não são inequívocas. Comunidades interativas também

apresentariam um padrão de relação de riqueza local-regional (Cornell and Lawton

1992) e padrões de saturação de comunidades não podem ocorrer somente como

resultado dos filtros ambientais, mas dependem também, da escala usada para

definir uma comunidade local (Loreau 2000, Godfray and Lawton 2001).

Tradicionalmente, as medidas de diversidade envolvem a análise de

diversidade α e β. A análise de diversidade α é frequentemente associada a

comparações de medidas de diversidade (por exemplo, riqueza de espécies)

encontradas em dois ou mais conjuntos de amostras usando análise de variância.

Análises de diversidade β envolvem métricas de similaridade ou dissimilaridade (ex.

Bray-Curtis) entre os locais (Magurran 2004) para contrastar a mudança na

composição de espécies. Outra forma de analisar a diversidade em ambientes

aninhados, ou seja, sistemas em que os efeitos em pequenas escalas (metros

quadrados) podem ser dependentes de escalas maiores (km quadrados ou

paisagens) (Whittaker 1960, Ward 1998, Wagner et al. 2000, Schneider 2001,

Whittaker et al. 2001, Münzbergová 2004, Reilly et al. 2005) pelo particionamento

hierárquico da diversidade tanto pelo modelo aditivo γ = α + β (MacArthur et al.,

1966) como, pelo modelo multiplicativo γ = α β (Whittaker 1960). Estes dois modelos

têm sido muito empregados para compreender processos que geram os padrões de

diversidade em metacomunidades (Leibold et al. 2004).

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No método aditivo (MacArthur et al. 1966, Lande 1996) decompõe-se a

diversidade γ dentro dos componentes α e β expressos na mesma unidade (Crist et

al. 2003 Veech and Crist 2010a, 2010b). O total de espécies encontradas em um

conjunto de amostras (diversidade γ), em uma dada escala, pode ser particionado

dentro do número médio de espécies que ocorrem dentro de uma amostra

(diversidade α), e o número médio de espécies ausentes em uma amostra

(diversidade β) (Veech et al. 2002, Crist et al. 2003, Noda 2004). Como a

diversidade β é expressa em riqueza de espécies, a contribuição da diversidade α

para a β e para a diversidade γ pode ser comparada através das escalas espaciais

ou temporais (Wagner et al. 2000, Loreau 2000, Devries and Walla 2001, Gering et

al. 2003, Summerville et al. 2003, Veech and Crist 2010a). No método

multiplicativo, a contribuição em cada escala seria um valor proporcional, calculado

da riqueza real (Jost 2006, 2007, 2010). Portanto, ambos os modelos de analise

hierárquica da diversidade são excelentes ferramentas para explicar padrões de

diversidade no espaço, ou no tempo (Jost 2006, 2007, 2010, Baselga 2010, Veech

and Crist 2010a, 2010b).

Por outro lado, o ambiente em que um organismo vive é estruturado por um

número variado de escalas, a descontinuidade do espaço cria uma variabilidade na

distribuição de condições sustentáveis, recursos, competidores e predadores, que

pode criar manchas, fundamentais para a dinâmica de populações para a

organização de comunidades e para sua estabilidade, bem como fortes interações

dos organismos com seus ambientes. A composição de espécies reflete o efeito do

conjunto dos processos regionais tais como: dispersão; processos locais, interações

bióticas e comportamentais (Ricklefs 1987). A subdivisão e o isolamento de

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populações pela fragmentação de habitats podem conduzir a redução do sucesso da

dispersão e a taxa de colonização das manchas com um consequente declínio na

persistência das populações locais e num aumento na probabilidade de extinção

regional para uma população inteira ao longo da paisagem (MacArthur and Wilson

1967, Holyoak et al. 2005a).

As espécies e as comunidades às quais pertencem são consequências de

respostas que cada organismo experimentou na heterogeneidade ambiental através

das escalas (Levis 1992). As espécies subdividem o espaço do ambiente, focando

sobre suas atividades dentro de manchas particulares de recursos nas

características das escalas do espaço e do tempo (MacArthur et al. 1966). Assim,

não existe uma única escala “correta” para análise de comunidades (Loreau 2000).

A natureza individualística das espécies responde ao longo do gradiente ambiental

de múltiplas escalas a entender, que, a avaliação da relação espécie ambiente no

que concerne comunidade deve considerar uma gama de escalas simultaneamente,

desde micro-habitats a macrorregiões (Cushman and MacGarigal 2004).

Desta forma, modelos aninhados para analisar a diversidade geram

informações importantes sobre a escala que mais contribui para a diversidade total.

Apesar da escala ser algo arbitrário, é muito útil em modelos de conservação de

espécies biológicas. Por exemplo, caso se decida proteger várias regiões, mas não

levar em consideração a heterogeneidade existente nas pequenas escalas corre -

se o risco de deixar de proteger ambientes de suma importância para a

conservação, onde espécies chaves seriam perdidas, não por um fator natural, mas

por fatores antrópicos, ou por uma decisão errônea.

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Para o Pantanal Brasileiro, até o momento não há referências abordando a

diversidade γ em peixes, comparando diversas bacias hidrográficas. Este bioma é

subdividido em várias sub-regiões, com clima, geomorfologia diferenciadas, o que

acarreta em alterações periódicas no ciclo hidrológico (Hamilton et al. 1996). A

região do rio Cuiabá, por exemplo, encontra-se entre duas regiões; a sua margem

direita, o Pantanal de Poconé, e a sua margem esquerda, o Pantanal de Barão de

Melgaço. Ambas as regiões apresentam pequenas características geomorfológicas

diferenciadas, o que propicia maior agrupamento de lagoas para a região de Barão

de Melgaço. A região do rio Negro possui peculiaridades geomorfológicas diferentes,

uma vez que esta região possui uma grande quantidade de lagoas grandes e rasas,

além das diversas salinas (lagoas isoladas com valores altos de condutividade da

água). Além disso, ela exibe um padrão de inundação distinto dos demais, o que

acarreta em uma estrutura peculiar.

O presente trabalho avalia a hipótese de que a composição de espécies não é

uniforme sobre as grandes áreas do Pantanal. Uma vez que é um sistema de

mosaicos de sub-regiões, respondendo a diferentes picos de inundação, que

suportam uma alta diversidade β (Súarez et al. 2001, 2004, Florentino and Penha

2011), devido à produtividade associada à dinâmica de inundação. Avaliamos como

a diversidade de peixes de lagoas das bacias do rio Cuiabá e Negro estão

estruturadas, utilizando a abordagem aditiva hierárquica, se estas assembleias estão

saturadas em espécies e, se os padrões de riqueza e abundância em ambas as

bacias podem ser correlacionados com os mesmos parâmetros ambientais. Por fim

discutimos se a dinâmica de manchas em metacomunidades explica as diversidades

α, β e γ no sistema. Nossas análises indicam que a alta diversidade β entre as

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escalas provavelmente é reflexo de uma dinâmica de manchas de

metacomunidades nos sistemas.

Material e Métodos

Área de estudo

As coletas foram realizadas em 2005 e 2006 em 42 lagoas no Pantanal

Brasileiro. Destas, 16 lagoas se localizam no rio Cuiabá entre as coordenadas 16°

30’ a 16° 44’ S e 56° 20’ a 56° 30’ W, e 26 lagoas no rio Negro entre as coordenadas

16° 30’ a 16° 44’ S e 56° 20’ a 56° 30’ W (Figura 1). As lagoas no rio Cuiabá foram

amostradas em parte (oito lagoas) dentro da Reserva Particular de Patrimônio

Natural/RPPN-SESC Pantanal, e na área de uso comum (8 lagoas) na região

conhecida como Porto Cercado, no Município de Poconé. As lagoas do rio Negro

foram amostradas na região conhecida como Pantantal da Nhecolândia, na

propriedade da fazenda rio Negro no Município de Aquidauana. A fazenda rio Negro

possui 9 mil hectares dos quais 7 mil formam a RPPN- Fazenda rio Negro.

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Figura 1. Área de estudo no rio Cuiabá (A) e na bacia do rio negro (B) no Pantanal

Brasileiro.

Na bacia do rio Cuiabá as lagoas amostradas têm formato de ferraduras

oriundas de antigos leitos abandonados, canais (regionalmente conhecidos como

corixos) ou formadas por depressões naturais. Na sua maioria são marginais ao rio,

dele distantes entre 1km e 5km . Na planície do rio Negro as lagoas amostradas tem

origem geológica diferente, sendo caracterizadas por depressões na planície de

inundação e não por leitos antigos do rio. Estas lagoas localizam se entre 1 km a 15

km do leito do rio principal.

Amostragem Os peixes foram coletados de dois modos: (i) com um cubo de 1m3 tipo “throw

trap” (Baber et al. 2002, Fernandes et al. 2010) aberto em suas porções superior e

inferior utilizado quando a cobertura de macrófitas é pouco densa. (ii) com uma fina

tela de nylon, presa entre 4 barras de alumínio formando um quadrado (1m2)

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utilizada quando predominavam as macrófitas flutuantes Eichhornia azurea, E.

crassipes, Salvinia spp. ou qualquer combinação de espécies que diminuísse a

eficiência do “throw-trap”. Esse conjunto era levantado como uma peneira, sob os

bancos de macrófitas por duas pessoas.

Cada lagoa foi amostrada em nove pontos com um mínimo de 5 m de

distância entre si. Para as lagoas do Rio Cuiabá, cada ponto foi amostrado com um

lance de (ii), enquanto que para as lagoas do Rio Negro, em cada local foi dado um

lance de (i) e em locais com mais de um metro de profundidade foi dado um lance

de (ii).

Os peixes coletados foram fixados em formol a 10% no mínimo por 48 h e, em

seguida, transferidos para álcool 70%. Posteriormente, foram identificados no

Laboratório de Ecologia e Manejo de Recursos Pesqueiros (LEMaRPE) da UFMT, e

no Laboratório de Ecologia (CInAM) da UEMS com auxílio de literatura especializada

(Britiski et al., 1999), e confirmado com especialistas do Museu de Zoologia da USP

(MZUSP), e nomenclatura segundo Reis et al. (2003). Exemplares testemunhos

estão depositados no LEMaRPE, MZUSP, CInAM, Coleção de peixes da UFMT

(CPUFMT1309 e CPUFMT1388).

Em cada local foi anotado se havia algum canal conectando a lagoa com o rio

e esta variável foi usada como medida categórica da conectividade com o rio

(conectada ou isolada), sendo 5 lagoas conectadas e 11 isoladas. Todas as

macrófitas que se encontravam no lance da amostragem foram pesadas com auxílio

de uma balança portátil. Os parâmetros físico-químicos (pH oxigênio dissolvido,

temperatura da água, condutividade) foram mensurados com auxílio de uma

multisonda (YS I556 MPS Multi - Probe Field Meter). A profundidade foi mensurada

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com o auxílio de uma régua graduada, a transparência com auxílio de um disco de

Secchi, e a turbidez com auxílio de um turbidímetro. No presente estudo, devido a

problemas logísticos o turbidímetro do LEMARP/UFMT parou de funcionar. Assim

não foi possível mensurar a turbidez para a bacia do rio Cuiabá, sendo medida

apenas para a bacia do rio Negro.Visando contornar essa dificuldade para a bacia

do rio Cuiabá foi mensurada a transparência refletindo uma medida de turbidez dos

sedimentos na água.

Modelo hierárquico da diversidade

Utilizamos a abordagem aditiva (MacArthur et al. 1966, Lande 1996, Loreau

2000, Wagner et al. 2000, Veech et al. 2002, Gering et al. 2003, Crist et al. 2003

Veech and Crist 2010a), para analisar a contribuição dos tipos de habitats para a

diversidade regional, o que representa a forma mais simples e intuitiva para se

analisar padrões de diversidade com diferentes níveis hierárquicos no espaço e no

tempo (Veechand Crist 2010a, b). Assim, a diversidade γ gama é descrita pelo

seguinte modelo: soma da diversidade α dentro dos locais, diversidade β1 entre

locais, diversidade β2 entre lagoas, e a diversidade β3 entre bacias hidrográficas:

γ(divesidade total) = α(micro-habitat) + β1(entre micro-habitats) + β2(entre lagoas) + β3(entre bacias)

Estes valores foram particionados da seguinte forma: nas menores escalas, o

número de espécies capturadas em cada um dos 9 lances alocados dentro de cada

lagoa foi considerado como uma medida de diversidade alfa (α1). O total de espécies

de cada lagoa foi consideramos como diversidade α2. A diferença entre α2 e a α1

como diversidade β1, ou seja (α2 - α1 = β1). Na média escala, cada lagoa é uma

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medida de diversidade α2, ou seja, a diversidade gama da escala anterior é

diversidade α nesta escala, e a soma do total de espécies das lagoas de cada bacia

hidrográfica (rio Cuiabá e rio Negro) como sendo a diversidade gama, ou α3. Desta

forma, nesta escala a diversidade β2 é a diferença entre o número total de espécies

presentes em cada lagoa (α2) e o total de espécies da bacia, em que a lagoa está

localizada (α3). Na maior escala, a diversidade α é a riqueza total de espécies para

cada uma das duas regiões (rio Cuiabá = Norte e rio Negro = Sul), ou seja α3. O

número total de espécies coletadas é a diversidade γ, ou α4 caso tivesse mais uma

escala hierárquica, e a diferença entre elas (α4 - α3= β3) a diversidade β3 (Fig. 2).

Figura 2. Amostragem hierárquica ilustrando os três níveis espaciais: menores

escalas espaciais (dentro das lagoas α1 e β1), médias escalas espaciais (entre

lagoas α2 e β2) e as maiores escalas espaciais (entre bacias α3 e β3), indicando a

diversidade α e β para cada nível hierárquico. Cada ponto indica uma unidade de

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amostragem. O número de lagoas e as disposições dos pontos são apenas

ilustrativos.

Análise de dados Para a análise dos dados, quando necessário os dados foram transformados

em logaritmos na base 10 e a normalidade e homocedasticidade dos resíduos foram

testadas (Sokal and Rohlf 1995, Zar 2010). Estas análises foram realizadas com o

auxílio do software R 2.14.2 (R Development Core Team 2012).

Foi utilizado o programa PARTITION (Veech and Crist 2006) para particionar

a riqueza de espécies de peixes em cada nível hierárquico. Além disso, avaliamos a

hipótese nula que a riqueza de espécies observada (α e β) para cada nível

hierárquico não era significativamente diferente do esperado ao acaso (Crist et al.

2003). Usamos o procedimento randômico completo das opções do PARTITION

para gerar 10.000 distribuições aleatórias de espécies de peixes amostradas em

todos os níveis hierárquicos para formar uma distribuição nula de cada estimativa de

α e β estimada. Neste teste, avaliamos se diversidade de espécies em cada escala

seria produto de uma distribuição aleatória dos indivíduos. O teste de modelo nulo

com hipótese nula é uma poderosa ferramenta estatística (Gotelli and Graves 1996)

e providencia a base de inferência sobre o particionamento da diversidade em

múltiplas escalas, o que aumenta nosso entendimento como que a diversidade β

muda através das escalas espaciais (Crist et al. 2003, Besalga 2010).

Finalmente, comparamos a relação entre a diversidade local e a diversidade

regional utilizando a regressão linear. Entender a natureza desta relação pode

fornecer informação valiosa sobre a contribuição total da diversidade dentro e entre

as escalas espaciais (Gering and Crist 2002, Noda 2004). Os pressupostos de

normalidade e homocedásticidade dos resíduos foram avaliados, por uma inspeção

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gráfica e pelos testes de Shapiro-Wilk e Barttlet respectivamente. Estas análises

foram realizadas com o auxílio do software R 2.14.2 (R Development Core Team

2012). Suas relações parciais foram plotadas usando a biblioteca “car” (Fox and

Weisberg2011).

Com a finalidade de avaliar se a riqueza (S) ou o número de indivíduos (N)

(variáveis resposta) são afetados pelo tipo de conectividade (conectada ou isolada),

uso no solo (reserva e não reserva) e pelas variáveis ambientais, utilizou se a priori

dois modelos de ANCOVA: potencial Hidrogeniônico (pH), oxigênio dissolvido,

temperatura, condutividade, profundidade, turbidez e/ou transparência, peso de

macrófitas). Contudo, os testes de paralelismo entre os hiperplanos e as covariáveis

e os fatores para cada bacia hidrográfica foram significativos, desse modo, excluindo

o uso do ajustamento das médias. Para facilitar os cálculos e as interpretações, pois

neste caso a ANCOVA se torna uma ferramenta mais complexa retirou-se do modelo

as variáveis categóricas (tipo de conectividade, uso no solo) e daí a ANCOVA

reduziu-se a duas regressões múltiplas em separado com riqueza ou o número de

indivíduos (variáveis resposta) e as variáveis ambientais como variáveis

explanatórias.

S = α + βpH+βoxigênio+βtemperatura+βcondutividade+βprofundidade+βturbidez/transparência+βpeso+ε

N = α + βpH+βoxigênio+βtemperatura+βcondutividade+βprofundidade+βturbidez/transparência+βpeso

macrofitas+ε

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Resultados

Características ambientais das lagoas

Os valores das características ambientais variaram consideravelmente entre

as lagoas estudadas na bacia do rio Cuiabá. Cinco lagoas estavam conectadas;

destas apenas uma ocasionalmente se isola do rio com a intensificação do período

de estiagem, e 11 isoladas. Na Tabela 1 estão mostradas essas características e a

Tabela 2 mostra as características para as lagoas do rio Negro.

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Tabela 1. Parâmetros físico-químicos para a zona litoral das lagoas da bacia do rio

Cuiabá, Pantanal. Ordem das colunas na tabela – Lagoas, (uso) o tipo de uso do

solo sendo Reserva (R) e Não reserva (NR), conectividade (conec), condutividade

(cond), oxigênio dissolvido (oxigênio), pH, temperatura (temp), profundidade (prof),

transparência (trans) e a Peso das macrófitas em quilogramas (bmac). Valores

médios dos 9 pontos amostrais, exceto peso das macrófitas que é a soma total.

Lagoas uso conec cond oxigênio pH temp prof trans bmac

1 NR conectada 62,46 30,23 7 25,6 72,33 54 7094,44

2 NR isolada 81,4 61,87 7,03 25,13 68,67 64,89 7411,11

3 NR conectada 8,64 24,57 6,8 18,43 69,56 56,56 6450

4 NR isolada 12,80 13,31 6,77 19,67 53,67 42,56 7488,89

5 NR isolada 69,33 47,67 6,83 24,4 67,44 41,33 6611,11

6 NR isolada 82,53 25,07 6,5 26,3 74,67 70,22 5250

7 NR isolada 9,72 7,53 6,63 18,13 41,67 30 3583,33

8 NR isolada 11,81 10,13 6,57 18,5 69,33 44 4961,11

9 R isolada 94,2 2,233 6,8 26,07 48,67 28,89 12777,78

10 R conectada 79,93 25,7 6,6 23,97 45,67 12,89 6377,22

11 R conectada 86,86 2,17 6,47 27,17 39,92 42,56 10280

12 R conectada 72,366 33,97 6,66 28,8 54,67 39,56 9711,11

13 R isolada 78,03 16,1 6,37 24,47 62,33 45,67 5961,11

14 R isolada 141,7 0,17 6,6 25,37 83,44 22,89 6450

15 R isolada 49,36 34,33 6,69 28,8 44,95 17,22 6794,44

16 R isolada 105,76 4,67 6,167 23,57 79,44 19,22 9240

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Tabela 2. Parâmetros físico-químicos para a zona litoral das lagoas do rio Negro,

Pantanal. Em ordem na tabela segue, lagoas, potencial Hidrogeniônico (pH),

condutividade (condut), oxigênio dissolvido (od), temperatura da água (temp),

profundidade (prof), peso de macrófitas em quilogramas (bmac), turbidez e o tipo de

conecção (conect). Valores médios dos 9 pontos amostrais, exceto peso das

macrófitas que é a soma total.

Lagoas pH condut od temp prof bmac turb conet

1 8,18 375,1889 8,07 24,55 34,22 2111,11 - isolada

2 8,16 439,4 3,65 23,44 56,33 1611,11 - isolada

3 8,15 393,9444 0,22 24,38 71,66 1633,33 - isolada

4 7,12 569,1556 41,98 27,94 74,77 4812 7,55 isolada

5 8,12 665,2111 40,96 30,06 32,62 416,67 10,92 isolada

6 8,01 347,3778 71,35 32,69 33,55 633,33 3,02 isolada

7 7,31 574,7222 70,044 29,06 67,44 2816,67 6,37 isolada

8 6,77 185,0667 - - 61,11 1201,67 6,15 isolada

9 6,86 663,2222 64,5 26,01 98,88 1783,33 15,28 isolada

10 6,99 277,1111 - 22,83 46 2261,11 8,83 isolada

11 7,17 180,2889 - 21,57 52,25 5755,56 20,07 conectada

12 6,88 207,0222 - 23,95 49,44 2277,78 12,29 isolada

13 7,26 347,4556 64,24 19,62 41,33 683,33 15,54 isolada

14 7,16 126,0189 44,3 26,35 33,5 1948,89 20,62 isolada

15 7,96 221,8778 50,27 23,49 70,66 258,33 11,53 isolada

16 7,37 289,1222 34,4 23,42 58,77 3100 12,91 isolada

17 7,45 168,9111 61,51 25,05 63,33 154,44 29,43 isolada

18 7,54 132,9222 38,92 23,11 61,88 4042,22 4,25 isolada

19 8,26 211,83 86,95 24,97 66,88 1035,56 27,15 isolada

20 6,32 136,53 86,55 33,74 42,77 793,33 20,65 isolada

21 6,17 195,22 14,38 26,62 20,88 1005,56 52,14 conectada

22 6,45 188,55 46,31 30,58 84,77 1738,89 9,89 isolada

23 7,09 177,44 68,82 28,74 40 1212,22 7,93 isolada

24 7,65 187 110,08 30,13 59,11 3616,67 9,71 isolada

25 8,56 192,22 81,7 32,11 12,44 707,78 22,32 isolada

26 8,35 172,88 28,71 24,98 36,55 2970 6,37 isolada

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Composição e abundância Coletamos 14.042 indivíduos pertencentes a 100 espécies de peixes divididas

nas duas regiões no Pantanal, 5.572 indivíduos e 80 espécies para o rio Cuiabá e

8470 indivíduos e 54 espécies para o rio Negro. Deste conjunto, 35 espécies foram

comuns entre as duas regiões tais como, Aequidens plagiozonatus, Hyphessobricon

eques, Pyrrhulina australis, Roeboides paranensis, Hoplias malabaricus, entre outas.

45 espécies exclusivas para a bacia do rio Cuiabá, Leporinus friderici, L. striatus, L.

elongatus, Sczodon borellii, Entomocorus benjamini, Parauchenipterus galeatus,

Parauchenipterus striatulus, Anadoras weddellii dentre outros. Dezenove espécies

foram exclusivas para a bacia do rio Negro, tais como Callichthys callichthys,

Metynnis mola, Serrapinnus kriegi, Astronotus crasipinis entre outras. As Ordens

Characiformes, Siluriformes e Perciformes são as mais abundantes (Anexo 1).

Particionamento da diversidade

Comparando os valores de riqueza entre as duas bacias, rio Cuiabá e Negro,

as maiores contribuições para a diversidade regional foram encontradas para a

diversidade entre lagoas (β2) dentro de cada bacia. Com notáveis diferenças entre

elas, nas lagoas da bacia do rio Cuiabá a riqueza variou de 15 a 40 e rio Negro de 3

a 25 espécies (Anexo 1). Para a bacia do rio Negro a diversidade β2 representou

73% do total, seguida pela diversidade β1 (18%) e pela diversidade α que explicou 9.

Para a bacia do rio Cuiabá, a diversidade β2 explicou 63%, e a diversidade β1

(23,25%) e a α 13,75%.

A variação no número de espécies de peixes entre as lagoas (β2) foi o

principal estruturador da diversidade regional (Fig. 3). O número médio de espécies

por micro-habitat (α1) dentro das lagoas contribuiu com 10,4% das espécies da

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região. A variação na composição de espécies entre os micro-habitats dentro de

cada lagoa (β1) contribuiu com 15,7% para diversidade total, enquanto a variação na

diversidade de espécies entre lagoas (β2) contribuiu com 41,9% e a variação na

diversidade entre as duas bacias (rio Cuiabá e rio Negro) (β3) contribuiu com 32%

para a diversidade gama da região (Tabela 3).

Tabela 3. Tipo de diversidade (S = Riqueza de espécies); escala espacial; valores da diversidade observada e esperada; quanto cada escala está contribuindo em porcentagem (%) para a diversidade gama, nas três escalas espaciais nas assembleias de peixes da zona litoral das lagoas do rio Cuiabá e rio Negro.

Diversidade Escala Espacial Observado

Esperado

γ (%)

S α Micro habitats 10.4 8,9*** 10,4%

β 1 Entre micro habitats

15,7 26,8** 15,7%

β 2 Entre lagoas 41,9 51,8** 41,9% β 3 Entre regiões 32 12,5*** 32% γ Total 100

* Significativo a 0,05; ** Significativo a 0,01; *** Significativo 0,0001

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Figura 3. Valores observados e esperados para o particionamento da diversidade

em diferentes escalas espaciais, para as assembleias de peixes das bacias do rio

Cuiabá e Negro. α1 é a diversidade α, β1 é a diversidade beta entre os micro-habitats,

β2 é a diversidade beta entre lagoas, e β3 é a diversidade beta entre regiões. A altura

total das barras indica o valor da diversidade regional (γ).

Comparações dos valores de diversidade observados com aqueles gerados

por modelos nulos (esperados) indicam que a diversidade de cada região está

estruturada pela variação na composição de espécies entre lagoas e entre as

regiões. As análises indicaram que o número de espécies encontrados nos micro-

habitats (α1) da zona litoral da lagoa foi significativamente grande (p<0,01) , mas que

a diferença entre as áreas dentro da zona litoral da lagoa (β1) foi significativamente

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pequena (p<0,01). Assim como, a diferença no número de espécies entre as lagoas

(β2) foram significativamente pequenas (p<0,01), enquanto que entre as duas

regiões (β3) foi significativamente grande (p <0,01) (Tabela 3).

A relação entre as diversidades α e β na pequena escala indica que não

existe um padrão de saturação de espécies nesta escala (Fig. 4), reforçando o

resultado da análise de particionamento, que a diversidade α é significativamente

maior que o esperado (Tabela 3). O modelo de regressão da diversidade local

versus a diversidade regional para a bacia do rio Cuiabá (Fig. 4A) permitiu explicar

significativamente 55,44% da variabilidade dos dados (p=0,000002), enquanto que

para a bacia do rio Negro (Fig. 4B) o modelo explicou significativamente 39,45%

(p=0,000002). A relação das diversidades α e β versus a diversidade regional

indicam que para ambas as bacias existe um padrão linear, com o aumento da

diversidade regional aumenta a diversidade β. O modelo para a bacia do rio Cuiabá

explicou 73,93% [(p=0,000003); Fig. 4C] e para a bacia do rio Negro 82,29%

[(p=0,000003); Fig. 4D] da variabilidade dos dados.

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Figura 4. Relação entre a diversidade local (α1, β1) e a diversidade regional, na para

as lagoas amostradas na bacia do rio Cuiabá [(A): α = 1,06020+0,39883

Diversidade Regional; p=0,000002.; n = 16; (B): β = 1,06020+0,60117 Diversidade

Regional; n = 16;] e Negro [(B); α = 0,69412+0,27464 Diversidade Regional; n = 26;

(D): β = 0,54088+0,71483 Diversidade Regional; n = 26], Pantanal, Brasil.

Nas bacias estudadas os parâmetros ambientais analisados apresentaram

resultados contrastantes entre elas, com relação aos valores de riqueza numérica e

de número de indivíduos (Tabela 4). O modelo gerado para a bacia do rio Cuiabá

com os valores de riqueza numérica explicou significativamente 79% da variação

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total dos dados (α = -2,3314; p = 0,002), sendo influenciado positivamente por pH (β

= 6,6524; Fig. 5A), peso de macrófitas (β = 6,3027; Fig. 5B), oxigênio dissolvido (β =

0,1037; Fig. 5C). Por outro lado, o modelo com número de indivíduos explicou 67%

da variação total dos dados (a = 12,77035; p=0,01), sendo influenciado

positivamente pelo pH (β = 8,72434; Fig. 5D), peso de macrófitas (β = 6 0,91988;

Fig. 5E). O modelo ajustado para a bacia do rio Negro explicou 13% e 15% da

variação total dos dados com valores de riqueza e número de indivíduos

respectivamente. Não sendo os modelos significativamente aceitáveis (S: a =

2,27168; p = 0,2383; N: a = 4,6718; p = 0,2369). No entanto, apesar do modelo não

ter sido significativo, as relações parciais indicam uma variação significativa do

número de indivíduos com a profundidade (N: b = 1,0909, p = 0,0424; Fig. 6B).

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Tabela 4. Resultados da análise de regressão múltipla para as comunidades de peixes em lagoas da bacia do rio Cuiabá e Negro, Pantanal.

Bacia Variável resposta Variável exploratória r2 b p

Rio Cuiabá

Riqueza

Condutividade

0,79

-0,7820 0,12259

pH 6,6524 0,04679

Profundidade 0,4081 0,67754

Peso das macrófitas 6,3027 0,00415

Transparência -0,2595 0,50385

Oxigênio dissolvido 0,1037 0,01536

Temperatura 4,7653 0,09246

Indivíduos

Condutividade

0,67

-0,46914 0,13193

pH 8,72434 0,02839

Profundidade 0,30557 0,57401

Peso das macrófitas 0,91988 0,04711

Transparência 0,19713 0,43872

Oxigênio dissolvido 0,03446 0,66343

Temperatura 3,21985 0,08080

Rio Negro

Riqueza

pH

0,13

-0,69952 0,6962

Oxigênio dissolvido 0,47621 0,1762

Condutividade 0,02963 0,9033

Temperatura -0,91099 0,1537

Profundidade 0,55318 0,0595

Peso das macrófitas -0,03215 0,8246

Turbidez -0,04236 0,8492

Indivíduos

pH

0,15

-0,7916 0,8071

Oxigênio dissolvido -0,7820 0,3933

Condutividade 6,6524 0,5681

Temperatura 0,4081 0,1447

Profundidade 6,3027 0,0424

Peso de macrófitas -0,2595 0,5772

Turbidez 0,1037 0,3920

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Figura 5. Relação entre Número de indivíduos versus pH e peso das macrófitas.

Riqueza versus pH, peso das macrófitas e oxigênio dissolvido para a bacia do rio

Cuiabá, Pantanal, Brasil.

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Figura 6. Relação entre riqueza (A) e número de indivíduos (B) versus profundidade

para a bacia do rio Negro, Pantanal, Brasil.

Discussão A interação entre os diversos habitats da zona litoral das lagoas é o principal

responsável pela diversidade de peixes nestes ambientes; refletindo fatores locais,

regionais, históricos, ou biogeográficos integrados. A maior contribuição de

Characiformes, seguida de Siluriformes e Perciformes reflete parte da enorme

diversidade de peixes destas Ordens em sistemas de água doce na região

Neotropical (Wootton 1999, Nelson 2006, Helfman et al. 2009).

Os dados desta tese indicam que a diversidade nestas duas bacias está

respondendo a um padrão de aninhamento da diversidade α e β e que a alta

diversidade β deva ser reflexo de uma alta heterogeneidade ambiental aliada a

qualidade do habitat, e/ou habilidade de dispersão das espécies, visto que a

heterogeneidade ambiental propicia diferentes tipos de habitas e/ou micro-habitats

para as espécies, e se estiver dentro dos seus limites de tolerância e for ótimo para

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ela, juntamente com sua habilidade de dispersar para colonizar e/ou recolonizar

determinados ambientes pode propiciar que conjuntos de espécies possam

permanecer na paisagem (Bell 2000, Jackson et al. 2001, Chase and Leibold 2003,

McMahon and Matter 2006). Tal como constatado por Florentino and Penha (2011)

estudando a ictiofauna do rio Cuiabá que sugerem que a heterogeneidade de tipos

de lagoas é um dos principais determinantes da ictiofauna da bacia do rio Cuiabá.

A análise de modelos nulos revelou resultados contrastantes na pequena

escala, uma alta diversidade e uma pequena diversidade β1 refletindo a importância

dos processos locais interagindo nestes ambientes. Nas pequenas escalas as

interações locais influenciam a diversidade α, enquanto nas grandes escalas, a

limitação de dispersão pode ser o principal determinante da diversidade β (Loreau

2000, Belmaker et al. 2008). Ao passo que, a pequena diversidade β entre lagoas

(β2) e uma alta diversidade β entre regiões (β3) reflete a importância de processos

regionais. Por outro lado, estimativas bootstrap, indicaram que, existe maior

proporção de espécies não amostradas (24,39%) para a região Norte, que para, a

região Sul apenas 9%, o que pode ter influenciado na análise do particionamento.

Por outro lado, a diversidade α pode explicar um componente relativamente menor

dos padrões de riqueza de espécies, enquanto a diversidade β tem considerável

importância para a diversidade regional (Erös 2007, Baselga 2010).

Embora, o padrão entre as regiões (Norte e Sul) tenha sido semelhante na

região Sul a variação na composição de espécies entre lagoas (diversidade β2) foi

mais importante para a diversidade regional (Fig. 3). As diversidades estimadas para

as escalas menores α e β1 contribuíram mais para diversidade regional na porção

Norte do que na porção Sul, o que pode indicar que os padrões regionais são mais

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importantes para a diversidade regional na porção Sul, visto que processos nas

grandes escalas que influenciam a dinâmica de colonização são mais importantes

que processos nas pequenas escalas que influenciam a dinâmica de extinção

(Loreau 2000, Baber et al. 2002). A hipótese de limitação de dispersão

provavelmente é mais plausível para a região Sul, que para a região Norte. Primeiro,

a alta diversidade β2, indica que muitas espécies estão restritas a algumas lagoas, e,

algum fator esteja impedindo a dispersão, ou permanência caso disperse; os mais

comuns seriam os filtros ambientais (Leibold et al. 2010), no presente trabalho a

conectividade é um fator determinante para a bacia do rio Cuiabá, embora as

interações entre as espécies são outros fatores importantes (ex. competição,

predação) não analisados no presente trabalho.

Outra hipótese seria o fato de que as lagoas do Pantanal do rio Negro, por

serem circulares e distantes do rio apresentam a região litorânea mais homogênea,

fazendo com que a distribuição das espécies seja mais uniforme, enquanto na

região Norte, a maior conexão com o rio e o formato das lagoas conduza a um

gradiente ambiental que diferencia as comunidades locais, aumentando importância

de β1. Portanto, no presente estudo, a ictiofauna das lagoas do rio Negro foram

afetadas apenas pela profundidade, onde as lagoas mais profundas contem mais

espécies, e maior quantidade de indivíduos. Provavelmente este seja um reflexo da

piscivoria por aves, dado que Jaburus sp. e outras espécies capturam com maior

eficiência suas presas em lagoas mais rasas (Nunes 2011).

As lagoas da região Sul são distantes do rio e rasas, sendo mais dependentes

dos processos regionais para a colonização/re-colonização, muito embora a

conectividade tenha afetado apenas a lagoas da bacia do rio Cuiabá. Por outro lado,

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a diversidade na pequena escala teve uma maior contribuição para a região Norte, e

menor contribuição para a região Sul, indicando que a diversidade α e β está

respondendo a um balanço da interação de gradientes de muitas escalas

relacionadas, por exemplo: competição, disponibilidade do habitat, qualidade do

habitat, hidrologia e clima (Junk et al. 1989, Cornell and Lawton 1992, Súarez et al.

2001, 2004; Arrington and Winemiller 2004, 2006). O primeiro destes fatores talvez

seja um dos um dos mais difíceis de se medir, muito embora no capítulo anterior

mostramos que estas assembleias não resultam de uma distribuição aleatória, mas

sim que fatores determinísticos. Provavelmente estes fatores estão influenciando a

riqueza de espécies nas pequenas escalas, visto que, nossos resultados indicam

que as assembleias de peixes nestes ambientes não são saturadas (Cornell and

Lawton 1992).

Apesar de não dispormos de estimativas da taxa de extinção local, mas os

valores elevados de diversidade β2 e β3, podem indicar a aplicação da teoria de

dinâmica de manchas aos padrões observados neste estudo (Leibold and Miller

2004, Leibold et al. 2004, Holyoak et al. 2005b, Nouhys and Hanski 2005, Leibold et

al. 2010, Allen et al. 2011, Altermatt et al. 2011), visto que, os dados sugerem que as

espécies se dispersam por influência da dinâmica espacial e que o aglomerado de

espécies das regiões estudadas emerge da dinâmica de diversas manchas (lagoas)

interligadas. Assim, as comunidades das lagoas amostradas parecem comportar-se

como é previsto pelo modelo de metacomunidades, dado que temos lagoas que são

influenciadas fortemente pela sazonalidade das secas e cheias, como constatamos

pela diversidade β entre as lagoas e pelo efeito da conectividade, em que lagoas

com maiores riquezas estiveram conectadas. Neste capítulo mostramos que estudos

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de padrões de diversidade com múltiplas escalas em lagoas de planície de

inundação se constituem excelentes ferramentas para se avaliar metacomunidades.

Apesar de não avaliarmos fatores históricos, e interações entre espécies, eles são

importantes para o desenvolvimento de uma metacomunidade e podem mudar

substancialmente (Holyoak et al. 2005b, Leibold et al. 2010, Peres – Neto and

Cumming 2010, Allen et al. 2011). Desta forma, os dados e as análises deste estudo

indicam que não há um único fator determinante para todos os sistemas para

padrões de diversidade entre diferentes escalas espaciais, uma vez que a

importância da variação em pequena escala muda entre diferentes regiões do

Pantanal, como resultado do grau de conectividade das lagoas analisadas e das

características geomorfológicas das lagoas.

Agradecimentos Os autores agradecem ao MCT/CNPQ Peld sitio 12 pelo financiamento do

projeto. À RPPN – SESC Pantanal, CI-Conservação Internacional e ao CPP-Centro

de Pesquisas do Pantanal pelo apoio logístico.

Referências

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Conclusões gerais da tese A presente tese avaliou o efeito das múltiplas escalas espaciais no mosaico

da paisagem sobre o padrão de organização de assembleias de peixes no Pantanal.

A heterogeneidade de habitats da zona litorânea das lagoas é o principal

responsável pela diversidade de peixes nestes ambientes; refletindo fatores locais,

regionais, históricos, ou biogeográficos integrados.

O capítulo 1 discutiu a ictiofauna num contexto espacial em meso escala com

enfatize nas diferenças entre habitats vegetados e não vegetados da zona litorânea

do rio e das lagoas da zona litorânea de lagoas e do rio principal, na bacia do rio

Cuiabá, Pantanal Norte. Os resultados demonstram uma ictiofauna rica composta

principalmente por caracídeos, percóides, gimnotídeos, siluróides e outras ordens.

Demonstra também, uma baixa similaridade entre os biótopos (rio e lagoas), o que

reflete as adaptações destas espécies a estes ambientes. O Capítulo 2 apresentou

as diferenças entre as comunidades, dos rios Cuiabá e Negro e os mecanismos

possivelmente geraram os padrões de distribuição e abundância das espécies de

peixes. O Capítulo 3 apresentou os efeitos do aninhamento espacial sobre a

diversidade em multiplas escalas espaciais para duas bacias hidrográficas do

Pantanal. Neste estudo foi possível observar que a diversidade beta não é uniforme

nas grandes áreas e que o modelo de dinâmica de manchas em metacomunidade é

o que melhor explica a diversidade no sistema.

. Padrões de distribuição de espécies na paisagem muitas vezes são

inconspícuos, o que acarreta em suposições que diverge da série real. Na presente

tese, isto pode ser constatado. Os fatores ambientais foram importantes na

explicação nos componentes da diversidade das assembleias de peixes em lagos do

Pantanal. No entanto, em todos os estudos aqui apresentados, o espaço, mesmo

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tendo uma porcentagem de explicacão menor que o ambiente apresentou

significativa importancia na variacão das assembleas estudadas. Ao passo que, os

dados e as análises deste estudo indicam que não há um único fator determinante

para todos os sistemas para padrões de diversidade entre diferentes escalas

espaciais, uma vez que a importância da variação em pequena escala muda entre

diferentes regiões do Pantanal, como resultado do grau de conectividade das lagoas

analisadas e das características geomorfológicas das lagoas.

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Anexos Anexo 1. Espécies registradas, com seus respectivos número de indivíduos e

sua abundância relativa nas lagoas do rio Cuiabá (IC) e rio Negro (IN), Brasil.

Ordem/Família/Espécie Negro Cuiabá IN IC

Beloniformes

Belonidae

Potamorrhaphis eigenmanni Miranda Ribeiro,

1915 1 0.01

Characiformes

Acestrorhynchidae

Acestrorhynchus pantaneiro Menezes, 1992 2 0.02

Anostomidae

Abramites hypselonotus (Günther, 1868) 3 0.06

Leporinus friderici (Bloch, 1794) 2 0.04

Leporinus striatus Kner, 1858 96 1.84

Schizodon borellii (Boulenger, 1900) 18 0.34

Leporinus elongatus Valenciennes, 1850 1 0.02

Characidae

Aphyocharax anisitsi Eigenmann & Kennedy,

1903 90 6 1.06 0.11

Aphyocharax paraguayensis Eigenmann,

1915 21 11 0.25 0.21

Aphyocharax rathbuni Eigenmann, 1907 198 9 2.34 0.17

Astyanax assuncionensis Géry, 1972 2 0.34 0.04

Bryconamericus exodon (Eigenmann, 1977) 3 0.04

Catoprion mento (Cuvier, 1819) 2 0.02

Gymnocorymbus ternetzi (Boulenger, 1815) 5 30 0.06 0.57

Hemigrammus marginatus (Ellis, 1911) 82 0.97

Hemigrammus ulreyi (Boulenger, 1895) 1 16 0.01 0.31

Hyphessobrycon eques (Steindachner, 1882) 219 72 2.59 1.38

Metynnis mola Eigenmann & Kennedy, 1903 34 0.40

Moenkausia sanctaefilomenae (Steindaner, 3 250 0.04 4.78

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1907)

Moenkausia dichroura (Kner, 1858) 1166 123 13.77 2.35

Serrapinnus calliura (Boulenger, 1900) 1744 749 20.59 14.32

Serrapinnus kriegi (Schindler, 1937) 1962 23.16

Serrapinnus microdon (Eigenmann, 1915) 394 84 4.65 1.61

Charax leticiae (Lucena, 1987) 1 15 0.01 0.29

Roeboides paranensis Steindachner, 1879 51 95 0.60 1.82

Roeboides prognathus Boulenger, 1895 5 0.06

Serrasalmus marginatus Valenciennes, 1837 10 0.12

Serrasalmus spilopleura Kner, 1858 14 2 0.17 0.04

Tetragonopterus argenteus Cuvier, 1816 5 23 0.06 0.44

Psellogrammus kennedyi (Eigenmann, 1903) 76 60 0.90 1.15

Triportheus nematurus (Kner, 1858) 1 0.01

Triportheus paranensis (Günther, 1874) 1 0.01

Aphyocharax dentatus Eigenmann &

Kennedy, 1903 7 0.13

Astyanax abramis (Jenyns, 1842) 2 0.04

Hemigrammus lunatus Durbin, 1918 45 0.86

Hemigrammus cf. ocellifer (Steindachner,

1882) 11 0.21

Hyphessobrycon elachys Weitzman, 1984 72 1.38

Markiana nigripinnis (Perugia, 1891) 4 0.08

Odontostilbe paraguayensis Eigenmann &

Kennedy, 1903 8 0.15

Odontostilbe pequira (Steindachner, 1882) 121 2.31

Piabucus melanostoma (Holmberg, 1891 1 0.02

Poptella paraguayensis (Eigenmann, 1907) 35 0.67

Prionobrama paraguayensis (Eigenmann, 1914) 44 0.84

Xenurobrycon macropus Myers & Miranda

Ribeiro, 1945 2 0.04

Triportheus paranensis (Günther, 1874) 1 0.02

Crenuchidae

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Characidium borellii (Boulenger, 1895) 208 2.46

Characidium laterale (Boulenger, 1895) 431

Curimatidae

Curimatella dorsalis (Eigenmann &

Eigenmann, 1889) 2 4 0.02 0.08

Curimatopsis myersi Vari, 1982 50 3 0.59 0.06

Cyphocharax gillii (Eigenmann &Kennedy,

1903) 7 6 0.08 0.11

Potamorhina squamoralevis (Braga &

Azpelicueta,

1983) 2 8 0.02

Erythrinidae

Erythrinus erythrinus (Bloch & Schneider,

1801) 1 4 0.01 0.08

Hoplerythrinus unitaeniatus (Agassiz, 1829) 1 0.01

Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) 16 52 0.19 0.99

Gasteropelicidae

Thoracocharax stellatus (Kner,1858) 7 0.13

Lebiasinidae

Pyrrhulina australis Eigenmann & Kennedy,

1903 308 426 3,64 8.14

Cyprinodontiformes

Poeciliidae

Pamphorichthys hasemani (Henn, 1916) 473 5.58

Rivulidae

Rivulus punctatus Boulenger, 1895 89 1.05

Pterolebias longipinnis Garman, 1895 4 0.08

Rivulus sp 21 0.40

Gymnotiformes

Apteronotidae

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Apteronotus albifrons (Linnaeus, 1766) 1 0.02

Gymnotidae

Gymnotus carapo Linnaeus, 1758 30 0.57

Hypopomidae

Brachyhypopomus sp 28 187 0.33 3.57

Rhamphichthyidae

Rhamphichthys hahni (Meinken, 1937) 22 0.42

Sternopygidae

Eigenmannia trilineata López & Castelo, 1966 10 452 0.12 8.64

Sternopygus macrurus (Bloch &Schneider,

1801) 76 1.45

Lepidosirniformes

Lepidosirenidae

Lepidosiren paradoxa Fitzinger, 1837 1 0.02

Perciformes

Cichlidae

Aequidens plagiozonatus Kullander, 1984 89 81 1.05 1.55

Apistogramma trifasciata (Eigenmann &

Kennedy, 1903) 309 266 3.65 5.09

Apistogramma borellii (Regan, 1906) 426 313 5.03 5.98

Astronotus crassipinis Heckel, 1840 6 0.07

Bujurquina vittata (Heckel, 1840) 43 3 0.51 0.06

Crenicichla lepidota Heckel, 1840 7 128 0.08 2.45

Crenicichla vittata (Heckel, 1840) 13 4 0.15 0.08

Gymnogeophagus balzanii (Perugia, 1891) 10 2 0.12 0.04

Laetacara dorsigera (Heckel, 1840) 208 9 2.46 0.17

Mesonauta festivus (Heckel, 1840) 2 6 0.02 0.11

Satanoperca pappaterra (Heckel, 1840) 2 0.02

Apistogramma commbrae (Regan, 1906) 158 3.02

Chaetobranchopsis australis Eigenmann & 1 0.02

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Ward, 1907

Crenicichla semifasciata (Heckel, 1840) 3 0.06

Siluriformes

Auchenipteridae

Entomocorus benjamini Eigenmann, 1917 31 0.59

Parauchenipterus galeatus (Linnaeu, 1766) 46 0.88

Parauchenipterus striatulus (Steindachner,

1876) 24 0.46

Callichthyidae

Callichthys callichthys (Linnaeus, 1758) 4 0.05

Corydoras hastatus Eigenmann &

Eigenmann, 1888 28 51 0.33 0.97

Hoplosternum pectorale (Boulenger, 1895) 39 0.75

Doradidae

Anadoras weddellii (Castelnau, 1855) 6 0.11

Doras eigenmanni (Boulenger, 1895) 1 0.02

Loricariidae

Hypoptopoma inexspectatum (Holmberg,

1893) 91 1.74

Liposarcus anisitsi (Eigenmann & Kennedy,

1903) 19 0.36

Hypostomus sp.A 26 0.50

Hypostomus sp.B 28

Rinoloricaria parva (Boulenger, 1895) 67 1.28

Pimelodidae

Pimelodus maculatus Lapépède, 1803 4 0.08

Pimelodella gracilis (Valenciennes, 1840) 5 0.10

Rhamdia quelen (Bleeker, 1858) 1 0.02

Trichomycteridae

Ituglanis amazonicus (Steindachner, 1882) 2 0.04

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Synbranchiformes

Synbranchidae

Synbranchus marmoratus Bloch, 1795 8 160 0.09 2.87

Anexo 2. Número de indivíduos das espécies utilizadas como iscas na bacia do rio Cuiabá e rio Negro, Pantanal, Brasil.

Nome popular

Família Espécies Negro Cuiabá

Tuvira Apteronotidae Apteronotus albifrons 1 Tuvira Hypopomidae Brachyhypopomus sp. 187 Tuvira Rhamphichthydae Rhamphichthys hahni 22 Tuvira Sternopygidae Eigenmannia trilineata 10 452 Tuvira Sternopygidae Sternopygus macrurus 76 Tuvira Gymnotidae Gymnotus carapo 30 Pirambóia Lepidosirenidae Lepidosirem paradoxa 1 Cascudo Callichthyidae Hoploternum littorale 39 Camboatá Callichthyidae Callichthys callichthys 4 Jeju Erythrinidae Erythrinus erythrinus 1 4 Jeju Erythrinidae Hoplerythinus unitaeniatus 1 Mussum Synbranchidae Synbranchus marmoratus 8 160

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Anexo 3. Abundância relativa das oito espécies mais abundantes para a zona litoral das lagoas da bacia do Rio Negro e Rio Cuiabá, Pantanal, Brasil.

Rio Negro Rio Cuiabá

Espécies % * Espécies % *

Serrapinnus kriegi 23,1% Serrapinus calliura 13,4%

Serrapinus calliura 20,6% Eigenmannia trilineata 8,08%

Moenkhausia dichroura 13,76% Characidium laterale 7,7% Pamphorichthys hasemani

5,58% Pyrrhulina australis 7,6%

Apistogramma borellii 5,02% Hyphessobrycon eques 7,38%

Serrapinnus microdon 4.65% Apistogramma borellii 5,6% Apistogramma trifasciata

3.64% Apistogramma trifasciata 4,75%

Pyrrhulina australis 3.63% Moenkhausia sanctaefilomenae 4,47%

Outras 20,02% Outras 41,02%

Anexo 4. Biótopos amostrados, Métodos de captura, Riqueza de espécies, Índices de diversidade (Shannon – H`e Simpson D de trabalhos realizados em comunidades de peixes nas bacias dos rios Cuiabá e Negro, Pantanal, Brasil.

Biótopo Aparelho Esforço Período S H’ 1-D Autor

Lagoas, canais Diversos apetrechos* -

4 ciclos**

94 Resende et al. 2005

Lagoas Peneira 1 m² 15 3 ciclos 98 Baginski et al., 2007

Lagoas Peneira 1 m² 16 1 ciclo 80 2,4 0,87

Florentino and Penha, 2011

Lagoas Rede de cerco 25/3m 3 3 ciclos 82 0,12

Pacheco and Da-Silva, 2009

Poças temporárias Rede de cerco 6/1,5m

6 1 ciclo 59 Milani et al., 2010

Campos alagados Malhadeira/cerco/cubo

22 1 ciclo 49 Fernandes et al. 2010

Lagoas Malhadeira/cerco/anzóis 19 1 ciclo 51 Súarez et al., 2001 Lagoas Malhadeira/cerco/anzóis 19 1 ciclo 49 Súarez et al., 2004 Lagoas Peneira 1 m² 16 1 ciclo 80 2,6 0,88 Presente estudo Lagoas Peneira 1 m² e cubo 26 1 ciclos 54 1,7 0,69 Presente estudo Lagoas Peneira 1 m² e cubo 42 3 ciclos 100 2,01 0,76 Presente estudo

*Anzóis, tarrafas e redes de arrasto de diversas malhas; ** 3 anos de amostragens.

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Lista de Abreviações Sc= Riqueza na bacia do rio Cuiabá

Srn= Riqueza na bacia do rio Negro

(1-D c) = Índice de Simpson na bacia do rio Cuiabá

(1-Drn)= =Índice de Simpson na bacia do rio Negro

H´c= Índice de Shannon na bacia do rio Cuiabá

H´rn = Índice de Shannon na bacia do rio Negro

Ec = Equitabilidade na bacia do rio Cuiabá

Ern= Equitabilidade na bacia do rio Negro

αc= diversidade Alfa na bacia do rio Cuiabá

αrn = diversidade Alfa na bacia do rio Negro

CO-scorec = C score observado para a bacia do rio Cuiabá

CE-scorec = C score esperado para a bacia do rio Cuiabá

CO-scorern = C score observado para a bacia do rio Negro

CE-scorern = C score esperado para a bacia do rio Negro